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CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2024
FRATERNIDADE E
AMIZADE SOCIAL
ORAÇÃO DA CF 2024
Deus Pai,
vós criastes todos os seres humanos
com a mesma dignidade.
Vós os resgatastes pela vida,
morte e ressurreiçã o do vosso Filho, Jesus Cristo,
e os tornastes filhos e filhas, santificados no Espírito.
Ajudai- nos, nesta Quaresma,
a compreender o valor da amizade social
e a viver a beleza da fraternidade humana aberta a todos,
para além dos nossos gostos,afetos e preferências,
num caminho de verdadeira penit ência e conversã o.
CF NA UNIVERSIDADE
C748c CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil / Campanha da Fraternidade 2024: CF na Universidade.
Brasília: Edições CNBB, 2023.
.
32p : 14 x 21 cm
ISBN: 978-65-5975-237-9
.
1 Campanha da Fraternidade 2024;
2. CNBB;
3. Fraternidade e Amizade Social.
CDU: 264.342
Edições CNBB
SAAN Quadra 3, Lotes 590/600
Zona Industrial - Brasília-DF
CEP: 70.632-350
Fone: 0800 940 3019 / (61) 2193-3019
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.
www edicoescnbb com br . .
1° ENCONTRO:
Amizade Social e Cooperação na Ciência
CONTEXTUALIZAÇÃO
0 ambiente universitá rio é um espa ç o propício para o desen-
volvimento da Amizade Social, afinal, ali se encontram expertises
e vozes diversas, que podem auxiliar a sociedade nos diversos
âmbitos e dimensões. A Universidade, pela sua própria natureza, é
uma instituiçã o desde sempre em saída — pelo ensino e extensã o,
coloca em prática aquilo que ensina e aprende,mas,especialmente
na pesquisa científica, tem a oportunidade de tocar a realidade e
transformá - la. 0 progresso científico é uma poderosa ferramenta
de construçã o de pontes, de mitigaçã o dos problemas sociais, de
fortalecimento da coesã o social e de promoçã o do bem comum.
Contudo, nos últimos tempos, tamb ém a ciência foi atingida pelas
disputas ideoló gicas e pelas narrativas de desmoralizaçã o. Algreja
sempre viu na ciência uma aliada para promoçã o da fraternidade e
da justiç a, para a difusã o do conhecimento e para a consolidaçã o
dos direitos humanos. Por isso,discutira Amizade Social, na pers-
pectiva da coopera çã o científica, nos permitirá compartilhar
insights e sonhar futuros possí veis para nossa sociedade a partir
da produçã o de conhecimento que as Universidades,institutos de
pesquisa e pesquisadores promovem todos os dias.
OBJETIVOS
• Refletir sobre o papel da ciência como propulsora da Amiza -
de Social e sobre a superação dos problemas que corroem o
tecido social;
• Discutir os entraves do desenvolvimento científico e tecno-
lógico no Brasil causados pela ausência da Fraternidade;
• Elaborar percursos de cooperação, superaçã o e cura destes
problemas a partir do trabalho coletivo de reflexã o e discussã o.
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RECURSOS NECESS Á RIOS
• Preparar um ambiente acolhedor,que permita o diá logo aber -
to e franco. Uma sugestã o é dispor á s cadeiras em círculo;
• Dispor, no centro da roda, alguns elementos simbólicos para
o encontro: uma foto do Papa Francisco, um exemplar da
Carta Encí clica Fratelli Tutti, o cartaz da CF 2024, algumas
reportagens sobre o desenvolvimento da ciência, algum ele-
mento que recorde o fazer científico e as palavras que serã o
usadas no debate;
• Antecipadamente, imprimir ou escrever em caixa alta, em
folhas de papel A4, as palavras: polarizaçã o ideoló gica, obs-
curantismo religioso, academicismo, distanciamento da re-
alidade e racismo acadêmico;
• Preparar cópias do texto da trilha e das situaçõ es problema
para todos os participantes;
• Folhas de Papel A 4 e pincel atómico para os grupos que serão
formados durante o debate;
• Para o debate, pode ser oportuno convidar algum pesquisa -
dor, professor ou pró -reitor da Universidade que se dedica à
pesquisa científica.
ROTEIRO DE TRABALHO
• Iniciar acolhendo os participantes e agradecendo pela parti-
cipaçã o no encontro;
• Propor uma prece inicial que sirva também de contextualiza -
çã o geral da Campanha da Fraternidade 2024: pode- se fazer
a ora çã o da CF, cantar o hino ou ler o texto bíblico iluminador
(Mt 23,8-12). Pode -se, nesta prece inicial, entoar algum refr ã o
meditativo ou algum salmo ou hino (sugest ões -> refr õ es:
Onde reina o amor, Luz que ilumina os caminhos do amor ; Sal -
mo 26/ 27 - O Senhor é minha luz; Hinos: Luz radiante, luz da
alegria; Glória, louvor e honra a ti, Cristo, Rei redentor);
• Ap ó s a ora çã o, convidar os participantes a se apresentarem,
se for ocaso;
• Explicar brevemente o tema da Campanha da Fraternidade,
sobretudo o conceito de "Amizade Social" a partir da Fratelli
Tutti. Pode -se buscar inspira çã o no Texto -Base da CF 2024;
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• Fazer a leitura do texto da Trilha que expõe os principais pon-
tos a serem discutidos ao longo do encontro. Outra forma
de apresentar o texto é fazer uma apresentaçã o de slides ou
convidar um pesquisador da Universidade para desenvolver
o tema durante alguns minutos;
• Após a apresenta çã o do tema do encontro, dividir o grupo em
duplas, trios ou pequenos grupos, de acordo com a quantida-
.
de de participantes Cada grupo deve discutir por alguns mi-
nutos um dos 5 desafios para o desenvolvimento cientifico e
tecnoló gico do Brasil, apontando um caminho de supera çã o.
