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Inês Raquel Silva Maia – Licenciatura em Geografia

GEOMORFOLOGIA
Resumos – Exame
I - TEÓRICA

A GEODINÂMICA INTERNA: IMPORTÂNCIA DA ESTRUTURA E LITOLOGIA:

A Tectónica de placas:

 A Terra é constituída por um conjunto de camadas concêntricas com características


diferenciadas: Crusta Continental, Crusta Oceânica, Manto Superior, Manto Inferior,
Núcleo Externo e Núcleo Interno.
 A estrutura e composição das várias camadas foi determinada através de afloramentos
rochosos e materiais vulcânicos.
 Uma placa tectónica é um segmento da litosfera, uma crusta e parte rígida do manto
superior, e uma única placa pode englobar a crusta continental e oceânica.
 As placas são constituídas por rochas duras, mecanicamente resistentes.
 No total, existem 52 placas tectónicas no nosso planeta.
 O movimento pode ser convergente, divergente ou transformante, e a sua velocidade é
variável.

Litostratigrafia:

Organização dos estratos rochosos em unidades, tendo em conta as suas propriedades litológicas.
Ou seja, o registo estratigráfico (sequência dos materiais) é definido pelas características
litológicas e posição estratigráfica de rochas e sedimentos.

Unidades litostratigráficas:

1. Supergrupo;
2. Grupo;
3. Formação;
4. Membro;
5. Estrato ou camada.

Rochas Sedimentares:

 Destruição ou meteorização dos materiais expostos à superfície da Terra;


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 Erosão, ou seja, remoção dos produtos anteriores e seu transporte em solução, suspensão,
arraste ou saltação;
 Sedimentação: deposição de materiais em áreas continentais/marinhas, resultado da
progressiva diminuição da capacidade/competência agente de transporte;
 Diagénese: modificações físico-químicas que permitem transformação dos sedimentos em
rochas sedimentares;

Classificação das rochas sedimentares:

 Detríticos: Fragmentos líticos, minerais resistentes a alteração, minerais neoformação;


 Precipitados químicos;
 Orgânicos ou Biogénicos.

De acordo com a composição, considera-se a existência de dois grandes grupos de rochas


sedimentares:

1. Rochas clásticas ou detríticas:


1.1. Rochas conglomeráticas;
1.2. Rochas areníticas (ex.: areias, arenitos, grauvaque, sílito...);
1.3. Rochas argilosas.
2. Rochas não clásticas: de precipitação ou biogénicas:
2.1. Rochas salinas ou evaporitos;
2.2. Rochas carbonatadas;
2.3. Rochas siliciosas;
2.4. Rochas carbonosas.

Morfologia Cársica:

Tipo de paisagem característica em áreas onde predominam rochas carbonatadas como os


calcários e os dolomitos. Apresenta uma topografia característica:

 Fraca drenagem superficial;


 Cobertura de solo descontínua e/ou fina;
 Abundantes depressões;
 Sistema de drenagem subterrânea bem desenvolvido.

Processo e fatores de carsificação:

 Natureza das rochas (litologia);


 Estrutura e morfologia;
 Condições climáticas (precipitação e temperatura);
 Condições pedológicas e edáficas;
 Fator tempo.

Formas predominantes:

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 Terra Rossa: Depósito argiloso, resultante de acumulação de certos componentes (argilas,
areia fina, óxidos de ferro), devido à dissolução das rochas carbonatadas.
 Lapiás: Formas escavadas e em relevo, "esculpidas" nas rochas cársicas que afloram à
superfície ou que estão cobertas de solo.
 Dolinas: Depressões geralmente fechadas, com dimensão variada, de alguns metros de
diâmetro, mais largas que profundas, e com contorno aproximadamente circular ou
elíptico.
 Uvala: Grandes depressões fechadas, com forma e dimensão variada, sendo formadas
geralmente pela coalescência/junção de duas ou mais dolinas.
 Polje: Grande depressão fechada, morfologicamente bem definida, com dimensões
consideráveis e vertentes abruptas, encontrando-se o fundo geralmente coberto de terra
rossa, podendo alojar lagos temporários.
 Exsurgência: Nascente pela qual as águas que circulam no maciço cársico, emergem à
superfície.
 Grutas: Cavidade subterrânea natural, simples ou constituída por complexas ramificações,
podendo apresentar um desenvolvimento vertical e/ou horizontal. No seu interior
formam-se estruturas como as estalactite, estalagmites e as colunas.

Geomorfologia Granítica:

O fator que determina o tipo de relevo que se forma é a composição e estrutura de granito ou
outras rochas plutónicas e como este se comporta com os vários processos geológicos.

Granito: rocha ígnea plutónica, formada por mica, quartzo e feldspato.

Meteorização granítica:

 Meteorização mecânica: processos tais como como a gelifração ou crioclastia e


termoclastia. As variações de temperatura provocam a contração e fragmentação da rocha.
 Meteorização química: Dá-se em zonas com presença de água e humidade.
 Arenisca: Mediante processos de meteorização, nesta modelagem é comum encontrar
granito muito erodido, em forma de areia, no solo.

Formações:

 Domos: São blocos graníticos que têm uma forma característica, semelhante a uma cúpula
originada pela meteorização de um maciço granítico.
 Bolos: Rochas arredondadas cuja origem está na erosão da parte inferior de um domo,
obtendo finalmente a estrutura esférica.
 Berrocal: Empilhamento de rochas graníticas procedentes da meteorização de uma
formação granítica através das linhas de "diaclasas". Geralmente apresentam beiras.
 "Pedrizas": Devido à erosão dos berrocais, estes vão-se arredondando e dão lugar às
pedrizas.

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 Pedras "caballeras": Blocos dispostos uns sobre os outros como resultado da meteorização
diferencial de um berrocal.
 "Navas": Depressões escavadas num terreno granítico que posteriormente são ocupadas
por água.
 "Marmitas de gigante o Kettle": Depressões provocadas pelo choque de materiais soltos
com o leito do rio que a água não é capaz de transportar. A passagem de água remove os
materiais e estes vão escavando até formar as depressões.

Relações da hidrografia com a estrutura geológica:


Rede hidrográfica:
 Corresponde a um conjunto de feições lineares negativas, que marcam canais de
escoamento de água, inter-relacionados que formam uma bacia.
 Podem localizar-se em linhas de fraqueza estrutural (fraturas e falhas) ou situam-se onde
estruturas primárias demarcam diferenças reológicas significativas, como contactos
litológicos.

Drenagem: Escoamento de águas concentradas numa área.

Propriedades e padrões de drenagem:


 A rede hidrográfica é um elemento fundamental de erosão e dissecação do terreno.
 As características físicas dos terrenos influenciam as propriedades das redes hidrográficas,
tais como a litologia, estrutura geológica, forma de relevo e índices hidrogeológicos locais.
O índice de pluviosidade é igualmente fundamental para o entendimento das propriedades
da rede de drenagem local.
 Ângulo de junção: Ângulos que ramos secundários fazem com o canal principal.
 Angularidade: Mudanças bruscas de direção da drenagem.
 Assimetria: Define o declive médio do terreno ou das estruturas planares.
 Densidade de canais: Quantidade de canais por área de terreno.
 Densidade de drenagem: Distância média dos interflúvios, entre os canais de maior ordem.
 Grau de controlo: Controlo estrutural dos ramos de drenagem.
 Retilinearidade: Orientação retilínea da rede hidrográfica.
 Orientação / Tropia: Orientação preferencial de diferentes redes hidrográficas que
compõem um padrão.

Fatores morfológicos de controlo das propriedades da rede hidrográfica:


 Fator interno: Refere-se à reologia do substrato rochoso, que é controlada pela litologia e
pela estrutura. As características estruturais são igualmente importantes, quer sejam
primárias (espessura e orientação das camadas), ou mesmo secundárias (xistosidade,
foliações, fraturas e dobras).
 Fator externo: Refere-se ao clima e à vegetação, aos quais a meteorização e erosão estão
ligados.

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 Fator composto: Trata-se da combinação entre os fatores interno e externo.

Estrutura geológica e traçado da rede hidrográfica:


Adaptação: Depende de condicionamentos impostos à rede hidrográfica pela:
 Estrutura geológica;
 Litologia;
 Tectónica.
Adaptação tectónica:
a) Troços retilíneos;
b) Mudanças bruscas de direção;
c) Confluência entre 2 afluentes no mesmo local;
d) Nascentes em direções opostas.

