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Exercícios com Gabarito de Português
3) (Covest-1997) Quanto à formação de palavras:
Morfologia - Formação de Palavras Assinale V ou F.
( ) Preconceito é formação prefixal.
1) (Cesgranrio-1995) Os vocábulos "aprimorar" e ( ) Pluralismo e fragilidade são formações sufixais.
"encerrar" classificam-se, quanto ao processo de formação ( ) Incontroverso, individual e interna são formadas com
de palavras, respectivamente, em: o prefixo latino in , com sentido de negação.
a) parassíntese / prefixação. ( ) Ampliação, repetência, preparação e cidadania são
b) parassíntese / parassíntese. substantivos formados a partir de formas verbais.
c) prefixação / parassíntese. ( ) Em fragilizar, modernizar e democratizar o sufixo " izar"
d) sufixação / prefixação e sufixação. forma verbos a partir de adjetivos.
e) prefixação e sufixação / prefixação.
4) (Faap-1996) IMÓVEL (in + móvel), processo de formação
2) (Cesgranrio-1994) 1 A fisionomia da sociedade de palavra a que chamamos:
brasileira neste final de século está irreconhecível. A a) composição por aglutinação.
violência e a crueldade viraram fenômenos de massa. b) composição por justaposição.
Antes, e até há não muito tempo, elas apareciam como c) derivação prefixal.
sintoma de patologias individuais. Os "monstros" - um d) derivação sufixial.
estuprador e assassino de crianças, uma mulher que e) parassintetismo.
esquartejou o amante - eram motivo de pasmo e horror
para uma comunidade onde a violência ficava confinada a 5) (Faap-1997) Foram-se embora. EMBORA (em + boa +
um escaninho de modestas proporções. Hoje, é uma hora) - processo de formação de palavras:
guerrilha e faz parte do nosso cotidiano. a) composição por justaposição.
2 Em pouco tempo a imagem do Brasil, para uso b) composição por aglutinação.
externo e sobretudo para si mesmo, ficou marcada pela c) derivação prefixial.
reiteração rotineira da crueldade. A onda não é o simples d) derivação sufixial.
homicídio, é o massacre. E, para não ficarmos no e) parassintetismo.
saudosismo dos anos dourados, ressurge uma forma de
massacre que tem raízes históricas profundas: o genocídio, 6) (Faap-1997) Ao crítico deu ele o RONROM.
essa mancha na formação de uma nacionalidade O processo pela qual se formou a palavra grifada:
argamassada pelo sangue de índios e negros. a) derivação prefixial.
3 Os episódios brutais estão aí. (...) b) derivação parassintética.
4 A violência costuma ser associada à urbanização c) regressiva.
maciça, que gera miséria, desordem e conflitos. d) composição por aglutinação.
5 Não vamos procurar desculpa invocando símiles e) onomatopéia.
de outros países - no Peru, na Bósnia ou onde quer que
seja. Estamos dizendo "adeus" ao mito da cordialidade 7) (FEI-1997) Assinale a alternativa em que NEM TODAS as
brasileira, da "índole pacífica do nosso povo". Estamos palavras apresentem sufixo de grau diminutivo:
transformados - irreconhecíveis. Convertida em face do a) poemeto, maleta.
monstro, desfigurou-se a nossa fisionomia de povo b) rapazola, bandeirola.
folgazão, inzoneiro, que tem como símbolos o carnaval, o c) viela, ruela.
samba e o futebol. (...) d) lugarejo, vilarejo.
6 A miséria e a fome do povo são um caldo de e) menininho, carinho.
cultura a favorecer a disseminação da violência, que se
torna balcão de comércio nas mãos de empresários 8) (FGV-2002) O rápido e grande avanço observado no
inescrupulosos. ambiente da produção, por meio do surgimento de novas
Moacir estratégias de manufatura, impôs mudanças profundas na
Werneck de Castro.Jornal do Brasil, 28/08/93, p. 11. forma de produzir. Uma das técnicas mais atingidas por
essas mudanças é a que se refere ao gerenciamento de
No texto, encontram-se os vocábulos "PATOlogias " (1º custos.
parágrafo) e "GENOcídio" (2° parágrafo) cujos radicais Até os anos 70, as despesas diretas de mão-de-obra e
estão escritos em maiúsculo, significam, respectivamente: material respondiam pela quase totalidade dos custos
a) doença - raça. totais. Despesas indiretas, como qualidade, controle de
b) semelhança - matança. produção, compras etc., representavam uma pequena
c) estudo - multidão. proporção desses custos. Em decorrência, os métodos
d) raça - mulher. tradicionais de alocação das despesas indiretas
e) cura - joelho. recomendavam, por uma questão de simplificação,

