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DE CONCRETO
ARMADO II
“
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salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a
emissão de conceitos.
ESTRUTURAS DE CONCRETO
ARMADO II
PROF. JOÃO HENRIQUE DE FREITAS
SUMÁRIO
AULA 01 RESERVATÓRIO 05
AULA 02 ESCADA 17
AULA 04 BLOCOS 49
INTRODUÇÃO
AULA 1
RESERVATÓRIO
Segundo a NBR 5626 (1998) em seu item 5.2.4.8 os reservatórios para água potável
não devem ser apoiados diretamente no solo ou quando enterrados, não devem ter
contato direto com o solo, evita-se, assim, a contaminação proveniente do solo. Em
casos em que é impossível atender tal exigência, procura-se executá-los dentro de
um compartimento com distância entre as faces externas e as faces internas do
reservatórios deve estar a 60cm do compartimento.
Geralmente os reservatórios se apoiam nos pilares do edifício, ou quando estão no
nível do terreno apoiam-se em vigas baldrames. Uma vez definido o volume de água
a ser reservado no reservatório e considerando a folga necessária para instalação
de bóias e da tubulação de descarga de segurança, determinam-se as dimensões do
reservatório, limitando-se usualmente sua altura a cerca de 2 metros a 2,5 metros
(VASCONCELOS, 1998).
É importante destacar que a altura desses reservatórios não deve ultrapassar 3
m, evitando esforços exagerados nas lajes de fundo. Quando a altura do reservatório
ultrapassa 3 m é necessário realizar análises por meio de modelos numéricos (elementos
finitos), obtendo, assim, uma melhor interpretação do comportamento do reservatório.
A figura 3 destaca a altura que projetamos nosso reservatório.
Para Souza e Cunha (1994), as caixas d’água usuais de edifícios são, em geral, de
pequena capacidade, aproximadamente, 100 m³, para o volume de 500 m³ podemos
classificar como de médio porte, para volume superiores a 500 m³ podemos dizer que se
trata de um reservatório de grande dimensão. Quanto à sua subdivisão interna, ou seja,
divisão em células que, por sua vez, trata-se de colocação de paredes intermediárias
de modo a reduzir as dimensões das lajes que as compõem.
Como mencionado anteriormente é indicado que o reservatório tenha mais de uma
célula, as células facilitam a condição de limpeza e inspeção. A figura 4 destaca um
reservatório com duas células.
As ligações entre paredes e fundo devem ser dotadas de mísulas visando (figura 5):
• Aumentar a rigidez da ligação entre as paredes;
• Reduzir os riscos de fissuração;
• Facilitar a aplicação da impermeabilização.
As dimensões usuais das peças dos reservatórios d’água são mostradas na figura
6. Em que h1, h2 e h3 são as espessuras respectivamente da tampa, parede e fundo.
Observe que a figura 6 se trata de um reservatório enterrado:
• Tampa h1= 7 cm;
• Parede h2= 15 cm
• Fundo h3= 15 cm
a pressão hidrostática que atua sobre as paredes bem como o empuxo do solo, se
assim for necessário.
Souza e Cunha (1994) destacam que, para reservatórios enterrados ou semi
enterrados, demonstrados na figura 7, deve-se considerar na tampa o peso próprio
dos elementos, cargas de solo e carga acidental. Para as paredes, atuam o empuxo
de terra (Es) e quando o nível do lençol freático se encontra acima do fundo do
reservatório, tem-se o empuxo de água (Ea), e a subpressão, além da pressão interna
(pa). Entretanto, quando há possibilidade de construções futuras (retirada do solo
adjacente ao tanque), deve-se desconsiderar a parcela de empuxo favorável em volta
do reservatório e considerar apenas o empuxo da água que atua internamente.
Figura 7: Reservatório, com empuxo de solo (Es), Empuxo de água (Ea), Reação do solo, Pressão interna (pa) e Cargas externas.
Fonte: elaborado pelo autor.
O projeto estrutural estabelece condições de contorno que uma estrutura deve ter
para que seja possível sua execução, como as questões de segurança, condições
de utilização, condições econômicas, estéticas, questões ambientais, condições
construtivas e restrições legais. Por tal motivo, existem algumas etapas que o projeto
estrutural explora para, ao final do processo, representar as especificações da estrutura
de forma completa (Martha, 2017).
Para reservatórios que não estão em contato com o solo, sendo eles elevados
ou enterrados com proteção externa, conforme a NBR 5626 (1998) descreve, as
paredes e o fundo são analisados como lajes com carregamento hidrostático atuando
perpendicularmente ao seu plano. Nesse caso, a vinculação a ser considerada para
as paredes é de três lados engatada e a borda superior apoiada. A laje do fundo é
considerada como engastada em suas quatro bordas com as paredes. Já a laje da
tampa pode ser analisada como simplesmente apoiada sobre as paredes, podemos
verificar tal condição na figura 9 (Kuehn, 2002).
a)
b)
Em que
pp: Pressão sobre a tampa;
pa: Pressão devido ao empuxo de água.
Além dos esforços de flexão, também atuam esforços de tração, que podem ser
determinados por meio de regras empíricas de distribuição das ações ou por meio de
coeficientes tabelados, existentes na literatura a respeito da distribuição das reações
de apoio das lajes (figura 9) (VASCONCELOS, 1998).
AULA 2
ESCADA
Vão Espessura
L≤3m 10 cm
3m <L≤4 m 12 cm
4 m <L≤5 m 14 cm
O revestimento da escada:
Temos que considerar uma carga uniformemente distribuída de revestimento inferior,
somado com a carga de revestimento do piso, costumam ser adotados valores no
intervalo de 0,8 kN/m² a 1,2 kN/m² (figura 4). Porém, recomenda-se realizar uma
análise prévia dos materiais, pois podemos ter alguns materiais empregados para o
revestimento que possuem valores de ações mais altos do que o convencional, como,
por exemplo, o mármore, aconselha-se utilizar um valor maior.
Os valores mínimos para as ações de uso, especificados pela NBR 6120/2019, são
os seguintes:
• Escadas com acesso público: 3,0 kN/m2;
• Escadas sem acesso público: 2,5 kN/m2.
Segundo Melges (1997) quando uma escada for constituída em degraus isolados,
deve-se realizar uma análise supondo uma força concentrada de Q=2,5 kN, aplicada
na posição mais desfavorável (figura 5a). Como exemplo, para o dimensionamento
de uma escada com degraus isolados em balanço, além da verificação utilizando-se
ações permanentes (g) considera-se uma força concentrada (Q), ilustrada na figura 5.a.
No entanto, este carregamento não deve ser considerado na composição das ações
que estão agindo na viga que suporta os degraus, a qual deve ser dimensionada para
as ações de uso, juntamente com as ações permanentes, figura 5.b.
Figura 5: a) - Degraus isolados em balanço considerando-se a força concentrada variável Q; b) Ações a serem consideradas no dimensionamento da viga.
Fonte: elaborado pelo autor.
Conforme Melges (1997) quando a ação do gradil, mureta ou parede não está
aplicada diretamente sobre uma viga de apoio, ela deve ser considerada no cálculo da
laje (laje que compõe a escada). A rigor esta ação é uma força linearmente distribuída
ao longo da borda da laje. No entanto, esta consideração acarreta um trabalho que
não se justifica nos casos comuns. Sendo assim, uma simplificação que geralmente
conduz a bons resultados consiste em transformar a resultante desta ação em outra
uniformemente distribuída, podendo ser somada às ações anteriores. O cálculo dos
esforços é feito, então, de uma única vez.
O peso do gradil varia, em geral, fica compreendido entre os valores de 0,3 kN/m
a 0,5 kN/m.
Referente a mureta ou parede, temos que essa ação depende do material empregado:
tijolo maciço, tijolo cerâmico furado ou bloco de concreto. Os valores usuais, incluindo
revestimentos.
Segundo a NBR 6120/2019, ao longo dos parapeitos deve-se considerar as seguintes
ações, carga horizontal de 0,8 kN/m na altura do corrimão e uma carga vertical mínima
de 2 kN/m, conforme a figura 6.
isolados engastados em viga reta. Vamos discutir alguns detalhes do projeto, bem
como seu comportamento para o dimensionamento.
Segundo Araújo (2014), a posição dos apoios define a direção da armadura principal
da escada, que pode ser armada longitudinalmente, transversalmente ou nas duas
direções.
São compostas pelo vão teórico (L) e ação distribuída uniformemente (p), os esforços
máximos, dados por unidade de comprimento, são:
Melges et al. (1997) recomenda que se utilize a espessura h1, para dimensionamento,
visto que não se dispõe da espessura (Hm) em todos os pontos da escada, ou seja,
para os trechos que não têm degraus temos a espessura inferior a (Hm).
Conforme Melges (1997) quando temos valores de (L) dentro de padrões
convencionais , a taxa de armadura de flexão resulta em valor inferior ao encontrado
pela mínima (asmín). No cálculo da armadura mínima, recomenda-se usar h1.
asmín = 0,15% bw.h1;
sendo h1 ≥ 7 cm.
