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A igreja como uma "Comunidade de Amor e de Serviço" representa uma perspetiva enriquecedora e
fundamental no contexto do cristianismo. Este conceito transcende as paredes institucionais,
destacando a importância intrínseca do amor mútuo e do serviço desinteressado dentro da
comunidade cristã. Ao centrar-se nessas dimensões fundamentais, a igreja não apenas se torna um
espaço de adoração, mas também em um ambiente no qual os valores centrais do Evangelho são
personificados e praticados. Neste trabalho, será possível perceber como essa compreensão da igreja
não só define a experiência religiosa dos fiéis, mas também impacta a maneira como a fé cristã se
manifesta na sociedade contemporânea, promovendo um compromisso autêntico com o amor e o
serviço ao próximo.
A igreja, realidade presente na sociedade
2.5. Na modernidade
O caminhar da igreja na modernidade reflete as transformações profundas ocorridas nos últimos
séculos, com mudanças significativas na sociedade, na cultura e no pensamento. Durante esse
período, a igreja teve de enfrentar desafios decorrentes da Revolução Industrial, avanços científicos,
movimentos sociais e mudanças políticas.
A modernidade viu o surgimento de correntes filosóficas que questionavam as estruturas
tradicionais, incluindo aquelas relacionadas à religião. O Iluminismo, por exemplo, promoveu a
razão e a ciência, muitas vezes em detrimento das tradições religiosas estabelecidas. A
secularização tornou-se um fenômeno proeminente, com uma diminuição da influência da igreja
sobre vários aspetos da vida pública.
Ao mesmo tempo, a modernidade trouxe desafios éticos e sociais, como as questões relacionadas
aos direitos humanos, justiça social e a evolução dos valores morais. A igreja, em resposta a esses
desafios, teve de se engajar em diálogos críticos e adaptar suas abordagens pastorais e teológicas
para permanecer relevante em um mundo em constante transformação.
Além disso, a modernidade testemunhou a diversificação do Cristianismo, com o surgimento de
várias denominações e movimentos religiosos. A tecnologia e os meios de comunicação também
influenciaram a disseminação das mensagens religiosas, oferecendo novas oportunidades e desafios
para a igreja.
Em resumo, o caminhar da igreja na modernidade é caracterizado por sua interação dinâmica com
as mudanças sociais, culturais e intelectuais, exigindo adaptação contínua e reflexão sobre seu papel
na vida das pessoas e na sociedade.
2.6. Na contemporaneidade
Na contemporaneidade, o caminhar da igreja continua a ser influenciado por uma série de fatores
que refletem as características e desafios do mundo atual. A igreja, ao longo do século XXI,
enfrenta uma sociedade globalizada, avanços tecnológicos, questões éticas complexas e uma
crescente diversidade cultural e religiosa. Alguns aspetos notáveis desse caminhar incluem:
● Questões Éticas e Sociais: Desafios éticos, como justiça social, direitos humanos, meio
ambiente e bioética, têm um impacto significativo na abordagem da igreja em relação a questões
contemporâneas. Muitas comunidades religiosas estão envolvidas em iniciativas voltadas para o
bem social e a transformação positiva da sociedade.
● Participação Ativa dos Laicos: Há uma ênfase crescente na participação ativa dos leigos na
vida da igreja, buscando uma abordagem mais colaborativa entre líderes e membros da
comunidade.
Nesse cenário, o caminhar da igreja na contemporaneidade envolve respostas adaptativas a desafios
complexos, bem como a busca por maneiras autênticas de transmitir sua mensagem espiritual e
valores em um mundo em constante transformação.
● Abertura ao Mundo Moderno: Uma das intenções do Concílio Vaticano II era abrir a Igreja
Católica ao mundo moderno, reconhecendo e respondendo aos desafios trazidos pela
sociedade contemporânea, incluindo avanços científicos, desenvolvimentos sociais e
mudanças culturais.
