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A vulnerabilidade do consumidor em era de

ultramodernidade

A VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR EM ERA DE ULTRAMODERNIDADE


The vulnerability of the consumer in the age of ultramodernity
Revista de Direito do Consumidor | vol. 115/2018 | p. 149 - 165 | Jan - Fev / 2018
DTR\2018\8593

Antônio Carlos Efing


Doutor em Direito das Relações Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –
PUC-SP. Professor Titular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR, onde leciona na
graduação, na especialização, no mestrado e no doutorado. Professor da Escola da Magistratura do
Paraná. Membro do Instituto dos Advogados do Paraná. Advogado militante em Curitiba/PR.
ace@eradv.com.br

Fábio Henrique Fernandez de Campos


Mestrando em Direito Econômico e Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná
– PUCPR. Especialista em Direito Criminal pela Universidade da Amazônia. Graduado em Direito
pela Universidade Federal de Mato Grosso. Professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da
Faculdade de Direito da Rede Gonzaga de Ensino Superior – Campus Vilhena. Delegado de Polícia.
fabiohfcampos@hotmail.com

Área do Direito: Consumidor


Resumo: O presente artigo trabalha a vulnerabilidade do consumidor em tempo de
ultramodernidade, conceito advindo do desenvolvimento das tecnologias de informação, do agorismo
que modificou a forma de viver e encarar as relações sociais e refletiu na relação havida entre
consumidores e fornecedores, remodelando limites de fronteiras nacionais anteriormente existentes
nessa relação, sendo possível, em quadra atual, no desenvolver unívoco da cibercultura, a
contratação de produtos partindo do conforto do lar ao mundo, fazendo do direito um instrumento
que desafia o dever de acompanhar essa dinâmica, de zelar para que haja essa liquidez da
modernidade, e minimize os abusos evidenciados na decorrência de uma relação que, em nosso
ordenamento, vem abarcada pela Política Nacional de Proteção ao Consumidor trazida no início da
década de 1990.

Palavras-chave: Vulnerabilidade – Relação de consumo – Ultramodernidade – Modernidade líquida


– Sistema de proteção ao consumidor
Abstract: This article deals with the vulnerability of the consumer in time of ultramodernity, a concept
derived from the development of information technologies, agorism that modified the way of living and
facing social relations and reflected on the relationship between consumers and suppliers, remodeling
previously national boundaries Existing in this relationship, it being possible, in current times, to
develop a cyberculture univocal, the contracting of products from the comfort of the home to the
world, making law an instrument that challenges the duty to follow this dynamics, to ensure that this
liquidity Modernity, thus brought about by Zygmunt Bauman, to minimize the abuses evidenced as a
result of a relationship that, in our planning, has been encompassed by the National Consumer
Protection Policy brought there in the early 1990s.

Keywords: Vulnerability – Consumer relationship – Ultramodernity – Net Modernity – System of


Protection to the Consumer
Sumário:

1 Introdução - 2.Ultramodernidade ou modernidade líquida: o ser humano e sua vulnerabilidade


perante o mercado - 3 Vulnerabilidade e liberdade como conceitos sociais - 4 Consumidor vulnerável
e a política nacional de relações de consumo - 5 Considerações finais - 6 Referências

1 Introdução

Ao percorrermos fases históricas partindo do início da era moderna, temos as promessas da razão
trazendo a pregação de garantia do futuro como ciclo contínuo do desenvolvimento tecnológico, o
qual, por sinal, traria ao ser humano a busca da felicidade plena.

O avanço dessa tecnologia ultrapassaria barreiras do atraso da era da emoção, da pretensão do


homem na terra como ser superior e central que deixou ao passado a carga do misticismo havido em
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suas meras crenças, do homem que por si próprio se tornou capaz de aumentar a sua expectativa de
vida desafiando os limites desde sua própria criação.

De então, o que se passava fora da razão, iria também contra a evolução da humanidade na terra,
vez que a felicidade, busca inquestionável do homem em sua vida (ou de uma coletividade), estava
atrelada aos recursos tecnológicos e suas promessas ainda por realizar.