Permite-se usar também a espessura h, mostrada na figura 7, por ela ser pouco
inferior a h1.
Segundo Melges (1997) o peso próprio é em geral avaliado por (m²) de projeção
horizontal. É pouco usual a consideração da força uniformemente distribuída por (m²)
de superfície inclinada, figura 9. Conforme a notação indicada na Figura 8, o momento
máximo, dado por unidade de largura, é igual a:
(pL2) (pi Li2)
m= ____ ou m= ______
8 8
Onde:
L= Vão na direção horizontal;
Segundo Melges (1997) os esforços são calculados utilizando-se tabelas para ações
verticais e considerando-se os vãos medidos na horizontal. Este tipo de escada está
ilustrado na figura 10. Para o dimensionamento, na direção transversal, pode-se utilizar
a altura h1 no cálculo da armadura mínima. Já na direção longitudinal utiliza-se a
altura h. O cálculo das vigas horizontais não apresenta novidades.
Nas vigas inclinadas, as ações são admitidas verticais por metro de projeção
horizontal e os vãos são medidos na horizontal.
Para este tipo de escada, são possíveis várias disposições conforme mostra a
Figura 11. O cálculo consiste em se considerar a laje como simplesmente apoiada,
lembrando que a ação atuante no patamar em geral é diferente daquela atuante na
escada propriamente dita.
A reação RB pode ser dada pela composição das compressões Ce e Cp, que ocorrem
na escada e no patamar, respectivamente. Essas compressões podem ocorrer em
função das condições de apoio, nas extremidades da escada.
Para este tipo de escada, temos que uma de suas extremidades é engastada e a
outra é livre. Na figura 14, o engastamento da escada se faz na viga lateral, destaca-
se que o cálculo da laje é simples, sendo armada em uma única direção, com barras
principais sendo superiores (armadura negativa).
Para estes casos, a prática demonstra que é interessante adotar dimensões mais
robustas que as mínimas estaticamente determinadas, pois o baixo peso próprio
deste tipo de escada pode ser responsável por problemas de vibração na estrutura.
Os degraus podem também ser engastados em uma coluna, que, neste caso, estará
sujeita à flexão composta.
AULA 3
ELEMENTO DE
FUNDAÇÃO: SAPATA
A sapata é definida segundo a NBR 6122 (item 3.2) como o “elemento de fundação
superficial, de concreto armado, dimensionado de modo que as tensões de tração
nele resultantes sejam resistidas pelo emprego de armadura especialmente disposta
para esse fim.”.
Na NBR 6122/2019 (item 22.6.1), sapata é definida como as “estruturas de volume
usadas para transmitir ao terreno as cargas de fundação, no caso de fundação direta.”.
Na superfície correspondente à base da sapata atua a máxima tensão de tração, que
supera a resistência do concreto à tração, de modo que torna-se necessário dispor
de uma armadura resistente, geralmente na forma de malha (figura 3).
É recomendado dimensionar sapatas com altura grande o suficiente para evitar a
armadura transversal (vertical) resistente às forças cortantes, que também atuam na
sapata, para esse tipo de dimensionamento vamos adotar as sapatas rígidas.
Figura 3: a) Sapata em corte, com a representação da armadura do pilar (As) e armadura na base da sapata (Asx) b) Sapata em planta com a representação
da malha de armadura (Asx) e (Asy) .
Fonte: elaborado pelo autor.
Figura 5: Radier representado por grelha equivalente e apoiado no solo através de coeficientes de mola.
Fonte: elaborado pelo autor.
Segundo Basto (2019) a sapata está sujeita a algumas ações, sendo elas em sua
grande totalidade a força normal (N), os momentos fletores em uma direção ou duas
direções (Mx;My) e a força horizontal em uma direção ou duas direções (Hx;Hy) conceito
ilustrado na figura 7.
No caso de sapata isolada sob pilar de divisa, e quando não se faz a utilização
da ligação da sapata com um pilar interno (viga de equilíbrio, por exemplo), a flexão
devido à excentricidade (e) do pilar em relação ao centro de gravidade da área da
base da sapata deve ser combatida pela própria sapata em conjunto com o solo. São
encontradas em muros de arrimo, edificação de pequeno porte, etc. (figura 8).
Sapata Corrida
Conforme a NBR 6122-2019, sapata corrida é aquela que está sob ação de uma
carga distribuída linearmente ou de pilares ao longo de uma mesma linha, figura 10.
As sapatas corridas possuem maior aplicação em construções de pequeno porte,
galpões de pequena altura, muros de divisa e de arrimo em algumas condições. Se
caracteriza como uma solução econômica e de rápida execução, porém, é indicada
para solo com boa capacidade de suporte para as profundidades iniciais.
Sapata Associada
Segundo a NBR 6122 (2019), sapata associada é aquela que recebe a carga de
mais de um pilar, também chamada de sapata combinada ou conjunta. Podemos ter
tal situação em uma obra quando existe a proximidade entre os pilares. Não sendo
viável construir uma sapata isolada para cada sapata. Neste caso, uma única sapata
pode ser projetada como a fundação de receber dois ou mais pilares (figura 11).
É descrito, segundo a NBR 6122 (2019), como o elemento estrutural que recebe
as cargas de um ou dois pilares e é dimensionado de modo a transmiti-las centradas
para as fundações.
A utilização de viga de equilíbrio serve para equilibrar a excentricidade existente
em um dos pilares, resultando em diferentes cargas no elemento de fundação. A
reação (R1) gerada pelo pilar (P1) compensará a reação (R2) gerada pelo pilar (P2)
temos um princípio de estática (viga de equilíbrio figura 12). Sua aplicação é comum
Cintas, ou baldrame
As fundações isoladas devem ser, sempre que possível, ligadas por cintas em
duas direções ortogonais (figura 13). Segundo Velloso e lopes (2012) as cintas são
responsáveis por:
• Impedir deslocamentos horizontais das fundações;
• Limitar rotações (absorvendo momentos) decorrentes de excentricidades
construtivas;
• Definir o comprimento de flambagem do primeiro trecho de pilares, no caso
de fundações profundas ou de sapatas implantadas a grande profundidades;
• Servir de fundação para paredes no pavimento térreo.
Figura 13: a) Planta baixa das sapatas conectadas por cintas; b ) Corte do esquema estrutural: cinta e sapatas.
Fonte: elaborado pelo autor.
onde:
h = altura da sapata;
A = dimensão da sapata em uma determinada direção;
ap = dimensão do pilar na mesma direção.
Se tg β < 0,5 a sapata é considerada flexível, e se tg β > 1,5 não é sapata, e sim,
bloco de fundação direta (aquele que dispensa armadura de flexão porque o concreto
resiste à tensão de tração máxima existente na base do bloco) (BASTO, 2019).
Segundo Bastos (2019) a tensão ou pressão de contato que a área da base de uma
sapata exerce no solo é fundamental na interpretação da interação base da sapata-solo.
Alguns estudos analíticos e de campo apontam que a tensão de contato sapata solo
não é necessariamente distribuída uniformemente, e depende de alguns fatores, como:
• existência de excentricidade do carregamento aplicado;
• Intensidade de possíveis momentos fletores aplicados;
• Rigidez da fundação;
• Propriedades do solo;
• Rugosidade da base da fundação.
Figura 16: Distribuição de pressão no solo em sapata sob carga centrada: a) sapata flexível sobre argila; b) sapata flexível sobre areia; c) sapata rígida
sobre argila; d) sapata flexível sobre areia; e) distribuição simplificada.
Fonte: Bastos, 2019.
Segundo Bastos (2019) a NBR 6118/2014 considera que, no caso de sapata rígida,
pode-se considerar plana a distribuição de tensões no contato sapata-solo, caso não se
disponha de informações mais detalhadas. Para sapata flexível ou em casos específicos,
mesmo com sapata rígida, essa hipótese deve ser analisada. A NBR 6118/2014 diz que
sapata flexível necessita de análise da distribuição de tensões no contato sapata-solo.
Por fim, recomenda-se que a área da fundação solicitada por cargas centradas deve
ser tal que as tensões transmitidas ao terreno, admitidas uniformemente distribuídas,
sejam menores ou iguais à tensão admissível ou tensão resistente do solo.
Detalhes Construtivos
Figura 20: Momentos fletores, para cada direção, em relação a uma seção de referência (S1A ou S1B).
Fonte: elaborado pelo autor.
AULA 4
BLOCOS
Conforme a NBR 6118/2014, no item 22.7, tem-se que os blocos são estruturas
de volume usadas para transmitir às estacas e aos tubulões as cargas de fundação,
podendo ser considerados rígidos ou flexíveis por critério semelhante estudado para
sapatas. Os blocos podem ser apoiados sobre um número (n) qualquer de estacas,
sendo mais comuns os blocos sobre uma, duas ou três estacas, estes são mais usuais
nas estruturas convencionais, ou seja, cargas relativamente baixas.