● Reforma Litúrgica: Uma das mudanças mais notáveis foi a reforma litúrgica que resultou na
criação de uma nova forma da Missa, conhecida como Missa Novus Ordo. O uso de línguas
vernáculas nas celebrações litúrgicas também foi permitido, permitindo maior compreensão
por parte dos fiéis.
● Participação Ativa dos Laicos: O Concílio enfatizou a importância da participação ativa dos
leigos na vida da igreja, reconhecendo que todos os membros da comunidade têm um papel
vital na missão da Igreja.
Como referido nos anteriores capítulos, a Igreja é uma realidade divina e humana, com uma longa
história e feita de encontros e desencontros.
Neste capítulo, vamos procurar compreender a ligação existente entre a Igreja e o antigo povo de
Israel, no sentido de uma melhor compreensão da sua identidade e missão.
Haverá uma continuidade, uma complementaridade, entre o antigo povo de Deus e a Igreja?
A Igreja está vitalmente ligada ao acontecimento de Jesus e só lhe pode ser fiel na força da ação do
Espírito Santo, que a capacita para um compromisso permanente.
Preparada na história de Israel, a igreja tem a sua origem no acontecimento de Jesus. Encontra o seu
fundamento na vida, morte e ressurreição de Jesus. Para se perceber profundamente a relação da
igreja com Jesus, é preciso olhar numa perspetiva de globalidade. Essa não ignora o significado
singular de determinados gestos e acontecimentos para o (futuro) da Igreja, mas considera, antes de
mais, a vida de Jesus no seu conjunto, consumada e iluminada.
Para uma adequada compreensão da identidade da Igreja, é necessário situá-la no anúncio do Reino
de Deus. Este anúncio constitui o centro da mensagem de Jesus, a razão de ser da sua vida, o
pressuposto fundamental que motiva as suas palavras e as suas ações, o elemento determinante do
seu agir livre e do seu horizonte de futuro. Com o anúncio do Reino/Reinado de Deus, Jesus não
está a falar de uma região ou de um lugar, de algo delimitado e fixo no tempo, mas de uma
realidade em movimento, de um acontecimento. É o acontecimento do agir de Deus que constrói a
sua soberania, que age como Senhor e Rei. Reino/Reinado de Deus (poderia traduzir-se por "Deus
chegou") fala da soberania salvífica, amorosa e misericordiosa de Deus.
O Reino de Deus e, pois, acontecimento de salvação, 'Boa-Nova' para os seres humanos. Dele se
fala em parábolas que mostram o que acontece quando se acolhe a soberania amorosa de Deus. Em
causa está a consistência, a verdade, a plenitude de qualquer vida humana. Olhemos quatro
momentos significativos da vida de Jesus, Idos à luz do anúncio e do testemunho atuante do Reino
de Deus:
● O grupo dos discípulos, chamados por Jesus, que se abrem ao acolhimento do Reino e procuram
seguir Jesus, pode ser visto como a comunidade (embrionária) da futura igreja;
● A eleição e missão do grupo dos doze (colunas da igreja) exprime a vontade de Jesus de reunir
de novo e definitivamente o conjunto do povo das doze tribos;
● As refeições de Jesus com os pecadores e com os seus discípulos devem ser vistas como ações
simbólicas, como sinais eficazes da presença ativa do Reino que se espera e que, antes de tudo,
graça e perdão. Sinalizam o amor salvífico universal de Deus;
● Na última ceia Jesus afirma a sua convicção crente de que a comunhão com os discípulos não
será rompida pela sua morte que está iminente. A entrega da sua vida, como consequência do
seu anúncio do Reino de Deus, como última oferta de aliança por parte de Deus a Israel e,
assim, a toda a humanidade.
A recusa da pessoa e mensagem de Jesus, culminada na sua morte. A igreja nasce, pois, a partir
do que se revela no seu pleno sentido apenas no acontecimento da Páscoa. A Igreja nasce, pois,
a partir do grupo de discípulos constituído como fruto do anúncio que Jesus faz do Reino de
Deus.