Inadaptação: Indiferença dos traçados da rede hidrográfica à:

 Natureza das rochas;


 Disposição estrutural das rochas.
Traçado da rede hidrográfica é anterior à informação da estrutura geológica (dobra ou horst) ➜
INADAPTAÇÃO POR ANTECEDÊNCIA
Traçado da rede hidrográfica que corre sobre uma cobertura sedimentar fossilizante ou uma
superfície de erosão ➜INADAPTAÇÃO POR SOBREIMPOSIÇÃO
Tipos de padrões de drenagem:

Padrão dendrítico:
 Erosão aleatória;
 Litologia homogénea;

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 Rios insequentes.

Padrão radial:
 Controlo morfológico ou estrutural;
 Rios consequentes.
Padrão retangular:

 Controlo estrutural;
 Rios subsequentes.
Padrão em rede:
 Controlo litológico e estrutural;
 Rios subsequentes.

Formas estruturais elementares e a sua evolução:


Geomorfologia estrutural: parte da Geomorfologia que estuda o relevo nas suas relações com a
estrutura geológica.

Estrutura geológica: Litologia e seus modos de jazida + deformações tectónicas associadas.


Disposição original das rochas ➜Afetada por movimentos da crosta terrestre, dependentes da
geodinâmica interna.
Diastrofismo: Conjunto de ações e fenómenos responsáveis pela modificação/deformação das
rochas:
 Enrugamentos/Dobramentos;
 Falhas/Fraturas;
 Levantamentos;
 Afundamentos.
Têm características diferenciadas conforme:
 Força envolvida;
 Ritmo das deformações;
 Extensão da área afetada.
Tectogénese: Diz respeito a movimentos intensos, relativamente rápidos e localizados ➜Dá origem
a dobramentos, falhas e flexões
Epirogénese: Diz respeito a movimentos moderados, lentos, e que afetam grandes massas
continentais ➜Origina amplos basculamentos, estruturas aclinais e monoclinais.

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Dobras, anticlinal, sinclinal:

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Falhas, horst, graben:

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Estruturas aclinais:
 Estruturas sem declive (horizontais);
 Não sofreram ação tectónica;
 Com alternância de rochas brandas e duras.
Estruturas monoclinais:

 Com declive muito fraco e sempre no mesmo sentido;


 Com alternância de rochas brandas e duras.
Grandes conjuntos estruturais do globo:
 As plataformas:
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o Plataformas cristalinas;
o Bacias sedimentares.
 Os sistemas dobrados.
As plataformas:
São os conjuntos estruturais mais antigos e representam partes da crusta, rígidas e relativamente
estáveis. São sobretudo plataformas de erosão, mas podem ser também plataformas de
acumulação.
A erosão e/ou acumulação são significativas – os fenómenos erosivos prevalecem sobre a
tectónica. São territórios consolidados em antigas fases orogénicas, situadas fora dos sistemas
dobrados alpinos.
São, em geral, constituídas por rochas ígneas e metamórficas, daí a sua rigidez e estabilidade.
 Quando afloram correspondem às plataformas cristalinas.
 Quando estão cobertas por sedimentos com estrutura aclinal ou monoclinal correspondem
às plataformas sedimentares.
Não são compartimentos estanques ➜Um levantamento ligeiro pode fazer com que seja erodida
toda a cobertura de uma plataforma sedimentar, transformando-a numa plataforma cristalina.
Uma plataforma cristalina, com uma ligeira subsidência, pode ser coberta por sedimentos,
transformando-se numa plataforma sedimentar.

As plataformas têm idades e características diferentes:


 Plataformas pré-câmbricas (escudos ou cratões): Maior tendência para a estabilidade.
 Plataformas primárias (caledónicas e hercinicas): Correspondem aos maciços antigos
(anteclises) as às bacias sedimentares (sineclises).

No caso das sineclises, a sedimentação (mesozóica e cenozóica) pode ter espessuras


consideráveis. As estruturas são clinais na área central e moniclinais na periferia. Podem estar
influenciadas poe acidentes do solo.
Plataformas cristalinas:
Incluem vestígios de antigos sistemas dobrados, pré-câmbricos ou primários.

Erosão persistente: Faz aflorar as raízes das cadeias montanhosas (granitos, auréolasde,
metamorfismo regional) ou afloramentos de rochas resistentes formando cristas apalachianas
(ex.: as cristas quartzíticas típicas da zona Centro-Ibérica).
Bacias sedimentares:

Podem corresponder a vários tipos:


1. Coberturas das plataformas epi-câmbricas, epi-caledónicas ou epi-hercinicas da Europa
estável.
2. Rifts intracontinentais onde esta cobertura é deformada por falhas normais com rejeto
moderado e onde o relevo assim criado é compensado por uma sedimentação síncrona do
movimento das falhas.
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3. Bacias alpinas periféricas onde se depositam os molassos das cadeias alpinas, com uma
subsidência por vezes muito ativa que é responsável pela grande espessura dos terrenos,
geralmente post-oligocénicos.
Sistemas dobrados alpinos:
São as faixas de sutura mais recentes, ligando ou apoiando-se sobre plataformas pré-câmbricas e
paleozóicas. São constituídos sobretudo por rochas sedimentares, deformadas por uma
tectogénese variável. Apresentam uma organização em zonas, segundo um determinado eixo de
dobramento.
Consoante a sua posição relativamente às plataformas pré-existentes e à arquitetura de conjunto
daí decorrente, podem classificar-se em vários tipos:
 Tipo intracontinental: Corresponde ao dobramento de sedimentos depositados num mar
epicontinental. O substrato é formado pela crusta continental pré-existente. O soco
hercínico forma a zona axial da cadeia e aparece, também ele, incluído no dobramento.
 Tipo pericontinental: Forma-se quando se desenvolve uma zona de subducção na periferia
de um continente. A subducção da placa oceânica produz a compressão da crusta
continental, bem como dos sedimentos depositados sobre ela e na fossa. A fusão de crusta
oceânica juntamente com a água e os sedimentos que ela arrasta produz intenso
vulcanismo de tipo intermédio (andesitos). Ex.: Andes e Montanhas Rochosas.
 Tipo intercontinental: Cadeia montanhosa formada pelo choque de dois continentes.
Representa o fecho de um ciclo, em que o oceano formado por rifting vai desaparecer e
dar lugar a uma zona de sutura. Corresponde ao estádio final do ciclo de Wilson, de
duração média de cerca de 500 milhões de anos. É o caso de maior complexidade
estrutural, já que cada um dos continentes pode ter, na sua periferia, arcos insulares ou
cadeias pericontinentais. Ex.: Alpes e Himalaias.
Formas estruturais mais frequentes:
 Estrutura Sedimentar Monoclinal;
 Estrutura Sedimentar Aclinal;
 Estrutura Sedimentar Dobrada;
 Estrutura falhada;
 Estrutura com rochas plutónicas;
 Estrutura Vulcânica;
 Estrutura Complexa:
o Rochas magmáticas;
o Rochas metamórficas;
Decorrem da evolução por ação da rede hidrográfica sobre uma estrutura sedimentar aclinal:

 Sem declive ou com declive muito fraco (não sofreu ação tectónica, posição horizontal ou
sub-horizontal);
 Com alternância de rochas brandas e duras.
As formas:

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 Planícies (planaltos e plataformas) estruturais: Correspondem ao afloramento do plano
superior de uma camada dura.
 Cerros ou cabeços testemunhos (mesas, no caso de atingirem grandes dimensões);
 Rechãs estruturais (achadas): Degraus de pequena dimensão correspondendo ao
afloramento de rochas duras.
 Valores simétricos (com ou sem cornijas): De um e de outro lado do vale a resitência das
rochas é muito semelhante.
Fase 1 – Plataforma estrutural e vales simétricos.

Fase 2 – Plataforma estrutural (P), Mesas (M) e Cabeços Testemunho (CT); Vales Simétricos com
cornija (c ).

Fase 3 - Planície estrutural e cabeços testemunho.

Formas estruturais elementares em estruturas sedimentares monoclinais:


Decorrem da evolução por ação da rede hidrográfica sobre uma estrutura sedimentar monoclinal:
 Com declive muito fraco e sempre no mesmo sentido
o Sedimentação costeira;
o Basculamentos tectónicos;
o Flancos de estruturas dobradas (anticlinais ou sinclinais)
 Com alternância de rochas brandas e duras.
As formas:
 Cuestas ou costeiras (estruturas monoclinais com fraco pendor);
 Cristas, Hog Back, Barras (estruturas monoclinais com maior pendor).
As costeiras ou cuestas:
 Vales simétricos (segundo o pendor);
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 Vales assimétricos (segundo a direção).

