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DE VOLTA A CIDADE
Discentes:
Cirelda Guiliche
Dirck Milagre
Edilson Chivale
Emilia Da Silva
Francisco Uamba
Kácia Naene
Nilton Hermenegildo
Miriamo Malasse
Queste Come
Shizia Yuna
Docente:
Jaime Jemusse
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1. Apresentação
Catherine é uma das primeiras pesquisadoras a trabalhar sobre a emergência das novas
classes médias e dos processos de gentrificação nos grandes centros urbanos na
França.Socióloga e pesquisadora emérita do Centre National de la Recherche
Scientifique(CNRS), foi diretora entre 1999 a 2009 do Institut de Recherche
Interdisciplinaire en Sciences Sociales (IRISSO) da Universidade Paris Dauphine (Paris
IX). Atua membro do comitê científico de várias revistas como Espaces et Sociétés e
Actes de la Recherche. en Sciences Sociales e é autora de três livros: “Les Aventuriers du
quotidien,
Pois existem muitos casos com que as famílias moradoras mais pobres foram substituídas por
outras de classe média superior, fenômeno que tem sido chamado de gentrificação.
Pelo lado da oferta e das decisões dos produtores de espaços – as estratégias dos governantes,
em acordo com o setor privado, para tornar as cidades competitivas, dotando os centros de
características que o tornariam atrativo para aquelas classes, seja para moradia ou para
consumo e lazer.
A gentrificação deixa de ser uma anomalia local do mercado imobiliário de uma grande
cidade para se desenvolver como um componente residencial específico de uma ampla
reformulação economica, social e política do espaço urbano. Essa renovação representa a
gentrificação da cidade como uma conquista altamente integrada do espaço urbano, na qual o
componente residencial não pode ser dissociado das transformações das paisagens do
emprego, do lazer e do consumo.
Segundo Smith, a “regeneração urbana” hoje representa uma estratégia central na competição
global entre as diferentes aglomerações urbanas. O novo papel representado pela globalização
do capital é também decisivo na sua generalização, incluindo a presença das mesmas
empresas internacionais nos grandes projetos urbanos.
Examinada através desse quadro geral de uma estratégia urbana global, a generalização da
gentrificação posterior aos anos noventa aparece para Neil Smith como associada ao
abandono das políticas urbanas progressistas do século XX (Estado providência) e a vitória
das políticas neo-liberais.
O alto grau de repressão a que foram expostos os movimentos anti-gentrificação nos anos
oitenta e noventa seria uma prova do caráter central dos programas imobiliários na nova
economia urbana.
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A gestão dos programas e os planos estratégicos – os bairros „desejados‟ pelos
“gentrificadores” precisam apresentar determinadas características apropriadas a uma
reciclagem mais ou menos rápida (etapa dos pioneiros, da gentrificação expontânea).
Em Barcelona, em meados dos anos oitenta, a situação de degradação do bairro um- dou em
razão das políticas do governo local, incluindo um plano para controlar as atividades de bares
e pensões, e a criação de uma empresa de capital misto que faz, em nome da municipalidade,
toda a gestão.
Já no caso das cidades mexicanas, Patrice Melé observa que, não obstante os discursos dos
militantes, pesquisadores e certos re presentantes dos organismos de proteção, que se referem
à ma nutenção das funções tradicionais e das formas específicas da cultura popular dos
bairros centrais, a política de patrimônio só considera os edificios e a imagem urbana.
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Este último observa que a gentrificação – embora apresente o risco de se impor como modelo
na cidade – Não é, sem nenhuma dúvida, uma tendência sem volta, porque é possível que os
revezes econômicos ou a força dos setores popu- lares ponham freio a esse processo Enfim,
fica a idéia de que a gentrificação dos centros é um risco importante para o qual é preciso
estar alerta, mas que não é inelutável.
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2. Introducao
As cidades dos países desenvolvidos estão passando por uma evolução que não exclui as
formas anteriores de desenvolvimento, com investimentos significativos nos centros urbanos.
Desenvolvimento das redes de comunicação multiplicou os espaços onde circulam bens,
pessoas, serviços e capitais, favorecendo as grandes metrópoles.
termo "gentrificação" foi atribuído por Ruth Glass nos anos sessenta para descrever o
processo em que famílias de classe média ocupavam bairros desvalorizados no centro de
Londres, envolvendo a substituição das camadas populares por camadas médias assalariadas
e o investimento, reabilitação e apropriação de moradias e bairros operários ou populares por
essas camadas sociais. Recentemente, o termo tem sido utilizado para designar os segmentos
superiores das classes médias residindo nos condomínios de luxo no centro das grandes
cidades.
texto discute a gentrificação, destacando sua relação com a evolução das economias urbanas,
as mudanças nas formas familiares e nos modos de vida, bem como a ascensão das classes
médias superiores e o pós-fordismo. Também aborda a hipótese de que os bairros
gentrificados refletem uma reorganização socioeconômica da sociedade em função de um
novo regime de acumulação.
