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CLARICE - No mundo inteiro? Nova York não é o bastante? (Ri).


AS RAINHAS DO SHOW BARNUM - Eu sonho alto, Clarice. Serei alguém na vida. Terei um
Obra criada a partir do Musical “The Greatest Showman”
Versão: Fausto Soares show só meu.

CLARICE (criança) - Só seu? (Ri)


CENA 1
BARNUM (criança) - Pode rir. Vou trabalhar muito. Eu não nasci em
(Os personagens do Show entram lentamente. Eles são seres que berço de ouro como você.
vivem escondidos da sociedade. Quando começa “The Greatest
Show”, eles tiram as suas amarras e fazem um espetáculo. Apenas CLARICE (criança) - Não precisa falar assim.
Barnum, Helen e Clarice ficam em cena).
HELEN (criança) - Ei, vocês duas, lembrem-se que nosso trio é
BARNUM - Meu nome é Barnum. Hoje, uma das Rainhas do Show. eterno. Vamos conquistar o mundo juntas. Eu tenho uma ideia
Mas nem sempre foi assim. Desde criança, conheci a ojeriza dos muito melhor. Em vez da Barnum abrir um show só dela,
poderosos por gente pobre como eu, sem títulos ou dinheiro poderíamos abrir um de nós três: As Rainhas do Show! O que
suficiente para dormir no topo da pirâmide. Mas eu era uma acham? (As três riem. As seis cantam um trecho da música).
sonhadora incorrigível.

CLARICE - Eu, Clarice, nascida em berço de ouro, fui


CENA 2
“contaminada” pelas ideias de Barnum, decidi embarcar nesse
sonho e fazer o nosso show acontecer. Desde criança, nossas BARNUN (olhando ao redor do picadeiro) - Foi aqui que tudo
diferenças não impediram que formássemos uma grande amizade. começou. Nesta arena vazia, sem vida, abandonada.
Eu queria ser como ela: astuciosa e corajosa, mas tinha medo de
HELEN - Era apenas uma ideia: um circo que iria além dos
encarar a minha família.
espetáculos comuns. Queríamos o que era “anormal”.
HELEN - É aí que eu entro. Eu sou Helen, o equilíbrio, tenho que
CLARICE - Não queríamos pessoas comuns. Precisávamos dos
puxar Barnum do céu para a terra, e fazer Clarice voar. Aos 18 anos
artistas escondidos, daqueles que a sociedade não aceita. (Elas
decidimos realizar o nosso sonho. Foi difícil, foi insano. Mas era
começam a gritar e anunciar em praça pública, com cartazes nas
como se estivéssemos dançando no topo do mundo. (Instrumental
mãos que precisam de artistas exóticos, que viviam escondidos por
de “A Milion Dreams”. As 3 versões da infância entram).
conta do preconceito. Ao mesmo tempo, entram em cena os
BARNUM - Um dia serei famosa e respeitada no mundo inteiro. personagens do Show. Cada um se apresenta. A cada fala, as
rainhas dizem “tenho uma oferta para você”).
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BOB COELHA - Eu sou a Bob Coelha. Vocês já devem imaginar: alguns meses eu jamais teria coragem de dizer que sou o artista
algumas anomalias começaram a surgir no meu corpo, minhas que sou.
orelhas cresceram, minhas mãos foram tomadas por pêlos e meus
CHELA - Meu nome é Chela. Sou a equilibrista do circo. Antes vivia
sentidos foram aflorados.
escondida porque as pessoas viviam zombando da minha condição
TRISTEZA - Eu sou Tristeza e minha vida era só lamentação. Ainda felina. Isso mesmo, por algo desconhecido, aos poucos, fui me
é em alguns momentos. Tudo isso porque me achava estranha por transformando em uma gata.
possuir um dom: falar com os animais. Aqui, todos aplaudem as
DENG YAN - Sou a Dengyan. As pessoas não aceitavam a minha
minhas habilidades.
cultura e meus comportamentos “diferentes”. Parece que o Oriente
BELLA - Eu sou Bella e sofro por nunca envelhecer. Uso esses não é querido na América do século XIX. Por isso, sempre vivi
cabelos brancos. Com o passar dos anos, apareceram rugas e sozinha. Ainda que possuísse uma grande capacidade: ver o futuro.
descobri que envelheço muito mais rápido. Aqui, fui colocada como
HANNA - Eu sou a Hanna. As pessoas me olham de maneira
uma imperadora.
estranha. Ainda que tentem disfarçar, a minha cor da pele
BLENDA - Eu sou Blenda, uma Bailarina nada comum. Tenho que diferente incomoda muita gente. Mas aqui sou vista como uma
treinar sozinha em casa, pois não me aceitam por ter pernas de obra de arte.
madeira. Todos na escola me chamavam de Pinocchio e não
ANNE - Eu sempre gostei de ser diferente, ter um cabelo colorido,
acreditavam que eu poderia dançar.
usar objetos que ninguém tem coragem. Minha família me via
BEVLIN - Eu sou o Bevlin, mas todos me conhecem como corcunda como a filha “perdida”. Mas eu me encontrei, no trapézio do circo
de Notre Dame. Isso não é engraçado, já foi muito doloroso. Mas eu me encontrei. Eu sou a Anne Wheele.
não me impediu de desenvolver minhas habilidades como uma
LETTIE - A minha questão não preciso nem dizer, está literalmente
grande mágico.
na minha cara. Sou a Lettie, ou melhor, a Mulher Barbada. Por
MABEL - Sou Mabel. Muitos acham estranho porque fico com o muitos, muitos anos, vivi escondida até que… (canta uma música
meu fone o dia todo. Eu tenho uma super audição. E isso me faz até perceber que todos as olham).
ouvir o quero, mas também o que não quero. Isso era assustador,
BARNUM - Você é incrível! Tenho uma oferta para você: que tal ser
mas aqui, a minha perturbação virou uma grande atração.
a nossa grande estrela?
RIGUS - Sou o Rigus, um dos melhores músicos do mundo, mesmo
(Trecho de algumas das músicas do espetáculo. Eles mostram as
não enxergando quase nada (faz um solo de um instrumento). Essa
suas habilidades e vão saindo).
é a primeira vez que sou tratado como um grande artista. Há
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CENA 3 CENA 4