Vale lembrar que, para cada um dos desafios, é proposta uma
situaçã o problema, a qual é ponto de partida para a discus-
sã o no grupo;
• Fazer uma apresentaçã o geral das propostas de superaçã o e
abrira discussã o para que os outros grupos opinem e discutam;
• Para concluir a trilha, prop õe-se um gesto concreto, que pode
ser tanto a sugestã o abaixo quanto outra proposta a ser ali-
nhada junto à Universidade ou à comunidade local;
• Encerrar com um momento de ora çã o no qual se celebrem a
unidade dos cristã os e o dom da Fraternidade.
TRILHA
A Encíclica Fratelli Tutti, em seu núcleo, chama a atençã o
para a necessidade de cultivar uma cultura de encontro e de
fraternidade entre todos os seres humanos,independente de suas
origens, culturas, crenças ou ideologias. 0 Documento, publicado
pelo Papa Francisco em 2020, enfatiza a importâ ncia da solida -
riedade, da justiça social e da preocupaçã o com os mais vulnerá -
veis, em especial aqueles que foram marginalizados e excluí dos
da sociedade.
Nesse contexto,a ciência desempenha um papel fundamental
na construçã o de uma Amizade Social autêntica e na promoçã o do
desenvolvimento sustentá vel. A ciência, ao buscar compreender
a realidade objetiva por meio de métodos empíricos e racionais,
pode oferecer respostas fundamentadas para os desafios enfren-
tados pela humanidade, como a mudanç a climática, a pandemia
de doenças infecciosas, a escassez de recursos e a desigualdade
socioeconômica.
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Tendo por base o m étodo científico, é possível transcender
fronteiras geográficas e culturais; construindo, assim, pontes
entre diferentes na ções e povos. A colabora ção internacional em
pesquisas científicas promove a troca de ideias, tecnologias e
recursos, fortalecendo os laç os de solidariedade e fraternidade
entre as pessoas, independentemente de suas origens.
Além disso,a ciência pode desempenhar um papelimportante
no combate aos problemas que afetam diretamente a coesã o social.
Ao estudar as causas das desigualdades e da exclusã o social, a
ciência pode ajudara desenvolver políticas públicas mais eficazes
e direcionadas à reduçã o desses problemas, garantindo o acesso
igualitário aos benefícios do progresso científico e tecnológico.
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de conhecimento e à interlocução entre diferentes perspectivas.
É essencial promover um diá logo construtivo entre a ciência e as
religiõ es, reconhecendo que ambos os campos podem contribuir
.
para o bem- estar humano Al ém disso, o obscurantismo religioso
pode restringir o acesso a tecnologias e conhecimentos benéficos,
retardando o progresso e a inovaçã o. Em um mundo cada vez mais
interconectado, é essencial reconhecer que ciência e religião têm
um papel valioso a desempenhar no avanç o da humanidade, sem
comprometera liberdade de crenç a e a autonomia científica.
0 academicismo excessivo é um problema que pode afastar
a ciência da sociedade. Quando a linguagem científica é exces-
sivamente técnica e complexa, torna - se inacessível ou distante
para a maioria das pessoas, dificultando a compreensã o e o enga -
jamento público em temas científicos importantes. Além disso,
a busca por reconhecimento e prestígio acadêmico pode levar os
cientistas a priorizarem a publicação em revistas especializadas ao
invés de se concentrarem em questões relevantes para a sociedade.
Isso resulta em uma desconexão entre a ciência e as necessidades
reais da popula çã o, prejudicando a aplica çã o do conhecimento
científico no enfrentamento de problemas cotidianos e na busca
por soluções para os desafios que a humanidade enfrenta. A fim
de promover um desenvolvimento mais eficaz da ciência, é funda -
mental incentivar uma comunicaçã o mais clara e uma maiorinte -
ra çã o entre cientistas e a sociedade, buscando uma ciência mais
inclusiva, relevante e responsá vel.
0 distanciamento da realidade é um desafio enfrentado pela
ciência quando as pesquisas e estudos se afastam das necessi-
dades reais da populaçã o e deixam de abordar questões urgentes
que afetam diretamente a coesão social.Isso leva a um desperdício
de recursos, tempo e esforços em pesquisas que nã o contribuem
efetivamente para a soluçã o dos desafios reais da humanidade.
Al ém disso, a falta de conexã o com a realidade pode limitar a
motivação dos pesquisadores e desencorajar a participaçã o da
sociedade no processo científico, enfraquecendo a legitimidade
da ciência e sua capacidade de influenciar políticas públicas e
melhorar a vida das pessoas. Portanto, é essencial que a ciência
mantenha um diálogo constante com a sociedade, buscando
alinhar suas pesquisas à s necessidades e demandas do mundo
real, para que possa, de fato, ser um agente transformador em
benefício da humanidade.
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Por fim, o racismo acadêmico é outro problema grave, que
resulta em exclusã o e marginalizaçã o de pesquisadores e estu-
dantes de origens raciais minoritá rias, impedindo o pleno apro-
veitamento do potencial intelectual de toda a sociedade. Além
disso, o racismo acadêmico perpetua desigualdades sociais e
dificulta o desenvolvimento de políticas e soluções que atendam
à s necessidades de toda a populaçã o brasileira. 0 combate ao
racismo na academia é crucial para criar um ambiente inclusivo e
representativo, permitindo que todos os talentos possam contri-
buir plenamente para o avanç o cientí fico do país.
