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A EDUCAÇÃO COMO FENÔMENO SOCIAL

2.1 Breve retrospectiva


“... devemos sempre nos lembrar de que cada homem, num certo
sentido, representa toda ahumanidade e sua história. O que
foi possível na história da raça humana em grande escala também épossível
em pequena escala em cada indivíduo. Aquilo de que a humanidade precisou
pode um dia também ser necessário ao indivíduo...” (JUNG, 1974).

A educação de que o indivíduo necessitava era adquirida por meio da própria


família e de suacomunidade, onde os costumes, os hábitos, os onhecimentos,
as crenças, as habilidades, a organizaçãosocial e do trabalho eram passados
pela interação entre os sujeitos, por meio da troca de experiênciadireta de
geração a geração.A crescente complexidade das estruturas sociais ao longo
dos séculos levou à criação de instituições quedeveriam se responsabilizar
por dar continuidade à produção de conhecimentos construídos e repassá-
los às novas gerações.A humanidade busca referenciais que afaça entender a
necessidade de contribuir para a construção denovos espaços
deconhecimento que levem às grandes transformações.Dentro desse
contexto, aformação do homem é muito mais ampla do que apenas aprender
osconhecimentos acadêmicos ou
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amiliares, ou seja, ela extrapola o seu individual chegando ao social,onde
exerce e so
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re in
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uência. Sua atuação como cidadão é
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undamental para as trans
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ormaçõessociais desejadas.Em Os códigos da Modernidade, Toro (1997)
aponta as capacidades e competências mínimas para aparticipação produtiva
no século XXI:

Domínio da leitura e da escrita;

Capacidade de
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azer cálculos e resolver problemas;

Capacidade de analisar, de sintetizar e interpretar dados, atos e situações;

Capacidade de compreender e atuar em seu entorno social.São ainda
capacidades e competências para a participação produtiva no século
XXI, comopressupostos ao exercício da cidadania:

Converter problemas em oportunidades;


Organizar-se para deender os interesses da coletividade e


solucionar problemas por meio dodiálogo e da negociação, respeitando
as regras, as leis e as normas estabelecidas;

Criar unidade de propósitos a partir da diversidade e da di


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erença, sem jamais con
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undirunidade com uni
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ormidade;

Atuar para
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azer da nação um Estado Social de Direito, isto é, trabalhar para tornar
possível orespeito aos direitos humanos;

Ser crítico com a inormação que lhe chega;


Ter capacidade para localizar, acessar e usar melhor a inormação


acumulada;

Ter capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo.


2.2 A educação no espaço social
Ler o mundo é um ato anterior à leitura da palavra. O ensino da leitura e da
escrita da palavra a que
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alte o exercício crítico da leitura e da releitura do mundo é, científica e
pedagogicamente, capenga.É importante que o sujeito, a comunidade e a
sociedade sejam protagonistas de suas histórias, queaprendam a escrevê-
las construindo, coletivamente, os seus projetos de vida, por acreditarem
que agestão democrática in
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uencia positivamente na melhoria da qualidade social.O espaço da sala de
aula não é o único onde se constrói o conhecimento e se aprende
sobre cidadania.Criar espaços alternativos onde se possa pesquisar e
produzir conhecimentos inter
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ere
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avoravelmentena construção de cidadãos mais actuantes, reflexivos e
autónomos.As organizações estudantis também estimulam o gosto pelo
trabalho coletivo, a partilha de ideias, orespeito mútuo, o diálogo,
contribuindo para o exercício da cidadania e a prática democrática.A
televisão, o vídeo, o rádio, o gravador, o DVD, o MP4, os jornais, as revistas,
o CD player e ocomputador são equipamentos presentes no dia a dia dos
alunos que propiciam o acesso àsin
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ormações e a construção de saberes quando utilizados criticamente. As
bibliotecas e as salas deleitura igualmente
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avorecem a aquisição de novos saberes para democratizar a in
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ormação.A observação dos espaços públicos, a visita a espaços histórico-
culturais, a descoberta e o entendimentodos grupos sociais ali atuantes, as
entrevistas com os mais velhos e com as lideranças locais acerca dacultura
popular, a verif cação da presença ou ausência de ações do governo
na comunidade, tudo issoestabelece uma relação dialética entre o aprender
os conteúdos a estudar e o ato político de educar.
2.3 A educação e a cultura
A escola é um dos espaços para aprender a conviver, a ser, a
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azer, a conhecer e a propiciar a troca, aimaginação, a interacção, a
investigação e a partilha.O processo de aprendizagem envolve, também, a
construção de conteúdos das diversas áreas doconhecimento e supõe que o
indivíduo aprenda a aprender, exercitando suas múltiplas habilidades,
comvistas a uma análise histórico e crítica dos conhecimentos construídos.
Já o aprender a
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azer supõe a aquisição de competências que propiciem ao indivíduo en
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rentar asvariadas situações no âmbito social e de trabalho. Essas situações
de convivência nos di
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erentesambientes, sejam no trabalho, na
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amília e/ou na comunidade, implicam a descoberta do outro e oexercício do
respeito.Toda essa relação interpessoal conduz o sujeito a sua descoberta
interior, como um ser total, sensível,inteligente, autônomo e capaz de
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ormular seus próprios juízos de valor de
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orma crítica

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