Você está na página 1de 6

Universidade de Brasília – Programa de Pós-graduação em Ciência Política

TAP – Teoria e Análise Política (Democracia e Sociedade)


2022.1
Profs. Pablo Holmes (pabloholmes@unb.br) e Thiago Trindade (thtrindade@unb.br)
Turma: terças-feiras – 8 às 11:50h.

PROGRAMA DE CURSO

Objetivo
O curso visa apresentar alguns dos debates mais relevantes da teoria política contemporânea. Os
temas centrais abordados se concentrarão na teoria da democracia e seus problemas
contemporâneos, sua relação com o constitucionalismo, a tensão entre representação e
democracia, os ataques populistas à democracia, a teoria do Estado e sua seletividade, a
dominação social, as dinâmicas de participação política e da interação entre sociedade civil e
Estado. Dentro desses eixos temáticos serão abordadas diferentes perspectivas teóricas, tais
quais perspectivas liberais, pluralistas, marxistas e neomarxistas, feministas e pós-coloniais. O
curso se propõe, assim, a oferecer ao público uma visão abrangente e crítica de algumas das
temáticas mais disputadas e discutidas na ciência política atual.

METODOLOGIA

- O curso será organizado em seções com dois momentos. Primeiramente, haverá um seminário
e, depois de uma pausa, haverá uma exposição do professor sobre o tema

- Nos seminários, alguém apresentará um texto escolhido, em até 30 minutos, ao que se seguirá
um debate mediado pelo professor. Depois do seminário, haverá aula debate e, em alguns casos,
aula expositiva.

- Os seminários serão avaliados pelo professor e comporão parte da avaliação.

- Os textos serão curtos. E não serão tão numerosos. Espera-se que sejam lidos

Cronograma e leituras obrigatórias/complementares

O cronograma poderá sofrer alterações ao longo do semestre.

07/06 Apresentação da Disciplina e do programa de curso

14/06 Modernidade política e transformação democrática

Claude Lefort. The question of democracy. In: Idem, Democracy and Political Theory.
Cambridge- Malden: Polity Press, 1988, pp. 9-20.
Reinhardt Koselleck. Critique and Crisis: Enlightenment and the Pathogenesis of
Modern Society, Cambridge: MIT Press, 1988. Capítulo 9, pp. 127-138

Complementar
SKINNER, Quentin. Hobbes on representation. European Journal of Philosophy, v.
13, n. 2, p. 155-184, 2005.
ROSANVALLON, Pierre. Democratic universalism as a historical problem.
Constellations, v. 16, n. 4, p. 539-549, 2009b.
21/06 Soberania Popular e Constituição: A forma moderna da democracia

Andreas Kalivas. Popular Sovereignty, Democracy, and the Constituent Power.


Constellations, 12(2), p. 223-244, 2005.
Hans Lindahl. Constituent Power and Reflexive Identity: Towards an Ontology of
Collective Selfhood. In: LOUGHLIN, Martin; WALKER, Neil. The Paradox of
Constitutionalism: Constituent power and Constitutional Form. Oxford: Oxford
University Press, 2008.

Complementar
BRUNKHORST, Hauke. Solidarity, Chapter 3. Boston, MIT Press, 2005.
MÜLLER, Friedrich Müller.Quem é o povo? A questão fundamental da democracia.
São Paulo, Max Limonad, 2000.
NEVES, Marcelo.Entre Têmis e Leviatã: uma relação difícil. Capítulo III e IV. São
Paulo: Martins Fontes, 2006.
SOMEK, Alexander.The constituent power in transnational context. Disponível em:
https://www.wzb.eu/sites/default/files/u32/somek_constituent_power_in_a_transnation
al_context.pdf

28/06 A Representação política na democracia e seus problemas

Mónica Brito Vieira & David Runciman. Representation. Cambridge – Malden: Polity
Press, 2008, Part 1 (Capítulos 1 e 2).
Nadia Urbinatti. Me the People: How populism transforms democracy. Cambridge:
Harvard University Press, 2019, pp. 1-39 (Introduction).