Superar esses desafios requer esforços conjuntos de cien -
tistas,instituiçõ es acadêmicas,governos e sociedade civil.É essen -
cial promover uma cultura científica baseada na transparência,
integridade, diversidade e responsabilidade social, buscando
sempre o benefício coletivo e o bem comum. Quando a Amizade
Social se funde ao desenvolvimento científico, a humanidade pode
aspirar a um mundo mais justo, fraterno e sustentá vel, onde todos
tenham a oportunidade de contribuir e florescer plenamente.
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• Como podemos superar as barreiras impostas pelo obscu-
rantismo religioso para incentivar o acesso à educa çã o cien-
tífica e ao conhecimento fundamentado?
3. Academicismo: Em um ambiente acadêmico altamente
competitivo, pesquisadores priorizam a quantidade de publi-
ca ções em revistas científicas de prestígio em detrimento
da qualidade das pesquisas.
• Como podemos valorizar a qualidade e a relevância das pesqui-
sas acadêmicas emvez de apenas a quantidade de publica ções?
• De que forma podemos estimular um ambiente acadêmico
mais colaborativo, em que a busca pela excel ência científica
esteja alinhada com a responsabilidade social e a aplicabili-
dade das descobertas na sociedade?
4. Distanciamento da Realidade: Em um centro de pesquisa,
os cientistas desenvolvem tecnologias sofisticadas,mas nã o
consideram as condições e necessidades reais da popula çã o
local para a aplicaçã o dessas inovações.
• De que forma podemos garantir que as pesquisas e inova -
çõ es desenvolvidas estejam alinhadas com as necessidades
e demandas da sociedade?
• Como podemos incentivar a colaboração entre cientistas e a
populaçã o, de modo a garantir a aplicabilidade das pesqui-
sas no cotidiano das pessoas?
5. Racismo Acad êmico: Em um processo seletivo para um
programa de pós- gradua çã o, candidatos de origens raciais
minoritárias sã o submetidos a preconceitos e discrimina -
çã o, mesmo tendo qualificações equivalentes aos demais
candidatos.
• Como podemos eliminar o preconceito racial na academia e
garantir uma representa çã o mais diversa e inclusiva de pes-
quisadores e estudantes de origens raciais minoritárias?
• Quais sã o as estraté gias para promover a equidade e a justi-
ça social no ambiente acadêmico, de forma a superar os im-
pactos negativos do racismo no desenvolvimento científico
do Brasil?
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autarquia federal responsável pela elabora çã o do Programa
Nacional de Pós-Graduaçã o (PNPG) 2024-2034. As sugestõ es
podem ser enviadas à Associa çã o Nacional de Educaçã o Cató -
lica do Brasil (ANEC) pelo e-mail: ensinosuperior@anec.org.br
ou diretamente à CAPES para: comunicacao@capes.gov.br.
• A fim de concluir o encontro, vamos retomar o ensinamento
do Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti (n. 203 e 204):
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Estimulai- nos a criar sociedades mais sadias
e um mundo mais digno,
sem fome, sem pobreza, sem violência,sem guerras.
Que o nosso coraçã o se abra
a todos os povos e naçõ es da terra,
para reconhecer o bem e a beleza
que semeastes em cada um deles,
para estabelecer la ç os de unidade, de projetos comuns,
de esperanças compartilhadas. Amém!
SE LIGA A í!
Sobre a rela çã o entre f é e ciência:
SÃ O JO Ã O PAULO II. Carta Encíclica Fides etRatio: sobre as rela -
.
çõ es entre f é e razã o (Encí clicas). Roma,14 de setembro de 1998.
CASTRO, Roberto Carlos de. Cristianismo e ciência: da integraçã o
.
entre razã o e f é ao obscurantismo Jornal da USP. Sã o Paulo,7 out.
2021. Disponível em: https:// jornal.usp.br/artigos/cristianismo -
-e-ciencia - da -integracao- entre-razao-e-fe - ao - obscurantismo /.
Acesso em: 6 set. 2023.
Documentário “0 diá logo entre f é cristã e ciência no Brasil" -
https:// www.youtube.com/ watch?v=XJNlAChJIWc
Ví deo "Fé e razã o podem caminhar juntas?”
-https:// www.youtube.com/watch?v=cDrXDDQ 005 g
M úsica “Duas Asas” (Celina Borges)
- https:// www.youtube.com/ watch?v=pcXQOOXpNqU
PELEGRINI,Tatiane; FRANÇA,Marco TúlioAniceto.Endogenia acadê-
mica: insights sobre a pesquisa brasileira. Portal de Revistas da
USP. 9 dez. 2020,vol. 50, n. 4. Disponível em: https:// www.revistas.
usp.br/ee/article/view/165272. Acesso em: 6 set. 2023.
CORREIA, Carol. Por uma ciência negra e feminina. Conexão UFRJ.
19 nov. 2019. Disponível em: https://conexao.ufrj.br/ 2019/ll/por-
- uma -ciencia -negra - e-feminina /. Acesso em: 6 set. 2023.
DINIZ, Isis. A p ós- gradua ção no Brasil: evolução e desafios.
Observatório de Políticas Científicas. 11 jan. 2023. Disponível em:
li
https://iqc.org.br/observatorio /artigos/educacao/a - pos - gradu -
acao-no - brasil-evolucao-e -desafios/. Acesso em: 6 set. 2023.
