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Filtro de relevância para o STJ: uma condição para a

eficiência da justiça no Brasil

FILTRO DE RELEVÂNCIA PARA O STJ: UMA CONDIÇÃO PARA A EFICIÊNCIA


DA JUSTIÇA NO BRASIL
Relevance of appeals to Superior Court of Justice: a condition for efficiency of justice in Brazil
Revista dos Tribunais | vol. 1048/2023 | p. 183 - 200 | Fev / 2023
DTR\2023\496

Simone Trento
Doutora e Mestre em Direito Processual Civil pela UFPR. Graduada em Direito pela USP. Juíza de
Direito no Estado do Paraná, atualmente convocada como Juíza Instrutora no STJ.
simonetrento@yahoo.com

Área do Direito: Civil; Processual


Resumo: O artigo trata do papel do STJ no sistema jurídico brasileiro, consistente em formar e
atualizar precedentes na interpretação e aplicação de leis federais e de tratados internacionais.
Examina o modo como os jurisdicionados têm se utilizado do Tribunal e como a Corte tem
respondido à demanda, quantitativamente e de forma majoritariamente monocrática. Questiona se o
STJ deve priorizar o controle do acerto das decisões recorridas ou a formação refletida de
precedentes que irradiem sua autoridade a partir da profundidade dos debates e da clareza das
razões compartilhadas pelo Colegiado julgador. São considerados a centralidade do cidadão; a
eficiência da Jurisdição; a distribuição de tarefas efetuada na arquitetura constitucional e as reflexões
introduzidas com o discurso sobre precedentes, reforçado com o CPC de 2015.

Palavras-chave: STJ – Papel – Precedentes – Eficiência – Filtro


Abstract: The paper deals with the role of Superior Court of Justice (STJ) in Brazilian legal system:
setting and updating precedents in the interpretation and application of federal laws and international
treaties. It examines the way in which the Court is demanded and how the Court has responded to
the demand, both quantitatively and in a largely monocratic manner. It questions whether the STJ
should prioritize the control of the correctness of appealed decisions or the reflected formation of
precedents that radiate its authority from the depth of debate and the clarity of reasons shared by the
judging panel. It considers the centrality of the citizen; the efficiency of the Jurisdiction; the distribution
of tasks in the constitutional architecture and the reflections introduced whit the discourse on
precedents, reinforced with the new Civil Procedure Code.

Keywords: Supreme Courts – Role – Precedents – Efficiency – Filter


Para citar este artigo: Trento, Simone. Filtro de relevância para o STJ: uma condição para a
eficiência da justiça no Brasil. Revista dos Tribunais. vol. 1048. ano 112. p. 183-200. São Paulo: Ed.
RT, fevereiro 2023. Disponível em: inserir link consultado. Acesso em: DD.MM.AAAA.

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Sumário:

1.Introdução - 2.A posição institucional do STJ no desenho da Constituição de 1988 - 3.A


ordinarização do Superior Tribunal de Justiça - 4.A recompreensão do STJ a partir das diretrizes da
constituição e das reflexões introduzidas com o discurso sobre precedentes obrigatórios -
5.Conclusões - 6.Referências

1.Introdução

O1 presente artigo buscará tratar do papel do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no contexto
brasileiro atual. Mais especificamente, buscará tornar clara a relação entre o bom desempenho das
funções institucionais do STJ e a obtenção, pelo jurisdicionado e cidadão, de um sistema jurídico
eficiente.

Parte-se do sistema de justiça desenhado pela Constituição de 1988, do modo como a carta
constitucional atribuiu determinadas funções a específicos atores institucionais.

Ao lado disso, observa-se que, com a efetiva democratização do acesso à justiça no Brasil, resultou
uma justiça de massa, majoritariamente atomizada. Examinam-se dados acerca da atuação
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quantitativa do STJ para se questionar se a Corte tem, de fato, atuado como um Tribunal de
precedentes ou como uma instância revisora das decisões proferidas pelas instâncias ordinárias.

Retorna-se a preceitos da Constituição da República, tais como os da eficiência na Administração


Pública, da necessidade de tratar cidadãos com isonomia e das garantias de acesso à ordem jurídica
justa e à segurança jurídica. Considera-se que a leitura coerente de tais preceitos ganha nova
advertência com o advento de Emenda Constitucional que positivou o direito à prestação jurisdicional
em tempo razoável.

Soma-se, na equação, o repensar trazido pela influência recebida de países que tradicionalmente
observam seus precedentes e, ainda, os elementos de direito positivo acrescentados pelo Código de
Processo Civil de 2015.

Procura-se estabelecer que ter uma visão clara sobre quais são suas atribuições constitucionais e ter
consciência das dificuldades para delas se desincumbir é pressuposto inicial para que o STJ seja
efetivamente capaz de elaborar uma agenda hábil a dar vazão a essas atribuições de forma não a
prestar vasta quantidade de provimentos jurisdicionais, mas sim a estabelecer padrões decisórios
capazes de orientar o cidadão acerca da interpretação vigente das leis federais.

Diante do panorama que se apresenta, examina-se a necessidade de que, para a apreciação dos
recursos especiais, se passe a exigir que a questão jurídica objeto do recurso ostente repercussão
que transcenda os interesses daqueles que são partes do processo em concreto levado à Corte.

2.A posição institucional do STJ no desenho da Constituição de 1988

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi criado pela Constituição de 1988, como resposta da
Constituinte àquilo que se chamava “crise do Supremo” 2, consistente na pendência de um número
excessivo de feitos aguardando julgamento por parte da Corte Suprema do país.

Logo após a instalação do STJ, a qual se deu em 1989, efetivamente houve uma diminuição da
distribuição de processos ao Supremo Tribunal Federal (STF), que então se aproximava de 20.000
feitos por ano. Assim, em 1990 foram distribuídos ao todo 1.658 processos ao STF; em 1991 foram
1.781; em 1992 foram 2.5553. Grande parte dos processos que antes da Constituição seriam
destinados ao STF, por sua vez, passaram a ser destinados ao STJ, que já em 1989 recebeu 6.103
processos distribuídos ao todo; em 1990 foram-lhe distribuídos ao todo 14.087 feitos; em 1991 foram
23.368 e em 1992 foram 33.8724.