Em quadra atual, após mais de trezentos anos em que se bradavam ideias de liberdade, igualdade e
fraternidade como salvação do ser humano, temos uma realidade global de pobreza alarmante,
fomes coletivas, grande concentração de riquezas mundiais, trazendo a reboque um cenário de
separação entre poder e política, traduzida numa relação social que tende tornar o presente um
ponto instantâneo, que faz do futuro algo incerto e imprevisível, naquilo que Bauman chama de
tempo pontilhista, no consumo tornado o objetivo inexorável das relações sociais e que atrai a
própria razão de ser da subjetividade do indivíduo e de sua classe, a ponto de torná-lo um ser
vulnerável e coisificado em que o ter do consumo se faz imprescindível como reconhecimento do ser
perante seus pares em quadra ultramoderna.1

Aquilo que já na década de 1930 o instituto de pesquisa social, conhecido mais popularmente como
Escola de Frankfurt, abordava como sendo a indústria cultural, um fenômeno de consumo
massificado, construído como compensação ao indivíduo pela felicidade perdida com a ética da
abnegação da sociedade burguesa, hoje, com a quebra das barreiras trazidas pela cibercultura, esse
fator interveio nas relações de consumo ainda mais fortemente, a ponto de moldar até mesmo as
relações sentimentais, com espaços de relacionamentos virtuais, casamentos virtuais, ou, na
estética, com a possibilidade de criação virtual de novas fisionomias executadas em hospitais de
cirurgias plásticas auxiliadas por softwares, em exemplo.

A vulnerabilidade como parte da teoria da confiança solidifica um sentido onde quem consome,
confia (ou deveria confiar) nos integrantes de uma relação consumerista, mas essa confiança vem
subsidiada em uma plataforma, muitas vezes, abstratas, em liquidez moldada por pontes de
ciberespaços percorrendo a rede mundial.

Em um campo mais específico, no Brasil, fatores externos e internos moldam nossa realidade social.
Falamos juridicamente em direito do consumidor a partir da década de 1980, já decorrendo daí um
direito fundamental exposto no artigo 5º, XXII, da Constituição Federal, quando então alçamos essa
fonte normativa sob o manto das cláusulas pétreas. E mais, ordenamos tal direito fundamental em
consonância com a ordem econômica.

A livre-iniciativa e a livre concorrência, a prevalência da propriedade privada e sua função social,


necessariamente, devem estar conectas a direitos relacionados à proteção do consumidor, a que
decorreu a Lei 8.078/1990, o nosso Código de Defesa do Consumidor.

Nele, a Política Nacional das Relações de Consumo (PNRC) prevista no artigo 4º do Código, traz
como objetivo a garantia das necessidades dos consumidores (dignidade, saúde, segurança e
proteção, melhoria da qualidade de vida, transparência e harmonia das relações de consumo); vem
ressaltando em seus incisos, primeiramente, a vulnerabilidade do consumidor no mercado de
consumo para, em seguida, atribuir a ações governamentais a proteção dessa vulnerabilidade, não
se confundindo aqui, vulnerabilidade com hipossuficiência, conceitos que caminham separados.

A vulnerabilidade se tornou, pois, inerente à condição de consumidor, seja ela técnica, econômica,
jurídica, seja mesmo psicológica. Para isso, o fundamento da Política Nacional das Relações de
Consumo (PRNC) se pauta, ao menos de maneira formal, na ênfase à educação e na informação de
consumidores e fornecedores como imprescindíveis à conscientização e efetivação das normas de
regulamentação da relação de consumo.

Nesse ponto, a informação é fator crucial para conhecimento dos direitos, uma vez que, sem
informação, não se toma conhecimento dos próprios direitos exigíveis, pelas partes e, assim, para o
amadurecimento das relações no que tange à diminuição dessa vulnerabilidade, faz do direito um fiel
na balança, pois são milhares de relações de consumo, propagadas em tempos de modernidade
líquida, pela rede mundial de computadores, como já consideramos.

Logo, o ponto crucial aqui trabalhado refere-se à vulnerabilidade frente ao conceito de liberdade. Já a
liberdade, a desenvolvemos numa vertente eminentemente social, ligada umbilicalmente ao acesso à
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informação, ao modo de vida e à possibilidade de escolhas.

E o uso dessas escolhas, sim, fruto dessa relação social hoje inserida em mundo onde o poder do
Estado encontra-se mitigado pelos “estados de fluxos” do capital internacional e das corporações.
Estas não adstritas a fronteiras, seja tal quadra histórica denominada “pós-modernidade”,
“ultramodernidade”, “hipermodernidade” ou “modernidade líquida”.