Os elementos da cuesta (um relevo assimétrico) - Frente da cuesta:


 Cornija (Rocha dura – C);
 Talude (Rocha branda – T);
 Reverso da cuesta (R ).

Elementos da rede hidrográfica:


 Rios cataclinais (de acordo com o pendor);
 Consequentes (C );
 Ressequentes (R );
 Rios ortoclinais ou subsequentes (de acordo com a direção -S);
 Rios anaclinais (contra o pendor das camadas – O).

A importância do pendor/inclinação das camadas:


Conforme a diferença da dureza das camadas:

Grande diferença de dureza: Pequena diferença de dureza:


Ângulos vivos na frente da cuesta Ângulos suaves na frente da cuesta

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Conforme a espessura das camadas:
Camadas duras pouco espessas Camadas duras muito espessas

Formas estruturais elementares em estruturas sedimentares dobradas:

 As formas do relevo tipo "Jura"


 As formas do relevo ligadas a mantos de carregamento
 As formas do relevo apalachianas
Originam-se pela evolução por ação da rede hidrográfica sobre uma estrutura sedimentar
dobrada:
 Com alternância de rochas brandas e duras;
 A importância da camada dura.
As formas de relevo tipo "Jura":
 Montes anticlinais e vales sinclinais:
o Correspondem ao afloramento do plano superior de uma camada dura na charneira
anticlinal e sinclinal.
 Ruz:
o Pequeno vale remontante no flanco anticlinal.
 Cluse:
o Vale que corta transversalmente a charneira anticlinal.
 As inversões de relevo (espessura das camadas ou rejuvenescimento do relevo);
 Combes:
o Vales afluentes da cluse, ao longo da charneira anticlinal.
 Anticlinal esventrado:
o Combe muito profunda, cujo fundo fica abaixo do sinclinal.
 Sinclinal alcandorado:
o Sinclinal que fica topograficamente acima do anticlinal esventrado.
 Montes derivados:
o Pequenos montes anticlinais que se desenham no fundo da combe (anticlinal
esventrado).

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(A) Fase inicial: Os anticlinais formam montes e os sinclinais formam vales, mas a erosão ataca
rapidamente o topo das dobras.
(B) Fase final: Os topos das dobras sãao erodidos e surgem as cristas e hog backs. Apresentam,
geralmente, um padrão em zig-zag.

(A) (B)

A erosão diferencial de rochas dobradas, forma alternância de cristas e vales .

Relevo apalachiano (a partir de relevos dobrados alongados e aplanados, após rejuvenescimento


do relevo):
 Isometria dos cimos mais ou menos aplanados;
 Relevo contrastado, a partir da alternância das rochas duras e brandas:
o Cristas (Hog backs ou barras) nas rochas duras;
o Sulcos ou vales apalachianos nas rochas brandas.
 As terminações periclinais:
o Pontas de charuto (perianticlinais);
o Fundos de barco (perissinclinais).
As montanhas apalachianas na América do Norte são exemplos clássicos de uma topografia
formada pela erosão de uma cordilheira dobrada. As cristas alinhadas são formadas em formações
quartzíticas resistentes, ao longo dos flancos de dobras.
Significado dos relevos residuais:
 Cristas quartzíticas:
o Coincidentes com os afloramentos quartzíticos do plaeozóico;
o Niveladas pelo topo - Superfície inicial.
 Inselberge:
o Filões de quartzo e granitos;
o Mesmas cotas que as cristas quartzíticas.

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 Representam um relevo de tipo apalachiano.

Génese do relevo apalachiano:


 Alteração intensa em clima tropical húmudo (Mesozóico):
o Alteração diferencial em rochas do soco arrasadas (superfície pre-Liassica)
▪ Muito acentuada nos granutos, gnaisses e xistos e superficial nos quartzitos.
o Origina morfologia arrasada – superfície inicial (infra cretácica).
 Eliminação dos alteritos (Cretácico):
o Associada a movimentos tectónicos (inversão atlântica)
▪ Exumação da frente de meteorização basal (etchplain ou superfície
gravada).
▪ Individualização de um relevo tipo apalachiano.
 Fossilização do relevo (a partir do Albiano):
o Sedimentos fluviais provenientes do Interior do Maciço Hespérico.
 Culminação morfológica (Cretácico terminal - Eocénico):
o Retoques erosivos e formação de superfície eocénica
▪ Início dos movimentos alpinos (fase pirenaica);
▪ Separação de águas - ocidente (exorreísmo) e oriente (endorreísmo) e
individualização das baxias do Douro e Tejo.
 Evolução posterior - função do ambiente tectónico.
Cristas quartzíticas:
 Relevos residuais;
 Rochas quartzíticas do Ordovícico;
 Estruturas dobradas da 1ª fase Hercínica.
Formas estruturais elementares em estruturas falhadas:
Falha Normal Falha Inversa

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Falha de Desligamento Cavalgamento

Formas do relevo VS velocidade de movimentação das falhas:

A. Deformação Rápida
B. Deformação Lenta
Escarpas de linha de falha:
 Resultantes da exploração erosiva das diferenças de resistência das rochas do bloco
levantado e do bloco abatido;
 Escarpas de linha de falha diretas;
 Escarpas de linha de falha inversas.

Escarpas Compósitas:
Exumação do plano de falha por uma linha de água.

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GEOMORFOLOGIA DO LITORAL:

Área / Região Litoral / Região Costeira / Litoral: Termo geral que descreve porções do território
que são influenciadas direta e indiretamente pela proximidade do mar.
Zona litoral / Zona Costeira: Porção de território influenciada direta e indiretamente em termos
biofísicos pelo mar (ondas, marés, brisas, biota ou salinidade) e que pode ter para o lado de terra
largura tipicamente de ordem quilométrica.
Faixa / Orla Litoral / Orla Costeira: Porção do território onde o mar exerce diretamente a sua ação,
coadjuvado pela ação eólica, e que tipicamente se estende para o lado de terra por centenas de
metros.
Linha de costa: Fronteira entre a terra e o mar, materializada pela interseção do nível médio do
mar com a zona terrestre.

Riscos específicos da zona costeira:


 Sismos;
 Maremotos;
 Movimento de massa;
 Inundação;
 Rutura de barragens;
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 Erosão litoral.

Tipos de costa:

Variações relativas do nível do mar:

Costas rochosas: Arribas vivas, estabilizadas, mortas ou fósseis:


 Arriba viva: Escarpa que termina ao nível do mar e encontra-se, permanentemente, sob a
ação erosiva do mar. As ondas desgastam constantemente a costa, o que por vezes pode
provocar desmoronamentos ou instabilidade da parede rochosa.
 Arriba fóssil ou morta: Zonas costeiras altas e escarpadas que já não são modeladas pelas
águas do mar, ou seja, já não sofrem o efeito da abrasão marinha. É possível encontrar
fósseis nas arribas fósseis.

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A. Arriba viva;
B. Arriba estabilizada;
C. Arriba morta ou fóssil.

Costas rochosas: Tipo A, B e Arribas mergulhantes:

(a) Plataforma descendo para o mar / Plataforma inclinada;


(b) Plataforma horizontal;
(c) Arriba mergulhante.

Costas arenosas: aspetos morfológicos de base:

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Deriva litoral:
Consiste no transporte de sedimentos ao longo da costa. O transporte dos mesmos num ângulo
oblíquo relativo à orla depende de:

 Direção do vento predominante;


 Espraiamento de onda;
 Correntes.
Interação praia-duna:

Evolução de um sistema dunar litoral:

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Obras de defesa costeira:
 Obras transversais:
o Molhe: Estrutura costeira apoiada no leito submarino pelo peso próprio das pedras
ou dos blocos concretos especiais, emergindo da superfície aquática. É uma longa e
estreita estrutura que se estende em direção ao mar.
o Esporão: Estrutura costeira que tem como fim protegera costa ou um porto da ação
das ondas do mar. Está disposta transversalmente em relação à costa e retém
sedimentos, de forma a impedir a erosão costeira.
 Obras longitudinais:
o Aderentes:
▪ Enrocamentos - Maciço composto por blocos de rocha compactados.
▪ Paredões.
o Não aderentes:
▪ Quebra mar destacado.