A obra tem também como abordagem a relação entre as grandes cidades e a economia global,
destacando Nova Iorque, Londres e Tóquio como centros dessa nova economia. Discute
também a ascensão da gentrificação, relacionando-a com a nova classe de trabalhadores que
atendem às necessidades da nova economia mundial. Além disso, menciona a necessidade de
proximidade física entre os diversos atores dos serviços da nova economia mundial, bem
como diferentes formas de gentrificação. Por fim, aponta que a gentrificação é vista
essencialmente como um fenômeno das cidades anglo-saxônicas, e destaca diferenças
históricas entre as funções dos centros e periferias das cidades europeias e anglo-saxônicas.
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A gentrificação em Bruxelas, a revitalização de certas áreas pode impactar as dinâmicas
sociais e econômicas da cidade. Ela traz à tona questões importantes sobre desigualdade e
transformações urbanas. A autora analisa minuciosamente as mudanças que ocorrem em
bairros específicos, como Saint Gilles, e como isso afeta os moradores e a estrutura social da
cidade como um todo.
A gentrificação nos centros das cidades mexicanas, onde as mudanças na estrutura social e
econômica impactaram significativamente a vida urbana e a distribuição das classes sociais.
A gentrificação é realmente um fenômeno complexo que reflete as relações entre as
estratégias residenciais e os processos de valorização e desvalorização dos centros urbanos,
onde destaca-se a importância dessa noção para compreender essas dinâmicas.
Além disso, a obra destaca a proximidade entre diversos programas urbanos em diferentes
continentes, sugerindo que as camadas sociais condutoras desses programas estão
"mundializadas". Também aponta que, embora essas camadas sociais possam integrar valores
de diversidade social e misturas ecléticas em suas representações, suas práticas muitas vezes
contribuem para fenômenos de segmentação e polarização.
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3. A gentrificação generalizada: de uma anomalia local à "regeneração" urbana
como estratégia urbana global
Faz-se menção ao caso de Nova Iorque como exemplo dessa profunda transformação que
marcou o processo de gentrificação, identificando três fases distintas desse fenômeno na
cidade.
A história da gentrificação em Nova Iorque, divide-se em três ondas distintas. A primeira
ocorreu antes da crise financeira e fiscal de 1973, a segunda nos anos 70 e 80, e a terceira
após o renascimento econômico entre 1994 e 1996. Cada onda apresenta particularidades,
com a primeira sendo esporádica, a segunda consolidando o processo e a terceira
caracterizando-se por uma gentrificação generalizada. O texto destaca a migração de
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habitantes de classe média e média alta para bairros degradados, como Greenwich Village, e
como isso deu início ao processo de gentrificação. Também menciona a falta de interesse das
instituições financeiras em investir em áreas consideradas "decadentes" e a ausência de
programas governamentais de renovação urbana durante os primeiros sinais de
transformação.
Aboda-se a consolidação da gentrificação em Nova Iorque durante o fim dos anos 70 até
1989, período marcado por uma profunda mudança estrutural na cidade. A crise fiscal que
afetou a cidade nesse período resultou de uma série de fatores locais e globais, incluindo a
dependência desorganizada dos grandes bancos em relação às taxas de juros e o
endividamento das administrações municipais. A teoria da renda diferencial é citada como
uma das causas originais da gentrificação, relacionada à mobilidade geográfica do capital e
aos modelos históricos de investimento e desinvestimento urbano.
Durante esse período, a política urbana de reestruturação da municipalidade teve um impacto
significativo na gentrificação, intensificando os níveis de desinvestimento no centro e
pericentro da cidade. Isso levou a uma redução nos preços dos terrenos e edifícios nos bairros
mais antigos e degradados, levando pequenos proprietários locais a vender seus imóveis para
grandes promotores imobiliários. O texto destaca a centralização do poder econômico e
político durante a crise fiscal, com a municipalidade implementando novos programas e
financiamentos de reabilitação de habitações
A mudança de interesse de investidores privados e estabelecimentos financeiros em zonas
anteriormente evitadas foi impulsionado por regulamentações públicas e a percepção do
potencial lucrativo dessas áreas. O governo federal também teve papel na redução de
financiamentos para habitação social, impactando as camadas populares da cidade. O
aumento do número de famílias expulsas de suas moradias e de pessoas sem-teto levou a
mobilizações e lutas contra a gentrificação.
