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Leitura Guia de

Aletria Editora | Belo Horizonte | MG

autora tradutora
Anna Llenas Rosana de Mont’Alverne

www.aletria.com.br (31) 3296-7903 aletria@aletria.com.br aletriaeditora aletriaeditora


Leitura
Guia de

O professor é uma figura fundamental, sobretudo nos primeiros anos de contato com a leitura, porque
multiplica as chances de letramento, amplia a capacidade de compreensão dos textos e compartilha com
seus alunos a paixão pelas leituras, abrindo espaço para a autonomia futura, o protagonismo comunica-
tivo e a interação crianças/livros.

No âmbito literário, o professor é uma referência para a democratização do saber, porque cria acessos
culturais, é essencial na seleção de ricos materiais de leitura e incentiva o hábito leitor na rotina escolar.

Além disso, o professor torna-se mediador de comunicações, informações e conhecimentos, ajuda os


alunos no desenvolvimento argumentativo e deve ser aquele que expressa um exemplo (leitor) e desen-
voltura diante de leituras. Enquanto mediador, o professor compartilha sua apreciação por leituras e pai-
xão por conhecimentos – temas, fatos históricos, histórias dentro da História, gêneros literários plurais e
modos de contar. A ação do mediador pode ampliar a capacidade de compreensão dos alunos, bem como
a interpretação dos textos selecionados.

Ações motivadoras fazem toda a diferença na experiência escolar: criam engajamento, empenho, reações
positivas por parte dos alunos. No que se refere às leituras literárias, motivador é o permanente estímu-
lo a diálogos e ao desenvolvimento do pensamento expressivo. Recursos de apoio como teatralizações,
fanfics, recontos coletivos, clubes de leitura e saraus, por exemplo, são bem-vindos quando se pautam
na expressividade criativa, troca de ideias, ganho aplicado de repertório vocabular, expansão de saberes
culturais, motivação interpessoal e elaboração de rotinas pedagógicas adequadas às diversidades – indi-
viduais e coletivas, locais e nacionais do território brasileiro.

O Guia de Leitura correlaciona tais argumentos supracitados às obras literárias, destaca gêneros lite-
rários, características narrativas e temas, apresenta autores e ilustradores, organiza propostas multidis-
ciplinares, atividades e orientações capazes de potencializar a atenção leitora, bem como habilidades e
competências de quem entra em contato com a magia da literatura.

2
autora
Sobre a

Anna Llenas nasceu em Barcelona. Possui fronteiras e viajaram por muitos países do mun-
graduação em Publicidade e Relações Públi- do. Para saber mais sobre Ana Llenas, visite:
cas pela Universidade Autônoma de Barcelona http://www.annallenas.com.
e graduação em Desenho Gráfico pela Escola
Llotja. Por anos atuou em direção de arte, até que No ano de 2012, a autora Ana Llenas publicou
começou a criar seus próprios produtos editori- O monstro das cores, obra de ficção que trata do
ais. Anna se especializou em Ilustração na Escola tema educação emocional. Dados indicam que
Eina e em Psicoterapia pela Arte na Universidade esse livro vendeu mais de 200.000 exemplares
Pompeu Fabra. Atua como professora e arte-ter- só na Espanha e, desde então, foi traduzido para
apeuta especializada em arte e educação emocio- 16 idiomas.
nal. É autora e ilustradora de livros que ajudam
Fonte: Anna Llenas – Ilustración y Diseño Gráfico. La
grandes e pequenos a se encontrarem em meio às
couleur des émotions. In: http://www.annallenas.com/ilus-
suas emoções. Atualmente, Llenas é um sucesso tracion-editorial/la-couleur-des-emotions-pop-up.html#.
em vendas infantojuvenis; suas obras romperam YFjJ369KiUk.
Síntese
da obra

O Monstro das Cores vai à escola, escrito e


ilustrado pela arte-terapeuta Anna Llenas, abor-
da com muita leveza, naturalidade e sensibilida-
de um dos momentos mais importantes para a
sociabilidade infantil: a hora da criança ir para
a escola – o primeiro dia de aula, o contato com
o(a) professor(a), o ambiente escolar, o desa-
fio de estar diante de algo novo e separado do
ambiente doméstico. A obra inicialmente nos
apresenta os amigos: o Monstro das Cores e a
menina Nuna. Logo após vem a novidade con-
O Monstro das Cores vai à Escola
tada ao pé do ouvido do Monstro: “Hoje é o seu
Autora: Anna Llenas
primeiro dia na escola!” Surge então no coração
do Monstro uma espécie de confusão de senti- A escola é um lugar planejado e organizado para
mentos. Mescla de receio, medo, ansiedade. E receber os alunos, o qual valoriza amplas apren-
sabe a fantasia? A imaginação fértil do Mons- dizagens e os cuidados pessoais, a heterogenei-
tro das Cores é capaz de projetar a experiência dade do grupo, o respeito mútuo e a paz.
de ir para a escola como algo um tanto bizarro,
assustador e mirabolante. Porém, ao passo que O espaço físico escolar é o lugar do desenvolvi-
a rotina escolar se inicia, vamos acompanhar o mento de múltiplas habilidades e sensações. Os
Monstro das Cores, desde o seu primeiro dia, recursos pedagógicos estão bem organizados e
compreender o sentido da adaptabilidade ao bem distribuídos de acordo com rotinas.
meio, ganhar consciência dos espaços e momen-
tos de prazer na escola. Que tal essa aventura!? Na Educação Infantil e anos iniciais do Ensino
Será que o Monstro vai gostar da escola, dos Fundamental, por exemplo, existem momentos
companheiros de classe, do(a) professor(a), da de histórias, músicas, relaxamento, brincadeiras
sala de aula, do pátio? A própria experiência de – na área interna ou área externa – e aulas es-
leitura demonstrará que sentir medo diante de pecializadas.
algo novo é bem natural e, no final das contas, ir
para a escola pode ser um desafio maravilhoso, O Monstro das Cores vai à escola nos passa essa
repleto de surpresas, aberto a aprendizados e a ideia de gestão pedagógica de modo leve e lú-
amizades duradouras. dico.

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5
Tema
Professor(a), a partir da leitura ganhamos acesso a ideias e abordagens que podem nos
oferecer um rico percurso reflexivo e dialógico. Afinal, o livro nos apresenta ficcional-
mente uma série de situações e sentimentos – ansiosos, receosos, hiberbólicos – que, a
priori, estão associados ao emocional do protagonista (Monstro das Cores). Sentimentos
tensos, inseguros e confusos que, ao longo do tempo e a partir das vivências ilustradas, vão
se transformando em alegria, prazer, vínculo, bem-estar e descontração.