O acontecimento da morte de Jesus e suas circunstâncias não foram de fácil leitura para os
discípulos, antes apontavam para o fracasso da pretensão de Jesus e do seu anúncio do Reino de
Deus. Só a fé na ressurreição é que permite encontrar uma resposta positiva e iluminadora sobre o
sentido da sua vida e sobre a sua pessoa.
Os fenômenos de visão, as aparições do Senhor Ressuscitado e a notícia do túmulo vazio
convergiram na indicação de que a morte não foi a última palavra de Deus sobre a vida de Jesus:
pelo contrário, emerge a experiência e a certeza da fé de que o Senhor está vivo. A fé que reúne os
discípulos de Jesus é a fé na ressurreição. É a partir dessa experiência que a Igreja vai começar a
existir.
Comunidade de discípulos
- A luz dos Evangelhos, ser cristão é procurar seguir a Jesus nas possibilidades reais e nas
circunstâncias próprias de cada história de vida.
Corpo de Cristo
A Igreja como Corpo de Cristo no mundo pela ligação profunda e vital dos cristãos a Jesus,
significa que:
O Espírito Santo é para os crentes a alma da Igreja. A Igreja é constituída verdadeiramente pelo
envio do Espírito, que é o seu princípio de vida. O Espírito Santo é, assim, o princípio animador da
vida da Igreja, é condição fundamental e fonte permanente da existência crente e da vida eclesial
em todos os seus aspetos.
Nada de relevante pode ser pensado na igreja sem essa referência vital ao Espírito Santo, que vem
ao encontro de cada crente e o salva em cada tempo e lugar.
O Espírito Santo é, assim, fonte de comunhão, criador da unidade na diversidade. O Espírito Santo
une e diversifica, fazendo ressaltar a identidade e a vocação próprias de cada um. Tudo o que a
igreja transporta consigo - palavra, sinais, estruturas, instituições... - só encontra o seu sentido na
medida em que é presença eficaz e forma de existência histórica crível do Espírito de Jesus Cristo.
Para a existência crente individual e comunitária decorre daqui uma sensibilidade espiritual aberta à
dimensão criativa, inovadora, da vida quotidiana da Igreja, nas suas diversas expressões.
Ver a Igreja como 'criação do Espírito' é, pois, uma atitude fundamental para compreender e
aprofundar a vida da Igreja na sua constante necessidade de renovação e na sua busca de resposta
aos 'sinais dos tempos'. De certa forma, a Igreja nunca está totalmente feita, está a fazer-se num
caminho que só termina no fim da história.
Se a verdadeira medida do amor é amar sem medida, Jesus desafia os seus discípulos - de ontem e
de hoje - a amar sempre e amar a todos. O amor é o núcleo do testemunho dos cristãos que colhem
das palavras de Jesus, na proclamação das Bem-Aventuranças, os critérios para uma vida em
abundância e feliz. Com efeito, a vida concreta de cada pessoa, em particular a dos mais frágeis e
desfavorecidos, jamais será indiferente à missão da Igreja, para que possa cumprir a sua missão
como 'Povo de Deus', 'Corpo de Cristo' e 'Templo do Espírito'.
SÍNTESE
● A origem da Igreja tem a sua raiz na eleição do povo de Israel por parte de Deus;
● A história do povo de Israel, escolhido por Deus, e importante para a compreensão da igreja de
Jesus Cristo;
● 'Povo de Deus' é, no Antigo Testamento, uma expressão central que integra e sublinha a
identidade mais profunda do povo eleito;
● Há uma relação de continuidade entre o povo de Israel e a Igreja, o novo Povo de Deus;
● A Igreja só se entende à luz da mensagem de Jesus;
● A igreja nasce a partir de um grupo de discípulos como fruto do anúncio que Jesus faz do Reino
de Deus;
● E a partir da experiência da ressurreição que a Igreja começa a existir;
● A igreja é constituída verdadeiramente pelo envio do Espírito Santo, que é o seu princípio de
vida;
● A igreja nunca está totalmente feita, está a fazer-se num caminho que só termina no fim da
história;
● A Igreja é desafiada a ter capacidade criativa para poder responder de modo mais autêntico aos
desafios de cada situação e às interpelações das pessoas em cada época;
● Jesus desafia os seus discípulos - de ontem e de hoje - a amar sempre e amar a todos;
4. Introdução
A sinodalidade, isto é, 'caminhar juntos', é o modo de ser Igreja. Por isso, todos envolve, num
caminhar em conjunto, na transformação da humanidade e do mundo.