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Construção de um paredão na frente de uma duna em processo de erosão.
POOC – Plano de Ordenamento da Orla Costeira:

REFLEXÕES EM TORNO DA GEOMORFOLOGIA:


Definição de Geomorfologia:
Etimologicamente, a Geomorfologia é o estudo das formas da Terra.
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Geo ➜Terra

Morph ➜Forma
Logos ➜Estudo de
Geomorfologia: Ramo da Geologia, componente da Geografia (Física) ou ciência autónoma?
 J. Tricart: "A Geomorfologia é a ciência cujo objeto de estudo são as formas da Terra, do
relevo e do modelado terrestre."
 F. Joly: "A Geomorfologia é o ramo da Geografia Física que estuda as formas de relevo, a
sua génese, evolução no tempo e suas relações no espaço."
 P. George: "Estudo das formas de relevo terrestre e da sua evolução. A Geomorfologia não
é apenas um exercício de sistemática das formas de relevo, isto é, da sua descrição e
classificação, mas uma ciência explicativa da génese e evolução dessas formas. Como toda
a ciência ela tem um objeto de estudo – o relevo - métodos de trabalho – a cartografia, a
experimentação, a modelização, … - e uma finalidade – a integração da informação
derivada do estudo do relevo, na reconstituição da história das "paisagens"."
J. Tricart:
O objeto de estudo da Geomorfologia pode ser encarado como um interface que envolve litosfera,
hidrosfera, biosfera e atmosfera.
Neste sentido:

1) A Geomorfologia tem um objeto de estudo:


a) Descrever, classificar e localizar as formas do terreno – MORFOGRAFIA;
b) Avaliar a dimensão das formas e as suas relações no espaço - MORFOMETRIA;
c) Investigar a origem das formas - MORFOGÉNESE;
d) Origem das formações superficiais relativas – MORFOSEDIMENTOLOGIA;
e) Determinar a sua evolução no tempo – MORFOCRONOLOGIA;
f) Avaliar os processos responsáveis pelas transformações passadas e atuais do relevo
- MORFODINÂMICA.
2) Utilização de um vocabulário próprio/específico: Para explicar as formas do relevo, o
geomorfólogo utiliza uma TERMINOLOGIA ESPECÍFICA, que ultrapassa o carácter descritivo
do vocabulário topográfico, que não tem em conta a sua génese.
3) Carácter nitidamente interdisciplinar: Para muitos a Geomorfologia corre o risco de
aparecer como simples prolongamento de uma ciência da Terra, ou apenas como um dos
vários ramos da Geografia, ao mesmo tempo que parece necessitar de "ajuda",
principalmente metodológica, de muitas outras ciências.
a) Ligação com a Geologia;
b) Ligação com outras ciências naturais e com a Geografia.

Geomorfologia Estrutural, Dinâmica e Climática:


Geomorfologia Estrutural: Estudo do relevo nas suas relações com a estrutura geológica.

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Definição, inventariação e classificação de formas estruturais ➜Génese associada à litologia e/ou
tectónica ➜Análise da estrutura precede à das formas ➜Unidades de dimensão continental ou
regional.

 Socos: Conjunto estrutural rígido constituído por terrenos antigos, geralmente enrugados e
metamorfizados, frequentemente graníticos, recortados por uma (ou mais) superfície de
erosão que se comporta como uma superfície discordante e sobre a qual pode existir uma
cobertura sedimentar ou vulcânica.
 Bacias Sedimentares: Porção de crusta tectonicamente abatida, a qual foi sede de uma
longa sedimentação, marinha ou continental.
 Cadeias ativas: Conjuntos montanhosos associados a uma orogenia recente, ainda
percetível sobre a forma de sismos, erupções vulcânicas e reajustamos isostáticos.
Conjunto mais ou menos complexo de unidades morfoestruturais, constituídas
principalmente por deformações do tipo dobra, cavalgamento e carreamento, e por formas
de relevo em plena evolução.
 Domínios vulcânicos: Domínios essencialmente recentes, constituídos por edifícios
reagrupados em maciços ou em cadeias mais ou menos complexas, e topograficamente
sobrepostas aos relevos pré-existentes.
Geomorfologia Dinâmica: O estudo de processos exteriores à custa terrestre que contribuem para
formação do relevo.
Três componentes da erosão: ablação, transporte, acumulação ➜Características diferenciadas
principalmente em função do clima ➜Agentes erosivos (temperatura, água, gelo, vento, seres
vivos). ➜Processos de erosão ➜SISTEMAS DE EROSÃO/SISTEMAS MORFOGENÉTICOS ➜SISTEMA
FLUVIAL; SISTEMA PERIGLACIAR; SISTEMA GLACIAR, SISTEMA EÓLICO.
Geomorfologia Climática: Estudo do relevo nas suas relações com o clima, situando-se no
prolongamento da Geomorfologia Dinâmica ➜"Geomorfologia dos Modelados".

Fundamentos:
 Relevo assume aspetos diversificados em função dos meios bioclimáticos;
 Num dado espaço, raramente atua um único sistema morfogenético: reconhece-se a ação
simultânea e/ou sucessiva de vários sistemas e a coabitação de várias famílias de formas.

Definição de quadros territoriais dotados de características morfológicas poligénicas num conjunto


fisionómico original ➜DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS da Terra (Domínios Frios das altas latitudes;
domínio das altas montanhas; domínios temperados; domínios áridos; domínios tropicais
húmidos; domínio litoral; domínio dos socos; domínio cársico; domínio vulcânico).

26
BIOMAS E GEOMORFOLOGIA: INTRODUÇÃO À GEOMORFOLOGIA DINÂMICA/CLIMÁTICA:
Biosfera:
ESFERA DA "VIDA"
Inclui toda a vida na Terra (seres vivos) e as inter-relações que estabelecem entre si, o ambiente
onde essa vida se desenrola (meio físico) e as interações que se estabelecem entre todos os
elementos.

Biosfera - Organização Hierárquica:

Biomas - Organização Hierárquica:


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Fatores ecológicos ou condicionantes:
 Seres vivos – Biocenose: Não se distribuem de forma idêntica por toda a superfície
terrestre.
 Meio físico - Biótipos: Distribuição desigual da temperatura, humidade, precipitação,
luminosidade...
 Diferentes espécies requerem condições ambientais específicas!
Todo o organismo está submetido ao meio onde "vive", adaptando-se às condições simultâneas de
agentes físicos, climáticos, edáficos, químicos, bióticos ➜FATORES ECOLÓGICOS

 Fatores Abióticos: Fatores de natureza física ou química que caracterizam o meio


considerado (Luz/Radiação, temperatura, precipitação, humidade, solo).
 Fatores Bióticos: Fatores que atuam ao nível das interações entre indivíduos (predação,
competição, …).
Fatores ecológicos - Influência sobre os organismos e espécies:

Os fatores ecológicos atuam sobre os seres vivos de várias formas:


 Eliminam as espécies das áreas com condições ambientais não favoráveis ➜Determinam a
distribuição espacial e temporal das espécies.
 Modificam as taxas de fecundidade e mortalidade das espécies ➜Condicionam a
abundância das espécies.
 Favorecem o aparecimento de modificações adaptativas(quantitativas e qualitativas), por
exemplo a hibernação ➜Determinam o sucesso das espécies (extinção e especiação).

28
Relevo assume aspetos diversificados em função dos meios bioclimáticos:

Biomas:

Principais biomas do mundo:


1. Tundra;
2. Floresta boreal (Coníferas) - Taiga;
3. Floresta Temperada (Caducifólia);
4. Estepes, Pradarias;
5. Floresta Mediterrânica;
6. Desertos;
7. Savanas;
8. Floresta Tropical (Caducifólia);
9. Floresta Equatorial – Rainforest.

