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“E todo aquele retintim de ferramentas, e o martelar da forja, e o coro dos que lá em cima brocavam a rocha
para lançar-lhe fogo, e a surda zoada de longe, que vinha do cortiço, como de uma aldeia alarmada; tudo
dava a ideia de uma atividade feroz, de uma luta de vingança e de ódio.” (Aluísio Azevedo)
Sim, que, à parte o sentido prisco, valia o ileso gume do vocábulo pouco visto e menos ainda ouvido,
raramente usado, melhor fora se jamais usado. Porque, diante de um gravatá, selva molhada em jarro jônico,
dizer-se apenas drimirim ou amormeuzinho é justo; e, ao descobrir, no meio da mata, um angelim que
atira para cima cinquenta metros de tronco e fronde, quem não terá o ímpeto de criar um vocativo absurdo
e bradá-lo – Ó colossalidade! – na direção da altura? (João Guimarães Rosa. Sagarana,
2001)
Nesse fragmento, o narrador explora o potencial da língua para expressar sentimentos, no caso, a admiração
diante da natureza que se contempla. Esse potencial é caracterizado, nos trechos em destaque, pela
A) criação de palavras por meio de prefixos e pelo emprego de frase declarativa.
B) retomada de palavras em desuso e pelo emprego de frase exclamativa.
C) retomada de palavras da botânica e pelo emprego de frase imperativa.
D) criação de palavras por meio de sufixos e pelo emprego de frase exclamativa.
E) criação de palavras de radicais diferentes e pelo emprego de frase declarativa.
03. Uerj 2024) A QUESTÃO REFERE-SE AO ROMANCE O MEU AMIGO PINTOR, DE LYGIA
BOJUNGA
(Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2015).
até o cochicho dele é um cochichão que a gente ouve lá da esquina. E então ele foi
cochichãozando que o meu Amigo tinha ficado marcado (p. 29)
Uma das características da escrita de Lygia Bojunga é a criação de palavras, como as sublinhadas acima.
No trecho, o segmento adicionado à palavra cochichão para formar cochichãozando indica noção de:
A) modo B) processo C) finalidade D) intensidade
04. (Enem)
― Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite em garrafa, na leiteria da
esquina? [...]
Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando
isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite — leite em pacote, imagina, Tereza! — na porta dos
fundos e estava escrito que é pasterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela
embromatologia, foi enriquecido e o escambau.
Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite é outra coisa: “Líquido branco, contendo água,
proteína, açúcar e sais minerais”. Um alimento pra ninguém botar defeito. O ser humano o usa há mais de
5.000 anos. É o único alimento só alimento. A carne serve pro animal andar, a fruta serve pra fazer outra
fruta, o ovo serve pra fazer outra galinha [...]. O leite é só leite. Ou toma ou bota fora.
Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem
serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse negócio.
Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas, como não gostam? Não
gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!
FERNANDES, Millôr. O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1999.
05. (Enem)
Carnavália
Repique tocou
O surdo escutou
E o meu corasamborim
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim?
[...]ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento).
No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção de coração + samba + tamborim, refere-se,
ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se
encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão.
B) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.
C) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar
em uma comunidade mais ampla.
TEXTO I
Um ato de criatividade pode contudo gerar um modelo produtivo. Foi o que ocorreu com a palavra
sambódromo, criativamente formada com a terminação -(ó)dromo (= corrida), que figura em hipódromo,
autódromo, cartódromo, formas que designam itens culturais da alta burguesia. Não demoraram a circular,
a partir de então, formas populares como rangódromo, beijódromo, camelódromo.
AZEREDO, J.C. Gramática Houaiss da língua portuguesa.SP: Publifolha, 2008.
