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Edy Victoria de Lima Fernandes Cirino | P3A | 2021.

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ESTÁGIO 1 – AULA 3

Diagnóstico Odontológico integrado I –


Natureza, produção e propriedades dos raios X.
Efeitos biológicos e radioproteção. Filme e
processamento radiográfico
Conceito de radiografia Física das radiações

• Processo de produção de imagem de Descoberta dos raios-x:


estrutura interna do corpo, para fins de
• Wilhelm Conrad Rontgen em 1895.
diagnóstico, por meio de raios X ou de raios
• Raios catódicos.
gama.
• Descobriu acidentalmente a radiação
ionizante.
• Percebeu que a radiação sensibilizava
placas que tinha no laboratório e viu que
dava pra ver as estruturas internas do corpo.
• Utilizava a esposa como cobaia.
• Em 8 de novembro de 1895, Rõntgen, então
com 50 anos de idade, descobriu, enquanto
trabalhava com raios catódicos, um novo tipo
de radiação proveniente de um cubo de
Aparelho de raio-x intrabucal: Crookes coberto por um cartão negro e
excitado por bobinas de indução. Seu
• Cabeçote: local onde fica o tubo de raio-x; laboratório de experimentos encontrava-se
• Cilindro localizador: por onde vai sair a completamente escuro, e uma luz muito
radiação ionizante; fraca apareceu, proveniente da cela de
• Braço articular: posicionamento e cianeto de bário. A fluorescência era visível
movimento do cabeçote; até dois metros de distância, e
• Controle: para controlar os parâmetros de desconhecendo sua origem denominou-a
aquisição, o tempo, etc. "Raios X", como é comumente encontrado
nos textos sobre o assunto.
• Com sua descoberta, Rõntgen verificou que
os raios X poderiam sensibilizar uma placa
fotográfica. Assim, realizou diversos
experimentos explorando as diferentes
capacidades dos materiais de serem
atravessados pelos raios.
• Ao obter essas radiografias, Rõntgen foi
pioneiro nas três principais áreas, nas quais
as imagens radiográficas seriam
amplamente utilizadas. Inicialmente, uma
fotografia radiográfica de sua caixa de
madeira fechada, contendo pesos, mostrou
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nitidamente seu conteúdo, antecipando, Natureza dos Raios-x


assim, o sistema de funcionamento da
• O raio-x é uma radiação eletromagnética,
aparelhagem de segurança de todos os
que possui uma alta energia, com um poder
aeroportos.
de penetração muito grande e ao mesmo
tempo, ela tem um curto comprimento de
onda.
• Quanto menor a distância entre o pico e o
vale, fazendo com que os feixes de raio-x
tenham maior energia e maior poder de
penetração. Quanto maior o poder de
penetração, teoricamente, mais dano ela
pode causar.

Evolução histórica da radiologia convencional:


• Após a descoberta, o raio-x continuou sendo
estudado, por meio de estudos e pesquisas.
• No mesmo ano que Rõntgen descobriu, um
dentista alemão, Otto Walkhoff, fez a
primeira radiografia odontológica da
história, fazendo a radiografia dos seus
próprios dentes. Radiação ionizante
• Radiação que possui energia suficiente para
´´arrancar´´ elétrons de um átomo, por isso
que pode causar problemas de saúde (se não
fizer o uso correto).
Física Atômica:
• Átomo é uma estrutura formada por um
núcleo, onde, no núcleo, vai ter os prótons e
nêutrons e orbitado por elétrons.
• A matéria é formada por átomos.
• Após a descoberta da radiografia
odontológica, cientistas do mundo inteiro
foram estudando sobre, até chegar ao
patamar da Radiografia analógica.
• Hoje, se trabalha bastante com a radiografia
digital, obtendo o exame de forma
totalmente digital.
• A radiografia analógica ainda é muito
utilizada atualmente. Ionização:
• É o processo de remover o elétron de uma
orbita, ou seja, do átomo.
• Esse processo pode causar danos biológicos
aos tecidos.
• Quando a radiação possui energia suficiente
para remover um dos elétrons orbitais de
átomos neutros, transformando-os em um
par de íons, diz-se que ela é ionizante.
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• A ionização é o princípio físico para que a Características e requisitos do