Porém, pode-se destacar que fatores como, características do solo, capacidade da
estaca e carga do pilar também estão vinculados ao número de estacas no bloco.
Nas edificações de pequeno porte, como galpões, casas térreas e sobrados, os
blocos sobre duas estacas são os mais comuns, podendo ter bloco sobre uma estaca
também, pois a carga proveniente do pilar é comumente de baixa intensidade.
Nos edifícios de múltiplos pavimentos, como as cargas são altas, a quantidade
de estacas é de, no mínimo, três. Há também o caso de bloco assente sobre tubulão,
para esta situação o bloco atua como elemento de transição de carga entre o pilar e
o fuste do tubulão (Figura 1).
A NBR 6118 discute sobre o bloco flexível, em que deve-se realizar uma análise
contemplando a distribuição dos esforços nas estacas, considerando os tirantes de
tração, até a necessidade da verificação da punção entre estaca e bloco.
A Figura 2 mostra as duas bielas de compressão inclinadas atuantes nos blocos
sobre duas estacas.
A NBR 6118 descreve no item 22.7.3 que, para o cálculo e dimensionamento dos
blocos, são aceitos modelos tridimensionais lineares ou não lineares e modelos de
biela e tirante, além disso, a NBR 6118 destaca que na região de contato entre o pilar
e o bloco, pode ocorrer efeito de fendilhamento que, por sua vez, deve ser considerado,
conforme descrito no item 21.2.
Segundo Bastos (2020) o modelo de bielas e tirantes é definido com as seguintes
características: a biela é a representação do concreto sendo comprimido e o tirante
é a região onde tem-se tensões de tração, ou seja, onde serão acrescentadas as
armaduras tracionadas, ver figura 3.
Nos casos em que houver excentricidades significativas ou ação de força horizontal
de grande magnitude, o modelo de biela-tirante deve contemplar a interação solo-
estrutura acompanhado por análise do comportamento do bloco-estaca.
Conforme Bastos (2020) os modelos de cálculo mais utilizados para o
dimensionamento de blocos sobre estacas são o “Método das Bielas” desenvolvido
por Blévot em 1967 e o do CEB-70. O Método das bielas e tirante e o método do
CEB-70 devem ser aplicados somente para blocos rígidos. Para blocos flexíveis, são
aplicados métodos aplicáveis em vigas ou em lajes.
Figura 3: Biela atuando no concreto, região comprimida e o tirante região onde tem tensões de tração.
Fonte: elaborado pelo autor.
Segundo Bastos (2020) o método das Bielas proposto por Blévot considera uma
treliça como o modelo resistente no interior do bloco sobre várias estacas ou para
blocos sobre duas estacas. As forças atuantes nas barras comprimidas da treliça são
resistidas pelo concreto e as forças atuantes nas barras tracionadas são resistidas
por barras de aço (armadura).
A principal incógnita do modelo é a definição das bielas comprimidas (forma,
dimensões, inclinação, etc.), o que foi resolvida com as propostas por Blévot (1967).
Segundo Bastos (2020) o método das Bielas é recomendado quando:
a) O carregamento é quase centrado. O método pode ser empregado para
carregamento não centrado, admitindo-se que todas as estacas estão com a
maior carga, o que tende a tornar o dimensionamento antieconômico;
b) Todas as estacas devem estar igualmente espaçadas do centro do pilar. O
Método das Bielas é o método simplificado mais empregado, porque:
• Tem amplo suporte experimental (116 ensaios de Blévot, entre outros);
• Ampla tradição no Brasil e Europa;
• O modelo de treliça é intuitivo.
Segundo Bastos (2020) o bloco sobre uma estaca tem por princípio transferir a carga
do pilar para a estaca, sendo necessário por razões de ordem construtivas, devido a
não proporcionalidade entre a base do pilar e a cabeça de estaca. A Figura 4 mostra a
situação, onde o bloco faz a transferência de carga do pilar de seção retangular para
a estaca de seção circular, situação de maior ocorrência.
Segundo Bastos (2020) o bloco também é importante para a locação correta de
pilares, chumbadores metálicos, correção de pequenas excentricidades da estaca,
uniformização da carga sobre a estaca, etc. A armadura principal consiste de estribos
horizontais fechados, para resistência ao esforço de fendilhamento, e estribos verticais
construtivos, nas duas direções do bloco.
Figura 4: Bloco faz a transferência de carga do pilar de seção retangular para a estaca de seção circular.
Fonte: elaborado pelo autor.
Bastos (2020) descreve que para edificações de pequeno porte com cargas baixas
no pilar, a armadura resulta em diâmetros pequenos, aproximadamente 4,2 ou 5 mm,
suficientes para os estribos horizontais. Como consequência, por simplicidade os
estribos verticais podem ser adotados com área igual à da armadura principal As ,
nas duas direções do bloco, e inclusive com o mesmo diâmetro.
A dimensão (A) do bloco, para cargas altas em pilares pode ser tomada como:
Podemos citar como exemplo extraído de Basto (2020): Para um pilar de um sobrado
com estaca de diâmetro fe = 20 cm, temos um bloco com dimensões em planta de
30 x 30 cm (Figura 6).
Neste caso, o pilar sobre o bloco deve ter seção transversal com dimensão máxima
≤ 25 cm, para que exista uma distância mínima de 2,5 cm entre a face do pilar e a
face vertical do bloco.
Para pilar com dimensões maiores deve-se aumentar as dimensões do bloco em
planta. A altura útil (d) do bloco pode ser estimada em torno de 1,2.fe , como indicada
na Figura 4.
Para o bloco da Figura 4 resulta: d = 1,2.fe = 1,2 . 20 = 24 cm, e h = d + 5 = 24 + 5
= 29 cm aproximadamente de 30 cm.
Resultando, portanto, em um bloco na forma de um cubo com 30 cm de arestas.
Deve-se verificar que a altura útil (d) deve ser maior que o comprimento de ancoragem
(lb) da armadura principal do pilar.
Para o bloco de duas estacas, vamos seguir: Método das Bielas - Blévot. A Figura 7
mostra o bloco sobre duas estacas, com a biela de concreto comprimido e o esquema
de forças atuantes, conforme proposta de Blévot. Observar que a dimensão (ap) do
pilar é na direção da distância entre os centros das estacas (e).
Figura 7.
Fonte: Bastos (2021)
Altura Útil (As) bielas comprimidas de concreto não apresentam risco de ruptura
por punção desde que o ângulo fique no intervalo 40° 55°. O ângulo α pode ser
calculado por:
d
____
tagα= e ap
__ - __
2 2
A NBR 6118 (22.7.4.1.4) descreve que o bloco deve ter altura suficiente para permitir
a ancoragem da armadura de arranque dos pilares, está ancoragem pode-se considerar
o efeito favorável da compressão transversal às barras decorrente da flexão do bloco,
tal condição, a armadura longitudinal vertical do pilar ficará ancorada no bloco se:
d≥ lb,θ,pilar,onde lb,θ,pilar é o comprimento de ancoragem da armadura do pilar
A altura (h) do bloco é:
h=d+d, ,para d, ≥{5 cm ou aest/5}
onde (aest) é igual ao lado de uma estaca de seção quadrada,com área igual a da
estaca de
seção circular
A seção ou área das bielas varia ao longo da altura do bloco e, por tal motivo, são
verificadas as seções junto ao pilar e junto às estacas (Figura 8), sendo: Ab = área da
biela ; Ap = área do pilar ; Ae = área da estaca.
Para a verificação das seções juntos ao pilar e estacas, temos as seguintes relações
trigonométricas:
Na estaca: senα=Ab/Ae,onde temos que Ab=Ae.senα
Armadura principal
Como Blévot verificou que, nos ensaios, a força medida na armadura principal foi 15
% superior à indicada pelo cálculo teórico, considera-se Rs acrescida de 15 %, temos
assim a armadura principal, disposta sobre o topo das estacas:
1,15.Nd
As=Rsd/σsd= ________ (2.e-ap)
8.d.fyd
A NBR 6118 (22.7.4.1.1) especifica que para os blocos rígidos a armadura de flexão
deve ser disposta essencialmente (mais de 85 %) nas faixas definidas pelas estacas,
considerando o equilíbrio com as respectivas bielas. As barras devem se estender de
face a face do bloco e terminar em gancho nas duas extremidades. Deve ser garantida
a ancoragem das armaduras de cada uma dessas faixas, sobre as estacas, medida
a partir das faces internas das estacas.
Armaduras Complementares
A NBR 6118/2014 descreve que as armaduras laterais (de pele) e superior para
blocos com duas ou mais estacas em uma única linha, é obrigatória a colocação de
armaduras laterais e superiores.
