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I

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAPÁ


CÂMPUS SANTANA

CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM PUBLICIDADE

ARTIGO DE OPINIÃO

A Internet está realmente nos mudando?

SANTANA-AP

2022
LUANA BRILHANTE ALVES

A INTERNET ESTÁ REALMENTE NOS MUDANDO?

Trabalho do Componente Curricular


Português apresentado no curso de
Publicidade, turma 2020.1 do Instituto
Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Amapá, como requisito a
obtenção de nota da atividade avaliativa
N1 do 3º Bimestre.

Santana – AP

2022
A internet está realmente nos mudando?

Atualmente, a palavra “cancelamento” é de conhecimento geral devido


a sua popularização nas redes sociais. Esse fenômeno trata-se do ato de
demonstrar a um indivíduo que suas ações ofensivas não vão ser toleradas na
sociedade que está inserido, podendo haver punições por causa de suas
atitudes prejudiciais ao campo social. Porém, algo que pode ser observado
sobre essa cultura, é o fato de que muitas vezes o cancelamento se distancia
desse conceito de conscientização e justiça e acaba se adentrando no
significado de raiva alheia. A parti do momento em que surgi o anonimato das
redes sociais e as desavenças de opiniões nas relações humanas, os
discursos de ódio inconsequentes vão ficando cada vez mais frequentes na
sociedade em que estamos colocados. Mas tudo isso não é certamente culpa
da internet, visto que não foi a internet que nos criou e sim nós que criamos a
internet e somos responsáveis pelo o que escolhemos ser dentro dela.

A série de ficção cientifica criado por Charlie Brooker denominada “Black


Mirror” possui em sua terceira temporada um episodio chamado “Odiados pela
nação” que em certa parte retrata o cancelamento virtual. Nesse episodio
podemos acompanhar a história de uma mulher que foi cancelada na internet
por causa de seus posicionamentos criminosos, porém as coisas passam do
limite quando ela é assassinada e vira vítima da situação. Ao decorrer do
episódio percebemos que foram pessoas, aparentemente com vidas cotidianas
normais, que criaram uma “opinião” publica de que ela deveria morrer e
aceitaram isso como a solução final. Nesse caso a internet possibilitou um
lugar de comunicação, que infelizmente algumas pessoas não utilizaram para
chamar a atenção da justiça sobre a mulher e sim optaram por expor opiniões
ofensivas de forma brusca. Dessa maneira, é interpretável que uma plataforma
toxica não surgi do nada, que quem a cria são indivíduos que usam esse
veículo de comunicação de maneira errada e faz com que o agressor se torne
a vitima do seu próprio crime.
Sob o mesmo ponto de vista, a sensação de que o agressor está se
tornando vítima, se dá por causa dessa forma criminosa e incorreta de buscar
por justiça. Isso acaba apagando o ponto principal que este é: a internet não
surgiu com o intuito de propagar ódio a outro ser humano virtualmente, até
porque isso é crime. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua
reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Injuriar– é
atribuir palavras ou qualidades ofensivas a alguém, expor defeitos ou opinião
que desqualifique a pessoa, atingindo sua honra e moral, de acordo com o
artigo o Art.139 da Lei n° 2.848, de 07 de dezembro de 1940 (BRASIL,1940)

Diante dessas informações, é possível citar novamente outro episódio de


“Black Mirror” da segunda temporada intitulado “urso branco”. Nele é retratado
a história de uma mulher que está sendo torturada psicologicamente todos os
dias por causa de crimes cometidos no passado. A tortura em questão é feita
por vários indivíduos que usam da tecnologia avançada para castigar a mulher
de forma violenta. Esse episódio nos mostra que a protagonista cometeu um
crime terrível e sádico e que a forma que a opinião publica encontrou de fazê-la
“pagar” pelo o que fez foi a torturando todos os dias. A tecnologia nas mãos do
publico foi usada inteiramente para uma vingança de raiva, mesmo que ela não
tivesse sido criada para isso, mas pôde ser usada como uma arma no
momento que entrou em contato com as pessoas que queriam fazer justiça
com as próprias mãos.

Dessa forma, é observado que muitas vezes os grupos que ocasionam o


efeito “manada” (atitudes coletivas) se aproveitam do uso da internet por causa
da fácil transmissão de informação. Mas o ato de violência e difamação não
está relacionado à internet em si, mas sim ao caráter do ser humano e a
maneira que ele lida com erros e opiniões alheias, pois o fato de que muitas
vezes ao invés da justiça ser a primeira opção, a vingança é. A tecnologia
digital está marcada pela sociedade problemática que está inserida, não foi a
internet que nos tornou problemáticos e sim nós que a tornamos prejudicial.

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