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Introdução à Radiologia

Juliana Ferraz – 4MA

SUMÁRIO

1. PRINCÍPIOS DE RAIO-X.............................................3

2. SEMIOLOGIA RADIOLÓGICA...........................................8

3. INTRODUÇÃO À ULTRASSONOGRAFIA E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA............21

4. RADIOGRAFIA SIMPLES DO TÓRAX: PADRÃO ALVEOLAR E INTERSTICIAL.....30

5. RADIOGRAFIA SIMPLES DO TÓRAX EM CARDIOLOGIA......................39

6. ANATOMIA SECCIONAL DO TÓRAX.....................................44

7. ANATOMIA SECCIONAL DO CRÂNIO....................................58

8. ANATOMIA DA COLUNA: RX, TOMO E RESSO............................74

9. PRINCÍPIOS DE DENSITOMETRIA, MN, MAMOGRAFIA E EXAMES RADIOLÓGICOS

CONTRASTADOS...................................................86

10. ANATOMIA DO ABDOME: RX, TOMO E RESSO..........................97

11. RADIOGRAFIA SIMPLES DO TÓRAX: ATELECTASIA PULMONAR, DERRAME

PLEURAL, HEMITÓRAX OPACO, PNEUMOTÓRAX, PNEUMOMEDIASTINO,

PNEUMOPERICÁRDIO E ENFISEMA SUBCUTÂNEO.........................111

12. RADIOGRAFIA SIMPLES DO TÓRAX: NÓDULO E MASSA PULMONAR..........129

13. RADIOGRAFIA SIMPLES DO TÓRAX:MEDIASTINO.......................141

14. RADIOGRAFIA SIMPLES DO TÓRAX: HIPERTRANSPARÊNCIA PULMONAR.....161

15. SEMIOLOGIA DO RX DO TÓRAX EM NEONATOLOGIA.....................171

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PRINCÍPIOS DE RAIO-X E TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

INTRODUÇÃO SE LIGA! Um macete interessante


para lembrar desse processo é que o
WILHELM RÖENTGEN E O 1º RAIO-X CÁTodo é quem CATapulta os
elétrons, e o Ânodo é Atingido pelos
Wilhelm Röentgen foi um cientista
elétrons.
alemão reconhecido no meio
acadêmico da Alemanha, mas sem
prestígio a nível global. Até que, em
1895, Röentgen iniciou seus estudos
sobre os raios-X, e o que era, até
então, tratado como uma luz comum,
Röentgen descobriu ter a
propriedade de atravessar objetos
sólidos.
Seu experimento consistia em ligar
uma corrente elétrica a dois polos
O que acontece é que os raios-X
opostos, sendo o polo positivo
liberados saem da ampola da
chamado de ânodo e o polo negativo,
máquina em direção ao paciente,
de cátodo. No cátodo, a passagem da
atravessando-o e atingindo o filme.
corrente elétrica acontecia através
Quanto mais fótons passarem pelo
de um filamento metálico, que era
paciente, mais fótons chegarão ao
aquecido pela eletricidade e excitava
filme. Se a estrutura for composta
a nuvem de elétrons. Essa excitação
por elementos de alto número
eletrônica era o suficiente para fazer
atômico, ou seja, for uma estrutura
os elétrons saltarem do cátodo em
mais densa, menos fótons passarão e
direção
assim, impressionará menos o filme.
ao ânodo. Desse modo, quando os
É isto que ocorre, por exemplo, com
elétrons que saltaram se chocam
os ossos, que são mais densos do que
com os elétrons do ânodo, se forma
o ar, ou do que tecidos moles. Assim,
o Raio-X. Devido ao impacto com o
quando se trata de ossos, por
elétron excitado, os elétrons do
exemplo, o filme do raio-X ficará mais
ânodo são arrancados da eletrosfera,
claro, pois há menos fótons
liberando espaço para elétrons
atravessando para impressioná-lo.
próximos assumirem seu lugar e,
nesse processo de “dança das ATENÇÃO! É válido lembrar que o
cadeiras”, em que um elétron ocupa filme do raio-X é naturalmente
o lugar daquele que foi branco, assim, as estruturas que
expulso, energia luminosa é liberada. impedem a passagem dos elétrons
ficam brancas, e as estruturas que

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deixam os elétrons passarem mais situações, inclusive em finalidades


livremente, como os pulmões, que médicas, como tratamento de
estão cheios de ar, ficam pretas. micoses. Isso representou o
Então, no filme, a parte branca é nascimento do que hoje em dia
onde a imagem não se formou conhecemos como radioterapia.
(porque a estrutura não deixou que Contudo, pela ausência de
os elétrons passassem) e a parte equipamentos de proteção contra a
preta é onde a imagem se formou radiação e pela longa exposição para
(houve passagem de elétrons, que cada exame fosse feito,
impressionando mais o filme). começaram a surgir efeitos adversos
graves, que deformavam as
O primeiro raio-X da história foi feito
extremidades expostas, como
em 1895, na mão da esposa de
carcinomas e dermatites.
Röentgen. Infelizmente, devido à
falta de conhecimento dos efeitos © O QUE É RADIAÇÃO?
deletérios da radiação, nos anos De forma resumida, radiação é
seguintes, tanto Röentgen quanto energia viajando pelo espaço,
sua esposa vieram a óbito, mas não podendo existir diversos tipos.
antes de deixarem um legado
importantíssimo para a medicina Vale destacar que a radiação não é
moderna. proveniente somente dos exames de
imagem. Isso porque, na verdade,
estamos diariamente imersos em um
mar de radiação, seja quando
comemos uma banana, por conta de
seu potássio, seja aquele emanado do
concreto que há sob nossos pés. Até
se estivermos parados, estamos
mergulhados na chamada radiação de
fundo.
Para entendermos melhor a radiação
devemos utilizar da unidade de
Nessa época, os exames de raio-X medida chamada deSievert, podendo
levavam cerca de 15 minutos e ainda convertê-la à mili e à microSievert. A
não possuíam uma qualidade ideal, dose de radiação que recebemos ao
pois não existiam os métodos comer uma banana é de 0,1
modernos que existem hoje. microSievert. Em comparação, ao
Ao descobrirem que os raios-X não fazermos uma radiografia do braço,
tinham somente a propriedade de recebemos a radiação equivalente a
atravessar objetos, mas também comer 100 bananas, ou podemos
possuíam alguns efeitos colaterais, receber a radiação de 200 a 1000
começaram a aplicá-los em diversas bananas, quando falamos de um raio-

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X de tórax. Essa é a unidade de visível, temos o ultravioleta, que


medida informal chamada de BED, a queima nossa pele, os raios-X e os
banana equivalente dose. Nesse raios gama, sendo esses últimos os
contexto, não é necessário ter medo mais deletérios. Uma diferença
da radiação recebida em um exame, importante entre os raios-X e os raios
porque, quando feito corretamente, a gama é que, nos raios-X os fótons são
dose é bastante similar à que já formados na eletrosfera, enquanto
recebemos em nosso dia-a-dia. nos raios gama, são formados no
núcleo.
Segundo o modelo atômico de Bohr, o
átomo possui uma eletrosfera, com obs.: são exames que utilizam
seus elétrons, e um núcleo, onde há radiação ionizante: radiografia
prótons e nêutrons. A proporção simples (raio-x), tomografia
verdadeira entre essa eletrosfera e computadorizada, angiografia
seu núcleo é semelhante a um campo (estudo dos vasos), PET-CT,
de futebol, onde no centro há uma fluoroscopia, medicina nuclear e
bolinha de gude. A bolinha de gude mamografia (raio-x da mama). Todos
representa o núcleo no centro de seu esses exames são feitos por um tubo
átomo, enquanto as arquibancadas de raio-x.
do campo de futebol representam a © COMO SÃO FEITOS OS EXAMES
eletrosfera, onde uma pequena MODERNOS?
mosca, o elétron, voa ao redor. Assim,
A base física é a mesma do
há um imenso espaço “vazio”, ou que
experimento de Röentgen. Dentro da
apenas não descobrimos o que possui
ampola da máquina do raio-X há o
ainda, nos átomos e no universo.
cátodo, aquele que catapulta os
A radiação, essa energia viajante, elétrons, e assim possui carga
costuma adquirir a forma de ondas negativa, e o ânodo, aquele que é
eletromagnéticas, ou seja, tingido pelos elétrons. Através da
comportando-se ora como elétrons, corrente elétrica e do filamento
ora como ondas. O que diferencia os metálico os elétrons chegam ao
tipos de radiação é a frequência cátodo, que são excitados pelo calor
dessas ondas. As ondas de rádio, do fio, e são catapultados, voando
inócuas, que tocam dentro de seu como um foguete em direção ao
carro, têm baixa frequência. ânodo. Quando os elétrons cheios de
Gradativamente, a medida que a energia chegam até a eletrosfera dos
frequência aumenta, também átomos do ânodo, o impacto é tão
aumenta o potencial danoso. grande que expulsa os elétrons do
Dessa forma, após as ondas de rádio ânodo de seu lugar, ficando um
há as micro-ondas, o infravermelho, e espaço vazio. Para preencher esse
a luz visível, que se encontra no meio lugar, elétrons que estavam em
da escala de frequências. Após a luz outros níveis da eletrosfera saltam,

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liberando consigo fótons, ou seja, os Esta última opção é a ideal nos dias
raios-X. Esses fótons viajam para fora de hoje, apesar da primeira ainda ser
do aparelho, atingem o paciente realidade no Brasil.
submetido ao exame, e ATENÇÃO! Não há material radioativo
impressionam o filme. externo. Quando é desligado da
eletricidade, o aparelho deixa de
emitir fótons.
© RAIO-X: RISCOS E PRECAUÇÕES

É errado dizer que um paciente que


nunca fez um exame com radiação
nunca foi exposto a uma radiação.
Todos nós somos expostos
O equipamento de raio-X consiste na diariamente à radiação, mesmo
ampola, na mesa de raio-X, no filme aqueles que nunca fizeram um
e no bucky, que pode estar na mesa exame de imagem. Isso se dá porque
do raio-X, para exames em decúbito, estamos mergulhados na chamada
ou no mural de raio-X, para exames radiação de fundo, ou radiação
de pé. O filme pode ser colocado natural, além de recebermos doses
tanto dentro do bucky quanto fora de radiação de alimentos e até
dele. Além disso, há também os radiação cósmica.
equipamentos utilizados pelo técnico Apesar da radiação dos exames de
para manipular a máquina à imagem poder causar danos ao
distância, que normalmente fica material genético celular, resultando
atrás de uma parede de chumbo para em mutações e até doenças
protegê-lo da radiação. congênitas na prole (caso a célula
Após a formação das imagens, temos lesada seja germinativa) esse
duas opções: potencial efeito adverso nos exames
modernos é muito pequeno.
• as imagens serão reveladas Contudo, nunca se deve indicar um
em um filme, e terão que ser exame ao paciente se ele não precisa.
visualizadas no negatoscópio; O risco-benefício deve ser sempre
• as imagens serão enviadas medido para verificar se realmente é
através de um conversor necessário o exame, porque apesar
digital, ou serão adquiridas já do potencial risco ser pequeno, ele
digitalmente, até um sistema existe. Além disso, é importante
de laudos, que é um ressaltar que, nas doses atuais,
programa em que os exames morte celular não é um dos efeitos
são armazenados para que adversos, diferentemente do que
posteriormente o médico os acontecia nos primórdios do raio-X.
analise.

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É seguro realizar exames como raios- protocolo de dose reduzida; já na


X convencionais, mamografias e gestante, tenta-se ao máximo adiar
densitometrias? os exames para depois da gestação
ou para após a 24ª semana, para
Esses exames são seguros, mas,
evitar o período crítico de
como já dito, não se deve passar tais
multiplicação, mas, caso seja urgente
exames sem indicação. Uma vez
e não tenha outra alternativa, deve-
tendo indicações, não se deve deixar
se proteger o abdome ao máximo.
de pedir, pois a dose de radiação é
irrisória. Assim, o mais importante é seguir o
que diz um dos mantras da
Um exame de raio-X de tórax tem a
radiologia, o ALARA – as low as
mesma dose de radiação que
reasonably achievable, ou seja, dar a
recebemos do ambiente em 10 dias,
menor dose de radiação que seja
já um raio-X de extremidade, por sua
capaz de produzir o diagnóstico.
vez, tem radiação menor do que a
Dessa maneira, não devemos nem
radiação de fundo que recebemos ao
superdosar, para não provocar
longo de somente um dia. A
efeitos indesejados no paciente, mas
mamografia tem um pouco mais de
também não podemos subdosar e
radiação, equivalendo a cerca de 3
produzir uma imagem que não é
meses de radiação de fundo. Todavia,
adequada para fazer um diagnóstico,
a tomografia de abdome total
apenas submetendo
corresponde a aproximadamente 4
o paciente a uma dose desnecessária
anos de radiação de fundo, sendo
de radiação.
assim um exame que deve ser pedido
com mais cautela, mas que não deve Nesse contexto, podemos concluir
ser evitado caso haja as indicações. que os benefícios do exame, quando
é bem indicado, superam muito os
Gestantes e crianças são mais
potenciais malefícios, que têm
suscetíveis aos efeitos colaterais?
pequenas chances de acontecerem
Sim, eles são. O embrião ou o feto pelas ínfimas doses. Além disso, o
dentro da gestante e as crianças radiologista deve buscar sempre
estão em fases de multiplicação oferecer a menor dose de radiação
celular muito aceleradas, muito mais que seja suficiente para
do que a dos adultos. Se as células estabelecer um diagnóstico
são lesadas nesse período, as adequado ao paciente.
chances de desenvolver um efeito
Por fim, é imprescindível ter um
negativo ao longo da vida são muito
cuidado especial com pacientes
maiores. Porém, tendo
gestantes e crianças, evitando o
indicações, essas populações podem
exame se possível, e buscando
fazer exames com radiação, mas
alternativas sem radiação, mas, se
sempre tomando os cuidados
precisar, deve ser feito.
necessários: na criança opta-se pelo

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SEMIOLOGIA RADIOLÓGICA
(aula ministrada por Dra. Ana Rita Marinho)

O Raio X é o método através do qual uma FORMAÇÃO DA IMAGEM E RADIODENSIDADE:


radiação ionizante atravessa os tecidos e
sensibiliza: Na verdade, com a imagem formada pelo Raio
© um filme (como no caso das X será possível reconhecer os órgãos e as
radiografias mais antigas) estruturas pela forma e pelo contorno deles, é
verdade, mas, também, pelos diversos tons de
cinza que se formam.
Essa diversidade de áreas mais brancas, áreas
mais pretas e áreas com diversos tons de cinza
vai acontecer em razão das diferenças na
constituição de cada estrutura radiografada.
Isso significa que, a depender da COMPOSIÇÃO
e da ESPESSURA ter-se-á RADIODENSIDADE!
REPETECO! Já vimos que, para se formar uma
© ou detectores que vão transformar a
imagem, os raios ionizantes vão atravessar o
informação em uma imagem digital
corpo. Nessa passagem, alguns raios vão passar
(como no caso da radiologia digital,
e atingir o filme/detector e outros serão
mais usada atualmente)
absorvidos pelo corpo. O que vai fazer com que
a radiação atinja do filme/detector
ultrapassando os objetos radiografados são
fatores como a composição e a espessura do
objeto.
Na imagem abaixo temos a mesma radiação
sendo imposta a três objetos diferentes. O
objeto A e o objeto B possuem a mesma
espessura, mas eles têm constituições
diferentes, sendo o objeto A mais denso.
Trazendo o exemplo para o corpo humano, o
Assim, a formação da imagem se dá com raios objeto A seria o osso e o objeto B seria o fígado.
ionizantes que atravessam o corpo, atingem e
sensibilizam o filme ou o detector e, então, se
formará uma imagem composta por áreas
pretas (que são áreas que foram sensibilizadas,
ou seja, áreas em que a radiação passou
totalmente pelo objeto radiografado) e áreas
brancas (que são áreas em que a radiação
sofreu atenuação pelo objeto que está sendo
radiografado, ou seja, a radiação passou
parcialmente pelo objeto porque uma parte foi
absorvida por ele). O Raio X é, portanto, uma
composição dessas áreas brancas e pretas.

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O osso absorve mais radiação e Na imagem abaixo, vemos uma pneumonia ali
consequentemente menos radiação vai perto do coração.
ultrapassá-lo para sensibilizar o filme, ou seja,
o osso é muito denso e é por isso que ele
aparece branco na radiografia. Do mesmo
modo, ao se comparar objetos de mesma
densidade mas espessuras diferentes (como os
objetos B e C da imagem acima), percebe-se
que o objeto mais espesso absorve mais
radiação do que o objeto mais fino.
Fazendo um quadrado no pulmão e dividindo-
SE LIGA! A QUANTIDADE DA RADIAÇÃO QUE o em partes A e B percebe-se que a parte A está
VAI PASSAR ATRAVÉS DO CORPO VAI mais densa.
DEPENDER DA COMPOSIÇÃO E DA ESPESSURA
DAS ESTRUTURAS.
Há diferença na quantidade de radiação a ser
emitida em um exame de um paciente obeso e
em um exame de um paciente magro?
SIM. A quantidade de radiação a ser emitida
para realização do Raio X vai depender do B A
biotipo do paciente. Pacientes magros e
pacientes obesos apesar de, em tese, terem a
mesma composição do corpo, terão espessuras Na verdade, no quadrado A, o pulmão está
diferentes. Isso significa que, em pacientes inflamado. Quando há inflamação há edema,
mais magros, será necessária uma carga de há água. A água é mais densa do que o ar.
radiação menor para que ela o ultrapasse, Assim, quando a radiação passa pelo pulmão
porque sua espessura é menor. doente ela vai ser atenuada e aí teremos áreas
mais brancas. Quando a radiação passa por B,
SE LIGA! Em pacientes com biotipos diferentes
região saudável do pulmão que tem
não se pode usar a mesma técnica radiológica.
basicamente ar, a área vai ficar preta porque
Se a mesma técnica radiológica for usada para
vai absorver menos a radiação.
o magrinho e para o gordinho a radiografia do
magrinho ficará correta mas a do gordinho será Assim, elementos mais densos (com maior
prejudicada, saindo toda branca porque, pela matéria por unidade de volume) absorvem
sua espessura mais larga, mais radiação foi mais radiação e, consequentemente, menos
absorvida. radiação vai passar para sensibilizar o filme,
formando imagens brancas. Já elementos com
densidade menor, tipo o ar, vão ficar bem
pretos porque mais radiação vai passar por eles
para atingir o filme/detector.
REPETECO! Então, objetos menos densos ficam
bem pretos e objetos mais densos ficam bem
brancos. No intermediário, teremos vários tons
de cinza.

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No espectro do corpo humano, o que forma Na figura abaixo vemos um tumor ósseo. O
uma imagem mais preta é o ar e o que forma tumor destrói o tecido ósseo normal. Ele tem
uma imagem mais branca é o osso. Entre essas uma constituição diferente do osso. Assim, ele
duas polaridades estão os tons de cinza que, aparece na radiografia com uma densidade
tecnicamente, podemos nos referir a eles diferente do restante do osso.
como densidade de partes moles e densidade
de gordura.
obs.: o branco puríssimo, que é o branco do
metal, reflete a densidade mais densa de todas.
Fatores que determinam a radiodensidade:

© Composição do que está sendo


radiografado
© Espessura da região
© Peso Atômico
© Quantidade de radiação REPETECO! Tecido denso é branco na
© Capacidade de penetração dos raios. radiografia, ou seja, é pouco penetrável pela
obs.: os dois últimos fatores são fatores radiação porque esse tecido vai absorver a
técnicos, são fatores ajustáveis na máquina de radiação. Tecido menos denso é cinza/preto na
Raio X. radiografia, ou seja, é mais penetrável pela
radiação.
A depender desses fatores, maior ou menor
quantidade de radiação vai ultrapassar o corpo obs.: o músculo é mais denso do que a gordura.
e, logo, vai sensibilizar o filme com maior ou Para uma estrutura ser visualizada na
menor intensidade. radiografia, seus bordos precisam estar em
ATENÇÃO! As patologias alteram a constituição contato com um tecido que apresente
e a densidade dos tecidos. densidade diferente.
Nas imagens abaixo temos uma radiografia e
uma imagem de tomografia, ambos de tórax:
LINGUAGEM MÉDICA ADEQUADA!

IMAGEM RADIOPACA (OPACIDADE): branca


IMAGEM RADIOTRANSPARENTE OU
RADIOLUCENTE: preta

Ao analisar o osso individualmente observa-se


que ele tem áreas de maior densidade e áreas
de menor densidade. Isso acontece porque a
concentração de cálcio é diferente a depender
do tipo de osso (osso compacto tem uma maior
concentração de cálcio e osso esponjoso, que
tem medula óssea e gordura em sua
composição vai ter uma densidade diferente).

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Percebe-se que no Raio X não é possível


RAIO X E SOBREPOSIÇÃO:
visualizar os ventrículos, a aorta, a artéria
pulmonar e nem o septo interventricular. Já na No Raio X as densidades são somadas, uma em
tomografia isso se torna possível. Isso acontece cima da outra, isso é o que se chama de
porque para que uma estrutura possa ser sobreposição.
visualizada na radiografia seus bordos
A desvantagem da radiografia é a sobreposição
precisam estar encostados em uma estrutura
dos tecidos, órgãos, estruturas.
que tenha densidade diferente da sua. Então,
na radiografia só vemos a borda cardíaca REPETECO! Para uma estrutura ser
direita porque o átrio direito tem densidade de visualizada na radiografia seus bordos
partes moles e quem está junto dele, que é o precisam estar em contato com um tecido que
pulmão, tem densidade de ar. apresente densidade diferente!
Na tomografia é possível observar as estruturas A figura abaixo traz um outro exemplo de
com precisão enquanto que na radiografia só radiografia de um paciente com pneumonia.
se vê a silhueta, o contorno das estruturas.
Outro exemplo: radiografia de abdômen total x
tomografia de abdômen total.

Na tomografia é possível ver as estruturas com


mais detalhe, por exemplo: conseguimos ver Ao olhar para essa radiografia, observa-se bem
bem a pelve renal, vemos, nesse caso, que há a pneumonia mas não se consegue ver o
gordura no seio renal, etc. contorno do coração. Não se sabe onde
termina o coração e onde começa a
Já na radiografia, se você olhar com muita boa
pneumonia.
vontade, você verá a sombra de um rim de um
lado e o contorno do outro rim no outro lado RELEMBRANDO! o pulmão direito tem 3 lobos:
(ainda assim, só se vê, mesmo que superior, médio e inferior. O pulmão esquerdo
discretamente, porque o rim, que tem tem 2 lobos: superior e inferior. O coração se
densidade de partes moles, está em contato relaciona com o lobo médio do pulmão direito
com a gordura retroperitoneal, que tem e com a língula no pulmão esquerdo.
densidade de gordura). No Raio X também Aplicando o conceito que acabamos de
vemos o contorno do músculo íleo psoas, que aprender, em uma pessoa saudável observa-se
tem densidade de partes moles porque ele está o contorno do coração do lado direito porque
em contato com a gordura. ele, que tem densidade de partes moles, está
obs.: na tomografia seria possível identificar em contato com o lobo médio do pulmão, que
um tumor renal, por exemplo. Já na radiografia tem densidade de ar.
isso não seria possível.

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A pneumonia tem a mesma densidade do DENSIDADES NO RAIO X:


coração (densidade de partes moles) porque a
pneumonia é um composto de água, pus e Como vimos, no espectro do corpo humano, o
outras substâncias. que forma uma imagem mais preta é o ar e o
Sendo assim, em que lobo pulmonar está que forma uma imagem mais branca é o osso.
localizada essa pneumonia? Entre essas duas polaridades estão os tons de
cinza que, tecnicamente, podemos nos referir
Lembra que para uma estrutura ser vista na
a eles como densidade de partes moles e
radiografia seus bordos precisam estar em
densidade de gordura.
contato com um tecido que apresente
densidade diferente? Como essa pneumonia se obs.: o branco puríssimo, que é o branco do
confunde com o contorno do coração no raio-x metal, reflete a densidade mais densa de todas.
a gente pode concluir que essas duas O chumbo é o metal mais denso, ou seja,
estruturas de mesma densidade estão lado a absorve totalmente a radiação e, por isso, é
lado. Em outras palavras, isso indica que a usado para proteger partes do corpo humano
pneumonia está localizada na estrutura que se que se queira resguardar no exame.
relaciona diretamente com o coração, ou seja,
está no lobo médio.
Se a radiografia se sobrepõe e não
conseguimos dizer com precisão os limites dos
lobos pulmonares, porque eu não posso dizer
que essa pneumonia está no lobo inferior?
É possível identificar que a pneumonia não está
no lobo inferior do pulmão direito pelo
conceito que acabamos de aprender: para uma © Densidade de partes moles: músculos,
estrutura ser visualizada na radiografia seus sangue, ligamentos, tendões, fígado,
bordos precisam estar em contato com um baço, vísceras no geral, tumores...dentre
tecido que apresente densidade diferente. outros. A imagem fica mais próxima do
branco.
Como o lobo inferior do pulmão direito não © Densidade de gordura: todas as gorduras.
está em contato direto com o coração, uma A imagem fica mais próxima do preto.
pneumonia que esteja nesse lobo não vai fazer
sumir o contorno do coração. Isso é o que Nas imagens abaixo, podemos ver: em A um
vemos na imagem abaixo. paciente que operou a coluna (vemos os
parafusos); em B, piercings e brincos; e, em C,
implantes e próteses dentárias.

A B C

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Nessas outras, é possível observar a presença


de tumores ósseos ou de lesões que formam
ossos. Na imagem F vemos um paciente com
cálculos renais (que tem densidade maior que
o osso).

D E F
Abaixo temos uma mamografia onde a imagem Na figura abaixo é possível visualizar ar livre
2 mostra uma mama bem densa (que indica dentro da cavidade peritoneal. Esse paciente
que tem muito tecido glandular) e a imagem 1 teve uma perfuração de algum local do
mostra uma mama liposubstituída (com mais intestino ou estômago e o ar ficou livre. De
gordura). novo: o ar é o preto bem preto. Esse ar livre
aparece mais preto do que o pulmão porque o
pulmão não é ar puro, o pulmão também é
composto pelo interstício, pelos vasos...pelo
tecido pulmonar.

1 2
A densidade de gordura forma uma imagem
mais próxima do preto. Abaixo temos uma
imagem que mostra um lipoma (tumor de
gordura) na coxa.

Nível é a interface entre duas substâncias de


diferentes densidades. A menos densa em cima
e a mais densa em baixo. Os níveis serão vistos
com raios horizontais, independentemente da
posição do paciente.
Na figura abaixo é possível visualizar um nível
hidroaéreo (nível composto por ar, que está em
cima, e líquido, em baixo). Para se visualizar
A densidade de ar forma uma imagem mais um nível hidroaéreo o paciente deve fazer o
preta. Podemos ilustrar isso mostrando o ar exame em pé.
dentro do trato gastrointestinal, por exemplo:

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O que evitar fazer na solicitação?


Deve-se evitar fazer solicitações inespecíficas.
Por exemplo:

© RM Encéfalo com especial atenção aos


nervos ópticos.
RM de encéfalo é um exame. RM de órbitas é
outro exame. Não se faz RM de encéfalo com
especial atenção a nervos ópticos. Esse
problema é comum quando solicitam exames
neurológicos. Você precisa lembrar que tudo
SOLICITAÇÃO DO EXAME: será um exame separado: sela túrcica, órbitas,
ouvidos, face, base do crânio.
A solicitação do exame radiológico é um
documento. © RM do MID

obs.: em casos de processos (judiciais ou NÃO FAÇA ISSO! MID é composto por: quadril,
administrativos) a solicitação vai fazer parte coxa, joelho, perna, tornozelo (retropé) e pé
dele para inocentar ou condenar o médico. (antepé). Você precisa dizer exatamente qual é
a estrutura que você deseja que o exame seja
A solicitação respalda o radiologista e também
feito.
é essencial para o pagamento do exame pelos
planos de saúde e pelo sus. © RM do Abdome

A solicitação deve conter o nome correto do NÃO FAÇA ISSO! Especifique se é abdome
exame. Além disso, deve constar a indicação do superior, inferior ou total.
exame (o porquê da solicitação) e a hipótese © RM da Região Cervical
diagnóstica
NÃO FAÇA ISSO! Especifique se é pescoço ou
ATENÇÃO! O médico deve evitar fazer uma coluna cervical
solicitação apenas com o CID bem como deve
Se você não sabe, descreva bem o que você
evitar solicitações padrões.
quer com o exame, a hipótese diagnóstica, e o
Uma solicitação bem feita permite que o radiologista saberá o que fazer.
exame seja direcionado e, nesse caso, pode-se
Assim, o ideal é que você coloque o nome
usar o protocolo otimizado para a patologia em
completo do exame, a posição que você quer
questão.
que o exame seja realizado, indique se é com
Também é importante que o paciente leve ou sem contraste, indicar necessidade de
exames anteriores e o médico radiologista faça acompanhamento anestésico, descrever o que
referência deles no laudo. você quer observar e a hipótese diagnóstica.
Assim, é importante que o médico assistente obs.: se estiver em dúvida do contraste,
do paciente deixe claro o que quer com o coloque: contraste a critério do radiologista.
exame. Para se ter um bom raciocínio
radiológico é preciso correlacionar dados
clínicos e laboratoriais com as imagens, por isso
que é importante que o médico solicitante
coloque sua hipótese diagnostica detalhada.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

ROTEIRO: COMO AVALIAR UM RAIO X DE TÓRAX Avaliação dos Parâmetros Técnicos:


IDENTIFICAÇÃO
Para avaliar um Raio X de tórax, vamos dividir O padrão é que a identificação do exame esteja
em 2 etapas: avaliação dos parâmetros do lado superior direito. O técnico tem a
técnicos e roteiro de avaliação. obrigação de marcar o lado direito do paciente
e o padrão é que isso esteja no canto superior.
A avaliação dos parâmetros técnicos inclui:

© Identificação
© Incidência
© Posição
© Rotação
© Exposição
© Inspiração adequada
© Centralização
R = right (direita) e L = left (esquerda)
Essa questão dos parâmetros técnicos é muito
importante. O mAs (miliamperagem versus o Na identificação você também precisa conferir
tempo) é a quantidade de radiação sendo o nome ou o registro para ter certeza de que
utilizada. O kV é a quilovoltagem e ele aumenta você está vendo o exame do paciente correto.
a capacidade de penetração dos raios. Então, Também é importante conferir a data que o
mesmo que se use a mesma quantidade de exame foi realizado.
radiação, se se aumenta o kV o poder de
Avaliação dos Parâmetros Técnicos: INCIDÊNCIA
penetração dos raios vai ser maior. Vejam na
imagem abaixo o que uma questão de
parâmetro técnico altera na imagem A incidência é a posição do paciente em relação
radiológica: ao tubo do Raio X. A depender do local do
corpo que está voltado para a ampola de Raio
X, a incidência será:

© AP: antero-posterior: a direção do raio


entra na parte anterior e sai pela posterior
para atingir o filme/detector.
© PA: póstero-anterior: a direção do raio
entra na parte posterior e sai pela anterior
Não se pode aceitar radiografias muito brancas
para atingir o filme/detector.
(pouco penetradas) e nem radiografias muito
pretas (muito penetradas) porque esses erros
técnicos podem induzir erros diagnósticos.
ATENÇÃO! Antes de iniciar a avaliação técnica
é importante olhar o exame corretamente.
Lembre-se sempre que, quando avaliar um
exame de imagem, é como se você e o paciente
estivessem olhando um para o outro,
independentemente de como o exame foi
realizado. FACE TO FACE. Assim, ao olhar a
A radiografia padrão do Tórax é em PA.
imagem, o seu lado direito está de frente para
o lado esquerdo do paciente.

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No perfil, a denominação é pelo lado do corpo O perfil é importantíssimo porque ele confere
que está perto do filme. Assim, se é o lado uma dimensão tridimensional à radiografia em
esquerdo do paciente que está encostado no PA (que só é 2D). Outro exemplo disso fica
filme, ter-se-á um perfil esquerdo. evidenciado na figura abaixo que mostra uma
fratura:

Perfil rotina para a radiografia de Tórax é o


perfil esquerdo.
O perfil em uma radiografia é muito
importante porque ele vai permitir avaliar as
regiões que não são visualizadas no PA.
Podemos ilustrar isso com as imagens abaixo,
que mostram: a região retroesternal (A) e a
região retrocardíaca (C) que ficam escondidas
no PA. Ao observar a imagem no PA você só consegue
visualizar um desvio látero-lateral enquanto
A B C que ao olhar no perfil você percebe que
também há um desvio antero-posterior.
Também é importante que se faça o perfil
porque algumas formas se alteram em PA. Por
exemplo: lesões esféricas vão aparecer
redondas no PA/AP e no perfil e outras
Como outro exemplo temos esse paciente com
formas/objetos vão aparecer com diferentes
uma bala alojada em seu corpo. Se só tivesse a
formas no PA/AP e no perfil.
radiografia em PA não seria possível precisar a
localização da bala, que poderia estar na No exemplo abaixo temos um tumor de
parede, no subcutâneo, no pulmão, no pulmão, lesão esférica:
músculo...Com o perfil, você tem a exata noção
de onde essa bala está.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Agora, observe a radiografia de uma criança Por outro lado, quanto mais distante, maior e
que engoliu uma moeda: menos nítida ela vai ficar. Podemos ilustrar isso
com a imagem abaixo que mostra duas
radiografias do mesmo paciente, uma em PA e
a outra em AP. Percebe-se que o tamanho do
coração vai aparecer maior no AP por causa da
posição do exame.

Desse modo, conseguimos perceber que não é


uma lesão esférica.
Vantagens da radiografia de perfil:

© Avaliar regiões que não são visualizadas no PA


© Auxiliar na localização das lesões
© Confirmar lesões vistas no PA
© Avaliar desvios de fraturas É importante que se saiba se o exame foi feito
© Reconstrução tridimensional de uma imagem em PA ou em AP para que não se dê
vista em duas dimensões diagnóstico errado. Por exemplo, o tamanho
do coração deve representar 50% do tamanho
Então, a radiografia de Tórax deve ser feita em
do hemitórax se o exame for feito em PA. Já se
PA e em perfil esquerdo. A rotina é ser em
for em AP esse percentual precisa ser maior
posição ortostática (em pé) e em apneia
(porque a própria forma de realizar o exame vai
inspiratória máxima (o famoso “encha o peito,
fazer com que a imagem produzida seja maior
prenda o ar”).
do que a real).
O Raio X do Tórax deve ser feito em PA porque,
Casos em que deverá fazer o Raio X em AP:
dessa forma, se aproxima o coração do
filme/detector. © Crianças
© Pacientes debilitados, em uti ou no leito
Nesses casos o exame geralmente é feito por
um aparelho portátil. Sempre lembrar que esse
tipo de incidência vai gerar uma magnificação
do coração e mediastino na imagem (15-20%).
Outra incidência possível no Raio X de Tórax é
a INCIDÊNCIA ÁPICO-LORDÓTICA. É um
incidência feita:

© Em AP com o paciente inclinado


ou
© Paciente em AP ereto angulando
SE LIGA! Quanto mais próximo do filme o
cefalicamente o tubo de Raio X
objeto estiver, mais nítida será a imagem.