• A armadura superior pode ser tomada como uma pequena parcela da armadura
principal:
As,sup=0,2.As
AULA 5
ELEMENTO DE FUNDAÇÃO:
ESTACA
Segundo a NBR 6122/2019, podemos entender como fundação profunda aquela que
transmite a carga proveniente da superestrutura ao terreno pela base (resistência de
ponta) (rp), por sua superfície lateral (resistência de fuste) (rl), ou pela combinação das
duas (rp+rl). Além disso, as fundações profundas são descritas com uma profundidade
de assentamento maior que o dobro da menor dimensão em planta do elemento de
fundação, conforme mostrado na Figura 1.
do grupo e estaria apoiada em uma cota superior à da ponta das fundações, sendo
a diferença de cotas igual a 1/3 do comprimento de penetração das fundações na
camada de suporte.
Vale destacar que tais considerações não são válidas para blocos apoiados em
fundações profundas com elementos inclinados.
Umas vez alcançadas as condições, deve-se verificar o espaçamento mínimo entre
os elementos de fundação considerando a forma de transferência de carga ao solo
e o efeito do processo executivo nos elementos adjacentes.
Devem ser feitos o cálculo e a verificação de recalques, ainda mais quando existir
uma camada mais compressível abaixo da camada onde se apoiam as pontas das
estacas ou as bases dos tubulões.
Vamos neste item discutir alguns pontos que o projetista tem que levar em
consideração em seu dimensionamento.
As estacas executadas em solos sujeitos à erosão, ou em solos muito moles ou
que tiverem sua cota de arrasamento acima do nível do terreno, devem ser verificadas
segundo os efeitos de segunda ordem.
As estacas têm que respeitar o cobrimento da armadura, seguindo o critério da à
ABNT NBR 6118/2014 em função da classe de agressividade do meio.
Nas estacas sujeitas a tração ou flexão o projetista deve ter atenção a respeito da
fissuração de forma a atender à ABNT NBR 6118. Recomenda-se de forma simplificada
dimensionar as barras longitudinais considerando uma redução de 2 mm no diâmetro
das barras, como espessura de sacrifício.
No caso de estacas pré-moldadas deve ser atendida a ABNT NBR 16258/2014. As
estacas metálicas executadas em solos sujeitos a erosão ou expostas ou que tenham
sua cota de arrasamento acima do nível do terreno devem ser protegidas ou ter sua
espessura de sacrifício definida em projeto.
Segundo a NBR 6122/2019 às estacas de concreto moldadas in loco quando
solicitadas a cargas de compressão, com tensões limitadas aos valores da Tabela 1,
devem ser executadas em concreto não armado, porém deve ter armadura de ligação
com o bloco.
Como verificado na tabela 1, para a estaca que tiver sendo solicitada apenas a cargas
de compressão que lhe imponham tensões médias inferiores a 5 MPa, e em alguns
casos 6 MPa, não haverá necessidade de armá-la, quando o processo executivo exija
alguma armadura (por exemplo a estaca do tipo Franki). Então vale destacar que para
condições onde a tensão média ultrapassar esse valor, a estaca deverá ser armada
no trecho que essa tensão for superior a 5 MPa, com exceção para escavada com
fluido, até a profundidade na qual a transferência de carga, por atrito lateral, diminua
a compressão no concreto para uma tensão média inferior a 5 MPa.
Vale destacar que a transferência de carga corresponde à parcela de atrito lateral
(pl) resistida pelo solo ao longo do fuste e calculado pelos métodos de Aoki-Velloso,
Décourt-Quaresma, ou outros, como já dissemos. O dimensionamento do trecho
comprimido da estaca com tensão superior a 5 MPa ou de qualquer outro segmento
da mesma, sujeito a outros esforços (tração, flexão, torção ou cortante), deverá ser
feito de acordo com o disposto na norma NBR 6118, considerando os valores para
resistência característica do concreto e os coeficientes de majoração das cargas e
mineração das resistências indicados pela norma e na NBR 6122 da ABNT.
Para o cálculo estrutural de uma estaca sujeita a compressão com tensão média
superior ao especificado pela NBR 6122 (2019) é feito a partir das prescrições da NBR
6118, atendendo-se ao coeficiente mínimo de segurança global igual a 2.
Se for constatado que a ruptura da estaca não ocorrerá por flambagem, o cálculo
poderá ser feito conforme indicado na NBR 6118, ou seja, majorando-se a carga de
compressão na proporção (1 + 6/h) mas não menor que 1,1, onde temos que h, medido
em centímetros, seja o menor lado do retângulo mais estreito circunscrito à seção da
estaca. A expressão a adotar será:
0,85.Ac.fcd+As.fyd
Nd = ____________________
(1+6/h)
Em que
Nd – ação normal de cálculo atuante na estaca
Ac – Área da seção de concreto fcd= fck/γc
As - Área da seção de aço fyd= fyk/γs (γs = 1,15 – situações normais)
Onde:
• h/ 30 ≥ 2cm
• 1/ r =( 0,0035+fyd/Es)/( ρ+0,50 .h)
• ρ = (γf.N)/( A.fcd) ≥ 0,5
No caso de 140 < λ ≤ 200, o cálculo será feito de maneira análoga, porém adotando-se:
𝛾𝑓 = 1,40 + 0,01. (𝜆 − 140)
Para o caso de seções circulares maciças, podem ser usados os ábacos das figuras
4 a 7, extraídas dos apontamentos de aulas do professor Lobo B. Carneiro.
Figura 4.
Fonte: Urbano (2012).
Figura 5.
Fonte: Urbano (2012).
Figura 6.
Fonte: Urbano (2012)
Figura 7.
Fonte: Urbano (2012).
AULA 6
MUROS DE CONTENÇÕES
Vamos discutir alguns tipos de muro que estão presentes em nosso estudo,
destacando os muros de flexão
para poropressões, tem-se uma redução na tensão efetiva que, por consequência, uma
redução da resistência ao cisalhamento do material, gerando assim, a instabilidade.
Podemos destacar que as mudanças nas condições hidrológicas podem ocorrer não
somente devido à infiltração das águas de chuva, mas por causa de vazamentos em
tubulações de água ou esgoto.
Segundo Xavier (2011), na intersecção do tardoz com a sapata, ao longo de todo
o comprimento do muro utiliza-se os barbacãs que possuem diâmetros que podem
variar de 50 mm a 100 mm, dispostos de 1,5 a 2,0 metros de distância um do outro,
com a finalidade de coletar a água do dreno.
A Figura 6 apresenta um sistema de drenagem (superficial e interno). Sempre que
possível, ligar os barbacãs às instalações de água pluvial.
Figura 6: a) Muro de arrimo com linhas de fluxo de água, interagindo com o sistema de drenagem; b) Muro de arrimo com as especificações.
Fonte: Gerscovich (2016).
De acordo com Gomes e Lima (2018) os muros de flexão em sua grande totalidade
são compostos de concreto armado, pois estão sobre influências de cargas verticais,
cargas horizontais e momentos. Vamos estudar alguns tipos de muro de flexão, visando
seu dimensionamento.
mais executado, pois garante maior estabilidade que o perfil “L” devido ao comportamento
de sua geometria, e com isso, podem ser usados para maiores alturas.
Podemos observar na figura 1, que a sapata encontra-se enterrada, ou seja, peso de
uma porção de solo sobre a sapata enterrada, fator que potencializa sua estabilidade.
Segundo Domingues (1997) o dimensionamento do muro de arrimo é feito para faixa
de 1 metro independentemente de sua extensão, considerando o comportamento do
solo na faixa de representação, bem como, o tipo de estrutura, apoiada em sapatas e
estacas verticais ou inclinadas. Os muros de arrimo podem apresentar também, lajes
intermediárias (Figura 1 ) a fim de aliviar os empuxos de terra na parte interna do muro,
e em outros casos podem ser projetados com auxílio de tirantes fixados a uma placa
de ancoragem que, por sua vez, está fixa a uma rocha ou solo resistente evitando o
seu deslocamento (Figura 3), critérios que serão determinados pelo projetista.
Moliterno (1994) afirma que, os muros de arrimo que são projetados com lajes
intermediárias, podem ser utilizados para alturas entre 2,00 m e 4,00 m, e os muros
atirantados podem atingir alturas de 4,00 a 6,00 m.
De acordo com Moliterno (1994), o muro de concreto armado com perfil L deve
ser utilizado para alturas até 2 metros. Para aumentar a estabilidade do conjunto é
usual acrescentar um detalhe construtivo, que é o dente de ancoragem, que aumenta
a resistência ao escorregamento. A figura 4 ilustra esse tipo de muro.
Para Caputo (1987), o efeito de sobrecarga (q) aplicado sobre o terreno pode ser
considerado como uma altura equivalente de terra (h0), que pode ser determinada
através da Eq.2:
h0=q/γ (2)
Nesta condição o ponto de aplicação do empuxo é dado pela Eq. 3:
2.h +H
y=(H/3)*( _______
0
) (3)
h0+H
A única dimensão conhecida do muro é sua altura, que é delimitada pela cota inferior
e superior do terreno, as outras dimensões são pré-dimensionadas para, posteriormente,
ser feita a análise das resistências das seções.
Segundo Huntington (1957), a espessura tanto da sapata quanto da parede pode
ser igual (h) ficando dentro do intervalo indicado na figura 8.