29
Os biomas são áreas com semelhanças climáticas, em que a Temperatura e Precipitação se
assumem como fatores mais importantes, embora sejam ainda considerados elementos de âmbito
topográfico e edáfico, influenciando as características gerais das comunidades biológicas.
Assim, existe uma relação muito próxima entre os biomas e as zonas climáticas, daí a sua
distribuição frequente em faixas latitudinais.
Classificação de Koppen-Geiger:

30
31
Tundra:
 Planície sem árvores;
 Domínios frios;
 Altas latitudes;
 Sistema glaciar e periglaciar;
 Faixa quase contínua ao longo do Oceano ártico - TUNDRA ÁRTICA. Encontra-se igualmente
em áreas de elevada altitude – TUNDRA ALPINA.;
32
 Clima polar, frio e seco;
 Invernos muito longos (6-9 meses), com duração de dia muito curta;
 No Verão (≈2 meses), apenas uma fina camada superficial do solo descongela; poucos
centímetros abaixo da superfície, o solo permanece congelado (PERMAFROST), impedido a
infiltração da água do degelo, o que leva à formação de lagos;
 A vegetação dominante é composta por líquenes (associação de fungos e algas), musgos,
formações herbáceas e arbustos baixos;
 Bioma mais simples em termos de estrutura da vegetação;
 Plantas com raízes longas não se podem desenvolver pois o subsolo permanece gelado -
não há árvores.
 Maioria dos animais, sobretudo aves e mamíferos, apenas habitam a tundra no curto
verão, migrando para regiões mais quentes no inverno.
 Os animais que ali vivem permanentemente criaram adaptações tais como: pelo espesso,
camadas de gordura sob a pele, hibernação, cascos grandes e duros (permite quebrar o
gelo), mudança da cor do pelo.
Taiga – Floresta Boreal de Coníferas:
 Constituída por árvores como pinheiros e abetos, musgos e líquenes. Localiza-se
exclusivamente no Hemisfério Norte;
 Clima subártico, influenciado pelas massas de ar frio polares, com ventos fortes e gelados
durante o ano todo;
 Inverno muito frio, longo e seco, caindo a precipitação sobre forma de neve;
 Verão pouco mais longo e ameno;
 Pouca precipitação;
 Solo fino, pobre em nutrientes. Coberto por folhas e agulhas caídas das árvores, torna-se
ácido impedido o desenvolvimento de outras plantas;
 Área de clima frio e com pouca humidade;
 Floresta de baixa diversidade, árvores de porte mediano;
 Pouca vegetação rasteira, no entanto aparecem musgos, líquenes e alguns arbustos;
 Floresta essencialmente constituída por coníferas, como abetos e pinheiros.
Floresta Decídua Temperada (Caducifólia):
 Bioma das zonas temperadas húmidas. Situa-se a sul da Taiga;
 Domínios temperados (frios);
 Temperaturas médias anuais moderadas, mas variando ao longo do ano;
 Precipitação sempre abundante, sem estação seca;
 Invernos com temperaturas baixas;
 Clima temperado com quatro estações bem delimitadas;
 Formação vegetal arbórea. Predominam árvores que perdem as folhas no fim do Outono e
as readquirem na Primavera (DECÍDUAS);
 As árvores mais características são os carvalhos, castanheiros e faias, mas também tílias e
freixos. Também estão presentes arbustos, plantas herbáceas e musgos;
 Solo muito rico em nutrientes - Acumulação de matéria orgânica;
 No Inverno acontece o período de repouso vegetativo;
 Na Primavera há um grande desenvolvimento de plantas herbáceas.
33
Pradarias temperadas / Estepes:

 Bioma constituído por formações herbáceas fechadas (essencialmente gramíneas);


 Situa-se no interior dos continentes ou ao abrigo de cordilheiras;
 Grandes amplitudes térmicas diárias e sazonais;
 Precipitação ocorre sobretudo no final da Primavera e no Verão;
 Inverno muito frio e seco;
 Longe da influência marítima e perto de barreiras montanhosas;
 Condições climáticas excluem as árvores e favorecem o domínio das gramíneas;
 Solos orgânicos profundos;
 Sobrepastoreio é uma importante ameaça (erosão).
Floresta Mediterrânica:
 Clima quente e seco no verão e moderado e húmido no Inverno;
 Precipitação ocorre durante 2 a 4 meses no Inverno, sendo rara nos restantes meses;
 Áreas costeiras ocidentais de vários continentes;
 Estação de crescimento muito curta (ação conjunta da temperatura (T) e precipitação (P);
 As principais árvores são a azinheira, o sobreiro, a oliveira-brava, os pinheiros, o cedro e o
cipreste.

Elementos diferenciadores do clima em Portugal:


 Latitude;
 Proximidade do Oceano Atlântico;
 Influência continental – Massa continental da Península Ibérica;
 Altitude / Relevo:
o Norte Litoral: Clima temperado mediterrâneo de influência atlântica, com maior
quantidade de precipitação e menor duração da estação seca;
o Interior: Clima temperado mediterrâneo de influência continental, com menor
quantidade de precipitação e maior amplitude térmica anual;
o Sul: Características do clima temperado mediterrâneo mais acentuadas;
o Áreas de Montanha: Temperaturas mais baixas e precipitações mais abundantes,
por vezes, com queda de neve no Inverno.

A precipitação média anual em Portugal Continental é da ordem dos 900 mm, mas evidencia
grande variabilidade espacial: os maiores valores – cerca de 3500 mm – registam-se nas
montanhas do noroeste (Gerês) e os menores na Terra Quente Transmontana e no sul – inferiores
a 500 mm.

A temperatura média anual do ar é de cerca de 15ºC e os valores médios mensais, variam


regularmente durante o ano com um máximo em Agosto e um mínimo em Janeiro.

Vegetação Natural:

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De Norte a Sul do país e face ao entrecruzamento de influências climáticas, encontramos espécies
comuns à Europa Ocidental e ao Mundo Mediterrâneo.

 Entre as espécies mediterrâneas as mais importantes destacam-se pela sua folhagem verde
e perene, o sobreiro, a azinheira, o pinheiro manso e o loureiro.
 Nas áreas de influência atlântica encontramos espécies de folha caduca como o carvalho
alvarinho ou roble, carvalho negral, castanheiro, amieiro, pinheiro bravo.
 A Sul e a Este e ainda nos vales abrigados e em terras de baixa altitude encontramos
espécies que são exigentes em calor e secura, como por exemplo o rosmaninho e o
alecrim.

Desertos:

 Caracterizados por precipitação reduzida e grande variabilidade interanual;


 Grandes amplitudes térmicas diárias e anuais;
 Podem ser quentes ou frios;
 Domínio árido;
 Sistema eólico;
 Desertos quentes e secos – proximidade dos trópicos (Sahara, Arabia, Kalahari, Australiano,
Mojave, Sonoran, Chihuahuan, Thar):
o Temperaturas diárias extremas;
o Precipitação muito reduzida ou concentrada em curtos períodos, evaporação
excede precipitação;
o Solos de textura grosseira, peliculares, rochosos ou arenosos;
o Vegetação inexistente ou muito escassa.
 Vegetação esparsa constituída maioritariamente por gramíneas, cactos e pequenos
arbustos.

Savana:

 Estação seca e longa;


 Temperaturas elevadas todo o ano;
 Tapete herbáceo/lenhoso contínuo que cobre uniformemente o solo.

Floresta Tropical Caducifólia:

 Faixa envolvente das florestas equatoriais;


 Distingue-se das florestas equatoriais por ocorrer uma estação seca;

Floresta Equatorial:

 Também chamada floresta pluvial tropical, localiza-se em regiões de clima quente e com
alto ínide pluviométrico, ou seja, na faixa equatorial;
 Domínio Tropical;
 Temperatura elevada todo o ano;

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 Precipitação elevada, não existe estação seca;
 Temperatura e Precipitação não são fatores limitantes;
 A luminosidade é o único fator limitante;
 Bioma com maior produtividade:
o Árvores de grande porte isoladas;
o Estrato arbóreo superior;
o Estrato arbóreo médio;
o Estrato inferior.
 A estratificação resultante dos vários andares de vegetação origina diversos microclimas
com diferentes graus de luminosidade e humidade;
 Predominância das árvores Higrófilas (têm raízes pouco profundas); Lianas; Epífitas (fixam-
se em árvores).

PROCESSOS DE METEORIZAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE ROCHAS E MINERAIS:

Erosão: Conjunto de processos de remoção (ablação) e transporte de materiais previamente


alterados (partículas de rochas, solos) do seu local original – por ação de água, gelo, vento e
gravidade – culminando com a sua deposição em locais afastados da sua origem.
Alteração / Meteorização: Processos físicos (mecânicos), químicos ou biológicos que promovem a
rotura ou decomposição de rochas e minerais.

Fatores que condicionam a alteração das rochas:


ALTERAÇÃO ➜Processo de adaptação dos mineiras que constituem as rochas, a um meio ambiente
totalmente distinto daquele que presidiu à sua génese ➜Conjunto de modificações físicas e
químicas cujo objetivo é restabelecer o equilíbrio "perdido" ➜Transformação dos materiais
originais em produtos mais estáveis perante as condições de superfície ➜Mais intensas para
rochas ígneas, dada a sua formação em ambiente de elevada pressão e temperatura.

