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Prólogo

Paulo: Um homem importante para a igreja de Cristo


Paulo não foi o fundador do cristianismo, o fundador foi Jesus. Paulo restaurou a igreja e ampliou a mensagem de Cristo
para os povos pagãos, conforme vontade de Deus.
Paulo: Não foi obra de Cristo, foi instrumento para a obra de Cristo.
Paulo não está no centro da igreja, mas sim Cristo. A vida de Paulo é exemplo para nós cristãos, mas viveu sua vida para
que a vida de Jesus fosse considerada e não a sua.
Paulo: Anunciador da Ressurreição, porque de fato viu a Ressurreição.
Sua conversão não foi fruto de reflexão, de algo interno. Sua conversão foi fato externo, Jesus se mostrou a ele.
Paulo: Missão para mudar a Igreja
Paulo teve a missão de abrir as portas da igreja para todos os povos, e levar a mensagem de Deus até os confins da terra.
Isso para terminar com toda e qualquer diferença entre os povos.

Teologia de Paulo

Cristo Ressuscitado - Se Cristo não ressuscitou, vazia é nossa pregação, vazia também vossa fé (1 Cor 15, 14.17).
Neste acontecimento, de fato, está a solução do problema que supõe o drama da Cruz. Por si só, a Cruz não poderia
explicar a fé cristã; ao contrário, seria uma tragédia, sinal do absurdo do ser. O mistério pascal consiste no fato de que esse
Crucificado «ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras» (1 Cor 15, 4).

Somos chamados a participar em todo o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo


Morremos com Cristo e cremos que viveremos com ele, sabendo que Cristo ressuscitado dentre os mortos já não morre
mais; a morte já não tem domínio sobre ele» (cf. Rm 6, 8-9).

Isso se traduz num compartilhar os sofrimentos de Cristo, como prelúdio a essa configuração plena com Ele mediante a
ressurreição, que contemplamos com esperança. É o que aconteceu também com São Paulo, cuja experiência está descrita
nas Cartas com tons tão precisos como realistas: «E conhecê-lo, conhecer o poder de sua ressurreição e a comunhão de
seus padecimentos até fazer-me semelhante a ele em sua morte, procurando chegar à ressurreição dentre os mortos» (Fl 3,
10-11; cf 2 Tm 2, 8-12). A Cruz é a realidade da vida cristã. Viver na fé em Jesus Cristo, viver a verdade e o amor implica
renúncias todos os dias, implica sofrimentos. O cristianismo não é o caminho da comodidade, é mais uma escalada
exigente, mas iluminada pela luz de Cristo e pela grande esperança que nasce d’Ele. Santo Agostinho diz: os cristãos não
são poupados do sofrimento. Experimentando o sofrimento, conhecemos a vida em sua profundidade, em sua beleza, na
grande esperança suscitada por Cristo crucificado e ressuscitado.

Centralidade em Cristo - Jesus Cristo ressuscitado, ‘exaltado sobre todo nome’, está no centro de todas as suas
reflexões.
Cristo é para o Apóstolo o critério de valor dos acontecimentos e das coisas, o fim de todo esforço que ele faz para
anunciar o Evangelho, a grande paixão que sustenta seus passos pelos caminhos do mundo».
Em cristo fomos justificados.
Cristo é o início da vida nova, rompe com as tradições e é o centro da Igreja e da fé. É a nova e eterna aliança.

Humildade de Cristo – Deus não está para mim, eu estou para Deus.
A realização do plano divino da salvação contrasta «com a pretensão de Adão, que queria tornar-se Deus, e contrasta
também com o gesto dos construtores da torre de Babel, que queriam edificar por si só a ponte até o céu e tornar-se eles
mesmos divindade.»
«Esta iniciativa da soberba acabou em autodestruição: assim não se chega ao céu, à verdadeira felicidade, a Deus. O gesto
do Filho de Deus é exatamente o contrário: não a soberba, mas a humildade, que é a realização do amor, e o amor é
divino.»
Esta humildade de Cristo, «com a qual contrasta a soberba humana, «é realmente expressão do amor divino; a ela segue
essa elevação ao céu à qual Deus nos atrai com seu amor».
Precisamente, Cristo convida os homens a «participarem de uma humildade, ou seja, do seu amor ao próximo, para serem
assim partícipes de sua glorificação, convertendo-nos com Ele em filhos no Filho»