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meramente ratear tais despesas, com base em critérios Comparece a ovelha. Fala. Defende-se de forma cabal, com
pouco complexos. razões muito irmãs das do cordeirinho que o lobo em
Entretanto, a estrutura de custos dos produtos vem tempos comeu.
alterando-se muito nos últimos tempos. Antes, as despesas Mas o júri, composto de carnívoros gulosos, não quis saber
indiretas representavam apenas algo em torno de 5% dos de nada e deu a sentença:
custos; hoje, já alcançam valores médios superiores a 35%, - Ou entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte!
havendo casos de empresas em que elas podem atingir A ré tremeu: não havia escapatória!... Osso não tinha e não
70%. podia, portanto, restituir; mas tinha vida e ia entregá-la em
Por outro lado, no passado, os custos de medição das pagamento do que não furtara.
despesas eram elevados, e a diversificação dos produtos, Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, espostejou-a,
pequena. Hoje, com o avanço tecnológico, os custos de reservou para si um quarto e dividiu o restante com os
medição estão menores e permitem apuração mais juízes famintos, a título de custas…
precisa. Nos tempos atuais, também a diversidade de (Monteiro Lobato. Fábulas e Histórias Diversas)
produtos e serviços vem crescendo devido à tendência de
se procurar atingir uma operação que atenda aos clientes O adjetivo referente ao substantivo Espanha assume, por
com produtos e serviços personalizados. Essas vezes, forma latina que pode ser notada em sua grafia. No
considerações permitem afirmar que o sistema tradicional texto lido, ocorre fenômeno semelhante com uma palavra.
de levantamento de custos tornou-se inadequado. Identifique-a e explique esse fenômeno.
(Adaptado de COGAN, Samuel. São Paulo: RAE - Revista de
Administração de Empresas, volume 39, número 2, abril-
junho de 1999, p. 47) 11) (FGV-2002) Um cachorro de maus bofes acusou uma
pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso.
Na relação entre verbos e substantivos, é comum que, a - Para que furtaria eu esse osso - ela - se sou herbívora e
partir dos primeiros, formem-se os segundos, com a um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de pau?
introdução de sufixos. Isso acontece, por exemplo, entre - Não quero saber de nada. Você furtou o osso e vou levá-
balancear e balanceamento, curtir e curtição. Não la aos tribunais.
obstante, entre manufaturar e manufatura (segunda linha E assim fez.
do texto), o processo é diferente. Queixou-se ao gavião-de-penacho e pediu-lhe justiça. O
Encontre no texto outro substantivo cuja formação seja gavião reuniu o tribunal para julgar a causa, sorteando
semelhante à de manufatura. para isso doze urubus de papo vazio.
a) Estratégias. Comparece a ovelha. Fala. Defende-se de forma cabal, com
b) Totalidade. razões muito irmãs das do cordeirinho que o lobo em
c) Mudanças. tempos comeu.
d) Avanço. Mas o júri, composto de carnívoros gulosos, não quis saber
e) Despesa. de nada e deu a sentença:
- Ou entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte!
9) (FGV-2002) Cada uma das palavras a seguir apresenta A ré tremeu: não havia escapatória!... Osso não tinha e não
separação silábica em um ponto. Assinale a alternativa em podia, portanto, restituir; mas tinha vida e ia entregá-la em
que não haja erro de separação. pagamento do que não furtara.
a) Transatlân-tico, in-terestadual, refei-tório, inex-cedível Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, espostejou-a,
b) Trans-atlântico, o-pinião, inter-estadual, refeitó-rio reservou para si um quarto e dividiu o restante com os
c) Trans-atlântico, opi-nião, interestadu-al, in-excedível juízes famintos, a título de custas…
d) Transa-tlântico, opini-ão, interestadu-al, in-excedível (Monteiro Lobato. Fábulas e Histórias Diversas)
e) Transatlânti-co, inter-estadual, re-feitório, inexce-dível
O que significa, no texto, a forma verbal espostejou?
Explique o processo de formação desse verbo.
10) (FGV-2002) Um cachorro de maus bofes acusou uma
pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso.
- Para que furtaria eu esse osso - ela - se sou herbívora e
um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de pau?
- Não quero saber de nada. Você furtou o osso e vou levá- 12) (FGV-2001) Assinale a alternativa em que se observe o
la aos tribunais. mesmo processo de formação de palavras que ocorre em
E assim fez. empobrecer.
Queixou-se ao gavião-de-penacho e pediu-lhe justiça. O a) Apogeu.
gavião reuniu o tribunal para julgar a causa, sorteando b) Apelar.
para isso doze urubus de papo vazio. c) Circular.
d) Crucifixo.