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Exemplo de derrame pleural: você percebe na


imagem abaixo que, no exame feito na
incidência de laurel, o líquido desceu todo para
baixo.

Existem também as incidências obliquas.


Todavia, praticamente não é mais usada na
prática. Era usada para estudo de arcos costais
mas a tomografia substituiu.
Essa incidência serve para retirar as clavículas
dos campos pulmonares na imagem. É Avaliação dos Parâmetros Técnicos: POSIÇÃO
importante para avaliar lobo superior e
também lobo médio e língula. As posições do paciente para realização de uma
ATENÇÃO! Se você estiver diante de uma radiografia podem ser:
radiografia com uma opacidade em lobo © Ortostase (em pé)
superior e você estiver na dúvida, você solicita © Decúbito ou Supino (deitado)
que ele refaça o exame com a incidência ápico- © Decúbito Lateral
lordótica para esclarecer a dúvida antes de
SUPINO ORTOSTASE
encaminhar o paciente para o serviço
especializado.
INCIDÊNCIA DE LAUREL: feita com paciente em
decúbito lateral e os raios incidindo
horizontalmente.

Percebe-se, na imagem acima, que em pé


aparecem os níveis hidroaéreos e em supino
Essa incidência deve ser solicitada quando há não. As duas foram feitas na mesma incidência,
dúvida se o paciente tem um pequeno derrame AP, mas com posições do paciente diferentes.
pleural ou um pequeno pneumotórax. Se a
suspeita for de um derrame pleural, o lado
Avaliação dos Parâmetros Técnicos: ROTAÇÃO
suspeito deve ficar para baixo, em contato com
a mesa, ou seja, para o líquido escorrer e ficar
Para avaliar se a radiografia está rodada,
em baixo. Se a suspeita for pneumotórax, o
procura-se as clavículas e traça-se uma linha no
lado suspeito deve ficar para cima para o ar
bordo medial de uma clavícula e no bordo
subir.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

medial da outra clavícula. A partir disso, hipotransparente em razão da somação de


observa-se a distância desses bordos para os imagens.
processos espinhosos. Essa distância precisa
ser a mesma.

Se a imagem estiver rodada, as distâncias serão


diferentes. Avaliação dos Parâmetros Técnicos: INSPIRAÇÃO
SE LIGA! Para conferir que a radiografia não
está rodada você deverá observar se as A radiografia de Tórax é feita em apneia
extremidades mediais das clavículas estão inspiratória máxima. Isso significa que o
equidistantes dos processos espinhosos diafragma deve estar entre o 10º e 11º arcos
vertebrais. costais posteriores e entre o 6º e o 7º arcos
costais anteriores.
Uma radiografia rodada vai causar um desvio
do mediastino (deixando o mediastino
rodado), o aumento do hilo (deixando a
imagem distorcida) e uma alteração de
transparência pulmonar (deixando um pulmão
mais branco que o outro).

Avaliação dos Parâmetros Técnicos: EXPOSIÇÃO

Para contar os arcos costais o ideal é que se


É preciso avaliar a exposição/penetração para
inicie pelo primeiro posterior, que é esse:
evitar que erros técnicos provoquem erros de
diagnóstico. É o exemplo do kV.
O ideal ao analisar uma radiografia de tórax é
que seja possível a visualização dos vasos e
corpos vertebrais atrás do coração.

© Muito penetrado: imagem preta, difícil


de visualizar detalhes.
© Pouco penetrado: imagem muito
branca, pode induzir a observação de
falsas opacidades
Após avaliar o PA, avalia-se o perfil.
No perfil você deve visualizar os 2/3 inferiores
da coluna. O terço superior da coluna fica

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

VAMOS PRATICAR? Conta aí os arcos costais Avaliação dos Parâmetros Técnicos:


posteriores e anteriores presentes na imagem CENTRALIZAÇÃO

abaixo:
Avaliar a centralização é ver se o Raio X está
centrado no filme. O ideal em uma radiografia
de Tórax é que se permita visualizar bem o
pescoço e os úmeros. Não pode cortar
abdómen. Radiografia de Tórax não pode
cortar o abdómen.

ROTEIRO DE AVALIAÇÃO DO RAIO X DE


TÓRAX

O roteiro, ou seja, a forma como o médico vai


sistematizar a sua avaliação da radiografia de
Tórax é particular, cada um faz da forma que
achar mais adequada.
SE LIGA! Inspiração inadequada gera:
DICA!
© Perda de volume pulmonar
© Aumento da trama intersticial © Faça sempre do mesmo jeito. Elabore uma
© Cardiomegalia forma de avaliar uma radiografia e faça um
check list. Em cada avaliação, certifique-se de
A radiografia também pode ser feita em
ter visto tudo!
inspiração e expiração. Isso vai ser usado em
casos suspeitos de: CHECK LIST DA PROF:

© Aprisionamento aéreo (há um corpo © Partes Moles


estranho na criança) © Estruturas ósseas
© Pequeno Pneumotórax © Diafragma
© Abdome
Na radiografia em expiração do pulmão
© Pleura e Fissuras
normal, como o ar sai, o pulmão fica menor e
mais branco. Se tiver um pulmão obstruído, © Mediastino
esse continuará preto mesmo na expiração. © Hilos Pulmonares
© Pulmões
INSPIRAÇÃO EXPIRAÇÃO

Pulmão Pulmão
obstruído normal

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Juliana Ferraz – 4MA

INTRODUÇÃO À ULTRASSONOGRAFIA E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA


(aula ministrada por Dra. Ana Rita Marinho)

SE LIGA! A RM é um grande campo


RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RM)
magnético!
A Ressonância Magnética é o método mais A força do campo é medida em Tesla.
recente de todos. As primeiras tentativas de se Atualmente só se trabalha com RM de alto
obter imagem através desse método são da campo (1,5T ou 3T). Esse campo magnético fica
década de 70. permanentemente ligado, não se desliga.
A Ressonância Magnética NÃO utiliza radiação O campo é originado por uma corrente elétrica
ionizante. É um método de imagem que se que passa através de fios metálicos e é mantido
baseia no comportamento dos prótons de em hélio líquido a temperaturas abaixo de -
Hidrogênio. 269ºC (temperatura extremamente negativa).
obs.: o corpo humano é formado por 70/75%
de água e o Hidrogênio representa mais de 2/3
dos átomos do corpo.
obs.: é possível fazer ressonância com outros
átomos, porém, para que um átomo seja
susceptível ao efeito da ressonância, ele
precisa ter propriedade magnética, ou seja, ele
precisa ser capaz de fazer o movimento de spin
(girar em torno do seu próprio eixo).
SE LIGA! Na prática clínica, a Ressonância
Magnética é feita a partir dos átomos de
Hidrogênio. O campo é tanto maior e mais homogêneo
O átomo de Hidrogênio vai funcionar como quanto mais no centro da maquina estiver e é
uma barra magnética com dois polos, norte e por isso que o paciente precisa ser colocado no
sul. O hidrogênio tem a capacidade de spin, ou centro da máquina. Assim, se a área a ser
seja, gira em torno de seu próprio eixo. Quando estudada for, por exemplo, a cabeça, é ela que
esse átomo é colocado dentro de um campo precisará estar no centro da máquina.
magnético, diga-se, quando o corpo humano é
colocado dentro do aparelho de ressonância,
os seus átomos de Hidrogênio vão desenvolver
um movimento em torno do eixo do campo
magnético. Então, o átomo fica lá girando em
torno do seu próprio eixo e quando é colocado
dentro de um campo magnético ele passa a
desenvolver, também, um movimento em
torno desse campo, se alinhando a ele.
obs.: movimento de precessão: quando existe SE LIGA! A RM é um grande imã. Sendo
um campo magnético, o próton se movimenta
assim, ele vai sugar tudo o que for ferro
em torno do eixo desse campo.
magnético. Por isso que todos os aparelhos
02 : Plano de certe transversal (ou axcial)
certe Cronol (ou
OX : Plano de frontal)
OX : Plano de carte sogit

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

devem ser a base de titânio ou outra substância prótons relaxam e emitem energia, que será
que não tenha ferro magnético para se evitar medida como corrente elétrica. Essa energia
acidentes ou situações como as das imagens vai ser captada pelas bobinas e a corrente
abaixo: elétrica será transformada em imagem.

À energia captada damos o nome de sinal. Esse


sinal passa por varias transformações
matemáticas e físicas e no final gera uma
imagem que reflete a constituição química de
um terminado tecido.

Como ocorre a formação da imagem na RM? ATENÇÃO! Na RM não se utiliza radiação


ionizante. O que há é pulso de radiofrequência.
No normal do corpo humano os prótons estão
se movimentando desordenadamente em A formação dessa imagem vai depender da
movimentos de spin. Na hora que você coloca constituição molecular do tecido, do campo
esse paciente em uma RM esses prótons vão magnético e do próton que está sendo usado
fazer um alinhamento na direção do eixo do no campo magnético.
campo. Alguns vão no próprio sentido do A sala de exame da RM:
campo e outros vão no sentido contrário.
Então, fora do campo magnético, os prótons A máquina de RM lembra uma máquina de
estão em movimento randômico. Dentro do tomografia mas não são a mesma coisa. A RM
campo magnético, eles se alinham. tem um tubo mais fechado e é um exame mais
demorado. Pacientes claustrofóbicos podem
ter dificuldades com esse exame.

Com o paciente na máquina, liga-se o pulso de


radiofrequência. Quando recebem pulsos de
radiofrequência os prótons mudam de direção.
Ao se desligar o pulso de radiofrequência os

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

O mais comum é o uso da máquina de RM


fechada, porém, existem máquinas abertas. O
problema das máquinas abertas é que o campo
é baixíssimo (0,2T ou 0,3T) e ela não consegue
realizar as mesmas técnicas da máquina
fechada. Normalmente o hospital ou a clínica
só adquire uma RM aberta quando já tem pelo
menos 2 fechadas.
Além do tubo de RM, tem-se: o transmissor de
radiofrequência, o recebedor de obs.: existem as bobinas de gradiente, que já
radiofrequência, um equipamento que vai ficam acopladas na máquina, no magneto, em
controlar o gradiente do pulso de sua parte debaixo. Na prática elas só são
radiofrequência e um sistema moderno de usadas para exames da coluna. Não se faz
computação. todos os exames apenas com a bobina do
magneto porque o exame feito com a bobina
específica vai ter uma imagem muito melhor.
obs.: a RM de uma forma geral é feita por
partes do corpo. Só existe uma exceção em que
se faz RM do corpo todo que é para avaliar
metástase de câncer.
Contraindicações absolutas:

© Portadores de marca-passos não


compatíveis com RM
As bobinas são antenas que emitem e captam © Portadores de cardio-desfibriladores
o pulso de radiofrequência. Dependendo da implantáveis não compatíveis com RM
região do corpo a ser estudada, existirá uma © Pacientes com clipes cerebrais
bobina mais adequada. O uso da bobina © Pacientes com implantes cocleares
correta vai acarretar uma melhor imagem. © Pacientes com fragmentos metálicos
Então, além de entrar na máquina a pessoa nos olhos
precisa colocar a bobina na região do corpo que
será examinada. As contraindicações relativas são inúmeras e,
nesses casos, a realização do exame vai
ABDOME
DEDO
depender da decisão do médico.
Não existe uma preparação especifica para o
JOELHO
exame. Faz-se um questionário de segurança
para o paciente e para o acompanhante.
Realização do exame:
OMBRO
O paciente entra na sala vestido de roupas
MAMA
fornecidas pela clínica sem portar nenhum
objeto. O exame é demorado, barulhento e o
paciente precisa ficar imóvel durante toda a
realização do exame. É importante identificar

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

pacientes claustrofóbicos para que se proceda possibilidade de se ter a dissociação do


com a sedação dele. gadolínio e seu íon pode ir parar no SNC do
feto.
obs.: se for um paciente grave não se faz RM,
se faz tomo. Exame para emergência é a obs.: Risco x Benefício: deve ser avaliado caso
tomografia! a caso a depender da urgência e em uma
avaliação multidisciplinar.
obs.: pacientes obesos não conseguem fazer
RM porque sua circunferência não entra no Nomenclatura da RM:
tubo. O corpo do paciente não pode tocar na
A nomenclatura da RM está relacionada ao
máquina para não queimar.
sinal.
O uso de contraste na RM:
© Hipointenso: mais escuro
O contraste usado na RM é o gadolínio © Isointenso: mesmo sinal
(diferente da tomo, que é o iodo). O gadolínio © Hiperintenso: mais branca, mais
é uma substância paramagnética, metal raro brilhante
associado a um quelante. É um contraste © Ausência de sinal: imagem preta
menos tóxico e que tem menos reação alérgica
Existem 2 ponderações importante na RM: a
quando comparado ao iodo.
ponderação T1 e a ponderação T2.
O contraste será feito pela via endovenosa,
Lembra que os íons vão voltar ao seu status de
através de punção venosa periférica. Ao injetá-
equilíbrio depois que você desligar o pulso de
lo ele vai se distribuir por todo o corpo e vai
radiofrequência? Aí, o sinal vai ser captado em
ficar dentro do intravascular e vai passar para o
determinado tempo. Quando for captado em
interstício. A excreção é renal.
um determinado tempo x, a imagem vai ser
ATENÇÃO! O gadolíneo é tóxico para pacientes ponderada em T1; quando for captado em um
com insuficiência renal e NÃO deve ser determinado tempo y, a imagem vai ser
realizado em pacientes com TFG<30 ml/min. ponderada em T2.
(TGF = Taxa de Filtração Glomerular ou
Por enquanto, não vamos aprender isso em
Clearance). Ele não é nefrotóxico, ele é tóxico
todas as partes do corpo. Vamos exemplificar
para o paciente que já tem uma disfunção
com a imagem da coluna. Vejamos a figura
renal. Já o iodo é nefrotóxico.
abaixo:
Porque não se faz RM com contraste em
paciente com TFG<30 ml/min?
Porque o uso do gadolínio nesse paciente pode
causar Fibrose Sistêmica Nefrogênica.
RM e Gravidez:
Não há evidências que a RM determine efeitos
deletérios para o feto. Todavia, a RM não é
recomendada no primeiro trimestre.
Não se deve fazer RM com contraste em
grávidas porque o gadolínio atravessa a
barreira placentária, é filtrado pelos rins do
feto, excretado no líquido amniótico e o feto Gás no reto.
Ausência de
vai engolir e isso vai ser cíclico existindo a sinal

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Quando o líquor (seta rosa na imagem), que é


água pura, for branco (hiperintenso), teremos
T2; quando for preto (hipointenso), teremos
T1. Os corpos vertebrais são isointensos entre
si.
FUNDAMENTOS DA ULTRASSONOGRAFIA:

O princípio básico da ultrassonografia é o som.


Haverá uma decodificação de ondas sonoras
em imagens. Envolve espectro de som com alta Realização do exame: há a emissão da onda.
frequência o que significa que o som utilizado Essa onda vai encontrar um obstáculo (baço,
para realização da ultrassonografia é formado fígado, mama, etc). A onda vai ser refletida,
por ondas sonoras que são inaudíveis a audição voltando ao encontro do transdutor, que vai
humana. São ondas sonoras que estão acima captar essa onda que volta e formar a imagem
do limite audível para o ser humano. dando noções da forma, profundidade e
São ondas não ionizantes, inócuas aos seres constituição do tecido analisado.
vivos, não faz mal à saúde e pode ser realizado
em grávidas e crianças.

CURIOSIDADE! Morcegos e golfinhos são


capazes de perceber esses sons. Eles não só * Então, na ultrassom se emite o pulso
percebem como também podem emitir esse ultrassônico que chegará até o tecido objeto do
tipo de som e é por isso que eles conseguem se exame e retornará como um eco de volta ao
locomover no escuro. transdutor. Essa característica de eco é que vai
Os princípios desse exame começaram a ser dar a formação da imagem em termos da sua
desenvolvidos no início do século XX, na localização, tamanho, velocidade e textura.
década de 60. O ultrassom se propaga em vários tecidos mas
Inicialmente, ele foi desenvolvido para a velocidade de propagação é diferente a
detectar icebergs e submarinos inimigos na depender da sua constituição. É por isso que se
época da II guerra. O princípio desses sonares é diz que a USG é boa para estruturas sólidas e
que o aparelho emitia ondas sonoras que líquidas mas não é boa para estruturas que
viajam pelo meio líquido, batem numa tenham ar ou ossos. Assim, é um exame muito
estrutura sólida e voltam para ser detectados bom para o estudo das estruturas da cavidade
pelo sonar. Essa detecção permite identificar a abdominal. Já a avaliação do tórax fica limitada
forma e a distância do objeto. Com o avanço da porque nos pulmões tem muito ar, por isso não
tecnologia, foi possível a aplicação dessa se usa.

0
tecnologia para a medicina. SE LIGA! O AR é inimigo da ultrassom.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Os transdutores: Os transdutores variam em formas e


frequências.
Os tecidos serão sonados por transdutor
especial composto por um cristal com
propriedades piezoelétricas (na prática clínica,
é usado um cristal chamado tungstênio ou
quartzo).
obs.: efeito piezoelétrico é a propriedade que
certos cristais possuem de converter energia
elétrica em energia mecânica (sonora) e vice-
versa. © Convexo (3-6 MHz): mais apropriado
para estudar o abdome porque as ondas
penetram melhor no tecido humano
© Linear
© Endocavitário: utilizado para estudo
endoretal e endovaginal
© Setorial
obs.: quanto maior a frequência do transdutor,
mais superficial será o estudo da área
analisada. Então, se eu preciso examinar uma
tireoide, por exemplo, que fica em uma região
mais superficial (próxima à pele) eu vou usar
Quando se liga o aparelho de USG na um transdutor de 7MHz, se for um abdome,
eletricidade, teremos uma corrente alternada que tem estruturas mais profundas, vou usar
que vai fazer vibrar o cristal e ele vai um de 3,5MHz.
transformar a energia elétrica em energia
obs.: usa-se um gel a base de água na
sonora. Assim, é a vibração que produz o
realização do exame para que o transdutor
ultrassom que vai ser emitido aos tecidos.
deslize pela pele sem sofrer a interferência do
Quando a onda volta, a onda que foi refletida, ar, permitindo que a imagem fique melhor e
ele vibra de novo e transforma a onda sonora mais clara. O gel forma uma camada bem
em impulso elétrico que vai para o computador uniforme entre o tecido e o transdutor.
e será transformada em imagem.
Aparelhos de Ultrassom:

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Desvantagem: esse contraste só estuda uma


lesão. Quando comparado a tomografia, que se
estuda toda uma região pode parecer que não
será usado. Mas, por exemplo: paciente idosa,
com insuficiência renal, suspeita de lesão em
alguma víscera. Nesse caso, ela não poderia
fazer uma tomo pela nefrotoxicidade do iodo
mas poderia fazer uma USG com contraste.
Outro exemplo é de um paciente que tenha
alergia a iodo e por isso não pode fazer uma
obs.: o USG é um aparelho portátil e vai para
tomo.
onde o paciente estiver, seja uma uti,
enfermaria ou bloco cirúrgico. Nomenclatura do USG:

Preparação para o exame: A nomenclatura da USG terá relação com a


ecogenicidade.
Não há recomendações específicas.
© Anecoica: imagem preta, sem ecos. Isso
obs.: nos exames de abdomen algumas clínicas
significa que é uma imagem líquida.
podem pedir jejum e uso de laxativo para que
Pode produzir uma imagem branca
o cólon fique limpo.
posteriormente à sua parede, chamada
Contrastes no USG: CONTRASTE de reforço acústico posterior. Quando
MICROBOLHAS isso acontece podemos dizer que é uma
lesão com água.
São raros de se utilizar porque os convênios
não cobrem.
CISTO – imagem anecórica
Trata-se de um contraste a base de
microbolhas que é administrado pela via
endovenosa. As microbolhas aumentam a
refletividade do ultrassom, acentuando o
contraste vascular. É um tipo de contraste,
Reforço Acústico Posterior
eliminado pela via respiratória (não deve ser
usado em pacientes com doenças respiratórias
graves – DPOC grande, fibrose pulmonar, etc).
© Hipoecoica ou Hipoecogênica: imagem
cinza (tons de cinza). Não há reforço
acústico posterior. Abaixo temos a
imagem de um fígado. O tumor é
hipoecoico.
obs.: trata-se de um tumor sólido por isso não
tem reforço acústico posterior

COM CONTRASTE SEM CONTRASTE

Observando a imagem acima, percebe-se que a


lesão praticamente não é perceptível no exame
realizado sem contraste, ficando mais evidente
no exame feito com contraste.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

VASOS
Na imagem percebe-se que a bile está bem
anecoica. Também se observa dentro da
TUMOR
vesícula biliar um cálculo que não deixa o som
DIAFRAGMA passar e forma a sombra acústica posterior.
A presença da sombra indica que ou se tem um
cálculo ou um osso.

REPETECO! Só as lesões císticas formam ULTRASSONOGRAFIA DOPPLER:


Reforço Acústico Posterior, que são lesões É uma modalidade de USG que faz a análise do
formadas só por água. fluxo vascular. Estuda-se a curva do vaso e
© Hiperecoica ou Hiperecogênica: a partir daí determina-se o tipo de fluxo, a
ecogenicidade da lesão vai estar mais velocidade e a direção. Ele caracteriza os
branca do que a densidade do órgão. tumores e é muito importante. Também é
Abaixo temos uma imagem de importante para o estudo de tromboses.
metástase.

ULTRASSONOGRAFIA TRANSFONTANELA:

© Sombra Acústica posterior: tecidos Sem radiação ionizante e sem sedação. Faz o
hiperecogênicos, com índice de reflexão estudo do cérebro do bebê pelas fontanelas.
elevado reduzem a amplitude dos ecos
transmitidos. Impede o estudo das
estruturas posteriores. Posteriormente a
cálculos e ossos que não deixam o som
passar.

Vesícula
BILE Biliar

Reforço
Acústico
Posterior

SOMBRA
ACÚSTICA
POSTERIOR

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

ECOCARDIOGRAFIA: o Pacientes obesos


o Pacientes distendidos
É a ultrassom do coração. Não é feito por
o Pacientes com muita dor abdominal
radiologista, é feito pelo cardiologista.
podem não permitir o exame
o Pacientes muito agitados não
colaboram com o exame
© Menos acurado em relação ao TC e a RM
na detecção de lesões
© Não avalia adequadamente retroperitônio

PUNÇÕES E BIÓPSIAS:
O ultrassom é extremamente importante para
guiar punções e biópsias.

VANTAGENS DA USG:
© Custo baixo
© Disponibilidade: por ser portátil.
© Rápido
© Sem radiação ionizante
© Não invasivo
© Pode ser repetido várias vezes
© Portátil
© Interação com o paciente durante o
exame
© Avaliação transfontanela na infância
© Realização de punções
© Estudo vascular através do Doppler
© Exame de escolha em obstetrícia e
pediatria
DESVANTAGENS DA USG:

© Operador dependente
© Não avalia adequadamente:

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

RADIOGRAFIA SIMPLES DO TÓRAX: PADRÃO ALVEOLAR E INTERSTICIAL


(aula ministrada por Dr. Luiz Otávio Damázio)

INTRODUÇÃO:

O padrão alveolar é o principal padrão


encontrado no dia-a-dia.
Ao se observar uma radiografia de Tórax, vê-se
a representação de uma série de estruturas em
duas dimensões quando essas estruturas são,
na verdade, tridimensionais.
REPETECO! Temos 5 densidades principais no
raio-x:
REVISÃO DA FISIOLOGIA E ANATOMIA:
© Densidade de cálcio (ossos), que é branca
© Densidade do ar, que é preta A unidade funcional do pulmão é o lóbulo
© Densidade de partes moles (tudo o que for pulmonar secundário, que é uma estrutura
sólido e cístico), que é o cinza anatômica com 2 a 2,5cm e que é composto
© Densidade de gordura, que é próximo ao preto por:
mas não tão preto como o ar © Septo interlobular (que fica na sua
© Densidade de metal, que é um branco denso periferia, margeando-o). Esse septo
No raio-x de Tórax poucas densidades são separa um lóbulo do outro e é
mostradas na imagem. Isso porque nele há composto por tecido conjuntivo, vasos
muito ar (dentro dos alvéolos pulmonares) e há linfáticos (que vão em direção ao ducto
a caixa torácica (o arcabouço ósseo do Tórax). torácico) e vênulas pulmonares que
Assim, as duas principais densidades que vão fazem a drenagem do lóbulo.
predominar no raio-x de Tórax é a densidade © No centro do lóbulo secundário tem a
de cálcio e a densidade do ar. arteríola pulmonar e o bronquíolo
terminal (por onde entra e sai o ar).
No centro do raio-x de Tórax teremos o
© No tecido intralobular temos os sacos
mediastino que tem por principal componente
alveolares (que são as bolinhas
o coração. O coração possui as paredes sólidas
amarelas da figura)
e o interior das câmaras cardíacas é preenchido
© Entre um saco alveolar e outro há
por líquido (sangue). Como tanto o líquido
tecido conjuntivo intralobular
quanto o sólido possuem a mesma densidade,
vemos uma única densidade no coração.
Na figura abaixo temos as vias aéreas
representadas pelo número 1 (Traqueia), pelos
brônquios principais direito e esquerdo e pelos
hilos pulmonares.
obs.: os brônquios menores não podem ser
visualizados.

30 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Na figura abaixo temos a histologia do lóbulo Neste tipo de Pneumonia o agente etiológico
secundário pulmonar (LSP). Nela observamos aspirado é o estreptococo pneumonia
vários lóbulos, um ao lado do outro, e vemos os (pneumococo). Esse agente etiológico é
septos interlobulares fazendo o contorno do aspirado, ou seja, entra por gotículas na via
LSP (a seta rosa é um exemplo de septo aérea e vai até a periferia do pulmão, próximo
interlobular). à superfície pleural, onde se instala. A partir
disso, provoca a inflamação do pulmão de
LSP alvéolo a alvéolo, de forma contínua.

LSP obs.: entre os Sacos Alveolares existem


LS comunicações, chamados Poros de Kohn. É
P
LSP através desses poros que o processo
pneumônico inflamatório vai passando de Saco
LSP Alveolar em Saco Alveolar. O progresso da
inflamação é contido pela fissura pulmonar
(tecido pleural que separa um lobo do outro)
Cada ramo da artéria pulmonar vai levar porque nela não existe Poro de Kohn. O
sangue não oxigenado (rico em CO2) para o processo patológico é, então, “barrado” pela
lóbulo pulmonar secundário para ser fissura.
oxigenado nos alvéolos. Uma vez oxigenado
FISSURA
esse sangue vai voltar pelas veias até o coração LOBO
esquerdo para ser distribuído para o corpo. NORMAL
LOBO
CONDENSADO

PADRÃO ALVEOLAR:

O padrão alveolar é o padrão de doença dos LOBO


NORMAL
alvéolos. LOBO
FISSURA
CONDENSADO
1. Padrão Alveolar de Consolidação
A Consolidação resulta da substituição do ar
alveolar por líquido transudato, pus, sangue ou No corte histológico abaixo vemos que alguns
quaisquer outras substâncias que não seja o ar. sacos alveolares ainda possuem ar (espaços
A causa mais comum de consolidação é a mais brancos dentro do destaque em amarelo)
infecção, é a pneumonia. Na pneumonia o ar mas outros, não. No centro da imagem
nos alvéolos é substituído por um exsudato (destacado em preto) se vê vários “pontinhos
(líquido rico em proteínas, restos celulares e, as roxos” colados, sem espaço branco ao redor:
vezes, pus). isso é o exsudato.

A depender do tipo, a pneumonia pode


aparecer no raio-x em 3 padrões principais:
pneumonia lobar e broncopneumonia
(padrões alveolares) e pneumonia intersticial
(padrão intersticial).

© Pneumonia Lobar
obs.: o exsudato é um líquido rico em
neutrófilos e é rico no agente etiológico.

31 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

REPETECO! Na Pneumonia Lobar o processo área de condensação. A imagem abaixo não é


de condensação é contínuo e só será barrado de uma pneumonia, é um edema pulmonar,
pela Fissura. mas nela dá para visualizar bem isso.
Como o exsudato é um líquido, na radiografia
teremos a substituição da densidade do ar
(preta) pela densidade do líquido (branco
homogêneo) como podemos ver na imagem
abaixo.

ÁREA
CONDENSADA

O nome desse fenômeno é Broncograma Aéreo


e isso é um sinal de que a área branca é uma
consolidação e que nos brônquios tem ar, ou
seja, não estão doentes. Ele acontece na
pneumonia e em outros casos como o edema
pulmonar, por exemplo.
REPETECO! Broncograma Aéreo é um sinal de
doença alveolar, é um sinal de consolidação!
Para ser considerado Pneumonia Lobar não é
necessário que todo o lobo esteja condensado, Abaixo vemos uma área esbranquiçada mal
basta que a maior parte dele esteja. definida mas que ocupa quase todo o lobo
superior direito e que foi barrada pelo local
Na Pneumonia Lobar as vias aéreas não são
esperado da fissura pulmonar horizontal (linha
afetadas, os brônquios permanecem livres. Na
vermelha)
imagem abaixo vemos que a área afetada é
apenas a área alveolar, os brônquios (em azul
marinho) estão normais, livres do processo
patológico.

© Broncopneumonia

Como os brônquios não são afetados, é comum Na Broncopneumonia tanto os alvéolos quanto
que no raio-x de um paciente com Pneumonia a via aérea estão doentes.
Lobar se veja os brônquios desenhados (mais
pretos porque estão cheios de ar) por entre a

32 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Na Broncopneumonia pode acontecer de se ter


PNEUMONIA brônquios não afetados, ou seja, não é
LOBAR
obrigatório que se tenha comprometimento de
todos os brônquios, podem restar brônquios
ÁREA
pérvios (com ar).
SAUDÁVEL

EM OUTRAS PALAVRAS! Pode-se encontrar


Broncograma Aéreo na Broncopneumonia.
Os principais agente etiológico são o
estreptococos piogênicos, estafilococos aureus
ÁREA e hemofilius prebicielas.
SAUDÁVEL
É um padrão que predomina em pacientes com
BRONCOPNEUMONIA
pneumonia de natureza hospitalar. Já o padrão
de Pneumonia Lobar está mais associado a uma
Na maioria dos casos, no padrão de
pneumonia adquirida na comunidade.
Broncopneumonia acontece o preenchimento
parcial dos alvéolos pelo processo inflamatório, O padrão de broncopneumonia é mais grave e
os brônquios estão doentes e é possível mais extenso do que o padrão de pneumonia
encontrar alvéolos saudáveis entre alvéolos lobar.
doentes. Tanto na Pneumonia Lobar quanto na
O processo patológico da Bronco-pneumonia Broncopneumonia com duas semanas de
não é barrado por uma fissura pulmonar. Isso antibiótico 50% dos pacientes vão apresentar a
porque como a via aérea está doente ela cura radiológica e com seis semanas mais 90%
terminará afetando outras áreas do pulmão. dos pacientes vão apresentar a cura
radiológica. O pulmão volta completamente ao
Em geral o processo patológico é muito mais
normal após a cura da pneumonia. Isso
extenso na Broncopneumonia do que na
acontece porque na pneumonia a agressão é
Pneumonia Lobar, como vemos na imagem
muito superficial porque o agente etiológico
abaixo:
agride o epitélio pulmonar e epitélio se
PNEUMONIA LOBAR BRONCOPNEUMONIA
regenera. A cura na pneumonia bacteriana é
por regeneração, de modo geral, porque ela
não afeta, como regra o tecido conjuntivo, só
no epitélio.
SE LIGA! Quando a inflamação atinge o
tecido conjuntivo a cura se dará por fibrose,
então ficam cicatrizes no pulmão mesmo após
a cura. Isso é comum em casos de tuberculose
Na Pneumonia Lobar percebe-se que tudo está
ou em casos de pneumonias bacterianas muito
bem localizado e homogêneo em uma
agressivas.
determinada área do pulmão. Na
Broncopneumonia temos uma área de Eventualmente, pneumonias bacterianas
consolidação que não foi barrado pela fissura podem apresentar complicações, como, por
pulmonar e que não afetou todas todos os exemplo, a formação de abcessos que são
alvéolos (porque há espaços pretos no meio do áreas de destruição localizada no pulmão.
espaço branco que não são os brônquios).

33 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

No raio-x isso aparece como consolidação. Na


ABCESSOS figura abaixo temos o raio-x de um paciente
logo após a realização de biópsia. A
consolidação no lobo superior direito faz com
que se pense em Hemorragia (pelo fato de ter
sido após biópsia, que é um procedimento
invasivo). Na tomografia temos um paciente
portador de uma colagenose com Hemorragia
Alveolar bilateral.

ABCESSO

© Edema Alveolar
O Edema Alveolar é outra causa de
consolidação na radiografia. No Edema
ABCESSO
Alveolar o ar nos alvéolos é substituído por
líquido transudato.
São várias as causas de formação de um Edema
Alveolar mas a principal é a Insuficiência
Cardíaca Esquerda.
Corte histológico de um Edema Alveolar:

ABCESSO

© Hemorragia Alveolar
Outra situação em que se tem consolidação no Geralmente o Edema Alveolar apresenta-se
raio-x é no caso de Hemorragia Alveolar. bilateralmente por ser um problema sistêmico
e tende a predominar nas regiões mais centrais
Nesses casos, o ar dentro dos alvéolos é dos pulmões.
substituído por sangue.
SE LIGA! Um sinal clínico de Hemorragia
Alveolar é a hemoptise.
Causas de Hemorragia Alveolar: colagenoses,
leptospirose (porque agride os capilares) e
traumas.