É o homo novus da sociedade pós-moderna, que deve ser protegido em suas diferenças,
reconhecida sua posição desfavorável diante de uma relação de consumo.2

Outro ponto crucial ao tratarmos de vulnerabilidade, em quadra de revolução tecnológica. No Brasil,


país com baixo grau de desenvolvimento humano, o efeito consumismo afeta ainda mais os riscos
em relação às informações, às escolhas anteriormente referidas e, pois, à própria vulnerabilidade.
Conforme afirma Paulo Valério Dal Pai Moraes:

O princípio da vulnerabilidade representa a peça fundamental no mosaico jurídico que denominamos


Direito do Consumidor. É lícito até dizer que a vulnerabilidade é o ponto de partida de toda a Teoria
Geral dessa nova disciplina jurídica [...]. A compreensão do princípio, assim, é pressuposto para o
correto conhecimento do direito do consumidor e para a aplicação da lei, de qualquer lei, que se
ponha a salvaguardar o consumidor.3

Este trabalho se desenvolve, assim, no conceito de vulnerabilidade para além do viés meramente
jurídico, extrapolando ao social uma questão crucial quando se almeja falar em direito do
consumidor, cientes de que “há na sociedade um grupo determinado de fenômenos que se
distinguem por caracteres definidos daqueles que as outras ciências da natureza estudam” 4.

Trata-se de pesquisa bibliográfica em artigos, revistas e livros, sobretudo autor adotado como
referencial do conceito de modernidade líquida, Zygmunt Bauman, além de estudos bibliográficos
sobre a vulnerabilidade do consumidor, inserido em contexto atual de sociedade consumista em era
de tecnologia de informação. Utilizamos ainda método dedutivo, já que, através da análise da
realidade em quadra histórica ultramoderna (ou outro nome designado conforme ressaltamos), ainda
que sob contexto global, partimos para locais sociais mais específicos de abrangência do fenômeno,
trazendo os contextos social e político existentes na defesa do consumidor, em contrapeso à citada
vulnerabilidade.

O artigo se divide, pois, seguindo-se a esta introdução, o desenvolvimento do conceito de


ultramodernidade, a fim de se trabalhar a realidade mundial entre Estado e Mercado orbitando sobre
as pessoas neste locus, em que adotaremos como referencial teórico Zygmunt Bauman, seguindo-se
de segundo capítulo sobre vulnerabilidade e liberdade, no qual se discute esta como conceito social,
abordando, após, em terceiro capítulo, a parte dogmática trazida pelo Código do Consumidor e sua
Política Nacional das Relações de Consumo. Por fim, a conclusão.

2.Ultramodernidade ou modernidade líquida: o ser humano e sua vulnerabilidade perante o


mercado

Vivemos em tempo em que “o Leviatã de Hobbes, privado de seu braço operante, é reduzido a um
corpo mutilado que chafurda em impotência” 5, em que o poder estatal vem se reduzindo ante um
mercado que não mais se adstringe a fronteiras nacionais.

Assim, para Bauman e Bordoni, “a tragédia do Estado moderno reside em sua incapacidade de
implementar no âmbito global decisões tomadas localmente” 6, e isso se agrava quando essas
tomadas de decisões importantes, ainda que sob grau aparente de democracia, vêm na realidade
amparadas em poderes mantidos por “elites poderosas, holdings, multinacionais, lobbies”7.

Em era da ultramodernidade, ligada ao caráter das tecnologias de informações, as pessoas são


subjetivadas por interfaces pulverizadas em “nuvens” de informações compartilhadas, algoritmizadas
num mundo dinâmico onde o ser humano necessita sempre se atualizar para ser contemporâneo,
mesmo que o contemporâneo seja atualizado por novos produtos que façam do ser um ponto de
consumo novo a ser reconhecido perante seus pares.

Os mercados virtuais não precisam mais do Estado para se propagar, agindo em descompasso com
o poder político, este coordenando fluxos que sequer tem domínio sobre destino final.
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A relação fria de uma compra de um produto virtual, sob dados virtuais, com moeda de trocas virtuais
que precisam apenas de um limite bancário traduzido num código de segurança de um cartão de
crédito, numa vida submetida ao crédito, num fim e meio voltada ao consumo.

Mesmo nessa separação do mundo ultramoderno, entre o poder de mercado e a política do Estado,
“o poder necessita da política para realizar-se, para alcançar as comunidades mais remotas no
planeta, onde possa afirmar seus imperativos econômicos” 8.

Stephen Pfohl9 traz o conceito de ultramodernidade como ainda apegada às contradições modernas,
num sentido forte e mais problemático:

Na maneira como o poder tem mudado, a maneira como as novas tecnologias de comunicação, de
transporte, até de imaginação, começaram a alterar a experiência do corpo, as experiências
psicológicas, assim como, as formas econômicas com as quais fazemos negócios.

No pêndulo entre Estado do bem-estar social e Estado liberdade, a que toda a quadra histórica
moderna veio se alternando, chegamos a um aparente “fim de linha” sem que saibamos quais
certezas serão mantidas num futuro próximo. Segundo Bauman e Bordoni10 o Estado “age para
recuperar a credibilidade, reduzindo a dívida pública e implementando políticas neoliberais,
esquecendo que seu propósito fundamental não é equilibrar o orçamento, mas fornecer meios
adequados ao cidadão”.