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e) Apedrejar. c) que o outro se expresse.
d) nos desviamos das áreas de atrito.
13) (FGV-2003) Leia o fragmento abaixo, do conto A e) abdicação do diálogo.
cartomante de Machado de Assis. Depois, responda às
perguntas. 16) (Fuvest-2001) Só os roçados da morte
“Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita compensam aqui cultivar,
estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas e cultivá-los é fácil:
via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às simples questão de plantar;
cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia não se precisa de limpa,
deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na de adubar nem de regar;
antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma as estiagens e as pragas
comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das fazem-nos mais prosperar;
Mangueiras na direção de Botafogo, onde residia; Camilo e dão lucro imediato;
desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a nem é preciso esperar
casa da cartomante.” pela colheita: recebe-se
Qual é o significado de comprovinciana no texto? Explique, na hora mesma de semear.
da perspectiva etimológica, como se pode chegar à (João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina)
conclusão de que o sentido é esse.
O mesmo processo de formação da palavra sublinhada em
14) (FGV-2004) Assinale a alternativa em que sejam usados “não se precisa de limpa” ocorre em:
radicais ou prefixos - gregos ou latinos - correspondentes, a) “no mesmo ventre crescido”.
respectivamente, aos seguintes sentidos: b) “iguais em tudo e na sina”.
dentro, duplicidade, em torno de, contra, metade, c) “jamais o cruzei a nado”.
movimento para dentro, flor, livro, vida. d)“na minha longa descida”.
e)“todo o velho contagia”.
a) Endoscópio, anfíbio, circunlóquio, antibiótico, hemiciclo,
introspecção, antologia, bibliografia, biografia. 17) (Fuvest-2001) A gente via Brejeirinha: primeiro, os
b) Intramuscular,anfibologia, circunavegação, contraprova, cabelos, compridos, lisos, louro-cobre; e, no meio deles,
semicírculo, internato, filósofo, biblioteca, biosfera. coisicas diminutas: a carinha não-comprida, o perfilzinho
c) Endoscópio, cosmopolita, circundar, antihigiênico, agudo, um narizinho que-carícia. Aos tantos, não parava,
semidespido, introspecção, antologia, bibliografia, andorinhava, espiava agora - o xixixi e o empapar-se da
biografia. paisagem - as pestanas til-til. Porém, disse-se-dizia ela,
d) Interface, ambidestro, circundar, antônimo, semiólogo, pouco se vê, pelos entrefios: - “Tanto chove, que me gela!”
anteparo, biblioteca, biografia. (Guimarães Rosa, “Partida do audaz navegante”, Primeiras
e) Endoscópio, ambivalente, circunavegar, antepasto, estórias)
seminal, introspecção, antologia, bibliografia, biografia. a) Os diminutivos com que o narrador caracteriza a
personagem traduzem também sua atitude em
15) (Fuvest-2002) A característica da relação do adulto relação a ela. Identifique essa atitude, explicando-a
com o velho é a falta de reciprocidade que se pode brevemente.
traduzir numa tolerância sem o calor da sinceridade.Não se b) “Andorinhava” é palavra criada por Guimarães Rosa.
discute com o velho, não se confrontam opiniões com as Explique o processo de formação dessa palavra. Indique
dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que só resumidamente o sentido dessa palavra no texto.
se permite aos amigos: a alteridade, a contradição, o
afrontamento e mesmo o conflito. Quantas relações 18) (Fuvest-2002) E não há melhor resposta
humanas são pobres e banais porque deixamos que o que o espetáculo da vida:
outro se expresse de modo repetitivo e porque nos vê-la desfiar seu fio,
desviamos das áreas de atrito, dos pontos vitais, de tudo o que também se chama vida,
que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a ver a fábrica que ela mesma,
dor! Se a tolerância com os velhos é entendida assim, teimosamente, se fabrica,
como uma abdicação do diálogo, melhor seria dar-lhe o vê-la brotar como há pouco
nome de banimento ou discriminação. em nova vida explodida;
(Ecléa Bosi, Memória e sociedade - Lembranças de velhos) mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
O termo alteridade liga-se, pelo radical e pelo sentido, a mesmo quando é uma explosão
uma palavra que aparece no trecho: como a de há pouco, franzina;
a) falta de reciprocidade. mesmo quando é a explosão
b) não se confrontam opiniões. de uma vida severina.

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(João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina) O prefixo assinalado em “tresvariando” traduz idéia de
a) substituição.
a) A fim de obter um efeito expressivo, o poeta utiliza, em b) contigüidade.
a fábrica e se fabrica, um substantivo e um verbo que têm c) privação.
o mesmo radical. d) inferioridade.
Cite da estrofe outro exemplo desse mesmo recurso e) intensidade.
expressivo.
b) A expressividade dos seis últimos versos decorre, em 22) (Fuvest-1997) Os atuais simuladores de vôo militares
parte, do jogo de oposições entre palavras. estão em condições não apenas de exibir uma imagem
Cite desse trecho um exemplo em que a oposição entre as "realista" da paisagem sobrevoada, mas também de
palavras seja de natureza semântica. confrontá-la com a ...... obtida dos radares.

19) (Fuvest-2000) A explosão dos computadores pessoais, O termo que preenche adequadamente a lacuna no texto
as “infovias”, as grandes redes - a Internet e a World Wide é
Web - atropelaram o mundo. Tornaram as leis antiquadas, a) iconologia.
reformularam a economia, reordenaram prioridades, b) iconoclastia.
redefiniram os locais de trabalho, desafiaram c) iconografia.
constituições, mudaram o conceito de realidade e d) iconofilia.
obrigaram as pessoas a ficar sentadas, durante longos e) iconolatria.
períodos de tempo, diante de telas de computadores,
enquanto o CD-Rom trabalha. Não há dúvida de que
vivemos a revolução da informação e, diz o professor do 23) (Fuvest-1997) "O diminutivo é uma maneira ao mesmo
MIT, Nicholas Negroponte, revoluções não são sutis. tempo afetuosa e precavida de usar a linguagem. Afetuosa
(Jornal do Brasil, 13/02/96) porque geralmente o usamos para designar o que é
agradável, aquelas coisas tão afáveis que se deixam
As aspas foram usadas em “infovias” pela mesma razão diminuir sem perder o sentido. E precavida porque
por que foram usadas em: também o usamos para desarmar certas palavras que, por
a) Mesmo quando a punição foi confirmada, o “Alemão”, sua forma original, são ameaçadoras demais."
seu apelido no Grêmio, não esmoreceu. [Luís Fernando Veríssimo, Diminutivos]
b) ... fica fácil entender por que há cada vez mais pessoas
preconizando a “fujimorização” do Brasil. A alternativa inteiramente de acordo com a definição do
c) o Paralamas, que normalmente sai “carregado” de autor sobre diminutivos é:
prêmios, só venceu em edição. a) O iogurtinho que vale por um bifinho.
d) A renda média “per capita” da América latina baixou b) Ser brotinho é sorrir dos homens e rir
para 25% em 1995. interminavelmente das mulheres.
e) A torcida gritava “olé” a cada toque de seus jogadores. c) Gosto muito de te ver, Leãozinho.
d) Essa menininha é terrível!
20) (Fuvest-2000) Um dos recursos expressivos de e) Vamos bater um papinho.
Guimarães Rosa consiste em deslocar palavras da classe
gramatical a que elas pertencem. 24) (Fuvest-1998) O valor semântico de des- NÃO coincide
Destas frases de “Sorôco, sua mãe, sua filha”, a única em com o do par centralização/descentralização apenas em:
que isso NÃO ocorre é: a) Despregar o prego foi mais difícil do que pregá-lo.
a) “... os mais detrás quase que corriam. Foi o de não sair b) "Belo, belo, que vou para o Céu..." - e se soltou, para
mais da memória”. voar: descaiu foi lá de riba, no chão muito se machucou.
b) “... não queria dar-se em espetáculo, mas representava c) Enquanto isso ele ficava ali em Casa, em certo repouso,
de outroras grandezas”. até a saúde de tudo se desameaçar.
c) “... mas depois puxando pela voz ela pegou a cantar”. d) A despoluição do rio Tietê é um repto urgente aos
d) “... sem jurisprudência, de motivo nem lugar, nenhum, políticos e à população de São Paulo.
mas pelo antes, pelo depois”. e) O governo de Israel decidiu desbloquear metade da
e) “... ela batia com a cabeça, nos docementes”. renda de arrecadação fiscal que Israel devia à Autoridade
Nacional Palestina.
21) (Fuvest-2000) Sinha Vitória falou assim, mas Fabiano
resmungou, franziu a testa, achando a frase extravagante. 25) (Fuvest-2003) Eu te amo
Aves matarem bois e cabras, que lembrança! Olhou a Ah, se já perdemos a noção da hora,
mulher, desconfiado, julgou que ela estivesse tresvariando. Se juntos já jogamos tudo fora,
(Graciliano Ramos, Vidas secas) Me conta agora como hei de partir...

