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AULA 3

REFERENCIAÇÃO
Conceitos e estratégias
● Blikstein: o que julgamos ser
a realidade não passa de um
produto de nossa percepção
cultural.
● A percepção/cognição
transforma o “real” em
referente (objeto mental,
unidade cultural).
● Triângulo de Ogden e
Richards: foco no lado
esquerdo (símbolo e
referência).
REFERENCIAÇÃO: atividade discursiva → implica uma visão
não-referencial da língua e da linguagem.

Categorização: o significado é baseado numa estrutura de atributos


necessários e suficientes que compõem a essência de determinada
entidade.

Protótipos: elementos centrais de uma categoria.


Exemplo: pássaro → canário → avestruz

Estereótipos: protótipo compartilhado


● Referência: aquilo que designamos, representamos,
sugerimos quando usamos um termo ou criamos uma
situação discursiva referencial com essa finalidade: as
entidades designadas são vistas como
objetos-de-discurso e não como objetos-do-mundo.

● Nosso cérebro não opera como um sistema fotográfico do


mundo, nem como um sistema de espelhamento, ou seja,
nossa maneira de ver e dizer o real não coincide com o
real. Ele reelabora os dados sensoriais para fins de
apreensão e compreensão. E essa reelaboração se dá
essencialmente no discurso.
Postulações de Apothéloz & Reichler-Béguelin (1995):
a) a referência diz respeito sobretudo às operações efetuadas pelos
sujeitos à medida que o discurso se desenvolve;

b) o discurso constrói aquilo a que faz remissão, ao mesmo tempo que é


tributário dessa construção. Isto é, todo discurso constrói uma
representação que opera como uma memória compartilhada →
memória discursiva;

c) eventuais modificações não acarretam necessariamente no discurso


uma recategorização lexical, sendo o inverso também verdadeiro.
● Referir: atividade de designação realizável por meio da
língua sem implicar uma relação especular
língua-mundo;

● Remeter: atividade indexical na cotextualidade;

● Retomar: é uma atividade de continuidade de um


núcleo referencial, seja numa relação de identidade ou
não
● Referenciação e progressão referencial: consistem na (re)construção
de objetos-de-discurso;

● Objetos-de-discurso: não preexistem "naturalmente" à atividade


cognitiva e interativa dos sujeitos falantes, mas devem ser
concebidos como produtos - fundamentalmente culturais - desta
atividade.

● Estratégias de constituição da memória discursiva:

a) Construção/ativação;
b) Reconstrução/reativação;
c) Desfocalização/desativação
Exemplo:
“Com a perigosa progressão da demência bélica de Bush 2º [construção] cabe uma
indagação: para que serve a ONU? Criada logo após a 2ªGuerra Mundial, como
substituta da Liga das Nações, representou uma grande esperança de paz e
conseguiu cumprir seu papel durante algum tempo, amparando deslocados de
guerra, mediando conflitos, agindo pela independência das colônias.( ... ) . É. Sem
guerra não dá. Num mundo de paz, como iriam ganhar seu honrado dinheirinho os
industriais de armas que pagaram a duvidosa eleição de Bush 2º, o Aloprado? [nova
construção a partir de uma reativação] Sem guerra, coitadinhas da Lookheed, da
Raytheon (escândalo da Sivan, lembram?). Com guerra à vista, estão faturando
firme. A ONU ainda não abençoou essa nova edição de guerra santa, do terrorismo do
bem contra o terrorismo do mal [reconstrução por recategorização] ( ... ) O Caubôi
Aloprado [reconstrução por recategorização] já nem disfarça mais.( ... )”
(luracy Andrade, "Delinqüência internacional", Jornal do Commercio, Recife, 8 fev.
2003).
Formas de introdução (ativação) de referentes

Ancorada: um novo Não-ancorada: um


objeto-de-discurso é objeto-de-discurso
introduzido, sob o modo totalmente novo é
Anáforas do dado, em virtude de introduzido no texto,
associativas algum tipo de passando a ter um
e indiretas associação com "endereço cognitivo"
elementos presentes no na memória do
co-texto ou no contexto interlocutor.
sociocognitivo.
Nominalização: uma operação discursiva que consiste em referir, por meio de
um sintagma nominal, um processo ou estado significado por uma proposição
que, anteriormente, não tinha o estatuto de entidade.

Nominalização = rotulação (Francis, 1994)

Rótulos Rótulos
prospectivos retrospectivos

Exemplos (p. 66)


Reconstrução ou manutenção no modelo textual → progressão
referencial

● A operação responsável pela manutenção em foco, no modelo de


discurso, de objetos previamente introduzidos, dando origem às
cadeias referenciais ou coesivas, responsáveis pela progressão
referencial do texto.

● Estratégias:
a) uso de pronomes;
b) uso de expressões nominais definidas;
c) uso de expressões nominais indefinidas
Funções cognitivo-discursivas das expressões nominais
referenciais
● Ativação/reativação na memória;
● Encapsulamento (sumarização) e rotulação;
● Organização macroestrutural;
● Atualização de conhecimentos por meio de glosas realizadas pelo
uso de um hiperônimo;
● Especificação por meio da seqüência hiperônimo/hipônimo
(anáfora especificadora);
● Construção de paráfrases definicionais e didáticas;
Funções cognitivo-discursivas das expressões nominais
referenciais

● Introdução de informações novas


- por recurso a relações de pára-sinonimia;
- por novas caracterizações do referente;
● Orientação argumentativa;
● Categorização metaenunciativa de um ato de enunciação
DÚVIDAS?
monique.m.lessa@gmail.com

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