A distribuição total de feitos entre o STF e o STJ nos anos iniciais deste último Tribunal pode ser
visualizada na tabela a seguir:

Tabela 1 – Distribuição total anual de feitos ao STF e ao STJ

Ano STF STJ


1990 1.658 14.087
1991 1.781 23.368
1992 2.555 33.872
1993 2.855 33.336
1994 3.511 38.670
1995 4.055 68.576
1996 4.588 77.032
1997 6.807 96.376

Fontes: nt. 3 e 4.

A tendência de acréscimo na distribuição anual em ambos os Tribunais, verificada já em meados dos


anos 90, se acentuou nos anos seguintes, de modo que o volume de processos distribuídos ao STF
não tardou a superar o quantitativo anterior a 1988.

Com efeito, logo antes da Emenda Constitucional 45, de 2004 (LGL\2004\2637), que acrescentou o
§ 3º ao art. 102 da Constituição5, para o fim de passar a exigir que os recursos extraordinários, para
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serem examinados pelo STF, deveriam veicular questão constitucional dotada de “repercussão
geral”, o número total de feitos distribuídos ao STF chegou a passar de 100.000 ao ano, número em
muito ultrapassado pela distribuição de feitos ao STJ naqueles anos e nos anos que se seguiram.

A distribuição total de feitos entre o STF e o STJ à época da instituição da repercussão geral para os
recursos extraordinários pode ser visualizada na tabela a seguir, devendo-se observar que a
“repercussão geral” só foi regulamentada pela Lei 11.418, de 2006 (LGL\2006\2381)6, que entrou em
vigor em 2007:

Tabela 2 – Distribuição total anual de feitos ao STF e ao STJ

Ano STF STJ


2001 96.377 184.478
2002 92.319 155.959
2003 109.226 226.440
2004 70.794 215.411
2005 85.165 211.128
2006 129.054 251.020
2007 108.038 313.364
2008 73.185 271.521

Fontes: notas 3 e 4.

Como se verifica, a criação do STJ como simples tática para a diminuição de volume de processos
destinados ao STF não se justificava. A razão mais forte subjacente à existência concomitante
destes dois Tribunais de vértice, um destinado à interpretação da Constituição e o outro à
interpretação das leis federais, tinha por verdadeira finalidade não simplesmente “vencer o volume”,
mas sim que cada qual destes Tribunais pudesse reunir condições de melhor desempenhar suas
atribuições de funcionarem como último intérprete da matéria que lhes foi confiada.

Com efeito, se se tratasse apenas de dar vazão ao acervo, bastaria que se aumentasse o número de
membros do STF, o número de servidores daquele Tribunal e seu orçamento. Não se faria
necessária a criação de um outro Tribunal (com nova estrutura, sede, servidores, recursos etc.).

O que justificava a criação do STJ era a especialização dos trabalhos de cada qual das Cortes de
vértice. Com o advento da Carta Constitucional de 1988, o STF passaria a ter todo um texto
constitucional novo a interpretar. A legislação federal, que já não era pouca, seria incrementada com
as necessidades relacionadas à nova Constituição e ao impulso democrático por ela gerado: era
necessário não só que o Congresso Nacional produzisse leis, mas era prometido ao cidadão, ao lado
disso, que nenhuma lesão ou ameaça de lesão a seus direitos ficaria afastada do controle
jurisdicional (art. 5º, XXXV, da Constituição), de modo que era previsível o incremento do número de
processos que seriam levados ao Poder Judiciário.

Não obstante a previsível crescente demanda por serviços jurisdicionais que adviria, tem-se que a
Constituição de 1988 reservou um destacado papel ao STJ, correspondente ao de uma Corte
Suprema7, que não está compreendida nas instâncias ordinárias predispostas ao exame das causas
em geral.

De fato, o art. 105 da Constituição, ao arquitetar as competências jurisdicionais do STJ, incumbiu-lhe


do exame originário (inciso I) de ações penais a que respondam certas autoridades, de ações
constitucionais que envolvam outras autoridades, de conflitos de competência entre certas
autoridades etc. Incumbiu-lhe ainda do exame de recursos ordinários em determinadas situações
(inciso II). Mas foi na competência para exame do recurso especial (inciso III) que veio definida a
função primordial do STJ: de funcionar como intérprete último das leis federais e de tratados
internacionais.

Afirma-se que esta é sua função primordial porque as competências para o exame originário de
feitos (alíneas do inciso I do art. 105) e para recursos ordinários (alíneas do inciso II do art. 105)
poderiam ser retiradas do STJ, sem prejuízo de sua posição de Corte Superior do sistema
jurisdicional brasileiro8.Diferentemente, contudo, a competência para o exame em última instância da
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interpretação de leis federais e de tratados internacionais é o que define a natureza do STJ. É


primordialmente para isso que o STJ encontra lugar no sistema de Justiça brasileiro; não para
simplesmente funcionar como mais uma instância recursal, mas para estabelecer precedentes9 em
questões jurídicas que demandam a interpretação e aplicação de leis federais ou de tratados
internacionais.

3.A ordinarização do Superior Tribunal de Justiça

A despeito da posição institucional reconhecida ao STJ pela Constituição, tem-se que, no modo
como este Tribunal vem sendo operacionalizado pelas partes, ele tem sido – de fato – colocado em
uma condição de Corte ordinária revisora de casos que o recorrente alega não haverem sido
julgados de forma totalmente satisfatória.

No último relatório estatístico divulgado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em 2018 (relativo
ao ano de 2017) verifica-se que, lidando o Judiciário brasileiro com uma justiça de massa e
atomizada, não se conseguindo ainda grande êxito com soluções autocompositivas, os juízes
brasileiros julgam em média, por ano, 1.819 processos, ou 7,2 casos por dia útil, sem descontar
períodos de férias e recessos10 . O número é alto e, justamente por isso, foi mencionado por
Tribunais e associações de magistrados como indicativo da alta produtividade dos juízes brasileiros.
Conforme considerou o próprio CNJ, esta, relativa a 2017, foi a maior produtividade da série
histórica, mensurada pelo CNJ desde o ano-base de 2003.

O número de julgamentos realizados por Ministro do STJ (composto por 33 Ministros), porém, é
muito superior a este.

De acordo com o relatório estatístico relativo ao ano de 2018 do STJ, naquele ano a média de
processos julgados (incluindo AgInt, AgRg e EDcl) por Ministro do STJ foi de 15.903. Caso sejam
excluídos os Agravos Internos, Agravos Regimentais e Embargos de Declaração (ou seja, caso seja
apenas computado o julgamento do próprio feito dirigido ao STJ apenas por ocasião de seu efetivo
julgamento monocrático ou diretamente pela Colegiado competente) tem-se uma média de 12.499
processos julgados por Ministro no ano de 201811 .

