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Quem eram as Amazonas

Quando os desbravadores espanhóis embrenharam-se no Norte do Brasil no séc XVI,


travaram conhecimento com os indígenas locais que lhes afirmaram ser seu interior
governado por uma sociedade matriarcal composta por belicosas “mulheres sagradas
sem marido”,que eram altas e brancas, de modo a apresentar caractéristicas físicas
possivelmente oriundas de uma antiga miscigeção com caucasóides. A origem das
possíveis características caucasóides dessas mulheres indicadas pelas refrências
históricas representam um dos maiores problemas científicos da história e da
arqueologia brasileiras. No decorrer dessa matéria serão apresentados os agrumentos
que fundamentam uma das únicas teorias historicamente embasadas que podem vir a
solucionar esse problema, caso futuras pesquisas arqueológicas e genéticas venham a
comprová-la. Essa teoria indica que as Amazonas eram Virgens do Sol Incas que
fugiram da invasão espanhola.
No ano de 1942, o cronista Gaspar de Carvajal ,que fora designado para ser
escrivão da frota do conquistador Francisco de Orellana, relatou que o grupo de
expedicionários do qual fazia parte contatou indígenas amigos na região próxima à
confluência dos rios Napo e Marañón. Segundo Carvajal, tais indígenas informaram à
frota de que fazia parte ser o interior da Amazõnia comandado por “grandes
senhoras” muito instruídas na guerra , por esses chamadas de Cunhãpuiuaras, que
eram lideradas por uma rainha chama Conori, tendo sido essas associadas
erroneamente às Amazonas gregas pelos conquistadores. No dia 24 de junho de 1542,
a tropa de Orellana finalmente se deparou com as Amazonas( Cunhãpuiuaras) ,com as
quais travou um encaniçado combate que durou três dias ,tendo ele próprio
constatado a brancura da pele, a elevada estatura e os cabelos claros dessas.
É preciso enfatizar que tais senhoras foram associadas pela visão eurocêntrica dos
conquistadores de forma fantasiosa às legendárias Amazonas da antiga Grécia, uma
vez que as tradições indígenas não fornecem quaisquer elementos que justifiquem tal
associação. Sendo assim, a visão comum que se tem sobre as Amazonas é uma mistura
de fatos históricos com elementos míticos de caráter eurocêntrico.
Segundo o especialista em língua quéchua e engenheiro de minas peruano
Felipe Thica, os morfemas que compõem a palavra composta por justaposição
Cunhãpuiuara dessa família linguística antiga podem ser traduzidos da seguinte forma:
cunhá (mulher); pui ( barulhento); uara (sagrado que é real ou que se pode tocar). Um
ponto importante a ser considerado nessa tradução é que a palavra uara do quéchua
antigo mencionada acima significa algo que é sagrado e material ou que se pode
tocar ,enquanto a palavra waca de distingue daquela por significar algo que é sagrado
e imaterial ou que não se pode tocar. Sendo assim, o morfema uara presente na
palavra composta Cunhãpuiuara indica que essas eram materiais e palváveis, não uma
lenda ou entidade imaterial advinda do imaginário.
Embora exista uma outra tradução possível para tal palavra composta da língua
tupi, essa parece pouco convincente, uma vez que não faz alusão ao adjetivo
“sagradas” que era atribuído às referidas mulheres pela imensa maioria das tradições
indígenas pertinentes. Um exemplo que indica ser mais convincente a tradução do
quéchua proposta por Thica é a definição dada a essas mulheres pelos indígenas
Aruak, que, segundo o naturalista e botânico Barbosa Rodrigues, eram por esse
chamadas de “Virgens Sagradas de Izy”,que as qualifica explicitamente com o adjetivo
“sagradas”.Outra questão que deve ser aqui mencionada é o fato de que ,segundo o
célebre antropólogo e historiador Fernando Sampaio,para os indígenas Tariana do
tronco Aruac, a palavra Izy significa “filho do sol” , indicando que esse tronco
linguístico definia as Amazonas como “Virgens Sagradas do Sol”.Além disso,
corroboram essa definição as referências históricas de um índio Trombeta capturado
pala tropa de Orellana ,tendo o primeiro afirmado ao segundo que essas mulheres
possuíam templos para adoração do sol.

Seriam as Amazonas descendentes das Virgens do Sol de origem Chachapoya?