A transformação da Igreja

Missão de Paulo:
Jesus lhe havia confiado uma missão especial, a de levar o Evangelho aos pagãos.
Era um projeto impensável para os judeus da época. E também para os apóstolos. Consideravam que Jesus veio para o
povo de Israel, enquanto Paulo queria pregar aos pagãos.
Os pagãos, para serem seguidores de Cristo não deviam submeter-se a todas as disposições da lei mosaica.

Dificuldades de Paulo
Os cristãos o viam com desconfiança, recordando a obstinação com a qual haviam sido perseguidos por ele, e os judeus o
consideravam um traidor que havia abandonado a religião de seus pais.
Também entre os apóstolos nem todos compartilhavam suas idéias. E ele se aborrecia e os chamava de «falsos irmãos».
Teve discussões inclusive com Pedro que, em um primeiro momento, aderiu às idéias de Paulo, mas depois voltou atrás, e
Paulo o reprovou publicamente.

Anunciar aos pagãos


Quase todos os povos da Antiguidade, à exceção dos judeus, eram pagãos. Também os romanos, os egípcios, os celtas, os
gauleses, os fenícios eram todos povos pagãos.
O paganismo consiste em idolatrar, isto é, em atribuir poderes divinos a outros seres que não o Deus Criador.

Ser gentio está ligado à raça. Gentios são todos os que não são de raça judia.

O povo Judeu é o povo escolhido e a observância da lei de Moisés lhe traria a salvação.

A lei mosaica

Lei Mosaica é composta de todo o código de leis formado por 613 disposições, ordens e proibições. Em hebraico a Lei é
chamada de Torá, que pode significar lei como também instrução ou doutrina. O conteúdo da Torá são os cinco livros de
Moisés, mas o termo Torá é aplicado igualmente ao Antigo Testamento como um todo.
Só a idéia de um Deus terrível poderia impressionar homens ignorantes, nos quais o senso moral e o sentimento de uma
delicada justiça eram ainda pouco desenvolvidos.

A circuncisão
Tem o sentido de um sinal da aliança entre Deus e Abraão e seus descendentes e um rito de inserção no povo eleito. Todos
homens na casa de Abraão receberam em si mesmos este "sinal do pacto" onde entregavam a Deus a sua aliança de carne
(anel prepucial) mostrando a reciprocidade deste ato de fé em seu corpo (levítico). A desconsideração deste requisito era
punível com a morte. A circuncisão torna-se um requisito obrigatório na Lei dada a Moisés. (Levítico 12:2, 3).

As Leis Judáicas e Jesus


Jo 4, 4-26
Jesus (judeu) dialoga com a samaritana
Jo 8, 1-11
Aquele de vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra
Mc 2, 23-28
Jesus é o senhor do sábado
Mc 7, 1-13
Jesus e os discípulos comiam com mãos impuras
Mc 7, 14-23
“ o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior”.

Quando Jesus entrou em casa, longe da multidão, os discípulos lhe perguntaram sobre essa parábola. Jesus lhes disse:
“Será que nem vós compreendeis? Não entendeis que nada do que vem de fora e entra numa pessoa pode torná-la impura,
porque não entra em seu coração, mas em seu estômago e vai para a fossa?” Assim Jesus declarava que todos os alimentos
eram puros. Ele disse: “O que sai do homem, isso é que o torna impuro. Pois é de dentro do coração humano que saem as
más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja,
calúnia, orgulho, falta de juízo. Todas estas coisas más saem de dentro e são elas que tornam impuro o homem”