Dividindo-se estes 12.499 processos julgados no ano por Ministro por 252 dias úteis do ano
(parâmetro usado pelo CNJ para extrair a média diária de julgamentos por magistrado brasileiro, sem
descontar períodos de férias ou recesso), tem-se que em 2018 cada Ministro do STJ julgou em
média por dia útil 49,59 feitos (não computados AgInt, AgRg e EDcl).

O número é o mais alto da série anual medida pelo STJ, mas não se distancia muito da média anual
de 2017, que (excluídos AgInt, AgRg e EDcl) foi de 11.90812 , resultando em média diária de 47,25;
nem na de 2016 ou da de 2015, que, respectivamente, foram de 11.725 e 10.87313 , resultando
média diária de julgamento de 46,52 e 43,14 feitos por Ministro.

O aumento da produtividade do STJ é em parte resposta à crescente distribuição de processos que é


realizada anualmente à Corte14 e em parte devida a um exitoso trabalho de gestão processual, com
alterações regimentais para uma mais eficiente distribuição interna de certas questões à presidência
do Tribunal15 e uso inteligente de tecnologia da informação, aliada ao intenso trabalho dos
magistrados da Corte, auxiliado por um alto16 número de profícuos servidores.

A questão que se coloca, porém, é se há justificativa para o STJ, na condição de Corte de vértice
para a interpretação e aplicação das leis federais e tratados internacionais, estar a julgar tamanho
número de feitos.

Poder-se-ia argumentar que parte desses impressionantes números de julgamentos produzidos pela
Corte não diz respeito a sua competência para o julgamento de recursos especiais, mas sim a sua
competência originária e para o exame de recursos ordinários.

Todavia, a estatística condensada pelo Superior Tribunal de Justiça revela que a vasta maioria dos
feitos distribuídos e julgados pela Corte é formada por Recursos Especiais e Agravos em Recursos
Especiais, seguidos por Habeas Corpus17 (os quais, por dizerem respeito muitas das vezes à
interpretação e aplicação de leis federais penais e processuais penais, revelam-se verdadeiros
substitutos de Recursos Especiais em matéria penal).

Para esclarecer tal proporção, confiram-se as tabelas a seguir, com os números relativos ao ano de
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201818 :

Tabela 3 – Processos distribuídos no STJ em 2018

Classe Quantidade Percentual


REsp 69.547 19,96%
AREsp 189.734 54,45%
HC 55.450 15,91%
RHC 13.521 3,88%
Outros 20.164 5,78%
Total 348.416 100%

Fonte: nt. 18.

Tabela 4 – Processos julgados no STJ em 2018

Classe Quantidade Percentual


REsp 100.665 24,40%
AREsp 214.331 51,96%
HC 58.111 14,08%
RHC 15.291 3,70%
Outros 24.057 5,83%
Total 412.455 100%

Fonte: nt. 18.

Diante destes quadros, verifica-se que mais da metade dos feitos distribuídos e julgados no STJ são
Agravos em Recurso Especial19 (AREsp), ou seja, recursos em que se pretende reformar decisão
que não admitiu o processamento de Recurso Especial, para que este recurso seja admitido. Em
torno de 20 a 25% dos processos distribuídos e julgados são os próprios Recursos Especiais (REsp).
E em torno de 15% são Habeas Corpus (HC), que, como dito, muitas vezes (o que também se pode
dizer a respeito do RHC, recurso ordinário em habeas corpus denegado pelos Tribunais locais20 )
funcionam como substitutos do Recurso Especial no âmbito criminal.

Pode-se afirmar, assim, que mais de 90% do volume dos processos no STJ dizem respeito a feitos
em que a parte busca o Tribunal sob a alegação de que seu caso foi decidido com equivocada
interpretação ou aplicação de lei federal. Uma vez que a simples alegação de violação à lei federal
tem levado causas ao STJ, resulta que este Tribunal tem, de fato, sido acessado como uma instância
julgadora ordinária, não como uma Corte voltada à formação de precedentes.

Tal constatação é reforçada por um outro elemento: diante do enorme volume de processos que
aportam ao STJ (desde 2014 foram recebidos mais de 300.000 processos a cada ano21 ), uma forma
de dar cabo ao volume que é usada em larga escala pelo STJ tem sido a de julgar não de forma
colegiada, mas monocraticamente.

Com o fim de visualizar o quanto os membros dos Colegiados22 integrantes do STJ têm lançado mão
de julgamentos monocráticos, confira-se a seguinte tabela23 :

Tabela 5 – Comparativo de Processos julgados monocrática ou colegiadamente nos órgãos


julgadores do STJ em 2018

Colegiados Processos julgados Percentual Processos julgados Percentual


monocraticamente em sessão
Corte Especial 3.951 96,57% 140 3,42%
3 Seções 13.839 96,64% 480 3,35%
6 Turmas 370.173 93,96% 23.783 6,03%
Total 387.963 94,08% 24.403 5,91%

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Fonte: nt. 23.

Examinados tais dados, pode-se dizer que o Superior Tribunal de Justiça, além de examinar muitos
casos ao ano (300.000 ou mais ao ano) e, de conseguinte, ao dia (em média 50 por dia útil por
Ministro, aproximadamente), o faz majoritariamente (em torno de 95%) de forma monocrática.

Note-se que os julgamentos monocráticos são permitidos pelo art. 932 do CPC de 2015 nas
hipóteses de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os
fundamentos da decisão recorrida (inciso III), bem como nos casos em que o objeto recursal já tenha
sido tratado por súmula do STF ou do STJ ou por acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ no
julgamento de casos repetitivos ou em incidentes de assunção de competência (incisos IV e V). O
inciso VIII deste mesmo artigo do CPC (LGL\2015\1656) dispõe incumbir ainda ao Relator “exercer
outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal”. O Regimento Interno do STJ, de
sua vez, alarga as hipóteses em que se permite o julgamento monocrático pelo Ministro Relator, para
abranger também o recurso que pode ser decidido aplicando-se “a jurisprudência dominante acerca
do tema” (art. 34, XVIII, “b” e “c”).