Vale muito a pena destacar, após a leitura e na companhia dos alunos, quais são os assuntos e
emoções abordados em O monstro das cores vai à escola, porque tal levantamento ajudará não
só a fomentar a compreensão (psicológica e social) da obra de Anna Llenas, como incentivará
conversas motivadas em roda, a troca de experiências, ou dinâmicas coletivas de integração
e respeito mútuo (inclusão social).

Palavras-chave que contribuem para a compreensão de O monstro das cores vai à escola:

ansiedade; medo; fobia; receio; aversão; projeção (imaginação); dúvida; desafio; expectativa;
(in)segurança; (des)confiança; estranhamento; receptividade; acolhimento; empatia;
aprendizagem; experimentação; vivência; rotina; integração; inclusão; criação de laços; prazer;
autoconhecimento; sociabilidade; camaradagem; integração; harmonia; bem-estar social.

A princípio o Monstro das Cores imagina a escola como um lugar cercado por perigos – plantas carnívoras – e
imprevistos. A cor do Monstro até mesmo muda e ele se imagina na defensiva, com a espada em punho.

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O personagem Monstro das Cores já nos ensinou outras boas lições anteriormente,
você sabia?

Esse conto promove o autoconhecimento por meio da educação emocional. A partir da leitura do
livro, as crianças são capazes de identificar as emoções trabalhadas: raiva, alegria, tristeza, medo, calma
e amor. Podem também expandir o conhecimento para muitas outras emoções que vão surgindo com
o diálogo. Aprendem a se conhecer e a confiar mais em si mesmas, desenvolvendo mais autonomia
e independência na hora de solucionar seus conflitos. Família, amigos e escola: através das cores, as
crianças conseguem entender facilmente o que sente o personagem, são capazes de se colocar em seu
lugar, identificar-se com ele e, desse modo, compreendem um pouco melhor o que se passa não só
com elas, mas também com as pessoas de convívio mais próximo. Desenvolvem, assim, mais empatia
e respeito por seus colegas e familiares e pelo que sentem. Tema e desafios: aumentar o vocabulário
expressivo das crianças sobre suas emoções; gerar maior facilidade na comunicação de sentimentos;
desenvolver habilidades sociais. Aprender a administrar as emoções e aceitar receber ajuda diante de
pequenos conflitos melhora a convivência social.

Tema: perpassa questões de autoconhecimento, aspectos cognitivos experienciais, a variação de sen-


timentos e emoções dentro da mente humana.

Nota ao
mediador de leitura
Paratextos: eles não estão no livro à toa

Paratextos não definem a obra literária, mas contribuem com o seu entendimento. Por isso,
professor, na fase de pré-leitura, considere os paratextos seus aliados.

Quando um livro chegar até você, mediador, penetre tudo o que ela é capaz de ressaltar. Cada detalhe
no segredo das coisas, perscrute cada parte impressa: significa.
imagens, textos, realces, sequências. Observe o for-
mato do livro que recebe a narrativa e os convites Percorra também, na companhia dos alunos, a leitu-
à leitura. Percorra tudo aquilo que acompanha – ra da 4ª capa (contracapa). Indique para os alunos
como paratexto – o texto principal literário e que que eles podem, como sujeitos-leitores, buscar na
contribui para a compreensão da obra. 4ª capa ilustrações, símbolos, sinopses, resumos –
visões gerais, sínteses –, palavras, frases e parágra-
Evidencie para os alunos, professor(a), a importân- fos que sugiram a essência da história ou ofereçam
cia de observar atentamente a 1ª capa ilustrada e pistas acerca do tema e da problemática.

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OBSERVEMOS A 1ª CAPA DE O MONSTRO DAS CORES VAI À ESCOLA

Construindo sentidos
Será que por meio desta apreciação podemos recolher pistas ou inferências sobre a história?
Hora de experimentar.

Primeiro momento gera empatia, curiosidade leitora, contato com o


universo das artes e avivamento, atenção, alegria.
Reunir os alunos. Mostrar a 1ª capa. Fazer pergun-
tas e levanter hipóteses:
Segundo momento
• Como é a capa? O que vejo? O que está em des-
taque na cena ilustrada? Pergunte aos alunos de forma motivadora, profes-
sor(a), ainda em observação à 1ª capa:
• O título e a imagem são correspondentes, com-
plementares? • Qual a cor que predomina na representação do
Monstro das Cores?
• Qual o objeto ilustrado na 1ª capa que pode estar
associado à palavra escola? • Por que será que ele está todo de uma só cor e
não de todas as cores¹?
MEDIAÇÃO DO(A) PROFESSOR(A):
• O que as cores lhe transmitem? O verde, o ama-
Destacar para os alunos que a elaboração dessa relo, o azul, o vermelho e o preto?
capa, idealizada por Anna Llenas, autora e ilus-
• A capa apresenta dois personagens. Eles pare-
tradora de O Monstro das Cores vai à escola, uti-
cem próximos, amigos?
liza recursos e técnicas mistas: colagens, recortes,
desenhos. A arte da 1ª capa lembra o uso integra- • Será que podemos dizer que visualmente essa
do de papelão, tecido, papel, lápis de colorir e 1ª capa remete ao companheirismo, à alegria e à
tinta. Trata-se de uma capa expressiva e criativa. motivação pela sua seleção de elementos, cores e
expressões faciais?
Estamos diante de desenhos variados, alegres, ri-
cos em expressões faciais e expressões emotivas, [Permitir que os alunos interajam com a leitura da
os quais refletem criatividade. Na 1ª capa a cena capa, levantem hipóteses e dialoguem livremente.]

1 Dica: O verde é uma cor que expressa calma e tranquilidade para o Monstro. Isso nós aprendemos com a leitura de O Monstro
das Cores, obra de Anna Ll enas lançada antes de O Monstro das Cores vai à escola.

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A 4ª capa traz outras indicações importantes ao leitor. Afinal, estamos diante de uma breve sinopse, que
sugere a problemática da trama:

Escola, o que será?


O Monstro das Cores está um pouco nervoso.
Hoje é o primeiro dia na escola... e ele não tem ideia do que seja isso.
Não sofra, Monstro! Lá te esperam muitas aventuras e novos amigos!

Além disso, observe com os alunos, professor(a), as páginas que antecedem a narrativa. Há muitas ilus-
trações alegres e variadas em cores, expressão, gestos e companhia. Esse conjunto de páginas faz parte da
estrutura pré-textual e pós-textual do livro. Inclusive, após o desfecho, há uma página interativa.