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Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios, b) daquele arranjei-me.
Rompi com o mundo, queimei meus navios, c) dar acordo da vida.
Me diz pra onde é que inda posso ir... d) nem tampouco o motivo.
(...) e) por inaudito milagre.
Se entornaste a nossa sorte pelo chão,
Se na bagunça do teu coração 27) (Fuvest-2005) Sobre o emprego do gerúndio em frases
Meu sangue errou de veia e se perdeu... como “Nós vamos estar analisando os seus dados e vamos
(...) estar dando um retorno assim que possível”, um jornalista
Como, se nos amamos como dois pagãos, escreveu uma crônica intitulada “Em 2004, gerundismo
Teus seios inda estão nas minhas mãos, zero!”, da qual extraímos o seguinte trecho:
Me explica com que cara eu vou sair... Quando a teleatendente diz: “O senhor pode estar
aguardando na linha, que eu vou estar transferindo a sua
Não, acho que estás só fazendo de conta, ligação”, ela pensa que está falando bonito. Por sinal, ela
Te dei meus olhos pra tomares conta, não entende por que “eu vou estar transferindo” é errado
Agora conta como hei de partir... e “ela está falando bonito” é certo.
(Tom Jobim - Chico Buarque)
a) Você concorda com a afirmação do jornalista sobre o
O prefixo assinalado em “desvario” expressa que é certo e o que é errado no emprego do gerúndio?
a) negação. Justifique sucintamente sua resposta.
b) cessação. b) Identifique qual de seus vários sentidos assume o sufixo
c) ação contrária. empregado na formação da palavra “gerundismo”. Cite
d) separação. outra palavra em que se utiliza o mesmo sufixo com esse
e) intensificação. mesmo sentido.

26) (Fuvest-2003) Os leitores estarão lembrados do que o


compadre dissera quando estava a fazer castelos no ar a
respeito do afilhado, e pensando em dar-lhe o mesmo
ofício que exercia, isto é, daquele arranjei-me, cuja
explicação prometemos dar. Vamos agora cumprir a
promessa.
Se alguém perguntasse ao compadre por seus pais, por
seus parentes, por seu nascimento, nada saberia
responder, porque nada sabia a respeito. Tudo de que se
recordava de sua história reduzia-se a bem pouco. 28) (FVG - SP-2007)
Quando chegara à idade de dar acordo da vida achou-se Pastora de nuvens, fui posta a serviço por uma campina
em casa de um tão desamparada que não principia nem também termina,
barbeiro que dele cuidava, porém que nunca lhe disse se e onde nunca é noite e nunca madrugada.
era ou não seu pai ou seu parente, nem tampouco o (Pastores da terra, vós tendes sossego, que olhais para o
motivo por que tratava da sua pessoa. Também nunca isso sol e encontrais direção. Sabeis quando é tarde, sabeis
lhe dera cuidado, nem lhe veio a curiosidade de indagá-lo. quando é cedo. Eu, não.)
Esse homem ensinara-lhe o ofício, e por inaudito milagre Cecilia Meireles
também a ler e a escrever. Enquanto foi aprendiz passou Esse trecho faz parte de um poema de Cecília Meireles,
em casa do seu... mestre, em falta de outro nome, uma intitulado Destino, uma espécie de profissão de fé da
vida que por um lado se parecia com a do fâmulo*, por autora.
outro com a do filho, por outro com a do agregado, e que
afinal não era senão vida de enjeitado, que o leitor sem A palavra desamparada é formada por
dúvida já adivinhou que ele o era. A troco disso dava-lhe o a) derivação prefixal e sufixal.
mestre sustento e morada, e pagava-se do que por ele b) derivação prefixal.
tinha já feito. c) derivação parassintética.
(*) fâmulo: empregado, criado d) composição por aglutinação.
(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento e) composição por justaposição.
de milícias)

No excerto, temos derivação imprópria ou conversão 29) (IBMEC-2006) A busca da felicidade


(emprego de uma palavra fora de sua classe normal) no Ser feliz é provavelmente o maior desejo de todo ser
seguinte trecho: humano. Na prática, ninguém sabe definir direito a palavra
a) fazer castelos no ar. felicidade. Mas todos sabem exatamente o que ela