34 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Em uma Atelectasia Obstrutiva o brônquio fica


obstruído por qualquer razão (um corpo
estranho, por um tumor, por um coágulo, por
exemplo) e a área que receberia ar desse
brônquio murchará porque não vai receber ar.

Na imagem acima temos um paciente com


Insuficiência Cardíaca Esquerda que apresenta
consolidação bilateral causada por Edema
Alveolar.
SE LIGA! Um sinal clínico característico é a
formação de espuma na boca. O paciente não Na Atelectasia compressiva há um derrame
tem febre, porque não é uma infecção e nem pleural que empurra o pulmão e pode fazer
apresenta hemoptise. Apresenta tosse com com que o pulmão perca o ar por compressão.
líquido espumoso diferente da pneumonia que
é uma tosse produtiva (como se fosse um
catarro fedorento). Tem dispneia e hipoxemia.
2. Padrão Alveolar: Atelectasia
Na Atelectasia o pulmão perde volume como
quando “murchamos um balão”. O pulmão
atelectasiado, sem ar, fica completamente
sólido, aparecendo opaco (branco) na
radiografia.
Na Atelectasia cicatricial uma área do pulmão
que foi agredida fez uma cicatriz e essa cicatriz
fez com que uma área do pulmão se retraísse,
perdendo o ar.
Na Atelectasia adesiva há perda do surfactante
(responsável pela manutenção da tensão
superficial nos alvéolos). Bebês prematuros
que nascem com a doença da membrana
ATELECTASIA PULMÃO
NORMAL hialina há deficiência de surfactante e os
pulmões deles ficam atelectasiados.
Quando se tem uma Atelectasia os dados
clínicos são fundamentais para que se chegue
A Atelectasia pode ser de uma área específica
na sua provável causa.
do pulmão ou pode ser do pulmão inteiro.
Existem vários mecanismos de Atelectasia e
para cada mecanismo existem várias causas
possíveis.

35 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

esquerdo é mais aberto. Se fosse uma


consolidação lobar a área branca chegaria
depois do coração e pararia. Então, como ela
está por trás do coração isso indica que a
fissura foi retraída até a área branca sendo um
sinal de redução volumétrica pulmonar e, logo,
uma Atelectasia.
No raio-x a Atelectasia vai se apresentar opaca
(branca) porque o pulmão naquela região
estará sólido, sem ar.
Como na atelectasia há diminuição volumétrica
haverá retração das estruturas anatômicas
próximas ao pulmão e é isso que vai se procurar
para diferenciar uma Atelectasia de uma
Consolidação.

Abaixo temos a radiografia de um paciente na


UTI. O exame da direita foi feito 10min após o
exame da esquerda. O que mudou?

Na figura acima, não podemos dizer que há


Pneumonia Lobar porque a Pneumonia lobar
seria barrada na fissura horizontal (1). Como a
área branca parou muito antes do local
No exame da esquerda percebe-se que todo o
esperado da fissura, parou em 2,
hemitórax esquerdo está opaco. Isso pode ser:
provavelmente a fissura foi retraída para esse
atelectasia, consolidação ou derrame pleural. A
ponto 2 indicando uma Atelectasia.
diferença se dará:
REPETECO! A diferenciação se dará porque
© Se fosse uma Consolidação, as estruturas do
você vai procurar por sinais que indiquem
mediastino estariam normoposicionadas (a
redução volumétrica da área. O diafragma, a
traqueia no centro da coluna, o coração no seu
fissura pulmonar, o hilo pulmonar...todas essas
lugar)
estruturas poderão ser retraídas quando se
© Se fosse um derrame pleural a traqueia e o
tem Atelectasia. Outro sinal de diminuição
coração seriam empurrados para o lado oposto
volumétrica seria que as costelas ficam mais
ao derrame.
juntinhas.
© Se fosse uma atelectasia as estruturas
Na imagem abaixo temos uma área branca anatômicas vizinhas seriam retraídas para
retrocardíaca (sendo mostrado em azul). O ocupar aquele espaço, são repuxadas para o
local esperado da fissura horizontal do lado lado afetado. É o caso desse paciente.

36 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA
PADRÃO INTERSTICIAL:
No caso desse paciente ele havia sido
recentemente intubado. O que aconteceu foi
O padrão intersticial é aqueles que aparece nas
que o tubo chegou no brônquio direito e, logo,
doenças que acometem o interstício.
só o pulmão direito recebeu ar deixando o
esquerdo atelectasiado. Com o raio-x
percebeu-se o erro e puxou-se o tubo mais
para cima de modo que os dois brônquios
(direito e esquerdo) passassem a receber ar
reinflando o pulmão esquerdo. O problema foi
resolvido como se observa na imagem da
direita.
Na imagem abaixo temos um paciente de
ambulatório, idoso fumante desde os 15 anos
Há interstício entre os Sacos Alveolares e no
de idade. Percebe-se que todo o hemitórax
Septo Interlobular.
direito dele está opaco. Confirmamos a
Atelectasia porque o mediastino está repuxado As principais causas de doenças que acometem
para o mesmo lado da lesão (a seta vermelha o interstício são:
mostra a traqueia bem repuxada). © Edema Intersticial
© Fibrose (de qualquer natureza)
© Doenças ocupacionais
© Causas neoplásicas
As doenças intersticiais são mais difíceis de
serem visualizadas no raio-x porque os sinais
são mais tênues e podem ter associação com
alveolopatia também.
Os padrões possíveis de se encontrar no raio-x
nas doenças intersticiais são:
© Linear (é o mais comum)
© Reticular
© Micronodular
© Reticulonodular
Esse paciente estava em ambulatório e não na
emergência porque a causa da atelectasia era
um carcinoma que foi crescendo aos poucos e,
com isso, o paciente foi se adaptando ao
processo. Não foi uma obstrução súbita.
SE LIGA! Uma atelectasia completa não
necessariamente vai levar a uma insuficiência
respiratória franca. Isso dependerá da
velocidade de instalação da Atelectasia.

37 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Na figura abaixo vemos pequenas linhas que se


dirigem do centro até a superfície pleural. Essas
linhas são as linhas de Kerley e formam o
padrão linear.

PADRÃO RETICULAR

Abaixo temos o padrão micronodular onde se


observam muitos pontinhos (3 a 4mm) distribuídos de
forma uniforme em ambos os pulmões. Em geral é um
PADRÃO LINEAR padrão difuso e bilateral porque indica uma doença de
disseminação pelo sangue (doença hematogênica).
No normal os septos interlobulares não
aparecem no raio-x porque são muito fininhos. SE LIGA! A causa mais comum do padrão
Para que apareçam precisam ter sido micronodular é a Tuberculose Milliar.
engrossados. Logo essas linhas são os septos
engrossados por líquido.
SE LIGA!A causa mais comum do padrão linear
é o extravasamento de líquido nos septos pelas
vênulas na Insuficiência Cardíaca (IC).
obs.: na IC primeiro se percebe um
extravasamento no septo para depois se ter o
acometimento do alvéolo.
PADRÃO MICRONODULAR
No padrão intersticial linear, as linhas
periféricas são chamadas de Linhas de Kerley B
Abaixo temos um raio-x com padrão intersticial
e as linhas centrais são chamadas de Linhas de
reticulonodular que é a junção de linhas
Kerley A.
entrelaçadas com pequenos nódulos.
SE LIGA!A causa mais comum desse padrão
reticular é fibrose (de qualquer natureza) no
interstício intralobular e interlobular.

Na figura abaixo temos o padrão reticular, que é um


padrão em formato de rede. Percebe-se que a
periferia do pulmão ao invés de estar mais escuro está
composto por linhas entrelaçadas esbranquiçadas.
SE LIGA!A causa mais comum desse padrão reticular
é fibrose (de qualquer natureza) no interstício PADRÃO RETICULONODULAR

intralobular.

38 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

RADIOGRAFIA SIMPLES DO TÓRAX EM CARDIOLOGIA


(aula ministrada por Dr. Luiz Otávio Damázio)

Essa artéria é mais calibrosa na criança e no


INTRODUÇÃO adolescente em razão do metabolismo acelerado
típico dessa faixa etária.
Abaixo vemos 4 radiografias de Tórax que são
normais, ou seja, de pacientes saudáveis. Na letra C temos uma radiografia de um adulto
Porém, elas são muito diferentes entre si jovem (30 anos) onde já não se vê mais a artéria
porque são radiografias de pacientes com pulmonar., vemos os hilos mas a artéria pulmonar
idades diferentes. já não fica mais proeminente pela baixa do
metabolismo.
Na letra D temos uma radiografia de um idoso. Nela
vemos a aorta mais ectasiada e alongada em razão
da idade (setas vermelhas e branca). Outro fato é
que a borda cardíaca esquerda aumenta na 3ª
idade por volta dos 70/80 anos por causa da idade
(sem ter relação com patologias).
SE LIGA! Ao longo da vida a aparência
radiográfica do Tórax (sobretudo do coração) vai
mudando de acordo com as alterações fisiológicas
naturais de cada idade.

CRITÉRIOS TÉCNICOS:
A imagem A é uma radiografia de um recém-
nascido. Observe, na imagem, como a parte
Lembra da aula de Semiologia Radiológica quando
superior do mediastino é alargada. Isso
aprendemos que o primeiro passo para se avaliar
acontece em razão da presença do Timo na
uma radiografia é observar se ela foi realizada
região. Outra peculiaridade é que em lactentes
tecnicamente da maneira correta?
o exame é feito com o bebê deitado por isso
que o coração aparece mais alargado (lembra Para avaliar uma radiografia na cardiologista o
que no exame feito com a pessoa deitada o primeiro passo é observar se os critérios técnicos
coração fica mais longe do filme? Por conta foram preenchidos. (Volta lá e revisa!)
disso ele vai aparecer maior do que de fato é). Pontos técnicos importantes para observar antes
obs.: a medida que a pessoa vai crescendo o de fazer a avaliação do coração:
Timo vai atrofiando e fica bem pequeno. © A radiografia foi feita em PA com o
Na letra B vemos uma radiografia de uma criança paciente na posição ortostática (em pé)?
com 8 anos de idade. Observe que o Timo já não REPETECO! a preferência é que o exame seja feito
aparece mais no mediastino superior (como em PA para que o coração fique mais próximo do
acontece com o recém-nascido). O coração já filme a fim de que se evite que ele saia distorcido
aparece no tamanho real porque a criança já na imagem.
consegue realizar o exame na posição ortostática
(em pé). Nessa faixa etária o que chama a atenção SE LIGA! Quanto mais longe uma estrutura

é a presença dessa “bolinha” apontada na seta em estiver do filme radiológico mais distorcida ela vai
vermelho que é, na verdade, a artéria pulmonar. ficar!

39 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

obs.: distância ideal de posicionamento do AVALIAÇÃO DO CORAÇÃO:


exame (emissor - paciente) para que o coração
A primeira coisa que precisamos ter em mente para
não fique aumentado é de 1,80m. Máquinas
avaliar o coração é lembrar que na área cardíaca
portáteis, como as usadas em UTI não chegam
temos uma sobreposição de diversas estruturas
a essa distância e, somado ao fato de o
que tem densidades semelhantes.
paciente estar deitado, o coração aparecerá
maior do que de fato é. Vemos isso na imagem
abaixo onde temos 2 radiografias da mesma
pessoa feitas com um intervalo de 10min: a A
foi feita com a máquina portátil e a paciente
deitada e a imagem B foi feita com a paciente
em posição ortostática e em PA. Portanto, a
letra A indica uma falsa cardiomegalia.

Como as câmeras cardíacas tem densidades


semelhantes não é possível diferenciá-las.
© A radiografia foi feita em apneia Conseguimos fazer uma estimativa de onde elas
inspiratória? estão porque conhecemos a radiografia
topográfica do coração.
obs.: lembrar que para conferir se a radiografia
foi feita em apneia inspiratória é só contar os 1. Aumento da Área Cardíaca:
arcos costais posteriores. Se sim, aparecerão É a principal alteração e, para bem avaliar a área
pelo menos 10 arcos costais posteriores, como cardíaca precisamos começar calculando o Índice
na imagem abaixo. Cardiotorácico.

obs Para se avaliar o Índice Cardiotorácico vamos medir


o coração (A + B) e vamos medir o tórax de uma
ponta a outra (C). O normal no adulto é que o
© A posição do paciente em relação a
tamanho do coração corresponda a até metade do
máquina foi correta? (A rotação está
tamanho do tórax. Se for maior do que isso,
correta?)
teremos um aumento do Índice Cardiotorácico.

40 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

O Índice Cardiotorácico é específico mas não é obs.: clinicamente um paciente com aumento de
sensível. Isso quer dizer que o aumento do índice VD vai se apresentar com edemas periféricos. Isso
Cardiotorácico indica aumento do coração mas que ocorre porque um problema no VD indica que o
podemos ter aumento do coração sem aumento do sangue não vai conseguir fluir para a artéria
Índice Cardiotorácico. Isso porque o AE (átrio pulmonar fazendo com que fique retido nas veias
esquerdo) e o VD (ventrículo direito) ficam no meio da circulação sistêmica. Excesso de sangue venoso
do coração e um aumento neles pode não aparecer na periferia gerando hepatomegalia, edema
na radiografia e, consequentemente, não vai sistêmico nos membros e nas jugulares.
aumentar o Índice Cardiotorácico.
© Aumento do AE vai ser um aumento para
© Aumento no AD vai aumentar a borda cima, para direita e para esquerda. Não vai
cardíaca direita, aumentando o Índice aumentar o Índice Cardiotorácico. No raio-
Cardiotorácico. x os sinais que vão indicar um aumento de
AE são:
obs.: um aumento na borda cardíaca direita na
o Duplo contorno (dupla densidade)
radiografia pode ser identificado facilmente
do lado direito do coração
quando lembramos que na radiografia normal o
o Aumento do ângulo da Traqueia
esperado é que a borda cardíaca esquerda ocupe
com os brônquios, ou seja,
mais espaço na projeção da sombra cardíaca
aumento do ângulo da Carina
formada na imagem (ou seja, B vai ser maior que
(pontilhado amarelo)
A).
o Dupla convexidade acima da borda
© Aumento no VD vai produzir na radiografia cardíaca esquerda (imagem C)
um aumento para cima e para frente
o alterando a forma do coração sem alterar
o Índice Cardiotorácico, como podemos
ver na imagem abaixo:

obs.: com o aumento do VD o coração fica alargado


e em formato de bota
obs.: o aumento do VD vai provocar uma alteração
na morfologia da sombra cardíaca na incidência de
frente. obs.: causas comuns de aumento de AE são
aumentos da válvula mitral (por exemplo: na febre
reumática)

41 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

obs.: a causa mais comum de aumento de VE é a


C
HAS.

© Aumento do VE aumenta o Índice AVALIAÇÃO DA VASCULATURA PULMONAR:

Cardiotorácico. No raio-x veremos uma


1. Artéria Pulmonar
sombra cardíaca que mergulha em direção
ao seio costofrênico e uma redução na A artéria pulmonar fica escondida no raio-x porque
distância entre o coração e a parede ela tem a mesma densidade das câmaras cardíacas.
torácica (que vai ficar menor do que 4cm), Quando ela desemboca nos pulmões ela vai se
como nas imagens abaixo. bifurcando e formando ramos menores. Os Hilos
Pulmonares correspondem a ramos segmentares
da artéria pulmonar que chega aos pulmões e
aparece na radiografia de modo mais calibroso e
próximo ao coração.
Assim, só o que vai aparecer são os Hilos
Pulmonares e os vasos seguintes que ficam menos
calibrosos do centro para a periferia.

obs.: clinicamente um paciente com aumento de


VE vai se apresentar com edema pulmonar. Isso
ocorre porque um problema no VE indica que o
sangue vai ficar retido no pulmão. É um paciente Na Hipertensão Arterial Pulmonar há aumento de
que quando deita vai sentir como se estivesse se calibre tanto da artéria pulmonar quanto dos seus
afogando (porque o pulmão vai estar cheio de ramos secundários (aumento dos Hilos
líquido – sangue retido). Pulmonares) como vemos na imagem abaixo.

42 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

obs.: se houver dilatação no cajado da aorta isso


vai aparecer na radiografia.
Abaixo temos um paciente com a aorta dilatada em
razão de um aneurisma do cajado da aorta (da
aorta torácica). Percebemos calcificações
periféricas na borda da aorta dilatada (muito
comum em pacientes com aneurisma e indicando
que a natureza da lesão é vascular e não tumoral).
Como a aorta relaciona-se com a Traqueia é
comum que uma dilatação na aorta desvie a
Traqueia contralateralmente.

2. Artéria Aorta
A única parte da aorta que aparece na radiografia é
a projeção do cajado no adulto jovem.

43 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

ANATOMIA SECCIONAL DO TÓRAX


(aula ministrada por Dra. Ana Rita Marinho)

No plano sagital também é possível usar as


NOÇÕES BÁSICAS DA ANATOMIA SECCIONAL: referências anatômicas para identificar a parte
posterior e anterior bem como o superior e o
1. Planos inferior. Vemos isso na tomografia abaixo
É importante saber que a visão em um exame
de tomografia ou ressonância magnética
apresentará a estrutura examinada em 3
planos: axial, coronal e sagital. Abaixo temos
uma Traqueia (seta rosa) nos 3 planos:
PLANO CORONAL

O plano coronal da tomografia tem uma


imagem semelhante ao raio-x.
PLANO SAGITAL

PLANO AXIAL

Se você observar na imagem acima existem


linhas de cores diferentes. Cada cor indica um CAV
A
VEIA AORTA
plano no programa do radiologista: linha
amarela indica que é o plano sagital, linha azul
indica que é o plano coronal e linha roxa indica
que é o plano axial.
Abaixo temos uma tomografia de tórax no
plano axial. Os referenciais anatômicos podem
lhe ajudar a identificar a parte anterior
SE LIGA! Na radiografia as estruturas
(esterno) e a parte posterior (coluna). Para
aparecem sobrepostas, na tomografia não!
identificar o lado lembra que é como se você
estivesse FACE TO FACE para o paciente.
A.
PULMONAR

ÁTRIO
DIREITO

Na tomografia é possível reconhecer e estudar


as estruturas e não apenas a sombra delas.

44 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Primeiro, observa-se a Traqueia no plano


coronal (para se ter uma visão do todo) e
2. Janelas
depois passa-se ao plano axial. Na imagem A a
A janela de partes moles é a que se consegue linha verde indica o plano das imagens B e C.
ver praticamente tudo no tórax e abdômen. A
janela pulmonar permite fazer a avaliação do
parênquima pulmonar. A janela óssea permite
avaliar os ossos
IMAGEM A

TRAQUEIA:

IMAGEM B
A Traqueia tem densidade de ar. É muito TRAQUEIA
importante saber reconhecê-la porque muitas
alterações no pulmão vão determinar
alterações na Traqueia. Nas imagens abaixo
vemos a traqueia na janela de pulmão (imagem
de cima) e na janela de partes moles (imagem
debaixo)
TRAQUEIA

IMAGEM C

A imagem B é da janela de partes moles e a


imagem C é da janela pulmonar, ou seja, é a
mesma imagem só que vista por janelas
diferentes.
A traqueia é uma estrutura arredondada cheia
de ar que você vê em uma cor bem preta.
Agora veremos um corte feito acima do arco
aórtico:

45 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Abaixo temos a mesma imagem só que feita em


um exame de ressonância:

A. INOMINADA

A. CARÓTIDA COMUM
ESQUERDA

TRAQUEIA A. SUBCLÁVIA
ESQUERDA

ESÔFAGO

LIQUOR

Atrás da traqueia vai estar sempre o esôfago.


Na frente à direita, a veia cava. Na frente do O liquor aparecendo branco indica que a
arco aórtico está o Timo. Não vamos conseguir imagem está em T2. O liquor está circundando
ver o Timo no adulto normal porque ele sofre a medula espinhal. Quando o liquor aparece
uma involução. preto a imagem está em T1.
Descendo um pouco mais, chegamos ao plano
VEIA CAVA cortado na altura da carina.
AORTA

TRAQUEIA

ESÔFAGO

ESTRUTURAS VASCULARES NO TÓRAX:

Da aorta saem os 3 troncos supra-aórticos:


© Artéria Inominada/Tronco Arterial
A Traqueia na região da Carina vai se bifurcar
Braquiocefálico: perto da veia cava (de
em brônquio-fonte direito e brônquio-fonte
onde saem a subclávia direita e a
esquerdo.
artéria carótida comum direita);
© Artéria carótida comum esquerda
© Artéria subclávia esquerda

A. INOMINADA

A. CARÓTIDA COMUM
ESQUERDA

A. SUBCLÁVIA BRÔNQUIO-FONTE BRÔNQUIO-FONTE


ESQUERDA DIREITO ESQUERDO

46 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

No parênquima os brônquios e as artérias


possuem diâmetros equivalentes. Eles vão
aparecer formando duplinhas na imagem
(circulo vermelho) onde o brônquio estará
preto (preenchido de ar) e a artéria estará
branca (preenchida de sangue).
BRÔNQUIO-FONTE BRÔNQUIO-FONTE
DIREITO ESQUERDO

No raio-x só vemos a sombra da Traqueia e da


Carina mas na tomografia (imagens acima) e na
ressonância (imagens abaixo) a vemos
nitidamente.

Isso não acontece com as veias, que não andam


juntas de ninguém.
Na artéria pulmonar temos o tronco da
pulmonar que vai bifurcar em artéria pulmonar
direita e artéria pulmonar esquerda.

Os brônquios são divididos em:


TRONCO
© Principais: brônquios-fontes PULMONAR

© Lobares
© Segmentares A. PULMONAR
A. PULMONAR
ESQUERDA
DIREITA
Cada segmento do pulmão recebe um
brônquio. No lobos do pulmão direito temos
brônquios lobares no lobo superior, no lobo
inferior e no lobo médio. No pulmão esquerdo,
nos lobos superior e inferior. A partir dos
brônquios lobares saem os brônquios
segmentares.

A. PULMONAR
A. PULMONAR ESQUERDA
DIREITA

47 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

REPETECO! As veias pulmonares não estão


associadas aos brônquios, quem se associa ao
brônquio é a artéria!
Geralmente, temos 2 veias pulmonares AORTA

superiores e 2 inferiores (mas isso pode


variar!). Na figura abaixo vemos as veias
pulmonares entrando no átrio esquerdo (AE).

AE

CORAÇÃO
A. PULMONARES
VEIAS PULMONARES

AE
PARÊNQUIMA PULMONAR:

VEIAS PULMONARES
Para avaliação do Parênquima Pulmonar o
exame adequado é a tomografia (porque é o
exame que melhor vai mostrar a região).
obs.: na ressonância o pulmão fica todo preto
HILOS PULMONARES: e a avaliação do parênquima fica
comprometida (imagem abaixo).
Os Hilos Pulmonares (região destacada em
verde na imagem abaixo) são áreas centrais
que conectam o mediastino aos pulmões.

AORTA

A. PULMONARES

REPETECO! Para avaliar pulmão o melhor


AE método é a Tomografia. Até pede-se primeiro
VEIAS PULMONARES o rx pela facilidade de realização do exame mas
se houver necessidade de um estudo mais
profundo deve-se optar pela tomo.

Enquanto no raio-x observamos todas as


estruturas que compõem o hilo pulmonar
sobrepostas (lembra que elas têm mesma
densidade?), na tomo e na resso conseguimos
ver cada estrutura separadamente.

48 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

ESPAÇO PLEURAL: No pulmão direito as fissuras são classificadas


como:
O espaço pleural é o espaço delimitado por
duas membranas serosas: © Pequena/Horizontal: separa o lobo
médio do lobo superior
© Pleura Visceral (que reveste os
pulmões) © Grande/Oblíqua: separa os lobos
superior e médio do lobo inferior
© Pleura parietal (que reveste a parede
torácica, o diafragma e o mediastino)
A cavidade pleural é praticamente uma
cavidade virtual de tão fina que é. Por isso, FISSURA
qualquer acúmulo de líquido nesse espaço vai HORIZONTAL
determinar uma alteração importante no rx.
Na radiografia normal ela não vai aparecer.
Também é importante entender que existem
as fissuras, que invaginam nos pulmões e
separam os lobos pulmonares. FISSURA
OBLÍQUA
obs.: as fissuras são áreas avasculares!
Na tomografia é muito fácil reconhecer essas
estruturas

Na radiografia normalmente não é possível


visualizar essas fissuras mas é importante saber
onde é localizada a topografia normal dessas
fissuras. Como algumas doenças deslocam
essas fissuras, para se fazer uma avaliação
radiológica correta é necessário saber onde é a
posição normal dessas fissuras.
O pulmão esquerdo só tem 2 lobos: superior e
inferior. Logo, nele só existe a fissura oblíqua.

49 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

No pulmão esquerdo, no local do lobo médio costofrênicos e o abdômen) não é possível


está a língula (que faz parte do lobo superior). distingui-los.
SE LIGA! A importância de saber da Abaixo, em vermelho, está a localização
existência da língula é porque ela equivale a aproximada dos seios costofrênicos
topografia anatômica do lobo médio uma vez posteriores mas, percebam, não é possível
que se localiza na porção anterior do pulmão. dizer o que é seio costofrênico e o que é
Assim, o coração vai manter contato anatômico estrutura abdominal.
a esquerda com a língula e à direita com o lobo
médio.

SEIOS COSTOFRÊNICOS:

No espaço pleural encontramos os recessos da


pleura, que são os chamados seios
costofrênicos, que podem ser:

© Posteriores (marcados em vermelho


nas imagens abaixo):

REPETECO! Para uma estrutura ser


visualizada na radiografia seus bordos
precisam estar em contato com um tecido que
apresente densidade diferente!
Assim, se você faz uma radiografia só em PA
você não vai conseguir visualizar um pequeno
derrame obliterando o seio costofrênico
© Laterais (marcados em verde nas posterior, por exemplo. Já na radiografia em
imagens abaixo): perfil será possível identificar bem o seio
costofrênico posterior e, consequentemente,
um possível derrame pleural na região.
SE LIGA! Radiografia em perfil é mais
sensível para detectar líquido no espaço
pleural porque ela mostrar melhor o seio
costofrênico posterior.

SEIOS CARDIOFRÊNICOS:
Na radiografia em PA é possível visualizar os
seios costofrênicos laterais mas não é possível Os seios cardiofrênicos correspondem a
ver os seios costofrênicos posteriores, que recessos entre o coração e o pulmão. Abaixo,
ficam mais para trás e mais embaixo. Você não vemos os seios cardiofrênicos destacados em
consegue visualizar os seios costofrênicos amarelo.
posteriores no PA porque eles ficam em uma
posição logo atrás do abdômen e, como eles
possuem densidades iguais (os seios

50 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

MEDIASTINO:

São limites do Mediastino (marcado em rosa


nas imagens):

© Lateral: pulmões
© Superior: abertura torácica
© Inferior: diafragma
© Anterior: esterno e parede torácica
anterior
© Posterior: coluna e parede torácica
posterior

ABERTURA TORÁCICA SUPERIOR:

É a junção entre estruturas localizadas na base


do pescoço e no tórax. Envolve as seguintes
estruturas: tireoide, traqueia, vasos supra-
aórticos e veias braquicefálicas.
1. Mediastino Anterior
Corresponde ao mediastino que fica para
frente do coração.
É limitado anteriormente pelo osso esterno,
posteriormente pelo pericárdio, aorta e
vasosbraquiocefálicos.
É composto por: timo, tecido fibroadiposo,
linfonodos, extensão da tireoide e
paratireoide.

LEGENDA: TRAQUEIA; ESÔFAGO; JUGULAR


INTERNA; CARÓTIDA COMUM; TIREOIDE;
VÉRTEBRA; CANAL RAQUEANO (MEDULA +
LIQUOR); PULMÃO

OBS REPETECO! Atrás da Traqueia SEMPRE estará


o Esôfago, não importa o plano ou a janela.
Se você observar bem verá que no lobo
esquerdo da tireoide desse paciente existe um
nódulo (seta preta) que possivelmente
precisará ser examinado por um exame de
USG.

51 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA
OBS :
2. Mediastino Médio REPETECO! Lembre-se que o esôfago faz parte
do mediastino posterior e a traqueia faz parte
Corresponde ao mediastino do coração e dos
do mediastino médio.
vasos.
obs.: CUIDADO COM A AORTA! A aorta
ascendente faz parte do mediastino médio mas
se o paciente tiver um aneurisma de aorta, por
exemplo, essa aorta pode atingir o mediastino
anterior. O cajado da aorta está no mediastino
médio e a aorta descendente está no
mediastino posterior. Então, aneurismas na
aorta podem gerar massas vasculares que
podem se projetar para frente, para cima ou
para trás a depender da sua localização na
aorta.

PLANO ARCO AÓRTICO - TC:

É limitado pelo pericárdio. É o plano do cajado da aorta que mostra as


Nele encontramos: estruturas vasculares, estruturas abaixo:
traqueia e brônquios principais, linfonodos,
tecido adiposo e nervos frênico e vago.
3. Mediastino Posterior
É o que está por trás do coração. É limitado
anteriormente pelo coração e traqueia e
posteriormente pela coluna.
Nele encontramos: porção descendente da
aorta, esôfago, veias ázigos e hemiázigos, A
ducto torácico, cadeia simpática, nervo vago,
linfonodos e tecido adiposo.
LEGENDA: TRAQUEIA; ESÔFAGO; ARCO AORTICO;
VEIA CAVA SUPERIOR;

obs.: percebam que, em A, tem um ponto


preto no esôfago, isso é gás.

52 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

PLANO ARCO AÓRTICO - RM:

A LEGENDA: VEIA SUBCLÁVIA DIREITA; VEIA CAVA


SUPERIOR; VEIA BRAQUIOCEFÁLICA DIREITA; VEIA
BRAQUIOCEFÁLICA ESQUERDA; VEIA JUGULAR INTERNA
LEGENDA: TRAQUEIA; ESÔFAGO; ARCO AORTICO; ESQUERDA; TRONCO ARTERIAL BRAQUIOCEFÁLICO;
VEIA CAVA SUPERIOR; ARTÉRIA CARÓTIDA COMUM ESQUERDA; ARTÉRIA
SUBCLÁVIA ESQUERDA

VEIA CAVA SUPERIOR:

Podemos ver a formação da veia cava pela


imagem no plano coronal abaixo.

obs.: na imagem A temos uma ressonância em


T1 e na imagem B temos uma ressonância em
T2. Como sabemos? É só olhar para o líquor
(seta verde): se ele estiver preto, temos T1; se
ele estiver branco, temos T2.

VEIA BRAQUIOCEFÁLICA ESQUERDA:


LEGENDA: VEIA SUBCLÁVIA DIREITA; VEIA
BRAQUIOCEFÁLICA ESQUERDA; VEIA BRAQUIOCEFÁLICA
A veia braquiocefálica esquerda (formada pela DIREITA; VEIA CAVA SUPERIOR
junção da veia jugular interna esquerda com a
veia subclávia) se junta com a veia
braquiocefálica direita e forma a veia cava SE LIGA! No raio-x vemos apenas a sombra do
superior. coração, né? Quando olhamos para o bordo
direito mais superior do coração falamos que
obs.: as veias braquiocefálica direita, jugular e corresponde ao local por onde passa a veia
subclávia não aparecem na imagem, a prof cava. Conhecer a imagem acima e conseguir
desenhou para que saibamos de onde elas ver bem direitinho a veia cava ajuda a entender
vem. melhor a sombra do rx.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

No plano axial, vemos que a veia cava vai Na imagem abaixo é como se estivéssemos
diminuindo a medida que descemos o plano. dentro do coração. Nela vemos a aorta
Presta atenção nessas imagens e olha para a ascendente, a aorta descendente e o tronco da
veia cava (lilás) artéria pulmonar (TP), que é formado pela
artéria pulmonar direita (azul) e pela artéria
pulmonar esquerda (rosa). Percebemos que
esse paciente tem um trombo na artéria
pulmonar esquerda (seta verde), paciente com
tromboembolismo pulmonar.

AA TP

Na última imagem já não a vemos mais porque


ela entrou no AD, só conseguimos ver o átrio AD
direito (em vermelho).

ARTÉRIA AORTA:

Vemos o cajado da aorta e, ao descer mais no Agora, vamos estudar a aorta pelo plano
plano axial, vemos a aorta ascendente e a aorta sagital, mostrado abaixo:
descendente.

CAJADO DA
AORTA

AORTA
ASCENDENTE
LEGENDA: TRONCO ARTERIAL BRAQUIOCEFÁLICO;
ARTÉRIA CARÓTIDA COMUM ESQUERDA; ARTÉRIA
SUBCLÁVIA ESQUERDA; CAJADO DA AORTA; AORTA
ASCENDENTE; AORTA DESCENDENTE

Os troncos supra-aórticos também são


AORTA chamados de “as três marias” (tronco
DESCENDENTE braquiocefálico, carótida esquerda e subclávia
esquerda).

54 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Agora, vamos ver a aorta em um corte feito na


valva aórtica (raiz da aorta) que é quando a
aorta está saindo do coração.

TP

CORAÇÃO:

Ao analisar o coração vemos o septo


interventricular bem nitidamente (seta rosa),
as câmaras direitas estão com mais contraste
(azul) e as esquerdas com menos (verde)

LEGENDA: RAIZ DA AORTA; AORTA ASCENDENTE;


AORTA DESCENDENTE; ÁTRIO ESQUERDO; TRONCO DA
PULMONAR; ARTÉRIA PULMONAR DIREITA; ARTÉRIA
PULMONAR ESQUERDA; VEIA CAVA

Nessa imagem abaixo vemos que a artéria


carótida esquerda sai a partir do tronco
arterioso bráquiocefálico e não a partir do
cajado da aorta (por uma alteração anatômica
desse paciente). Por conta disso, em um corte
no plano axial desse mesmo paciente veríamos
apenas 2 pontos e não os 3 saindo do arco da Na imagem abaixo vemos bem direitinho a veia
aorta. braquicefálica direito (azul) e a esquerda
(verde) formando a veia cava (rosa) que
desemboca no átrio direito (lilás). Também
temos o cajado da aorta (vermelho), a artéria
pulmonar (rosa claro) e o ventrículo esquerdo
(amarelo).

A veia braquiocefálica esquerda (seta rosa)


passa na frente das artérias e por trás do
esterno.

55 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

ESÔFAGO:

O esôfago é um tubo muscular e sempre


estará atrás da traqueia, mesmo que seja
difícil de visualizá-lo. O esôfago (rosa)
relaciona-se com a traqueia, com a aorta
descendente (amarelo), com o arco
aórtico (vermelho) e com o brônquio- FÍGAD
O
fonte esquerdo (lilás). Isso é importante
quando se estiver diante de um tumor de
esôfago: se esse tumor tiver invadido
qualquer dessas estruturas que o esôfago
se relaciona, ele será inoperável.