A Justificação

Quando Paulo encontrou o ressuscitado no caminho de Damasco, era um homem realizado: irrepreensível quanto à justiça
derivada da Lei (cf. Fil 3, 6), superava muitos de seus conterrâneos na observância das prescrições mosaicas e era zeloso
em conservar as tradições de seus pais (cf. Gál 1, 14). A iluminação de Damasco mudou radicalmente sua existência:
começou a considerar todos os seus méritos, conquistas de uma carreira religiosa integríssima, como «lixo» frente à
sublimidade do conhecimento de Jesus Cristo (cf. Flp 3, 8). A Carta aos Filipenses nos oferece um testemunho
comovente da passagem de Paulo de uma justiça fundada na Lei e conseguida com a observância das obras prescritas a
uma justiça baseada na fé em Cristo: O tesouro escondido no campo já não eram as obras da Lei, mas Jesus Cristo, seu
Senhor.

Como um homem chega a ser justo aos olhos de Deus?

Caminhos da Justiça
Construído sobre as obras da Lei
Fundado sobre a graça da fé em Cristo

Por causa desta experiência pessoal da relação com Jesus, Paulo coloca no centro de seu Evangelho uma irreduzível
oposição entre dois percursos alternativos para a justiça: um construído sobre as obras da Lei, o outro fundado sobre a
graça da fé em Cristo. A alternativa entre a justiça pelas obras da Lei e a justiça pela fé em Cristo se converte assim em
um dos temas dominantes de suas cartas: «Nós, judeus de nascença, e não pecadores dentre os pagãos, sabemos,
contudo, que ninguém se justifica pela prática da lei, mas somente pela fé em Jesus Cristo. Também nós cremos em
Jesus Cristo, e tiramos assim a nossa justificação da fé em Cristo, e não pela prática da lei. Pois, pela prática da lei,
nenhum homem será justificado» (Gál 2, 15-16). E ele reafirma aos cristãos de Roma que «com efeito, todos pecaram
e todos estão privados da glória de Deus), e são justificados gratuitamente por sua graça; tal é a obra da redenção,
realizada em Jesus Cristo» (Rm 3, 23-24). E acrescenta: «Pensemos que o homem é justificado pela fé,
independentemente das obras da Lei» (ibid 28).

Contra a pressão cultural, que ameaçava não só a identidade israelense, mas também à fé no único Deus e em suas
promessas, era necessário criar um muro de diferenciação, um escudo de defesa que protegesse a preciosa herança da
fé; este muro consistia precisamente nas observâncias e prescrições judaicas.

É Cristo quem nos protege contra o politeísmo e todos os seus desvios; é Cristo quem nos une com e no único Deus; é
Cristo quem garante nossa verdadeira identidade na diversidade das culturas, é Ele o que nos torna justos. Ser justo quer
dizer simplesmente estar com Cristo e em Cristo. E isso basta. Já não são necessárias outras observâncias.

Por isso São Paulo, na Carta aos Gálatas, na qual sobretudo desenvolveu sua doutrina sobre a justificação, fala da fé que
age por meio da caridade (cf. Gál 5, 14).
Paulo sabe que no duplo amor a Deus e ao próximo está presente e cumprida toda a Lei. Assim, na comunhão com Cristo,
na fé que cria a caridade, toda a Lei se realiza. Somos justos quando entramos em comunhão com Cristo, que é amor.

No coração de Paulo está a liberdade da lei. Paulo ensina que o que conta em minha relação com Deus, em primeiro
termo, não é a moral, mas a graça do próprio Deus, em Jesus Cristo. Converto-me em justo diante de Deus não pelo que
faço «eu», mas pelo que Deus fez por mim em Jesus Cristo. E a fé é a aceitação deste dom de graça que me é oferecido.

O segundo elemento importante do pensamento de Paulo se refere à «identidade cristã», que se define não só com
categorias «jurídicas» como justiça, justificação, mas também com categorias «místicas» ou «participativas». O cristão é
alguém que não só está diante de Cristo com um ato de fé, mas que «participa» do próprio Jesus Cristo e vive «em»
Cristo.

O terceiro ponto fundamental do ensinamento de São Paulo, a «dimensão comunitária», o que Paulo mesmo chama de
igreja. Para ele, o termo «igreja» não tem sentido abstrato, mas se refere sempre a uma comunidade concreta, que se
encontra em certo lugar.

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