radiação consiga exercer um efeito biológico tubo de raio-x:
nos tecidos.
• Cátodo (-): Filamento aquecido de tungstênio
Produção de raios-x: que fornece a fonte de elétrons que vão ser
acelerados.
• Quando o botão do aparelho de raio-x é • Ânodo (+): Anteparo (alvo) de tungstênio
apertado, elétrons vão ser acelerados em fixado em cobre – dissipação de calor.
alta velocidade partindo do cátodo até o • Presença de um dispositivo focalizador, que
ânodo. Vários elétrons vão ser empurrados fica no ânodo.
em altíssima velocidade e vão se chocar no • Aplicação de alta voltagem (Kvp) de (mA/s)
bloco de bloco de tungstênio (presente no entre o cátodo e o ânodo.
ânodo) e vão ser desacelerados. • Presença de um revestimento de chumbo
• À medida que vão desacelerando, eles vão circundante para absorver a radiação
ser colimados para região da janela e vão indesejável.
produzir o raio-x. • Presença de óleo dentro do tubo de raio-x
para ajudar na dissipação de calor.
Propriedades dos raios-x:
• O feixe de raios-x é constituído de milhões de
fótons de diferentes energias. Este feixe
pode variar de intensidade e qualidade;
• INTENSIDADE: quantidade de fótons de raio-
x no feixe;
• QUALIDADE: energia transmitida pelos fótons
de raios-x que é medida pelo seu poder de
penetração;
• Os fatores que podem afetar a intensidade
e/ou a qualidade são:
1. Tamanho da voltagem na ampola
(Kvp);
2. Tamanho da corrente na ampola
Os raios X são produzidos quando elétrons com alta (mA/s);
energia cinética provenientes do filamento colidem 3. Distância do anteparo;
com um alvo (ânodo) e perdem energia. Esses 4. Tempo = duração da exposição (pode
elétrons deverão ser acelerados, ganhar energia ser mudado na radiografia
cinética, o que ocorre em razão da diferença de odontológica);
potencial (tensão) aplicada aos polos de um tubo de 5. Filtração (barreira de chumbo);
raios X. 6. Material do anteparo;
Tubo de raio-x: 7. A forma e o comprometimento da
onda.
• No vácuo, os raios-x movem-se em linha
reta;
• Movem-se na velocidade da luz – 300.000
Km/s;
• No vácuo, os raios-X obedecem à lei do
quadrado inverso: intensidade = 1/d2 ;
• Nenhum meio é necessário para a
propagação.
• Os raios-x com menor comprimento de onda
possuem maior energia e tem grande poder
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de penetração (tendem a causar maior dano • Uso de dispositivos (posicionadores) porta-


biológico as células); filmes sempre que possível.
• A energia carregada pelos raios-X pode ser
absorvida pela matéria -> efeito biológico;
• Os raios-X não são detectados pelo sentido
humano;
• Os raios-X podem afetar a emulsão do filme
para produzir a imagem visual e podem
causar a fluorescência de certos sais e a
emissão de luz;

• Os posicionadores são usados para


minimizar a chance de erro e ajudam a obter
um exame de qualidade;
• Uso de filmes ultrarrápidos: Filmes de
velocidade F, que precisam de uma
quantidade menor de radiação para serem
sensibilizados porque rapidamente formam
a imagem radiográfica. Os filmes do grupo E
e F requerem cerca de 40% menos radiações
do que os do grupo D.

Efeitos biológicos
Estocásticos:
• Efeito de estoque, ou seja, o efeito que vai
aparecendo ao longo do tempo. Quando a
quantidade de radiação chegou em um • Usar avental de chumbo e protetor de
determinado limiar, o corpo não consegue tireoide (0,5 ou 0,25 mm de Pb) – O
mais se proteger e impedir os danos comprimento deve ser o suficiente para
biológicos (EX: Câncer de tireoide); proteger as gônadas. O colar plumbífero é
recomendado para proteger a glândula
Determinísticos: tireoide, principalmente em crianças e
• São produzidos por doses bastante elevadas, adultos jovens, em que essa estrutura fica
acima do limiar. Geralmente, o dano mais próxima ou dentro do feixe de radiação
aumenta com o aumento dessa dose primário (é importante proteger as gônadas
(queimadura na pele, córnea, acidentes por causa da infertilidade, pois quanto menos
nucleares). diferenciada a célula, mais sensível ela é aos
• Não é tão comum. efeitos da radiação, por isso as células
sexuais são mais sensíveis a radiação).
Radioproteção
• Medidas e legislações que favorecem a
radioproteção.
Medidas de proteção ao paciente:
• Aparelho com diafragma de chumbo e filtro
de alumínio;
• Cilindros localizadores longos;
• Calibração periódica;
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• Técnica e processamento cuidadoso – evitar Tipos de filmes:


repetições. As técnicas radiográficas devem
• Intrabucais: O filme é considerado intrabucal
ser criteriosamente indicadas e adequadas a
quando acomodado dentro da cavidade
cada paciente, bem como realizadas com
bucal.
cuidado. Radiografias desnecessárias ou
repetidas significam maior dose de radiação
para o paciente. Radiografias de rotina não
devem ser realizadas de forma aleatória, a
não ser quando indicadas clinicamente.

• Extrabucais: usados para localizar e


delimitar áreas patológicas, corpos
estranhos e dentes inclusos. Além disso,
pode ser utilizado na determinação das
direções, extensões e complexidade das
Medidas de proteção ao operador: fraturas mandibulares. Hoje em dia não é tão
• Não ficar na direção do feixe primário – pois utilizado.
os raios de movem em linha reta;
• Distância mínima de 1,80m e entre 90° e 135°-
o profissional deve posicionar-se ao lado ou
atrás do paciente em um ângulo entre 90° e
135° referente ao feixe primário, a 2,0 m da
cabeça do paciente. Caso contrário,
recomenda-se utilizar biombos de chumbo
com uma espessura de 2,0 mm e visor
também de vidro plumbífero;

Tamanho do filme intrabucal:


• Periapical padrão: 31 x 41 mm;
• Filme oclusal: 57 X 76 mm;
• Filme infantil: 22 X 35 mm.

Filme e processamento
radiográfico
Filme radiográfico:
• Meio utilizado para registrar a imagem
radiográfica obtida após a exposição aos
feixes de raios X e ao processamento nas
soluções relevadoras e fixadoras.
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Estrutura do filme
Película:
• Base de tri-acetato de celulose ou de
poliéster recoberta por uma emulsão em
ambos os lados.
• Deve ser rígida, porém flexível, para se
acomodar na cavidade bucal.
• Sobre a base, em ambos os lados, é aplicada
uma fina camada de um tipo de material
adesivo para a fixação da emulsão. Este
adesivo é chamado substrato.
Emulsão:
Invólucro preto:
• Onde é formada a imagem radiográfica.
• Está em ambos os lados da película, • A constituição da emulsão é baseada cm dois
protegendo-a contra luz, marcas de componentes principais, os sais halogenados
impressão digital e entrada de líquidos. de prata e a matriz onde se encontram os
sais suspensos.
Lâmina de chumbo:
Forma correta de manusear a
• Em um dos lados, para impedir que a película
radiação secundária formada no interior da
cavidade bucal retorne para o filme.
Embalagem plástica:
• Proteção da película contra a entrada de
saliva.

• Deve ser manuseada dessa forma pois a


emulsão é gelatinosa e pode ser danificada
se for manuseada de jeito errado.
Embalagem do filme:
• Face sensível: Uma cor só. Face de
exposição. Vai possuir uma elevação,
chamada de picote, vai servir para orientar a
posição do filme.
• Face não sensível: duas cores. Não pode ser
exposta a radiação, pois tem a lâmina de
chumbo.
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Formação da imagem:
Imagem latente:
• O feixe de radiação emerge do paciente,
interage com os elementos sensíveis
presentes no filme e modifica a estrutura
física dos microcristais de haletos de prata.
• A visualização somente será possível depois
do processamento.
• Quando o feixe de raio-x sensibiliza o filme,
vai causar o escurecimento da película.

• A face que vai ser voltada para o lado que vai


receber a radiação é a face sensível (de uma
cor só).
• Se for colocada a face não sensível (duas
cores), vai acontecer a exposição de forma
errada (foto abaixo).
Densidade radiográfica:
• O grau de escurecimento obtido por um
filme radiográfico, é o que entendemos por
densidade. Quando mais o filme é exposto
aos Raios-x, mais escuro ele se torna após
o seu processamento, portanto mais denso
ficará.

Sensibilidade do filme:
• Quantidade necessária de radiação X para
que se forme a imagem radiográfica com
uma densidade padrão.
• Os filmes ultrarrápidos são do tipo E e F.
• Filmes A, B e C não são mais utilizados.
• Filmes D ainda são usados.