DIAFRAGMA:

O diafragma (linha rosa) é um músculo


fácil de ser visualizado nos exames de
imagem de um modo geral. A única
diferença é que no rx o diafragma
“desaparece” na região da sombra
cardíaca porque ele e o coração tem a
mesma densidade. Na TC e na RM o
diafragma aparece completo. FÍGAD
O

SE LIGA! Se você precisar diferenciar o


diafragma no rx de perfil basta saber que
no perfil esquerdo ele só aparecerá até a
metade (porque encontrará com o
coração) enquanto que no perfil direito
ele aparecerá inteiro.

56 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Na imagem acima o diafragma direito está


marcado em amarelo e o esquerdo em
rosa.
VAMOS PRATICAR? Nas imagens abaixo
identifique, marque e nomeie as
estruturas que você visualizar.

57 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

ANATOMIA SECCIONAL DO CRÂNIO


(aula ministrada por Dra. Ana Rita Marinho)

Para avaliar o crânio não se usa radiografia,


usa-se TC ou RM. Estudaremos as estruturas a
partir dos planos.

PLANO SAGITAL:

Na imagem abaixo vemos o diencéfalo (em


amarelo mais fechado, em cima do
mesencéfalo), o mesencéfalo (em verde), a
ponte (em bege), o bulbo (em vermelho), a
medula espinhal (em amarelo mais claro) e o
cerebelo (em rosa).
TOMOGRAFIA

SE LIGA! Na tomografia os ossos vão


aparecer brancos e na ressonância os ossos
vão aparecer pretos. Na ressonância o que
você vê branco é gordura.
SE LIGA! A imagem de ressonância acima
está ponderada em T1 (porque o líquor está
preto).
Na imagem abaixo vemos que o cerebelo (em
rosa) é formado pelo vérmis (que fica na
posição central) e dois hemisférios cerebelares.
Abaixo temos cortes sagitais de uma resso e de Na frente do cerebelo temos uma cavidade
uma tomo. Você precisa ser capaz de preenchida por líquor que é o 4º ventrículo
diferenciá-los. (seta azul).

RESSONÂNCIA

58 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

© Revisão da Anatomia das Meninges


Abaixo temos uma revisão da anatomia das
meninges e da formação do líquor (não é
importante por enquanto mas será nos próximos
períodos quando formos estudar as doenças que
acometem o crânio).

A dura-máter também é chamada de pac-


meninge porque ela é uma membrana espessa.
A aracnoide e a pia-máter são bem fininhas. A
aracnoide está frouxamente aderida, ela não
adere fortemente ao cérebro e a pia-máter é a
membrana que está colada no cérebro.
Com o slide acima percebemos que, revestindo SE LIGA! A ressonância é o método de
o cérebro temos as meninges e o líquor. A dura- escolha para estudar o cérebro,
máter é a membrana mais externa e é dividida principalmente se você quiser observar
em 2 camadas: uma que está fortemente detalhes anatômicos.
aderida ao crânio (ao osso) e uma outra
© Seios Durais
camada que fica mais interna (folheto
meníngeo). A dura-máter pode fazer As invaginações da dura-máter formam os
invaginações que vão dividir a cavidade seios durais. Todo o sangue do cérebro será
craniana em compartimentos. Uma dessas drenado para os seios durais e deles vão para
invaginações é chamada de foice craniana e ela as veias (bem vistas na imagem abaixo).
divide o hemisfério cerebral direito do
hemisfério cerebral esquerdo. Outro exemplo
é a tenda do cerebelo (tentório) que está
localizada entre os lobos occipitais e o
cerebelo. A tenda do cerebelo divide a
cavidade em compartimento supra e
infratentorial e pode ser vista em verde nas
imagens abaixo:

59 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Os espaços entre as membranas são: epidural,


subdural e subaracnoide. Abcessos e
hemorragias podem acontecer nos espaços. No
espaço subaracnóideo está o LCR, o líquor, e o
líquor entra nos sulcos. Isso é muito
importante porque quando estamos diante de
uma ressonância de encéfalo vemos o líquor
entrando nos sulcos, entre os giros, no espaço
subaracnoideo.
SE LIGA! A ressonância pode ser realizada na
ponderação T1 e na ponderação T2. Para
saber em qual ponderação o exame foi feito
basta olhar o líquor: se ele estiver preto, será
T1; se ele estiver branco, será T2. AXIAL
As cisternas subaracnóideas são as regiões que
tem mais líquor porque são as regiões onde se
separa o tecido nervoso do osso.

© Ventrículos CORONAL
Nas imagens abaixo vemos os ventrículos (seta
verde) nos 3 planos: sagital, axial e coronal. Na © Forames Interventriculares
linha média (plano sagital) não se vê o Os forames interventriculares (setas
ventrículo, se vê o corpo caloso (seta rosa). amarelas) também podem ser chamado
de forames de Monro e comunicam os
ventrículos laterais com o III ventrículo.

SAGITAL
60 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

AQUEDUTO

Abaixo temos as imagens do IV ventrículo


nas setas em amarelo.

O III ventrículo vai se comunicar com o IV


ventrículo através do Aqueduto Cerebral
(Aqueduto de Sylvius).

VENTRÍCULOS
LATERAIS

III VENTRÍCULO

AQUEDUTO

IV VENTRÍCULO

61 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

© Plexo Coroide © Corpo Caloso


O Plexo Coroide é uma estrutura O corpo caloso é um trato de substância
enovelada formada por dobras da pia- branca e consiste na maior comissura
máter, vasos sanguíneos e células inter-hemisférica.
ependimárias modificadas. Está localizado
No plano sagital o vemos como fibras que
no complexo ventricular e habitualmente
cruzam e unem os dois hemisférios como
é visto nos ventrículos laterais e no IV
na imagem abaixo destacado em verde:
ventrículo, podendo ser visto também no
III ventrículo.
SE LIGA! Uma função importante do
Plexo Coroide é que ele vai formar o
líquor.
Abaixo temos uma ressonância ponderada
em T1 (porque o líquor está preto) onde
podemos ver os plexos coroides (em
amarelo) nos cornos dos ventrículos
laterais. Em cima de rosa são ventrículos
laterais e embaixo, em azul, também são
ventrículos laterais mas são seus cornos
© Diencéfalo
(anterior e posterior).
O diencéfalo (em verde) é formado pelo
tálamo, hipotálamo, epitálamo e
subtálamo. A cavidade do diencéfalo é o III
ventrículo.

Os plexos coroides calcificam


fisiologicamente na tomografia como
podemos ver na imagem abaixo:
Na imagem abaixo vemos os tálamos (em
verde) que são massas de substância
cinzenta que ficam ao lado do III ventrículo
(seta rosa).

62 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

No plano coronal o quiasma (seta


amarela) aparece em cima do infundíbulo,
como vemos abaixo:

A linha amarela está passando em cima do


Tálamo esquerdo. No plano sagital o tálamo é HIPÓFISE
INFUNDÍBULO
uma estrutura paramediana (está ao lado do
III ventrículo).
Na região do hipotálamo, que faz parte do
diencéfalo, a professora escolheu mostrar
apenas o quiasma óptico e o infundíbulo O epitálamo fica posterior ao III ventrículo
(haste hipofisária) que vai ligar a hipófise ao e contempla a glândula pineal. A glândula
diencéfalo. pineal (seta amarela) calcifica muito
facilmente.
ESFENOIDE

QUIASMA ÓPTICO

INFUNDÍBULO

HIPÓFISE

O infundíbulo é uma formação nervosa que


comunica-se com a neuro-hipófise (região
posterior da hipófise).
SE LIGA! Um tumor na Hipófise pode
comprimir o Quiasma Óptico e, se isso
acontecer, uma das alterações clínicas que o
paciente apresentará será distúrbio visual.

III VENTRÍCULO

QUIASMA ÓPTICO

HIPÓFISE

63 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

REPETECO! O líquor aparecendo na cor


branca indica que a ressonância foi
ponderada em T2.
Nos hemisférios é importante saber
reconhecer a Fissura de Sylvius, o Sulco
Central e o Giro Pré-central.

REPETECO! Plexos coroides (em rosa)

© Fissura Inter-hemisféricas
Os hemisférios cerebrais são separados
pela fissura inter-hemisférica onde está
situada a foice cerebral. A fissura de sylvius separa o lobo frontal
SE LIGA! O uso da tomografia do lobo temporal e parietal. O sulco
atualmente está bem relacionado a central separa o lobo frontal do lobo
parietal e vai delimitar o giro pré-central
situações em que ocorreram trauma ou
que é o córtex motor primário.
para pacientes que fazem quadro agudo
com o objetivo de excluir hemorragias.
PLANO AXIAL:

No plano axial vemos de baixo para cima.


O ideal é sempre começar um exame de
crânio bem de baixo, pegando a medula.
Ao olhar para um exame feito no plano
axial é importante saber que o referencial
(anterior, posterior, esquerda e direita)
será sempre o mesmo, não importa se TC
ou RM.

64 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

A tomografia abaixo é um corte axial feito


na altura da linha roxa mostrada na
Na imagem acima vemos os referenciais: A
imagem A.
(anterior), P (posterior), E (esquerda) e D
(direita). As posições serão sempre essas
quando se olha para uma tomo ou para
uma resso. A imagem aí em cima é uma
tomo e nela vemos os seios maxilares (em
rosa), o nariz (linha verde) mostrando um
desvio de septo considerável, a
rinofaringe em amarelo (que está um
pouco aumentada), as artérias vertebrais
direita e esquerda (em azul), a junção
bulbo-medular (em lilás) e um pedaço do
cerebelo (em laranja).
Já na imagem abaixo temos uma
ressonância onde precisamos identificar
as seguintes estruturas:

LEGENDA: HEMISFÉRIO CEREBELAR ESQUERDO;


HEMISFÉRIO CEREBELAR DIREITO; BULBO; ARTÉRIAS
VERTEBRAIS.

Na ressonância, é a mesma coisa, como


vemos abaixo:

Ao subir um pouco mais no exame,


começamos a ver os hemisférios
cerebelares. A imagem A mostra, com a
linha roxa, a altura do corte (que você
percebe que foi exatamente na altura do
Bulbo mostrado pela seta rosa).

65 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

REPETECO! A ressonância pode ser Não é necessário saber o nome de cada


realizada na ponderação T1 e na músculo da face. Porém, sempre que você
ponderação T2. Para saber em qual estiver diante de um exame compare um
ponderação o exame foi feito basta olhar lado com o outro para avaliar a simetria da
o líquor: se ele estiver preto, será T1; se musculatura. Os músculos devem ser
ele estiver branco, será T2. A imagem simétricos de um lado e do outro.
acima está em T2.
© Clivus
Subindo um pouco mais chegamos na
O clivus é a estrutura óssea que faz a
altura do corte mostrado na imagem
transição da coluna cervical do pescoço
abaixo
com o crânio.
Subindo um pouco mais o exame,
chegamos na ponte, como vemos na
imagem abaixo:

E a partir desse corte veremos as


seguintes imagens:
SEIO MAXILAR CORNETOS DO
NARIZ

E a partir desse corte veremos as


seguintes imagens:

A BASILAR

CORNETOS DO NARIZ
NARIZ
SEPTO NASAL
PONTE

MANDÍBULA

66 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

IV
VENTRÍCUL
A mastoide é a parte pneumatizada O
(preta) no osso temporal de um lado e do
outro e só conseguimos estudá-la pela
ressonância (porque na ressonância o
© Seios Durais:
osso fica branco enquanto que na
tomografia o osso fica preto).
Subindo um pouco mais o exame, ainda na
ponte mas mais em cima, começa a
aparecer o IV ventrículo, como vemos na
imagem abaixo:

SE LIGA! Dentro do conduto auditivo


interno passam dois nervos: facial e
vestíbulo-coclear (VII e VIII pares de
nervos cranianos).

67 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Subindo um pouco mais, chegando na altura do


Mesencéfalo encontraremos as seguintes
estruturas:
ÓRBITAS

PLEXO COROIDE

Quando chegar propriamente no Mesencéfalo,


veremos:

III
VENTRÍCULO

PINEAL

PLEXO
COROIDE

Agora em um corte mais acima da sela túrcica:

A porção mais interna do lobo temporal,


um córtex que fica internamente à fissura
de Sylvius, é chamada de ínsula.
QUIASMA

AQUEDUTO

É importante localizar o Hipocampo porque


várias doenças acometem essa região que fica
mais à medial do lobo temporal.
Subindo ainda mais, começamos a ver o III
ventrículo:

68 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

© Gânglios da Base
Os gânglios da base são tratos de substância
branca e possuem as capsulas internas e as
capsulas externas.

SE LIGA! Na ponderação T2 a substância


branca aparece preta e a substância cinzenta
aparece em um tom de cinza mais claro. As
fibras que cruzam de um lado para o outro
foram o corpo caloso (em verde)

A cápsula interna (em verde) possui o braço


anterior e o braço posterior. A cápsula externa
podemos ver em amarelo. Entre a cápsula
externa e a interna está o núcleo lentiforme, que
é formado pelo globopálido e pelo putâmen.
Na tomografia também existe uma diferença
entre substância branca e substância cinzenta.
É uma diferença bem sutil mas que é muito
importante de se perceber porque ela é a
chave para que você identifique um infarto, um
tumor, um abcesso, dentre outros.

69 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

O núcleo caudado fica próximo aos cornos © Substâncias Branca e Cinzenta


frontais dos ventrículos laterais.
A substância branca é composta por fibras
nervosas e é rica em mielina. Na TC e na
RM ela vai aparecer em um tom mais
próximo do preto (porque a mielina é rica
em gordura).
A substância cinzenta é formada pelos
corpos celulares dos neurônios. Na TC e na
RM ela vai aparecer em um tom de cinza
mais claro.
Subindo um pouco mais, já passamos por
todas as estruturas mais importantes e só
veremos agora:

REPETECO! A ressonância pode ser


realizada na ponderação T1 e na
ponderação T2. Para saber em qual
ponderação o exame foi feito basta olhar
o líquor: se ele estiver preto, será T1; se
ele estiver branco, será T2. A imagem
acima está em T2.

PLANO CORONAL:

No plano coronal, a tomografia vai ser


feita de trás para frente. Isso é uma
convenção, o exame deve ser sempre feito
de trás para frente (e não da frente para
trás).

© Tenda Cerebelar (Tentório)


A Tenda Cerebelar (em amarelo) divide o
encéfalo em supra-tentorial (ST) e infra-
tentorial (IT).

70 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Na tomo, essa será a imagem:

Caminhando um pouco mais com o


exame, chegando perto do IV ventrículo,
encontraremos:

PLEXO COROIDE

Caminhando mais para frente com o


exame chegaremos na região do Cerebelo
e teremos a visão abaixo na resso:
Avançando no exame, com o III Ventrículo
acabando, começa a aparecer a glândula
pineal (circulada em verde)

SEIO TENTÓRI VENTRÍCUL


SIGMOIDE O OS

71 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

REPETECO! A ressonância pode ser realizada


na ponderação T1 e na ponderação T2. Para
saber em qual ponderação o exame foi feito
basta olhar o líquor: se ele estiver preto, será
T1; se ele estiver branco, será T2. A imagem
acima é uma resso em T1.
Abaixo vemos a Região Selar em uma
tomografia:

© Gânglios da Base
É importante conhecer bem a anatomia da
região para entender que no plano
coronal, no corte abaixo, não veremos o
Tálamo (que está mais atrás). Então,
veremos:

LEGENDA: HASTE; SEIO ESFENOIDAL; SELA TÚRCICA + HIPÓFISE;


QUIASMA;

Essa região é muito importante porque nela


estão os seios cavernosos e a hipófise. Nos
seios cavernosos encontramos as carótidas e
os nervos: oculomotor, troclear, oftálmico,
abducente e trigêmeo.

LEGENDA: CAUDADO; CAPSULA INTERNA; NÚCLEO


LENTIFORME; SEIO ESFENOIDAL; SELA TÚRCICA +
HIPÓFISE; CARÓTIDAS; QUIASMA; LOBO TEMPORAL

© Região Selar
É a região da Sela Túrcica.

Caminhando com o exame mais para frente,


chegaremos ao fim e veremos:

72 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

REPETECO! A ressonância pode ser realizada


SE LIGA! Um paciente que sofre um na ponderação T1 e na ponderação T2. Para
acidente e tem a região facial atingida pode saber em qual ponderação o exame foi feito
sofrer de rinorreia (quando o líquor escorre basta olhar o líquor: se ele estiver preto, será
pelo nariz). Isso porque o acidente pode ter T1; se ele estiver branco, será T2. A imagem
causado uma fratura de base de crânio (azul) acima é uma resso em T2.
que vai abrir um espaço possibilitando a
passagem do líquor do espaço subaracnóideo
para o nariz (em amarelo). Isso gerará um
foco para meningite.
SE LIGA! Sinusites etmoidais podem cursar
com meningite porque a bactéria pode
conseguir passar e facilmente atingir o
cérebro causando uma meningite ou um
abcesso ou uma celulite periorbitária.

NERVO ÓPTICO

73 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

ANATOMIA DA COLUNA: RX, TC E RM


(aula ministrada por Jandilene Freitas)

© É a unidade funcional que confere


INTRODUÇÃO: estabilidade vertebral à coluna. Isso
significa que a coluna possui a
A coluna é o principal componente do
capacidade de retornar ao seu estado
esqueleto axial, conferindo sustentação ao
original após um desequilíbrio ou
corpo humano.
movimentação.
A coluna possui um papel fundamental na
Funcionalmente, podemos dividir a coluna em
postura, sustentação, locomoção e proteção
3 compartimentos:
da medula espinhal e das raízes nervosas.
© Anterior: composto pelos corpos
Nós iremos estudar as vértebras cervicais, as
vertebrais e pelos discos. É o que torna
vértebras torácicas, as vértebras lombares, o
possível suportar peso e é responsável
Sacro e o Cóccix.
por absorver o impacto.
© Médio: composto pela medula,
espaços liquóricos e pedículos. É o que
mantém o equilíbrio entre o espaço
anterior e o espaço posterior.
© Posterior: composto por lâminas e
processos espinhosos. É o que permite
o alinhamento e o confere limite à
movimentação.
Podemos identificar esses compartimentos na
ressonância em corte sagital abaixo:

Antes de iniciar o estudo radiológico dessas


estruturas, é importante relembrar algumas CORPOS VERTEBRAIS
informações:

© A unidade funcional da coluna é


composta por duas vértebras, um disco
intervertebral, ligamentos da coluna
vertebral e articulações facetarias,
DISCOS
como vemos na imagem abaixo: INTERVERTEBRAIS

74 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA
DISCO INTERVERTEBRAL:
REPETECO! A ressonância pode ser realizada
na ponderação T1 e na ponderação T2. Para A função dos discos intervertebrais é absorver
saber em qual ponderação o exame foi feito o impacto entre as vértebras. Isso se dará
basta olhar o líquor: se ele estiver preto, será porque eles vão transmitir parte da carga
T1; se ele estiver branco, será T2. A imagem compressiva de uma vértebra para outra.
acima é uma resso em T2 (o líquor, seta rosa, Os discos são formados por uma região
está branco). periférica composta de lamelas concêntricas
Abaixo temos um corte axial de tomografia de fibrocartilagem que contém mais colágeno
demonstrando os 3 compartimentos da coluna. (ânulo fibroso) e por uma região
central/posterior chamada que núcleo pulposo
que é composta basicamente por água. Os
discos intervertebrais dos adultos são
avasculares. Sua nutrição, portanto, será feita
por embebição através dos platôs vertebrais.
SE LIGA! Impactos intensos podem lesionar
o disco vertebral causando as famosas
“hérnias de disco”.
Na imagem abaixo vemos, na seta rosa, o disco
intervertebral em um corte axial de RM.

PLACA TERMINAL VERTEBRAL:

A placa terminal vertebral é uma membrana


cartilaginosa que circunda o corpo vertebral,
como vemos nas setas em vermelho da
imagem abaixo:
Em uma RM ponderada em T2, o esperado é
que o disco apresente um sinal alto (branco),
hipersinal, porque ele deve ser composto
majoritariamente por água. A medida que
ocorre o envelhecimento, o disco perde
volume de água e passa a ficar com o sinal mais
escuro na ressonância em T2.

Na RM ponderada em T2 (imagem da
esquerda) a placa terminal aparece em um tom
mais próximo do preto e na TC (imagem da
direta) aparece cinza claro, mais próximo do
branco, arrodeando o corpo vertebral.

75 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

AIA, PEDÍCULOS E LÂMINAS: PROCESSOS TRANSVERSOS E ESPINHOSOS:

ARTICULAÇÃO INTERAPOFISÁRIA (AIA) PROCESSO TRANSVERSO


As articulações interapofisárias (AIA) são
articulações sinoviais compostas pelo processo
articular superior (da vértebra inferior) e pelo
processo articular inferior (da vértebra
superior).
Podem ser vistas destacadas em vermelho nas
imagens de TC abaixo:

SE LIGA! As Articulações Interapofisárias


possibilitam a execução de movimentos
amplos.
AIAs são planas nas regiões cérvico-torácicas e
mais anguladas na região lombar.
ARCO NEURAL POSTERIOR
Visto nas setas amarelas nas imagens acima, os
É formado pela AIA, pelos pedículos (em
processos transversos ficam na região mais
vermelho, na parte anterior) e pelas lâminas
lateral da vértebra. Funcionam como alavancas
posteriormente (em azul, na parte posterior).
e ajudam na fixação de músculos profundos do
dorso.
PROCESSO ESPINHOSO
Visto nas setas vermelhas nas imagens acima,
o processo transverso é uma proeminência
posterior da vértebra.

76 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

As raízes nervosas saem pelos forames neurais.


Para realizar a contagem da raiz emergente o
primeiro passo é identificar se se trata da
coluna cervical ou da coluna torácica e lombar.

© Coluna Cervical: são 7 vértebras


cervicais mas são 8 nervos cervicais. Os
nervos emergentes vão receber o
nome da vértebra inferior, assim: entre
O processo espinhoso faz a inserção dos C6 e C7 passa o nervo C7, por exemplo.
ligamentos interespinhosos, dos ligamentos Entre C7 e T1 chamaremos de C8.
supraespinhosos e de vários músculos. © Coluna Torácica e Lombar: os nervos
emergentes vão receber o nome da
No corte sagital é possível ver os processos
vértebra superior, assim: entre L4 e L5
espinhos (em vermelho) mas não é possível ver
passa o nervo L4, por exemplo.
os processos transversos.

JUNÇÃO CRANIOCERVICAL:

É a região mais superior da coluna. A junção


craniocervical é composta por:

© Osso occipital
© 2 primeiras vértebras cervicais (atlas e
axis)
© Estruturas sinoviais e ligamentares
SE LIGA! A maioria dos movimentos
CANAL VERTEBRAL: craniocervicais ocorrem neste segmento.
OSSO OCCIPITAL
O canal vertebral é composto por:
O osso occipital consiste no aspecto superior
© Medula Espinhal da junção craniocervical.
© Raízes Nervosas
© Meninges BASIO
© LCR CÔNDILO
© Estruturas Neurovasculares OCCIPITAL

Suas margens são: lâminas e ligamentos


amarelo, pedúnculos e muro posterior do
corpo vertebral.

77 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

O Basio é o ponto limítrofe da margem anterior C2 ou Axis possui uma configuração peculiar,
do forame magno. O Opistio é o ponto limítrofe seu formato é diferente das outras vértebras
da margem posterior do forame magno. de modo que possui:
ATLAS © Processo odontoide (ou dente):
articula-se com o arco anterior do Atlas
É a primeira vértebra cervical.
© Articulação sinovial com o Atlas
(permite a execução de movimentos
amplos)
© Processo espinhoso é geralmente
bífido (possui 2 protuberâncias) e é o
ponto de fixação para o ligamento
nucal. Abaixo em rosa vemos o
processo espinhoso.

© Possui aspecto de anel ósseo


© Não possui corpo vertebral e nem
processo espinhoso.
© Massas Laterais: partes mais
volumosas e sólidas do atlas
responsáveis por suportar o peso da
cabeça.
© Face Articular Superior: articula-se
com os côndilos do occipital.
© Face Articular Inferior: articula-se com ARTICULAÇÕES ATLANTOCCIPITAIS
os processos articulares superiores da Localizadas entre C1 e Osso occipital. São
2ª vértebra cervical (Axis) articulações sinoviais que possibilitam
movimentos de flexão e extensão da cabeça.
CÔNDILO
OCCIPITAL
ARTICULAÇÃO ATLANTOAXIAL
É uma articulação bem complexa que é dividida
C1 em:

© ARTICULAÇÕES MEDIANAS: entre o


dente do Áxis e o anel formado pelo
arco anterior do Atlas e o ligamento
transverso
© CAVIDADES SINOVIAIS:
As massas laterais e os forames transversos do o entre a face posterior do arco
Atlas estão mais lateralizados do que o restante anterior do Atlas e o dente do
da coluna. Pelos forames transversos passam Áxis
artérias. o entre o ligamento transverso e
face articular posterior do
AXIS
dente do Áxis
É a segunda vértebra cervical. © ARTICULAÇÕES LATERAIS: encontram-
se entre as faces articulares superiores

78 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

do Áxis e as faces articulares inferiores Em um exame normal é esperado que o ápice


do Atlas, é uma articulação sinovial do processo odontoide fique abaixo dessas
plana que permite um pequeno linhas ou, no máximo, 0,5cm acima.
deslizamento do Atlas e com ele o
crânio sobre o Áxis
© Linha de Mc Rae: une o Basio ao
Ligamentos da Articulação Atlantoaxial: liga a
Opistio.
cabeça à coluna, dando sustentação. Podem
ser:

© LIGAMENTOS ODONTOIDES:
o Ligamento apical: ponta do
dente de C2 até o basio
o Ligamentos alares: superfícies
laterais do dente ao côndilos
occipitais
© LIGAMENTO CRUZADO:
o Componente transverso:
horizontal entre as massas
laterais de C1 passando atrás
do dente
o Componente craniocaudal
Não é fácil de ver esse complexo ligamentar na
RM. Para avaliar se ele está íntegro devemos
observar se o sinal está mantido (o sinal deve
ser mais escuro). © Linha de Chamberlain: liga o Palato
Duro ao Opistio.
RELAÇÕES CRANIOMÉTRICAS:

AVALIAÇÃO DE INVAGINAÇÃO BASILAR


A invaginação basilar é quando ocorre a
protrusão do dente de C2 para o interior do
crânio.
Para avaliar se houve ou não protrusão do
dente do axis para cima usamos como
parâmetro de avaliação as linhas de Mc Era,
Chamberlain e Mc Gregor vistas na imagem
abaixo:

79 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

© Linha de Mc Gregor: une o Palato Duro Para diferenciar uma variação anatômica de
até o ponto mais inferior do Osso uma fratura devemos observar a região cortical
Occipital. É usada como parâmetro de do osso. Se você observar bem na imagem
avaliação quando o Opistio não está acima, a região cortical do processo odontoide
visível no exame (sobretudo no raio-x). está toda íntegra (bem branca) indicando que
não há fratura. Logo, essa protuberância acima
do dente é a variação anatômica conhecida
como ossículo terminal.
SE LIGA! “Os odontoideum” antigamente era
reconhecido como uma variação anatômica
porque se pensava que era decorrente de uma
falha de fusão do núcleo de ossificação
secundária do dente. Atualmente se sabe que
ele é decorrente de uma fratura não
reconhecida da placa de crescimento de C2 e
pode provocar no paciente instabilidade
associada a sintomas crônicos.

SE LIGA! Variações anatômicas podem


acontecer nessa região.

RELEMBRANDO O 1º PERÍODO!

VARIAÇÕES ANATÔMICAS SÃO PEQUENAS


ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS QUE NÃO
ACARRETAM DANO FUNCIONAL.

São variações anatômicas comuns nessa


região:

© Ossículo Terminal: falha de fusão no


núcleo de ossificação secundária do
© Vértebra Occipital: fusão incompleta
dente.
dos núcleos de ossificação do osso
occipital.

80 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

© Falhas Ósseas: falhas de fusão dos COLUNA CERVICAL:


núcleos de ossificação
Os demais corpos cervicais (C3-C7) possuem as
seguintes características:

© Corpo pequeno em relação a coluna


torácica e a coluna lombar (seta rosa)
© Processo espinhoso bífido e
horizontalizado (seta lilás)
© Processos transversos curtos e com a
presença de forames transversos que
permitem a passagem de artérias e
veias vertebrais (círculos amarelos)

© Fusão anômala de corpos vertebrais:


pode ser completa (imagem A) ou
© O eixo longo dos corpos vertebrais C3
parcial (imagem B).
a C7 é transversal (seta vermelha na
imagem A, uma tomografia em corte
coronal)
© Processos uncinados formam as
articulações uncovertebrais

81 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SE LIGA! Os forames intervertebrais podem © O processo espinhoso de C7 não é


ter uma amplitude menor, ou seja, podem bífido e é mais alongado se
sofrer estenose por degeneração dos assemelhando ao torácico
processos uncinados. © Canal vertebral subaxial em formato
Abaixo vemos, nas setas vermelhas, as triangular (imagem abaixo)
articulações uncovertebrais em cortes axiais de
TC e RM.

FORAMES INTERVERTEBRAIS CERVICAIS:

© Borda anteromedial é formada pelas


articulações uncovertebrais
© Borda posterolateral é formada pelas
articulações interapofisárias
© Bordas superior e inferior é formada
pelos pedículos

LIGAMENTOS:

© Ligamento Longitudinal Anterior:


Em C7 o processo transverso pode crescer e fortemente aderido as placas
formar a costela cervical. É mais comum que terminais. Possui papel fundamental
isso aconteça em mulheres, como nas setas na estabilidade da coluna impedindo a
rosas da imagem abaixo: hiperextensão. Fixa os corpos
vertebrais anteriormente.
© Ligamento Longitudinal Posterior: se
estende do nível de C2 até o sacro
© Ligamentos Amarelos: encontrados
nos espaços interlaminares de C1 a S1.
Contribuem para estabilidade das
articulações interapofisárias
© Ligamentos Interespinhosos:
localizados nas margens dos processos
espinhosos. São mais desenvolvidos
nas torácicas e lombares.
© Ligamento Nucal: se estende do
processo espinhoso de C7 até a
© As lâminas se encontram na linha protuberância occipital externa. Limita
mediana para formar os processos a flexão do pescoço mantendo a
espinhosos. lordose cervical.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SE LIGA! O melhor exame para avaliação do são menores na região anterior,


ligamento é a RM. Na RM o ligamento deve se principalmente entre T1 e T8.
apresentar com um sinal mais baixo (mais
SE LIGA! Uma fratura que deixe a parte
preto).
anterior da vértebra ainda mais curta pode
acentuar a Cifose Torácica.

© O canal vertebral terá uma morfologia


ovoide, para as vértebras mais
superiores, e arredondada, no caso das
vértebras mais inferiores, como vemos
nas imagens abaixo:

REPETECO! Características da coluna cervical:

COLUNA TORÁCICA OU DORSAL:


© A coluna dorsal terá articulação com as
É composta por 12 vértebras e possui como costelas.
características: o Articulações costovertebrais
ligam o corpo vertebral à
© Os segmentos mais típicos estão entre cabeça das costelas.
T2 e T8
© Como T1 é a vértebra mais próxima da
coluna cervical ela pode apresentar
características de transição como, por
exemplo, ela pode ter processo
uncinado
© T9 a T12 podem apresentar
características de transição lombar
© A cifose torácica é a angulação que a
coluna torácica faz e isso acontece
porque os corpos vertebrais torácicos

83 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

o Articulações Costotransversas: LOMBARES


estão localizadas entre os
© Orientação sagital
processos transversos e o
tubérculo das costelas.

REPETECO! Características da coluna cervical:

© Os pedículos vertebrais são mais


longos e em posição mais superior
do que os pedículos cervicais.
© Possuem processos espinhosos
longos e inclinados posteriormente, COLUNA LOMBAR:
não são bífidos como os cervicais.
São características da coluna lombar:
FACETAS ARTICULARES INTERAPOFISÁRIAS:
© A coluna lombar possui uma lordose
DORSAIS mais pronunciada do que a lordose
cervical.
© Orientação transversal
© Os pedículos lombares são mais baixos
© Permite amplo movimento de
que os pedículos torácicos.
rotação

84 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

MEDULA ESPINHAL:

A Medula Espinhal faz parte do SNC e está localizada


na região compreendida entre a junção
bulbomedular (a nível do forame magno) até a
região de cone medular (L1-L2).
Na Medula a substância cinzenta é interna e a
substância branca é externa e da Medula saem dois
pares de raízes nervosas: centrais e dorsais.
O calibre da Medula Espinhal não é uniforme por
causa das intumescências cervical e lombar. As
intumescências são áreas de alargamento da Medula
e acontecem porque as raízes nervosas mais grossas
da região cervical saem para formar o Plexo Braquial,
que vai inervar os membros superiores, e as raízes
nervosas mais grossas da região lombar saem para
formar o Plexo Lombossacro, que vai inervar os
membros inferiores.