SAYURI, Juliana. Os problemas da p ó s- graduaçao no Brasil: E a
importâ ncia da ciência. Nexo. 21 abr. 2019 Disponível em: https://
www.nexojornal.com.br/reportagem/ 2019/ 04/ 21/ 0 s- problemas -
da - p % C 3 % B 3 s - g radua % C 3 % A 7 % C 3 % A 3 o - no - Brasil.- E - a -
import%C3%A 2ncia- da -ci%C3%AAncia. Acesso em: 6 set. 2023.
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2° ENCONTRO:
Política como mais alta expressão
da Caridade
CONTEXTUALIZAÇÃO
0 regime democrá tico exige mudanças necessárias na
.
dimensã o social Se a meta a ser alcanç ada é o desenvolvimento
integral, a política deve ser organizada no sentido de oferecer
oportunidades iguais a todos os homens e mulheres. 0 retrato do
desemprego e do subemprego; da pobreza, da miséria e da fome;
da falta de moradia, de educa çã o e de saúde; da precariedade e
da vulnerabilidade de milhões de trabalhadores; da violência e do
ó dio, é uma situa çã o preocupante em nosso País. 0 regime polí -
tico atual no Brasil precisa ser repensado por homens e mulheres
.
comprometidos com a vida humana Hoje, o poder é a meta
daqueles que querem ter em suas mã os o povo e, para isso, lutam
a fim de que este seja, cada vez mais, uma massa de manobra.
Usam o dinheiro público para conseguir o poder, empobrecendo e
escravizando o povo.
Na Encíclica Populorum Progressio, em 1967, Sã o Paulo VI
afirmou que “o desenvolvimento é o novo nome da paz”. Nã o bastam
o progresso técnico e o crescimento económico por si. Nã o basta
aumentar a produçã o de bens e serviç os. Essas medidas devem
caminhar juntas, empenhadas em distribuir, de maneira justa,
.
tudo o que é produzido pelo trabalho humano A humanidade, que
parece caminhar em alguns momentos por uma via de desuma -
nizaçã o e alienação das pessoas, marcada por antropologias que
apresentam uma visã o reducionista,as quais ignoram totalmente
a realidade social, é convidada a posicionar a história e as rela -
ções humanas nos trilhos da Fraternidade. 0 que o Papa Francisco
fala da Fraternidade vem do Altíssimo. Pois é o reconhecimento
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da paternidade de Deus que faz todos irmã os e irmãs em um único
Pai. É uma forma de relaçã o que visa ao bem reciproco de todos,
sem nada perder de si e sem nada tirar dos outros. Para os cris-
tã os, é necessá rio viver o amor, pois, na relaçã o entre Deus e a
pessoa humana, existe reciprocidade; nã o troca, nem comando,
mas, sim, liberdade. Dai Sã o Paulo dizer, na Primeira Carta aos
Coríntios 13,13: "Atualmente permanecem estes três: a f é, a espe-
rança, o amor. Mas o maior deles é o amor”.
Para que possamos estar atentos às ciladas que o mundo
moderno oportuniza a todos os povos cristã os ou nã o, é preciso
refletir sobre o que pode melhorar para o nosso povo que sofre
miséria,fome, desemprego e falta de moradia digna. Pensando no
Povo de Deus, levantamos as seguintes hip óteses: Como ser sal
da terra e poder ajudar, pela caridade, aquele que precisa? De que
forma a Universidade pode intervir no discurso da política como
expressã o da caridade e do amor?
Convidamos, neste encontro, a sentir e perceber que hoje é
tempo de viver o sonho inscrito na natureza humana, de abrir-
- se aos outros e de caminhar juntos, de construir e de realizar
projetos comuns para o bem pessoal e de toda a humanidade.
OBJETIVOS
• Contextualizar e refletir sobre os desafios da política como
mais alta expressã o da caritas (caridade, amor);
• Promover na Universidade a busca de um diá logo respeitoso,
fraterno e caridoso, a fim de favorecer os estudantes, pro -
fessores e colaboradores com uma comunicaçã o saudá vel,
acerca da política como expressã o mais alta da caridade;
• Incentivar e promoveriniciativas de reconciliaçã o entre pes-
soas, famílias, comunidades, grupos e povos.
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ROTEIRO DE TRABALHO
• Realizar um momento de acolhida do grupo;
• Proporcionar um momento de ora çã o de forma ecum é nica;
• Vivenciar o tempo de escuta dos participantes.
TRILHA
1 FRANCISCO. Respostas às Perguntas dos representantes das escolas dos jesuítas na Itália
e na Albânia. (Discursos). Sala Paulo VI, 7 de junho de 2013.
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“encheu- se de compaixã o por elas, porque estavam cansadas e
abatidas, como ovelhas que nã o têm pastor” (Mt 9,36).
No Brasil, vivenciamos, nos últimos meses, as dificuldades
enfrentadas pelo povo, muitos irmã os cristã os no individualismo,
nã o buscaram e não estão buscando um diá logo discernido na
Palavra de Deus acerca da política como expressã o da caridade.
0 que precisamos é uma política de fraternidade e de caridade,
arraigada na vida do povo.
Portanto, surge a necessidade de favorecer a unidade
fraterna, a fim de fazer emergir o diálogo e a comunhã o entre
todos. A partir dos seguintes questionamentos: “Como ser sal
da terra e poder ajudar pela caridade aquele que precisa? De que
forma a Universidade pode intervir no discurso da política como
expressã o da caridade?” lançamos mã o dos seguintes passos.
• 3o Passo: É o momento de fazer um resumo das discussões
realizadas, nele serã o apresentados os encaminhamentos
propostos e idealizada uma a çã o concreta.