Figura 8.
Fonte: Marchetti (2011).
A figura 9 ilustra uma sapata com inclinação com espessura mínima variando
entre 15 e 20 cm.
Figura 9.
Fonte: Marchetti (2011).
Figura 10.
Fonte: Marchetti (2011).
Para Moliterno (1994), a estrutura é calculada como uma laje vertical, em balanço e
engastada na fundação. O pré-dimensionamento da estrutura é feito antes do cálculo do
momento fletor atuante na base do muro, com os valores de momento fletor atuante,
aliados ao conhecimento de carga vertical atuante, damos início ao dimensionamento.
O momento do fletor é determinado pelo produto do empuxo pela distância do seu
ponto de aplicação até a base, dado pela Eq, 4, onde (E) é o empuxo de terra e (y) o
ponto de aplicação, que foi demonstrado no tópico anterior.
M=E.y (4)
Segundo Moliterno (1994), a altura útil da seção de concreto (d) é dada pela Eq. 5.
d=10.√(M ) (5)
T=b – (r+di)
Para o engastamento do muro na sapata é necessário que h > di, sendo (h) a
espessura da sapata. As espessuras das bordas devem estar entre 10 e 30 cm,
havendo um chanfro suave na face superior da sapata (XAVIER, 2011). Na verificação
do equilíbrio estático da estrutura, será determinada a necessidade da utilização do
dente de ancoragem. A figura 11 ilustra o pré-dimensionamento proposto por Moliterno
(1994).
Figura 11.
Fonte: elaborado pelo autor.
De acordo com Leonhard (2007) a estrutura real, ou suas partes podem ser
idealizadas por meio de modelos estruturais. A determinação dos esforços solicitantes
na estrutura do muro de arrimo é composta por dois conjuntos, que são o muro ou
tardoz e a sapata.
Moliterno (1994) diz que o muro recebe as ações exercidas pelo maciço caracterizado
pelo empuxo de terra e as transfere para o elemento de fundação, que, por sua vez,
transmite esses esforços ao solo
Para o cálculo do esforço que atua no muro é necessário averiguar a existência de
sobrecarga no maciço de terra. Domingues (1997) diz que se houver a presença de
sobrecarga, de veículos ou pedestres sobre o maciço de terra, terá uma distribuição
trapezoidal de pressões. Não havendo a existência da sobrecarga a distribuição
é triangular. A distribuição trapezoidal das pressões ocorre, pois a sobrecarga é
transformada em uma altura (h0) que é somada à altura total (h), de tal forma que, a
altura final (H) pode ser calculada através da Eq. 7:
H= h+h0
De acordo com Domingues (1997), os cálculos de momento fletor e esforço cortante
na parede são determinados a partir do momento de engastamento na base do muro,
devido à carga de solo atuante sobre o muro e aos empuxos gerados pela sobrecarga.
A figura 12 ilustra a distribuição dos carregamentos que o muro está sujeito no caso
de haver sobrecarga.
Figura 12.
Fonte: elaborado pelo autor.
Tabela: Valores de (diâmetro), n (número de barras), S(espaçamento entre as barras), As(ef.) (área efetiva de armadura).
Fonte: elaborado pelo autor.
AULA 7
FISSURAÇÃO E DEFORMAÇÕES
Figura 1: Consideração do coeficiente de ponderação das ações: a) carga real; b) carga de projeto.
As resistências dos materiais que compõem o pilar (concreto e o aço) são minoradas
por coeficientes, sendo em geral 1,4 para o concreto e 1,15 para o aço. Assim, por
exemplo, se no pilar for aplicado o concreto C30 (fck de 30 MPa = 3,0 kN/cm2 = 300
kgf/cm2 ), o dimensionamento teórico será feito como se a resistência do concreto
fosse menor, de valor 30/1,4 = 21,4 MPa.
No caso do aço, se aplicado o aço CA-50, com resistência de início de escoamento
(fyk) de 500 MPa, o dimensionamento será feito como se a resistência do aço fosse
menor, com valor (500/1,15 = 434,8 MPa).
As resistências de 21,4 MPa para o concreto e 434,8 MPa para o aço são chamadas
de resistências de cálculo. Embora na teoria o pilar tenha sido dimensionado no Estado-
Limite Último (ELU), estado correspondente à ruína, na realidade o pilar em serviço estará
a uma certa “distância” da ruína, isto é, com uma margem de segurança contra a ruína,
introduzida com a consideração dos coeficientes de ponderação no dimensionamento.
Em resumo, segurança é quando todo o conjunto da estrutura, bem como as partes
que a compõem, resiste às solicitações externas na sua combinação mais desfavorável,
durante toda a vida útil, e com uma conveniente margem de segurança. Portanto, no
projeto de uma estrutura, mesmo que seja apenas uma peça, como uma laje, uma viga
ou um pilar, deve-se ter o cuidado de garantir as seguintes características à estrutura:
resistência, estabilidade, utilização plena e durabilidade.
As estruturas devem também ser analisadas quanto às deformações, à fissuração
e ao conforto do usuário na sua utilização. A fim de não prejudicar a estética e a
utilização da construção, as estruturas não devem apresentar deformações excessivas
(principalmente flechas), e as aberturas das fissuras devem ser limitadas, visando
garantir a durabilidade. Esses aspectos são tratados pelos Estados-Limites de Serviço.
A NBR 6118 (2014) destaca que uma estrutura ou parte dela pode alcançar um
estado limite, quando se torna inutilizável ou quando deixa de satisfazer às condições
previstas para sua utilização.
• Segurança;
• Funcionalidade;
• Durabilidade.
Diante desses três itens, destacado a estrutura deve atender todas as necessidades
para as quais foi projetada. Logo, quando uma estrutura deixa de atender a qualquer
um desses três itens, diz-se que ela atingiu um Estado Limite. Dessa forma, uma
estrutura pode atingir um estado limite de ordem estrutural ou de ordem funcional.
Assim, se concebe dois tipos de estados limites, a saber:
• Estados limites últimos (de ruína);
• Estados limites de utilização (de serviço).
É importante entender que a principal diferença entre o ELU e o ELS reside no fato do
primeiro oferecer um risco de ruína à estrutura, devendo ser reparado imediatamente,
caso contrário temos o desabamento.
Por sua vez, o ELS está relacionado ao desempenho da estrutura e ao conforto do
usuário, como: Alvenarias trincadas devido ao deslocamento excessivo da edificação
(figura 2).
Desta forma o estado limite mais indesejável para o engenheiro, pois significa que a
estrutura está sob condição última, como, por exemplo, um pilar que está rompendo,
que por consequência levará a estrutura a ruína (figura 3).
Deslocamentos-limites
Tabela 2: Valores-limites de deslocamentos que visam proporcionar um adequado comportamento da estrutura em serviço.
Fonte: NBR 6118 (2014)
Tabela 2: Continuação
Fonte: NBR 6118 (2014)
Tabela 1: exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura, em função das classes de agressividade ambiental
Fonte: NBR 6118 (2014)
AULA 8
INTRODUÇÃO AO CONCRETO
PROTENDIDO
entender que nas peças fletidas em concreto armado não adianta utilizar aços com
resistências ainda mais elevadas, pois a tensão de serviço no aço deve ser limitada
a uma deformação máxima baixa, indicada pela NBR 6118 (2014) em em 10 ‰ (10
mm/m).
Portanto, em vista da baixa resistência do concreto à tração, vinculado a fissuração,
tem-se o surgimento da aplicação da protensão ao concreto, com a ideia de pré-
comprimir a região da seção transversal que depois será tracionada com a atuação
do carregamento externo.
Podemos entender que a protensão é aplicada como um meio de evitar aberturas de
grande escala. Logo a protensão é um meio de ganhar maiores vãos e consequentemente
ter um menor número de pilares, vinculado a um melhor Estado-Limite de Serviço relativo
à deformação excessiva (ELS-DEF), sendo caracterizada com um método construtivo.
A viga mostrada na figura 3 destaca o benefício da protensão, onde o momento
fletor provocado pelo carregamento sobre a viga induz tensões normais, máximas
de compressão na fibra do topo (c,M) e de tração na fibra da base (t,M), e a força
de protensão P também aplica tensões normais, de compressão na base (c,P) e de
tração no topo (t,P).
A ideia básica que a protensão passa é de aplicar previamente elevadas tensões de
compressão na região inferior da seção transversal da viga, para que posteriormente
em serviço, com a atuação dos carregamentos aplicados, às tensões de tração sejam
diminuídas ou até mesmo completamente eliminadas da seção transversal, como
mostrado no diagrama de tensões resultantes da figura 3.
Segundo Bastos (2021) a tensão nula na base da viga é chamada de protensão
completa: apresenta a vantagem de proporcionar peças livres de fissuras durante
o trabalho em serviço. A protensão parcial é descrita como sendo : A protensão
que não elimina completamente as tensões de tração atuantes na viga em serviço,
permitindo assim uma fissuração controlada. Ou seja, a protensão parcial, é uma
situação intermediária entre o concreto armado e o concreto protendido com protensão
completa, isto é, uma combinação dos dois casos.