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Adequação e desenvolvimento
de competências
Competências gerais associadas à obra O Monstro das Cores vai à Escola:

1. Desenvolve o interesse pela escuta, fala, pensamento e imaginação (BNCC);

2. Valoriza a experiência com traços, cores e formas artísticas, e a apreciação estética;

3. Desenvolve a imaginação e o pensamento simbólico-relacional;

4. Leva o aluno a desenvolver as habilidades de leitura e escrita, ajudando-o a construir uma prática de
leitura individual e compartilhada; a posicionar-se em debates diante de situações criadas para reflexões
e questionamentos sobre o tema abordado;

5. Desenvolve o reconhecimento de emoções bem como formas de lidar com desafios;

6. Ajuda a levanter questões – para diálogo – de autoconhecimento e de saúde emocional;

7. Desenvolve a percepção do eu, do outro e do nós, por meio de relações narrativas;

8. Propicia fruição da leitura textual-imagética valorizando a sugestão e a hipótese;

9. O contato com a narrativa motiva a formação de opinião;

10. A narrativa cria alcance expressivo à dimensão cognitiva, à empatia e à integração.

Gênero
Narrativo
O Monstro das Cores vai à escola é uma prosa de
ficção. A história é fantasiosa, mas faz sentido den-
tro das circunstâncias apresentadas. Há coerência
nas sequências textuais e imagéticas e, no interior
do texto, percebe-se uma progressão temporal en-
tre os acontecimentos relatados.
O protagonista.
Trata-se também de um conto ilustrado: gênero
literário caracterizado por narrativa breve, coerente escrito em estrofes, versos e sonetos. Levar exem-
sequencialmente e com unidade de tempo. plos para a sala de aula. Evidenciar, assim, que a
prosa é uma forma natural de comunicação entre
A saber, os elementos tradicionais do conto são: seres humanos, similar ao nosso modo cotidiano
personagens, tempo, espaço e enredo. de falar, e que a poesia costuma ser mais rebus-
cada na seleção de palavras, porque é a expressão
Demonstrar aos alunos, professor(a), que um de emoções e sentimentos – trabalhada estetica-
texto em prosa é diferente de um texto poético, mente em texto ou imagens.

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Antes
da leitura
Ter medo tem solução?
Sugerimos que o professor desenvolva um clima descontraído junto com os alunos.

E esta é a sua sala.


Ei... Onde você se meteu?

Conversação
A lição do medo

O que é o medo? Um sentimento, reação, impulso? Será que o medo só existe diante de um
perigo ou ameaça real? Como, por exemplo, ter medo de ser atacado por um animal feroz
numa trilha na selva? Ou ter medo de uma prova muito difícil?

Será que o medo também pode ser uma projeção da ansiedade? Ou uma invenção da nossa
cabeça? E será que sensações de ameaça ativadas pelo nosso cérebro desencadeiam ações?

— O que vocês acham?

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Imagem retirada do livro O Monstro das Cores, de Anna Llenas.
Cada cor representa uma gama de sentimentos e emoções.

De qualquer modo, o medo ativa reações, emoções, • Quando a sensação de medo nos paralisa ou (su-
impressões – acerca de nós mesmos, do mundo per)agita é preciso buscar ajuda?
ao redor e/ou acerca do outro. E tais reações neu-
rológicas podem afetar o humor, a paz e a con- • É importante tentar entender que situações
fiança dos seres humanos. Porque o medo – em geram medo?
qualquer idade – nos aflige, perturba, transtorna.
• Como o medo (infantil/juvenil) se manifesta na
Uma pessoa, por exemplo, pode desenvolver tan- escola? Há um mapeamento de sintomas?
to medo de ler em público que nessas situações
gagueja, mesmo não sendo gaga. Outra pessoa • Referências positivas – tais como diálogos,
pode ter a (falsa) sensação de não ser amada e reunião com os pais, consciência do problema
com isso se sentir muito triste. Há ainda pessoas sem distorções pejorativas – contribuem para
que sofreram no passado traumas e, consequente- minimizar conflitos?
mente, desenvolveram fobias e medos no presente
– medo de rejeição, de violência, de deboche, de
separação, de preconceito etc.

Quem sente medo costuma ter o ímpeto de fugir,


se esconder, ficar recluso, sofrer calado, ficar
ausente ou agressivo. O que pode agravar ainda
mais o problema – mental e social.

Por isso, é importante que a escola esteja prepara-


Bem-estar social. Página ilustrada do livro Yoga friends
da para orientar os alunos: (2018), de Mariam Gates e Rolf Gates.

Os sintomas são muito variados, mas podem incluir: choro, distanciamento social, nervosismo
exacerbado, tremores, cansaço, insônia, sensação de falta de ar, coração acelerado, dor de cabeça, suor
excessivo, mãos frias, boca seca, tontura, náuseas etc.

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O medo pode ser tão grande que vira uma fobia, O tema medo é, portanto, relevante e pode
quase um pânico social, algo psicologicamente promover orientação – no desenvolvimento
grave. As situações ameaçadoras podem gerar infantil e/ou juvenil –, além de abrir debate a
taquicardia, falta de ar, insônia, isolamento social, respeito de modos de apoio e enfrentamento
tristeza, angústia, ansiedade, gastrite, dentre dos problemas. Afinal, muitas vezes, assunto
outros problemas de saúde. O cérebro de quem pouco debatido é assunto superficialmente
vive com medo da vida não relaxa². conhecido.

Mediador
Por isso, mesmo quando o motivo de um medo parecer injustificado, é necessário ouvir a
pessoa – criança, jovem, adulto que sente medo –, orientá-la e perceber quais são os sinto-
mas que indicam problemas psicossomáticos associados ao medo – tais como suar muito,
enjoar, perder apetite, não socializar com os colegas etc. O cérebro dessa pessoa deve ser
treinado para perceber o medo como um sintoma diante de certas situações – por exemplo:
“choro porque sinto medo de ficar sozinho na escola”; “tenho taquicardia porque sinto medo
quando a professora me chama para ler na frente de todos”; “tenho medo que debochem
de mim e gaguejo”; “me escondo quando alguém aparece no parquinho porque tenho medo
que me batam” etc. Uma vez que esses sintomas são percebidos como ações recorrentes,
“disparos do medo”, essa pessoa deve ser orientada a procurar apoio – familiar, médico ou
escolar – para enfrentar os desafios de forma acompanhada, mediada.

Uma rotina pode ser criada a fim de que a pessoa volte a ganhar confiança em si, conte com
uma rede de apoio e não se isole ao se sentir abalada por fatos da vida.