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Fatores relacionados com as características dos materiais: a capacidade de alteração:

37
Fatores que condicionam alteração mineral:

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Aspetos Texturais:

 Arranjo/distribuição dos minerais ➜Presença de estruturas orientadas: concentração,


contiguidade e alinhamento de minerais frágeis.
 Tamanho, forma e perfeição dos cristais ➜Minerais de maior dimensão - Maior resistência
à alteração ➜Desenvolvimento de forma geométrica perfeita; ausência de defeitos na rede
cristalina: maior resistência ➜Hábitos lamelar/tabular (biotite, grafite) - menor resistência
que hábito prismático (ortoclase, quartzo).
 Heterogeneidade ➜Relação entre tamanho médio dos minerais de maior e menor
dimensão (textura).
 Dimensão do grão ➜Condiciona porosidade, logo maior/menor capacidade de infiltração
de água.
Fraturação/ Porosidade / Permeabilidade:

Fatores relacionados com as condições do meio: A intensidade de alteração:


Condições do Meio determinam: Processos de alteração (físicos e/ou químicos); Velocidade das
reações; Intensidade de alteração; Profundidade da alteração.

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Processos de alteração:

Alteração Física: Desagregação de minerais ou rochas através de processos exclusivamente


mecânicos, sem modificações ao nível da composição químico-mineralógica. As forças
responsáveis pelo desenvolvimento destes processos podem internas ou externas, mas ambas
criam um estado de stress que provoca a rutura dos materiais.

1. Descompressão; Exfoliação; Disjunção esferoidal; Disjunção colunar


2. Cristalização (crescimento de cristas); Crioclastia (gelivação); Haloclastia
3. Insolação; Termoclastia; Expansão diferencial
4. Humidificação/dessecação
5. Abrasão
Alteração Química: Processos que envolvem a alteração da composição químico-mineralógica dos
materiais. Os minerais são destruídos e transformados em novos produtos químicos ou formam
estruturas mais estáveis.
1. Dissolução
2. Oxidação - Redução
3. Hidratação
4. Hidrólise
Descompressão: Libertação de pressão de rochas confinadas, devido à erosão dos materiais
suprajacentes. Esta remoção diminui as pressões confinantes, do que resulta uma dilatação dos
materiais rochosos, gerando uma série de fendas que se desenvolvem num padrão sub-paralelo à
superfície. Estas fendas subdividem a rocha numa série de capas, ligeiramente encurvadas, que
permitem a passagem de fluídos como a água, podendo facilitar a ocorrência de outros processos
de meteorização.
40
Exfoliação: Grandes lajes achatadas ou curvas de rocha são fraturadas e destacadas de um
afloramento.
Disjunção esferoidal: alívio de pressão pode provocar o aparecimento de camadas concêntricas,
que promovem a meteorização da rocha em núcleos esferoidais (granitóides).
Disjunção colunar: Formação de colunas espaçadas por fendas. As rochas ficam mais vulneráveis à
ação dos agentes de meteorização.
Cristalização: Provoca alterações no volume das rochas, levando à rutura. Dois principais
processos:
 Crioclastia (Gelivação);
 Haloclastia.
 Alteração química: Hidrataão e oxidação podem implicar aumento do volume dos
materiais.
Insolação: Modificações de temperatura provocam ciclos de dilatação- contração nas rochas. A
alternância destes dois processos provoca a fraturação das rochas e, consequentemente,
desagregação de fragmentos ➜Termoclastia.
Expansão diferencial: Superfície da rocha sofre maior expansão que interior - descamação;
Composição mineralógica - minerais escuros (maior poder absorção) expandem-se a um ritmo
superior, pelo que a rutura da rocha se concentra em torno desses minerais - desagregação
granular.
Humidificação / Dessecação: Acumulação de camadas sucessivas de moléculas de água. Ciclos
alternados humidificação/dessecação permite ordenamento de moléculas, que assumem uma
natureza quase cristalina, exercendo força expansiva, promovendo desintegração dos materiais
(argilas).
Abrasão: Processo de alteração mecânica, através de fricção ou impacto, promovido pelo
transporte de materiais (ar, água, gelo).
Dissolução: Reação dos minerais com a água ou com um ácido. Promove quebra de ligações
químicas entre os diferentes iões que ficam dissolvidos na solução. Ocorre, normalmente, numa
primeira fase da meteorização química, sendo importante sob clima quente e húmido. Este
processo depende da quantidade de água disponível e da solubilidade dos materiais, e a sua ação
é tanto maior quanto maior for o estado de desagregação física das rochas.
Carbonatação: Reação dos iões de carbonato e bicarbonato com os minerais. Processo ativo em
meios ricos em CO2 que, combinado com a água, origina ácido carbónico. Este induz a (dis)solução
dos carbonatos e a decomposição da superfície dos minerais. Ocorre sobretudo nas rochas
calcárias.
Oxidação - redução: Oxidação significa reação entre o oxigénio atmosférico e os minerais,
originando óxidos ou hidróxidos, no caso de ser também incorporada água.
Hidratação: Incorporação de moléculas de água na estrutura dos minerais. Esta transformação
envolve uma modificação de volume, afetando as propriedades mecânicas das rochas. Contribui

41
para alteração física, nomeadamente exfoliação e disjunção granular e facilita a transferência de
iões.
Hidrólise: Corresponde à substituição dos catiões da estrutura de um mineral pelos iões de
hidrogénio. Esta reação de substituição iónica forma novos e diferentes minerais ou pode levar à
total desintegração do mineral original.

Minerais argilosos:

Minerais argilosos: Minerais constituintes das argilas, são geralmente cristalinos. Quimicamente
corresponde a silicatos hidratados que podem conter catiões. Estruturalmente apresentam-se em
camadas e folhas, mais raramente, em cadeias ou fitas.
Conceito de Mineral: Corpo sólido homogéneo, formado através de processos naturais e
inorgânicos, apresentando composição química definida ou variável dentro de certos limites e,
normalmente, estrutura atómica ordenada.

Formação de minerais argilosos:

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CLIMA E ALTERAÇÃO:
O clima é o fator que maior influência exerce sobre a intensidade da alteração.

43
Tipologia das zonas de alteração:
1. Zonas com alteração essencialmente física:
a. Domínios Glaciares
b. Domínios Hiperáridos
2. Zonas com alteração essencialmente química:
a. Coexistem processos físicos e químicos.

 Climas frios: Domina a alteração física; perfis pouco evoluídos, pouco espessos; minerais
argilosos são essencialmente minerais primários (ILITE, CLORITE).
 Clima frio e húmido: Perfis completamente lexiviados com horizonte superficial constituído
unicamente por Si (Sílica), e horizonte subsuperficial argiloso – MONTEMORILONITE, ILITE E
INTERESTRATIFICADOS.
 Clima temperado húmido: alteração química significativa.
 Clima quente e húmido: Hidrólise ativa, conduz à formação de CAULINITE E
ÓXIDOS/HIDRÓXIDOS

44
DINÂMICA GLACIAR:
Domínio Glaciar:

Abrange cerca de 10% da superfície emersa da terra: regiões polares/sub polares e altas
montanhas.
Características do Domínio Glaciar:
 Frio intenso e persistente;
 Precipitação e escoamento sob forma sólida;
 Acumulação de neve maior que fusão durante o "Verão".
Formação de Gelo Glaciar:

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Tipos de Glaciares:
1. Frios (Polares):
a. Temperatura muito inferior, alimentação escassa em água líquida;
b. Formação de gelo glaciar e deslocamento lentos;
c. Correspondem a grandes massas de gelo polar, catalogadas como "restos
glaciares", mantidos pelo frio remanescente.
2. Intermédios (Subpolares):
a. Inverno: comportamento similar aos anteriores;
b. Verão: funcionam como glaciares temperados ou quentes.
3. Temperados ou Quentes:
a. Temperatura próxima do ponto de fusão;
b. Tempo necessário para transformar neve em gelo glaciar é mais curto;
c. Abundante água líquida, tanto superficial como interna e basal.
Classificação Geomorfológica:
A) Calotes: Grandes massas de gelo continental que apresentam vários tipos conforme as
características, controle topográfico e dimensões.
1. Coberturas de Gelo (Ice Sheets): Formam uma cobertura contínua de neve e gelo,
não confinada pelo relevo. Cobrem quase a totalidade do terreno a alta latitude,
aflorando apenas picos isolados. Apresentam uma fisionomia geral aplanada.
2. Campos de Gelo (Ice Fields): Não estão confinados ao relevo, mas apresentam certo
controle topográfico. Fisionomia irregular.
3. Glaciares de plataforma (Ice Shelf): Derivam de um glaciar de calote (continental),
que penetra no mar.