Segundo Bastos (2021) a força que comprime a peça (força P na Figura 3) tem
origem pelo processo de alongamento do aço (os macacos hidráulicos realiza o
alongamento do cabo) até atingir valor de tensão de tração inferior à tensão limite
do regime elástico. De tal forma temos um processo simples que o aço, como
um elástico, tender a voltar à deformação inicial nula, quando ele faz o processo
de retornar ao seu tamanho original, o mesmo aplica uma força de compressão
(protensão) na peça.
Temos que a utilização de aço com grande capacidade de deformação dentro
do regime elástico é fundamental, pois temos as perdas de força que ocorrem ao
longo do tempo, naturais do processo, fator que deve ser verificado.
A peça protendida, ao sofrer o processo de protensão, ou seja, quando o aço
realiza o processo de comprimir a peça, tem-se a redução ou eliminação das tensões
de tração e fissuração no elemento de concreto, pois o sistema de protensão tende
a combater o processo de tracao decorrente a cargas permanentes e acidentais.
Esse desempenho do sistema de proteção proporciona às peças importantes
vantagens técnicas e econômicas.
A Figura 4 ilustra uma viga de concreto segundo três possibilidades.
• A viga de Concreto Simples, sem armadura longitudinal de flexão, rompe
bruscamente quando inicia uma primeira fissura, causada pela tensão de
tração atuante que alcança a resistência do concreto à tração na flexão
(fct,f); a força F aplicada é pequena.
• A viga de Concreto Armado armadura é colocada na região tracionada da
viga, próxima à fibra mais tracionada. A armadura começa a trabalhar de
maneira mais efetiva após o surgimento de fissuras, quando passa a resistir
às tensões de tração atuantes, atuando como ponte de transferência de
tensões entre as fissuras. Desse modo a viga rompe sob uma força F muito
mais elevada.
• A viga de Concreto Protendido, a força de protensão excêntrica P comprime
a viga, e equilibra as tensões de tração devidas à força externa F, prevenindo
o surgimento de fissuras e diminuindo ou eliminando a flecha.
Segundo Bastos (2021) a NBR 6118 apresenta as seguintes definições (itens 3.1.2,
3.1.3 e 3.1.5):
• Elementos de Concreto Simples: elementos estruturais elaborados com concreto
que não possui qualquer tipo de armadura ou que a possui em quantidade
inferior ao mínimo exigido para o concreto armado.
• Elementos de Concreto Armado: aqueles cujo comportamento estrutural depende
da aderência entre concreto e armadura, e nos quais não se aplicam alongamentos
iniciais das armaduras antes da materialização dessa aderência.
• Elementos de Concreto Protendido: aqueles nos quais parte das armaduras é
previamente alongada por equipamentos especiais de protensão, com a finalidade
de, em condições de serviço, impedir ou limitar a fissuração e os deslocamentos
da estrutura, bem como propiciar o melhor aproveitamento de aços de alta
resistência no estado-limite último (ELU).
• Armadura passiva: qualquer armadura que não seja usada para produzir forças
de protensão, isto é, que não seja previamente alongada.
• Armadura ativa (de protensão): armadura constituída por barras, fios isolados
ou cordoalhas, destinada à produção de forças de protensão, isto é, na qual se
aplica um pré-alongamento inicial.
Vamos trabalhar de uma forma sucinta os tipos de ações, bem como, classificar
as ações proveniente da protencao.
Ações Permanentes
As ações permanentes são definidas pela NBR 6118/2014 como aquelas que atuam
permanentemente ao longo do tempo, compondo as seguintes cargas, peso próprio
dos elementos, peso de elementos construtivos fixos, como paredes, e instalações
permanentes.
São constituídas pelo peso próprio da estrutura, pelos pesos dos elementos
construtivos fixos, das instalações permanentes e dos empuxos permanentes.
• Peso Próprio: As construções correntes admite-se que o peso próprio da estrutura
seja avaliado considerando-se a massa específica para o concreto simples de
2.400 kg/m3 e 2.500 kg/m3, para o Concreto Armado e Protendido, a NBR 6118,
apresenta no item 8.2.2.
• Peso dos Elementos Construtivos Fixos e de Instalações Permanentes: As
massas específicas dos materiais de construção correntes podem ser avaliadas
com base nos valores indicados na Tabela 1 da NBR 6120. Ou os pesos das
instalações permanentes são considerados com os valores nominais indicados
pelos fornecedores
• Empuxos Permanentes: Consideram-se permanentes os empuxos de terra e
outros materiais granulosos quando forem admitidos como não removíveis.
Ações Variáveis
Como o próprio nome indica, ações variáveis são aquelas que apresentam variações
significativas de seus valores em torno de sua média, durante a vida da construção. Do
mesmo modo que as ações permanentes, as ações variáveis são também classificadas
em diretas e indiretas.
Segundo a NBR 6118/2014, às ações variáveis diretas são compostas pelas cargas
acidentais previstas para o uso da construção, como ação do vento e da água, devendo-
se respeitar as recomendações feitas pelas Normas Brasileiras específicas.
Segundo a NBR 6118/2014, ações variáveis indiretas são causadas pelas variações
da temperatura, podendo ser analisada com variação uniforme e não uniforme de
temperatura. Tem-se as ações dinâmicas que correspondem a choques ou vibrações
na estrutura, os respectivos efeitos devem ser considerados na determinação das
solicitações.
Ações Excepcionais
Segundo a NBR 6118/2014, às ações que têm duração extremamente curta e com
baixa probabilidade de ocorrências durante a vida da construção, mas que devem ser
previstas em projetos, quando verificar necessidade. Consideram-se como excepcionais
as ações decorrentes de causas tais como explosões, choques de veículos, incêndios,
enchentes ou sismos excepcionais.
AULA 9
INTRODUÇÃO AO
SISTEMAS DE PROTENSÃO
A NBR 6118 define a protensão com aderência posterior como sendo o concreto
protendido em que o pré-alongamento da armadura ativa é realizado após o
endurecimento do concreto, sendo utilizadas, como apoios, partes do próprio elemento
estrutural, criando posteriormente aderência com o concreto, de modo permanente,
através da injeção das bainhas.
Segundo Bastos (2021) os cabos de protensão (conjuntos de cordoalhas) podem ser
estirados em estágios diferentes, proporcionando incrementos de força de protensão
na peça, conforme existam diferentes estágios de construção e as cargas vão sendo
progressivamente aumentadas.
Após a operação de estiramento, a bainha é geralmente preenchida com calda (nata)
de cimento sob pressão, com o propósito de proteger o aço e proporcionar aderência
com o concreto, o que faz com que os dois materiais trabalhem de modo solidário,
em conjunto, e com melhor comportamento da peça na resistência à fissuração e à
flexão. Com a injeção de calda de cimento tem-se a pós-tensão com aderência, e sem
a injeção tem-se a pós-tensão sem aderência, (BASTOS, 2021).
Este capítulo pretende apresentar os principais critérios para projeto que devem ser
considerados conforme a NBR 6118, como a classe de agressividade do ambiente,
cobrimento de concreto, Estados-Limites, domínios de deformação, ações nas estruturas.
Alguns temas já são conhecidos pelo estudante. De tal forma iremos realizar um
resumo sobre os temas que se assemelha ao critério de projeto para o concreto armado.
Em projeto de estrutura de concreto, o projetista tem que definir a classe de
agressividade do ambiente na qual a estrutura, ou partes dela, estará inserida, o que
lhe auxilia a definir os parâmetros do concreto a ser aplicado, como:
• Resistência à compressão (fck);
A NBR 6118 apresenta como critério de projeto a agressividade ambiental, que deve
ser classificada de acordo com o apresentado na tabela 1 como apresentado a seguir:
A NBR 6118 define o cobrimento mínimo da armadura como o menor valor que
deve ser respeitado ao longo de todo o elemento projetado. Para garantir o cobrimento
mínimo (cmín), o projeto e a execução devem considerar o cobrimento nominal (cnom),
que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução (∆c) (Figura 4). As
dimensões das armaduras e os espaçadores devem respeitar os cobrimentos nominais.
As obras em geral adotam valor de (∆c) próximo de 10 mm. Esse valor pode ser
reduzido para 5 mm quando a execução for rigorosa e com controle adequado de
qualidade. A Tabela 3 apresenta valores de cobrimento nominal com tolerância de 10
mm, em função da classe de agressividade ambiental.
Figura 5: Tensões normais devidas à força de protensão (P) e ao momento fletor externo (Mext), com tensão nula em um ponto (base).
Fonte: Bastos (2021)
Como podemos observar, é válido ter atenção a respeito dos (ELS-D), (ELS-DP),
(ELS-CE) pois tratam sobre os critérios de serviço de peças estruturais protendidas,
assunto de estudo neste capítulo.