• 4o Passo: 0 mediador realizará uma síntese das discussões,
mostrando os pontos mais relevantes e críticos. Os membros
da Pastoral Universitária, no intuito de agir evangelizando,
poderã o propor uma atividade celebrativa a todos os envolvi-
dos na comunidade universitária .
PARA MARCAR O PASSO
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Tenha misericórdia do teu próximo
0 Deus de Israel falou, a Rocha de Israel me disse: "Quem
governa os homens com justiça, quem governa no temor de Deus
é como a luz da aurora ao nascer do sol, numa manhã sem nuvens;
- .
por seu brilho após a chuva brota a erva da terra” (2Sm 23,3 4)
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SE LIGA A í!
• FERREIRA, Arthur Vianna. Política é forma elevada de carida -
de. In : Inquietude. Belo Horizonte, ano XV, n. 87, abr. a ago.
2016. Disponí vel em: https://agostinianos.org.br/ wp - con -
tent/uploads/ 2020 /12/inquietude- 87.pdf. Acesso em: 13 jul.
2023.
• FRANCISCO. Política é forma elevada de caridade.In : Inquie-
tude. Belo Horizonte, ano XV, n. 87, abr. a ago. 2016. Dispo-
nível em: https://agostinianos.org.br/ wp - content /uploa -
ds/ 2020/12/inquietude- 87.pdf. Acesso em: 13 jul. 2023.
• GONÇALVES, Alfredo José. A política é a forma mais perfeita
da caridade. 0 Sã o Paulo, 27 jul. 2022.
• MOREIRA, Júnior. Estudo sobre a Encí clica Fratelli Tutti. Blog
Camilianos. 18 nov. 2020. Disponível em: https://edico -
escnbb.info/45NfpJE. Acesso em: 13 jul. 2023.
• INSTITUTO HUMANITAS. Política como expressã o viva de ca -
ridade. CEBI. 20 abr. 2017. Disponível em: https://cebi.org.br/
biblia /espiritualidades/politica - como - expressao - viva - de -
- caridade/. Acesso em: 13 jul. 2023.
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3° ENCONTRO:
Casa Comum e os desafios das sombras
de um mundo fechado
CONTEXTUALIZAÇÃO
A expressã o “Casa Comum" foi popularizada pelo Papa
Francisco em sua Encíclica Laudato Si’, lanç ada em 2015. Nesse
Documento, o Papa aborda os desafios ambientais e sociais que
enfrentamos como habitantes do planeta Terra, destacando a
necessidade de cuidarmos da nossa "casa" coletiva. A metáfora da
Casa Comum nos lembra de que todos compartilhamos o mesmo
lar e somos responsáveis por preservá - lo para as geraçõ es futuras.
No entanto, apesar do apelo por uma visã o global de solidarie-
dade e cuidado, nosso mundo muitas vezes enfrenta as sombras
de um sistema fechado. As sombras sã o as consequ ências nega -
tivas de um modelo económico e social que prioriza o lucro e a
exploraçã o desmedida dos recursos naturais, sem considerar os
limites do planeta e o bem - estar das pessoas.
Uma dessas sombras é a crise ambiental, com o aumento das
mudanç as climáticas, a destruiçã o de ecossistemas e a perda da
biodiversidade. A exploraçã o predatória dos recursos naturais e
a poluiçã o causada pelas atividades humanas têm um impacto
devastador na Casa Comum, afetando a vida de milhõ es de seres
humanos e outras formas de vida no planeta.
Outra sombra é a desigualdade social, que se manifesta
em diferentes níveis, seja entre países, regiões ou dentro das
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próprias na ções. Enquanto alguns desfrutam de uma abun-
dância de recursos e oportunidades, muitos outros sofrem com
a pobreza, a fome e a falta de acesso a serviç os bá sicos como
educa çã o e saúde. Essa desigualdade é uma ferida aberta na Casa
Comum, minando a ideia de fraternidade e solidariedade que o
Papa Francisco tanto enfatiza.
Al ém disso, o mundo fechado é marcado por conflitos e
guerras, nos quais prevalecem interesses políticos e econó -
micos em detrimento da paz e da harmonia entre os povos. Esses
conflitos nã o apenas geram sofrimento humano, mas também
têm impactos ambientais devastadores, como a destruiçã o de
ecossistemas e o deslocamento forç ado de populaçõ es.
Diante desses desafios, o chamado do Papa Francisco para
a Amizade Social ganha ainda mais relevância. A Amizade Social
nos convida a transcender as sombras de um mundo fechado,
buscando a abertura para o diálogo, a colabora çã o e a cooperaçã o
entre indivíduos, comunidades e na çõ es.
Para alcançar uma Casa Comum mais justa e sustentável, é
fundamental repensarmos nossos valores e práticas,promovendo
uma cultura de cuidado, respeito e responsabilidade com o meio
ambiente e com todas as formas de vida.Isso envolve a adoçã o de
políticas públicas que protejam o meio ambiente, o investimento
em fontes de energia limpa, o combate à desigualdade social e o
fomento a uma cultura de paz e cooperaçã o.
OBJETIVO GERAL
• Refletir sobre as sombras geradas pela falta de cuidado da
Casa Comum, abordando suas causas e relacionando -as com
a proposta do Papa Francisco de Amizade Social.
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ROTEIRO DE TRABALHO
• Realizar um momento de acolhida do grupo com alguma di-
nâmica de apresentaçã o, destacando, por exemplo: nome,
curso, se tem alguma experiência de participa çã o na comu -
nidade que frequenta, expectativa em rela çã o ao encontro;
• Realizar um momento de oração de forma ecuménica, com a
leitura de alguma passagem bíblica,de preferência o Evangelho
(Sugestões: Gn 1,26-27; SI 104,24-30; Cl 1,15 -17; Rm 8,19- 22);
• Observar o cartaz da Campanha da Fraternidade 2024 e fa-
zer os seguintes questionamentos: Que relações podemos
estabelecer entre as citaçõ es bíblicas sugeridas e o que nos
prop õe o cartaz da CF 2024? Considerando a realidade do
ambiente universitá rio em que estamos, que opçõ es acadê-
micas podem ser aproveitadas para melhor viver e se com -
prometer com a CF 2024?