Neste espaço encontra-se o indivíduo, inserido num mercado de trabalho que torna seu ideal de ser
cidadão enquanto consumidor em potencial, num ideal de consumo a ser realizado, numa lógica
consumista da qual deve ser protegido. Indivíduos despersonalizados frente a tomadores de
decisões financeiras de conglomerados empresariais que “são imunes à responsabilização objetiva,
estão acima de toda ética que não seja a ética do lucro. Só a esta última prestam contas” 11 ,
comparando-se tais conglomerados anônimos das finanças virtuais aos déspotas absolutistas do
início da fase moderna em relação às suas responsabilidades no mundo de consumo, com detalhe
ao fato de não possuírem fronteiras.

Conforme Juan Ramón Capella, professor catedrático de filosofia do Direito da Universidade de


Barcelona12 :

No passado, o poder estatal capitalista se assentou sobre a base do domínio econômico do capital-
na hegemonia ideológica da burguesia e em estruturas organizativas humanas vertebradas
ideológica e juridicamente: As instituições de funcionários públicos civis e militares. Assistimos agora
à materialização de uma mudança assinalada, antecipadamente, por numerosos autores. Trata-se
da instrumentalização do domínio por meios tecnológicos avançados.

Assim, a sociedade de consumo mantém-se próspera enquanto ela própria:

[...] consegue tornar perpétua a não satisfação de seus membros (e assim, em seus próprios termos,
a infelicidades deles). O método explícito de atingir tal efeito é depreciar e desvalorizar os produtos
de consumo logo depois de terem sido promovidos no universo do desejo dos consumidores13 .

No Brasil, os direitos de proteção ao consumidor indubitavelmente são direitos fundamentais, uma


vertente ligada ao direito privado constitucionalizado. Mas a facticidade deste direito caminha num
ponto onde, passados quase trinta anos de Constituição Federal, ao falarmos em direito de terceira
geração, ligadas inclusive ao conceito coletivo e difuso das relações de consumo, não
implementamos sequer, a contento, direitos de segunda geração, ligadas a direitos sociais. Este
descompasso afeta a estabilidade da base informacional ligada à segurança dos negócios.

Num viés desenvolvimentista, o próprio cumprimento de normas constitucionais depende desse


amadurecimento democrático em seus arranjos institucionais que serão, ao fim, blindagens contra a
vulnerabilidade nas relações de consumo, ao passo que liberdades instrumentais, trazidas por
Amartya Sen14 , proporcionadas a uma sociedade desigual como a brasileira, ocasionariam maior
fiscalização e participação política através do gozo de direitos civis e, por fim, um amadurecimento
institucional refletindo na segurança das relações consumeristas e suas peculiaridades inerentes,
nessa relação entre ordem econômica e proteção da vulnerabilidade do consumidor trazidas
inclusive no Código do Consumidor.

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Ao tratar da prática do neuromarketing nas relações de consumo, Antônio Carlos Efing et al.15
alertam que:

[...] a análise jurídica das práticas mercadológicas ganha relevância no mercado de consumo, ao se
verificar que se tratam de técnicas utilizadas para fomentar a necessidade dos consumidores,
expondo a coletividade a uma série de informações e ofertas de modo massificado.

3 Vulnerabilidade e liberdade como conceitos sociais

A publicidade massificada não escolhe destinatários. O Código de Defesa do Consumidor, ao se


referir aos artigos 5º, XXXII; 170, V e 48 de sua ADCT (LGL\1988\31) logo em seu artigo primeiro,
dita o fato dessas normas de proteção ao consumidor estarem ancoradas no referido diploma
codificado, sob a natureza jurídica de ordem pública e interesse social.

Mas a força cogente dessas normas esbarra por vezes na facticidade. Como trabalhar os conceitos
de informação e educação nas relações de consumo dentro de uma realidade de desenvolvimento
humano como a brasileira?

Tratamos aqui, antes, de seres consumidores, de uma população com direitos sociais em posição de
aplicação jurídica também em nível de garantias fundamentais, mas que, por questões de imposição
de mercado, vive a realidade de contínua degradação de nossas relações socioambientais, já
historicamente devastada por culturas monopolistas voltadas à demanda internacional, de fatores
políticos que pesam infinitamente mais na balança do desenvolvimento exploratório, ao passo que
paradoxalmente nossa Lei maior traz, há décadas, regramento que determina adoção de ações que
abarquem o obrigatório desenvolvimento sustentável, inclusive para as futuras gerações. Nesse
ponto, correlacionamos o consumo sustentável como meta ainda embrionariamente discutida em
nossa sociedade.