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B) Meseta ou Planalto (Ice Cap): Fisionomia em cúpula, condicionada pelo relevo subglaciar
de altiplanícies ou mesetas. Nas zonas marginais, formas línguas confinadas em
verdadeiros glaciares de vale ou piemont.
C) Montanha: Acumulações de gelo confinadas ao relevo. Origem em bacias montanhosas,
fluindo em direção a vales, mediante línguas únicas. Devido à dispersão geográfica e grau
de dependência do relevo, consideram-se diferentes tipos:
1. Vale (Alpino):;
2. Circo;
3. Vertente;
4. Piemont;
5. Montera (não constituem subtipo específico. Ligação, nas cabeceiras, de dois ou
mais glaciares; geralmente em cúpula; de acordo com morfologia do leito;
convergem com glaciares de meseta ou campos de gelo).

Morfologia de um Glaciar:
1. De Vale ou Alpino: Fisionomia mais comum dos glaciares de montanha, com influência
clara da morfologia. Apresenta áreas de acumulação e deposição bem diferenciadas.
Podem ser simples ou múltiplos, formando redes dendríticas.
2. De Circo: Área de acumulação coincide com a de ablação, não apresentando língua de gelo
(restos glaciares Pirinéus).
3. De Vertente ou Intermédio: Não constitui subtipo específico. Similar ao anterior, têm
menor desenvolvimento. Localizam-se em áreas com grandes desníveis, formando
barreiras de séracs durante o percurso.
4. Piemont: Glaciares que se expandem formando "leques" de gelo ao chegar a uma planície,
perdendo confinamento.

Características gerais da dinâmica glaciar:

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Movimento de um Glaciar:

 Deslizamento Basal: Deslocamento em massa do gelo sobre o leito, em movimento


mecanicamente descontínuo. Maior ou menor regularidade de deslocamento depende das
relações entre a massa, o gelo e o leito rochoso, com especial importância para a presença
de água líquida.
 Deformação Interna: Movimentos diferenciais e mecanicamente contínuos. Fluxo lento
(tipo creep) em 3 etapas: Primário(certa rigidez, deformação decresce continuamente);
Secundário (quase viscoso, deformação constante e proporcional ao esforço); Terciário
(acelerado, deformação crescente).

Ações elementares num glaciar: erosão, transporte e sedimentação. Formas e Depósitos:


1. Erosão:

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Formas específicas do Movimento:
Crevasses: Fendas alongadas e abertas que se desenvolvem na superfície glaciar, sujeitas a
modificações a qualquer momento. Formam-se devido a alterações gradiente velocidade. Podem
ter orientação transversal, longitudinal ou oblíqua, desenvolvendo-se no setor central, marginal
ou terminal. Não excedem 50m de profundidade, uma vez que o fluxo plástico não permite o seu
desenvolvimento.
Seracs: Blocos de gelo instáveis e de disposição caótica, associados à interseção dos planos de
crevasses. Resultam na aceleração do gelo em movimento nos setores de forte declive.
Micro, meso e megaformas erosivas:

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Polimento: Ação de fricção do gelo com o leito ou materiais transportados. Superfícies
uniformizadas por desgaste, em materiais capazes de suportar tensões contínuas sem se
desagregarem.
Estrias: Micro incisões lineares derivadas da fricção do leito ou materiais transportados pelo gelo,
descontínuas e distribuídas de forma irregular, mas orientadas segundo a direção do movimento
do gelo. Materiais são suficientemente compactos, homogéneos e consistentes, suportando
tensões por fricção concentradas pontualmente, sofrendo desagregação muito limitada.
Caneluras: Meso-concavidades mais ou menos contínuas e lineares na direção movimento,
formadas por arranque e polimento. Ocorrem no leito e derrubes de maior dimensão. Derivam da
canalização de tensões sobre irregularidades iniciais da rocha (leito) ou sobre alinhamento
preferencial materiais transportados. Aparecem em materiais consistentes e com certa
heterogeneidade relativamente presença diaclases, fraturas ou modificações litológicas, que
favorecem desagregação seletiva.
Chatter Marks (marca de percussão): Marcas ou cicatrizes em meia lua formadas no substrato,
pelo impacto dos materiais transportados pelo glaciar.
Rochas Aborregadas: Ressaltos rochosos do leito basal, orientados sentido movimento, sofrendo
forte abrasão. Por vezes são muito dissimétricas e com declives contrastantes devido arranque
materiais na frente oposta fluxo.

LAGOS:
Tarn: Lago que se desenvolve num circo glaciar, após fusão do gelo.
Pater Noster Lakes: Conjunto de lagos que se desenvolvem ao longo do percurso glaciar de
montanha ocupando depressões cujo nº e dimensões dependem da litologia e fraturação do
substrato, bem como o poder erosivo glaciar.

2. Transporte:
 Passivo: Carga transportada pela massa de gelo que não está em contacto com o leito –
materiais suportados e englobados. Origina transformações mínimas (estruturais, texturais
e mineralógicas) do material transportado.
 Ativo: Materiais afetados por tensões de arraste, fricção e movimento.
Assim, o transporte dos materiais processa-se segundo uma de 3 situações:

50
Deposição: tipo de formações superficiais:
Todos os sedimentos de origem glaciar, independentemente do tipo de transporte, local e forma
de deposição, são designados por GLACIAL DRIFT ("derrubes glaciares").

51
Justaglaciárias:

MOVIMENTOS DE VERTENTE:

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Movimento de vertente:
Movimento de descida, numa vertente, de uma massa de rocha ou solo. O centro de gravidade do
material afetado progride para jusante e para o exterior.
Tipos de movimentos de vertente:

 Fator descriminante principal: tipo de mecanismo (cinemática);


 Fator descriminante secundário: tipo e dimensão material deslocado.
 Outros critérios: velocidade, amplitude, teor de água, estrutura geológica, litologia,
profundidade, índices morfométricos, idade, geometria dos planos de rutura...

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Quedas/Desabamentos: Deslocação de solo ou rocha a partir de um abrupto, ao longo de uma
superfície onde os movimentos tangenciais são nulos ou reduzidos. O material desloca-se
predominantemente pelo ar, por queda, saltação ou rolamento. Trata-se de um movimento
brusco, caracterizado por elevada velocidade, relacionada com a queda livre que ocorre, pelo
menos, em parte da deslocação.
(1) Deslocação de rochas, detritos, solos a partir de abrupto.
(2) Movimentos tangenciais nulos ou reduzidos.
(3) Deslocamento do material pelo ar, por queda, saltação ou rolamento.
(4) Movimento brusco, elevada velocidade.
Outros critérios:
 Queda de blocos:
o Isolados ou em grupo;
o Desabamentos: queda de massas rochosas de grandes dimensões;
o Quedas primárias: rocha mãe;
o Quedas secundárias: detritos previamente "libertados do substrato.
Balançamento/Topple: Rotação de massa do solo ou rocha, a partir do ponto ou eixo situado
abaixo do centro de gravidade do material afetado. Ocorre por influência da gravidade e a ação de
forças laterais, exercidas por unidades adjacentes ou água/gelo presente em diaclases ou fraturas.
Frequente em massas rochosas com descontinuidades. Movimento pode variar de muito lento a
extremamente rápido, e pode ou não evoluir para desabamento ou deslizamento.
Deslizamentos: Movimento de solo ou rocha ao longo de uma superfície de rutura que separa o
material subjacente do que é movimentado.
a) Movimento ocorre dominantemente ao longo do plano de rutura, alvo de intensa
deformação tangencial.
b) Durante o movimento, a massa deslocada permanece em contacto com o material
subjacente não afetado.

54
c) Massa deslocada apresenta graus de deformação variáveis, consoante o tipo de
deslizamento.
Tipos de rutura e características do material afetado permitem subdividir deslizamentos:
Translacionais:
1) Planares:
a. Ocorrem ao longo de superfícies de rutura planares, pelo que a massa deslocada é,
com frequência, evacuada para além da superfície de deslizamento.
b. Controle estrutural: plano de rutura desenvolve-se ao longo da superfície de
fraqueza.
c. Em função do tipo de material afetado distinguem-se:
i. Deslizamentos de rocha;
ii. Deslizamentos de detritos;
iii. Deslizamentos lamacentos.
2) Não Rotacionais:
a. Transição entre rotacionais e translacionais mais típicos (planares).
b. Plano de rutura com 2 secções: circular ou planar com forte inclinação a montante;
estilo translacional marcado e inclinação mais reduzida a jusante.
c. Consoante o tipo de material afetado, subdividem-se em:
i. Deslizamento de blocos;
ii. Deslizamentos de solo em bloco.
Rotacionais (slumps):
a. Ocorrem ao longo da superfície de rutura curva e côncava.
b. Material homogéneo - isotrópico.
c. Forma topográfica característica: como o plano de deslizamento é côncavo, o movimento
envolve rotação, materializada por um abatimento a montante e levantamento no setor
frontal. Tal cria aclives pronunciados onde ocorre retenção de água, o que tende a
prolongar a instabilidade.