Sugestão: Assista ao vídeo “O Monstro das Cores”, onde Nuna – a menininha – ajuda seu
amigo a sair da confusão de sentimentos, perpassando claramente a alegria, o medo, a raiva, a
calma e a tristeza. Desse modo se familiarize com as cores que a autora Anna Llenas elege para
representar as emoções do Monstro. Fonte: Devir TV. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=otxOAU6v12g&t=34s. Acesso em: 25 mar. 2021

2 O livro citado a seguir fala exatamente sobre o medo que paralisa, perturba, não relaxa os nervos:

O menino que tinha medo de errar, de Andrea Taubman, conta a história do medo persistente de
Pedro, transtorno que o afasta dos amigos e brincadeiras, lhe tira o sossego, preocupa, irrita e o isola.
A narrativa apresenta para o leitor comportamentos, pensamentos, e a visita a um lugar diferente
e perfeito, onde Pedro finalmente descobre que medo não combina com alegria. Para assistir à
contação, visite o Baú da Camilinha: https://www.youtube.com/watch?v=_xNM9H8PN4k

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Monstro das Cores e Nuna felizes. Ilustrações de Anna Lle- Centro de Educação Infantil Lar de Crianças Ananda Mar-
nas. ga. Matéria: Creche pública da periferia de SP tem ioga e
massagem para as crianças. Fonte: Daniel Froes. Disponível
em: https://razoesparaacreditar.com/creche-periferia-io-
ga-e-massagem. Acesso em: 25 mar. 2021.

Sugestão para receber os alunos no primeiro dia de aula:


Criar um mural que por meio de imagens, legendas ou palavras-chave integre os alunos ao
ambiente da escola, valorizando situações mentais, físicas e emocionais – tais como medi-
tação; respeito mútuo na hora de ouvir o colega; práticas de esporte coletivas e gincanas; roda
de boas-vindas com os alunos de mãos dadas cantando juntos – transmitir ideia de harmonia
e amizade.

Objetivo: fazer da escola um lugar acolhedor faz toda a diferença. Planejar ações de
acolhimento e inclusão, troca coletiva e respeito mútuo. Fortalecer a confiança dos alunos
seja através de diálogos, jogos de integração ou grupos de apoio e orientação (psicológica).

Mostrar que haverá espaço para estilos e pensamentos diferentes, modos de ser e modos de
pensar, em valorização à diversidade e à autenticidade dos sujeitos. Afinal, um dos medos
mais comumente relatados é referente à autoestima (sentimento de inferioridade).
A leitura
Atividade 1

Um bom começo considera o acolhimento


É muito importante planejar e ensaiar quais as Jogos de integração
dinâmicas que serão apresentadas para os alunos
no primeiro dia de aula. Afinal, tais experiências Passo a passo:
devem propiciar acolhimento, bem-estar, des-
contração e, na medida do possível, criar víncu- a) Acolhimento: receber carinhosa e alegre-
los positivos entre os sujeitos por meio do com- mente os alunos no primeiro dia de aula e colocar
partilhamento de interesses e expectativas para o em cada criança um crachá lúdico com o seu nome;
ano letivo. em roda, incentivar uma breve apresentação de
cada criança e do(a) professor(a), demonstrando
alegria pelo tempo de compartilhamento.

b) Tour guiado: Fazer com os alunos, no pri-


meiro dia de aula, um passeio guiado pela escola,
de modo a estreitar os laços entre professor-alu-
no e os novos colegas. Percorrer com calma os
ambientes – por exemplo, biblioteca, sala de aula,
ginásio/quadra, sala de repouso, refeitório etc. –,
sempre que possível destacando as atividades que
serão realizadas em cada um dos espaços físicos,
dentro da rotina escolar. Demonstrar que há uma
organização semanal para o uso dos espaços e que
a escola será muito bem aproveitada por todos os
Observe com os alunos, professor(a), que a sepa-
alunos tendo em vista o desenvolvimento mental,
ração dos que amamos (pais, irmãos, avós etc.) é
físico e emocional das crianças (e jovens). O chão
apenas momentânea quando entramos no portão
da escola pode também sinalizar por setas col-
da escola. Um tempo vai decorrer e, até a hora
oridas adesivadas áreas de aprendizado aplicado
da saída e regresso para a casa, vamos aprender
(salas de aula e biblioteca), de alimentação (re-
juntos, interagir, fazer amigos, conhecer espaços
feitório, cantina), de repouso (salas do soninho) e
legais na escola.
ginástica/atividade física (quadras, ginásio, áreas
Preparar o aluno para observar com bons olhos externas tais como parquinhos etc.).
esse primeiro dia na escola é importante.

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o trabalho em equipe deve ser mantido até que
todos tenham encontrado seus balões nomeados;
quando isso ocorrer, o(a) professor(a) deve criar
um grande abraço coletivo e demonstrar aos
alunos que o mais importante para a felicidade
é que uns ajudem os outros, sejam solidários e
amigos, pois assim a felicidade chegará a todos,
na forma de paz, harmonia, cores, apoio e alegria.

Uso lúdico de fita para marcação de piso.

c) A surpresa dos balões coloridos: dirigir-se


à sala de aula na companhia dos alunos; ao abrir
a porta da sala, deixar que as crianças vejam
vários balões (mais de 50) coloridos espalhados
pelo ambiente; pedir que os alunos entrem na
sala e escolham individualmente um balão da
cor que representa (para eles) a felicidade; colar
os nomes das crianças nos balões escolhidos –
A formação dos professores do Movimento Abraçar. Foto:
um(a) assistente ou o(a) professor(a) vai ajudar Millena Grigholeti (21/08/2018). Creche Monte Cristo,
a colocar pedaços de papel com fita crepe nos Campinas. Fonte: Diário da Região (BH/MG). Disponível em:
https://www.diariodaregiao.com.br/_conteudo/2018/11/
balões, de modo que todos os nomes estejam
cidades/educacao/1128257-a-formacao-dos-profes-
representados; feito isso, vamos misturar todos sores-do-movimento-abracar.html. Acesso em: 25 mar. 2021
os balões de novo; nesse momento, daremos
1 (um) minuto para que os alunos entrem na Os abraços coletivos devem ser mantidos como
sala e achem pela cor o seu balão da felicidade dinâmica, mesmo depois do primeiro dia de aula.
(o balão com o seu nome); alguns alunos vão
encontrar o balão, outras crianças vão ficar OPCIONAL: Uma vez que as crianças encontrem
cabisbaixas por não terem encontrado seu balão seus balões, somente aqueles nomeados devem
no tempo determinado; nesse instante, vamos ser mantidos na sala – ou seja, uma quantidade de
reunir todos os alunos e pedir que uns ajudem balões equivalente à quantidade exata de crianças
os outros, de modo que pela cooperação todos na sala. Os outros balões podem ser separados
os balões sejam encontrados – para achar os ou estourados. A partir desse momento, a
respectivos “donos”, os nomes encontrados nos dinâmica incluirá o desafio lúdico de fazer com
balões podem ser ditos em voz alta, os balões que todos, unidos, consigam manter os balões
sem nome podem ser estourados (eliminados) e no alto (suspensos) pelo maior tempo possível

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– o professor pode estipular 30 segundos, um de vida (de ser) de cada plantinha e, deste modo,
minuto, fica a critério de cada professor(a). vamos valorizar a diversidade e as origens, ratif-
icando que todos e todas – alunos e plantinhas
Objetivos envolvidos: Demonstrar que um gru- – são igualmente importantes.
po de pessoas pode ter um objetivo comum e
positivo a todos; fomentar o trabalho em equipe;
facilitar o entrosamento do grupo; despertar a
parceria; promover aproximação entre os colegas,
ou entre eles e alunos novos.