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significa. Nos últimos tempos, psicólogos, neurocientistas e 30) (IME-1996) Nas frases a seguir há erros ou
filósofos têm voltado sua atenção de modo sistemático impropriedades. Reescreva-as e justifique a correção
para esse tema que sempre fascinou, intrigou e desafiou a a) "Não se conseguiu apurar o motivo porque a atriz se
humanidade. divorciou."
As últimas conclusões a que eles chegaram são o tema de b) "O milionário dispendeu milhares de dólares com aquela
uma densa reportagem escrita pelo redator-chefe de propaganda."
ÉPOCA, David Cohen, em parceria com a editora Aida
Veiga. O texto, conduzido com uma dose incomum de bom
humor, inteligência e perspicácia, contradiz várias noções 31) (ITA-1995) As questões a seguir referem-se ao texto
normalmente tidas como verdade pela maior parte das adiante. Analise-as e assinale, para cada uma, a alternativa
pessoas. A felicidade, ao contrário do que parece, não é incorreta.
mais fácil para os belos e ricos.
A maioria dos prazeres ao alcance daqueles que possuem Hino Nacional
mais beleza ou riqueza tem, segundo as pesquisas, um Carlos Drummond de Andrade
impacto de curtíssima duração. Depois de usufruí-los, as
pessoas retornam a seu nível básico de satisfação com a Precisamos descobrir o Brasil!
vida. Por isso, tanta gente parece feliz à toa, enquanto Escondido atrás das florestas,
tantos outros não perdem uma oportunidade de reclamar com a água dos rios no meio,
da existência. o Brasil está dormindo, coitado.
Mesmo quem passa por experiências de impacto decisivo, 05precisamos colonizar o Brasil.
como ganhar na loteria ou perder uma perna, costuma
voltar a seu estado natural de satisfação. Seria então a Precisamos educar o Brasil.
felicidade um dado da natureza, determinado Compraremos professores e livros,
exclusivamente pelo que vem inscrito na carga genética? Assimilaremos finas culturas,
De acordo com os estudos, não é bem assim. Muitas abriremos 'dancings' e
práticas vêm tendo sua eficácia comprovada para tornar a subconvencionaremos as elites.
vida mais feliz: ter amigos, ter atividades que exijam 10 que faremos importando francesas
concentração e dedicação completas, exercer o controle muito louras, de pele macia
sobre a própria vida, ter um sentido de gratidão para com alemãs gordas, russas nostálgicas para
as coisas ou pessoas boas que apareçam, cuidar da saúde, 'garconettes'dos restaurantes noturnos.
amar e ser amado. Uma das descobertas mais fascinantes E virão sírias fidelíssimas.
dos pesquisadores é que parece não adiantar nada ir atrás 15Não convém desprezar as japonesas...
de todas as conquistas que, segundo julgamos, nos farão
mais felizes. Pelo contrário, é o fato de sermos mais felizes Cada brasileiro terá sua casa
que nos ajuda a conquistar o que desejamos. com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
Nada disso quer dizer que os cientistas tenham descoberto salão para conferências científicas.
a fórmula mágica nem que tenha se tornado fácil descobrir E cuidaremos do Estado Técnico.
a própria felicidade. Olhando aqui de fora, até que David e
Aida parecem felizes com o resultado do trabalho que 20Precisamos louvar o Brasil.
fizeram. Agora, é esperar que esse resultado também Não é só um país sem igual.
ajude você a se tornar mais feliz. Nossas revoluções são bem maiores
(Gurovitz, Hélio. Revista ÉPOCA. Editora Globo, São Paulo. do que quaisquer outras; nossos erros
Número 412, 10 de abril de 2006, p. 6) [também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes
Sobre a palavra felicidade é correto afirmar que: [paixões...
a) É um substantivo abstrato formado por derivação sufixal 25os Amazonas inenarráveis... os incríveis
e composto por dez letras e dez fonemas. [João-Pessoas...
b) É um substantivo derivado formado por derivação
imprópria e composto por dez letras e cinco fonemas. Precisamos adorar o Brasil!
c) É um adjetivo formado por derivação imprópria e Se bem que seja difícil caber tanto oceano
composto por dez letras e dez fonemas. [e tanta solidão
d) É um adjetivo formado por derivação progressiva e no pobre coração já cheio de
composta por dez letras e dez fonemas. [compromissos...
e) É um substantivo comum formado por derivação se bem que seja difícil compreender o que
parassintética e composto por dez letras e nove fonemas. [querem esses homens,
30por que motivo êles se ajuntaram e qual a
[razão de seus sofrimentos.