Neste capítulo, propomos-te um olhar sobre essa forma de ser da Igreja e de como cada cristão
encontra nela o seu lugar e a sua missão no serviço à comunidade humana.
Esta visão da Igreja, como toda uma comunidade que acolhe e proclama os dons de Deus para
salvação do mundo, pressupõe o reconhecimento basilar de que há uma igualdade fundamental de
todos os crentes, não obstante a diversidade dos carismas, serviços e ministérios nela existentes.
A vocação de todos os batizados concretiza-se em três 'estados de vida' que traduzem dimensões
essenciais da identidade e missão da Igreja: a vida laical, o ministério ordenado e a vida
consagrada.
Vida laical
Os cristãos leigos são todos os batizados que não pertencem à hierarquia nem à vida consagrada.
Dizem e procuram concretizar o que a Igreja é chamada a ser e a fazer neste mundo, ou seja,
lembram a toda a Igreja onde ela está e que ela existe para a libertação e a salvação do mundo.
Ministério ordenado
Os cristãos leigos são todos os batizados que não pertencem à hierarquia nem à vida consagrada.
Dizem e procuram concretizar o que a Igreja é chamada a ser e a fazer neste mundo, ou seja,
lembram a toda a Igreja onde ela está e que ela existe para a libertação e a salvação do mundo.
Vida consagrada
Põe em relevo a dimensão escatológica da existência cristã e da vida eclesial: sinaliza para onde a
Igreja vai, lembrando que está a caminho da eternidade. Seguem esta vocação os monges e monjas,
os religiosos e religiosas das ordens, congregações e institutos religiosos e seculares.
Especificam a forma concreta de o cristão servir o Reino de Deus nas diversas situações do mundo.
São exemplo deste serviço a alegria e o compromisso de jovens empenhados em cuidar dos mais
carenciados da comunidade.
No caso dos ministérios estamos perante carismas institucionalizados. De facto, alguns dos serviços
necessários na vida da comunidade eclesial foram, no passado, e podem vir a ser ainda mais no
futuro, reconhecidos como 'ministérios'.
A sinodalidade exprime a natureza da Igreja, a sua forma, o seu estilo, a sua missão. (Papa
Francisco)
Comunhão
Deus reúne-nos como povos diversos de uma só fé. A comunhão que partilhamos encontra as suas
raízes mais profundas no amor e na unidade da Trindade.
Participação
Um chamamento ao envolvimento de todos os que pertencem ao Povo de Deus - leigos,
consagrados e ministros orde-nados - para se empenharem no exercício de uma escuta profunda e
respeitosa uns dos outros.
Missão
A Igreja existe para evangelizar.
O crente não está centrado em si mesmo. A sua missão é testemunhar o amor de Deus no meio de
toda a família humana. O Processo Sinodal tem uma dimensão profundamente missionária.
5. Introdução
No Credo, que se reza na Missa, professa-se que a Igreja de Jesus Cristo é "una, santa, católica e
apostólica".
Os cristãos, no seu quotidiano, são desafiados a assumir uma vivência de opção. que os compromete
a ser com e para os outros e a deixar de ser uma vivência 'meramente cultural'.
A Igreja não é de Pedro nem de Paulo, mas de Cristo, movida pelo Espírito Santo, o que permite
compreender melhor o duplo sentido de bivalente de Ekklesia - reunidos e chamados para a missão.
A sua universalidade/catolicidade é fundada nos apóstolos, escolhidos por Jesus Cristo, enviados
em missão, com a ajuda do Espírito Santo e continuada pelos que lhes sucederam no ofício pastoral.