A tabela acima é importante para que você


solicite o exame mais adequado para a região
que você precisa analisar. A TC dará uma
melhor visualização da cortical óssea
enquanto que a RM promoverá uma melhor
visualização de partes moles, discos vertebrais
e canal vertebral. Para avaliação de material
metálico a TC é uma boa opção e, com relação
ao uso da RM, precisa ter atenção aos
artefatos de suscetibilidade magnética.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

PRINCÍPIOS DE EXAMES RADIOLÓGICOS CONTRASTADOS, MAMOGRAFIA,


DENSITOMETRIA E MEDICINA NUCLEAR
(aula ministrada por Dra. Luiz Otávio Damázio)

Selectan e, em seguida, o Uroselectan,


INTRODUÇÃO: compostos utilizados por cerca de 2
décadas, porém ainda com alta
Exames contrastados são testes radiológicos toxicidade;
que utilizam meios de contraste para © Em 1950, Vernon Wallingford
evidenciar determinadas partes anatômicas. introduziu um grupo amino acetilado
na posição C3 damolécula de benzeno
Radiografias, tomografias e exames de
obtendo boa radiopacidade com
ressonância magnética são exemplos de reduzida toxicidade;
procedimentos radiológicos que podem © Em 1956, um grupo amino foi
utilizar meios de contraste. acrescentado na posição C5,
reduzindo em cerca de 50% a
Contrastes são substâncias capazes de
toxicidade da molécula. Estava criado
melhorar a definição de imagens obtidas em o Hypaque, sinônimo de contraste
exames radiológicos. Foram desenvolvidos iodado por mais de 2 décadas. Na
para facilitar a visualização das estruturas referida substancia sobrava um
anatômicas, sobretudo no Raio-X convencional carbono livre, sendo acrescentado um
que não apresenta muitos tons de cinza composto sódio ou meglumina;
visíveis (e isso faz com que uma série de órgãos Quando em solução, a molécula
dissocia-se em um cátion e um ânion
e estruturas não sejam visualizadas, porque
© Em 1969, Tørsten Almén nota que a
possuem a densidade é semelhante).
toxicidade dos contrastes iodados
REPETECO! Para uma estrutura ser estava , em grande parte , associadas
visualizada na radiografia seus bordos a osmolaridade;
precisam estar em contato com um tecido que © Foram desenvolvidos , então , meios
de contraste que não se dissociavam
apresente densidade diferente!
em água substituindo o sódio ou
HISTÓRICO: meglumina por compostos orgânicos .
© Todos os meios de contraste são
© O método evoluiu desde 1896, quando muito hidrofílicos, de baixo peso
Haescheck e Lindenthal introduziram molecular , baixa afinidade de ligação
uma mistura de bismuto , chumbo e com proteínas e sem ação
bário em uma mão amputada na farmacológica significativa.
tentativa de visualizar a árvore
vascular;
EXAMES RADIOLÓGICOS CONTRASTADOS:
© Em 1917, Cameron e Osborne
observaram que a bexiga urinária
ficava radiopaca em radiografias de © Contraste Iodado
pacientes sifilíticos tratados com Os principais exames realizados com contrastes
grandes doses de iodetos;
iodados são, sobretudo, os exames realizados
© Em 1923 foi realizada a primeira UIV
utilizando-se iodeto de sódio; para avaliação do sistema urinário e do sistema
© Em 1927, Binz e Rath estavam genital (tanto masculino quanto feminino).
trabalhando no tratamento da sífilis Veremos abaixo alguns desses exames:
utilizando piridina iodada;
© Logo após em 1929 foi desenvolvido o

86 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

UROGRAFIA EXCRETORA: URETROCISTOGRAFIA


Abaixo vemos um exame de Urografia É um exame feito com o Iodo, utilizado para
Excretora (tipo de radiografia contrastada que estudar a uretra (que faz parte do sistema
mostra a excreção do contraste pelo sistema genital) e a bexiga (que faz parte do sistema
urinário) urinário).
SE LIGA! É o exame de eleição para se
identificar alterações uretrais.

CÁLICES
RENAIS

URETERES

BEXIGA

Em uma das formas de realização desse exame


o iodo é injetado pelo meato uretral do
obs.: esse exame também chamado de
paciente e, com isso, vai opacificar a uretra.
urografia intravenosa.
Na imagem abaixo vemos uma
Para realização desse exame o iodo é injetado
uretrocistografia evidenciando o meato
em uma veia periférica do paciente, circula
urinário na região perianal.
pela corrente sanguínea até ser filtrado pelos
rins e excretado pela urina. A medida que o
iodo é filtrado e excretado através do sistema
urinário será possível visualizar os
componentes do sistema urinário no Raio-X, o
que não seria possível se fosse o método
convencional (sem contraste).
Para confecção do exame são batidas várias
chapas que vão mostrando o caminho do iodo.
As chapas são batidas ao longo do tempo e,
para finalização do exame demora em média Além da uretra, ao injetar mais contraste este
30 minutos. Como o exame é feito de forma chegará a bexiga do paciente, enchendo-a. Na
dinâmica, observando o contraste ser bexiga, mais especificamente na região dos
excretado pelo sistema urinário, o exame óstios dos ureteres (local por onde os ureteres
permite avaliar também a função renal. entram na bexiga), existe uma válvula que atua
SE LIGA! Uma desvantagem desse exame é como mecanismo antirefluxo. Essa válvula é
que não é possível visualizar as estruturas que responsável por impedir que haja refluxo de
estão ao redor do sistema urinário (fígado, líquido, sobretudo urina, da bexiga para os
pâncreas e adrenal, por exemplo) pois o raio-x ureteres e rins. Assim é essa válvula que vai
tem baixa sensibilidade para demonstrar as impedir que o contraste passe da bexiga para
vísceras abdominais. os ureteres e para os rins.

87 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SE LIGA! Na urocistografia os ureteres e os O procedimento não é invasivo e geralmente


rins não devem ficar opacos, ou seja, não é de curta duração.
devem ser atingidos pelo contraste. Se isso
acontecer é um indicativo de o mecanismo
antirefluxo está falhando e o paciente TROMPAS
apresenta uma doença chamada Refluxo
Vesicoureteral. O Refluxo Vesicoureteral
causará refluxo de urina da bexiga para os
ÚTERO
ureteres.

CAVIDADE
ENDOMETRIAL

O objetivo desse exame de contraste iodado é


opacificar o útero e as trompas. Para sua
realização será introduzido um cateter no colo
do útero por onde será injetado o contraste
que vai opacificar a cavidade uterina/
endometrial e as trompas.

Existem 2 formas de se obter as chapas nesse SE LIGA! Quando as trompas apresentam-


exame: se pérvias, desobstruídas, o contraste cai no
peritônio.
1. URETROCISTOGRAFIA RETRÓGRADA: o
contraste vai ser injetado contra o fluxo É um exame muito usado para o rastreio de
natural da urina, ou seja, via uretra. infertilidade.
2. URETROCISTOGRAFIA MICCIONAL: após o SE LIGA! O ovário não é opacificado na
contraste encher a bexiga, pede-se ao histerossalpingografia porque ele é uma
paciente que urine e realiza-se o exame substância sólida e não um órgão oco, com
com o paciente em micção. isso o contraste não o penetra. Para que o
SE LIGA! Se o paciente for do sexo feminino ovário seja visualizado pode ser utilizado
ou for uma criança só será feita a fase outros meios, como por exemplo,
miccional, não se fará a uretrocistografia ultrassonografia , tomografia computadorizada
retrógrada. Isso porque a uretra nesses e ressonância magnética.
pacientes é muito curta, então apenas a fase
miccional será suficiente. Já para os pacientes
do sexo masculino, que possuem a uretra mais RISCOS DO CONTRASTE IODADO!
alongada, faz-se as duas fases.
OS EXAMES REALIZADOS COM CONTRASTES
A Uretrocistografia é muito usada para
IODADOS SÃO EXTREMAMENTE SEGUROS E
pesquisa de alterações urológicas baixas da MUITO USADOS NA ROTINA MÉDICA. ALÉM
uretra e da bexiga. DOS EXAMES VISTOS NESSA AULA, O IODO
TAMBÉM É USADO NA TOMOGRAFIA E NO
HISTEROSSALPINGOGRAFIA (HSG) CATETERISMO. QUANDO ACONTECEM
SITUAÇÕES DIFERENTES DO ESPERADO ELAS
É uma forma de raio-x com contraste iodado ESTÃO RELACIONADAS A NEFROTOXICIDADE
usado para visualizar trompas e cavidade DO IODO E REAÇÕES ANAFILÁTICAS (RARO).
uterina.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

è Reações anafiláticas (raras) cair no peritônio, com o tempo, o bário vai se


São reações alérgicas extremamente sérias, desassociar da água permanecendo acumulado
súbitas e com risco à vida. Para evitar essas em pó no organismo, o que vai induzir uma
reações anafiláticas, quando o paciente chega reação inflamatória crônica. Assim, o bário não
no serviço para marcar um exame com iodo, pode ser administrado em mucosas que não
ele precisa responder um questionário que tenham comunicação com o meio externo, pois
apresenta alguns fatores de risco
não tem como ser excretado
relacionados as reações, os principais são:
asma brônquica em atividade e a reação © É muito usado para exames do
prévia a um exame com contraste. Nesses aparelho digestivo porque opacifica
casos o exame pode ser trocado e se não tiver bem as vísceras abdominais (esôfago,
como trocar, é feito um preparo antialérgico,
estômago e intestino).
a base de imunossupressores, para minimizar
o riscode reações anafiláticas. Abaixo vemos o contraste baritado
opacificando o esôfago. O contraste vai passar
è Nefrotoxicidade até o intestino de onde será descartado pelas
Por o iodo ser relativamente nefrotóxico, é fezes (o paciente vai fazer cocô branco por 2/3
importante que em pacientes com danos dias, o que é normal).
renais estabelecidos seja evitado.
© Contraste Baritado
Também usado para raio-x, possui como
características:
§ O Bário in natura é tóxico ao ser
humano. O sulfato de bário não é
tóxico, é inócuo à saúde humana e é
ele que é usado como contraste.
§ O sulfato de bário é o único sal de bário Abaixo temos uma imagem de uma exame
que não é tóxico ao ser humano, sendo chamado ENEMA OPACO, que também usa o
uma substância pulverizada sulfato de bário como contraste e tem o
semelhante ao pó de giz e mais usada objetivo de estudar o intestino.
como contraste positivo no TGI, sendo
misturado a água antes da ingestão
pelo paciente;
§ Relativamente inerte devido a sua
insolubilidade em soluções aquosas , é
caracterizado como suspensão
coloidal.
§ O sulfato de bário é insolúvel em água
(diferente do iodo, que é solúvel). É por
isso que ele se apresenta como uma
suspensão coloidal.
Nesse caso o contraste é introduzido por via
SE LIGA! Como é uma suspensão, o copinho
retal e as chapas são batidas opacificando o
precisa ser mexido antes de ingerido. Também intestino grosso, vai ser útil para diagnosticar
por conta disso não pode ser injetado na veia e diverticulite e pólipos, por exemplo.
nem cair no mediastino nem no peritônio. Se

89 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SE LIGA! O contraste baritado pode ser Com o passar da idade, veremos uma involução do
deglutido ou administrado pela via retal. Não tecido fibroglandular, passando a prevalecer o
pode ser injetado direto na veia nem gorduroso.
introduzido em uma cavidade que não tenha
comunicação com o meio externo.
Se houver alguma suspeita de fístula ou
perfuração não se fará um exame com
contraste baritado para não correr o risco do
bário chegar a uma região sem contato com o
meio externo, acumular-se no organismo e
provocar uma inflamação. Nesses casos, deve-
se optar pelo Iodo.
Gorduroso
SE LIGA! Caso seja necessário realizar um
Enema Opaco em paciente que está em pós
operatório de cirurgia intestinal não se deve
usar o contraste baritado em razão do risco de
ter havido perfuração na cirurgia ou de Fibroglandular
descência da anastomose cirúrgica. Isso
porque existirá o risco do bário extravasar
para o peritônio.

MAMOGRAFIA:

A mamografia foi desenvolvida em razão da


alta prevalência e incidência do Câncer de
Mama (1 em cada 8 mulheres vão ter Câncer de
Mama).
Por ser um câncer que tem uma fase pré-clínica
longa ele pode ser detectado com exames de
rastreio e ainda contar com um bom
prognóstico. TECIDO FIBROGLANDULAR – REGIÃO MAIS BRANCA.
TECIDO GORDUROSO – REGIÃO MAIS ESCURA
SE LIGA! A mamografia é o exame de
escolha para o rastreio do câncer de mama, O tipo histológico mais comum e prevalente do
sendo o principal exame para essa finalidade. Câncer de Mama é o carcinoma que nasce nos
ductos mamários (Carcinoma Ductal).
© FISIOLOGIA DA MAMA E HISTOLOGIA
DO CÂNCER DE MAMA
A mama possui dois tipos de tecidos:
© Tecido Fibroglandular
© Tecido Gorduroso/Adiposo
SE LIGA! Esses tecidos vão aparecer de
forma diferente nos exames de imagem.
A mulher mais jovem possui mais tecido
fibroglandular do que gorduroso.

90 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

tecido, ajudando na redução da radiação que


vai ser exposta.
Porque na Mamografia vai haver menos
exposição do que no rx?

Porque a ação do compressor vai fazer com que


o tecido mamário fique mais fino, menos
espesso (já que está comprimido) e, com isso,
menos radiação será necessária para
CARCINOMA DUCTAL
ultrapassá-lo.
REPETECO! A quantidade da radiação que vai
A principal forma de apresentação do câncer de passar através do corpo vai depender da
mama na mamografia são as microcalcificações composição e da espessura das estruturas.
no interior dos ductos mamários como vemos Quanto mais espesso, mais radiação será
abaixo: necessária. Quanto menos espesso, menos
radiação será necessária.
Isso é importante porque, como o exame de
mamografia deve ser realizado anualmente,ao
comprimir a mama você expõe a paciente a
menos radiação ao longo dos anos sendo,
portanto, mais seguro.

© Diferenças entre Mamografia e RX SE LIGA! Segundo a Sociedade Brasileira de


convencional Mastologia a mamografia deve começar a ser
Sabemos que o RX é amigo das calcificações e realizada a partir dos 40 anos. Para o Ministério
que a Mamografia usamos radiação x para fazer da Saúde, a partir dos 50 anos.
imagens da mama. A principal diferença entre
eles é que o mamógrafo apresenta um
compressor, que comprimir a mama no filme de
raio x com a finalidade de homogeneizar o

91 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

© Classificação BI-RADS claramente a favor de uma lesão benigna. Com


o auxílio desses resultados anteriores, o médico
O relatório dos exames de mama devem sair
pode mudar a classificação de categoria 0 para
com a classificação proposta pelo protocolo BI-
categoria 2.
RADS. Esse protocolo surgiu com a finalidade de
padronizar os laudos e melhorar a comunicação SE LIGA! Quando o laudo da mamografia
entre mastologista e radiologista, reduzindo o recebe a classificação 0, a paciente deve ser
risco de interpretações subjetivas e de laudos orientada a realizar imagens mamográficas
puramente descritivos. O BI-RADS descreve adicionais e/ou uma USG da mama.
todos os tipos de achados possíveis e enquadra-
Portanto, um BI-RADS 0 não indica nem que a
os em uma classificação com categorias. Essa
lesão é provavelmente benigna nem que é
classificação vai das categorias 0 a 6 e indica a
provavelmente maligna. A categoria 0 indica um
probabilidade de malignidade dos achados
exame inconclusivo que deve ser repetido.
radiológicos encontrado na mama da paciente.
BI-RADS CATEGORIA 1 – EXAME NORMAL OU
BI-RADS CATEGORIA 0 – EXAME INCONCLUSIVO EXAME NEGATIVO
Quando o radiologista classifica o seu resultado Quando o radiologista classifica o seu resultado
como BI-RADS 0, isso significa que ele como BI-RADS 1, isso significa que a mamografia
considerou o exame inconclusivo ou não apresenta nenhuma alteração. O exame é
incompleto. A partir desse laudo, uma nova completamente normal. As mamas são
conduta deve ser estabelecida para sanar o simétricas e não foram visualizadas massas,
problema. distorções de arquitetura ou calcificações
SE LIGA! BI-RADS CATEGORIA 0 indica que suspeitas.
aquele é um exame indeterminado para risco SE LIGA! O risco de lesão maligna em um
de malignidade. Quando isso acontece o exame classificado como categoria 1 é de 0%.
radiologista deverá indicar no laudo o que está
BI-RADS CATEGORIA 2 – EXAME COM ACHADOS
faltando para que a paciente possa ser
CERTAMENTE BENIGNOS
classificada adequadamente dentro de um
risco. Quando o radiologista classifica o resultado
como BI-RADS 2, isso significa que ele
As causas para uma categoria 0 incluem fatores
encontrou alguma alteração na mamografia,
técnicos, tais como a produção de uma imagem
mas que, pelas características da alteração, ele
de baixa qualidade, que pode estar relacionada
pode afirmar com certeza que se trata de uma
ao posicionamento inadequado da mama ou à
alteração benigna.
movimentação da paciente durante o exame. A
categoria 0 também pode ser atribuída Entre as lesões que costumam ser encontradas
quando há dúvida sobre a existência ou não de em exames com classificação BI-RADS 2,
uma lesão, havendo necessidade da realização podemos citar:
de outro exame de imagem para tirar a prova. • Fibroadenomas calcificados.
A disponibilização de laudos de mamografia • Cistos simples da mama.
• Linfonodos intra-mamários.
anteriores para que o médico radiologista possa
• Calcificações vasculares.
comparar imagens antigas com as imagens
• Lipomas.
atuais diminui o risco da mamografia ser • Hamartomas.
classificada como BI-RADS 0. Por exemplo, uma • Calcificações de origem secretória.
lesão de difícil avaliação, mas que existe há • Implantes de silicone.
vários anos e nunca mudou de aspecto, fala • Cicatriz cirúrgica.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SE LIGA! Para ser classificado como que não precisa ser inicialmente biopsiada,
categoria 2, o médico precisa ter segurança mas que, por prudência, deve ser seguida de
para afirmar que a lesão é de origem benigna. perto ao longo dos próximos 2 anos.
Se o médico tiver dúvidas, o resultado não
O risco de lesão maligna do BI-RADS 3 é de
pode ser classificado como BI-RADS 2, mas sim
apenas 2%, ou seja, 98% dos casos são
como BI-RADS 3.
mesmo lesões benignas.
Portanto, na prática, um resultado BI-RADS 2 BI-RADS CATEGORIA 4 – EXAME COM ACHADOS
tem o mesmo valor clínico de um BI-RADS 1. O SUSPEITOS
risco de lesão maligna é de 0%.
Quando o radiologista classifica o seu resultado
BI-RADS CATEGORIA 3 – EXAME COM ACHADOS como BI-RADS 4, isso significa que ele
PROVAVELMENTE BENIGNOS encontrou alguma alteração na mamografia,
Quando o radiologista classifica o seu resultado que pode ser um câncer, mas que não
como BI-RADS 3, isso significa que ele necessariamente é um câncer.
encontrou alguma alteração na mamografia,
SE LIGA! Todas as pacientes com um
que provavelmente é benigna, mas que ele não
resultado BI-RADS 4 devem ser submetidas à
tem 100% de segurança. Por mais que o médico
biópsia da lesão para que o diagnóstico correto
tenha quase certeza que a lesão é benigna, se
possa ser estabelecido.
ele tiver a mínima dúvida, a classificação deve
ser categoria 3. A categoria 4 costuma ser dividida em 3 sub-
categorias de acordo com o risco de câncer:
Quando o exame é classificado como BI-RADS
3, o mais adequado é fazer um controle
evolutivo. Assim, a conduta sugerida é repetir a • BI-RADS 4A – Lesão com baixa
suspeita de malignidade – 2 a 10% de
mamografia após 6 meses. Se o novo exame
risco de câncer.
também for categoria 3, uma nova mamografia • BI-RADS 4B – Lesão com moderada
é repetida após mais 6 meses (12 meses após a suspeita de malignidade – 11 a 50% de
primeira). Se nessa mamografia o resultado for risco de câncer.
o mesmo, uma última reavaliação mamográfica • BI-RADS 4C – Lesão com elevada
deve ser realizada após 1 ano (2 anos após o suspeita de malignidade – 51 a 95% de
risco de câncer.
resultado inicial). Se após 2 anos, a lesão
permanecer igual, o radiologista pode passar a Independentemente da sub-categoria de BI-
considerá-la um BI- RADS 2. RADS 4, todos os casos devem ser submetidos à
biópsia. A diferença é que na paciente com BI-
Por outro lado, se em algum momento do
RADS 4A, o esperado é que a biópsia confirme
seguimento a lesão mudar de características e
uma lesão benigna, enquanto no BI-RADS 4C, o
se tornar mais suspeita, a classificação deve ser
esperado é que a biópsia confirme o diagnóstico
mudada para BI-RADS 4 e a lesão deve ser
de câncer.
biopsiada. Vários estudos já mostraram que
esse seguimento semestral não acarreta risco BI-RADS CATEGORIA 5 –EXAME COM ELEVADO
para a paciente. Mesmo nos raros casos em que RISCO DE CÂNCER
a lesão muda de característica e passa a haver a Quando o radiologista classifica o seu resultado
suspeita de malignidade, a espera não traz como BI-RADS 5, isso significa que ele
prejuízos à saúde da paciente. encontrou alguma alteração na mamografia,
Portanto, um resultado na categoria 3 indica que quase com certeza é derivada de um câncer
uma lesão com baixíssimo risco de malignidade, da mama.

93 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Lesões da mama com típicas características de identificação de uma calcificação ou nódulo.


câncer incluem nódulos densos e espiculados, Pois, a radiopacidade dessas lesões vai ser
calcificações pleomórficas, lesões com retração semelhante a do tecido normal (fibroglandular).
da pele ou distorções da arquitetura da mama
ou calcificações lineares finas dispostas num DENSITOMETRIA:
segmento da mama. Todas as lesões com
categoria 5 devem ser biopsiadas. Exame que utiliza radiografia para fazer
SE LIGA! O risco de lesão maligna em um imagens, através de um aparelho chamado
exame classificado como BI-RADS 5 é maior densitômetro. Esse aparelho faz uso da radiação
que 95%. X e também de dois feixes de radiação. Esses
feixes conseguem separar o tecido mole do
BI-RADS CATEGORIA 6 – EXAME COM LESÃO
tecido ósseo.
MALIGNA PREVIAMENTE CONHECIDA
A densitometria surgiu pelo fato de que o Raio-
A classificação BI-RADS 6 é utilizada apenas nas
X convencional é relativamente insensível à
pacientes que já têm o diagnóstico de câncer de
perda discreta de densidade mineral óssea (no
mama estabelecido e acabam por fazer uma
rx convencional só é identificada desmi-
mamografia para acompanhamento da doença,
neralização com perda de 30-50% da densidade
como por exemplo, após início da
óssea), já a densitometria é altamente sensível.
quimioterapia. Essa classificação serve apenas
para confirmar ao médico que a lesão maligna SE LIGA! A principal função da
identificada na mamografia é a mesma já Densitometria óssea é estudar a densidade
conhecida anteriormente. mineral óssea. Isso é importante porque
quanto menor a massa óssea, maior o risco de
fraturas.
Como a perda de massa óssea está relacionada
com a idade, ocorre maior risco de fraturas em
pessoas mais velhas, sobretudo mulheres na
menopausa que são mais suscetíveis a
osteoporose em razão da perda acelerada de
massa óssea que sofrem.
Os locais mais susceptíveis são os ossos do
© Limitações da Mamografia: quadril (coxo-femural; cabeça do fêmur; colo do
fêmur), coluna e punho.

Mamas densas em mulheres jovens, com muito


tecido fibroglandular, acaba dificultando a

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA
DENSITÔMETRO:
SE LIGA! A densitometria é o exame de
rastreio capaz de identificar o risco de fraturas
na população susceptível a osteoporose.

© T-score e Z-score
T-score e Z-score são os scores de classificação
utilizados nos laudos de densitometria óssea,
sendo o primeiro mais comum.
T-score:
Utilizado em mulheres após a menopausa.
Essa escala vai comparar a densidade mineral
óssea da paciente com a densidade mineral MEDICINA NUCLEAR:

óssea que é esperada para uma mulher jovem.


Exame que utiliza uma substância que é
SE LIGA! O T-Score é a “nota” da densidade radioativa. Para realização do exame a
óssea do paciente comparada a adultos jovens substância radioativa vai ser acoplada a um
do mesmo sexo e etnia. fármaco qualquer, para simular algum
Entre 0 e -1 DP = normal metabolismo do organismo. Essa substância,
quando injetada no paciente, vai começar a
Entre -1 e 2,5 DP = osteopenia
decair e isso é captado por um aparelho de
Abaixo de 2,5 DP = osteoporose Medicina Nuclear (Gamma Camera – porque
Z-score: esse decaimento é feito através de raios gama).

Utilizado para os outros pacientes que não as


mulheres na menopausa.
SE LIGA! O Z-Score é a “nota” da densidade
óssea do paciente comparado com as pessoas
da mesma faixa etária, sexo e etnia.

É um exame funcional, ou seja, ideal para


analisar a funcionalidade de alguma estrutura.
Para visualização de estruturas anatômicas ele
não é muito indicado porque não vai formar
boas imagens.
SE LIGA! Esse exame estudará bem o
metabolismo.
SE LIGA! Não usa radiação x, usa radiação
gama.

95 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

© Exame de Cintilografia da Medicina Esse divertículo está perto da válvula íliocecal e pode
Nuclear do Miocardio: apresentar vários tipos de revestimento na sua
mucosa (pancreático, intestinal e gástrico). Se esse
divertículo apresentar um revestimento gástrico, vai
ter a produção de ácido dentro dele. O problema
disso é que, como ele está perto da válvula íleocecal,
ele vai jogar esse ácido dentro do intestino delgado,
propiciando a formação de úlceras. Com isso o
paciente pode apresentar melena, anemia,
Nesse exame a substância radioativa usada será sangramentos, etc.
o tecnécio.
SE LIGA!O exame nuclear é muito importante na
Esse exame é feito com o objetivo de analisar se identificação do tipo de revestimento do
essa substância chega no coração, se possui Divertículo de Meckel.
alguma dificuldade de chegar lá ou se vai ser
© Cintilografia da medicina nuclear nos ossos:
metabolizado pelo miocárdio (o que pode
indicar uma área isquêmica, infartada no Utilizado para pesquisa de metástase.
coração). Há a imagem do esqueleto ósseo inteiro, através da
© MN e Mucosa Gástrica substância radioativa que vai ser acoplada a um
fármaco que tenha afinidade pelo metabolismo
ósseo.
SE LIGA! As regiões mais escuras vão
representar um metabolismo aumentado e
indicam metástase.

© Vantagens
§ Não invasivo;
§ Imagens funcionais;
A imagem acima representa um exame de § Menor exposição à radiação;
Medicina Nuclear em que foi injetado no § Menor índice de reações.
paciente uma substância radioativa acoplada a
© Desvantagens
um fármaco que tinha afinidade por mucosa
gástrica. A partir disso, foi feita a imagem acima § Baixa resolução anatômica;
pela gamma câmara. Nessa imagem vemos que § Disponibilidade de certos
radiotraçadores não é imediata, pelo
aparece o estômago (esperado porque nele há
fato de serem substâncias com
musosa gástrica) e vai a bexiga (porque a decaimento radioativo ao longo do
substância vai ser excretada pela urina, já que tempo;
será administrada pela veia. Com o mesmo § São exames demorados;
raciocínio também é comum que exames de MN § Por ser tratar de imagens funcionais,
mostrem os rins). Se você olhar bem ainda alguns exames precisam de preparo
aparece no exame uma área mais escura a prolongado, com restrição a certos
tipos de alimentos e medicamentos;
direita (do paciente). Isso indica uma doença
§ Alguns processos metabólicos não
chamada de Divertículo de Meckel com
podem ser acelerados e a aquisição de
revestimento gástrico (“saquinho” de natureza imagens pode se demorada;
congênita presente em apenas 1% da
população).

96 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

ANATOMIA DO ABDOME: RX, TC e RM


(aula ministrada por Dr. Luiz Otávio Damázio)

ANATOMIA DO ABDOME: RAIO-X Como no abdome as estruturas lado a lado


tendem a apresentar a mesma densidade não
Na radiografia convencional do abdome não é conseguimos visualizar bem muitas delas.
possível identificar muitas das estruturas
Diante dessa dificuldade, a radiografia
abdominais, como podemos perceber pela
convencional não contrastada do abdome
imagem abaixo.
perdeu relevância, sobretudo com o surgimento
de novas tecnologias, como a Tomografia
Computadorizada e a Ressonância Magnética.
Por conta disso, poucas são as indicações para
um raio-x de abdome simples. As principais são:

© Suspeita de obstrução ou
perfuração intestinal
© Dor abdominal moderada/
importante não determinada
© Suspeita de corpo estranho
© Seguimento de cálculo renal
Sabendo disso, caso eu precise solicitar
uma radiografia de abdome, quais as
incidências que devo pedir?

A incidência mais recomendada é a incidência


AP (antero-posterior) com o paciente deitado
Isso acontece porque na radiografia de barriga para cima (supino). Então, isso
convencional temos poucos tons de cinza que significa que a incidência clássica do rx de
são mostrados na imagem e isso faz com que abdome é AP em supino.
esses tons de cinza se agrupem em apenas 5
SE LIGA! A posição ortostática (em pé) será
densidades principais.
útil para os casos de obstrução intestinal
porque vai permitir a formação dos níveis
hidroaéreos.
A ocorrência de distensão gasosa no intestino
com formação de níveis hidroaéreos sugere
obstrução. A lógica disso é porque, com o
paciente em pé, o ar sobe (por causa da força
antigravitacional) e os líquidos e sólidos devem
descer, havendo a formando dos níveis quando
houver obstrução.
RELEMBRANDO! Para uma estrutura ser
visualizada na radiografia seus bordos SE LIGA! No caso de suspeita de obstrução
precisam estar em contato com um tecido que intestinal você pede o rx em AP nas duas
apresente densidade diferente! posições: ortostática e supino.

97 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Se a suspeita for pneumoperitônio a incidência Passando para as estruturas abdominais em si,


mais adequada será AP em decúbito lateral. conseguiremos identificar no raio-x do abdome
Nesse caso o paciente vai deitar com o lado as seguintes:
esquerdo para baixo e o lado direito para cima
e, se houver gás livre dentro da cavidade
abdominal, fora de alças, esse gás tende a subir
e se localizar entre o fígado e a parede
abdominal.
SE LIGA! No caso de suspeita de
pneumoperitôneo a posição do paciente em
decúbito lateral tornará o raio-x um exame de
alta sensibilidade.
E, em relação a anatomia radiográfica,
quais são as principais estruturas
abdominais passíveis de visualização?

Antes de mostrar as principais estruturas


abdominais é importante lembrar que a
radiografia do abdome vai mostrar a projeção
dos pulmões, como vemos abaixo:

Na imagem acima vemos no número 1 o fígado


e no 2, o baço. Lembrando que só conseguimos
vê-los nesse paciente porque existe uma linha
de gordura delimitando suas cápsulas.
O número 3 representa a projeção da
localização do pâncreas, ou seja, a estimativa de
sua localização, a topografia esperada, já que o
pâncreas não vai poder ser visto na radiografia
convencional.
REPETECO! As estruturas abdominais tem
densidades muito próximas umas das outras
(porque serão ou sólidas ou líquidas e tanto
Na imagem acima, os números 1 e 2 sólidos como líquidos possuem a mesma
representam as projeções dos lobos inferiores densidade). Para uma estrutura ser visualizada
dos pulmões e 3 e 4 representam os seios na radiografia seus bordos precisam estar em
costofrênicos. Essa projeção aparece porque o contato com uma estrutura que apresente
diafragma tem um formato de montanha, não é densidade diferente! É por isso que quando a
reto e, como os pulmões estão atrás, vão estrutura possui uma linha de gordura (que
aparecer. Isso faz com eventualmente se veja representa uma densidade diferente) ao seu
uma alteração pulmonar em um rx de abdome. redor essa estrutura vai ficar visível no rx.

98 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Abaixo temos o aparelho urinário na radiografia E o número 6? O que é isso que parece
estar dentro da bexiga?

O número 6 representa gás. Precisamos lembrar


que o rx só apresenta 2 dimensões. Isso faz com
que estruturas que estejam mais posteriores
sejam projetadas no rx por sobre estruturas que
estão mais anteriores. Isso acontece com o reto
(mais posterior) que se projeta na bexiga (mais
anterior) na incidência AP. Assim, esse gás
parece estar na bexiga mas não está, está, na
verdade, no reto. Uma radiografia em perfil
mostraria isso bem.
Agora veremos estruturas musculares e ósseas
que podemos observar no raio-x de abdome:

Na maioria das vezes será possível visualizar o


contorno de um ou de ambos os rins porque
geralmente há uma camada de gordura ao
redor dos rins (gordura perirrenal). Na imagem
acima, 1 e 2 representam os rins.
Os ureteres são muito fininhos e retro-
peritoneais então, em geral, não será possível
visualizá-los. A topografia esperada está
representada pelos números 3 e 4 da imagem
acima.
A projeção da vesícula biliar está representada
pelo número 9. Não será possível delimitar a
vesícula biliar no raio-x. A mesma coisa
acontece com as adrenais, suprarrenais, que
seriam os números 7 e 8.
Em geral conseguimos ver o músculo psoas na
A bexiga é passível de visualização porque está
radiografia, representado pelo número 2 na
rodeada de gordura. Na imagem acima, a bexiga
imagem acima.
está representada pelo número 5.

99 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

As estruturas ósseas são bem representadas


pelo rx convencional porque são ricas em cálcio
e o cálcio é muito radiopaco (branco) fazendo
com que os ossos se destaquem das vísceras
abdominais.
Agora que sei a apresentação normal da
anatomia esperada no rx de abdome, como
eu faço o meu roteiro de avaliação?

Já vimos na aula de Semiologia Radiológica que


o roteiro de avaliação é pessoal e você poderá
fazê-lo na ordem que quiser mas é importante
que você siga sempre a mesma ordem.
REPETECO! Faça o seu roteiro de avaliação
sempre do mesmo jeito. Elabore uma forma de
avaliar uma radiografia de abdome e faça um
SE LIGA! A posição ortostática (em pé) é útil
check list. Em cada avaliação, certifique-se de
para avaliar gás fora das alças porque a força
ter visto tudo!
antigravitacional faz com que o gás suba. Se for
O professor colocou alguns pontos que você não uma quantidade pequena de gás que estiver
pode deixar passar, são eles: fora, um rx em decúbito lateral será mais
© Procure gás fora das alças sensível.
(pneumoperitôneo) SE LIGA! Gás fora das alças intestinais indica
© Avalie o padrão gasoso intestinal perfuração; muito gás dentro das alças
© Procure calcificações patológicas intestinais formando níveis hidroaéreos
© Avalie o arcabouço ósseo e a sombra representa obstrução.
dos órgãos sólidos Eventualmente também será possível
© Avalie dispositivos cirúrgicos identificar gás entre alças intestinais, como
REPETECO! Na radiografia convencional de podemos ver na imagem abaixo:
abdome NÃO será possível visualizar:
pâncreas, ureteres, vesícula biliar, adrenais
(suprarrenais), reto (que fica por trás da
bexiga), dentre outros.
REPETECO! Na radiografia convencional de
abdome o fígado e o baço só poderão ser vistos
e ter o seu contorno delimitado se estiverem
envoltos por uma camada de gordura (ainda
que essa camada de gordura seja fina)
Vamos ver melhor cada item que o
professor sugeriu para a elaboração do
roteiro?