Como critério de projeto, o projetista precisa ter conhecimento da forma que a peça
estrutural irá romper, ou seja, os domínios são justamente as diferentes formas que
uma peça de concreto pode se romper. Segundo a NBR 6118 os procedimentos para
projetos de estruturas de concreto são exemplificados pelo gráfico com as divisões
dos domínios em função do encurtamento ou do alongamento máximos do concreto
armado, e da altura da linha neutra. Podemos entender que o projetista necessita do
conhecimento sobre a distribuição das deformações na seção transversal vinculado
AULA 10
ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS
E ESTADOS LIMITES DE
SERVIÇO PARA O CONCRETO
PROTENDIDO
A fissuração e a flecha, por exemplo, podem ser controladas de forma indireta, quando
caracterizado os valores para as tensões admissíveis. Quando tem-se a condição em
que não é permitido uma peça fissurar em serviço, a tensão admissível à tração do
concreto deve ser escolhida de forma a atender tal condição. A peça pode trabalhar
fissurada, a tensão admissível à tração pode ser desconsiderada, porém neste caso é
necessário verificar a abertura da fissura, além de dimensionar uma armadura passiva
para resistir às tensões de tração atuantes.
Para Bastos (2021) a seção deve permanecer não fissurada sob o carregamento
de serviço (protensão completa), tensões limites (admissíveis) de tração devem ser
impostas. Se a seção é permitida fissurar (protensão parcial), a tensão admissível à
tração pode ser relaxada e apenas as outras tensões admissíveis permanecem. Em
condição de serviço e não fissurada, a estrutura é considerada trabalhando em regime
elástico, e são duas as situações críticas geralmente consideradas:
• Tensões no concreto no instante da transferência da protensão para a peça:
além da força de protensão, de modo geral o único carregamento que atua é o
peso próprio da peça.
• Tensões no concreto com a peça trabalhando em serviço: além da força de
protensão, os carregamentos que atuam são os permanentes (g) e os variáveis
(q).
A NBR 6118 (2014) não trabalha com valores para tensões admissíveis, porém,
estabelece que o valor limite para verificação simplificada no Estado-Limite Último
no ato da protensão (corresponde ao instante da transferência da protensão para o
concreto da peça) seja igual a (0,7.fckj).
Onde:
fckj : resistências características à compressão (fckj) e à tração (fctkj), em função
de um tempo (j);
A norma americana ACI 318 e o Eurocode 2, por exemplo, consideram as tensões
admissíveis para o concreto mostradas na Tabela 1, para dois momentos da vida da
peça: Instante da transferência da protensão para a peça, e após a ocorrência de
todas as perdas de protensão.
Figura 2: Diagrama tensão-deformação simplificado indicado pela NBR 6118 para aços de protensão.
Fonte: Bastos (2021)
O item 9.6.1.2 da NBR 6118 descreve que as operações de protensão, geram força
de tração na armadura, que por sua vez não pode superar os valores decorrentes da
limitação das tensões no aço correspondentes a essa situação transitória.
Após o término das operações de protensão, as verificações de segurança devem
ser feitas de acordo com os estados-limites definido pela NBR 6118
Segundo Bastos (2021) a aplicação da força de estiramento (Pi), a tensão de tração
na armadura de protensão (𝞂pi) deve estar dentro dos valores-limites definido pela
NBR 6118/2014:
• Armadura pré-tracionada: A tensão (𝞂pi) da armadura de protensão no momento
da saída do aparelho de tração deve respeitar os seguintes limites: (0,77.fptk)
e (0,90.fpyk) para aços da classe de relaxação normal (RN). Para os aços de
classe de relaxação baixa (RB) temos que verificar os seguintes valores (0,77.
fptk) e (0,85.fpyk);
• Armadura pós-tracionada: A tensão (𝞂pi) da armadura de protensão no momento
da saída do aparelho de tração deve seguir os seguintes limites: (0,74.fptk) e
(0,87.fpyk) para aços da classe de relaxação normal(RN). Para (0,74.fptk) e (0,82.
fpyk) deve-se usar aços da classe de relaxação baixa (RB);
• Quando utilizamos cordoalhas engraxadas o aços deve ser da classe de relaxação
baixa, e os valores-limites da tensão (𝞂pi) da armadura de protensão na saída
do aparelho de tração podem ser adotados sendo (0,80fptk) e (0,88fpyk).
Tabela 3: Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura, em função das classes de agressividade ambiental (NBR 6118)
Fonte: Bastos (2021)
AULA 11
PERDAS DE PROTENSÃO
Para darmos início ao nosso estudo, podemos entender que a tensão na armadura
de protensão decresce continuamente com o tempo, rapidamente no momento inicial,
e depois ao decorrer da vida útil da peça.
A queda de tensão se deve ao fato da armadura sofrer alongamento, por diversas
causas, o que promove a redução da força de protensão (Figura 1). existem diferentes
perdas ao longo da vida útil da peça, de tal forma, que quando somadas temos a
chamada perda de protensão total, que por sua vez deve ser calculada, para poder
prever a força de protensão efetiva final, atribuído aos projetos de peças protendidas.
Porém podemos destacar que as perdas de força de protensão também têm sua
ocorrência vinculadas ao tipo de aplicação da protensão, ou seja, sendo pré ou pós-
tensionada, como apresentadas na Tabela 1.
As perdas que dependente do tempo podem ser interdependentes, como exemplo
podemos destacar a relaxação, que ao diminuir a tensão no aço, reduz também a
tensão no concreto, e assim reduz a perda por fluência, que por sua vez, reduz a
relaxação no aço.
A intensidade das perdas de protensão pode estar vinculada com o comprimento da
peça, conforme a posição, e geralmente, a perda que interessa está localizada em uma
seção crítica, como por exemplo como a seção mais solicitada pelos carregamentos
externos.
A NBR 6118 destaca que o projeto deve prever as perdas da força de protensão em
relação ao valor inicial aplicado pelo equipamento, ocorridas antes da transferência
da protensão ao concreto (perdas iniciais, na pré-tração), durante essa transferência
(perdas imediatas) e ao longo do tempo (perdas progressivas).
Para tanto a norma faz uma classificação das perdas em função do instante de
ocorrência:
• Perdas iniciais (pré-tração): aquelas que ocorrem antes da transferência da
protensão para a peça;
Podemos entender que as três primeiras perdas são iniciais, ΔPenc é uma perda
imediata, e as três últimas são perdas progressivas posteriores.
Figura 3: perdas de força de protensão que ocorrem na armadura de protensão na pré-tração (ou pré-tensão).
Fonte: Bastos (2021)
Figura 5: Variação típica de tensão na armadura de protensão na pré-tensão, em peça pré-moldada com cura a vapor.
Fonte: Bastos (2021)
AULA 12
POSICIONAMENTO DOS CABOS
AO LONGO DA ESTRUTURA
Nessa expressão,
• ΔVd é caracterizada como sendo a máxima diferença de força cortante de um
lado para o outro do apoio
• Nd é a força de tração eventualmente existente.
Podemos entender que a armadura a dispor nesse apoio é obtida para o maior dos
(FSd) calculados para cada um dos lados do apoio.
Para podermos compreender melhor sobre o traçado, vale destacar o comportamento
da Curvatura do Cabo de Protensão, que por sua vez devem respeitar os raios mínimos
AULA 13
FORÇA CORTANTE
Segundo Bastos (2021) a força cortante, destacado na figura 1, são alterados pela
força de protensão inclinada (Pd) que por sua vez introduz nas vigas tensões normais
de compressão reduzindo assim as tensões principais de tração (sI). Temos assim as
fissuras por efeito de força cortante, caracterizadas como fissuras de cisalhamento,
que apresentam-se com menor inclinação que nas vigas de concreto armado.
Podemos assim entender que quanto maior o grau de protensão, menores são
os esforços de tração na alma, sendo menor a quantidade de armadura transversal
necessária.
O encurvamento dos cabos nas proximidades dos apoios produz uma componente
de força contrária à força cortante solicitante, tal que:
Vsd=Vd -Pd.senα
Conforme a NBR 6118 (2014) o valor de VSd. deve-se considerar o efeito da projeção
da força de protensão na sua direção, com o valor de cálculo correspondente ao tempo
(t) considerado. Entretanto, quando esse efeito for favorável, a armadura longitudinal
de tração junto à face tracionada por flexão deve satisfazer à condição:
Ap.fpyd + As.fyd VSd
Essa condição visa garantir uma melhor contribuição do concreto na zona (banzo)
comprimida pela flexão, garantindo a rigidez do banzo tracionado (Figura 3).
onde:
• VSd é a força cortante solicitante de cálculo, na seção;
• VRd2 é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais
comprimidas de concreto;
• VRd3 = Vc + Vsw é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por
tração diagonal, onde Vc é a parcela de força cortante absorvida por mecanismos
complementares ao da treliça e Vsw a parcela resistida pela armadura transversal,
de acordo com os modelos indicados pela 6118 (2014).