É o caso das 'profissões de fé' (a fé que os cristãos professam), 'símbolos da fé' (expressões que
exprimem a identidade dos crentes e criam ligação entre eles) ou 'Credos' (aquilo que cada cristão e
todos acreditam em comum), que surgiram em diversos contextos históricos e perduram até aos
nossos dias.
Há, por conseguinte, nestas expressões sintéticas da fé da Igreja, um claro enraizamento histórico: o
Credo cristão não é um credo abstrato, feito de verdades teóricas, é um 'Credo histórico', isto é, fala
de acontecimentos na nossa história em que emergiu o agir salvífico de Deus. O núcleo da fé cristã
concentra-se nos acontecimentos pascais (morte e ressurreição de Jesus), que permitem reconhecer
quem é, em definitivo, a pessoa de Jesus e o Mistério de Deus que nele se revela e que continua
atuante na força do Espírito Santo. Estamos, assim, diante da estrutura essencialmente trinitária do
Credo. Tendo em conta essa estrutura trinitária, podemos sublinhar em termos confessionais (de
conteúdo da confissão de fé), como elementos nucleares e essenciais, os seguintes:
A fé é encontro e adesão a uma Pessoa, Jesus Cristo, como revelação do amor definitivo e salvador
do Deus Uno e Trino.
CRER
CRER EM DEUS QUE É PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO
CRER QUE DEUS É PAI E CRIADOR
CRER EM JESUS CRISTO
CRER NO ESPÍRITO SANTO
CRER NA IGREJA
(UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA)
Esta convicção de fé de que há uma só Igreja de Jesus Cristo é nos indicada, desde logo, também
pelas principais figuras da Igreja: Identidade e missão da Igreja. O motivo mais profundo da
unidade e da unicidade da Igreja reside, pois, no próprio Mistério de Deus, na fé em Jesus Cristo
como único Mediador e Salvador, no reconhecimento da ação do único
Espírito.
A fé católica professa a unidade e a unicidade da Igreja, vendo nela o 'lugar' do encontro com Jesus
Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida na busca humana de abertura ao verdadeiro Deus.
Assim, é convicção católica que, apesar das divisões ocorridas ao longo dos séculos, a unidade da
Igreja nunca se perdeu completamente.
A unidade da Igreja é vista, pois, como dom irrevogável que permanece, apesar da e para além da
realidade das divisões cristãs, dom ligado ao caráter definitivo do acontecimento Jesus Cristo e ao
significado que a Igreja tem nesse acontecimento.
Naturalmente que esta autoconsciência católica de ser a verdadeira Igreja de Jesus Cristo nas
circunstâncias da história não é uma afirmação exclusiva sua. Com a mesma intensidade isso
acontece, por exemplo, por parte das Igrejas ortodoxas. E mesmo nas outras Comunidades eclesiais,
por mais que esta questão possa ser enquadrada num horizonte de compreensão algo diferente, há
certamente a convicção, pessoal e comunitária, de se estar a seguir o caminho mais adequado em
termos de verdade e de fidelidade ao Evangelho.
Não se exclui a existência, fora das estruturas visíveis da Igreja católica, de cristãos que procurem
ser fiéis ao Evangelho, antes reconhece-se também a ação do Espírito Santo e a existência de frutos
de santidade nas outras Igrejas e Comunidades eclesiais (cf. Unitatis Redintegratio, 3).
Neste sentido, a Igreja reconhece como sua marca identitária e tarefa permanente a dimensão
ecuménica, concretizada no encontro, no diálogo e reflexão conjuntos e na promoção de momentos
celebrativos entre cristãos das diversas igrejas cristãs.
A afirmação crente da santidade da Igreja radica nos frutos da ação do Espírito Santo e constitui,
desde os primeiros séculos, um dos dados basilares da visão da Igreja, sublinhada de novo pelo
Concílio Vaticano II: "A nossa fé crê que a Igreja, cujo mistério o sagrado Concílio expõe, é
indefetivelmente santa." (Lumen Gentium, 39).