Desse modo, os julgamentos monocráticos no STJ têm lugar nas situações em que já é consolidada
determinada forma de interpretar a lei federal; o que, como se constata, ocorre na vasta maioria dos
casos (aproximadamente 95%). Disso resulta que, de fato, o STJ tem sido utilizado pelos
jurisdicionados como um Tribunal disponível para checar a correção em concreto da interpretação e
aplicação dada pelas instâncias ordinárias às leis federais e aos tratados internacionais. A condição
de Corte de precedentes, destinada a fixar precedentes a serem observados no futuro e a atualizar a
interpretação da lei federal e de tratados internacionais tem, ao menos numericamente, ficado
premida pelo exame de um número extraordinário de feitos.

4.A recompreensão do STJ a partir das diretrizes da constituição e das reflexões introduzidas
com o discurso sobre precedentes obrigatórios

A Constituição de 1988, ao estruturar o Poder Judiciário, elencando seus tribunais de cúpula, bem
como ao definir garantias e vedações à magistratura, ao estabelecer os direitos fundamentais à
participação em contraditório para a obtenção do devido processo legal, o fez tendo em vista o
cidadão. Com efeito, a República brasileira se constitui de um Estado Democrático de Direito (art. 1º
da Constituição) que tem como fundamentos soberania (inciso I), cidadania (inciso II) e dignidade
humana (inciso III).

A razão de ser do Estado de Direito é agir na relação entre Estado e indivíduo, introduzindo uma
limitação jurídica ao poder soberano. Ainda que no Estado de Direito a ligação entre Estado e
direitos não fosse obrigatória25 , na cultura do pós-guerra passa a predominar a ideia de que direitos
e democracia são conceitos complementares, no sentido de que a democracia é a forma política de
uma ordem centrada nas pessoas, sustentada na igualdade para a completa realização humana26 . O
constitucionalismo, nessa toada, confere aos direitos fundamentais dos cidadãos uma condição
diferenciada, acima da vontade política27 . O exercício dos direitos pelos cidadãos, assim, é a razão
de ser do Estado Democrático de Direito e é tendo isso em vista que devem ser interpretados os
preceitos normativos emanados do Estado.

Daí afirmar-se que a finalidade do processo no Estado Constitucional é a tutela de direitos, o que,
não obstante, se faz em duas dimensões: direcionado às partes do processo (com a prolação de
uma decisão justa) e à sociedade em geral (com a formação de precedentes).28 Ambas as
dimensões, no sistema de justiça, são imprescindíveis.

Há de se atentar, porém, para a fundamental circunstância de que o sistema de justiça projetou


determinados órgãos do Poder Judiciário (as instâncias ordinárias) para a dedicação a todos os
aspectos dos casos concretos submetidos à apreciação jurisdicional e outros órgãos (as Cortes de
vértice) para o desempenho da atividade correspondente ao desenvolvimento de precedentes em
específicas matérias.

A questão que se coloca quando se está a distinguir entre as atividades que devem ser
desenvolvidas pelas Cortes Supremas e aquelas que não lhes são próprias diz respeito à tônica que
deve ser impressa às atividades dessas Cortes de vértice: deve um Tribunal superior, destacado no
sistema constitucional como aquele que haverá de dar a última palavra e com isso estabelecer
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precedentes em matéria de lei federal, priorizar a prolação de decisões que façam justiça nos casos
individuais que lhe são levados pelas partes ou deve a Corte dar primazia à formação e ao
desenvolvimento de precedentes?

No primeiro caso, fala-se em tutela do caso concreto (ius litigatoris)29 ou no exercício da uma função
reativa30 pela Corte. No segundo, fala-se, de outro lado, em tutela do ius constitutionis e no exercício
pela Corte de uma atividade proativa voltada para o futuro.

Considerando-se que o STJ não compõe as instâncias ordinárias (que têm, estas últimas, a missão
precípua de promover o julgamento justo das causas que lhes são submetidas), e considerando-se,
ao lado disso, que é preciso, no sistema de justiça, que a Corte encarregada de estabelecer
precedentes em matéria de lei federal e de tratados internacionais esteja disponível para
efetivamente fazê-lo de forma eficiente, resulta evidente que o STJ deve priorizar a formação e
atualização de precedentes na interpretação e aplicação de leis federais e de tratados internacionais.

Há de se admitir, no ponto, que não é factível o STJ priorizar a formação e atualização de tais
precedentes e, ao mesmo tempo, promover o julgamento de todas as causas que lhe são
submetidas (mais de 300.000 ao ano) em prazo razoável. Com efeito, ao permanecer julgando todas
as centenas de milhares de causas que lhe são submetidas pelas partes, o STJ termina prejudicando
a qualidade do julgamento daqueles feitos em que seria importante fixar, de forma refletida e
responsável, os precedentes que a sociedade aguarda que advenham deste Tribunal31 .

Nesse ponto, é preciso destacar que a Administração do Poder Judiciário deve também observância
aos princípios que regem toda a Administração Pública32 , entre eles o da eficiência33 . Mesmo
considerando-se que a eficiência é conceito de origem econômica, proveniente da administração de
entidades privadas que têm objetivos lucrativos, ao passo que o Estado brasileiro foi constituído para
servir ao cidadão, tem-se que a Constituição impõe a observância da eficiência no gasto de recursos
públicos. Isso inclui o gasto de recursos orçamentários e também o dispêndio da estrutura dos
órgãos públicos, com seus recursos humanos e materiais, sem desperdício, e aqui importa notar,
sem desvio de finalidade.

A eficiência diferencia-se da eficácia. Ser eficiente, como impõe a Constituição à Administração


Pública de todos os Poderes, é buscar o melhor resultado ao mesmo tempo em que se tem o menor
gasto. Ser eficaz é simplesmente buscar o melhor resultado em termos de qualidade, sem
preocupação com o gasto de recursos34 .

Ser eficiente, para o STJ, não é julgar freneticamente um volume colossal de processos, mas sim
utilizar os meios disponíveis para bem se desincumbir de suas funções constitucionais. Com efeito, a
eficiência das Cortes formadoras de precedentes não se mede apenas pela quantidade de decisões
prolatadas e pelo custo da instituição em um determinado período de tempo, mas também pela
qualidade dos precedentes que se é capaz de estabelecer35 .

Como se afirmou, a tutela de direitos no Estado Constitucional é feita em duas dimensões, uma
direcionada diretamente às partes do processo, o que é feito precipuamente pelas instâncias
ordinárias; outra direcionada à sociedade em geral, com a formação de precedentes, sendo os de
maior importância no sistema aqueles emanados das Cortes predispostas a darem a última palavra
na matéria.