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4. A Cidade Renasce
Este capítulo aborda a transformação da cidade de Bruxelas. Esta ganhou uma nova
aparência e se tornou uma atração. E uma grande pergunta que aqui surge é: Será que o
processo de gentrificação ocorrido em Nova York e Londres ocorreu do mesmo jeito em
Bruxelas É notório neste capítulo que, “a revitalização residencial se compõe de um conjunto
de dinâmicas distintas.”
Estas situações variam e se combinam de maneira bastante diversa nos bairros antigos em
transformação (reapropriação residencial e comercial, ou mesmo económica, actividades de
escritório. com finalidades turísticas e recreativas).
A gentrificação encontra uma dificuldade de definição única a medida em que vão sendo
estudadod vários casos so redor do mundo muito diferentes em termos sócio-económicos,
doos exemplos de Londres e Nova York. A gentrificação provocou uma metamorfose de
espaços degradados e empobrecidos ou abandonados, em enclaves superdemandados e
apropriados por um novo público de alta renda, frequentador de um novo tecido comercial de
luxo, em detrimento das camadas populares que habitavam a cidade e que foram brutalmente
expulsas.
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5. A gentrificação do bairro Saint-Georges
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6. Ciutat Vella De Barcelona
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7. A reapropriacao de património simbólico do centro histórico de Nápoles
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O Centro Storico: questões urbanisticas e estratégias políticas
As complexidades do desenvolvimento urbano e da preservação do centro histórico de
Nápoles, com ênfase na evolução histórica e nas estratégias urbanas e políticas que moldam a
área. A luta para equilibrar a preservação histórica com a melhoria urbana, juntamente com
os vários projetos e iniciativas destinados a revitalizar a área, é realmente intrigante. A ênfase
na manutenção da complexidade social da área enquanto implementa a reabilitação física e a
revitalização cultural é um aspecto importante do desenvolvimento urbano.
Além disso, a menção da visão de Antonio Bassolino para o centro histórico como "o maior
museu ao ar livre do mundo", preservando sua complexidade social, é bastante instigante.
Sua abordagem de requalificação sem adicionar novas construções e seu foco em tornar os
antigos bairros confortáveis e habitáveis por meio de melhorias de infraestrutura e
reavaliação cultural são louváveis.
A descrição da transformação da Piazza del Plebiscito após a cúpula do G7 em 1994 também
mostra como eventos internacionais podem impactar positivamente o desenvolvimento
urbano e a percepção da cidade por seus habitantes e visitantes.
A reapropriacao simbólica
É fascinante perceber como a noção de centralidade pode ser tão abrangente e multifacetada,
indo além de apenas a localização geográfica e abrangendo aspectos simbólicos, políticos e
sociais. A transformação do "Centro Antico" de Nápoles realmente reflete uma mudança
significativa na dinâmica urbana, com a evolução dos espaços públicos e a diversificação dos
grupos que os ocupam. O envolvimento ativo de vários setores da sociedade nesse processo é
crucial para a revitalização e preservação do patrimônio histórico e cultural.
A reflexão do autor sobre as mudanças na cidade é pertinente, pois levanta questões
importantes sobre as transformações urbanas e sociais. É válido questionar se as mudanças
realmente alteraram as dinâmicas sociais e territoriais ou se simplesmente criaram uma nova
ordem urbana aparentemente virtuosa. A coexistência de diferentes estratos sociais e a busca
por diferenciação dentro da cidade apontam para a persistência de certas dinâmicas, mesmo
diante das transformações.
As mudanças na cidade têm o potencial de alterar as dinâmicas sociais e territoriais, mas é
crucial avaliar se essas transformações estão promovendo uma verdadeira inclusão e
igualdade dentro da comunidade. A análise cuidadosa das consequências dessas mudanças é
fundamental para garantir que elas estejam contribuindo para uma cidade mais justa,
dinâmica e acolhedora para todos os seus habitantes.