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na minha alma doente como um longo som redondo ...
Precisamos, precisamos esquecer o Brasil! Cantabona! Cantabona!
Tão majestoso, tão sem limites, tão Dlorom ...
[despropositado, Sou um tupi tangendo um alaúde!
êle quer repousar de nossos terríveis Mário de Andrade
[carinhos. Obs.: alaúde - instrumento de cordas, com larga difusão na
O Brasil não nos quer! Está farto de nós! Europa, da Idade Média ao Barroco.
35Nosso Brasil é o outro mundo. Êste não é o
[Brasil. Assinale a afirmativa correta.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os a) As palavras alaúde e “túnel” recebem acento gráfico
[brasileiros? pela mesma razão.
b) Nas palavras trovador e asperamente, observa-se
processo de derivação sufixal.
c) No último verso, tangendo um alaúde equivale a uma
a) 'Escondido'(verso 2) pode ser substituído por 'olvidado', oração adverbial condicional se tange um alaúde.
embora modifique o sentido. d) As reticências usadas no texto têm a função de
b) 'fidelíssimo'(verso 14) tem o mesmo radical de evidenciar o tom irônico do poema.
'fidelidade' e de 'fidedígno'. e) Em arlequinal e “cafezal”, o sufixo “al” tem o mesmo
c) 'Piscina'(verso 17) tem o mesmo radical de 'piscicultura'. sentido.
d) 'Bem'(verso 27) tem valor de superlativo.
e) O texto não foi transcrito em obediência à ortografia
vigente. 35) (Mack-2007) Curiosa palavra. Idoso. O que acumulou
idade. Também tem o sentido de quem se apega à idade.
Ou que a esbanja (como gostoso ou dengoso). Se é que
32) (ITA-2003) Durante a Copa do Mundo deste ano, foi não significa alguém que está indo, alguém em processo
veiculada, em programa esportivo de uma emissora de TV, de ida. Em contraste com os que ficam, os ficosos...
a notícia de que um apostador inglês acertou o resultado Preciso começar a agir como um idoso. Dizem que, entre
de uma partida, porque seguiu os prognósticos de seu eles, idoso não fala em quem chega à velhice como alguém
burro de estimação. Um dos comentaristas fez, então, a que está à beira do túmulo. Dizem que está na zona de
seguinte observação: “Já vi muito comentarista burro,mas rebaixamento. Vou ter que aprender o jargão da categoria.
burro comentarista é a primeira vez.” Luís Fernando Veríssimo
Percebe-se que a classe gramatical das palavras se altera
em função da ordem que elas assumem na expressão. O texto propõe diferentes possibilidades de sentido para o
Assinale a alternativa em que isso NÃO ocorre: sufixo –oso.
a) obra grandiosa A partir dessas possibilidades, considere as seguintes
b) jovem estudante afirmações:
c) brasileiro trabalhador I. “Glorioso” exemplifica o emprego do sufixo em
d) velho chinês palavras que fazem referência a quem acumulou algo.
e) fanático religioso II. “Nervoso” exemplifica o sentido de “indivíduo
apegado a algo”.
33) (Mack-1998) Assinale a alternativa incorreta. III. Seguindo a lógica do neologismo apresentado
pelo autor, “chegosos” poderia ser um termo aplicado aos
a) Panteísmo significa o ato de comer indistintivamente recém-nascidos.
qualquer tipo de alimento. Assinale:
b) Xenofobia significa horror a estrangeiros. a) se apenas I e II estiverem corretas.
c) Sincrônico significa o que é relativo a fatos simultâneos. b) se apenas II e III estiverem corretas.
d) Oligarquia significa o governo de poucos, pertencentes a c) se apenas I e III estiverem corretas.
um mesmo grupo. d) se I, II e III estiverem corretas.
e) Fotofobia significa horror à luz. e) se I, II e III estiverem incorretas.

34) (Mack-2004) O trovador


Sentimentos em mim do asperamente 36) (PUC-SP-2003) ATEMOYA
dos homens das primeiras eras ... É um híbrido da fruta-do-conde (Annona squamosa) com
As primaveras de sarcasmo outra variedade do mesmo gênero a cherimoya (Annona
intermitentemente no meu coração arlequinal ... cherimolia), originária dos Andes. O primeiro cruzamento
Intermitentemente ... foi feito em 1908 pelo Departamento de Agricultura dos
Outras vezes é um doente, um frio Estados Unidos, em Miami. As frutas resultantes

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receberam o nome de atemoya, uma combinação de O carreiro dá uma risadinha.
“ate”, nome mexicano da fruta-do-conde, e “moya” de Não vê que o carro atolou ali no Iriguaçu e...
cherimoya. Passado quase um século, a atemoya ainda é E o quê?
desconhecida da maioria dos brasileiros. ... e está atolado! Vim buscar mais dez juntas de bois
No país, as primeiras mudas foram plantadas em Taubaté, para tirar ele.
nos anos 60. As variedades cultivadas aqui são em especial E lá seguem bois, homens, o diabo para desatolar o carro.
a Thompson, a Genifer e a African Pride. É plantada em Enquanto isso, chove, a farinha embolora, a rapadura
São Paulo, sul de Minas, norte do Paraná, Espírito Santo e derrete, o feijão caruncha, o milho grela; só o café resiste e
Rio de Janeiro. É cultivada em grande escala no Chile. ainda aumenta o peso.
Também a produzem Estados Unidos, Israel, Austrália e (LOBATO, M. Obras Completas, 14ª ed., São Paulo,
Nova Zelândia. [...] Os frutos, cônicos ou em forma de Brasiliense, 1972, v. 8, p.74)
coração, em geral têm 10 centímetros de comprimento
por 9,5 de largura. Sua casca continua verde mesmo As palavras desatolar, velocidade, carroça e carreiro são
depois de maduros. A polpa, dividida em segmentos e com formadas, respectivamente, por meio dos seguintes
poucas sementes, é branca, perfumada, cremosa, macia, processos:
com textura fina. [...] O sabor da atemoya lembra papaia, a) prefixação, sufixação, sufixação, parassíntese.
banana, manga, maracujá, limão e abacaxi, com b) sufixação, sufixação, prefixação, prefixação/sufixação.
consistência de sorvete, o que faz dela uma sobremesa c) prefixação, sufixação, sufixação, sufixação.
pronta. Com sua polpa se preparam os mesmos pratos d) parassíntese, sufixação, sufixação, parassíntese.
feitos com cherimoya: musses, sorvetes, recheios para e) parassíntese, prefixação/sufixação, sufixação, sufixação.
tortas, salada de fruta. Pode ser ingrediente de bebidas
como coquetel de frutas e drinques.
Neide Rigo, nutricionista. CARAS, 13 set. 2002. 38) (UDESC-1998) Assinale a alternativa INCORRETA:

Recheio, fruta-do-conde e cruzamento - palavras retiradas a) O vocábulo invejoso é formado por derivação
do texto - passaram, respectivamente, parassintética.
pelos seguintes processos de formação: b) Em viajaram-ram corresponde a uma desinência verbal.
a) hibridismo, derivação sufixal e composição. c) Em auto-estima o hífen é obrigatório, como em contra-
b) derivação prefixal, composição e derivação sufixal. cheque e extra-oficial.
c) derivação prefixal, hibridismo e derivação sufixal. d) A frase A publicidade suscita invejas ficaria, na voz
d) hibridismo, derivação sufixal e derivação prefixal. passiva, Invejas são suscitadas pela publicidade.
e) derivação sufixal, hibridismo e composição. e) As palavras sobretudo, ressaltar e inimigo são formadas
por derivação prefixal; os prefixos latinos significam,
37) (PUC-SP-2005) Estradas de Rodagem respectivamente, posição superior, repetição e negação.
Comparados os países com veículos, veremos que os
Estados Unidos são uma locomotiva elétrica; a Argentina 39) (UECE-2007) A PEDREIRA
um automóvel; o México uma carroça; e o Brasil um carro
de boi. Daí à pedreira, restavam apenas uns cinqüenta passos e o
O primeiro destes países voa; o segundo corre a 50 km por chão era já todo coberto por uma farinha de pedra moída
hora; o terceiro apesar das revoluções tira 10 léguas por que sujava como a cal.
dia; nós... Aqui, ali, por toda a parte, encontravam-se trabalhadores,
Nós vivemos atolados seis meses do ano, enquanto dura a uns ao sol, outros debaixo de pequenas barracas feitas de
estação das águas, e nos outros 6 meses caminhamos à lona ou de folha de palmeira. De um lado cunhavam pedra
razão de 2 léguas por dia. A colossal produção agrícola e cantando; de outro a quebravam a picareta; de outro
industrial dos americanos voa para os mercados com a afeiçoavam lajedos a ponta de picão; mais adiante faziam
velocidade média de 100 km por hora. Os trigos e carnes paralelepípedos a escopro e macete. E todo aquele
argentinas afluem para os portos em autos e locomotivas retintim de ferramentas, e o martelar da forja, e o corpo
que uns 50 km por hora, na certa, desenvolvem. dos que lá em cima brocavam a rocha para lançar-lhe fogo,
As fibras do México saem por carroças e se um general e a surda zoada ao longe, que vinha do cortiço, como de
revolucionário não as pilha em caminho, chegam a salvo uma aldeia alarmada; tudo dava a idéia de uma atividade
com relativa presteza. O nosso café, porém, o nosso milho, feroz, de uma luta de vingança e de ódio. Aqueles homens
o nosso feijão e a farinha entram no carro de boi, o gotejantes de suor, bêbedos de calor, desvairados de
carreiro despede-se da família, o fazendeiro coça a cabeça insolação, a quebrarem, a espicaçarem, a torturarem a
e, até um dia!. Ninguém sabe se chegará, ou como pedra, pareciam um punhado de demônios revoltados na
chegará. Às vezes pensa o patrão que o veículo já está de sua impotência contra o impassível gigante que os
volta, quando vê chegar o carreiro. contemplava com desprezo, imperturbável a todos os
Então? Foi bem de viagem? golpes e a todos os tiros que lhe desfechavam no dorso,

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deixando sem um gemido que lhe abrissem as entranhas 43) (UFC-2002) Sobre o trecho “As próprias plantas
de granito. O membrudo cavouqueiro havia chegado à venenosas são úteis: a ciência faz do veneno mais violento
fralda do orgulhoso monstro de pedra; tinha-o cara a cara, um meio destruidor de moléstias, regenerador da saúde,
mediu-o de alto a baixo, arrogante, num desafio surdo. conservador da vida.”, é correto afirmar que:
A pedreira mostrava nesse ponto de vista o seu lado mais I. o período é composto por duas orações.
imponente. Descomposta, com o escalavrado flanco II. há somente três palavras formadas por sufixação.
exposto ao sol, erguia-se altaneira e desassombrada, III. a acentuação gráfica das palavras grifadas se justifica pela m
afrontando o céu, muito íngreme, lisa, escaldante e cheia a) apenas I é correta.
de cordas que, mesquinhamente, lhe escorriam pela b) apenas II é correta.
ciclópica nudez com um efeito de teias de aranha. Em c) apenas I e II são corretas.
certos lugares, muito alto do chão, lhe haviam espetado d) apenas I e III são corretas.
alfinetes de ferro, amparando, sobre um precipício, e) apenas II e III são corretas.
miseráveis tábuas que, vistas cá de baixo, pareciam palitos,
mas em cima das quais uns atrevidos pigmeus de forma 44) (UFCE-1996) Cecília Meireles escreveu: "Eu não lhe
humana equilibravamse, desfechando golpes de picareta DIGO nada..."
contra o gigante. a) Acrescentando apenas um prefixo ao verbo em
(AZEVEDO, Aluísio de. O Cortiço. 25a ed. São Paulo. Ática, maiúsculo na frase anterior, forme outros CINCO verbos
1992, 48-49) que lhe sejam cognatos.
b) Escolha QUATRO destes verbos e escreva uma frase com
Marque a alternativa na qual o sufixo eiro/eira está cada um dos escolhidos, observando a conjugação
empregado com o mesmo sentido que em adequada.
“pedreira” (linha 01).
a) Cristaleira 45) (UFES-2002) Os textos abaixo demonstram que as
b) Cegueira fobias existem. No Brasil, por exemplo, estamos vivendo o
c) Formigueiro medo do Apagão.
d) Poeira “O governo brasileiro vai defender na Conferência Mundial
do Racismo [...] na África do Sul a inclusão no código penal,
dos crimes do ódio contra os homossexuais [...] “Trata-se
40) (UEL-1996) Indique a alternativa em que o sufixo NÃO de homofobia, de pessoas que têm horror, ódio, temor,
dá à palavra o sentido de RESULTADO DE UMA AÇÃO. medo e raiva simplesmente pelo fato de alguém ser
a) ferimento. homossexual,” disse o ativista Cláudio Nascimento.
b) nomeação. A Tribuna - 28/8/2001
c) vingança.
d) instrumento. “[...] O mundo vem a saber neste momento que a
e) traição. Austrália, como todos os outros povos, abriga uma forte
minoria de xenófobos. (AE)”
41) (UFC-1997) Empregando o sufixo "mente", substitua as Gilles Lapouge, A Gazeta - 2/9/2001
expressões grifadas por uma só palavra, cujo sentido seja
equivalente ao da expressão substituída. (1) acrofobia ( ) horror ao trabalho
a) Pouco a pouco, o poeta aprenderia a partir sem medo. (2) androfobia ( ) horror ao sangue
b) Sem dúvida alguma, a lua nova é mais alegre que a (3) claustrofobia ( ) medo dos lugares elevados
cheia. (4) ergofobia ( ) horror ao sexo masculino
c) Ele ganhou um novo quarto e a aurora, ao mesmo (5) fotofobia ( ) horror à luz
tempo. (6) hematofobia ( ) medo da noite, da escuridão
d) Passou dez anos, sem interrupção, com a janela virada (7) nictofobia ( ) horror ao fogo
para o pátio. (8) pirofobia ( ) medo dos lugares fechados ou reduzidos
e) O poeta, por exceção, prefere a lua nova.
Assinale a alternativa que estabelece a relação entre o
42) (UFC-2002) Assinale a alternativa em que a forma oni- nome de cada fobia, na coluna da esquerda, e o seu
apresenta sentido diferente da que se encontra em respectivo significado na coluna da direita.
onipotente. a) 1 - 4 - 7 - 2 - 5 - 6 - 8 - 3
a) onírico b) 4 - 6 - 1 - 2 - 5 - 7 - 8 - 3
b) onívoro c) 3 - 4 - 6 - 1 - 2 - 5 - 7 - 8
c) onicolor d) 7 - 2 - 1 - 4 - 5 - 6 - 8 - 3
d) onisciente e) 6 - 1 - 2 - 5 - 7 - 8 - 3 - 4
e) onipresente
46) (UFES-2002) NEOLOGISMO