Começando pelo gás fora da alça intestinal, na


imagem abaixo vemos isso bem (seta rosa)

100 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Passando para o padrão gasoso intestinal, ele é Analisar o arcabouço ósseo e a sombra dos
muito variável mas, de uma maneira geral, órgãos sólidos é fazer a análise da anatomia.
encontraremos gás na moldura colônica Assim, devemos procurar as estruturas
(periférico) mas não no delgado. esperadas (tanto com relação a densidade
quanto com relação ao formato) e relatar
Assim, o gás no intestino grosso é normal
achados de estruturas anormais.
porque as bactérias intestinais produzem gás ao
longo do tempo para transformar o quimo em Na imagem abaixo temos, no hipocôndrio
um conteúdo fecal bem delimitado. No esquerdo, um formato que não refere a
intestino delgado em geral não há gás ou há nenhum órgão esperado (destacado em
muito pouco gás. vermelho), logo trata-se de uma estrutura
anormal, patológica.
Abaixo vemos algumas imagens que
representam o padrão gasosos intestinal
normal:

Essa estrutura é patológica, expansiva e com


densidade de partes moles (o que indica que é
composta por líquido). O paciente foi
encaminhado para realizar USG e ficou
constatado que tratava-se de um cisto no rim
esquerdo.
SE LIGA! Cisto é composto por líquido. No
caso de um cisto renal, o líquido será urina.

As calcificações patológicas que iremos buscar Nas imagens abaixo podemos analisar melhor o
identificar no rx de abdome serão, arcabouço ósseo. Percebe-se que na imagem A
principalmente, as calcificações do sistema temos um paciente com arcabouço ósseo
urinário, os cálculos renais, como vemos abaixo: normal onde podemos ver uma boa delimitação
entre a cortical e a medular dos ossos além da
densidade radiopaca habitual para o esqueleto.

A B

101 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Já na imagem B percebemos que a densidade


está difusamente aumentada, com uma má
delimitação entre a cortical óssea e a medular.
Esse era um paciente portador de metástases
ósseas decorrentes de um adenocarcinoma de
próstata.
Com relação a avaliação de dispositivos
cirúrgicos isso significa que devemos observar
se o dispositivo foi bem posicionado.
SE LIGA! Sempre que for colocado um dreno,
um cateter, uma sonda, por exemplo, deve-se
fazer uma radiografia logo após a cirurgia para
analisar se o dispositivo está bem posicionado.
Na imagem abaixo vemos uma sonda gástrica,
radiopaca, que está projetada na topografia
esperada da câmara gástrica, ou seja, é uma
sonda bem posicionada.
PULMÃO

Acima temos a transição toraco-abdominal.

ANATOMIA DO ABDOME: RAIO-X x TC

Na Tomografia Computadorizada (TC) teremos


vários tons de cinza (2000 a 3000 tons de cinza
que geram várias densidades) o que implica em
uma quantidade de densidades muito maior
quando comparado ao rx (50-60 tons de cinza
que geram apenas 5 densidades).
A consequência disso será que a TC possibilitará
a melhor visualização de várias estruturas
anatômicas do abdome.
Vamos fazer uma comparação do rx com a TC e
perceberemos como na TC vemos melhor e
mais estruturas.
Nas imagens abaixo veremos cortes axiais de
tomografia. O local do corte axial da TC estará
indicado na imagem do rx. O padrão é que os
cortes na TC comecem de cima para baixo.

102 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SE LIGA! O fundo do estômago é a porção


mais alta desse órgão.

SE LIGA! O corte 3, acima demostrado, está


a nível da 12ª vértebra dorsal.
Vemos, nessa imagem extraída do corte 3, que
há um pouco de líquido no interior do estômago
(essa região mais escura ao centro do estômago
é líquido).

v. renal E

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SE LIGA! As alças intestinais colônicas são as


que tem gás (região mais preta) e as alças
SE LIGA! O corte 8 está a nível de L4. Vemos
intestinais delgadas são as que não tem gás.
o finalzinho do fígado (seta rosa)

104 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Na imagem acima vemos gordura visceral


(região mais escura no centro), pequenos vasos
que nutrem as alças intestinais (pequenos
pontinhos mais claro no centro) e os vasos
ilíacos (em rosa).

105 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

estômago

Gordura
peritoneal

ANATOMIA DO ABDOME: RAIO-X x RM

Na correlação da anatomia apresentada pelo


abdome no raio-x e na RM o que vai mudar é o
sinal, ou seja, a densidade. Então o que vai
mudar é cor: por exemplo, enquanto a gordura
aparece preta no raio-x ela vai aparecer mais
clara na RM ponderada em T1.
REPETECO! A ressonância pode ser realizada na
ponderação T1 e na ponderação T2. Para saber
em qual ponderação a imagem está basta olhar
o líquor: se ele estiver preto, será T1; se ele
estiver branco, será T2.
SE LIGA! A ponderação T1 vai ser usada para
avaliar o abdome superior e a ponderação T2 vai
ser mais usada para avaliar a região da pelve.
Abaixo, veremos essa correlação em cortes
axiais de RM.

106 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

FÍGADO

107 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

© Pelve Masculina no RM

BEXIGA

VESÍCULAS
SEMINAIS

RETO

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

© Pelve Feminina no RM

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

ATELECTASIA PULMONAR, DERRAME PLEURAL, HEMITÓRAX OPACO, PNEUMOTÓRAX,


PNEUMOMEDIASTINO, PNEUMOPERICÁRDIO E ENFISEMA SUBCUTÂNEO
(aula ministrada por Dra. Ana Rita Marinho)

SE LIGA! Só o pulmão direito apresenta


ATELECTASIA PULMONAR: fissura horizontal!
Agora que relembramos o lugar esperado da
Atelectasia é o termo que significa uma
fissura, vamos observar a imagem abaixo.
opacidade pulmonar com perda de volume. A
perda de volume pulmonar está associada com
a redução da quantidade de ar alveolar.
SE LIGA! É a perda de volume que caracteriza
uma atelectasia.
Certo...mas como eu faço para
identificar que houve perda de volume?

Existem vários sinais radiológicos que nos fazem


pensar em atelectasia, ou seja, que vão nos
permitir identificar que houve perda de volume.
Nessa imagem percebemos que a topografia
O sinal mais importe e direto que caracteriza esperada da fissura horizontal seria no local
perda de volume é o desvio da cisura na direção onde está tracejado em vermelho mas vemos
da atelectasia. Na imagem abaixo vemos a que ela foi puxada, pela região opaca, para cima
topografia normal da fissura (isso vai ser (linha vermelha inteira). Isso nos indica que
importante de relembrarmos para que depois houve perda de volume então, por conta disso,
possamos identificar se houve desvio). identificamos que não se trata de uma
consolidação mas sim de uma atelectasia.
SE LIGA! Para diferenciar uma consolidação
de uma atelectasia você deve procurar os
sinais de redução de volume.
Outro sinal direto pode ser visto na TC e é a
aproximação dos vasos e dos brônquios na área
afetada.
Já um sinal indireto, por exemplo, pode ser a
traqueia desviada para o lado da atelectasia,
como vemos na seta preta da imagem abaixo.

FISSURA
HORIZONTAL

FISSURA
OBLIQUA
ATELECTASIA DO
LOBO SUPERIOR
DIREITO

111 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Os sinais indiretos de perda de volume Na imagem acima não conseguimos visualizar o


pulmonar podem ser resumidos como o desvio coração porque ele está se confundindo com a
do que pode ser desviado (todas as estruturas opacidade (foi desviado para o lado da
móveis do mediastino e o próprio diafragma opacidade). Além disso, vemos nessa imagem a
que vai subir também). hiperinsuflação do pulmão contralateral normal
(observe, pelas 3 setas pretas, que o pulmão
São sinais indiretos de perda de volume:
direito ultrapassou a linha média e foi para o
© Opacidade Pulmonar outro lado).
© Elevação hemidiafragma
Já sabemos que a atelectasia é uma
© Desvio das estruturas móveis na opacidade por perda de volume, então,
direção da atelectasia (fissuras pleurais, vamos agora aprender como pode ser
hilo, coração, traqueia...) classificada uma atelectasia.
© Hiperinsuflação compensatória do
A atelectasia pode ser:
pulmão contralateral normal
© Aproximação dos arcos costais © Completa: quando todo o pulmão está
comprometido
Na imagem abaixo você percebe que a traqueia
está puxada para o lado da opacidade (seta SE LIGA! Nesse caso usaremos o termo
branca mais gordinha). Na seta azul Colapso Pulmonar.
percebemos que o diafragma também foi
SE LIGA! Na atelectasia completa consegui-
puxado em direção a opacidade (elevação
mos ver melhor o sinal da hiperinsuflação.
hemidiafragma).
© Lobar: quando um lobo pulmonar é
comprometido
SE LIGA! O aspecto radiológico da atelectasia
lobar vai ser sempre o mesmo.

© Segmentar: quando um segmento é


comprometido
© Subsegmentar: quando uma parte de
segmento é comprometido.
ATELECTASIA DO
LOBO SUPERIOR
ESQUERDO
Abaixo temos um Colapso Pulmonar. Mas,
porque essa opacidade é uma atelectasia e não
uma pneumonia?

ATELECTASIA DE
ATELECTASIA DE
TODO O PULMÃO
TODO O PULMÃO
ESQUERDO
ESQUERDO

112 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Essa opacidade não é uma pneumonia porque o Se esse paciente tem um tumor no brônquio do
coração e o contorno mediastinal não estão lobo superior direito, esse tumor vai obstruir o
aparecendo, ou seja, foram puxados para o lado brônquio e o ar não vai mais entrar! Veja,
da opacidade, sinal típico de perda de volume. abaixo, a radiografia dele e observe a opacidade
Então, opacidade + perda de volume = no lobo superior direito (em roxo)
atelectasia.
SE LIGA! Pneumonia não leva a perda de
volume!
REPETECO! Os sinais que indicam perda de
volume podem ser diretos ou indiretos. A
presença de um dos sinais é suficiente para dar
o diagnóstico.
São sinais diretos:

© Desvio cisural na direção da atelectasia


© Aproximação dos vasos e brônquios na
área afetada (melhor visto na TC)
São sinais indiretos:

© Opacidade Pulmonar
© Elevação hemidiafragma
© Desvio das estruturas móveis na
direção da atelectasia (fissuras pleurais,
hilo, coração, traqueia...)
© Hiperinsuflação compensatória do
pulmão contralateral normal
© Aproximação dos arcos costais
ATENÇÃO! A professora sugeriu que
estudássemos o aspecto radiológico de cada
tipo de atelectasia. Ela escolheu mostrar todos Porque não pode ser uma pneumonia?
os achados de uma atelectasia de lobo superior Porque a cissura está puxada para o lado da
direito. atelectasia indicando perda de volume.
ATELECTASIA DE LOBO SUPERIOR DIREITO:

Vamos agora ver o caso de um paciente que tem


um tumor no brônquio do lobo superior direito
(pedacinho verde da imagem acima)

113 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SE LIGA! É importante saber diferenciar aproximados (basta comparar as setinhas


atelectasia de consolidação. A atelectasia é brancas no lado com opacidade e no lado sem
uma opacidade com perda de volume onde se opacidade).
tem uma reabsorção do ar que estava dentro do
SE LIGA! Nem sempre você vai ter todos os
pulmão: o ar não vai ser substituído por nada, o
achados no mesmo paciente. Os achados vão
ar vai ser reabsorvido e o pulmão vai colabar (o
variar de paciente para paciente, por isso você
pulmão, o lobo, o segmento ou o subsegmento).
precisa conhecer todos.
Já uma consolidação é uma opacidade sem
perda de volume onde o ar dentro do espaço Existe um sinal radiológico bem clássico da
aéreo é substituído por outra coisa que vai Atelectasia de Lobo Superior Direito que é o S
aumentar a densidade do pulmão (processo de Golden.
inflamatório pneumônico, processo
inflamatório da tuberculose, edema de IC...etc).
Os outros achados que temos nesse paciente
são: traqueia desviada para o lado da
atelectasia e a aproximação dos arcos costais.

Na imagem acima temos em branco a posição


normal esperada para a traqueia e em roxo a
posição em que a traqueia desse paciente se
encontra.

Nas imagens acima temos atelectasia de lobo


superior direito confirmada pela opacidade com
perda de volume (cissura levantada e traqueia
puxada para o lado da opacidade). Percebemos
o S de Golden. Esse paciente faz o S porque tem
um tumor na região hilar (em azul).
Veja, abaixo, um paciente com atelectasia de
Nessa outra imagem percebemos que os arcos lobo superior direito sem tumor (veja que não
costais na região da opacidade estão bem mais

114 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

forma o S de Golden)

ATELECTASIA DE LOBOS INFERIORES:

A atelectasia dos lobos inferiores tem o aspecto


radiológico bem clássico, que é a opacidade em
forma de vela (vela de barco, formando uma
opacidade triangular retrocardíaca).

SE LIGA! Paciente idoso (principalmente se for


idoso e hipertenso) dilata o arco aórtico (em
CÚPULA
DIAFRAGMÁTICA azul na imagem acima) formando uma placa
PUXADA PARA
CIMA
ateromatosa e com o tempo essa dilatação vai
promover o desvio da traqueia. Isso é normal se
não tiver opacidade e outros achados
radiológicos! É uma dilatação senil da aorta.
Na radiografia abaixo vemos placa de
calcificação de ateromatose no botão aórtico
(em azul), o aspecto triangular na opacidade
(Sinal da Vela ou Sinal da Vela Retrocardíaca).

115 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Na imagem abaixo vemos a localização real da


ATELECTASIA OBSTRUTIVA:
opacidade, mais atrás, porque precisamos
lembrar que o lobo inferior é uma estrutura Abaixo temos um raio-x que mostra uma
posterior. atelectasia obstrutiva.

Percebe-se, na imagem acima, uma opacidade


no lobo superior do pulmão esquerdo com a
CAUSAS DE ATELECTASIA:
traqueia desviada para o lado da opacidade.
SE LIGA! Para uma opacidade ter margens
bem definidas ou ela é uma massa ou ela está
sendo delimitada pela cissura (e aí ou será uma
atelectasia ou uma consolidação a esclarecer –
para diferenciar você procura pelos sinais de
perda de volume).
REPETECO! Os sinais que indicam perda de
volume podem ser diretos ou indiretos. A
presença de um dos sinais é suficiente para dar
o diagnóstico.
São sinais diretos:

SE LIGA! Todas as atelectasias mostradas até © Desvio cisural na direção da atelectasia


agora foram atelectasias obstrutivas. A © Aproximação dos vasos e brônquios na
principal causa de atelectasia obstrutiva no área afetada (melhor visto na TC)
adulto é tumor. São sinais indiretos:
Atelectasia compressiva é quando algo © Opacidade Pulmonar
comprime o pulmão por fora. © Elevação hemidiafragma
obs.: atelectasia adesiva e atelectasia por © Desvio das estruturas móveis na
fibrose não serão dados agora, só no 6P. Por direção da atelectasia (fissuras pleurais,
enquanto só estudaremos as atelectasias hilo, coração, traqueia...)
causadas por obstrução e as atelectasias © Hiperinsuflação compensatória do
causadas por compressão. pulmão contralateral normal
© Aproximação dos arcos costais

116 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

As principais causas de obstrução da via aérea


DERRAME PLEURAL:
com reabsorção distal do gás são:
© Tumor Revisão do espaço pleural:
© Tubo endotraqueal mal posicionado
© Tampão de muco
© Corpo estranho
© Estenose brônquica

ATELECTASIA COMPRESSIVA:

A atelectasia compressiva é uma compressão


que vem de fora. Ocorre perda de volume
secundária ao processo de ocupação do espaço.
Isso porque existe uma alteração intratorácica
que impede a expansão pulmonar.

O espaço pleural está entre os dois folhetos


pleurais (pleura visceral e pleura parietal). A
pleura visceral está aderida no pulmão e a
pleura parietal reveste a parede torácica (o
mediastino e o diafragma). Não há comunicação
entre o espaço pleural direito e o espaço pleural
esquerdo. Normalmente há uma quantidade
bem pequena de líquido no espaço pleural (2-
10mL) só para promover o deslizamento entre
os dois folhetos.
Derrame pleural é a presença de líquido
Na imagem acima vemos que uma atelectasia
anormal no espaço pleural!
compressiva (em rosa) que surgiu em razão de
um pneumotórax (pulmão direito mais SE LIGA! Não se fala “tem um derrame pleural
radiopaco). no pulmão direito” e sim que o derrame
pleural está no espaço pleural que circunda o
ATELECTASIA DISCOIDE OU EM PLACA: pulmão direito.

É bem comum em pacientes acamados e em O derrame pleural tem várias causas mas não
pacientes em pós-operatório. São estudaremos agora, só no 6P.
representadas por densidades lineares, Quanto ao aspecto radiológico, o derrame
paralelas ao diafragma, nas bases. pleural pode ser:

© Derrame livre
© Derrame Loculado
© Derrame Cisural
© Derrame subpulmonar
O derrame pleural é uma opacidade
homogênea.

117 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Fatores que alteram o aspecto radiológico no © Pode ter efeito expansivo com desvio
derrame pleural: mediastinal para o lado oposto (sem o
derrame)
© Posição do paciente: paciente em pé o
líquido desce e o derrame aparece (seta Veja na imagem abaixo que você visualiza o seio
azul na imagem abaixo). Já com o costofrênico esquerdo (em rosa) mas não vê o
paciente em decúbito (deitado) o direito que está obliterado pelo derrame
derrame pode passar despercebido pleural.
porque o líquido se espalha por todo o
hemitórax

Quando o derrame é muito pequeno, ou seja,


pouco líquido livre, veremos quase que só a
© Grau de elasticidade do pulmão
obliteração do seio costofrênico, formando o
© Efeito gravitacional
sinal do menisco como na imagem abaixo em
© Quantidade de líquido
rosa:
© Livre ou loculado
© Associação com tumor
SE LIGA!O derrame pleural NUNCA tem
broncograma.
SE LIGA! O derrame pleural sempre é uma
opacidade BEM homogênea e não tem perda
de volume.
O aspecto radiológico vai depender do tipo de
derrame sofrido.

DERRAME PLEURAL LIVRE:

O aspecto radiológico do derrame pleural livre é


caracterizado por:
O perfil é muito importante nesse caso porque
© Opacidade bem homogênea o seio costofrênico inferior é mais posterior e
© Obliteração do seio costofrênico não é visto em PA. Para que se veja um derrame
© Contornos diafragmático e cardíaco no rx em PA é preciso 200-300 mL obliterando o
obscurecidos seio costofrênico lateral. Já no perfil, basta 75-
© Não há broncograma aéreo 100 mL obliterando o seio costofrênico
© Não há perda de volume posterior para que seja visualizado no rx.

118 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

USG também é um exame sensível além de ser


bom para guiar uma possível toracocentese. A
A radiografia em perfil aumenta a sensibilidade TC pode ser indicada quando se suspeita de
para se detectar um derrame pleural. neoplasia.
O sinal da parábola é o contorno superior
encurvado e mais elevado (em amarelo)

Abaixo vemos o seio costofrênico direito


obliterado. Isso pode ser dito/encontrado no
laudo das seguintes formas:

© Obliteração do seio costofrênico à


direita
© Seio costofrênico mal definido na
lateral direita
© Seio costofrênico direito raso

Você não pode dizer que é uma pneumonia SE LIGA! Se você for realizar o exame na
porque a opacidade não tem forma de nenhum incidência de Laurell SEMPRE colocar o lado
lobo pulmonar, tem forma de derrame. suspeito de derrame para baixo.
Para fazer a investigação radiológica do Muito cuidado com um paciente que está na
derrame pleural o ideal é solicitar uma UTI, traqueosteomisado, com vários cateteres e
radiografia em decúbito lateral (maior sondas e tem uma opacidade dessa vista na
sensibilidade – vai detectar a partir de 5mL de imagem abaixo:
líquido).

119 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SE LIGA! Esse tipo de derrame também é


chamado de pseudo-tumor ou de tumor
evanescente ou tumor fantasma. Isso porque ele
é comum em paciente com Insuficiência
Cardíaca e, quando se trata a IC, o derrame
tende a sumir.

Ao observar a imagem acima você não consegue


identificar a causa da opacidade. Por isso é
importante pedir o decúbito lateral, como
vemos na imagem abaixo

DERRAME PLEURAL SUBPULMONAR/INFRAPULMONAR:

É o derrame localizado entre a base pulmonar e o


diafragma. Esse tipo de derrame não faz a
parábola e ele fica embaixo do pulmão.
Em uma radiografia normal, vê-se a bolha gástrica
distante do diafragma em torno de 1cm. O
derrame pleural subpulmonar pode ser
identificado quando se observa a separação da
bolha gástrica do pseudo-hemidiafragma maior
que 1,5cm.

No decúbito lateral você consegue ver que


também há derrame pleural livre.

DERRAME PLEURAL INTERCISURAL:

É o derrame pleural na cisura (o mais comum é


que esteja na fissura transversa). São exemplos
de derrame pleural cisural:

Na imagem acima vemos que a distância entre a


bolha gástrica e o diafragma está muito grande
(marcação amarela). Isso indica derrame pleural.

120 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

O que acontece é que na realidade o diafragma


DERRAME PLEURAL LOCULADO:
está mais ou menos onde está marcado em azul
e todo o resto marcado em lilás é o derrame. O derrame pleural loculado é um derrame que
não muda de posição com o decúbito lateral.
Aderências na superfície pleural limitam a
mobilidade do líquido.
Esse tipo de derrame é comum nas seguintes
situações:

© em pacientes que fazem processos


inflamatórios purulentos e importantes
na pleura
© em pacientes de trauma: facada, tiro,
etc...que tendem a sangrar muito na
cavidade pleural
Abaixo vemos um derrame subpulmonar do © em pacientes com tumor, empiema ou
lado direito. Perceba como o diafragma está hemotórax
elevado e o seio costofrênico raso. Isso indica
que provavelmente é um derrame subpulmonar SE LIGA! As doenças sistêmicas (ex. lúpus,
doenças do colágeno, etc) que cursam com
derrame geralmente cursam com derrame
livre.
Esse tipo de derrame possui uma morfologia
bastante variável, ou seja, não possuem uma
forma e localização usual.

O derrame subpulmonar é um derrame que está


livre, ou seja, o derrame subpulmonar é um tipo
de derrame livre. Para confirmar que se trata de
um derrame pode-se:

© Solicitar um raio-x em decúbito lateral


© Solicitar uma USG
SE LIGA! Esse tipo de derrame também é
Você deve perceber que o maior eixo da lesão é
chamado de pseudo-hemidiafragma porque
paralelo à superfície pleural (em amarelo nas
não é o hemidiafragma que está tão elevado, é
imagens acima e abaixo). Na grande maioria das
o derrame que causa uma opacidade que
vezes ele faz uma forma de meia lua mas isso
simula o diafragma elevado.
não é obrigatório.

121 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

DERRAME PLEURAL MAÇICO:

O derrame pleural maciço é assim chamado


quando o derrame tem mais de 2L (2000mL)
de líquido.
Nesse tipo de derrame percebe-se:

© Hemitórax opaco (opacidade bem


homogênea com caráter expansivo)
© Desvio do mediastino para o lado
oposto ao da opacidade

Porque isso não é uma pneumonia do lobo Olhando apenas a radiografia não é possível
inferior? dizer o que está causando esse derrame. Se o
paciente chega com uma facada ou com um
Uma pneumonia lobar precisa estar tocando na
tiro você deduz que isso é sangue e vai drenar.
cissura para ter margens bem definidas. Em
Porém, se o paciente não tem história de
nenhuma das imagens acimas vemos isso. O
trauma você vai precisar de uma TC de tórax
lobo inferior não possui o formato apresentado
para avaliar a etiologia do derrame.
nessas imagens e por isso elas não representam
uma pneumonia. HEMITÓRAX OPACO:
E porque não é uma atelectasia?
O hemitórax opaco é quando a opacidade
Não pode ser uma atelectasia porque não há abrange todo o hemitórax e pode ser:
perda de volume.
© Sem perda de volume
GRANDE DERRAME PLEURAL: © Com perda de volume, efeito retrátil
© Com efeito expansivo
Um grande derrame pleural vai exercer um
Para identificar qual dos casos acima você está
efeito expansivo, empurrando as estruturas
diante, use como referência o mediastino.
para o lado oposto.
Também é importante observar se há
SE LIGA! A atelectasia puxa as estruturas para alterações nos espaços costais e a posição de
o lado da opacidade. O derrame pleural gases abdominais (sobretudo a bolha
empurra as estruturas para o lado oposto ao da gástrica).
opacidade.

122 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Na imagem acima não temos perda de volume Abaixo mais casos de hemitórax opaco com
e não temos efeito expansivo. Como é possível perda de volume:
ver o broncograma (seta rosa), isso indica
doença no parênquima pulmonar, logo, trata-se
de uma pneumonia que está comprometendo
todo o pulmão do lado esquerdo.
Já nas imagens abaixo estamos diante de um
hemitórax opaco com perda de volume (não
vemos a sombra cardíaca nem o arco aórtico,
que estão puxados para o lado da opacidade, e
os arcos costais estão bem próximos uns dos
outros). Então, trata-se de uma atelectasia.

Abaixo vemos um hemitórax opaco com efeito


expansivo, que pode ser um derrame pleural.

123 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Na imagem acima vemos um pouquinho de


pulmão airado (seta rosa). A traqueia desviada
e o coração também desviado para o lado
oposto (setas amarelas).

Também é possível que o paciente tenha


atelectasia e derrame pleural juntos,
geralmente secundário a doença neoplásica.
Nesse caso, duas forças antagônicas estarão
atuando e não será possível identificar nem o
efeito retrátil nem o efeito expansivo. É o caso
da imagem abaixo:

Perceba como a traqueia está desviada para o


lado oposto (seta rosa).
Abaixo temos mais casos de hemitórax opaco
com efeito expansivo.

124 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

PENUMOTÓRAX:

O pneumotórax é o ar (de qualquer origem) no


espaço pleural e ele pode ser espontâneo ou
traumático.

A curvatura da pleura visceral é paralela a


curvatura da parede torácica, então o ar
acompanha toda a parede torácica.

Na imagem acima vemos a linha pleural


apontada na seta azul no hemitórax esquerdo.
Perceba que os vasos param nessa linha e que
depois dessa linha você tem um preto bem Abaixo temos uma tomografia onde vemos o
hipertransparente. Essa parte preta é o gás no pneumotórax representado pelo preto total. A
espaço pleural, é o pneumotórax. pleura visceral está apontada na seta rosa.
A linha da pleura visceral (linha pleural) nada
mais é do que a pleura visceral tornando-se
visível em razão do pneumotórax.
SE LIGA! A linha pleural é a pleura visceral.
Nas imagens abaixo vemos nas setas pretas a
pleura visceral.

SE LIGA! Quanto maior o pneumotórax ou o


derrame pleural menor será a expansibilidade
do pulmão.
SE LIGA! Não há vaso no pneumotórax, ou
seja, não há parênquima pulmonar distal ao
pneumotórax.

125 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SE LIGA! É o sinal do sulco profundo que vai


fazer com que você suspeite que há um
pneumotórax no paciente que faz a radiografia
deitado.
SE LIGA! O reconhecimento do pneumotórax
depende do seu volume e posição no paciente.
Se o paciente estiver em supino o gás estará
anterior e basal; se o paciente estiver em
ortostase, o gás estará apical e lateral.

PNEUMOTÓRAX COM ATELECTASIA PASSIVA:


Muito cuidado quando for analisar uma
radiografia em que o paciente está deitado: Abaixo vemos um pneumotórax (seta amarela)
você vai precisar procurar pelo sinal do sulco com atelectasia passiva.
profundo.
Quando se tem um pneumotórax importante o
gás, com o paciente deitado, empurra o
diafragma para baixo. Então, habitualmente, do
lado do pneumotórax, o seio costofrênico
daquele lado vai estar mais inferior, mais baixo,
maior e mais radiotransparente.
Abaixo temos um recém-nascido na incubadora
(A) e um adulto na UTI (B). SE LIGA! Não conseguimos ver uma
atelectasia passiva no derrame pleural porque
a atelectasia e o derrame terão a mesma
densidade!
Abaixo vemos isso na tomografia (do mesmo
doente do rx acima):

126 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Abaixo temos mais um exemplo de


pneumotórax com atelectasia passiva. Observe
que os espaços costais estão maiores (tem
efeito expansivo) e o pulmão está colapsado
(circulado em rosa juntinho do coração).

Abaixo vemos um Hidropneumotórax com


colapso pulmonar. Veja o nível hidroaéreo em
amarelo.

PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO:

Pneumotórax hipertensivo é quando no


pneumotórax as estruturas mediastinais são
desviadas para o lado oposto.

PENUMOMEDIASTINO:

O pneumomediastino é ar nos tecidos moles do


mediastino. Pode ser formado por:
© lesão nos pulmões ou estruturas do
mediastino, como vias aéreas ou o
esôfago (rotura de traqueia, de
esôfago, etc).
© trauma
O que vai acontecer nessa situação é um
© espontâneo
comprometimento cardiopulmonar importante
e um comprometimento do retorno venoso A pleura mediastinal é separada do mediastino
para o coração porque as estruturas vasculares e torna-se visível como uma linha branca fina,
estão todas empurradas e comprimidas pelo como vemos na imagem abaixo:
pneumotórax hipertensivo.

HIDROPNEUMOTÓRAX:

Hidropneumotórax é quando há pneumotórax +


derrame pleural. O hidropneumotórax forma
um nível hidroaéreo. O gás tem uma densidade
maior (e, portanto, sobe) e o líquido tem uma
densidade menor (e, portanto, desce).

127 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Abaixo vemos um pneumomediastino formado Abaixo temos um caso bem clássico de


em razão de um trauma: pneumopericárdio no recém-nascido. Perceba
como o gás desenha o coração mas não sobe
em direção ao pescoço.

Abaixo temos uma comparação entre


Existe um sinal chamado sinal do diafragma
pneumomediastino (em azul) e
contínuo que é gás entre o diafragma e o
pneumopericardio (em vermelho).
coração que é indicativo de pneumomediastino.

REPETECO! Pneumomediastino x Pneumopericárdio

PNEMOMEDIASTINO PNEUMOPERICÁRDIO

PENUMOPERICÁRDIO: O ar não é confinado pelo


O ar no Espaço Pericárdico.
Saco Pericárdico.
O pneumopericárdio é ar no espaço pericárdio.
O pericárdio é uma membrana que reveste o Se estende ao mediastino
Não sobe acima dos limites
extrapericárdico e aos anatômicos de reflexão
coração e termina mais ou menos na saída do tecidos moles pericárdica no pedículo
coração onde se tem os vasos da base. Então, supraclaviculares e cervicais. vascular.
no pneumopericárdio o gás fica só em torno do
coração.
ENFISEMA SUBCUTÂNEO:

É ar nas partes moles do pescoço, do tórax, na


parede torácica e abdominal.

128 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

NÓDULO E MASSA PULMONAR


(aula ministrada por Dra. Ana Rita Marinho)

INTRODUÇÃO: Os nódulos pulmonares estão presentes em 25-


51% dos pacientes saudáveis que estão
Tanto o nódulo pulmonar quanto a massa
realizando TC para rastreio de câncer de
pulmonar são tipos de opacidade nodular. A z
pulmão. Então a grande maioria dos nódulos
opacidade nodular vai ser classificada a
- são nódulos benignos.
depender do tamanho, de modo que:
m
Os nódulos pulmonares benignos podem ser:
© Micronódulo ≤ 0,3 cm
© Nódulo Pulmonar > 0,3 cm e < 3cm © Linfonodos
© Massa Pulmonar ≥ 3cm © Rolhas
© Infecção
© Inflamação
© Granulomas
Para concluir que se trata de um nódulo
benigno deve-se fazer um acompanhamento do
MICRONÓDULO NÓDULO MASSA
nódulo e você vai perceber que:
.

NÓDULO PULMONAR:
© o nódulo vai permanecer estável por
vários anos ou
O nódulo pulmonar solitário é uma opacidade © o nódulo some
arredondada ou ovalada que mede menos do o resolução parcial ou completa
que 3cm e é circundado por parênquima com tratamento
pulmonar. o resolução espontânea
Na imagem abaixo temos um nódulo pulmonar Quando pensamos em Nódulo Pulmonar tem 2
que está na língula (como constatamos pelo rx coisas importantes:
em perfil).
© Número: precisamos definir se é um
nódulo ou se são vários nódulos.
© Características: identificar quais são as
características do nódulo. Quem define
as características de um nódulo é o
exame de Tomografia Computadori-
zada.

SE LIGA! Se a lesão nodular for contigua com


o mediastino ou com a pleura não se chama de
nódulo pulmonar porque você não tem como
precisar se ele é pulmonar ou mediastinal ou
pleural.
O uso da TC nas últimas décadas aumentou a
frequência de nódulos pulmonares incidentais.

129 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

A TC tem maior sensibilidade (é capaz de


detectar nódulos menores) e especificidade (é
mais especifica para dizer se o nódulo é benigno
ou maligno). A radiografia habitualmente
detecta nódulo acima de 0,9cm. É por isso que
o rastreio de câncer de pulmão não é tão eficaz
se você faz com raio-x.
SE LIGA! A TC é mais sensível porque é capaz
de detectar mais nódulos e é mais específica
porque é capaz de caracterizar o nódulo.

As principais coisas que triam o acompanha-


mento do nódulo basicamente são os fatores de
risco, que são:

© Idade e sexo (quanto mais velho maior


a probabilidade de ser neoplasia)
© Tabagismo (principal fator)
© Antecedentes

CARACTERÍSTICAS RADIOLÓGICAS DO NÓDULO:

A TC é o método de eleição para identificar as


Na imagem acima temos um nódulo lobulado
características de um nódulo pulmonar.
com um foco de calcificação no centro dele.
Essa calcificação jamais seria vista com um rx e, As principais características que são preditoras
com ela, caracterizamos o nódulo, somos mais de malignidade são:
específicos em relação ao nódulo. © Tamanho
Outro exemplo disso é na imagem abaixo que © Morfologia
permitirá constar no laudo que o nódulo é o Margem
espiculado, caracterizando o nódulo. o Atenuação
A tabela abaixo foi retirada de um estudo que
estava analisando o rastreio do câncer de
pulmão. Todas as pessoas analisadas (que
compõem a estatística abaixo) eram fumantes e
tinham mais que 55 anos.

Quando você identificar um nódulo no rx você


deve encaminhar o paciente para TC para poder
determinar as características do nódulo.