Daí porque, considerada a divisão de trabalho entre os diversos órgãos do Poder Judiciário,
entende-se que o direito fundamental de acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, da Constituição) não é
prejudicado com a restrição do STJ a examinar apenas aqueles casos portadores de controvérsia
que transcenda os interesses daqueles que são partes nos processos a partir dos quais se formarão
ou se atualizarão precedentes.36

Estreitamente ligada ao mandamento de eficiência na prestação dos serviços jurisdicionais é a


garantia constitucional ao recebimento de tutela jurisdicional em prazo razoável37 , que se tornou
expressa no art. 5º, LXXVIII, com a Emenda Constitucional 45, de 2004 (LGL\2004\2637). Aqueles
que são partes em processos judiciais têm o direito fundamental a receberem tutela jurisdicional
célere; a sociedade em geral tem o direito a não sofrer com o gasto injustificado de recursos e a
tomar conhecimento das razões de decidir adotadas pelos precedentes, que serão aplicadas a todos
no futuro.
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Os direitos da sociedade relacionados à formação, ao respeito e à eventual evolução dos


precedentes são intimamente relacionados ao direito à segurança jurídica, em todas as suas três
dimensões38 . As pessoas em geral (mesmo aquelas que não formalizam suas demandas ao Poder
Judiciário) têm direito a não serem surpreendidas injustamente com a formação de um precedente.
Têm direito a tomarem conhecimento da estrutura argumentativa capaz de justificar a adoção da
interpretação adotada no precedente. E têm direito a, uma vez estabelecido um precedente, planejar
a vida e viver podendo mensurar com segurança as consequências de suas ações e omissões.

É de se notar que argumentar com base em precedentes (e pautar a vida pelo modo como foram
tratados os casos precedentes) não é uma completa novidade introduzida em nosso sistema jurídico
pelo CPC de 201539 .

As instâncias ordinárias já muito antes do advento do CPC de 2015 se pautavam pelas orientações
consolidadas no STJ a respeito da interpretação da lei federal e de tratados internacionais. A
separação que tradicionalmente se faz nesse ponto entre sistemas de civil law e de common law é
em larga medida artificial40 e descolada da prática jurisdicional41 , passando ao largo não só do modo
como de fato se pratica o direito e como se compreende o que é o direito42 , como ainda fazendo crer
que os princípios mais comezinhos de interpretação e aplicação do direito em um Estado
Democrático de Direito não fossem aplicáveis a sistemas de tradição estatutária.

Com efeito, na medida em que aplicar a razão de decidir de um precedente em um caso posterior
similar àquele do qual resultou o precedente é uma questão de tratar igualmente casos iguais,
princípio básico de administração da justiça43 , não há justificativa para que isso não ocorra em
países que compartilham da tradição romano-germânica. Trata-se, ao mesmo tempo, de o Judiciário
decidir no presente casos de maneira que as razões de decidir adotadas possam no futuro ser as
aplicáveis a casos similares44 e, nessa medida, ter um direito pautado pela impessoalidade.
Igualdade, universalizabilidade45 e imparcialidade46 são elementos inafastáveis de um Estado
Democrático de Direito.

Dito isso, é de se convir que a inclusão expressa da obrigatoriedade de observância de precedentes


do STJ no CPC de 2015 reforçou a necessidade de se repensar a agenda do Tribunal. É que, se o
sistema normativo brasileiro acentuou sua pretensão à formação de precedentes dotados da maior
autoridade, refletidos, nos quais se admita a efetiva participação ou representação adequada dos
potenciais interessados, é preciso dotar o STJ dos meios para a realização de uma reflexão madura
seguida de debates qualificados e de uma decisão colegiada que trate dos principais argumentos
favoráveis e contrários às interpretações em discussão.

É de se notar que o sistema positivado pelo CPC de 2015 não trata de conferir proteção expressa
apenas aos precedentes chamados “qualificados” (oriundos de julgamentos de casos repetitivos, de
incidentes de assunção de competência etc.), mas, no caso do STJ, a qualquer precedente da Corte
que resolva o mérito de questão que trate da interpretação e aplicação de lei federal ou de tratado
internacional. Com efeito, o art. 489 do CPC de 2015 veda que os juízes se limitem a invocar
precedentes sem identificar seus fundamentos determinantes e sem justificar que o caso em
julgamento se ajusta a tais fundamentos (inciso V do § 1º). Veda também (inciso VI) que o juiz deixe
de seguir precedente invocado pela parte, sem fundamentação suficiente para fazê-lo. Daí exsurge
uma enorme responsabilidade do STJ em promover a definição das normas jurídicas cuja
interpretação lhe incumbe, bem delimitando as razões de decidir que se tornarão impositivas em
casos futuros com as mesmas características, trazendo com isso estabilidade à ordem normativa.47

Diante desse panorama, a restrição de acesso ao STJ por uma multiplicidade de particulares que
pretendem o reexame de suas causas ao argumento de que as instâncias ordinárias não deram a ele
a melhor solução não é uma questão de ilegitimamente vedar a abertura da instância48 . É uma
medida necessária para que o STJ possa bem responder à demanda que a atualidade lhe formula,
de que a Corte estabeleça precedentes transparentes, refletidos, claros, bem delineados em matéria
de interpretação e aplicação de leis federais e de tratados internacionais.

5.Conclusões

O presente artigo tratou da posição institucional do STJ no sistema de justiça brasileiro e da efetiva
capacidade da Corte em responder à sua missão constitucional.

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Filtro de relevância para o STJ: uma condição para a
eficiência da justiça no Brasil

De todas as competências delineadas pela Constituição de 1988, aquela que revela a primordial
função do STJ é a de estabelecer e desenvolver precedentes em matéria de interpretação de leis
federais e de tratados internacionais.

Não obstante, os jurisdicionados têm procurado o STJ como se se tratasse de mais uma instância
ordinária revisora de casos que o recorrente alega não haverem sido julgados de forma totalmente
satisfatória. Dando vazão à demanda quantitativa, o STJ tem julgado mais de 300.000 casos
anualmente, o que representa em torno de 50 julgamentos por dia útil por Ministro da Corte. Além
disso, a vasta maior parte dos julgamentos (em torno de 95%) é feita de forma monocrática, em
situações de aplicação de orientação já consolidada.