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8. Reinvistir nos espacos Centrais
A difusão de um valor de historicidade da cidade antiga constitui uma mutação nas repre-
sentações coletivas dos espaços centrais anteriormente estigma- tizados como os lugares do
congestionamento, da crise urbana e voltados às práticas populares. Se o termo gentrificação
pode ter sido utilizado para caracteri zar fenômenos diferentes, esta noção é centrada sobre o
papel de segmentos particulares da demanda por habitação que se apro veitam de um
diferencial de aluguéis ou de preço de venda gap para investir em certos espaços urbanos
desvalorizados (Bidou, 2000;
Para alguns autores, a gentrificação caracteriza uma reestruturação social (Smith, 1987) - uma
transformação nas estruturas de emprego (Bidou, 2000) - - e práticas residenciais associadas
às novas camadas sociais que valorizam uma "volta" a espaços antes desvalorizados, As
muta- ções das estratégias residenciais puderam ser consideradas como signos do surgimento
de uma nova classe média urbana caracteri zada essencialmente por novos modelos de
consumo (Carpenter & Leees, 1995).
Ainda que Gareth Jones e Ann Varley (1996) proponham estender a noção aos fenômenos de
valorização comercial e turística desconectados de dinâmicas residenciais, me parece que
para con- servar um interesse heuristico a noção de gentrificação aplicada aos centros das
cidades mexicanas não pode se limitar a transfor- mações ocorridas nas práticas da cidade e
deve se concentrar so- bre as dinâmicas residenciais dos espaços que simbolizam a crise dos
centros: os bairros e os centros comerciais populares.
Para uma compreensão do sentido dos fenômenos considerados nesse contexto como sig- nos
da revalorização dos espaços centrais, é importante situar as dinâmicas globais em relação à
evolução dos diferentes sub-espa- ços centrais (centros administrativos e políticos, centro
comercial valorizado, centro comercial popular, bairros) e assinalar que uma grande parte dos
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signos mobilizados para atestar uma (re)valorização e um (re)investimento, assim como uma
parte im- portante da ação do poder público, se referem a espaços que nun- ca foram
realmente desvalorizados.
No entanto, poucas evoluções são perceptíveis nas dinâmicas da habitação dos bairros
populares centrais, e me parece que os si nais da "revalorização" continuam na ordem das
representações, ou limitadas às práticas de alguns setores da população e a um refinamento
comercial de alguns bairros.
centro histórico não é mais o único espaço de abastecimen to: novos espaços de centralidade
apareceram nas proximidades ena periferia, mas, na escala das aglomerações, é ainda na zdes
central que a ofeque casaercial & mais importante e diversifi zona Parece então que as
análises sobre o declínio e crise dos cen- mos devem ser relativizadas. Nesses locais, vários
edifícios abandonados pela burguesia no início do século XX foram divididos na forma de
"vecindades" (cortiços), e novas construções desse tipo foram criadas nesses espaços até os
anos quarenta para serem alugados.
Estigmatizada naroderie de discursos, mas valorizada por outros como um cenário de uma
sociabilidade pos pular que deve ser preservada, a "vecindad" foi um dos lugares onde se
desenvolveu a antropologia urbana (Lewis, 1961), e, se- gundo o modelo de análise das
mobilidades intraurbanas de John Turner, o espaço de acolhida dos imigrantes.
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9. Reapropriacao de bairros da Cidade de Mexico
Freqüência a restaurantes também aparece como um dos traços essenciais deste novo
consumo de classe média: não ape- nas aos restaurantes das cadeias americanas que cada vez
mais se impõem, mas também àqueles que oferecem uma "nouvelle cuisine" híbrida, que
recupera elementos da cozinha mexicana clás- sica com aportes internacionais, e é cada vez
mais apreciada pe- los novos setores de classe média: a moda da tequila, os pratos raquíticos
e caros, tudo isso faz parte dos seus hábitos.
Vamos voltar analisado o caso de outros centros, na nossa opinião também mui- importantes
a esse ponto, depois de ter no processo que nos ocupa Na maioria dos casos, os antigos
centros de povoados em volta da Cidade do México mantiveram sua estrutura elementar cen-
ral, ou seja, antigos bairros coloniais em torno da praça central, com igreja, eventualmente a
prefeitura, a escola, e algumas cons truções que ao longo dos séculos foram destinadas ao
comércio Em torno desses edifícios centrais, algumas quadras puderam ser preservadas do
tempo e dos efeitos das intervenções especulativas.