Conforme a NBR 6118 (2014) podemos entender que o modelo I admite diagonais
de compressão inclinadas de = 45° em relação ao eixo longitudinal do elemento
estrutural, além de admitir ainda que a parcela complementar (Vc) tenha valor constante,
independentemente de VSd .Podemos realizar a verificação da diagonal comprimida
pela equação:
VRd2=0,27.(1-(fck/250)).fcd.bw.d
Considerando fck em MPa. A parcela de força cortante a ser resistida pela armadura
transversal é descrita como:
Vsw=Vsd + Vc
O momento fletor (Mo), como discutido é o momento fletor que anula a tensão normal
na borda mais comprimida, ou seja, corresponde ao momento fletor de descompressão
referente a uma situação inicial de solicitação, em que atuam:
• a força normal e o momento fletor (Npd e Mpd) provocados pela protensão,
ponderados por p = 0,9;
• as forças normais oriundos de carregamentos externos (Ngd e Nqd), afetados por
f = 0,9 ou 1,0, desconsiderando-se a existência de momentos fletores simultâneos.
Mo=(γp.P∞+γf.Ng+q).(Wb/Ac)+γp.P∞.ep
A tensão máxima imposta pela norma refere-se ao aço CA-50, pois fyd = 50/1,15
= 435 MPa.
Para o dimensionamento do estribo ser feito com o aço CA-60, esta tensão máxima
também deve ser obedecida, ou seja, deve-se calcular como se o aço fosse o CA-50.
No caso de serem utilizados os aços CA-50 ou CA-60 e armadura transversal somente
na forma de estribos com = 90, fywd assume o valor de 43,5 kN/cm2 , que aplicado
na Eq. anterior temos:
Asw,α/S=Vsw/(39,2.d)
com: Asw,90 = cm ² /cm, Vsw = kN e d = cm.
Segundo Bastos (2021) para o cálculo da parcela resistente (Vc), deve-se considerar
a relação (Mo/MSd,máx) que por sua vez oferece uma indicação do comprtamento
de fissuração por flexão, no ELU. Se a relação é próxima de zero (Mo tem valor muito
pequeno), então a região estará com esforços de tração e possivelmente fissurada
por flexão (zona b). Se a relação tem valor 1,0 (Mo tem valor próximo de MSd,máx),
então não há fissuração (zona a), figura 4.
Armadura mínima para estribo vertical ( = 90) e com s = 100 cm, é descrita como:
Asw,min=(20.fct,m.bw)/(fywk)
Resolução:
O cálculo da armadura transversal será feito conforme o Modelo de Cálculo I (treliça
clássica, = 45) e com ângulo de inclinação dos estribos de (estribos verticais para
a viga de eixo longitudinal horizontal).
a) Verificação da compressão nas bielas de concreto: Para não ocorrer o
esmagamento do concreto que compõe as bielas comprimidas deve-se ter
Vsd VRd2 . Vamos assim definir o valor de VRd2 e comparar com cortantente
solicitante Vsd.
VRd2=0,27.(1-(fck/250)).fcd.bw.d
VRd2=0,27.(1-(35/250)).(3,5/1,4).12.90,6
VRd2=631,1 kN
Vsd=235,4 ≤VRd2=631,1 kN
É válido verificar a armadura mínima para estribo vertical (α=〖90〗^0) e aço CA-50 é
dado por:Asw,min=(20.fct,m.bw)/(fywk)
Asw,min=(20.0,321.12)/(50)
Asw,min=1,54 cm²/m
Portanto, deve-se dispor a armadura calculada, de 2,15 cm² /m. Fazendo estribo
de dois ramos 6,3 mm (Φ6,3 com 0,62 cm²):
Asw,90/S=0,0215 cm²/cm
0,62/S=0,0215 cm²/cm
S=28,8 cm
AULA 14
SOLICITAÇÕES NORMAIS
Para dar início ao nosso estudo podemos entender que os domínios de deformação
estabelecem as possíveis posições da seção transversal no instante da ruptura,
conforme o tipo de solicitação atuante.
Como foi discutido no parágrafo anterior, o projetista deve analisar as condições
de tensões atuantes na peça, para tanto tem-se o entendimento dos domínios de
deformação sendo a base para tal entendimento. De tal forma temos que as peças
protendidas estão sujeitas a erros de dimensionamento.
Podemos ter vigas subarmadas e normalmente armadas, de tal forma que a
ruptura tem início devido ao alongamento excessivo das armaduras ativa e passiva,
acompanhado de fissuração da viga.
Temos ainda a possibilidade do aumento gradativo do carregamento, as deformações
e a fissuras aumentam, alterando a posição da linha neutra, reduzindo assim a área
de concreto comprimido e por consequência aumento das tensões de compressão
no concreto.
Segundo Veríssimo (1999) quando a tensão de compressão atinge o valor da
resistência do concreto, temos o processo de esmagamento desta região, provocando
o colapso da viga. Esse comportamento de ruptura apresenta uma grande vantagem,
pois as flechas e as fissuras, decorrentes do alongamento da armadura, se mostram
bastante visíveis alertando sobre a aproximação do colapso (comportamento dúctil).
Obviamente é de grande interesse, no projeto de estruturas de concreto, dimensionar
as vigas de maneira que tenham ruptura dúctil
Pd=γp.Pk
Tabela 3: Valores do coeficiente de ponderação γp da força de protensão, para o estado limite último de ruptura ou alongamento plástico excessivo.
Fonte:Veríssimo (1999)
Podemos observar na figura 2 a situação em que uma viga protendida está submetida
apenas à força de protensão. A tensão normal no concreto na fibra correspondente
ao centro de gravidade da armadura vale σcp .
Figura 2: (a) situação da peça de concreto quando atuam apenas os esforços de protensão; (b) estado convencional de neutralização.
Fonte:Veríssimo (1999)
Figura 4: cabos protendidos nos banzos tracionado e comprimido da peça e armadura passiva simples.
Fonte:Veríssimo (1999)
Figura 5: Cabos protendidos nos banzos tracionados e comprimidos da peça com armadura dupla
AULA 15
TENSÕES DE CISALHAMENTO
que o valor de cálculo da força cortante atuante deve ser obtido a partir da expressão
a seguir:
Vdmax=(γg.Vgmax) + (γq.Vqmax)
Essa tensão de cálculo () não pode ultrapassar o valor de (tensões últimas resistentes).
Tem-se que (bw) é a largura da seção transversal.
para lajes e peças lineares com bw > (5.h) os coeficientes 0,35 e 0,30 devem ser
multiplicados por um dos seguintes fatores, mantidos os limites absolutos
(h em cm ):
A armadura transversal das peças lineares e das lajes, para resistir aos esforços
oriundos da força cortante, deve ser calculada pela teoria clássica de Mörsch, com
base na seguinte tensão
τd= 1,15.τwd - τc > 0
Para o cálculo de β1, (Mo) corresponde ao momento fletor que anula a tensão
normal na borda menos comprimida,referente a uma situação inicial de solicitação
em que atuam:
a) a força normal e o momento fletor (Npd e Mpd) provocados pela protensão,
ponderados com γf = 0,9;
b) as forças normais oriundas de carregamentos externos ( Ngd e Nqd ), também
afetados por γf = 0,9, desconsiderando-se a existência de momentos fletores
concomitantes.
Logo, podemos verificar que o momento Mo pode ser calculado pela expressão
seguinte:
Mo=(γp.P∞+γf.Ng+q).(Wb/Ac)+γp.P∞.ep
lembrando que corresponde à distância da extremidade superior do núcleo central
de inércia da seção ao centro de gravidade, ou seja, corresponde à excentricidade do
centro de pressão com a qual a tensão na borda inferior se anula.
Para estribos verticais a 90°, a armadura transversal pode ser calculada conforme
indicado na NBR 6118, ou seja:
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
ELEMENTOS COMPLEMENTARES
LIVRO
FILME
WEB
Paulo Sérgio dos Santos Bastos, atualmente é Professor Doutor da Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP - Campus de Bauru/SP. Tem experiência na área
de Engenharia Civil, com ênfase em Estruturas de Concreto, atuando principalmente
nos seguintes temas: cálculo estrutural em Concreto Armado e Protendido e dormentes
ferroviários de concreto. Oferece o site abaixo, com conteúdos de grande valia para o
estudante e profissional da área de estrutura de concreto armado.
<https://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/>
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, J. M. de. Curso de concreto armado. 4. ed. Rio Grande: Dunas, 2014a. v. 2.
CAPUTO, H.P. Mecânica dos solos e suas aplicações. Volume 2. 6ª edição. Rio de
Janeiro: Editora LTC, 1987. 498 p.
MONTOYA, J. Hormigon armado, v.1-2. Barcelona, Ed. Gustavo Gili, 5a . ed., 1971.
MARANGON, M. Mecânica dos Solos II. Empuxos de Terra. Edição 2018. Faculdade
de engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia – UFJF, 2018.
MOLITERNO, A.. Caderno de muros de arrimo. 2ª edição. São Paulo: Editora Edgard
Blucher, 1994. 194 p.