Complementar

SCHLOSBERG, David. The pluralist imagination. In: DRYZEK, J.; HONIG,B.;


PHILLIPS, A. (Ed.). The Oxford Handbook of Political Theory. NewYork: Oxford
University, 2008, p. 142-160.
MOUFFE, Chantal. Por um modelo agonístico de democracia. Revista de Sociologia e
Política, Curitiba, v. 25, p. 11-23, nov. 2005.
VIEIRA, M. B.; RUNCIMAN, D. Representation. Cambridge: Polity, 2008, p. 29-61.
MÜLLER, Jan-Werner Müller. What is populism? Philadelphia: Pennsylvania Press, 2016.
Capítulo 1 e conclusão.
ALMEIDA, Debora R. “A participação política possível: a dualidade Estado/sociedade
na teoria política contemporânea”. Representação além das eleições: repensando as
fronteiras entre Estado e sociedade. Jundiaí: Paco Editorial, 2015. (Capítulo 2)
DAHL, Robert. Dilemmas of pluralist democracy: autonomyvs. control. Yale: Yale
University, 1982.
GUNNELL, John G. The Genealogy of American Pluralism: From Madison to
Behavioralism.International Political Science Review, v. 17, n. 3, p. 253–65, 1996.
HAYWARD, Clarissa. R. Making interest: on representation and democratic
legitimacy. In: SHAPIRO, I.; et al (Ed.). Political representation. Cambridge,CAM:
Cambridge University, 2009, p. 111-135.
HOWARTH, David R. Ethos, agonism and populism. Political Studies Association, v.
10, p. 171-193, 2008.
LACLAU, Ernesto; MOUFFE, Chantal. Hegemony and socialist strategy: towards
aradical democratic politics. London: Verso, 1985.
LASKI, Harold. The pluralistic state. Philosophical Review, v. 28, n. 6, p. 562-575,
1919.

05/07 O Estado contemporâneo e seus problemas.

Bob Jessop. The State: Past, Present, Future. Cambridge-Malden: Polity Press, 2016,
pp. 53-91 (Chapter 3).
Wolfgang Streeck. The study of organized interests: before “The Century” and after.
In: CROUCH, Colin & STREECK, Wolfgang. The Diversity of Democracy:
Corporatism, Social Order and Political Conflict. Cheltenham-Norhampton: Edward
Elgar, 2006, pp. 46-70.

Complementar

ABERS, Rebecca; KECK, Margaret. Practical Authority. Oxford, 2013. Chapter 2.


EVANS, Peter B; RUESCHEMEYER, Dietrich; SKOCPOL, Theda (Orgs). Bringing the
State Back In. Cambridge, Cambridge University, 1985.
MANN, Michael. Infrastructural Power Revisited. Studies in Comparative International
Development, v. 43, p. 355-365.
WARREN, Mark. Democracy and the State. In: In: DRYZEK, J.; HONIG,B.; PHILLIPS,
A. (Ed.). The Oxford Handbook of Political Theory. NewYork: Oxford University, 2008,
p. 382-399.
OFFE, Claus. “Dominação de classe e sistema político: sobre a seletividade das
instituições políticas”. Problemas estruturais do Estado capitalista. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 1984 [1972] (pp. 140-77).
EVANS, Peter. Embedded Autonomy. Princeton: Princeton University Press, 1995.
Capítulos 1 e 3.

12/07 O estado moderno em uma sociedade mundial assimétrica: a crítica pós-


colonial.

Partha Chatterjee. The Politics of the Governed: Reflections on Popular Politics in


Most of the World. Chapter 1,2 and 3.New York:Columbia University, 2004.
he Third World (Chapters 2 and 3). Princeton: Princeton University, 1995.

Pablo Holmes. A sociedade civil contra a população: uma teoria crítica do


constitucionalismo de 1988. Direito & Praxis,13(1), 2022, pp. 279-311.

Complementar

SOUZA SANTOS, Boaventura de. Para além do pensamento Abissal, in: Novos
Estudos CEBRAP, 79, 2007, pp. 71-94.
CESAIRE, Aimé.Discurso sobre o colonialism. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1978.
BOATCA, Manuela. Uneasy Postcolonialisms. Easing the Way into a Non-Topic.
Worlds and Knowledges Otherwise, Vol 3 (3), 2013. Acessível em:
https://globalstudies.trinity.duke.edu/volume-3-dossier-3-uneasy-postcolonialisms.
MBEMBE, Achille. What is postcolonial thinking? An interview with Achille Mbembe.
Eurozine.
CHATTERJEE,Partha.The Nation and its fragments. Colonial and postcolonial
histories. Princeton: Princenton University Press, 1993.
THAROOR, Shashi. The Messy Afterlife of Colonialism. Global Governance, v. 8, n.
1, p. 1-5, January-March 2002.