130 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Olhando para a tabela percebemos que a


grande maioria dos nódulos são pequenos e
benignos. Então, quanto menor o tamanho
maior a probabilidade de o nódulo ser benigno.
SE LIGA! A probabilidade de neoplasia
aumenta com o tamanho.
Assim podemos dizer que o nódulo 2 tem uma
A TC é o método de eleição para rastreio de probabilidade muito maior de ser maligno do
câncer de pulmão. Esse exame vai permitir que que o nódulo 1 em razão da sua morfologia.
o nódulo seja medido de uma forma mais
acurada e vai permitir definir a composição Cuidado porque isso não é uma verdade
desse nódulo (sólido, parcialmente sólido ou absoluta. A exceção é a metástase. As
vidro fosco). metástases fogem dessa lógica porque elas
chegam no pulmão pela via hematogênica e
possuem contornos bem definidos, como
vemos na imagem abaixo:

SE LIGA! Na radiografia será possível ver


apenas os nódulos sólidos e os nódulos
SE LIGA! Margem regular e bem definida é
calcificados que irão aparecer com densidade
mais frequente nos nódulos benignos mas esse
de partes moles.
critério não é específico de benignidade (as
Assim, a morfologia está relacionada com a metástases possuem margem regular e bem
forma do nódulo (margem) e com sua definida e são malignas).
composição (atenuação).

Nas imagens abaixo vemos que o nódulo 1 tem


as margens relativamente bem definidas sendo
um pouquinho de nada irregular em um
pedacinho dele e o nódulo 2 tem uma forma de
raio de sol, totalmente irregular. O nódulo sólido vai ter densidade de partes
moles e o nódulo subsólido é o nódulo que tem
vidro fosco. O nódulo subsólido pode ser todo
em vidro fosco ou pode ser parcialmente sólido
(vidro fosco por fora e um pedaço sólido
dentro).

131 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

O nódulo parcialmente sólido é um nódulo em Se o nódulo for decorrente de um processo


vidro fosco com uma opacidade mais inflamatório ele vai mudar sua morfologia em
branquinha dentro dele. É o tipo mais perigoso. semanas. Por exemplo, na covid é comum que
os pacientes apresentem vidro fosco
SE LIGA! É mais comum que os nódulos
decorrente do processo inflamatório da doença.
subsólidos sejam malignos. Já os sólidos
O paciente com covid depois de uma/duas
possuem baixa probabilidade de ser malignos.
semanas quando for refazer o exame pode não
ter mais nenhum vidro fosco ou pode estar
cheio de vidro fosco (porque pode ter piorado
muito e precisar internar). Isso acontece porque
o nódulo decorrente de um processo
SÓLIDO PARCIALMENTE VIDRO FOSCO
inflamatório muda em dias ou em semanas.
SÓLIDO
Os nódulos benignos podem até aumentar mas
SE LIGA! Uma opacidade em vidro fosco é esse é um processo bem lento que pode
uma opacidade em que se pode ver os vasos acontecer em anos. Já os malignos mudam de
por dentro dela. tamanho nem tão rápido quanto o inflamatório
e nem tão lento quanto o benigno levando em
Tanto a consolidação quanto o vidro fosco estão
torno de 30 a 400 dias.
no espaço aéreo. A diferença é que a
consolidação não permite ver nada através Abaixo vemos que da imagem A para a imagem
dela, tem densidade mais branca, e o vidro B o nódulo aumentou muito de tamanho. Isso
fosco permite que se veja a rede vascular aconteceu em 1 ano.
através dele.
© TEMPO DE DUPLICAÇÃO

É muito importante avaliar se o nódulo está


estável ou se ele está crescendo. Para isso, é
importante que o médico tenha acesso a
exames anteriores para que possa acompanhar
o paciente da melhor forma.

© CALCIFICAÇÃO

Outra característica bem importante nos


nódulos é a presença de calcificação. A
Na imagem acima temos 2 exames do mesmo calcificação nos nódulos pode ser benigna ou
paciente. O exame do lado direito é de 2 anos maligna.
antes do exame do lado esquerdo e podemos
perceber que o nódulo não existia.
Os nódulos sólidos precisam ser acompanhados
por 2 anos. A estabilidade dos nódulos sólidos
por dois anos sugere benignidade!

132 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Vemos isso na imagem abaixo:

Acimas temos um exemplo da calcificação em


pipoca. Trata-se de um tumor benigno e não
será preciso puncionar, operar, etc.
O complexo de ranke é o local onde o paciente
SE LIGA! A presença de gordura no nódulo é teve a infecção primária por tuberculose e ali o
sinal de benignidade. sistema imune isolou o bacilo e ele calcificou.
O hamartoma pulmonar é um tumor benigno Quando da infecção primária esse bacilo vai
que tem por característica ter gordura entre drenar e ser fagocitado pelos linfonodos que
calcificação. Vemos isso na imagem abaixo: estão no hilo e ele também vai formar uma
reação granulomatosa e com o tempo vai
calcificar.
Apesar de ser comum o Complexo de Ranke
como uma “sequela da tuberculose” não
necessariamente ele será formado em razão
dessa doença porque outras infecções também
podem causá-lo, como, por exemplo, uma
infecção fúngica.
As calcificações malignas normalmente são
REPETECO! A presença de calcificação não é irregulares e menos densas (porque geralmente
sinônimo de malignidade. O nódulo com são calcificações distróficas – misturadas com
calcificação pode ser benigno. tumor).

A calcificação difusa é típica de sequela de


tuberculose. O nódulo de Ghon é o nódulo
calcificado e, quando ele vem acompanhado de Esse tipo de calcificação não é visto na
um linfonodo hilar calcificado ipsilateral, radiografia.
chamamos de Complexo de Ranke.

133 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SE LIGA! Para visualizar uma calcificação Observe na imagem acima que o paciente
benigna em um nódulo na radiografia a dica é possui uma área de consolidação com a
comparar a densidade do nódulo com a presença de escavação no pulmão direito.
densidade da costela. Se o nódulo estiver mais © NÍVEL HIDRO-AÉREO
denso do que a costela significa que ele tem
mais cálcio do que a costela e, portanto, é um A presença de nível hidro-aéreo em lesão
nódulo calcificado. cavitária sugere benignidade.

© CAVITAÇÃO/ESCAVAÇÃO SE LIGA! Qualquer lesão cavitária (benigna ou


maligna) pode apresentar nível hidro-aéreo,
O termo mais adequado é escavação. A
ou seja, não é específico.
escavação é uma lesão que tem gás dentro dela.
A escavação pode ser encontrada tanto em
lesões benignas quanto em lesões malignas.

As imagens acima são iguais só que na direita


marquei em rosa onde está o nível hidro-aéreo.
Trata-se de um nódulo de parede espessada
que tem um nível hidro-aéreo. É comum em
abcessos por bactéria.
O nível hidro-aéreo nada mais é do que a
É comum que a escavação aconteça na
interface entre o ar que sobe e o líquido que
tuberculose. A imagem acima mostra uma
desce.
escavação (em vermelho) em uma radiografia
típica de tuberculose.
Na tuberculose, a escavação é uma reação
granulomatosa com necrose caseosa por meio
da qual ocorre liquefação do parênquima e
comunicação com a árvore brônquica. Com a
cavitação e o O2 ocorre intensa proliferação
bacilar que vai se comunicar com a árvore
brônquica e se espalha no pulmão.
Abaixo temos outra radiografia de tuberculose. Abaixo vemos a visão lateral.

134 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

© BRONCOGRAMA AÉREO

A presença de broncograma aéreo em nódulo Abaixo temos uma radiografia feita na posição
pulmonar (ou em massa pulmonar) sugere ápico-lordótica que mostrou um nódulo no lobo
malignidade. Essa avaliação só pode ser feita superior direito:
com uma TC.

Abaixo temos um paciente que tem metástase


Broncograma aéreo é a presença de um
e, portanto, múltiplos nódulos, inclusive
brônquio pérvio passando pelo meio de um
nódulos retrocardíacos (seta rosa) e uma massa
parênquima consolidado. Pode ser visto na
branca do lado direito.
imagem acima como essa parte mais preta que
seta rosa aponta. Perceba que está passando
pelo meio do nódulo.

LOCALIZAÇÃO DO NÓDULO:

A localização do nódulo é importante para


verificarmos a prevalência de câncer de pulmão

© 2/3 dos cânceres de pulmão ocorrem


nos lobos superiores
© Lobo superior direito é o mais
acometido Perceba que a maior parte dos nódulos está nos
© 60% dos cânceres de pulmão que se lobos inferiores. Isso acontece porque trata-se
apresentam como nódulo são de uma metástase hematogênica, ou seja,
periféricos chegou ao pulmão pela corrente sanguínea.
© 2/3 das metástases ocorrem nos lobos Como os vasos mais calibrosos estão na base do
inferiores pulmão isso justifica a presença de mais nódulos
© As células tumorais chegam nos nessa região, já que é a região que tem mais
pulmões pela via hematogênica sangue.
© Maior número de vasos
CONDUTA DIANTE DE NÓDULO:
© Locais mais comprometidos na TB
(91%): segmentos apicais e posteriores A conduta diante de um nódulo pulmonar deve
dos lobos superiores e segmentos ser padronizada e seguir guidelines. O mais
superiores dos lobos inferiores utilizado é o Fleischner 2017 Guideline for
© Maior relação ventilação/perfusão e pulmonary nodules.
redução da drenagem linfática apical

135 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Isso significa que o acompanhamento de um Analisando as tabelas acima perceba como o


nódulo deve seguir as recomendações dessa tamanho do nódulo é um fator fundamental e
diretriz. que vai ditar a conduta a ser seguida.
Segundo essa diretriz, apenas pacientes acima O protocolo Lung Rads foi feito pelo Colégio
de 35 anos devem ser acompanhados em caso Americano de Radiologia e ele deve ser usado
de achado de nódulo pulmonar. Isso acontece para rastreio de câncer de pulmão. Esse
porque a incidência de câncer de pulmão em protocolo visa auxiliar nos achados em exames
pacientes jovens é extremamente baixa. Além de triagem de TC de baixa dosagem para câncer
disso, o paciente deve ser não oncológico (já de pulmão e foi criado com o objetivo de
que um achado de um nódulo pulmonar em um padronizar o acompanhamento e as decisões.
paciente que já tem outro câncer vai precisar de
São pacientes que devem entrar nesse
uma intervenção mais agressiva).
protocolo:

© Pacientes de alto risco


© 55-80 anos, assintomáticos
© Tabagismo: 30 maços/ano ou ex-
fumante a menos de 15 anos
© Não portadores de comorbidades

Então, o Fleischner Guideline será utilizado para


o acompanhamento de pacientes com nódulos
e o Lung Rads será utilizado para fazer o rastreio
de câncer de pulmão em paciente de risco e será
feito anualmente.

136 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

MICRONÓDULO: SE LIGA! O padrão miliar são vários


micronódulos. Se você tiver 2 ou mais nódulos
O micronódulo é aquele que mede menos de não vai ser padrão miliar, vai ser nódulos
0,3cm, representa um padrão intersticial e deve múltiplos e o diagnóstico será metástase.
ser estudado por TC.

A TC vai dizer exatamente a localização desses PADRÃO MILIAR


micronódulos, como vemos na imagem acima. É
importante definir a localização porque ela vai
ajudar no diagnóstico diferencial.

PADRÃO MILIAR: METÁSTASE

Esse padrão de múltiplos nódulos é chamado de


O padrão miliar é formado por nódulos miliares balas de canhão e é como se você tivesse uma
(uniformes, randômicos, bilaterais e difusos), embolização tumoral (o tumor sai se
numerosos para contar. A sensibilidade da espalhando pela corrente sanguínea e cresce
radiografia na Tuberculose Pulmonar Miliar é de em novos locais como novos tumores). É um
60-70%. Vemos abaixo um exemplo: processo que não acontece no mesmo
momento, vai acontecendo ao longo do tempo
e por isso você tem tumores de tamanhos
diferentes. Esses tamanhos diferentes também
podem acontecer porque a taxa de crescimento
pode ser diferente entre as lesões.

137 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

MASSA PULMONAR: Na imagem acima, olhando apenas a radiografia


não é possível identificar a localização da massa.
É uma opacidade pulmonar ovalada ou Quando se observa a TC você percebe que é
arredondada bem definida que mede mais de uma massa que está na parede torácica. Se você
3cm. O câncer pulmonar é a principal causa. notar bem a costela foi destruída e a massa está
cheia de ossinhos o que indica que isso é um
tumor primário de costela.
A TC vai permitir que seja feita a caracterização
da massa, avaliar a relação da massa com o
mediastino e vai permitir fazer o estadiamento
da massa.

SE LIGA! Quanto maior o tamanho, maior a


chance de malignidade. Segundo a prof., quase
todas as massas são malignas.
Nem toda massa torácica é pulmonar. Uma
massa torácica pode ser: Na imagem acima podemos caracterizar a
massa como espiculada, no estadiamento
© Pulmonar
vemos que tem metástase na costela e
© Pleural
linfonodos.
© Mediastinal
© Parede torácica: ex. tumor de Na imagem abaixo fica difícil definir se a massa
arco costal é pulmonar ou mediastinal, quem vai fazer isso
é a TC.

SE LIGA! Toda massa torácica deve ser


avaliada através de TC de tórax com
contraste.

Tem um sinal radiológico que ajuda mas é falho:


se massa fizer um ângulo agudo com o
mediastino é mais provável que a massa seja
pulmonar já se fizer um ângulo obtuso tende a
ser mediastinal.
SE LIGA! A massa mediastinal não vai ter
broncograma!

138 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

A massa pulmonar pode ser central ou


periférica.

A massa pode ter uma lesão escavada, como


vemos abaixo

CENTRAL PERIFÉRICA

Abaixo vemos uma massa pulmonar no lobo


inferior

A massa pode ter nível hidro-aéreo:

Muitos tumores começam na região apical,


então é preciso prestar muita atenção
(principalmente quando se tratar de uma lesão
A massa pode ter contorno bem definido ou pequena).
não. Na imagem da esquerda temos uma massa Abaixo temos uma radiografia que tem vários
com contorno bem definido e na imagem da sinais de malignidade.
direita não.

A massa pode ser única ou múltiplas

139 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

O mais interessante é observar que as Abaixo algumas imagens de nódulos difíceis de


estruturas ósseas do lado direito foram visualizar:
destruídas.
São alterações que sugerem malignidade:

© Derrame Pleural
© Atelectasia
© Pneumonia
© Alargamento mediastinal
© Aumento hilar
© Lesão óssea
REPETECO! Toda massa torácica deve ser
avaliada através de TC de tórax com contraste.
Só com a TC podemos identificar que o tumor
abaixo invade a aorta (vermelho), a pulmonar
(azul) e começa a invadir os brônquios
(amarelo).

Uma metástase geralmente vem com nódulos e


massas, como vemos na imagem abaixo:

140 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

MEDIASTINO
(aula ministrada por Dras. Ana Rita Marinho e Nadja Rolim)

INTRODUÇÃO: O mediastino é uma região difícil de ser avaliada


pelo estudo radiológico convencional, uma vez
O mediastino é o espaço na região central do que compreende um grande número de
Tórax, localizado entre os dois pulmões e estruturas de mesma densidade radiológica,
com exceção da traqueia que contém ar.
composto por várias estruturas anatômicas,
tais como: Traqueia, Coração, Esôfago, Timo e
Parte dos sistemas vascular, nervoso e linfático
Assim, o mediastino é composto de todas as
estruturas torácicas exceto pulmões, pleuras e
espaço pleural.
Os limites do mediastino são:

A rotina de investigação diagnóstica foi


completamente modificada com o advento da
TC.
© TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC)
O limite superior é mais ou menos na altura de
T1 e do manúbrio esternal. TC é considerada, atualmente, o exame
obrigatório na avaliação das doenças torácicas,
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM:
permitindo de uma só vez tanto o estudo
parenquimatoso quanto o mediastinal;
© RADIOGRAFIA
A disposição axial dos cortes permite eliminar a
Os Rx atravessam o paciente e são atenuados
principal limitação da RX simples que é a
de acordo com a densidade dos tecidos
superposição de estruturas;
atravessados. Os feixes de Rx ao atravessar o
corpo do paciente sofrem atenuação de Medida de densidade: possibilita saber se a
acordo com a densidade de cada tecido. lesão é líquida ou sólida, orientando o
diagnóstico de forma mais segura;
As calcificações são mais bem avaliadas por essa
técnica.
© ULTRASSONOGRAFIA (USG)

A USG pode ser indicada para o estudo das


lesões de tireoide, como o bócio mergulhante.
- Ultrassonografia transesofágica: utilizada para
estudo do esôfago, coração e pericárdio
© RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RM)

Pode ser utilizada em casos mais complexos,


principalmente quando há lesões cardíacas e
vasculares.

141 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

ANATOMIA DO MEDIASTINO: Para a análise do raio-x, utiliza-se a divisão


anatômica clássica e a melhor incidência é a
A divisão anatômica clássica do mediastino vai lateral.
ter como referência o pericárdio e vai dividi-lo
em:

© Mediastino anterior: tudo o que


estiver na frente do pericárdio, região
retroesternal
© Mediastino posterior: tudo o que
estiver atrás do pericárdio
© Mediastino médio
© Mediastino superior: tudo o que
estiver acima do pericárdio

Existe uma divisão mais recente do mediastino,


Algumas incidências radiográficas adicionais
que surgiu para facilitar os diagnósticos
podem ser solicitadas para melhor avaliação do
diferenciais. Essa divisão mais recente não tem
mediastino, tais como:
como referência o pericárdio mas sim as
vértebras torácicas. © Tórax com esôfago contrastado: usado
para avaliar compressões extrínsecas.
Também guarda íntima relação com o
átrio esquerdo e pode identificar
lifadenomegalias.

142 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Na TC, como vemos abaixo, a parte laranja é o


mediastino superior, a parte verde é o
mediastino médio e a parte azul é o mediastino
inferior.

Todavia, antes de analisar o mediastino é


importante sempre verificar que o exame foi
feito de maneira correta, sobretudo observar
que o exame foi feito:

© Com a inspiração adequada


© Não está rodado
© Se a visão for em AP você deve lembrar
que já será esperado que o exame
mostre as estruturas mais alargadas do
SE LIGA! As patologias estão relacionadas às que realmente estão.
estruturas contidas nos compartimentos.
Abaixo temos uma revisão das estruturas do
raio-x de tórax e destacado em vermelho o
mediastino anterior:

SE LIGA! Não há plano tecidual separando os


compartimentos mediastinais. A divisão é
meramente acadêmica.
Na radiografia lateral, os compartimentos
anterior e médio podem ser separados
desenhando uma linha imaginária anterior à
traqueia e posteriormente à Veia cava inferior.
Os compartimentos médio e posterior podem
ser separados por uma linha imaginária que
passa 1cm posteriormente à borda anterior
dos corpos vertebrais;
No raio-x podemos considerar que há
alargamento mediastinal quando a dimensão
de um lado a outro é superior a 8cm (muitas
vezes não se mede, é visual). Abaixo temos as
causas

143 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

LESÃO PULMONAR x LESÃO MEDIASTINAL:

O primeiro passo para diferenciar uma lesão


pulmonar de uma lesão mediastinal é verificar a
relação da lesão com o pulmão, observando o
ângulo que se forma.

Como vemos na imagem acima, se a lesão formar


um ângulo agudo com o pulmão teremos uma
lesão pulmonar. Por outro lado, se formar um
ângulo obtuso, teremos uma lesão mediastinal.
Vemos isso também nas radiografias abaixo:

144 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

COMO AVALIAR UMA MASSA MEDIASTINAL:

Caso clínico: paciente chega na emergência


referindo desconforto torácico, dispneia, mal-
estar e queixas vagas. O médico solicita rx que
chega com a imagem abaixo:
PULMONAR MEDIASTINAL

Esse sinal tem um alto valor preditivo positivo,


ou seja, quando ele está presente (quando se
consegue delimitar bem o ângulo) é possível
determinar se a lesão é pulmonar ou
mediastinal. Contudo, não é sempre que se
consegue delimitar bem esse ângulo e por isso
na maioria dos casos só a TC poderá determinar
se a lesão é pulmonar ou mediastinal.
Abaixo temos uma massa pulmonar:
Analisando essa radiografia percebe-se que o
paciente tem um alargamento mediastinal não
sendo possível delimitar o que é coração, o que
é massa ou se é só coração.
Quando a dúvida for relativa ao mediastino
anterior e médio o exame seguinte é a TC com
contraste. Já no caso de lesões no mediastino
posterior (que estão junto da coluna e tem
possível etiologia neurogênica) o exame
seguinte mais indicado é a RM.

Agora, supondo que você só tem a radiografia,


como fazer um diagnóstico diferencial? Existem
alguns sinais radiográficos que podem auxiliar o
médico a definir se a lesão está no mediastino
anterior ou no mediastino médio.
© SINAL DA SOBREPOSIÇÃO HILAR

Trata-se de uma opacidade que não tem origem


nas estruturas do hilo pulmonar. A lesão está
projetada no hilo. Preservação dos contornos
dos vasos hilares.

145 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Abaixo temos uma imagem com uma opacidade © SINAL DA BORDA INCOMPLETA
arredondada adjacente ao mediastino e o Nesse sinal, a margem da lesão voltada para o
ângulo superior parece ser obtuso indicando pulmão é bem delimitada e a margem voltada
uma lesão de mediastino. Nesse caso você para parede torácica ou mediastino tem limites
consegue visualizar os contornos dos vasos imprecisos. Quando presente, vai indicar que a
hilares (seta rosa) e isso se chama sinal da opacidade é extrapulmonar, ou seja, é uma
sobreposição hilar, o que significa que essa lesão mediastinal.
lesão ou é anterior ou é posterior ao hilo.

SE LIGA! Se a lesão fosse hilar não seria © SINAL CÉRVICO-TORÁCICO


possível delimitar os vasos. É um sinal relacionado ao alargamento
Abaixo temos mais exemplos do sinal da mediastinal na radiografia em PA, indicando a
sobreposição hilar: presença de uma massa provavelmente do
mediastino anterior.
Se o alargamento mediastinal é mal definido
acima do nível da clavícula, a lesão
provavelmente é do mediastino anterior por ter
contato (sinal da silhueta) com as partes moles
cervicais. Quando a lesão é do mediastino
posterior, em geral, ela tem um limite bem
definido acima do nível da clavícula.
Perceba, na imagem abaixo, que a opacidade
sai do mediastino superior e continua até a
região cervical.

146 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Esse sinal denota que a origem da lesão é na


região cervical. O mais frequente nesses casos
é uma lesão de tireoide, um bócio. Abaixo O desvio da linha de junção anterior também
temos outro exemplo disso ajuda a identificar que a lesão tem origem
cervical, como vemos na imagem abaixo:

O que fazer no diagnóstico diferencial


de uma lesão mediastinal?

A primeira coisa é tentar identificar em qual


compartimento a lesão está se no mediastino
anterior, médio ou posterior.
MEDIASTINO ANTERIOR:
É preciso ter cuidado porque algumas lesões
não respeitam o compartimento, ou seja,
algumas lesões podem comprometer mais de
um compartimento mediastinal. Exemplo:
abscesso, mediastinite necrosante (a presença
de gás indica necrose) ou não, lesões
metastásticas, doença linfoproliferativa.

147 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

São sinais que indicam que a lesão é de


mediastino anterior:

© Desvio da linha de junção anterior


© Obliteração do ângulo cardiofrênico
© Obliteração do espaço retro esternal
(hipertransparente)
© Sinal da sobreposição do hilo
© Apagamento da aorta ascendente
As principais patologias são doenças que
envolvem o Timo, os Linfonodos, a Tireoide e a
Aorta. Além disso, esse é o local mais frequente
de comprometimento por tumores
germinativos e mesenquimais.

A tomografia permite avaliar a atenuação de


cada lesão e isso ajuda no diagnóstico
diferencial.

LESÕES MAIS FREQUENTES NO MEDIASTINO ANTERIOR

148 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Abaixo temos exemplos de bócios tireoidianos:

A imagem acima é um bócio tireoidiano que


desloca a traqueia e está localizado no
mediastino médio!
O sinal de extensão cervical não é específico para
mediastino anterior mas, no caso de um bócio, é
mais frequente que esteja no mediastino anterior
do que no médio.
A TC é o exame mais preciso para avaliar bócio
tireoidiano.

149 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

O diagnóstico para essa lesão heterogênea com


septos no mediastino anterior é tumor de
células germinativas. O tumor de células
germinativas é uma massa cística com septos
localizada no mediastino anterior.
SE LIGA! Você precisa lembrar que apenas
aproximadamente 60% dos tumores de células
germinativas contêm gordura, então deve
perceber que a ausência de gordura NÃO
EXCLUI um tumor de células germinativas do
diagnóstico diferencial.
SE LIGA! Quanto mais componentes sólidos
um tumor de células germinativas tiver, maior
será a probabilidade de o tumor ser maligno.
Os teratomas representam o principal grupo de
tumores germinativos, sendo a maioria de
natureza benigna. Podem ser sintomáticos a
depender do tamanho, isso porque podem
ocasionar a compressão de estruturas vizinhas
MASSAS CÍSTICAS: ou em razão da sua ruptura dentro da árvore
brônquica ou espaço pleural. São caracterizados
As massas totalmente císticas são os chamados como massa heterogênea (tecido adiposo,
cistos tímicos. As massas císticas com parte mole, cisto e osso).
componentes sólidos podem ser linfoma ou
SE LIGA! Um terço dos casos exibe
timoma cístico. Quando as massas císticas
calcificações esparsas, mas raramente podem
contiverem septações que realçam pelo meio
ser observados dentes.
de contraste o médico deve pensar em tumor
de células germinativas.

O timoma cístico é uma massa localizada no


mediastino anterior.
SE LIGA! Quando a massa é cística e tem
componentes de realce sólidos, precisaremos
pensar em linfoma, tumor de células
germinativas ou timoma cístico.
MEDIASTINO MÉDIO:

Relembrando a anatomia radiológica, no raio-


x vemos a sombra do mediastino que é
A seta vermelha da imagem acima aponta um justamente a interface entre as estruturas
tumor, a amarela evidencia a aorta. mediastinais e o pulmão.

150 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

REPETECO! Para uma estrutura ser © Mediastino superior: acima do arco


visualizada na radiografia seus bordos aórtico, linha no plano interespaço
precisam estar em contato com um tecido que T4/T5
apresente densidade diferente.
Como não há barreiras entre os
Como as estruturas mediastinais tem compartimentos mediastinais, as doenças de
densidade de partes moles e o pulmão tem um compartimento podem comprometer
densidade de ar é possível visualizar a outro.
interface.
SE LIGA! Nas grandes massas multicompar-
Na tomografia e na ressonância, em vez de ver timentais pode ser difícil saber o comparti-
a sombra, veremos as estruturas em si. Por mento de origem. Vemos isso na imagem
conta disso, a TC e a RM são os exames de abaixo:
escolha para avaliação do mediastino.
REPETECO! Os limites do mediastino são:

© Superior: abertura torácica superior


© Inferior: diafragma
© Anterior: esterno e parede torácica
anterior
© Posterior: coluna
! O que limita o mediastino látero-lateral são os Massas mediastinais devem ser avaliadas
pulmões. através de TC com contraste. Quando houver
Não há divisões anatômicas, porém, para suspeita de envolvimento da coluna ou do
facilitar o agrupamento das patologias de Sistema Nervoso deve-se solicitar uma RM.
acordo com o local de origem o mediastino
pode ser dividido em:

© Mediastino anterior: fica na frente do


coração
© Mediastino médio: onde está o coração
e os vasos da base
© Mediastino posterior:

Ao observar a imagem acima veja que há uma


opacidade na topografia do ângulo cardio-
frênico direito com densidade de partes moles
e formato arredondado, contornos bem
definifos (margens lisas). No perfil, observe que
a densidade da massa se soma com a densidade
do coração. Portanto, temos uma massa no
mediastino médio que está mais à direita.
O mediastino médio é composto pelo coração e
Alguns outros autores também classificam o pericárdio além de estruturas vasculares,
mediastino em superior. traqueia e brônquios principais, linfonodos,
tecido adiposo e nervos frênico e vago.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Como diferenciar uma massa mediastinal É importante lembrar que sinal não é específico
de uma massa pulmonar? e pode falhar. Isso falha e você precisa pedir a
TC.
Essa diferenciação será necessária nos casos em
que você tem uma grande massa que se projeta SE LIGA! Se tiver broncograma você pode dizer
no pulmão mas que toca no mediastino. Você que é uma massa pulmonar porque uma massa
sempre deverá solicitar uma TC porque quem mediastinal jamais terá broncograma.
vai definir isso é a TC.
REPETECO! Outros sinais que ajudam nessa
Porém, de uma forma propedêutica, é diferenciação:
importante saber reconhecer alguns sinais
© Sinal da Sobreposição Hilar: abaixo
radiológicos que podem ajudar a fazer essa
temos uma opacidade que se projeta na
diferenciação com um rx.
região do hilo direito, radiopaca, com
O primeiro sinal é, como já vimos, o ângulo contornos parcialmente bem definidos
formado com a massa. Quando a massa vem do e sendo possível ver os vasos do hilo.
pulmão e empurra em direção ao mediastino o Como é possível visualizar esses vasos
ângulo entre a massa e o mediastino tende a ser isso significa que a opacidade não está
um ângulo agudo (mais fechado). Já quando a se originando no hilo, ou ela está no
massa vem do mediastino e se projeta no mediastino ou ela é pulmonar. Isso
pulmão esse ângulo tende a ser um ângulo porque se tivéssemos uma massa em
obtuso. contato com as estruturas anatômicas
do hilo não seria possível ver essas
estruturas (esses vasos) porque teriam
a mesma densidade (tanto os vasos
como a massa tem densidade de partes
moles).

Abaixo temos uma opacidade arredondada com


densidade de partes moles, contornos bem
definidos que toca o mediastino formando um
ângulo agudo com ele o que sugere que seja
uma lesão pulmonar mas que só pode ser
confirmado com uma TC e existe também
derrame pleural.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Na imagem acima identificamos o sinal de © Sinal do alargamento mediastinal mal


sobreposição hilar e podemos dizer que a massa definido: o mediastino anterior termina
não é hilar mas é provavelmente mediastinal no nível das clavículas. Se você tem uma
porque ou ela está na frente ou ela está atrás do massa mediastinal você não vai
hilo e o ângulo formado entre a massa e o conseguir ver ela nitidamente no nível
mediastino aparenta ser mais para obtuso. das clavículas como percebemos na
imagem abaixo:

Na imagem acima, com a incidência em PA, você


consegue ver o sinal da sobreposição hilar (seta
rosa) mas fica difícil identificar a localização da
massa. Já no perfil você consegue perceber que
A massa mediastinal pode ser, quanto a sua
a massa está, na verdade, mais para o
borda, completa ou incompleta. Ela será
mediastino anterior (seta amarela). Essa
incompleta quando estiver no mediastino
radiografia não foi bem feita, fizeram com a
anterior e ela será completa quando estiver no
paciente usando sutiã, como vemos marcado
mediastino posterior.
em verde. Isso pode ser prejudicial porque pode
esconder lesões. © Sinal do alargamento mediastinal bem
definido: sua presença indica que a
© Sinal da borda incompleta: a
lesão está no mediastino posterior.
borda vem bem definida e de
Localização posterior e borda superior
repente “some”, fica com
definida.
margem não definida. Esse sinal
indica que a opacidade não é
pulmonar.

MEDIASTINO MÉDIO - LINFONODOMEGALIAS:

As linfonodomegalias são as massas mais


comuns na região do mediastino médio.

153 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

São várias as doenças que cursam com o Na imagem abaixo vemos uma massa vascular,
aumento dos gânglios, como por exemplo: um aneurisma que pega toda a aorta. Para saber
doenças inflamatórias, doença metastática, reconhecer só vendo vários. Perceba que é uma
linfoma, leucemia, doenças granulomatosas. massa lobulada, que faz um “caminho”, é
tubular, etc.
Os gânglios estão situados em vários locais. Na
imagem abaixo vemos a localização dos gânglios
representadas pelas bolinhas brancas com uma
numeração.

SE LIGA! Algumas vezes você pode ter


ateromatose e você pode ter calcificação na
parede do aneurisma.
Abaixo temos mais exemplos de aneurismas de
A imagem abaixo precisaria de TC para ser aorta. O que você precisa prestar atenção é que,
definida. Era um caso de uma massa no nesses casos, você vai perceber o contorno da
mediastino médio composta por linfonodos. aorta (e já sabemos que isso não é normal).

MEDIASTINO MÉDIO – ANEURISMA DE AORTA:

A outra lesão que pode acontecer no


mediastino médio é o aneurisma de aorta. Na
verdade, a aorta permeia em todos os
mediastinos: a aorta ascendente pode crescer
com um aneurisma de mediastino anterior, o
arco aórtico pode dar um aneurisma de
mediastino médio e a aorta descendente pode
dar um aneurisma de mediastino posterior.

154 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SE LIGA! Os aneurismas de aorta são causas MEDIASTINO MÉDIO – ARTÉRIA PULMONAR:


de massas mediastinais.
O aumento da artéria pulmonar também pode
Não é só a aorta que pode ter um aneurisma. ser uma causa de massa no mediastino médio.
Abaixo temos um exemplo de aneurisma no
Na imagem abaixo vemos uma opacidade que
tronco arterial bráquio-cefálico. Se você
representa um aumento de partes moles no
observar na TC abaixo vai ver que a parede está
contorno esquerdo na altura do tronco
calcificada (seta rosa) e há um trombo (seta
pulmonar e do lado direito também vemos que
amarela) na massa.
o calibre da artéria pulmonar não está normal.

Nesse caso vemos um aumento do tronco da


A importância da TC é, também, nessa
pulmonar quanto da artéria pulmonar direita.
identificação de massas mediastinais de origem
vascular. MEDIASTINO MÉDIO – CISTOS:

SE LIGA! Apenas com a TC com contraste é


Alguns cistos, inclusive alguns congênitos, estão
possível identificar exatamente o vaso
na região do mediastino médio. São os
lesionado.
chamados cistos de duplicação, que podem ser:
Se só tivéssemos a radiografia,
© Cisto Broncogênico
poderíamos sugerir em qual mediastino a
lesão se encontra?
© Cisto Esofágico
© Cisto Neuroentérico
Poderíamos sugerir sim, mas, precisamos
lembrar que apenas uma TC com contraste Tem uma localização mais ou menos clássica
poderia dar a certeza da localização dessa que esses cistos aparecem.
massa. Para analisar essa radiografia perceba O cisto broncogênico é uma lesão congênita, um
que a massa desvia a traqueia. Massas que cisto de paredes finas revestido por epitélio
desviam a traqueia geralmente são massas que respiratório, com formato arredondado ou
estão vindo do mediastino anterior ou do ovalado e frequentemente localizado à direita,
mediastino médio porque ela precisaria estar à próximo a carina.
frente ou ao lado para conseguir desviar a
traqueia. Mais uma vez: é importante lembrar
que esse sinal não é específico e pode falhar!
SE LIGA! Uma massa no mediastino posterior
também pode desviar a traqueia a depender
do seu tamanho mas isso é mais raro.