Tal quadro revela que, de fato, o STJ tem sido utilizado como instância disponível para a
reapreciação dos julgamentos feitos pelas instâncias ordinárias, independentemente de os feitos
levados à Corte transcenderem ou não os interesses dos recorrentes.

A finalidade do processo no Estado Constitucional é a tutela de direitos, mas isso se dá em duas


dimensões: uma direcionada às partes do processo, com a prolação de uma decisão justa (atividade
da qual foram incumbidas primordialmente as instâncias ordinárias); outra direcionada à sociedade
em geral, com a formação de precedentes (atividade prioritária a ser desempenhada pelas Cortes de
vértice).

Se o STJ permanecer a apreciar o número de casos atualmente examinados, haverá inevitável


prejuízo à formação e à evolução dos precedentes nas matérias de sua incumbência.

Para que o sistema de justiça brasileiro tenha um necessário ganho de eficiência, é preciso que o
STJ deixe de julgar um extraordinário volume de processos e passe a utilizar dos meios disponíveis
para bem se desincumbir de suas funções constitucionais. Considerada a divisão de trabalho entre
os diversos órgãos do Poder Judiciário, o direito fundamental de acesso à Justiça não sofrerá
restrição ilegítima com o estabelecimento de um filtro para o STJ passar a examinar apenas aqueles
casos portadores de controvérsia que transcenda os interesses das partes dos processos a partir
dos quais se formarão ou se atualizarão precedentes.

As partes têm direito ao recebimento de tutela jurisdicional justa em prazo razoável; a sociedade em
geral tem, ao mesmo tempo, o direito a não sofrer com o gasto injustificado de recursos e a tomar
conhecimento das razões de decidir adotadas pelos precedentes, que serão aplicadas a todos no
futuro. Com isso, o bom desempenho de suas funções pelo STJ responderá também à pretensão da
sociedade brasileira à segurança jurídica.

A positivação da obrigatoriedade de observância de precedentes do STJ no CPC de 2015 reforça a


necessidade de se repensar a agenda do Tribunal, uma vez que foi acentuada a pretensão do
sistema normativo brasileiro à formação e ao desenvolvimento de precedentes dotados da maior
autoridade.

Precedentes com tamanha força devem ser antecedidos de participação adequada dos potenciais
interessados; sua formação deve vir na sequência de debate suficientemente aprofundado pelo
Colegiado competente; suas conclusões devem ser expressas de forma clara e precisa, bem
delimitando as razões de decidir que se tornarão impositivas em casos futuros com as mesmas tais e
quais características.

Qualquer precedente do STJ que trate da interpretação e aplicação de lei federal ou de tratado
internacional (não apenas aqueles decorrentes de julgamentos de casos repetitivos) é fundamento
que poderá ser invocado e deverá ser examinado na decisão de caso futuro com similares
características, daí exsurgindo uma enorme responsabilidade do STJ em decidir de forma acertada
os casos selecionados, expressando claramente as razões de decidir compartilhadas pelo Colegiado
julgador.

Para o funcionamento eficiente do sistema de justiça brasileiro, centrado no cidadão, é


imprescindível que se estabeleça um filtro seletivo dos Recursos Especiais que serão examinados
pelo STJ, a fim de que sejam apreciados apenas aqueles Recursos Especiais que veiculem questão
de interpretação e aplicação de lei federal ou de tratado internacional cuja apreciação pela Corte de
vértice na matéria se mostre relevante para a afirmação, reafirmação ou evolução da orientação
adotada pelo STJ.
Página 9
Filtro de relevância para o STJ: uma condição para a
eficiência da justiça no Brasil

Na disciplina dos contornos daquilo que haverá de ser compreendido como relevante, da forma (e o
quórum, eventualmente qualificado) como o STJ reconhecerá a relevância, da eventual
recorribilidade da decisão, dos efeitos decorrentes do reconhecimento da irrelevância de
determinada questão (se obstará ou não REsp com o mesmo tema), muitos dos aprendizados
decorrentes desses anos de “repercussão geral” para o Recurso Extraordinário ao STF haverão ser
levados em conta. O que importa desde já demarcar é que a instituição do filtro de relevância da
questão objeto do Recurso Especial é condição absolutamente necessária para que o sistema de
justiça brasileiro funcione eficientemente, respondendo ao cidadão à altura das promessas da
Constituição.

6.Referências

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1 .Artigo submetido à publicação antes da aprovação da EC 125/2022 (LGL\2022\8470).

2 .MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Recurso extraordinário e recurso especial. 7. ed. São Paulo:
Ed. RT, 2001. p. 57 e ss.

3 .SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Estatística: pesquisa por classe. Disponível em:


[http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=estatistica&pagina=pesquisaClasse]. Acesso em:
02.07.2019.

Página 11
Filtro de relevância para o STJ: uma condição para a
eficiência da justiça no Brasil

4 .SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Relatório Estatístico 2018. Disponível em:


[www.stj.jus.br/webstj/Processo/Boletim/verpagina.asp?vPag=0&vSeq=327]. p. 21. Acesso em:
02.07.2019.

5 .(...) § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das


questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a
admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus
membros.

6 .Que acrescentou os artigos 543-A e 543-B ao Código de Processo Civil de 1973.

7 .Nesse sentido, confira-se: MITIDIERO, Daniel. Cortes Superiores e Cortes Supremas: do controle
à interpretação, da jurisprudência ao precedente. São Paulo: Ed. RT, 2013.

8 .Tanto assim que o STF (na AP 937), ao reinterpretar a extensão da prerrogativa de foro penal
prevista no art. 102, I, “b” e “c” da Constituição, veio a adotar interpretação mais restrita, que passou
a ser seguida pelo STJ na interpretação da prerrogativa análoga prevista no art. 105, I, “a” (entre
outras, nas APn 866 e 857). Da mesma sorte, a Emenda Constitucional 45, de 2004
(LGL\2004\2637), retirou a homologação de sentença estrangeira do rol de causas de competência
originária do STF para incluí-la no rol daquelas de competência do STJ.

9 .Sobre o tema: MARINONI, Luiz Guilherme. O STJ enquanto corte de precedentes. São Paulo: Ed.
RT, 2013.

10 .CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em Números 2018: ano-base 2017. Disponível


em: [www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2018/09/da64a36ddee693ddf735b9ec03319e84.pdf].
Acesso em: 02.07.2019.

11 .Cf. nt. 4, p. 25.