Falamos aqui, também, de uma falsa percepção desse mercado “justo e probo” ligado à visão
meramente exploratória das riquezas nacionais de modo descontrolado frente a uma quase
inexistente cultura de desenvolvimento sustentável na ocupação histórica de nossas terras, com
origem em nosso período ainda colonial, ou na ocupação de nossa própria área urbana e, em suma,
de nossos espaços públicos como conceito de espaços democráticos ligados ao bem comum,
afetando o grau de desenvolvimento nessas relações sociais entre consumidores e seus
fornecedores.

Assim descreve Bauman16 em seu conceito de modernidade líquida, ao expor sobre esse efeito,
relata que:

Numa sociedade líquido-moderna, as utopias compartilham a sorte de todos os outros


empreendimentos coletivos que exigem solidariedade e cooperação: são privatizadas e entregues
(terceirizadas) aos interesses e à responsabilidade de indivíduos.

Nesse estudo, já advertia Émile Durkheim, “um sentimento coletivo que irrompe numa assembleia
não exprime simplesmente que havia de comum entre todos os sentimentos individuais. Ele é algo
completamente distinto” 17 . Dessa forma, tratamos como referencial fixo para aprofundamento do
estudo social, a nossa história de passado de exploração na ocupação e desenvolvimento de nossa
sociedade, como formadora de um quadro burocrático, no sentido Weberiano do termo, em que se
reinou até então a não formação do público como pertencente a todos.

No campo da vulnerabilidade consumerista e sua ligação ao conceito de educação informacional, o


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE apontou, no censo 2000/2010, que 18 milhões
de brasileiros com mais de dez anos de idade ainda não sabem escrever ou ler, girando o percentual
da população em torno de 9%.

Se voltarmos olhos para a região Nordeste, esse percentual extrapola os 22,5 % de analfabetos,
dentre as pessoas com mais de dez anos de idade18 , num claro indicativo das dificuldades de
implementação daquilo que mostramos ser ênfase da proteção à vulnerabilidade do consumidor, ou
seja, educação e informação.

Ainda que tais índices venham caindo levemente, ainda temos o alto percentual dos chamados
analfabetos funcionais, considerados aqueles que, em resumo, não são capazes de compreender e
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interpretar os textos que leem, chegando a nada menos que 20,3% da população brasileira19 .

Mas a educação é apenas uma vertente a ser analisada em nosso campo de realidade de triste
estatística. Entre a realidade social de ordem econômica em contrapartida à proteção do consumidor
nas relações de consumo, sob a ótica dos arranjos institucionais brasileiros, segundo Celso Furtado,
20
“O Brasil cresceu muito, mas não se transformou”, pois a crescente industrialização da primeira
metade do século XX, com criação de postos de trabalho não acompanhou o crescimento industrial
tecnológico sobretudo a partir da década de 1970, tornando inchada as grandes cidades, com uma
massa crescente de desempregos, subempregos e marginalidade e não se pode admitir, segundo
Furtado, que um país possa se urbanizar tão rapidamente criando-se generalidade de subemprego
urbano, sem que haja uma inserção social plena.

Após um período de pouca liberdade política, vem a Constituição Federal em 1988, promulgada sob
viés democrático, após um período ditatorial marcado pelo grande endividamento externo e
galopante fluxo inflacionário em ressaca deixando a década de 1980, tachada como “a década
perdida”, fruto da nossa vulnerabilidade à política econômica externa, prejudicada com o choque do
petróleo em 1978 e o aumento das taxas de juros internacionais, a que se seguiu a década de 1990,
ou, a “década das reformas (incompletas)”, com estabilização inflacionária após o ano de 1994,
aumentando o crescimento do produto interno bruto para média de 4% no quadriênio 1994-1997,
vindo a cair para 0,5% ao ano, no biênio 1998-1999, prejudicada pelas crises asiática de 1997 e
russa de 199821 .

Com a chegada do século XXI, em tempos de estabilidade econômica e aparente amadurecimento


democrático, vivemos tempos favoráveis em cenários econômicos externos e crescimento interno do
setor de serviços, favorecendo a redução de desempregos, fornecimento de créditos aos setores de
construção civil, com a estabilidade da moeda aumentando poder de compra e adoção de políticas
sociais de redução de desigualdades sendo institucionalizadas.