• Entrar no tema proposto com uma breve abordagem a par -
tir da leitura de contextualização e/ou algum vídeo que faça
esse papel introdutório e depois abordar a trilha (https://
www.youtube.com/watch?v=F7KMRuPWCrQ);
• Após a leitura da trilha, fazer uma roda de conversa na qual
cada um poderá partilhar suas impressõ es. Logo depois,faz-
- se a leitura da situa ção problema para motivar o debate.
• Concluir a atividade solicitando que cada um diga, em uma
palavra, o que lhe marcou no encontro de hoje, em seguida
faz uma ora çã o final de a çã o de graç as (pode ser a Ora çã o da
CF 2024, na contracapa).
TRILHA
21
laç os sociais. Ela pode ocorrer em diferentes contextos, como no
trabalho, na escola, em grupos religiosos, em atividades recre-
ativas, entre outros. Ao cultivar amizades sociais, as pessoas
podem encontrar apoio, compreensão e felicidade em suas vidas.
Casa Comum: 0 termo "Casa Comum" é frequentemente
utilizado para se referir ao planeta Terra, ao nosso meio ambiente
compartilhado. Ele enfatiza a ideia de que todos nós,independen-
temente de nossas diferenç as individuais, habitamos no mesmo
lar e somos responsáveis pela sua preservaçã o.
A rela çã o entre Amizade Social e Casa Comum está no fato
de que ambos os conceitos destacam a importância das relaçõ es
humanas e do cuidado com o meio ambiente. Cultivar a amizade
social fortalece os laços de solidariedade entre as pessoas,
promovendo uma sociedade mais justa e equitativa. Ao mesmo
tempo, reconhecera Terra como nossa Casa Comum nos lembra da
necessidade de proteger e preservar o meio ambiente, adotando
prá ticas sustentá veis e conscientes.
Em resumo, Amizade Social e Casa Comum sã o conceitos
que nos convidam a valorizar as relações humanas e a cuidar do
meio ambiente, buscando um mundo mais justo, sustentá vel e
harmonioso.
SITUAÇÃO-PROBLEMA
22
A comunidade tamb ém enfrenta problemas de desigualdade
social,pois algumas famí lias, com mais recursos financeiros,têm
maior influência sobre as decisões locais, o que muitas vezes leva
a decisões que beneficiam apenas alguns em detrimento do bem -
- estar coletivo.
Essa situaçã o está criando tensões entre os moradores, com
conflitos frequentes e divisões na comunidade. Alguns defendem
a explora çã o intensiva dos recursos naturais como forma de
obter lucros imediatos, enquanto outros alertam sobre os riscos
ambientais e buscam alternativas sustentá veis.
Diante desse cená rio, a comunidade está em busca de solu-
ções para enfrentar os desafios das sombras de um mundo fechado.
Essa comunidade precisa enfrentar os desafios da degra -
da çã o ambiental e da desigualdade social, buscando caminhos
que levem à sustentabilidade, justiça social e fraternidade. Será
necessário um esforç o conjunto, com diálogo, coopera çã o e ações
conscientes para construir um futuro mais justo e responsável
com a Casa Comum, que todos compartilham.
23
• Caso os participantes queiram, podem [ j]Hj
enviar um feedback sobre as impressõ es
que o encontro proporcionou através do
QRCode:
»
• Levar para a vida o conceito da Amizade
Social, buscando viver a alteridade, a soli-
-
dariedade, construindo pontes que levem L líír
ao diá logo,ao encontro uns com os outros,
.
à promo ção da justiça e da paz
SE LIGA Aí!
Dicas de aprofundamento do tema.
• Pandemia, um evento global. Repensar o futuro da casa comum
a partir da Encíclica Fratelli Tutti.
https:// www.youtube.com/ watch?v=P- 53YIZdRCQ&t=16s
• FRANCISCO. Carta Encíclica Fratelli Tutti : sobre a fraterni-
.
dade e a amizade social (Documentos Pontifícios, 44). Bra -
sília: Edições CNBB, 2020.
• Laudato Si: o urgente desafio de protegera nossa casa comum.
https:// www.youtube.com/ watch?v=- COSS_YOfTQ
24
4o Encontro:
Amizade Social e Economia
de Francisco e Clara
CONTEXTUALIZAÇÃO
Estamos diante de temas desafiadores e indispensá veis que
marcam deforma singular o mundo de hoje, exigindo uma tomada
de posiçã o frente ao contexto social e econ ómico. De fato, notam -
-se muitos sinais de que “o tecido social está esgarçado e a convi-
vência humana ameaç ada pela indiferenç a, pelo armamentismo,
pela agressividade e violência, pelo ass é dio moral e sexual, pelas
práticas de bullying, pela corrup çã o, pelo aborto, pela eutanásia,
pela devastaçã o ambiental, pelo trá fico e consumo de drogas, pelo
feminicídio, pela miséria e pela fome de 33 milhões de brasileiros,
pela intolerância religiosa, pelas invasõ es e guerras e seus refu-
giados, pelo trabalho escravo...".2
Essas situações (e outras, as retic ências ao final da cita çã o
nos chamam atençã o nã o apenas para a amplitude e comple-
xidade do que se quer afirmar, mas, sobretudo, para a urgência
que requerem) estão presentes na vida social. Faz -se necessário
compreendê - las no contexto da Amizade Social e da Economia, na
medida em que a indiferença para com o próximo e um ambiente
econ ómico competitivo e excludente — no qual tudo vira merca -
doria ou ativo financeiro — nã o podem levara situações distintas
2 HANSEN, Jean Poul. CF 2024: Fraternidade e Amizade Social: “Vós sois todos irmãos e ir-
mãs” (Mt 23,8). Briefing. Brasília, DF: Setor Campanhas da CNBB, 2023, p. 4.