19/07 Seletividade estrutural do Estado capitalista

OFFE, Claus. Dominação de classe e sistema político. Sobre a seletividade das


instituições políticas. In: Claus Offe. Problemas estruturais do Estado capitalista. Rio
de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
POULANTZAS, Nicos. O Estado, o poder, o socialismo. São Paulo: Paz e Terra,
1981. Introdução e capítulo 1.

Complementar:
BORCHET, Jens; LESSENICH, Stephan. Claus Offe and the critical theory of the
capitalist State. New York: Routledge, 2016. Caps. 1, 2 e 5.
MARX, Karl. O 18 de brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Boitempo, 2011.
MIGUEL, Luis Felipe. Dominação e resistência. São Paulo: Boitempo, 2018. Cap. 2.
Alternativa: MIGUEL, Luis Felipe. Mecanismos de exclusão política e os limites da
democracia liberal: uma conversa com Poulantzas, Offe e Bourdieu. Novos Estudos,
n. 98, p. 145-161, 2014.
PERISSINOTTO, Renato; CODATO, Adriano. Marx e seu legado para a teoria
contemporânea do Estado capitalista. Revista Brasileira de Informação Bibliográfica
em Ciências Sociais (BIB), n. 70, p. 31-50, 2010.
TRINDADE, Thiago Aparecido; BUGIATO, Caio Martins. A interação entre
movimentos sociais e sistema estatal: um debate a partir das perspectivas de Claus
Offe e Nicos Pulzantzas. Sociedade e Estado, v. 35, n. 2, p. 411-440, 2020.

26/07 Elitismo democrático

SCHUMPETER, Joseph. Capitalismo, socialismo e democracia. São Paulo: Editora


Unesp, 2017. Caps. 21 e 22.
PATEMAN, Carole. Participação e teoria democrática. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1992. Capítulo 1.

Complementar:

GURZA LAVALLE, Adrian. Participação, (des)igualdade política e democracia.


In: MIGUEL, Luis Felipe. Desigualdades e democracia: o debate da teoria
política. São Paulo: Editora Unesp, p. 171-202, 2016.
HUNTINGTON, Samuel. "The United States", in M. J. Crozier, S. P. Huntington e J.
Watanuki (orgs.), The Crisis of Democracy: Report on the Governability of
Democracies to the Trilateral Comission New York, New York University Press, 1975.
MIGUEL, Luis Felipe. A Democracia Domesticada: Bases Antidemocráticas do
pensamento Democrático Contemporâneo. Dados - Revista de Ciências Sociais, Rio
de Janeiro, Vol. 45, nº3, p. 483 a 511, 2002.
MILLS, C. Wright. A elite do poder. Rio de Janeiro: Zahar, 1981, p. 319-349. Capítulo
XII (A elite do poder).
02/08 Conversa sobre trabalhos

09/08 Conversa sobre os trabalhos


16/08 Políticas de neoliberalização e crise da democracia

BROWN, Wendy. Nas ruínas do neoliberalismo. a ascensão da política


antidemocrática no ocidente. São Paulo: Editora Filosófica Politeia, 2019. Introdução,
caps. 1 e 2.
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. Never-ending nightmare: the neoliberal assault
on democracy. London: Verso, 2019.

Complementar:
ANDRADE, Daniel Pereira. Neoliberalismo: Crise econômica, crise de
representatividade democrática e reforço de governamentalidade. Novos Estudos, v.
38, n. 1, p. 109-135, 2019.
BALLESTRIN, Luciana. O debate pós-democrático no Século XXI. Revista
SulAmericana de Ciência Política, v. 4, p. 149-164, 2018.
BIROLI, Flávia; MACHADO, Maria das Dores; VAGGIONE, Juan Marco (orgs.)
Gênero, neoconservadorismo e democracia. São Paulo: Boitempo, 2020.
COOPER, Melinda. Family Values: Between Neoliberalism and the New Social
Conservatism. New York: Zone Books, 2019.
GAGO, Veronica. A razão neoliberal: economias barrocas e pragmática popular. São
Paulo: Editora Elefante, 2018.
SILVA, Janaína Lima Penalva da; TAVARES, Francisco Mata Machado.
Neoliberalismo como Autoritarismo no Brasil Contemporâneo: declínio democrático e
perecimento constitucional em nome do mercado, da ordem e da família. Boletim
Goiano de Geografia, v. 41, n. 1, 2021.
SPRINGER, Simon. Neoliberalism and geography: expansions, variegations,
formations. Geography Compass, v. 4, n. 8, p. 1025-1038, 2010.