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10. Requalificar o seculo XX
O ultimo tema aborda aspectos para saber se essa "gentrificação sem passado" de repente se
torna, nos anos oitenta, uma estratégia urbana global e concentrada, se ela é um traço da
mundialização, no sentido em que os geógrafos entendem esta última (Dollfus, 1997), ou a
concretização e consolidação de uma categoria socioeconômica que dá conta das
recomposições urba- nas nesse período pós-fordista. Essas duas interrogações nos ser- virão
de matriz para apresentar o caso de São Paulo, no contexto de uma mudança geral de atitude
diante das áreas centrais das cidades do Brasil, depois de quase vinte anos de reabilitação da
maior parte dos centros de cidades mexicanas.
Nos anos oitenta assistimos à passagem de uma corrida para a modernidade, concretizada
pela expansão continua das cidades em direção à periferia diventavertical quanto
horizontalmente, segundo configurações diversas, e recorrendo à planificação téc nico-
econômica por meio do sistema de financiamento habitacional (BNH).
Neil Smith afirma que "o liberalismo do fim do século sugere uma rede de convergências
entre as experiências urbanas nas grandes cidades do que se chama o primeiro mundo e o
terceiro mundo", e a gentrificação seria um desses aspectos.
Um dos lugares que pertencem ao coração simbólico da cidade, por exemplo, a praça da
Repúbli- ca- hoje muito desvalorizada em razão das representações que lhe são associadas,
principalmente como lugar de tráfico e consu- mo de crack - oferece, quando contemplada de
um sexto andar, uma concentração extraordinária da arquitetura (tropical?) do sé culo XX
para uso de uma burguesia moderna e urbana, que Niemeyer não renegou, pois aí construiu
dois edificios.
Ela faz tal afirmação com relação a uma área central que foi particularmente maltrata- da nos
anos setenta, quando se privilegiou a construção de vias de circulação rápida através da
cidade na altura dos primeiros anda- res de edificios residenciais, obstruindo as ruas, e tudo
isso a cus- tos altíssimos (Santos, 1990).
Mas essa imagem não dá conta da presença e da manutenção de bairros de tradição burguesa
(no distrito da República, por exem- plo), de bairros tradicionais de comércio especializado e
étnico (como a rua de restaurantes exclusivamente italianos e o "bairro japonês", no distrito
da Liberdade), de ruas de bares e prostitui- ção, enfim, da manutenção ou do retorno de
atividades bancárias, administrativas e culturais em alguns dos arranha-céus mais pres-
tigiosos dos anos vinte/trinta nos distritos da Sé e República.
município (circunscrição administrativa que não é equivalente à comuna francesa, porque ele
é soberano e pode legislar) com seus 10 milhões de habitantes, parou de crescer, e a zona
central, sobre a qual nos debruçamos teve em 20 anos (1980- 2000) uma taxa de crescimento
negativa de 19,78% (Sposati, 2001).
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proporção de automóveis por moradores é claramente inferior à média do município (seria
por insuficiência de renda, por ausência de estacionamentos privados, por medo dos ladrões
ou por uma mentalidade "ambientalista" pós-moder- na?), mas, sobretudo, a taxa de
criminalidade sobre a qual já fala- mos, é elevada nos dois distritos mais centrais, Sé e
República.
Os 10 distritos têm 600 mil empregos declarados, 500 mil pedestres, 250 linhas de ônibus e
lotações que transpor- tam diariamente uma população de empregados, de " vendedores
ambulantes" (cerca de 170 mil?), de artesãos e de visitantes;
No ano de 2001, se observava que "reciclagens" pontuais ti- nham acontecido sobretudo no
setor conhecido como Centro Ve- lho (Sé): órgãos da administração, centros culturais, um
dos quais patrocinado pelo Banco de Boston, shopping center, circuito de pedestres
("calçadões"), e ainda outros.
As prioridades dos governos munipais anteriores tinham sido orientadas para a preparação da
zona oeste do município, para receber os novos centros de negócios (das avenidas Faria Lima
e Berrini), ao preço de consideráveis escândalos de corrupção, e de um endividamento urbano
sem precedentes (14 bilhões de reais, em 1999).
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11. Conclusão
A obra “De Volta à Cidade: Como Resolver o Dilema Urbano” de Richard Florida, traz uma
análise profunda e instigante sobre os desafios e oportunidades que as cidades enfrentam na
era contemporânea. Ao resumir e refletir sobre os pontos-chave apresentados por Catherine
Bidou, é possível concluir que a abordagem de Florida oferece uma visão multifacetada da
gentrificação e das questões urbanas.
A gentrificação, como descrita no livro, não é mais um fenômeno localizado, mas sim uma
tendência global que impacta cidades ao redor do mundo. A ascensão da gentrificação como
estratégia urbana levanta questões importantes sobre inclusão social, diversidade cultural e
acesso à habitação.
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