Fonte: Remind. Disponível em:


https://www.remindbrindes.com.br/brind e/114/brinde
ecologico com semente. Acesso em: 25 mar. 2021.

Fonte: Atividades Pedagógicas. Disponível em: https://


atividadespedagogicas.net/2017/12/atividades-para-ini-
cio-das-aulas.html. Acesso em: 25 mar. 2021.

d) Presente (envelope) especial: no primeiro


dia de aula, cada aluno vai ganhar um envelope;
dentro de cada envelope haverá uma semente,
a foto da plantinha crescida, o nome da planta
e sua origem. As crianças devem estar em roda
na hora da abertura dos envelopes. O conteúdo
deve ser apreciado. Para a turma tanto podem ser
escolhidos 5 tipos de sementes sortidas quanto
Fonte: Syngenta Digital. Disponível em: https://porden-
um tipo específico de semente para cada aluno trodoagro.com.br/amp/a-semente-ideal-para-sua-lavoura/
– neste caso, todas diferentes. O(a) professor(a) como-plantar-sementes-capa/ e https://pordentrodoa-
deve ressaltar que as sementes vieram de várias gro.com.br/amp/a-semente-ideal-para-sua-lavoura/se-
mentes-110365694. Acesso em: 25 mar. 2021.
regiões do Brasil, cada uma tem sua própria
forma, cor e origem; ademais, cada semente vai
germinar num determinado tempo e para isso
precisará de cuidados e de um ambiente propício
– nem muito sol nem chuva, nem pouca água nem
muita. Então, os alunos perceberão que existem
pequenos vasinhos de plástico com terra na sala e
cada aluno será convidado a colocar sua semente
lá dentro, protegida. Usem um conta gotas para
molhar a sementinha. Todos os dias as crianças
Microverdes coloridos. Matéria: “Os microverdes são bro-
vão observar o crescimento de suas plantinhas e tos nutritivos de plantas consumidos após 7 e 21 dias de
perceberão como a germinação é bela e decora a germinação”, de 20/03/2020, por Ana Carolina Harada.
Fonte: Reprodução/casa.com.br. Disponível em: https://
sala de aula com vida. Em roda vamos aprender a
casa.abril.com.br/faca-voce-mesmo/veja-como-cultivar-mi-
respeitar todos os seres vivos, a apreciar o modo croverdes-em-casa-e-muito-facil. Acesso em: 25 mar. 2021.

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Exemplo: microverdes de beterraba, coentro, couve, manjericão, mostarda, rabanete, repolho roxo, rúcu-
la e salsa.

Microverdes
(Reprodução/casa.com.br).

Para produzir microverdes, você preci-


sa de:
– um recipiente com furos (pode ser um
vaso, jardineira ou até mesmo aquelas
bandejinhas de plástico se você fizer
furinhos);
– um borrifador de água;
– substrato (pode ser húmus, fibra de
coco ou aquele que você está habituado).

Modo de plantar e modo de cuidar:


Coloque substrato no recipiente e espalhe as sementes por todo o espaço disponível.
Certifique-se que elas estão distribuídas igualmente e não estão se sobrepondo. Não é
necessário cobrí-las com mais substrato. Borrife água até que a área esteja úmida.
Com o borrifador, molhe seus microverdes diariamente, especialmente nos estágios ini-
ciais. Eles devem ficar em um local com bastante iluminação natural, sem a obstrução de
outros vasos. A germinação acontece entre 3 e 10 dias.
Em média, você colhe os microverdes com altura entre 6 e 10 cm, dependendo da espécie.
Segure-os delicadamente pelas folhas e corte-os com uma tesoura. Quanto mais rente ao
substrato, melhor o aproveitamento. Depois de cortados, os microverdes não crescem de
novo, então você precisará semear novamente para começar um novo ciclo se quiser.

Objetivos da atividade
Recepcionar; acolher; dar início às apresentações; compartilhar experiências práticas;
fomentar a comunicação interpessoal; explorar os ambientes de sociabilidade escolar;
sinalizar rotinas no tempo-espaço das aulas; valorizar os seres vivos e a diversidade;
demonstrar que todos(as) são bem-vindos(as).

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Atividade 2

Observação e interpretação textual-imagética


Estimule os alunos, professor(a), a ler de modo A) Formas, 1951. Ivan Serpa. Enciclopédia Itaú Cultural. Re-
produção fotográfica Vicente de Mello. B) Faixas ritmadas.
complementar, ou seja, interpretando o signifi- 1953. Ivan Serpa. The Adolpho Leirner Collection of Brazil-
cado tanto das imagens quanto do texto, página a ian Constructive Art at The Museum of Fine Arts, Houston.
página. Afinal, a linguagem é expressiva na escri-
ta das letras e das formas, curvas e retas, cores e
volumes, linhas e pontos.
Ivan Ferreira Serpa (1923-1973) foi um pintor,
desenhista, professor e gravador brasileiro.
Lembre-os do quanto pudemos descobrir ao pas-
sear os olhos pela 1ª capa.

Observe nas obras de arte a seguir como os ar- Vamos agora retomar nosso livro, folheá-lo e
tistas se valeram de princípios básicos para criar apreciá-lo detidamente, com calma e atenção,
belas obras originais. Em cena, o círculo, linhas, refletindo:
triângulos e cores.
• Na hora de entrar na escola, como o Monstro
das Cores se sente?

• Podemos nos sentir alegres e ansiosos? Tristes


e calmos? Nervosos e animados?

• Vários sentimentos podem fazer parte das nos-


sas emoções ao longo do dia?
Vários círculos, 1926. Pintura a óleo sobre tela. Wassily Kan-
dinsky. Museu Solomon R. Guggenheim.
O artista russo combina harmonicamente o concêntrico e o • É natural sentir medo no primeiro dia?
excêntrico numa única forma e equilíbrio.