Em paralelo a esse novo arranjo institucional vivido em ambiente democrático, deparamo-nos com as
já aparentemente costumeiras enxurradas de crises políticas escancarando uma endemia histórica
brasileira de insegurança de base informacional nas relações, sobretudo consumeristas.

4 Consumidor vulnerável e a política nacional de relações de consumo

Ao tratarmos de vulnerabilidade, seja ela jurídica, técnica, seja de outra vertente, relacionamos ao
trato com a publicidade, efeito pujante numa sociedade consumista, afetando assim a própria
liberdade de escolha, fatores que devem ser sopesados ao se tratar de política de relações de
consumo.

Conforme artigo 4º, III, da Lei 8.078/199022 , um dos princípios da Política Nacional de Relações de
Consumo, deve-se buscar a harmonização entre interesses dos que participam das relações de
consumo e da proteção com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, a ponto
de se fazer viável harmonizar princípios do SNPC, com a ordem econômica do artigo 170 da
Constituição, falando-se em devido equilíbrio e boa-fé das relações entre consumidores e
fornecedores.

Mas ocorre que a proteção do consumidor, enquanto direito fundamental orbitando na


constitucionalização do direito privado, protegido pela imutabilidade pétrea, carrega um caminho
unificado com a política da ordem econômica também prevista na Constituição Federal. Elas devem
caminhar de modo harmônico, como nos ensina Roberto Augusto Castellanos Pfeiffer.23 Segundo
ele, essa harmonização é imposição da própria Constituição Federal, sendo a o direito à informação
24
uma regra apta a compensar a vulnerabilidade.

Dentro da própria relação entre consumismo, neuromarketing, tem-se, ainda, os riscos traduzidos na
própria “vulnerabilidade psicológica, como sendo aquela que manifestada em sociedade de
consumo, ante número excessivo de informações expostas ao consumidor, aptas a provocar
estímulos errôneos, sobretudo aos hipervulneráveis”25 .

Essa vulnerabilidade fica mais evidente se analisarmos recente pesquisa divulgada em 22.08.2017,
pelo Serviço de Proteção ao Crédito no Brasil, constatando, pelo terceiro ano seguido, que o
desemprego é a principal causa de inadimplência e, quatro a cada dez inadimplentes não sabem
sequer quanto devem. Dos consumidores em dívidas em atraso, 25% culpam o desemprego26 .
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Assim, uma visão reducionista, baseada apenas na dicotomia winners ou loosers, deixaríamos à
margem o fato de que um quarto dos inadimplentes, independentemente de sua vontade, deixa de
honrar seus créditos em razão de uma questão eminentemente econômica, alheia totalmente ao
próprio consumidor, sem se incluir, nestes fatores, toda a causa devastadora para o indivíduo
quando se trata de desemprego, num ambiente onde a precificação do indivíduo encontra-se
inerente à sua própria condição social.

Aliados à cibercultura, o consumismo se percebe como condição de sobrevivência do próprio


mercado. As novidades, as mudanças das certezas construídas desmoronam constantemente frente
a promessas da razão de uma história linear, rumo ao bem-estar garantido pelos avanços
tecnológicos. Em sentido contrário, encontramos o fenômeno do superendividamento, decorrente da
complexidade das relações líquidas, digitalizadas, mantidas em contratos de adesão e grande oferta
de crédito, sendo a impossibilidade “global do devedor, pessoa física, consumidor, leigo, e de boa-fé,
pagar todas as suas atuais e futuras de consumo” 27 .

Para execução dessa política nacional de proteção ao consumidor, vem o artigo 5º do Código expor
que o poder público conta com instrumentos programáticos trazidos pelo diploma normativo, como
manutenção de assistência jurídica gratuita e integral, criação de delegacias de polícias
especializadas, juizados especiais e promotorias de justiça, bem como estímulos à criação e
desenvolvimento das associações de defesa do consumidor.

Vivemos em era de contratos de adesão, que mitigam a liberdade de contratar, das cláusulas
pré-estabelecidas e jamais discutidas, do aceite transformado num “click” de aceitação dos termos e
condições gerais, quase nunca lidos, ocasionando mitigação da autonomia das partes,
justificando-se, pois, a intervenção estatal contra o cenário de desigualdade e prejuízo de confiança
na relação28 .

A própria internet é usada como política pública oficial, a exemplo do sítio na internet consumidor.gov
,este um serviço público que tem como missão permitir que consumidores e empresas se
inter-relacionem de forma direta solucionando conflitos pela própria internet. Trata-se de um sistema
monitorado pela Secretaria Nacional do Consumidor, monitorado pela Secretaria nacional do
Consumidor, o Ministério da Justiça, Procons, Defensorias, Ministérios Públicos e, ainda pela
sociedade em geral, onde 80% das reclamações registradas no sítio eletrônico são solucionadas
pela empresa, que respondem as demandas num prazo de sete dias29 .