25
daquelas que foram elencadas. Se, por um lado, precisamos
entender que a Amizade Social é um conceito mais alargado e
não simplesmente algo que esteja vinculado a um sentimento
provindo de uma ef émera rela çã o entre pessoas, por outro lado,
precisamos entender que a Economia n ã o pode ser um apaná gio
de um grupo de especialistas que definem a cobrança de
impostos, a elabora çã o dos or çamentos com as receitas públicas
e a sua distribuiçã o, sob a influência e os interesses do mercado
e de seus valores sociais, como algo que tem vida por si mesmo.
Tais decisões geram consequências na qualidade da convivência
humana em seus mais diversos aspectos: culturais, ambientais,
subjetivos, espirituais. Um exemplo bastante típico disso está
no modo como se formou, há décadas, a dívida pública em nosso
país, em como tem sido gerida e nas implicaçõ es produzidas por
este gerenciamento, especialmente em rela çã o ao pagamento de
juros, amortizações e o refinanciamento de valores. Esse sistema
causa cada vez mais desigualdades sociais pela falta de investi-
mentos em políticas públicas que atendam, sobretudo, aos mais
vulnerá veis socialmente. Tal l ó gica de construçã o da dívida e de
pagamento de seus encargos por meio dos orç amentos pú blicos
prioriza o capital improdutivo — conceito criado pelo professor de
Economia da PUC-SP,Ladislau Dawbor — quefazo dinheiro migrar
do trabalho como fonte de riqueza nos processos produtivos,
fundamentais para a eleva çã o dos níveis de emprego e renda,para
aplica çõ es financeiras, como títulos da dívida pública, que geram
lucros e riqueza para grandes investidores, subtraindo- se para tal
as receitas pú blicas, que nã o sã o aplicadas em verdadeiros inves-
timentos sociais como educaçã o, habitaçã o, saúde, saneamento
e pleno emprego, entre outros essenciais à vida digna.
Diante disso, a CF 2024, ao trazer à tona a Amizade Social
e a Fraternidade, quer tamb ém nos alertar e comprometer com
a ções e compromissos que nos façam melhor compreender o que
vem a ser Amizade Social e Fraternidade. É preciso compreender
ainda que tudo está interligado, que existe uma totalidade, daí
nã o podermos dissociara Economia de nenhum outro conceito ou
área do conhecimento. A propósito, este é o quinto dos dez princí-
pios da Economia de Francisco e Clara: “Cremos que a supera ção
da crise se dá por caminhos onde tudo está interligado,inclusive
as soluçõ es diante da crise socioambiental que possuem impli-
ca ções ambientais, sociais, económicas, distributivas, políticas
26
e que afetam principalmente os empobrecidos, os povos origi-
nários e tradicionais" (cf. LS, n. 25). 0 décimo princípio, por sua
vez, destaca: "Cremos na solidariedade e no clamor dos povos”.
Logo se vê que o princípio da solidariedade, um dos pilares da
Doutrina Social da Igreja, está pressuposto na Amizade Social,
considerando o contexto mais amplo pelo qual este tema deve
ser entendido. Quanto a isso, seria oportuno lembrar algumas
das afirmaçõ es que o Papa Francisco apresenta sobre a Amizade
Social. Elas nos permitem melhor compreender seu significado:
Amizade Social é “amor que ultrapassa as barreiras da geografia
e do espa ç o" (FT, n. 1); Amizade Social é a nossa "voca çã o para
formar uma comunidade feita de irmã os que se acolhem mutua-
mente e cuidam uns dos outros" (FT, n. 96).
Este, pois, é o contexto no qual queremos desenvolver este
.
encontro A partir da Palavra de Deus, queremos iluminar nosso
estudo e tomar as decisõ es necessárias para nos comprome-
termos na efetiva direçã o a que a CF 2024 nos convida: Construir
e cultivar uma Amizade Social como expressã o de Fraternidade,
sinal do Reino de Deus no hoje, o qual um dia haveremos de viver
em plenitude.
OBJETIVOS
• Analisar como a Amizade Social e a Economia estã o relacio -
nadas, de modo a propiciar a superaçã o das desigualdades
sociais;
• Redescobrir a Palavra de Deus como iluminaçã o para com -
preender a Economia e a Amizade Social enquanto elemen -
tos indissociáveis, com vistas a uma sociedade mais justa e
fraterna;
• Propor atividades e investigações, como pesquisas de opi-
niã o, que propiciem melhor compreender o que pensam as
pessoas sobre a rela çã o entre Amizade Social e Economia;
• Identificar, em documentos Sociais da Igreja ( Fratelli Tutti,
Laudato Si’, Catecismo da Igreja Católica e Compêndio da
Doutrina Social da Igreja), elementos que contribuam para a
compreensã o da ligaçã o que há entre Amizade Social e Eco -
nomia e de suas implicações para uma sociedade mais justa
e fraterna.