• Nosso bom humor também depende das ex-


A)
periências do dia?

• A maior parte do tempo, no livro, o Monstro


das Cores está de que cor? Observe.

• O que isso significa na sua opinião?


B)
A narrativa de O Monstro das Cores vai à escola
traz uma revelação, um anúncio. A problemática
da história envolve um dia especial, um aconteci-
mento por chegar: o primeiro dia na escola!

Juntos, vamos observar a parte textual e as ilus-


trações da obra e descobrir:

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• O acontecimento por vir é expressamente reve- O Monstro passa a conhecer alguns ambientes es-
lado ou apenas sugerido nas ilustrações? colares:

• Como descobrimos o que a menina cochicha • As cenas sequenciadas conotam a existência de


no ouvido do Monstro – pelo texto ou imagens? uma rotina e planejamento?

• Ir para escola é algo real ou tudo não passa de • Apreciem a representação da sala de aula no
um pesadelo do Monstro das Cores? livro O Monstro das Cores vai à escola: ela é bela,
alegre, colorida, acolhedora, atrativa. O espaço é
• O Monstro demonstra animação e curiosidade organizado e há elementos/objetos interessantes
sobre a escola? Ou fica pensativo e quieto? disponíveis. Saberia dizer quais são?

• Quais sentimentos e emoções chegam primeiro • Quando estamos para vivenciar algo novo po-
à mente do Monstro? demos nos sentir ansiosos e agitados?

• O Monstro expressa algum tipo de receio diante • Atividades lúdicas e interativas fazem bem à
da novidade? Ele fala ou “se fecha”? O Monstro mente e ao espírito?
muda quando a menina diz: “hoje é seu primeiro
dia na escola”? Analisemos representações ilustradas do livro,
bem significativas para o enredo: labaredas, dragão,
• Há algum imprevisto em curso, na ida à escola, morcegos, voo livre, espada etc. Isso combina com
que causa o medo do Monstro? a escola? Ou parece o mundo da imaginação?

Será que na escola tem dragão? Plantas carnívoras, morcegão?

• Como o Monstro projeta este lugar (escola)? riqueiros, naturais e reais – conhecer a escola, seu
Reveja as cenas. espaço, a professora, os novos colegas etc. – ou em
suposições e fatos fantásticos e imaginários?
• O rosto do Monstro demonstra que ele está
calmo? • Será que é natural sentir saudade de casa no pri-
meiro dia de escola?
• O Monstro está focado em acontecimentos cor-

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Modo como o Monstro se sente e reage ao imaginar o acontecimento “primeiro dia de escola”.

• Como você se sentiu quando soube que ia para a mochila para esse lugar chamado escola?
escola? Faça um desenho colorido.
• O que costumamos levar dentro da nossa mo-
• O que o Monstro acha que precisará levar na chila escolar?

Brincadeira imaginativa lúdica

• Conversar com os alunos sobre necessidades e usos reais – por exemplo, objetos e
suas funções (mochila, bota, óculos etc.) –, e também sobre usos criativos – para objetos
existentes, inventando usos brincantes e lúdicos para os mesmos na conversação em roda.
Deixem a imaginação fluir livremente. Estimule a participação de todos os alunos.

• Repensem juntos situações divertidas: chegar à escola e encontrar um dragão que cospe
meleca; levar na mochila uma poção de invisibilidade; usar repelente para morcegos de
batom; não esquecer os óculos antialienígenas; calçar as botas para dias de chuva e areias
movediças etc.

• Reflitam também o que é importante levar para a escola. Lembrem-se que durante a nar-
rativa é comentado que basta colocar na mochila “a agenda e pouca coisa mais”. A opinião
da menina representa na trama a voz da experiência, isto é, de quem já passou por esse
momento – do primeiro dia na escola. Revejam juntos essa passagem ilustrada.

• A seguir, professor(a), sonde a opinião dos alunos e, por meio, de diálogo livre, insira as
noções de: suficiente, necessário, excessivo; essencial, supérfluo. Ressalte também que em
dias especiais, anunciados pela escola, outras opções de objetos poderão ser consideradas a
respeito do que levar na mochila – a exemplo de fantasias, brinquedos, álbuns etc. Ou seja,
“o que levar na mochila” é algo rotineiro, mas também sujeito a mudanças circunstanciais.

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Atividade 3

Reflexão psicossocial

— Olá, Monstro.
Tenho que te contar uma coisinha... Hoje é o seu primeiro dia na escola.

• Será que uma frase é capaz de mudar o nosso • Sentir muita coisa, ao mesmo tempo, pode nos
dia? deixar nervosos?

• O medo do Monstro era real? • Quando o protagonista da história (Monstro)


começa a se sentir aliviado ele muda de cor? Lo-
• O medo pode ser imaginário?
calize no livro essa parte em que o Monstro não
• Mesmo quando o medo é uma invenção nós está mais indisposto e passa a ter cores suaves e
sentimos medo de verdade? alegres.

Pode ser feito um joguinho do tipo monte as partes:

Puzzle para completar. Fonte: Domínio da Matemática com o Mon-


stro das Cores. Disponível em: https://www.historiascomamor.
pt/2020/05/atividades-dominio-da-matematica-com-o.html. Acesso
em: 25 mar. 2021.

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Monstro completamente descontraído.

Atividades e horários dentro da rotina: Opcional:


aula de música Que tal agora escutar a Orquestra em Movimen-
Os instrumentos vistos são flauta, xilofone e to (Orquestra Sinfônica Brasileira) propiciando
matraca. um belo momento de interação com a plateia?
Fonte: Canal Sinfonicabrasileira. Disponível em:
Você conhece os sons desses instrumentos? https://www.youtube.com/watch?v=DDr22or-
RKAI. Acesso em: 25 mar. 2021.

O programa Link Up A Orquestra em Movimento, parceria do Carnegie Hall com a


Orquestra Sinfônica Brasileira, culminou em um concerto interativo da OSB na Cidade
da Música, com a participação de 40 escolas do Rio de Janeiro. Segundo Anahi Ravagnani,
gerente educacional da Orquestra, o objetivo do projeto era fazer os alunos explorarem
o repertório orquestral e aprenderem conceitos básicos da música, cantando e tocando
flauta doce. Krisna Santos, assistente da gerência de projetos da SME-RJ, ressaltou a im-
portância do trabalho de formação de plateia e do contato com a linguagem musical para
os alunos da Rede Municipal de Ensino.