No próprio Código de Defesa do Consumidor, dissemina-se o vínculo com a boa-fé e princípio da


confiança30 , quando, por exemplo, no artigo 30 se obriga o fornecedor à publicidade veiculada sobre
o produto ofertado. Nos dizeres de Cláudia Maria Marques, em artigo tratando dos diálogos das
fontes31 :

[...] o CDC (LGL\1990\40) expandiu a noção de oferta, para nela incluir toda a informação
suficientemente precisa e mesmo a publicidade ou atos de marketing (art. 30) e determinou que
estes atos negociais prévios fossem não só vinculantes, mas que integrassem o contrato que vier a
ser celebrado.

5 Considerações finais

Em pouco menos de 30 anos de Constituição, caminhamos ao implemento das normas


constitucionais ligadas à proteção ao consumidor na medida do amadurecimento democrático das
instituições, nesse direito de terceira geração alçado à direito fundamental, onde a relação de
consumo e sua solidez depende de rearranjos institucionais que tornem viável a facticidade dessas
normas existentes desde a década de noventa.

Por certo que as tecnologias de informações são aptas a trazer avanços ao homem em seu conceito
de bem-estar, tornando-se, assim, um instrumento tanto de desenvolvimento de atendimento a
consumidores na resolução consensual de conflitos através da própria internet, como demonstramos
sítio eletrônico, ou, noutra via, vindo a fomentar a relação de consumismo, em que o consumo
trazido como falsa necessidade reproduz um mercado de costumes perenes, onde a ausência dos
contratantes de diferentes locais do mundo se concretiza mesmo que ignorando sequer qual direito
aplicável àquela transação.

Ante o exposto, a vulnerabilidade demonstra uma forte vertente social, assim como a própria
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liberdade desse modo o demonstra, colocando-se, pois, indivíduos num patamar de discussão sobre
a exigibilidade dos próprios direitos. Sob uma vertente, o grau de vulnerabilidade relaciona-se ao
grau de informação e educação da sociedade diante dessas transações relacionais. O Direito, pois,
fiel na balança desse grau de consciência das normas disponíveis frente à desigualdade técnica,
jurídica, psicológica ou econômica, entre fornecedor e consumidor.

Noutra, em era de ultramodernidade, a vulnerabilidade se expande na medida em que o mercado se


sustenta estimulando o supérfluo das aquisições fluidas contemporâneas, onde consumidor se
tornou um ser em interação com a sociedade de consumismo, com seus riscos, onde estar perto
fisicamente não significa proximidade do outro, mesmo tempo em que estar longe pode virtualmente
significar estar perto e dessas relações líquidas dependa a aquisição de novas funcionalidades
tecnológicas a serem almejadas e tidas como imprescindíveis de serem adquiridas pelo ser se tornar
um ser na sociedade.

E o nosso diploma normativo consumerista, apesar de regrar dispositivos sobre a política nacional de
defesa do consumidor e seu meio de execução, ante os dados demonstrados, gozará de maior
facticidade na medida em que essa vulnerabilidade esteja em nível aquém do grau de gozo de
liberdade do indivíduo e de seu grau de informação fruto de melhora no desenvolvimento humano
brasileiro.

6 Referências

BAUMAN, Zygmunt; BORDONI, Carlo. Estado de crise. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Zahar,
2016.

BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Trad. Carlos
Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Lei 8.078/90. Disponível em:


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1 Ver: PFOHL, Stefen. O social e o tecnológico: questões da ultramodernidade: entrevista sobre


pós-modernidade. Revista Famecos, Porto Alegre, n. 25, dez. 2004. Disponível em:
[http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/3285]. Acesso em:
18.08.2017.

2 Ver: MARQUES, Claudia Lima. A proteção dos consumidores em um mundo globalizado: studium
generale sobre o consumidor como homo novus. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, v.
85, p. 25-62, jan.-fev. 2013.

3 MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Código de defesa do consumidor: o princípio da vulnerabilidade
no contrato, na publicidade, nas demais práticas comerciais. Porto Alegre: Síntese, 1999. p. 10.

4 DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. Trad. Paulo Neves. 3. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2007. (Coleção Tópicos). p. 2.

5 BAUMAN, Zygmunt; BORDONI, Carlo. Estado de crise. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro:
Zahar, 2016. p. 42.