Expansão Lateral (spread):


a) Extensão de massas coesivas de solo ou rocha, combinada com subsidência geral no
material subjacente mais brando.
b) Pode resultar de liquefação ou fluxo do material subjacente.
c) Ocorre em vertentes geralmente muito suaves.
d) Ausência de ruturas basais bem definidas.
e) Em rocha tende a ser um movimento lento, resultante das deformações visco-plásticas
profundas.
f) Em solos é um movimento rápido: colapso da camada do solo a certa profundidade,
seguida de assentamento das camadas sobrejacentes mais resistentes ou da rutura
progressiva de toda a massa afetada.
Fluxos:

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a) Movimento espacialmente contínuo em que a supre tensão tangencial são efémeras e
frequentemente não preservadas.
b) Distribuição de velocidades na massa deslocada assemelha-se à de um fluído viscoso.
c) Tensões distribuem-se por toda a massa, provocando grande deformação interna dos
materiais.
d) Velocidade diferenciada, maior junto à superfície.
e) Três principais tipos de fluxos, em função dos materiais envolvidos:
i. Fluxos de detritos;
ii. Fluxos de lama;
iii. Fluxos em rocha: afetam massas rochosas muito diaclasadas ou estratificadas em
vertentes montanhosas; movimentos muito lentos e, aparentemente, permanentes
no tempo.
Movimentos complexos: Combinação de um ou mais dos principais tipos de movimentos, seja em
diferentes partes da massa afetada, seja em diferentes fases de desenvolvimento do movimento.

Fatores desencadeantes e condicionantes dos movimentos de vertente:


 Fatores de ordem hidroclimática;
 Fatores de ordem estrutural;
 Fatores de ordem geomorfológica;
 Fatores de ordem antrópica.
Na maior parte dos casos, as causas dos movimentos de vertente são múltiplas e verificam-se em
simultâneo. Tentar definir qual delas é responsável pela rutura pode ser não só difícil, como
incorreto.
Frequentemente, o fator final não é mais do que um mecanismo desencadeante que coloca em
movimento uma massa que se encontrava já no limiar da rutura.
Fatores condicionantes (preparatórios) dos movimentos de vertente:
Condicionam o grau de instabilidade potencial da vertente.

 Litologia;
 Estrutura geológica;
 Formações superficiais;
 Morfologia e morfometria das vertentes;
 Processos geomorfológicos;
 Coberto vegetal;
 Uso do solo;
 Intervenções antrópicas.

Determinam a variação espacial do grau de suscetibilidade do território à instabilidade.


Fatores desencadeantes dos movimentos de vertente:
Determinam o ritmo temporal dos movimentos de vertente.

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 Precipitação;
 Fusão de neve e gelo;
 Variação na posição das toalhas freáticas;
 Erupções vulcânicas;
 Sismos.

Fatores de ordem hidroclimática:


Precipitação: quantidade/intensidade/duração ➜FATOR DESENCADEANTE ➜Infiltração, circulação,
armazenamento de água no solo.
 Movimentos ocorrem normalmente após prolongada sequência chuvosa.
 Dias em que ocorrem movimentações, nem sempre correspondem a valores máximos
diários de precipitação.
 Parece existir uma relação forte com valores da precipitação diária acumulada, traduzindo
eventualmente o momento em que se processa a saturação dos solos.
Fatores de ordem estutural:
Sismos, erupções vulcânicas ➜FATORES DESENCADEANTES
Contactos litológicos; Intensidade de alteração das rochas/Espessura das formações superficiais;
Inclinação dos materiais/Declive das vertentes; Rede de falhas e fraturas ➜FATORES
CONDICIONANTES (PERMANENTES)

Contacto geológico atuou de três formas:


1. Como área de descontinuidade entre duas rochas distintas, facilitando a infiltração das
águas, a alteração progressiva do granito e a rutura dos materiais.
2. Como barreira à progressão do movimento, que evoluindo rapidamente para montante
enquanto encontrou o granito alterado, foi interrompido pelo afloramento mais resistente
dos metassedimentos.
3. Como ponto a partir do qual se modificam as características do processo: sobre o "vazio"
criado pela movimentação do "granito alterado", passamos a assistir à queda de blocos da
"cornija" exposta.

Fatores de ordem geomorfológica:


 Declives.
 Comprimento, forma e exposição das vertentes.
 Encaixe da rede de drenagem.
 Morfologia dos vales.
Fatores de ordem antrópica:
 Abertura de caminho a montante do local onde se iniciou o movimento.
 Deficiente sistema de canalização.
 Tanques de rega construídos ao longo do valeiro.
 Construção de casa no percurso natural da linha de água.

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Áreas Urbanas:

 Crescente aumento da população urbana, implicando uma cada vez maior intervenção e
consequente modificação do meio físico.
 Intensidade crescente do tráfego.
 Impermeabilização de espaços de circulação.
 Abertura de novas vias, modificando o escoamento natural.
 Inexistência, em alguns setores, de um eficaz sistema de canalização de esgotos
domésticos e águas pluviais.
 Presença de edifícios abandonados e em ruínas.
 Acumulação de detritos urbanos nas vertentes.
Outras intervenções:
 Aterros mal compactados.
 Alteração dos perfis naturais das vertentes.
 Acumulação de detritos resultantes da construção de infraestruturas.
 Lixeiras a céu aberto, sem qualquer tratamento.
 Exploração e abandono de pedreiras.
 Deflorestações em massa (incêndios).
 Exploração de areias.

II - PRÁTICA
Altitude: Distância entre um ponto da superfície terrestre e uma superfície fundamental de
referência - geóide ou elipsóide.

Pontos cotados: Um ponto cotado é a projeção ortogonal de um ponto do terreno no plano da


carta, com a indicação da sua altitude (cota).
Cota de um ponto à superfície da Teera é a distância medida na vertical entre esse ponto e um
nível qualquer, tomado como referência.
Curvas de nível: Representam o relevo (configuração do terreno). Representa na carta uma linha
imaginária sobre o terreno, ao longo da qual todos os pontos têm a mesma cota. Na maioria das
cartas as curvas de nível são impressas a castanho, sendo representadas por um traço mais grosso
de 5 em 5 curvas – curvas mestras.

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Equidistância: O relevo é representado pela projeção horizontal das linhas que resultam da
interseção da superfície do terreno com um conjunto de planos equidistantes entre si. A diferença
de cota entre cada curva de nível chama-se equidistância.
o Natural: distância vertical real entre duas curvas de nível.
o Gráfica: distância vertical à escala da carta entre duas curvas de nível.

Características fundamentais das curvas de nível:


a) Tendem a ser "quase" paralelas entre si.
b) Todos os pontos de uma curva de nível devem estar à mesma cota.
c) Cada curva fecha-se sempre sobre si mesma.
d) Nunca se cruzam.
e) Concordantes com a equidistância preconizada.
f) Cruzam os cursos de água em forma de "V" com o vértice apontado para a nascente.
g) Nunca corta a mesma linha de água em mais que um ponto.
h) Formam um "M" nas confluências fluviais.

Perfil topográfico:

Corte Geológico:

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Esboço Litológico:
É um mapa temático onde se representam, através de tramas (ou cores), os diferentes tipos de
rocha de uma determinada área.

Esboço de fraturação:
o Troços retilíneos;
o Mudanças bruscas de direção;
o Confluência de 2 afluentes no mesmo local;
o Nascentes em direções opostas.
Mapa de declives:
Declive é a inclinação da superfície topográfica relativamente a um plano horizontal. A linha que
apresenta maior inclinação em relação ao plano horizontal designa-se por minha de maior declive.
Valor:

o Angular (º) - ângulo feito entre a superfície topográfica e o plano horizontal.


o Percentual (%) - relação entre a distância vertical (altura) e a distância horizontal que se
percorre para se alcançar esse valor.

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Mapa de declive é um mapa temático em que são representados valores de declive agrupados em
classes, às quais se atribui uma sequência lógica de cores ou tramas que nos permitem fazer uma
leitura geral e rápida da variação dos declives de uma determinada área.

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