Fonte: Web TV. Multi Rio – A Mídia Educativa da Cidade – Entrevistas - Disponível em:
http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/assista/webtv/11744-orquestra-em-movimen-
to. Acesso em: 25 mar. 2021.

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Ações em psicoeducação
Em valorização: o “tempo junto”!
Corre-cotia:

No primeiro dia de aula, há escolas que


As crianças, sentadas, formam uma
mobilizam pessoal e criam uma rotina especial
roda. Uma delas corre do lado de
de acolhimento dos novos alunos.
fora, com um objeto na mão (lenço,
bichinho de pelúcia pequeno, bolinha
Nesse dia ou semana podem ser realizadas alegres
etc.), enquanto as outras crianças
apresentações dos professores e assistentes, bem
cantam a cantiga. Quando a música
como dos colegas (entre si), sejam novatos ou
acaba, a criança que estava do lado de
veteranos. Também pode ocorrer um tour pelo
fora da roda deve colocar rápidamente
espaço físico da escola (biblioteca, sala de aula,
o objeto atrás de uma das pessoas da
ginásio, parquinho, refeitório, lanchonete etc.). E
roda. Em seguida, as crianças olham
será bem-vinda uma dinâmica lúdica para “que-
para trás para ver onde está o objeto.
brar o gelo” e integrar os alunos – por exemplo,
Quem estiver com o objeto levanta e
gincanas, corridas do saco, brincadeiras como
corre atrás da criança que estava de
corre-cotia, vivo ou morto, pular corda etc.
pé, fora da roda, para ver quem chega
primeiro ao espaço da roda.
Corre-cotia é um tipo de brincadeira infantil,
com pega-pega e cantiga, que as crianças amam.
Vivo/Morto: Um adulto comanda a
Um Monstro das Cores pode até ser confeccio-
fala: quando disser “vivo”, a criança de-
nado para a brincadeira:
verá permanecer em pé. Quando falar
“morto”, a criança deverá permanecer
CORRE CUTIA
agachada. Quem não obedecer aos co-
NA CASA DA TIA
mandos a tempo deverá sair da brinca-
CORRE CIPÓ deira. Segue assim até todos saírem e
NA CASA DA AVÓ só sobrar um vencedor. Igualmente po-
LENCINHO NA MÃO dem ser feitas variações na brincadei-
CAIU NO CHÃO ra: “vivo pipoca”, “vivo macaquinho”,
MOÇA BONITA “morto minhoca” etc. Use a imaginação
e crie outras posições – as crianças irão
DO MEU CORAÇÃO
adorar e poderão fazer sugestões.
-POSSO JOGAR?
-PODE Fonte: PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE
-NINGUÉM VAI OLHAR? DIADEMA. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO.
-NÃO http://educacao.diadema.sp.gov.br/educacao/
attachments/artic le/441/FASE%20II.pdf
Objetivo: Ampliar as relações interpessoais,
desenvolvendo atitudes de participação e
cooperação. Animar o dia com alegrias e
muita descontração, cantorias e brincadeiras
tradicionais.

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Após
a leitura
Ambiente escolar: a construção da imagem da escola
- Expressão de mensagens altruístas, diálogo e ações de incentivo à inclusão -

• A escola não é um lugar chato e ameaçador. higiene pessoal; contação de histórias; alimen-
tação (lanche ou almoço); exercícios físiscos
• Na escola respeitamos regras e rotinas insti-
(ginástica) ou pátio libre; brincadeiras musicais;
tucionais, assim como a individualidade de cada
repouso; etc.
um dentro da comunidade escolar.
• A escola é um lugar onde as tarefas respeitam
• Minha escola é... – alunos e professor(a) devem
uma rotina e aprendemos gradativamente com
construir essa imagem juntos.
apoio, suporte e em respeito às diferenças.
• Na escola há tempo para tudo: para atividades
concentradas e descontraídas, individuais e cole-
tivas, silenciosas e interativas, em áreas internas
e áreas externas.
• A escola nos ensina meios de evitar a desordem,
o desperdício e o desrespeito.
• Diante do risco de bullying infantojuvenil: iden-
tificar, prevenir, conscientizar.
• Não negligenciar as situações de agressão, dis-
Primeiro dia de aula: momento inesquecível. criminação ou deboche.
https://parenting.firstcry.com/articles/contribution-how-
to-make-your-childs-first-day-to-school-a-memorable-one/ • Tratar os conflitos com soluções de paz, rear-
monização e respeito.
• A escola valoriza o pensamento individual e o
trabalho em equipe. • Indicar aos alunos canais de comunicação e de
apoio na escola.
• A escola respeita a diversidade e a heterogene-
idade dos alunos. • A escola é um lugar de interações, aprendizados
e trocas.
• Na escola não somos surpreendidos a cada mo-
mento: há organização e rotina. • A escola nos prepara para superarmos desafios,
nos instiga a irmos além.
A rotina em uma escola pode, por exemplo, in-
cluir momentos de: aprendizagens em sala de • Desafios não são perigosos quando mediados
aula (via jogos, conversações, leitura, escr ita); por pessoas responsáveis.

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A escola não era como o Monstro das Cores imaginou: assustadora.
Tanto que ele já se prepara, alegremente, para voltar à escola no dia seguinte.

Diálogo final
mediado pelo professor
Por meio desta leitura percebemos que tivemos acesso a muitas emoções.

O que será, então, que quer dizer a expressão: “Foi um grande dia!”

Voltem a essa página. Observem, antes de responder, os gestos, semblantes e proximidade entre os per-
sonagens na ilustração final. Agora sim, após a releitura das cenas e textos, motive os alunos, professor(a),
a responderem oralmente, compartilhando impressões com os colegas.

Foi um dia muito especial! Repleto de novidades e descobertas. Coisas incríveis couberam na rotina es-
colar nesse primeiro dia de aula do Monstro. Houve sim receio e medo, mas também a chegada de novas
experiências e vivências, algumas divertidas aventuras, momentos de descontração, satisfação, leveza,
alegria, integração social e carinho mútuo.