23/08 Participação, ativismo e construção da democracia

PATEMAN, Carole. Participação e teoria democrática. Rio de Janeiro: Paz e Terra,


1992. Capítulos 2 e 3
RIOS, Flávia. O protesto negro no Brasil contemporâneo (1978-2010). Lua Nova, n.
85, p. 41-79, 2012.
YOUNG, Iris M. Desafios ativistas à democracia deliberativa. Revista Brasileira de
Ciência Política, n. 13, abril de 2014, pp. 187-212.

Complementar:
ARAÚJO, Clara. Cidadania democrática e inserção política das mulheres. Revista
Brasileira de Ciência Política, n. 9, p. 147-198, 2012.
DAGNINO, Evelina. Construção democrática, neoliberalismo e participação: os
dilemas da confluência perversa. Política & Sociedade, n. 5, p. 139-164, 2004.
ELLEY, Geoff. Forjando a democracia. São Paulo: Boitempo, 2005. Introdução e
Capítulo 1.
PEREIRA, Marcus Abílio. Movimentos sociais e democracia: a tensão necessária.
Opinião Pública, v. 18, n. 1, pp. 68-87, 2012.
TAVARES, Francisco Mata Machado. Em busca da deliberação: mecanismos de
inserção das vozes subalternas no espaço público. Revista Brasileira de Ciência
Política, n. 9, p. 39-70, 2012.

30/08 Segregação urbana e dominação

MARQUES, Eduardo. Elementos conceituais da segregação urbana e da ação do


Estado. In: Marques, Eduardo e Torres, Haroldo. (org.) São Paulo: segregação,
pobreza urbana e desigualdade social. São Paulo: Ed. Senac, 2005.
VILLAÇA, Flávio. São Paulo: segregação urbana e desigualdade. Estudos
Avançados, v. 25, n. 71, p. 37-58, 2011.

Complementar:
FALÚ, Ana. “El derecho de las mujeres a la ciudad: espacios públicos sin
discriminaciones y violências”. Revista vivenda y ciudad. 1, p. 10-28, 2014.
JOUFFE, Yves. "Contra o direito à cidade acessível. Perversidade de uma
reivindicação consensual" in A. Sugranyes, & C. Mathivet (org.), Cidades para todos:
Propostas e experiências pelo direito à cidade. Santiago: Habitat International
Coalition, 2010.
LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, [1968] 2001.
MATHIVET, Charlotte. “Highs and Lows of the Right to the City”. In: MATHIVET,
Charlotte (Org.). Unveiling the Right to the City: representations, uses and
instrumentalization of the Right to the City. Paris: Ritimo, 2016.
MILLINGTON, Gareth. Race, culture and the right to the city: centres, peripheries ans
margins. Hampshire: Palgrave Macmillan, 2011.
OLIVEIRA, Reinaldo José. “A segregação racial e o pensamento urbanístico no
Brasil”. Políticas Públicas e Cidades, 9, 1, p. 26-39, 2020.

06/09 Avaliação do curso e discussão sobre o trabalho final


13/09 Redação do trabalho final
20/09 Entrega do trabalho final

Avaliação

A avaliação do curso será composta por:

1. Participação em sala de aula – Apresentação dos seminários (20%), participação


nos debates e assiduidade (até 10%).

2. Trabalho final (Total de 70%)


Em formato de artigo científico, com limite entre 4000 e 6000 palavras (entre 15 e 20 páginas).
Utilizar explicitamente perspectivas e conceitos de ao menos três autores/as da literatura
obrigatória trabalhados/as na disciplina.

Aprender 3

A disciplina usará a plataforma aprender 3, da UnB, onde poderão ser encontrados os textos e
deverão ser entregues as atividades propostas.

Você também pode gostar