(A Rainha Vitória, Jenny e o crítico Abraxas falam sobre o FRANCINE - Olá, meu nome é Francine Carllay. Sou da família mais
momento em que se passa a história). poderosa da cidade e sei que o meu sobrenome abriu muitas
portas. Mas sou uma empresária de sucesso também pela minha
RAINHA - Estamos no final do século XIX e eu, a Rainha Vitória,
habilidade de enxergar além. Quando Barnum me procurou,
sou a mulher mais poderosa do mundo. Ainda que a América ache
inicialmente, fui bastante cético quanto ao sucesso do show. Eu
que é o novo centro, ainda falta muito para chegar ao nosso
sabia que abraçar essa ideia seria comprar uma enorme briga com
requinte.
a minha família.
JENNY - Tal requinte muitas vezes é uma artimanha para esconder
BARNUN - Precisamos de você para ter o respeito de todos, e você
o preconceito da nossa sociedade. Aqui em Londres ou em Nova
precisa de nós para viver de verdade.
York, o mundo não aceita o diferente. Estamos em 1893 e ainda
temos muito a evoluir. Será que precisaremos de mais quantos FRANCINE - Eu não posso jogar tudo o que tenho no lixo.
anos?
CLARICE- Você não tem nada se não pode ser o que é.
ABRAXAS (entra gritando) - Aberrações. Aberrações, rainha! Um
Circo de horrores. FRANCINE - É verdade que, muitas vezes, sinto que não pertenço a
esse mundo da nobreza.
RAINHA - Do que está falando, Abraxas?
HELEN- Então venha com a gente! Eles vão dizer que enlouqueceu,
ABRAXAS - Gente de tudo que é cor, com traços animalescos, não se importe.
anões, gigantes, paranormais e até… uma mulher com barba! (A
rainha dá uma gargalhada) - Está rindo, majestade? FRANCINE - É isso! Eles podem dizer que enlouqueci… Eu não me
importo… ou me importo?
RAINHA - Estava apenas imaginando a cena. Mas onde é isso que
você retratou? BARNUN - Venha para o nosso show! Aceite a nossa oferta.

ABRAXAS - Um circo de horrores em Nova York está fazendo o (Eles dançam “The Other Side”).
maior sucesso. Absurdo! PHILLIP – Aceito a oferta.
JENNY - Nova York? Sempre quis conhecer.

ABRAXAS - Ouviu o que eu disse, Jenny? Um Circo de horrores! CENA 5 - AS CAPAS DE JORNAL

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