6 Idem.

7 Idem.

8 Ibidem, p. 48.

9 PFOHL, Stefen. O social e o tecnológico: questões da ultramodernidade: entrevista sobre


pós-modernidade. Revista FAMECOS, Porto Alegre, n. 25, dez. 2004. p. 60. Disponível em:
[http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/3285]. Acesso em:
18.08.2017.
Página 9
A vulnerabilidade do consumidor em era de
ultramodernidade

10 BAUMAN, Zygmunt; BORDONI, Carlo. Op. cit., p. 139.

11 Ibidem, p. 141.

12 CAPELLA, Juan Ramón. Os cidadãos servos. Trad. Lédio Rosa de Andrade e Têmis Correia
Soares. Porto Alegre: Ed. Sérgio Antonio Fabris, 1998. p. 107.

13 BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Trad.
Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. p. 64.

14 Ver: SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo:
Companhia das Letras, 2010.

15 EFING, Antônio Carlos, et al. Os deveres anexos da boa-fé e a prática do neuromarketing nas
relações de consumo: análise jurídica embasada em direitos fundamentais. Revista Opinião Jurídica,
Fortaleza, ano 11, n. 15, jan.-dez. 2013. p. 40.

16 BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Trad.
Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. p. 64.

17 DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. Trad. Paulo Neves. 3. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2007. (Coleção Tópicos). p. 9.

18 Dado divulgado no sítio eletrônico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.


Disponível em: [http://7a12.ibge.gov.br/vamos-conhecer-o-brasil/nosso-povo/educacao.html]. Acesso
em: 29.06.2016.

19 Dados disponíveis em:


[http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?t=taxa-analfabetismo&vcodigo=PD384]. Acesso em:
15.02.2017.

20 BONELI, Regis. Política econômica e mudança estrutural no século XX: uma visão de longo prazo
no nível de atividade no Brasil (1900-2000). In: Estatísticas do Século XX.Rio de Janeiro: IBGE,
2006. p. 12. Disponível em: [http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv37312.pdf]. Acesso em:
27.07.2017.

21 Idem.

22 BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Lei 8.078/1990. Disponível em:


[www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm]. Acesso em: 21.09.2017.

23 VER: PFEIFFER, Roberto Augusto Castellanos. Direito da concorrência e bem-estar do


consumidor. 2010. 295 f. Tese (Doutorado em Direito) – Universidade de São Paulo, São Paulo,
2010.

24 “O direito de informação encontra-se fundado na boa-fé, implicando em contrapartida, o dever de


informação da outra parte.” (LISBOA, Roberto Senise. Contratos difusos e coletivos. São Paulo: Ed.
RT, 2000.)

25 Ver: BAGGIO, Andreza Cristina. Sociedade de consumo e o direito do consumidor construído a


partir da teoria da confiança. 2010. 213 f. Tese (Doutorado em Direito) – Pontifícia Universidade
Católica do Paraná, Curitiba, 2010.

26 Ver: SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO – SPC. Pelo terceiro ano seguido, desemprego é a
principal causa da inadimplência, mostra levantamento do SPC Brasil e CNDL.22.08.2017.
Disponível em: [www.spcbrasil.org.br/pesquisas/pesquisa/3453]. Acesso em: 22.09.2017.

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A vulnerabilidade do consumidor em era de
ultramodernidade

27 MARQUES, Claudia Lima. Sugestões para uma lei sobre o tratamento do superendividamento de
pessoas físicas em contratos de crédito ao consumo: proposições com base em pesquisa empírica
de 100 casos no Rio Grande do Sul. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, v. 55, jul.-set.
2005. p. 13.

28 Ver: MIRAGEM, Bruno. O novo modelo de direito privado e os contratos: entre interesses
individuais, sociais e direitos fundamentais. In: MARQUES, Cláudia Lima (Coord.). A nova crise do
contrato: estudos sobre a nova teoria contratual. São Paulo: Ed. RT, 2007. p. 72.

29 Ver: [www.consumidor.gov.br/pages/conteudo/sobre-servico].

30 “O êxito no alcance dos objetivos propostos na via contratual depende da confiança centrada no
esboço das obrigações, que serão cumpridas reciprocamente pelas partes, dentro do padrão mínimo
regulado pela lei.” (ROSA, Josimar Santos. Relações de consumo: a defesa dos interesses de
consumidores e fornecedores. São Paulo: Atlas, 1995.)

31 MARQUES, Cláudia Lima. Superação das antinomias pelo diálogo das fontes: o modelo brasileiro
de coexistência entre o Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil de 2002. Revista da
Esmese, n. 7, 2004. p. 49. Disponível em:
[https://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/22388/superacao_antinomias_dialogo_fontes.pdf]. Acesso
em: 23.09.2017.

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