Os Chachapoya eram uma cultura que se desenvolveu na região Amazônica peruana e
foi incorporada pelo império Inca pouco antes da invasão espanhola. Os indígenas
dessa etnia apresentavam características físicas que os diferenciavam das populações
originárias sul-americanas, sendo tidos pelas referências históricas como muito
brancos, altos e de cabelos ruivos ou louros. O cronista Cieza de León, em sua obra
Crônicas do Peru”, escrita por volta do ano de 1550 ,afirma que os Cahachapoya “são
os mais brancos e agraciados de todos que já vi nas regiões das Índias por onde andei e
suas mulheres eram tão belas que, por sua gentileza, mereceram ser mulheres dos
Incas e foram levadas para os templos do sol”. Deve-se frisar que essa descrição das
indígenas coincide perfeitamente com aquela feita pelas referências históricas e
tradições indígenas a respeito da pele muito clara das Amazonas, de forma a
fundamentar a hipótese de que as segundas eram descendentes das primeiras.
Além disso, deve-se levar em conta que as crônicas de Cieza de León afirmam que
muitas das Chachapoya, devido a sua grande beleza, eram escohidas para fazerem
parte das concubinas reais dos imperadores Incas chamadas de Virgens do Sol,
chamadas em quéchua de Intiq Akllasqan ,as quais eram sacerdotisas enclausuradas
nos templos que cultuavam esse astro e prestavam serviços ritualisticos à divindade
solar chamada Inti pelos Incas. Apenas o sumo sacerdote e o imperador Inca poderia
entrar neste templo e contemplar tais “virgens”, sendo permitido somente àquele ter
conjunções carnais e engravidá-las.
Teoria científica que associa as Amazonas às Virgens do Sol
Primeiramente, a fim de fundamentar essa teoria, é preciso considerar que o
termo Virgens do Sol é idêntico ao que era utilizado pelos indígenas Aruak para
denominarem as Amazonas, o qual foi mencionado mais acima nessa matéria.Em
segundo lugar ,deve-se mencionar que diversas referências históricas indicam que as
Amazonas possuíam costumes que permitem relacioná-las aos Incas. Segundo as
informações obtidas pelo cronistas Gaspar de Carvajal, elas andavam vestidas,
diferente das da costa do rio Amazonas, “com roupas de lã muito fina porque nessa
terra há muitas ovelhas do Peru”e “usavam cobertores presos por cima com uns
cordões”,além de ter afirmado que possuíam “camelos de carga” .Tais informações
afirmam que as Cunhãpuiuaras usavam vestimentas semelhantes a dos Incas, além de
indicaram que essas possuíam lhamas e vicunhas , o que permite associá-las a essa
civilização andina. Além disso, baseado em depoimentos indígenas, Carvajal afirma
que elas habitavam “casas de pedra com portas” ,o que constitui mais um elemento
que fundamentar tal associação.
As Cunhãpuiuaras e os índios brancos da Amazônia
A imensa maioria das referências históricas e antropológicas indica que as
Amazonas habitavam as serras do extremo norte da Amazônia, o que faz bastante
sentido ,pois essa região pussui carcaterísticas geográficas e ambientais muito
semelhantes àquelas apresentadas nas localidades originalmente habitadas pelos
Chachapoya. Segundo os dados antropológicos coletados por Barbosa Rodrigues junto
aos Aruak ,as Amazonas vieram a se fixar na região do rio Içana, o qual é um afluente
do rio Negro situado no norte do Amazonas.Segundo as referências históricas do então
Governador da Guiana Antônio de Berrio ,transcritas pelo cronista Alonso Pontes em
1584, os indígenas Achauá lhe informaram que havia outra comunidade de mulheres
sagradas muito brancas na região da Serra Parima, nas nascentes do rio Catrimani e
Parime. Corroboram essas afirmações os relatos obtidos pelo etnologista e explorador
alemão Theodor Koch-Grünberg obtidos junto aos índios Taurepang, os quais diziam
que “as mulheres sem marido” teriam se fixado na Serra Parima, situada na fonteira
entre Roraima e Venezuela e depois na Serra Tumucumaque, localizada no limite ente
o estado do Pará e o Suriname.
Somente no ano de 1760 os conquistadores chegaram à região tida
tradicionalmente como a habitação das Amazonas na Serra Parima, tendo sido o
primeiro encontro com os indígenas que lá se estabeleceram realizado pelo explorador
espanhol Díez de la Fuente. Quando esse explorador chegou à região tradicionalmente
habitada pelas Amazonas , ele mesmo pôde constatar a brancura de seus habitantes,
referindo-se aos mesmos como “brancos iguais a soldados espanhóis, permitindo
deduzir que tais indígenas eram de fato descendentes de caucasóides. Logo depois da
referida expedição, o padre vevezuelano Ramón Bueno, se refere a esses indígenas
como “guaribas brancos” em seu “Tratado Histórico de 1800” , de forma a confirmar a
brancura daqueles.

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