TEXTO II
Existe coisa mais descabida do que chamar de sambódromo uma passarela para desfile de escolas de
samba? Em grego, -dromo quer dizer “ação de correr, lugar de corrida”, daí as palavras autódromo e
hipódromo. É certo que, às vezes, durante o desfile, a escola se atrasa e é obrigada a correr para não perder
pontos, mas não se desloca com a velocidade de um cavalo ou de um carro de Fórmula 1. GULLAR, F.
Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 03 ago. 2012.
Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. Embora o Texto II apresente um julgamento de valor
sobre a formação da palavra sambódromo, o processo de formação dessa palavra reflete
07. (Enem)
Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre o uso de termos estrangeiros no Brasil] para que palavras
como shopping center, delivery e drive-through sejam proibidas em nomes de estabelecimentos e marcas.
Engajado nessa valorosa luta contra o inimigo ianque, que quer fazer área de livre comércio com nosso
inculto e belo idioma, venho sugerir algumas outras medidas que serão de extrema importância para a
preservação da soberania nacional, a saber:
……..
Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer “Tu vai” em espaços públicos do território nacional;
Nenhum cidadão paulista poderá dizer “Eu lhe amo” e retirar ou acrescentar o plural em sentenças como
“Me vê um chopps e dois pastel”;
……….
Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz com a palavra “borraxaria” e nenhum dono de banca
de jornal anunciará “Vende-se cigarros”;
……….
Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a utilizar colocações pronominais como “casar-me-ei” ou
“ver-se-ão”.
(PIZA, Daniel. Uma proposta imodesta. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 8/04/2001.)
No texto acima, o autor:
A) mostra-se favorável ao teor da proposta por entender que a língua portuguesa deve ser protegida
contra deturpações de uso.
B) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam determinados usos regionais e socioculturais da
língua.
C) denuncia o desconhecimento de regras elementares de concordância verbal e nominal pelo falante
brasileiro.
D) revela-se preconceituoso em relação a certos registros linguísticos ao propor medidas que os
controlem.
E) defende o ensino rigoroso da gramática para que todos aprendam a empregar corretamente os
pronomes.
08. (Fuvest)
conseguem ganhar por mês, em média, R$ 600,00 – salário inicial de uma professora de escola
pública em São Paulo. O negócio prosperou porque está em Curitiba, cidade conhecida dentro e fora do
país pelo
Quando se lê esta notícia, nota-se que seu título tem duplo sentido.
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b) Crie para a notícia um título que lhe seja adequado e apresente duplo sentido.
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09. (Fuvest)
A gente via Brejeirinha: primeiro, os cabelos, compridos, lisos, louro-cobre; e, no meio deles, coisicas
diminutas: a carinha não-comprida, o perfilzinho agudo, um narizinho que-carícia. Aos tantos, não parava,
andorinhava, espiava agora – o xixixi e o empapar-se da paisagem – as pestanas tiltil. Porém, disse-se-dizia
ela, pouco se vê, pelos entrefios: – “Tanto chove, que me gela” (Guimarães Rosa, “Partida do audaz
navegante”, Primeiras estórias)
a) Os diminutivos com que o narrador caracteriza a personagem traduzem também sua atitude em relação
a ela. Identifique essa atitude, explicando-a brevemente.
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b) “Andorinhava” é palavra criada por Guimarães Rosa. Explique o processo de formação dessa palavra.
Indique resumidamente o sentido dessa palavra no texto.
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10. (FUVEST) Observe este anúncio, com foto que retrata um depósito de lixo.
11. Fuvest
Deliverando
Muita gente parece achar que a última flor do Lácio, além de inculta e apesar de bela, como Bilac a
descreveu, é pobre demais: precisa de injeções frequentes de outros idiomas, de preferência o inglês.
São aqueles que nunca estacionam seus carros: parqueiam-nos. Suas amadas jamais têm encantos:
são cheias de glamour. Emoções são trips, e o pessoal fica down em vez de deprimido, o que não é nada
o.k. Uma turma, sem dúvida, muito over.