De facto, a afirmação do Credo na 'santa Igreja' quer dizer, fundamentalmente, que a Igreja é santa e
que os cristãos são santos por obra de Deus, enquanto santificados pelo amor de Deus, que os
escolheu para uma missão. Isso mesmo é uma realidade verificável ao longo de dois mil anos de
história e na vida de muitos crentes nos dias de hoje, apesar de todas as suas fragilidades. A
afirmação crente de que a Igreja é santa lembra, por isso e de modo particular, o chamamento de
todos os crentes à santidade como processo de maturação no seguimento de Jesus.
Este chamamento universal à santidade ultrapassa, aliás, as fronteiras da Igreja católica, pelo que
importa também acolher e reconhecer os frutos de santidade existentes nas outras Igrejas e
Comunidades eclesiais e o seu significado ecuménico na busca da unidade da Igreja.
Cada cristão é chamado a viver a santidade no seu quotidiano e na relação com os outros,
centrando a sua ação no Amor, que responde à questão introdutória da parábola do Bom
Samaritano: 'Quem é o meu próximo?".
No uso da palavra 'católica' não se tem em vista apenas a universalidade geográfica, mas também a
plenitude de verdade e de salvação que brota da ação redentora de Jesus Cristo, testemunhada na
vida da comunidade eclesial. Prevalece, de um modo geral, o sentido primeiro e mais denso, que vê
'Igreja cató-lica' como expressão sinónima de Igreja 'verdadeira', 'ortodoxa', 'completa', 'íntegra', na
qual se manifesta a plenitude de graça e de verdade dada em Jesus Cristo.
SÍNTESE
Introdução
Hoje, vivemos num mundo plural/global, com tudo o que de bom e de mau isso possa
significar, cujos desafios antropológicos e culturais são sentidos pelos jovens como
proposta de vida. Eles têm a possibilidade de ser os protagonistas do seu viver, mas,
muitas vezes, sem herança e sem memória e com grande decepção para com as
instituições.
As implicações e consequências da vivência cristã obrigam a uma promoção da coerência
por parte dos crentes, entre o que professam e rezam nas suas casas, ou lugares
sagrados, e a sua vida profissional, de vizinhança, etc.. Levam cada um a "reconhecer
nos pobres e nos que sofrem a imagem do seu fundador pobre e sofredor, procurando
aliviar as suas necessidades e tentando servir neles a Cristo". Implica, também, uma
maior atenção aos sinais dos tempos e um dinamismo de saída, de ir para fora, numa
atitude de abertura e de acolhimento.
A partir desta convicção crente, a pergunta que se coloca é a de saber como é que a
missão religiosa da Igreja se pode tornar realmente, em concreto, fonte de humanização.
Nesse sentido, podem apontar-se algumas indicações fundamentais:
SÍNTESE
● O estar em Igreja significa fazer caminho, o que traduz o sentido da vida em Jesus
Cristo. Isto permite perceber que o presente deve ser entendido com o que já se
viveu e com o que há de vir, mas sempre numa lógica de “passagem”.
● A Igreja é de Cristo, movida pelo Espírito Santo, onde todos os batizados são Igreja
Sacramento Universal de Salvação, realçando sempre a sua atitude
vivencial/experiencial enquanto crentes. A grande resposta da Igreja reside no
testemunho, através do modo como ela atua no mundo.
Em conclusão, a abordagem da igreja como uma "Comunidade de Amor e de Serviço" revela-se não
apenas como uma expressão teológica, mas como um guia prático para a vivência da fé cristã na
contemporaneidade. Ao enfatizar o amor mútuo e o serviço desinteressado, a igreja transcende a sua
função tradicional, tornando-se um espaço dinâmico onde os princípios evangélicos se transformam
em ações concretas. Este conceito não apenas orienta a comunidade de crentes na sua jornada
espiritual, mas também desafia a igreja a envolver-se ativamente nas questões sociais e a tornar-se
numa força transformadora no mundo. Ao reconhecer a igreja como uma comunidade que procura
ativamente o amor e o serviço, reforçamos não apenas os laços entre os membros, mas também o
compromisso da fé cristã com a construção de um mundo mais compassivo e justo.