12 .Disponível em: [www.stj.jus.br/webstj/Processo/Boletim/verpagina.asp?vPag=0&vSeq=301].


p. 24. Acesso em: 02.07.2019.

13 .Disponível em: [www.stj.jus.br/webstj/Processo/Boletim/verpagina.asp?vPag=0&vSeq=292].


p. 24. Acesso em: 02.07.2019.

14 .Documentada nos relatórios estatísticos do STJ aqui já mencionados.

15 .Conforme alterações promovidas pela Emenda Regimental 22 de 2016 (LGL\2016\79289) no


art. 21 do Regimento Interno do STJ, bem como pela Emenda Regimental 24 daquele mesmo ano,
com o acréscimo de uma série de atribuições previstas no atual art. 21-E do Regimento.

16 .De acordo com a Resolução STJ/GP 16, de novembro de 2018


[https://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/127192/Res_16_2018_PRE.pdf], cada gabinete de
Ministro tinha 1 chefe de gabinete, 9 assessores e 22 assistentes. Tal Resolução foi revogada e hoje
a estrutura orgânica do STJ é objeto da Resolução STJ/GP 21, de 25 de agosto de 2022
[https://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/167910/Res_21_2022_GP.pdf], que estabelece que em
cada gabinete de Ministro há 1 chefe de gabinete, 13 assessores e 22 assistentes.

17 .Art. 105, I, “c”, da Constituição.


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Filtro de relevância para o STJ: uma condição para a
eficiência da justiça no Brasil

18 .Cf. nt. 4, p. 19.

19 .Art. 1.042 do Código de Processo Civil de 2015.

20 .Art. 105, II, “a”, da Constituição.

21 .Cf. nt. 4, p. 4.

22 .O Regimento Interno do STJ (disponível em:


[www.stj.jus.br/sites/portalp/Leis-e-normas/Regimento-Interno]. Acesso em: 03.07.2019), definiu
áreas de especialização de seus órgãos julgadores, de acordo com a natureza jurídica da relação
litigiosa estabelecida nos processos em julgamento. A Primeira e a Segunda Turmas ficaram
incumbidas do Direito Público não criminal; a Terceira e a Quarta Turmas, do Direito Privado e a
Quinta e a Sexta Turmas, do Direito Penal. Cada Turma é composta por 5 Ministros. As Seções
julgam determinadas espécies de feitos e previnem ou sanam divergências entre as Turmas. Os
Ministros integrantes da Primeira e da Segunda Turmas compõem a Primeira Seção; os integrantes
da Terceira e Quarta Turmas compõem a Segunda Seção e os integrantes da Quinta e Sexta
Turmas compõem a Terceira Seção. Não compõem Turma nem Seção os Ministros Presidente,
Vice-Presidente e aquele que ocupa a cadeira reservada a Ministro do STJ no CNJ. Os 15 Ministros
mais antigos da Corte compõem a Corte Especial, que, além de ter competência para determinadas
controvérsias, ainda tem a função de prevenir ou sanar divergências entre as diferentes Seções.

23 .Para consultar o número de julgamentos monocráticos e colegiados realizados em 2018 por cada
qual das Turmas e Seções, conferir o documento citado na nt. 4, p. 20. Acesso em: 03.07.2019.

24 .O total de processos julgados monocraticamente por integrantes dos colegiados (387.963)


somado àqueles julgados diretamente pelos colegiados (24.403) não chega ao total de processos
julgados em 2018 pelo STJ (412.455, conforme Tabela 4) porque há ainda os processos julgados –
monocraticamente – pela Presidência, nos termos do art. 21-E do Regimento Interno do STJ.

25 .COSTA, Pietro. O Estado de Direito: uma introdução histórica. In: COSTA, Pietro; ZOLO, Danilo
(Orgs.). O Estado de Direito: história, teoria. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 95-99.

26 .COSTA, Pietro. Democracia Política e Estado Constitucional. In: COSTA, Pietro. Soberania,
representação, democracia: ensaios de história do pensamento jurídico. Curitiba: Juruá, 2010.
p. 261.

27 .Ibidem, p. 266.

28 .MITIDIERO, Daniel. A tutela dos direitos como fim do processo civil no Estado constitucional.
Revista de Processo, São Paulo, v. 229, p. 51-74, 2014.

29 .SILVESTRI, Elisabetta. Corti supreme europee: acceso, filtri e selezione. In: Centro Studi
Giuridici E Politici Della Regione Umbria; Centro Internazionale Magistrati “Luigi Severini”. Le Corti
Supreme: Atti. Perugia, 5-6 maio 2000. Milano: Giuffrè, 2001. p. 105-106.

30 .TARUFFO, Michele. Le funzioni delle Corti supreme: cenni generali. In: Annuario Di Diritto
Comparato E Di Studi Legislativi. Nápoles: Edizione Scientifiche Italiane, 2011. p. 14-32.

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Filtro de relevância para o STJ: uma condição para a
eficiência da justiça no Brasil

31 .Nesse sentido, constatando que a experiência das Cortes supremas que atuam como
verdadeiras cortes de precedentes mostra que a força dos precedentes é inversamente proporcional
a seu número: TARUFFO, Michele. Ibidem, p. 29-30.

32 .Nos termos do art. 37, caput, da Constituição: “Art. 37. A administração pública direta e indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: [...]”. O caput do art. 37 da Constituição teve sua redação alterada pela Emenda
Constitucional 19, de 1998 (LGL\1998\67), justamente para passar a enunciar, entre os princípios
que regem a Administração Pública, o da eficiência.

33 .Embora comumente tratada como princípio, a eficiência é por alguns mais precisamente
compreendida como metanorma, ou seja, como postulado que dirige a interpretação e aplicação das
outras normas. Nesse sentido: SANTOS, Francisco Geraldo Matos; RODRIGUES, Felipe Jales. O
princípio da eficiência do direito brasileiro enquanto metanorma. Revista da AGU, v. 17, n. 3,
p. 81-105, 2018.

34 .TIMM, Luciano Benetti; TONIOLO, Giuliano. A aplicação do princípio da eficiência à


administração pública: levantamento bibliográfico e estudo da jurisprudência do TJRS. Prismas: Dir.,
Pol. Publ. e Mundial., Brasília, v. 4, n. 2, p. 43-54, 2007. Os autores, contextualizando a exigência de
eficiência feita pela Constituição, ponderam (p. 43) que “Em um país com escassez de recursos
econômicos para serem aplicados em diversos setores e necessidades sociais, tratar,
eficientemente, dos custos (evitando desperdícios) é questão de justiça social”.