(MAIS EXPOSTO)
Contraste da imagem radiográfica:
• Diferença de densidade óptica entre dois
pontos de um filme;
• Relacionado ao KVP.
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Composição do revelador:
• FENIDONA – Ajuda a formar a imagem;
• HIDROQUINONA – Agente revelador; produz o
Processamento radiográfico contraste;
• CARBONATO DE SÓDIO – Acelerador;
• É a etapa que visa tornar a imagem latente • SULFITO DE SÓDIO – Preservativo; reduz a
(virtual), existente na película, em imagem oxidação;
visível e permanente. Isto acontece através • CARBONATO DE POTÁSSIO – Ativador; regula
de um conjunto de reações químicas entre a a ação dos agentes de revelação.
emulsão da película e as soluções
reveladoras e fixadoras. Lavagem intermediária = banho interruptor:
• Mergulhar o filme em água acrescida de
ácido acético (vinagre) por cerca de 10
segundos.
• Ação acontece com o PH elevado = 10.

Fixação:

• Remoção dos cristais halogenados de prata


da emulsão que não foram sensibilizados
para mostrar as partes brancas ou
transparentes da imagem.
• Endurecimento da emulsão.

Etapas do processamento
radiográfico:
1. REVELAÇÃO – Solução reveladora;
2. LAVAGEM INTERMEDIÁRIA – com água e um
pouco de vinagre;
3. FIXAÇÃO – colocada em uma solução
fixadora;
4. LAVAGEM FINAL – última etapa.
Revelação:
• Etapa responsável por converter os cristais Composição do fixador:
halogenados de prata da emulsão
• Tiossulfato de amônio ou hipossulfito de
sensibilizados (Ag0) em prata metálica (AgM)
sódio – remoção dos cristais de prata não
que é visível (produzindo as matizes e
sensibilizados;
cinzas).
• Sulfito de sódio – preservativo – previne a
• Quando ocorre a radiação, os cristais vão ser
deterioração do fixador;
sensibilizados e depois essas partículas vão
• Cloreto de alumínio – endurecedor;
ser trocadas (troca da prata neutra para a
• Ácido acético – acidificante;
prata metálica).
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Lavagem final: Câmara escura portátil:

• O filme deve ser lavado durante 10 a 20 • Caixa plástica, de interior preto, ou de


minutos para remoção de qualquer resíduo. acrílico vermelho transparente, com tampa,
contendo os quatro recipientes para:
Secagem: revelador, água + vinagre, fixador e água. Os
líquidos podem ser organizados de forma
• Deve ser deixada em um local livre de que a primeira etapa do processamento, a
resíduos e ao ar livre. revelação, inicie à direita ou à esquerda.
Montagem

Uso de cartelas:

• É em papel e plástico, onde são preenchidas


as informações do paciente e com um local
para colocar/encaixar o raio-x.
• Possui um local para aplicar e fazer a
montagem de acordo com a posição da área
que o profissional radiografou.
• A montagem é feita de acordo com a área
que foi feita a radiografia.
• A cartela de plástico não existe
preocupação em molhar ou perder,
diferente da de papel.
• A cartela de plástico cabe 14 radiografias.

Câmara escura em quarto:


• Pode ser encontrada nos consultórios
odontológicos, onde há o aproveitamento de
uma de suas dependências para a revelação
dos filmes.
Tipos de processamento • Constitui um local à prova de luz, onde
Manual encontramos os recipientes próprios para a
revelação radiográfica.
• Método Tempo – Temperatura: vai deixar a • Presença de água, esgoto e iluminação.
película passar nas soluções por um certo
tempo. Ocorre na câmara escura;
• Método visual: mais passível de erro, pois
pode acabar atingindo a película.

Câmara escura: local à prova de luz, com o máximo


de higiene, onde é realizado o processamento dos
filmes radiográficos e fotográficos.
Tipos de câmara escura:
• Portátil – menor, não coloca muitas; Câmara escura em labirinto:
• Quarto escuro – Comum em consultório
odontológico; • Especialmente construída, apresentando as
• Labirinto. condições essenciais para a revelação, ou
seja, à prova de luz, com boas condições de
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higiene exigidas, boa ventilação e de uso


exclusivo, possuindo equipamento essencial.

Equipamentos necessários
• Colgadura e posicionadores:

• Revelador e fixador:

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