E quem entende a nossa importação dos billboards americanos (anúncios em grandes cartazes ao
ar livre), batizando-os de outdoors?
Combater as importações bobocas ou simplesmente desnecessárias não é simples. Existem as
necessárias. Nenhum vocabulário é imutável, fechado. Toda sociedade absorve experiências e criações de
outros povos, e nem sempre dispõe de expressões que definam as novidades necessárias. Muitas vezes, é
preciso adotar simultaneamente o termo e a atividade ou a coisa.
Não há nada errado em surfar e andar de skate – este, mesmo sem ter virado esqueite,
diferentemente do esqui. Ou comer uma pizza, tomar um sakê. E seria insensato rejeitar o bar dos ingleses
ou a sauna dos finlandeses (embora tenhamos tomado a liberdade de chamar de sauna também o banho
turco).
Enfim, é tão importante zelar pelo nosso vocabulário como não rejeitar aquisições indispensáveis ou
obviamente convenientes.
A importação de palavras é indispensável quando trazemos para o dia a dia algo de novo. Quando
o futebol veio da Inglaterra, trouxe na bagagem o córner, o gol, o pênalti, o chute. O zagueiro fomos buscar,
sabe-se lá por que, da Espanha.(...) A regra deveria ser óbvia: importar o indispensável, por sê-lo. E evitar
o absurdo de usar expressões estrangeiras gratuitamente. Há óbvia diferença entre aceitar um termo sem
equivalente nacional e trazer outro, que tem apenas o suposto encanto (não o charme, claro) de tornar a
comunicação mais sofisticada ou elegante.
Ressuscito este arrazoado provocado por praga recente: o Rio (ou o Brasil inteiro, sei lá) está cheio
de estabelecimentos que entregam compras em domicílio apregoando em cartazes que fazem a tal delivery.
São fornecedores de pizzas, sanduíches e outras comidinhas (para os que não sabem o que seja uma
comidinha, informo, resignado: é o que vocês chamam de fast food).
Será possível que esses comerciantes estão convencidos de que o serviço anunciado em inglês
torna-se mais confiável? O alimento delivered chega mais depressa e mais quentinho? Não acredito. Deve
ser besteira mesmo, exemplo triste de uma mentalidade colonizada, dos dois lados do balcão.
(GARCIA, Luiz. O Globo)
O texto revela a postura do cronista diante do uso indiscriminado de estrangeirismos em nosso
vocabulário.
II. Em tom de humor, o cronista aponta algumas possíveis justificativas para essa opção por termos
estrangeiros. Cite duas delas.
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III. Explique, considerando a abordagem do texto, o significado da passagem final da crônica “exemplo
triste de uma mentalidade colonizada, dos dois lados do balcão”.
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12. Unicamp
Inspire
saúde!
Sem fumar,
respire
aliviado!
No interior do Jornal, a matéria começa da seguinte forma: “Desperte o não fumante que há em você!”,
seguida logo adiante de O fumante passivo – aquele que não fuma, mas frequenta ambientes poluídos pela
fumaça do cigarro – também tem sua saúde prejudicada.
(Jornal da Cassi – Publicação da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, ano IX, n. 40, junho/julho de 2004).
II. Apresente dois sentidos de ‘aliviado’ em ‘respire aliviado!’. Justifique sua resposta
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13. Fuvest
“As pessoas ficam zoando, falando que a gente não conseguiria entrar em mais nada, por isso vamos prestar
Letras”, diz a candidata ao vestibular. Entre os motivos que a ligaram à carreira estão o gosto por literatura
e inglês, que estuda há oito anos. (Adaptado da Folha de S. Paulo, 22/10/00)
I. As aspas assinalam, no texto acima, a fala de uma pessoa entrevistada pelo jornal. Identifique duas marcas
de coloquialidade presentes nessa fala.
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II. No trecho que não está entre aspas ocorre um desvio em relação à norma culta. Reescreva o trecho,
fazendo a correção necessária
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