35 .Nesse sentido: BASSI, Maria Carolina Poholink Cabral; MELO, Fernando Schumak. A busca pela
eficiência judicial: uma análise epistemológica multidisciplinar. Caderno PAIC, v. 19, n. 1, 2018,
p. 719-735.

36 .É nesse sentido a opinião de Arruda Alvim, que assim se expressa (p. 41): “Em nosso sentir,
constitui-se equívoco injustificável ligar-se à circunstância do Superior Tribunal de Justiça apreciar só
questões relevantes, a um problema de acesso à Justiça, porque, para realizar o acesso à Justiça,
há uma estrutura, no país, que se desdobra nas diversas justiças estaduais, de um lado, e, de outro,
na justiça federal, cujos organismos cobrem todo o nosso território. Esses aparelhos judiciários
desdobram-se dois graus de jurisdição. Desta forma, há plena garantia de acesso à Justiça, e, de
mais a mais, nem se compreenderia que a função do Superior Tribunal de Justiça, fosse a de
completar o acesso à Justiça em todas as causas, em que esteja envolvida lei federal, justamente
porque este Tribunal deve existir para resolver qualificadamente as questões que sejam relevantes
ou fundamentais, tendo em vista a inteligência do direito federal” (ALVIM, Arruda. A alta função
jurisdicional do Superior Tribunal de Justiça no âmbito do recurso especial e a relevância das
questões. In: BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. STJ: dez anos a serviço da justiça: doutrina.
Brasília: Superior Tribunal de Justiça, 1999. p. 37-47).

37 .Nesse sentido: HESS, Heliana Coutinho. O princípio da eficiência e o Poder Judiciário. Revista
da Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, v. 105, 2010. p. 218.

38 .Sobre estas três dimensões da segurança jurídica [a dimensão presente (cognoscibilidade), a


dimensão na transição entre passado e presente (confiabilidade) e a dimensão entre presente e
futuro (calculabilidade)], confira-se ÁVILA, Humberto. Segurança jurídica: entre permanência,
mudança e realização no Direito Tributário. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 128-131.

39 .Daí porque já se afirmava, ainda antes do advento do CPC de 2015, que a eficácia vinculante
dos precedentes do STJ não encontra fundamento em regra de direito positivo infraconstitucional,
mas na estrutura do Poder Judiciário brasileiro e na função que a Constituição atribuiu ao STJ.
Nesse sentido: SILVA, Ricardo Alexandre da. O STJ como Corte Suprema em matéria
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Filtro de relevância para o STJ: uma condição para a
eficiência da justiça no Brasil

infraconstitucional: defesa dos precedentes vinculantes. In: MENDES, Aluisio Gonçalves de Castro;
MARINONI, Luiz Guilherme; ARRUDA ALVIM WAMBIER, Teresa (Coords.). Direito jurisprudencial.
São Paulo: Ed. RT, 2014. v. II. p. 1073-1098. O autor conclui, relembre-se, ainda antes do CPC de
2015, no sentido de que essa forma de conceber o STJ, aliada a um filtro de repercussão geral,
permitiria um “salto qualitativo na tutela jurisdicional realizada no Brasil” (p. 1096).

40 .TARUFFO, Michele. Precedente y jurisprudencia. In: Páginas sobre justicia civil. Madrid: Marcial
Pons, 2009. p. 557-570.

41 .BUSTAMENTE, Thomas da Rosa. A dificuldade de se criar uma cultura argumentativa do


precedente judicial e o desafio do Novo CPC (LGL\2015\1656). DIDIER JR., Fredie; CUNHA,
Leonardo Carneiro da; ATAÍDE JR., Faldemiro Rodrigues de; MACÊDO, Lucas Buril (Coords.). In:
Precedentes. Salvador: JusPodivm, 2015. p. 275-297.

42 .ATIENZA, Manuel. Sobre “Creación judicial del derecho” de Eugenio Bulygin. In: BULYGIN,
Eugenio; ATIENZA, Manuel; BAYÓN, Juan Carlos. Problemas lógicos en la teoría y práctica del
Derecho. Madri: Fundación Coloquio Jurídico Europeo, 2009. p. 95-123.

43 .CROSS, Rupert; HARRIS, J.W. El precedente en el derecho inglés. Madrid: Marcial Pons, 2012.
p. 23.

44 .SCHAUER, Frederick. Precedent. Stanford Law Review, v. 39, n. 3, p. 571-605, 1987.

45 .BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de. Teoria do precedente judicial: a justificação e a aplicação


de regras jurisprudenciais. São Paulo: Noeses, 2012. p. 103-114.

46 .MACCORMICK, Neil. Retórica e o Estado de Direito. Trad. Conrado Hübner Mendes; Marcos
Paulo Veríssimo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. Trad. Rhetoric and the Rule of Law, 2005. p. 120.

47 .PEREIRA, Paula Pessoa. Art. 489, § 1º, incisos V e VI, do CPC de 2015: justificação da decisão
judicial e o argumento por precedente. In: VASCONCELLOS, Fernando Andreoni; ALBERTO, Tiago
Gagliano Pinto (Orgs.). O dever de fundamentação no novo CPC (LGL\2015\1656): análises em
torno do art. 489. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2015. p. 322-323.

48 .Como defendeu o Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) ao manifestar-se
contrário à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 209, de 2012, que propunha inserir no art. 105
da Constituição parágrafo com a seguinte redação “§ 1º No recurso especial, o recorrente deverá
demonstrar a relevância das questões de direito federal infraconstitucional discutidas no caso, nos
termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo
pela manifestação de dois terços dos membros do órgão competente para o julgamento”. Os motivos
da posição sustentada pela OAB foram expostos em: MEDINA, Paulo Roberto de Gouvêa. Arguição
de relevância no STJ. Revista Brasileira de Direito Processual, Belo Horizonte, v. 25, n. 98,
p. 357-363, 2017. A PEC 209, de 2012, foi aprovada na Câmara dos Deputados e seguiu para o
Senado Federal, onde passou a tramitar como PEC 10, de 2017. Seu andamento podia ser
consultado em: [www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/128403]. Acesso em:
08.07.2019. A proposta foi aprovada, transformando-se na Emenda Constitucional n. 125/2022
(LGL\2022\8470), que incluiu os parágrafos 2º e 3º ao art. 105 da Constituição.

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