27
RECURSOS NECESSÁ RIOS
• Cartaz da Campanha da Fraternidade 2024 (físico ou virtual,
exibido na tela do computador);
• Texto da trilha para leitura dos participantes e posterior
discussão;
• Pesquisa de opiniã o, a partir da sugestã o pro - m
im
posta no QR Code indicado ao lado, para ser
aplicada a estudantes, professores,funcioná -
rios t écnicos administrativos e terceirizados.
• Vídeos do Papa Francisco que tematizam a
Amizade Social e a Economia de Francisco e Clara.
^
• Site da Economia de Francisco e Clara: francescoeconomy.org
• Vídeo com Ladislau Dowbor: https:// www.youtube.com/
_
watch?v=P R- ezRH Ry 4&t=158 s.
ROTEIRO DE TRABALHO
• Escolheralguém do grupo para coordenare outro para secre-
tariar (fazer os registros).
• Realizar um momento de ora çã o de forma ecum énica com a
leitura de alguma passagem bíblica, de preferência o Evan-
gelho (Sugestõ es Pr 17,17; Mt 19,16 - 30; 23,8; 19, 16-30; 6,21;
At 45,47b; Jó 22,1-10;Is 5,8; Am 8,4-7).
• Ora çã o da Campanha da Fraternidade no início ou ao final do
encontro.
TRILHA
A Economia nã o é simplesmente números. A prop ósito,
a palavra Economia deriva do grego oikonomía: oikos [casa,
moradia] e nomos [administraçã o, organizaçã o, distribuiçã o].
Vê -se, portanto, que é algo ligado ao "comum”, ao coletivo.
Em outras palavras,poderíamos dizer, de forma bastante simples,
que Economia é algo que interessa a toda pessoa. Mais do que isso,
poderíamos dizer que ela abrange ou interfere na convivência e nas
rela çõ es entre as pessoas e destas com o meio ambiente. Enfim, a
Economia tem suas implicações, o que exige de nós um compro -
misso com o “humanismo solidário ou humanismo integral", pois
este nã o deve estar desvinculado de um modelo ou concepção
28
econ ómica. Jacques Maritain, ao desenvolver a questã o do huma -
nismo solidário,vai dizer:"comoa grande sabedoria pagã nã o pode
ser separada da tradiçã o humanista, isso nos adverte, em todo
caso, para nã o definir o humanismo pela exclusã o de toda orde -
na çã o ao sobre -humano e pela abjuraçã o de toda transcendência".
Para deixar em aberto toda discussã o, digamos que o humanismo
tende essencialmente a tornar o homem mais verdadeiramente
humano, e a manifestar sua grandeza original fazendo - o parti-
cipar de tudo o que pode enriquecê- lo na natureza e na história
(“concentrando o mundo no homem", como dizia Scheler, e “dila -
tando o homem no mundo”). Ele exige, ao mesmo tempo, que o
homem desenvolva as virtualidades nele contidas, suas forças
criadoras e a vida da razã o, e trabalhe para fazer das for ç as do
mundo físico instrumentos de sua liberdade. Assim sendo, o
humanismo é insepará vel da civilizaçã o ou da cultura,essas duas
palavras em si consideradas sinónimas. Portanto, o humanismo
nã o pode ser resumido a uma mera nega çã o da transcendência,
mas caminha na sua direçã o e a exige. Neste sentido ainda, o
Papa Francisco, em sua Encíclica Fratelli Tutti, vai nos trazer uma
relaçã o mais direta do humanismo com a f é que o inspira, o que
nã o nega o afirmado por Maritain, mas nos coloca a questã o numa
perspectiva mais específica e indispensá vel diante da f é. Ele vai
afirmar que "a f é,com o humanismo que inspira, deve manter vivo
um senso crítico perante essas tendências e ajudara reagir rapi-
damente quando começ am a insinuar- se” (FT, n. 86). Para isso, é
importante que a catequese e a pregaçã o incluam, de forma mais
direta e clara, o sentido social da existência, a dimensã o fraterna
da espiritualidade, a convic çã o sobre a dignidade inalienável de
cada pessoa e as motiva ções para amar e acolher a todos.
0 afirmado pelo Papa Francisco e por Maritain nos leva a
entender que os diferentes contextos e realidades da existência
humana devem ser considerados para que a f é nã o seja algo
meramente subjetivo. Porém, ao mesmo tempo em que é uma
necessidade da existência humana, ela requer um testemunho de
cada pessoa no que concerne a tomar esses diferentes contextos
e realidades como processos de humanizaçã o. Assim, a Economia
nã o pode estar deslocada de tal processo de humanizaçã o.
29
QUESTÕ ES PARA DEBATE
• Voc ê conhece pessoas/autores/autoras que podem nos aju -
dar a refletir mais sobre a rela çã o entre Amizade Social e
Economia na direçã o aqui considerada?
• Como os estudos que sã o realizados na Universidade — arti-
gos, projetos, pesquisas — têm contribuído para uma com -
preensã o e tomada de atitudes frente à necessária relaçã o
Amizade Social e Economia? Que tal fazer uma busca de base
de dados da Capes, por exemplo? Voc ê pode se surpreender ...
e aprender muito!
• De que modo os pensamentos de Maritain e do Papa Francisco,
acima mencionados, nos ajudam a compreender e a agir
diante do que nos coloca a Doutrina Social da Igreja?
SE LIGA Aí!
|
0«
30
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Crise. Brasília: Inove, 2011. Disponível em: https://auditoria-
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32
HINO DA CF 2024
Letra: Douglas Diego Palmeira Rocha
M úsica: David Melo Costa
Tema: Fraternidade e Amizade Social
.
Lema: “Vós sois todos irmã os e irmã s” (cf Mt 23,8)
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