155 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Com o perfil você observa que a lesão está na


topografia do mediastino médio e se projetando
para o mediastino posterior.

Como o cisto pericárdico se apresenta


nos exames radiológicos?

© Radiografia: densidade de partes moles


© USG: anecoico
SE LIGA! Trata-se de uma lesão cística benigna. © TC: densidade de água
© RM: sinal de água
Abaixo temos mais um exemplo de cisto
broncogênico. Abaixo temos mais um exemplo de cisto
pericárdico onde vemos na TC uma massa no
ângulo cardiofrênico direito, de contornos lisos,
sem componente sólido com densidade de
água, sem realce.

MEDIASTINO POSTERIOR:

No mediastino posterior vamos ter:


© Esofâgo: cisto de duplicação
relacionado com esôfago
© Aorta descendente: aneurisma
© Nervos: tumores e mielomeningocele
© Abcesso
© Hematopoese extramedular

O cisto pericárdico é uma lesão congênita


benigna, geralmente assintomática e que
costuma ocupar 75% do ângulo cardiofrênico
direito.
É uma lesão fica contígua com o coração. Vemos
isso na imagem abaixo.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

MEDIASTINO POSTERIOR – TUMOR NEUROGÊNICO: Quando olhamos para traqueia vemos que ela
não está deslocada então ela não pode estar no
O principal tumor do mediastino posterior são
mediastino anterior (porque senão estaria
os tumores neurogênicos, que representam
desviando a traqueia). Portanto, a massa está
90% das massas do mediastino posterior. Esses
no mediastino posterior (como confirmamos
tumores podem se originar:
com a imagem do perfil).
© da Bainha Nervosa: são os schwannoma
e neurofibroma
© do Gânglio Simpático: neuroblastoma,
ganglioneuroma e
ganglioneuroblastoma

Abaixo temos uma radiografia onde vemos que


tem um contorno a mais no coração. Esse
paciente chegou com dispneia, tosse e febre em
plena pandemia de covid...o que você faz?

Nesse caso você pode botar sem medo que a


principal suspeita dessa lesão de mediastino
posterior é tumor neurogênico.
Abaixo mais um exemplo de tumor
neurogênico. Temos uma opacidade
paramediastinal direita, no terço superior do
SE LIGA! Isso não podia ser uma pneumonia hemitórax direito, com contornos parcialmente
porque não pega um lobo todo. A pneumonia bem definidos.
lobar assume a forma de um lobo então essa
imagem acima não pode ser uma pneumonia.
Abaixo temos outro exemplo de tumor
neurogênico onde vemos uma opacidade
paramediastinal direita mais ou menos no terço
superior. É uma massa grande onde se vê o sinal
da silhueta (o contorno do mediastino está
visível). Isso indica que a massa não é vascular
porque, se fosse, o contorno estaria borrado.
Abaixo outro exemplo de tumor neurogênico
Então, ou essa massa está na frente ou está
atrás.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Na radiografia em perfil de uma pessoa normal


MEDIASTINO POSTERIOR – PATOLOGIAS ESOFÁGICAS:
o esôfago não vai aparecer porque ele fica
colabado (sem ar) e junto da traqueia. Nas
imagens acima, na radiografia em PA, vemos um
Vamos aprender as seguintes patologias
duplo contorno na topografia do átrio esquerdo
esofágicas: megaesôfago, cisto de duplicação e
que é o esôfago. O esôgafo está representado
hérnia de hiato.
pelas setas em azul nas imagens acima.
O megaesôfago é quando há uma patologia na
No megaesôfago o esôfago não esvazia, fica
junção esôfago-gástrica que vai dificultar o
cheio de comida.
esvaziamento do esôfago e vai fazer com que o
esôfago cresça.
Abaixo temos a graduação do megaesôfago.

Na imagem abaixo vemos na topografia da Na imagem acima vemos um nível apontado


traqueia uma densidade de gás com a formação pela seta rosa. A presença do nível na linha
de um nível (seta rosa). Isso é o megaesôfago. média indica que o problema não é no coração.
O que ajuda a pensar que realmente trata-se de
um megaesôfago é que olhando mais para cima
você percebe que ele está vindo cheio de gás.

158 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Abaixo temos o perfil

Acima vemos o nível, onde embaixo é comida


(porque o esôfago não esvazia) e em cima é ar.
Então, essa é mais uma forma de apresentação
de um megaesôfago: massa de mediastino
posterior.
Vamos para mais um exemplo de megaesôfago:

MEDIASTINO POSTERIOR – HERNIA DE HIATO:

A Hérnia de Hiato é quando a junção


esofagogástrica não está na posição normal (à
Abaixo temos um cisto de duplicação do nível de diafragma). Algumas vezes a junção
esôfago (estrutura cística congênita). Não sobe e algumas outras vezes a junção até está
poderia ser um cisto pericárdico porque ele no lugar mas o estômago sobe (o que
estava localizado no mediastino posterior. chamamos de hérnia paraesofageana).
É uma opacidade de partes moles, arredondada,
que pode ter nível hidroaéreo e que em 70% dos
casos está localizado do lado esquerdo.

Abaixo temos outro exemplo de cisto de


duplicação do esôfago: Nesse caso a bolha gástrica subiu pelo hiato
esofágico. Essa é uma hérnia por rolamento.
Abaixo temos mais um exemplo:

159 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

MEDIASTINO POSTERIOR – MENINGOCELE LATERAL:

A meningocele lateral é uma lesão congênita


preenchida por líquor e raiz nervosa
(meningomielocele).
SE LIGA! RM é sempre indicada nas lesões
que comprometem a coluna e o Sistema
Nervoso.

MEDIASTINO POSTERIOR – CISTO NEUROENTÉRICO:

O cisto neuroentérico é um cisto com epitélio de


aspecto intestinal. É uma lesão congênita onde
ocorre uma reabsorção completa do canal
neuroentérico. Esse canal é uma estrutura típica
Acima temos uma opacidade paramediastinal
do feto que, no normal, some. Quando ele é
ovalada à esquerda. Observe que o arco aórtico
reabsorvido completamente ele forma uma
está visível...isso acontece porque a lesão é
massa (o cisto) no mediastino posterior.
posterior.
Normalmente está associado com má formação
óssea. MEDIASTINO POSTERIOR – ABSCESSO PARAESPINHAL:

Quando a Tuberculose compromete o disco ela


gera um processo de inflamação no disco e
destrói a vértebra, formando abscessos
paravertebrais. São abscessos frios (não são
formados por pus mas sim por um material
caseoso). É um paciente que tem uma clínica
MEDIASTINO POSTERIOR – ANEURISMA DE AORTA DES: mais indolor e febre baixa. Abaixo vemos os
abscessos representados por essas linhas
Vemos um aneurisma de aorta descendente na paramediastinais (setas pretas).
imagem abaixo: uma opacidade lobulada
paramediastinal à esquerda, com calcificações
na aorta. No perfil você identifica o aneurisma
melhor (seta rosa)

160 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

HIPERTRANSPARÊNCIA PULMONAR
(aula ministrada por Dra. Ana Rita Marinho)

INTRODUÇÃO: O cisto pulmonar é um espaço esférico bem


circundado de parede fina (< 2 mm) que pode
O objetivo dessa aula é trabalhar as causas que conter líquido ou ar e é mais comum no idoso.
levam a redução da densidade na radiografia de Como essa aula é de hipertransparência vamos
Tórax. ver os casos de cistos preenchidos por ar.
A aula será dividida em: SE LIGA! O cisto está no pulmão.
1. Imagens Hipertransparentes: áreas focais
BOLHA E BLEB:
de hipertransparência pulmonar
a. Cisto Pulmonar As bolhas são subpleurais. Abaixo vemos o rx e
b. Bolha e Bleb a tc do mesmo paciente. Vemos uma imagem
c. Pneumatocele hipertransparente de parede bem fininha que
d. Escavação são as bolhas (setas rosas). Esse paciente
2. Causas Bilaterais também tem um pneumotórax (seta amarela),
a. Causas Pulmonares a bolha rompeu e formou o pneumotórax.
b. Causas Extrapulmonares
c. Fatores Técnicos
3. Causas Unilaterais
a. Obstrução da via aérea central
b. Aprisionamento de ar
c. Enfisema lobar congênito
d. Atresia brônquica
e. Causa na parede torácica
A definição de bolha é: espaço cístico subpleural
IMAGENS HIPERTRANSPARENTES: (junto da superfície pleural) que geralmente
está associada com enfisema.
CISTO PULMONAR:
SE LIGA! Se for > 1cm é chamado de bolha e
Se você observar a radiografia abaixo com se for < 1 cm é chamado de bleb.
muito cuidado você vai ver uma imagem
PNEUMATOCELE:
ovalada de paredes relativamente bem
definidas e dentro dela você tem área de A pneumatocele é uma cavidade cística
hipertransparência. Isso é um cisto. preenchida por gás e que é envolvida pelo
parênquima. A pneumatocele pode surgir no
parênquima depois de uma infecção ou após o
trauma. A seta branca na TC é pneumonia.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SE LIGA! A diferença da penumatocele para o Já nessa imagem abaixo temos uma escavação
cisto é que a pneumatocele tem uma parede em um tumor.
mais grossinha do que o cisto.

ESCAVAÇÃO:

A escavação era antes conhecida como


cavitação. A recomendação atual é que se use o
termo escavação.
A escavação é uma área de menor densidade
em um nódulo, massa ou consolidação. Então,
nesse caso você tem uma opacidade e dentro
SE LIGA! A presença de escavação pode
dela tem uma área hipertransparente como
acontecer tanto em lesões benignas quanto em
vemos na imagem abaixo:
lesões malignas.
Agora, visto essa parte inicial, vamos ver as
doenças que levam ao pulmão ficar todo
hipertransparente (preto).

HIPERTRANSPARÊNCIA BILATERAL:

CAUSAS PULMONARES:

As causas pulmonares de hipertransparência


bilateral podem ser de origem:
O diagnóstico diferencial é amplo, podendo ser:
© Vascular
© Infecção © Na via aérea
o Pneumonia Necrozante o Enfisema
o Abscesso o Bronquiectasias
o Êmbolo séptico o Bronquiolites
© Neoplasia com cavitação o Asma
o Câncer de pulmão o Faveolamento
o Metástases
1. ENFISEMA
© Vasculite
© Infarto Pulmonar O tabagismo é o principal fator causal do
enfisema.
Abaixo temos um paciente com tuberculose que
apresenta lesão escavada. No pulmão normal a transparência pulmonar é
dada pelo ar (90% - que deixa mais preto) e
pelos vasos (10% - mais branco). O pulmão
hipertransparente pode ser em decorrência de
se ter menos tecido pulmonar, mais ar ou
menos vasos.
Na fisiopatologia do enfisema:

© Menos tecido pulmonar -> destruição


alveolar

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

© Mais ar -> obstrução das vias Quando há a destruição do parênquima


aéreas pulmonar pelo enfisema, naquele local, terão
© Menos vasos -> vasoconstricção áreas de ar (bem pretas) que não fazem mais
pela hipóxia alveolar troca gasosa e que vão determinar a alteração
da densidade.
Perceba, na radiografia abaixo, como os
pulmões estão bem hipertransparentes Abaixo temos uma radiografia de um paciente
(pretos). com enfisema bem importante:

Existem 3 tipos anatomopatológicos de


enfisema:

© Centrolobular: destruição na porção


centrolobular do lóbulo pulmonar
secundário. É o enfisema do fumante.
© Panlobular: afeta todo o lóbulo
pulmonar secundário
© Paraseptal: adjacente a pleura e fissuras
interlobulares. Também associado ao
fumante. No rx em perfil vemos um tórax em barril
(aumento antero-posterior da caixa torácica) e
no rx em PA vemos um tórax bem alongado. Isso
acontece porque há uma hiperinsuflação do
pulmão. O enfisema vem junto com um
processo obstrutivo de via aérea, é como se o ar
entrasse e não saísse o que faz com que o
SE LIGA! Essa classificação só pode ser feita pulmão fique hiperinsuflado. Com a
com a TC. hiperinsuflação há o aumento do espaço
retroesternal e retrocardíaco (levando ao tórax
A radiografia simples tem baixa sensibilidade e
em barril) e há o rebaixamento das cúpulas
baixa especificidade para detectar um enfisema
diafragmáticas, diafragma retificado (levando
centrolobular. Por isso, uma radiografia normal
ao alongamento em PA).
não exclui a doença. Será necessário uma
Tomografia Computadorizada. Outra coisa que acontece é que as costelas
ficam mais retas, meio horizontalizadas, como
O enfisema centrolobular classicamente
vemos na imagem abaixo:
predomina mais nos ápices pulmonares.

163 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

O principal cuidado é não confundir um


paciente com bolhas enfisematosas com um
pneumotórax. A principal forma de distinguir é
pela morfologia (o pneumotórax não vai ter o
aspecto arredondado da bolha) mas, às vezes, a
dúvida vai permanecer, então, você precisa
solicitar uma TC.
O coração do paciente com enfisema
importante fica alongado (justamente pelo
SE LIGA! Não é sempre que você vai ter todos
diafragma retificado) e menor (correspondendo
os achados (tórax em barril, diafragma
a 30/40% do diafragma). Abaixo temos, a
retificado e costelas horizontalizadas). Quanto
esquerda, um rx normal e, a direita, um rx de
maior o grau mais você vai ter esses achados
paciente com enfisema.
radiológicos.
Abaixo temos uma radiografia que mostra bem
o diafragma retificado. Compare o rx normal
(imagem da esquerda) com o rx da direita.

2. BRONQUIECTASIAS

O termo bronquiectasia significa dilatação


irreversível da via aérea, dos brônquios,
associada com infecção crônica. Isso acontece
SE LIGA! Observe que a linha do diafragma porque a dilatação do brônquio faz com que ele
deixa de ser curva e fica reta. perca o mecanismo ciliar de defesa e aí você
As bolhas enfisematosas aparecem no espaço uma região com maior chance de infecção por
enfisematoso e são maiores que 1cm, possuem repetição. Assim, as bronquiectasias aparecem
paredes finas e geralmente são subpleurais. nos locais que tem infecção por repetição ou
são consequências de uma infecção.
Achados radiológicos da bronquiectasia:

© Brônquios dilatados
© Hiperinsuflação
© Aprisionamento de ar
© Sinal do trilho do trem
© Impactação mucoide
© Sinal do anel de sinete
As principais causas da bronquiectasia são:
SE LIGA! As bolhas acompanham um © Pós infecção
enfisema importante porque nesses casos vai o TB
haver destruição do parênquima formando as o MAC
bolhas. o Aspiração

164 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

o Síndrome Swyer-James
(MacLeod)
© Pós obstrução
o Tumor endobrônquico
o Linfadenomegalia
o Corpo estranho
© Tração
o Dilatação brônquica secundária à
fibrose
© Fibrose Cística
O normal é que artéria e brônquio tenham o
© Asma
mesmo tamanho. Na bronquiectasia o brônquio
Abaixo vemos em rosa os brônquios de paredes está dilatado e, por isso, forma o sinal do anel (o
espessadas, dilatados, mostrando a brônquio dilatado vai estar maior e a artéria vai
bronquiectasia: estar menor, como se fosse um anel solitário).

O sinal do trilho do trem é representado pela


parede do brônquio que está espessada com o
A classificação da bronquiectasia só pode ser gás dentro.
feita por TC.

Quando a bronquiectasia é bilateral precisamos


Abaixo temos uma bronquiectasia com nível pensar em causa congênita (fibrose cística,
hidroaéreo presente. síndrome dos cílios imóveis, imunodeficiência
congênita) ou infecção (aspiração recorrente,
pós viral, aspergilose alérgica broncopulmonar),
além da bronquiectasia por tração.

165 JF
Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Abaixo temos um exemplo de bronquiectasia A partir desse conceito de aprisionamento


bilateral: aéreo é importante ter em mente que algumas
doenças, como a bronquiolite e a asma, vão
espessar e inflamar a parede da via aérea.
A bronquiolite é uma infecção viral dos
brônquios que vai edemaciar a parede do
brônquio fazendo com que o pulmão não
esvazie na expiração. Então, teremos um
pulmão hipertransparente com cúpula
retificada e com aumento do espaço
retroesternal.

Quando a bronquiectasia é unilateral você não


deve pensar em uma doença sistêmica. Você vai
pensar em alguma causa obstrutiva (corpo
estranho, estenose brônquica – atresia, pós
infecção, sarcoidose; tumor endobrônquico
obstrutivo) ou em uma tuberculose primária.

4. ASMA

A asma é uma obstrução reversível, uma


inflamação crônica das vias aéreas. Os achados
radiológicos podem ser:

© Radiografia pode ser normal


© Rx com áreas de Hipertransparência
© Espessamento das paredes brônquicas
3. BRONQUIOLITE © Proeminência hilar transitória
© Aprisionamento aéreo
A bronquiolite vai deixar o pulmão
© Hiperinsuflação
hipertransparente. Antes de falar da
© Atelectasias
bronquiolite vamos falar do conceito de
aprisionamento aéreo. Quando expiramos o Abaixo temos um rx de um paciente com asma.
normal é que o ar dentro do espaço aéreo saia Observe as áreas de hipertransparência (setas
quase todo. Em um mecanismo obstrutivo rosas).
expiratório quando o paciente expira o ar não
sai porque a parede da via aérea vai colabar.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Por causa do aprisionamento aéreo, a criança Abaixo temos uma radiografia de um paciente
que tem asma importante vai ter uma com uma opacidade com contorno bem
radiografia enfisematosa: diafragma retificado, definido o que indica que ela está delimitada
aumento do diâmetro AP, aumento do espaço pela fissura pleural.
retroesternal (vermelho) e alargamento dos
espaços intercostais, como vemos na imagem
abaixo:

Se no pulmão esquerdo só tem 2 lobos, então


teríamos:
A asma pode provocar uma hiperprodução de
muco e esse muco fechar a via aérea. Por isso,
pode acontecer de ter atelectasias na asma.
Na imagem abaixo vemos que se trata de uma
atelectasia porque no perfil demonstra que
houve perda de volume (não podendo,
portanto, ser uma pneumonia).

Vemos que esse não é o tamanho normal do


lobo inferior. Isso indica que houve perda de
volume pulmonar e, por isso, trata-se de uma
atelectasia e não de uma pneumonia.
REPETECO! Topografia normal das lobos
pulmonares:
SE LIGA! Atelectasia na asma pode ocorrer
por impactação mucoide.
A asma pode ter as seguintes complicações:
© Hiperprodução de muco com obstrução
da via aérea
o Atelectasia
o Pneumonia
© Aumento da pressão intratorácica e
ruptura dos alvéolos
o Enfisema intersticial
o Pneumomediastino
o Pneumotórax
o Enfisema subcutâneo

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Abaixo temos uma radiografia que mostra as


complicações advindas do aumento da pressão
intratorácica e ruptura dos alvéolos.

Além disso, observe o aumento do ventrículo


direito e observe que a hipertransparência está
5. FAVEOLAMENTO
mais concentrada na parte superior.
O faveolamento é quando o parênquima
Abaixo temos outro exemplo de hipertensão
pulmonar é destruído e fica com várias
arterial pulmonar:
“casinhas” de cistos. São cistos milimétricos (3-
10 mm) com paredes espessas e em camadas.
Está associado com fibrose e bronquiectasias.
Faveolamento é sinal de fibrose pulmonar, ou
seja, é sinal que o paciente tem uma doença que
destruiu o pulmão e no lugar do parênquima
pulmonar normal tem o faveolamento. É uma
alteração irreversível do pulmão. No rx só se
verá um padrão intersticial.

Abaixo temos o rx de uma criança com atresia


pulmonar doença causada por uma má
formação de artéria pulmonar. Essa má
formação faz com que a artéria seja muito
pequena e praticamente não passe sangue por
ela.
SE LIGA! O diagnostico de faveolamento só
pode ser dado com TC.
6. CAUSA PULMONAR DE ORIGEM VASCULAR

A hipertransparencia por causa vascular ocorre


quando há diminuição do fluxo sanguíneo nos
vasos pulmonares (oligoemia). Abaixo temos AD VD
um exemplo de Hipertensão Arterial Pulmonar
e o que deve chamar sua atenção é o aumento
do tronco pulmonar do lado esquerdo e o
aumento da artéria pulmonar do lado direito.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Observe que o VD está com a ponta para cima, Então, o principal é observar a hipertransparência
o que demonstra que está aumentado e para saber qual o lado está a obstrução. Se você
podemos dizer que o AD está aumentado tiver em dúvida e a criança for maiorzinha você
porque a câmera cardíaca está crescendo para pode pedir um rx em expiração (lembrar que no
o lado direito sem formar duplo contorno. Fora pulmão normal o ar vai sair).
isso, o pulmão está hipertransparente. A
obstrução, nesse caso, está na saída do VD.

FATORES TÉCNICOS:

É preciso ter cuidado com radiografias muito


penetradas que, por fatores técnicos, vão
apresentar um padrão hipertransparente e não
por alguma alteração patológica. É preciso ter
cuidado e solicitar um novo exame.
Identificado o lado, será preciso fazer uma
HIPERTRANSPARÊNCIA UNILATERAL: broncoscopia para retirar o corpo estranho.
Abaixo temos um rx de um paciente com
São causas de hipertransparência unilateral:
Enfisema Lobar Congênito (patologia congênita
© Obstrução de via aérea central: tumor provocada por uma falha na formação do pulmão
endobrônquico no adulto, corpo e o paciente fica com áreas de gás).
estranho
© Aprisionamento de ar por mecanismo
valvular
© Enfisema Lobar Congênito
© Atresia Brônquica
© Causa na parede torácica
Abaixo temos uma radiografia de uma criança
que engoliu um prego, ou seja, tem um corpo
estranho obstruindo a via aérea dela.
Porque isso não podia ser um
pneumotórax?

Porque não tem a linha pleural e porque se vê


vasos, ainda que poucos, na área
hipertransparente (seta rosa).
Abaixo temos um exemplo de atresia brônquica

Perceba que o prego está no brônquio fonte do


lado esquerdo e todo o pulmão esquerdo está
mais hipertransparente do que o direito.
A maioria dos corpos estranhos não são
radiopacos. Criança se engasga muito com
comida e com brinquedo de plástico que não
são radiopacos.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

CAUSAS EXTRAPULMONARES: Revisão:

Abaixo temos um rx com uma hiper-


transparência unilateral do lado esquerdo de
uma paciente que fez mastectomia. Do lado da
mastectomia a radiação vai ser mais penetrada
porque vai ter menos tecido e músculo daquele
lado causando a hipertransparencia. A parede
torácica dessa paciente é mais fina. Na imagem a esquerda temos um paciente com
bolhas e pneumotórax. Na imagem da esquerda
temos um paciente com TB.

Abaixo temos um caso de Síndrome de Poland


onde o paciente tem uma agenesia do músculo
peitoral. É o mesmo “efeito” na parede torácica
da mastectomia e por isso fica
hipertransparente.

A seta branca na vertical aponta para a


bombinha da asma.
Abaixo temos um caso de pneumotórax que
colabou completamente o pulmão direito (seta
branca). Nesse caso a causa da
hipertransparência está no espaço pleural.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SEMIOLOGIA DO RX DE TÓRAX EM NEONATOLOGIA


(aula ministrada por Dr. Luiz Otávio Damázio)

INTRODUÇÃO: PARÂMETROS TÉCNICOS:

Abaixo temos 4 radiografias normais de tórax A radiografia é o “braço direito” do


que demonstram a mudança ao longo da vida, neonatologista. A chapa vai ser posicionada
com o crescimento: para que o exame seja feito na incidência AP e
se utilizará o aparelho portátil. Em razão disso,
a imobilização deve ser adequada, para que não
haja rotação e os fatores de exposição sejam
otimizados.

A imobilização adequada é super importante


A imagem A é de um lactente, no período nessa faixa etária. Nas salas de Raio x existem
neonatal. dispositivos para auxiliar nesse processo e
© Chama atenção no alargamento do reduzir a chance de erro e quando não estiver
mediastinosuperior, decorrente do timo disponível o profissional precisa improvisar.
que ainda está presente. SE LIGA! Faz-se apenas uma incidência,
A imagem B é de uma criança de 7 anos de habitualmente, para evitar a exposição do neo
idade. Observe no rx que: à radiação.
© O timo não é mais identificado e o SE LIGA! O raio central deve ser corretamente
mediastinonão está mais alargado; posicionado.
© Abaulamento na topografia da artéria
pulmonar, representado pela linha
vermelha, isso ocorre pelo metabolismo
mais elevado então a artéria vai receber
mais sangue que ohabitual.
A imagem C é de um adulto jovem, por volta de
20-30 anos. Nessa idade, o rx não possui
nenhuma particularidade, sendo essa a imagem
normal esperada.
A imagem D é de um idoso, por volta de 70-80
anos. Observe no rx que:
© Há o alongamento/dilatação da aorta;
Com relação aos fatores de exposição, você
© Proeminência do ventrículo esquerdo deve observar:
© A chapa não pode estar nem muito
escura e nem muito branca;

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

SE LIGA! Se a chapa estiver muito escura você SE LIGA! A hiperextensão pode alargar ainda
pode perder consolidações e se estiver muito mais o mediastino da criança e induzir ao
clara poderá levar a identificação de diagnóstico de uma falsa cardiomegalia.
consolidações ou atelectasias de forma falsa.
A chapa precisa ser obtida em apneia máxima,
Como saber se os fatores de exposição no momento que está inspirando, com o
foram escolhidos corretamente? pulmão cheio de ar. Isso pode ser comprovado
Observe a coluna vertebral (os primeiros corpos quando há, pelo menos, 8 arcos costais
vertebrais deverão estar por trás do coração) e presentes no rx.
veja se os espaços intervertebrais estão na
região retrocardíaca.
REPETECO! O raio central deve ser
corretamente posicionado. Para isso, ele
precisa estar no nível dos mamilos e é preciso
garantir que o tórax não está girado.
Como saber se o raio central está bem
posicionado?

Você deve observar as estruturas ósseas de um


lado e do outro e identificar se elas estão Na imagem acima percebe-se que o fator de
simétricas. Se estiverem, isso indica que o raio exposição está correto pois é possível identificar
central está bem posicionado. os espaços intervertebrais na coluna. Também
podemos observar que não teve rotação pois há
simetria.

Porém, podemos notar que ela não está


corretamente inspirada porque só aparecem 7
arcos costais posteriores. Além de estar mal
inspirada, os arcos costais anteriores estão
apontando pra cima, o que indica que a chapa
Na imagem acima temos um paciente que está está em hiperextensão, o que alargou o
com a radiografia com raio central bem mediastino.
posicionado. A prova disso é o número 2 que
Então nessa radiografia é possível identificar
mostra a simetria. O número 1 mostra que os
dois erros técnicos : Hiperextensão e Inspiração
espaços intervertebrais estão atrás do coração.
inadequada.
SE LIGA! Um erro muito comum é realizar a
chapa em hiperextensão, pois a criança pode
estar muito agitada.
Para saber se a chapa não está em
hiperextensão você deve observar os arcos
costais anteriores (número 3). Se os arcos
costais anteriores estiverem apontando para
baixo, quer dizer que o paciente está bem
posicionado; mas se estiverem apontando pra
cima, há hiperextensão.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Na imagem acima observamos uma chapa Esse ducto arterioso comunica a aorta
onde é possível identificar os espaços descendente com a artéria pulmonar na vida
intervertebrais por trás do coração, ou seja, o intrauterina, fechando-se após o nascimento,
fator de exposição está correto. Porém, há recebe o nome de Boça Ductal.
assimetria nos arcos costais, que estão bem
Abaixo vemos os centros acessórios de
desalinhados: os do lado direito estão bem
calcificação. No nascimento as epífises ainda
mais alargados do que os do lado esquerdo.
são compostas por cartilagem, então vão se
Isso aconteceu pelo fato da criança ter rodado
calcificando com o tempo (algumas já começam
para um lado, então, não foi adequadamente
a calcificar nesse período e eventualmente vão
imobilizada, o que distorce a anatomia e pode
ser identificadas na radiografia). No úmero, por
sugerir uma falsa doença. Além disso, está mal
exemplo, pode haver essas bolinhas brancas na
inspirada, há pouco pulmão identificado e
epífise umeral, que correspondem aos centros
Hiperextendida, pois os arcos costais
de calcificação.
anteriores estão apontando pra cima.

SEMIOLOGIA RADIOLÓGICA:

Outra característica que vai ser encontrada é a


presença do timo, o qual é um grande órgão
linfoide que ocupa o mediastino anterior, acima
O RN apresenta particularidades, regras
do coração, como vemos na imagem abaixo:
semiológicas que precisam ser observadas,
como, por exemplo, particularidade da
anatomia e da fisiologia que vão afetar a
interpretação das imagens.

Ao longo dos primeiros anos de vida ele involue,


mas, pode também involuir no período
neonatal em situações de estresse, infecção,
Nos primeiros dias de vida essa área ovalada trauma.
indicada pela seta pode ser vista, logo abaixo da
O timo possui tamanho normal de 2 a 3 vezes
topografia da crosta da aorta, que corresponde
um corpo vertebral dorsal e apresenta uma
aoducto arterioso da criança. Isso é visto até 6-
densidade de partes moles.
7 horas de vida.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Eventualmente o timo adquire formatos


peculiares, que não devem ser confundidos
com doenças. Para não confundir devemos
conhecer os seguintes sinais:

© Sinal da Vela de Barco;


© Sinal da Onda;
© Sinal Incisura.

O sinal da onda é representado por ondulações


nas bordas de um timo normal. Quando o timo
ocupa mediastino superior e anterior e na parte
anterior entra em contato com os arcos costais,
O timo possui dois lobos, lobo direito e lobo onde acaba se amoldando a esses arcos, que
esquerdo, que geralmente são simétricos, mas geram as ondulações.
eventualmente um dos lados fica mais SE LIGA! Opacidade de partes moles no local
proeminente. do timo com seus bordos levemente
O formato peculiar mais habitual é uma ondulados, confirma o sinal da onda.
opacidade triangular no mediastino superior,
nesse caso da imagem acima é chamado de
Sinal da Vela do Barco.
Abaixo vemos Outro timo com o Sinal da Vela de
Barco. Esse Sinal da Vela do Barco, lembra
realmente umavela de barco, mas corresponde
a um timo normal

A saliência, reentrância, na transição do timo


com a área cardíaca recebe o nome de Sinal da
Incisura. Nota-se uma incisura, que é uma
saliência, entre o timo e a área cardíaca.
É preciso tomar cuidado porque crianças
comumente possuem muita dobra de pele e
isso pode, eventualmente, simular lesões.
Na imagem abaixo é possível visualizar no
lado esquerdo uma dobra de pele simulando
uma lesão:

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

Esse cateter possui um trajeto inferior/


descendente, faz uma alça para cima e se
localiza a nível da aorta. Ele precisa ser
colocado longe das saídas dos vasos viscerais
principais, pois se a ponta do cateter ficar
próxima da artéria renal, do tronco celíaco, da
artéria mesentérica superior, por exemplo, isso
pode induzir trombose ou isquemia desses
vasos.
Podemos definir que não é uma lesão porque a
linha radiopaca está além do campo pulmonar. SE LIGA! A ponta do cateter deve ficar entre
T6 e T9 ou a nível de L3 ou L4 será aceitável,
Na imagem abaixo é possível identificar outro
pois está longe da emergência dos vasos.
artefato que pode ocorrer, que é essa parte
radiotransparente arredonda na topografia da
radiografia. Isso acontece pelo fato de que
muitos pacientes fazem a radiografia dentro da
incubadora, então, esse artefato é o orifício da
incubadora.

SE LIGA! Nesse local o raio X encontra menos


estruturas parachegar no filme.
Outro ponto importante é lembrar que no
período neonatal é comum realizar radiografias
para verificar o bom posicionamento de tubos e
cateteres.
Um cateter central na artéria umbilical é um
cateter que vai ser inserido via artéria umbilical.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

As costelinhas se articulam com os corpos Na imagem acima vemos um cateter com


vertebrais dorsais, a coluna lombar não se trajeto retilíneo e posicionado em T8.
articula com costelas, então é só observar em
O cateter central através de um acesso venoso
quem é a última costelinha está se
periférico é quando o acesso é feito através de
articulando, para entender a localização. Na
uma veia periférica.
imagem acima o cateter está bem localizado, a
nível de T7. Na imagem abaixo vemos que o cateter vem lá
do braço e o local habitual que deve ficar é a
nível da veia cava superior, a direita da coluna
vertebral, antes de chegar no coração

Na imagem acima Esse cateter entrou mais ou


menos na projeção do umbigo da criança,
desce e depois volta, fazendo umacurva e volta
a subir. Esse cateter está bem posicionado, pois
a ponta está em T8.
O cateter venoso umbilical é mais comum do
que o arterial. Ele é colocado na cicatriz
umbilical, puncionando-se a veia umbilical.
Geralmente possui um trajeto retilíneo, não faz
curvas e nem grandes trajetos inferiores.
Usualmente fica à direita da coluna, pois vai
entrar na veia cava e deve ser posicionado a
nível de T8 e T9, ou seja, na transição da veia
cava inferior com o átrio direito do coração. O tubo traqueal é outro artefato muito usado
em neonatologia.

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Introdução à Radiologia
Juliana Ferraz – 4MA

O tubo é observado na radiografia com duas


linhas radiopacas paralelas. Ele deve ficar
posicionado antes da bifurcação da traqueia,
nos brônquios principais.
SE LIGA! A intubação seletiva (no local
errado, ou seja, no brônquio) pode causar
atelectasia.
Sondas gástricas também são bem utilizadas,
tanto nasogástrica (como nesse caso abaixo)
quanto orogástrica. A sonda consiste em uma
linha única que adentra ou no nariz ou na boca
da criança

Na imagem abaixo há a presença da linha


única. A criança possui um tubo traqueal bem
posicionado e a linha presente representa a
sonda, que termina na projeção da câmara
gástrica.

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