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Interlocução
Projeto “Conta-me um Conto”

Ninguém está livre de sentir medo. Em qualquer autoconhecimento, autocontrole, autoestima,


idade. Crise de choro pode ter raiz em um tipo de socialização, evasão escolar, repetência, respeito
medo? E enjoo? Insônia? Pesadelo? Há quem tenha a si mesmo e ao outro, sentimento de rejeição,
medo de ficar sozinho? Medo de escola? Medo de agressividade, isolamento, nervosismo, ansiedade,
palhaço? Medo de escuro? Medo de insetos? Medo mal-estar, fobias, sensação de desemparo ou
de temporal e raios? Medo de fantasmas? insegurança etc. E há obras literárias infantojuvenis
que trabalham direta ou indiretamente com a
Valer-se da temática “medo” – medos diversos, abordagem da educação emocional.
infantis e/ou juvenis, medos grandes e pequenos,
reais e imaginários, compreensíveis ou complexos, Sendo assim, dada a relevância do assunto, livros
perceptíveis ou invisíveis. Promover leituras e diálo- com temáticas cognitivas, psicológicas e emocionais
gos. Traçar um mapeamento dos tipos de medo e o são bem-vindos na escola, uma vez que medos po-
que os desencadeia. Dialogar com os alunos sobre dem levar a transtornos de comportamento, à an-
seus medos. siedade ou até mesmo à fobia escolar ou social.

Qual a melhor forma de lidar com o medo? Na Objetivos: Inserir novas leituras na rotina escolar,
infância, por exemplo, conversas frequentes, apoio promovendo interlocução com outras abordagens
psicológico (familiar ou profissional), tratar os e histórias, personagens e problemáticas – isso
medos com naturalidade e nunca ignorá-los. Em por ocasião da chegada e mediação de leitura de O
alguns casos, ajudar as crianças a sair da fantasia Monstro das Cores vai à escola.
ou pesadelo mental pode contribuir para que as
mesmas superem temores íntimos. Em outros casos, Seguem algumas dicas de leitura:
dinâmicas cognitivas comportamentais podem
trazer bons resultados, afinal, o ser humano carrega O Monstro das Cores, livro idealizado pela
em si a capacidade de adaptar-se e readaptar-se. mesma autora de O Monstro das Cores vai à escola,
a espanhola Anna Llenas, convida as crianças
O medo pode ser justificável – medo, por exemplo, e os leitores de todas as idades a observarem,
de cachorro, por já ter sido mordido – ou também intimamente, a riqueza e a variação das nossas
pode ser algo ilusório – medo dos pais irem embo- emoções. Era uma vez um simpático monstrinho
ra e nunca mais voltarem. Tanto faz. Porque medo que por vezes não sabia ao certo o que estava
é medo. Sempre parece real. Por isso, o corpo e a sentindo... Nesses dias ele fazia uma bagunça com
mente podem ser treinados a relaxar e a vivenciar as emoções e ficava sem saber como arrumá-las ou
dinâmicas positivas nesses momentos de tensão – identificá-las. Como saber se dentro dele há espaço
musicais, narrativas, ou rodas de conversa. para a raiva, tristeza, calma, felicidade ou medo?
E quanto ao amor? O Monstro das Cores é um
Para cada resposta emocional intensa relacionada ao delicioso conto ilustrado sobre o funcionamento da
medo pode haver uma forma mais realista, segura e mente, o efeito das emoções e dos pensamentos em
otimista de agir frente às dificuldades ou receios. nosso sentir e viver. Experimente essa leitura!

O tema educação emocional é bem amplo, abrange Quem não tem medo? Nós conversamos sobre
temas, autores, situações reais e imaginárias, nossos medos? Ou o medo fica escondido?
além de assuntos relevantes como bullying, Podemos ter medos grandes e pequenos, reais

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e imaginários? Pensando nesse tema, a autora perigosas etc.. Medo pode ser algo que nos protege
Raquel Cané escreveu O livro do medo. Para ter de perigos. Medo pode ser algo ameaçador. Mas e
acesso a uma contação dessa história visite o canal se a gente encarar o medo, o que acontece? Essa
Vereda dos Textos: https://www.youtube.com/ leitura nos ajuda a descobrir, imaginar, refletir.
watch?v=cm-OaUIe3Ok.
Essas são apenas algumas sugestões livres, de
Eu não tenho medo, de Todd Parr, aborda os me- incremento ao diálogo, interação e vínculo
dos e o que é capaz de nos tranquilizar. Afinal, para professor-aluno.
todo temor existem soluções que potencialmente
nos acalmam, e diante de sensações ruins somos Afinal, leituras literárias podem ser fomentadoras
capazes de refletir boas saídas. As fobias evocam de pensamentos, emoções e sensações. Depois de
inseguranças ou até mesmo pânico, mas diante de algumas leituras abre-se um espaço propício para a
problemas também nos deparamos com oportuni- formação de opinião, manifestação de experiências
dades para a conscientização de emoções, troca de pessoais e escuta coletiva.
ideias e mapeamento do que cria bem-estar, tran-
quilidade, autoconfiança, segurança, alegria. Enfim, Procure na biblioteca escolar livros que tratem do
para medos reais ou imaginários há soluções men- autocontrole, do apoio comunitário, do respeito aos
tais possíveis. sentimentos alheios, das vivências na infância, da
construção de relações saudáveis, da autoestima, de
Quem tem medo de quê?, de Ruth Rocha, aborda comportamentos equilibrados ou de disfunções etc.
situações exóticas e muito divertidas. A essência Tudo isso vai contribuir para manter acesa a atenção
desse livro está no humor, visto como o melhor e despertar o empenho espontâneo dos alunos.
meio de enfrentar os medos. Já na obra Quem tem
medo do novo?, da mesma autora, o medo é visto Para aulas bilíngues sugerimos: I love school, de
como algo natural e que nos traz lições altruístas. Tracey Corderoy, Editora Tiger Tails, lançamento
em 2020. Nesse livro, Otto é um pequeno rinoce-
Sinopse: Todo mundo tem medo — e isso pode ser ronte que adora aprender e descobrir coisas novas,
até bom. O que a gente não precisa é ter medo das seja em casa, nos museus ou no mundo, e Otto não
coisas que não existem. Nos livros dessa série, as- vê a hora de ir para a escola!
sinada por Ruth Rocha, você vai poder conversar
sobre seus medos — os mais secretos. E descobrir Na obra All are welcome, de Alexandra Penfold e
outros (medos) que nem imaginava que existiam. E, Suzanne Kaufman, é abordado não só o primeiro
principalmente, vai aprender que às vezes o humor dia de aula e o momento de boasvindas a todos
é a melhor maneira de enfrentá-los. os alunos no ambiente escolar, como o respeito à
diversidade cultural. A mensagem principal é a de
Quando sinto medo, de James Misse, trata dos que “todos são bem-vindos”, “todos fazem parte de
grandes segredos e de variados medos: medo de uma comunidade”, independente de credo, origem
monstro, medo de dizer que tem medo, medo de (país), costume, raça, sexo.
cachorro, medo de atravessar a rua, medo de coisas

Textos: Ana Paula Mathias de Paiva

Praça Comendador Negrão de Lima, 30 D


Floresta - CEP: 31015 310 | Belo Horizonte/MG | Brasil

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