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Manuel Bandeira Definitivamente
Beijo pouco, falo menos ainda. Você me aniquilou
Mas invento palavras (Laerte Freire)
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana. Explique a ambigüidade sugerida pelo título do poema.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo: 48) (UFPA-1997) OS SAPOS
Teadoro, Teodora. (Manuel Bandeira)
Enfunando os papos,
Assinale a alternativa em que a forma destacada pertence Saem da penumbra.
à mesma categoria de palavras de que faz parte a Aos pulos, os sapos.
inventada por Manuel Bandeira: A luz os deslumbra.

a) Prometi acabar com [...] o sem-vergonhismo atrás do Em ronco que aterra,


forte e acabei. (Dias Gomes) Berra o sapo-boi:
b) Este momento há de ficar para sempre nos anais e - "Meu pai foi à guerra!"
menstruais da história de Sucupira. (Dias Gomes) - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!"
c) [ ...] Aí, nem olhei para Joca Ramiro - eu achasse, ligeiro
demais, que Joca Ramiro não estava aprovando meu O sapo-tanoeiro
saimento. (Guimarães Rosa) Parnasiano aguado,
d) [...] Um dos principalmente da minha plataforma Diz: - "Meu cancioneiro
política é a pacificação da família sucupirana. (Dias Gomes) É bem martelado.
e)[...] Ele xurugou - e, vai ver quem e o quê, jamais se
saberia. (Guimarães Rosa) Vede como primo
Em comer os hiatos!
47) (UFOP-2001) UM CHORINHO EM MENTE Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
Descompassadamente
Taquicardicamente O meu verso é bom
Descontroladamente Frumento sem joio.
Eu desejei você Faço rimas com
Apaixonadamente Consoantes de apoio.
Lovestoricamente
Idolatradamente Vai por cinqüenta anos
Eu adorei você Que lhes dei a norma:
Enfeitiçadamente Reduzi sem danos
Heliotropicamente A formas a forma.
Apostolicamente
Eu segui você Calme a saparia
Resignadamente Em críticas céticas:
Cristianissimamente Não há mais poesia
Interminavelmente Mas há artes poéticas..."
Eu perdoei você
Astuciosamente Urra o sapo-boi:
Maquiavelicamente - "Meu pai foi rei" - "Foi!"
Silenciosamente - "Não foi!" - "Foi" - "Não foi!"
Você me enredou
Insaciavelmente Brada em um assomo
Aracnidicamente O sapo-tanoeiro:
Canibalescamente - "A grande arte é como
Você me devorou Lavor de joalheiro.
Indecorosamente
Despudoradamente Ou bem de estatutário.
Pornograficamente Tudo quanto é belo.
Você me enganou Tudo quanto é vário,
Arrasadoramente Canta no martelo".
Desmoralizantemente

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Outros, sapos-pipas e pagam pelo direito de assistir ao filme em paz de
(Um mal em si cabe), espírito.
Falam pelas tripas: Ora, o namoro é sabidamente uma atividade que se
-"Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!". executa melhor a coberto da curiosidade alheia. Se todos
os freqüentadores dos cinemas fossem casais de
Longe dessa grita, namorados, o problema não existiria, nem esta crônica,
Lá onde mais densa pois a discrição de todos com relação a todos estaria na
A noite infinita proporção direta da entrega de cada um ao seu namoro
Verte a sombra imensa; específico. [...]
De modo que, uma das coisas que os namorados não
Lá, fugido ao mundo, deveriam fazer é se enlaçar por sobre o ombro e juntar as
Sem glória, sem fé, cabeças. Isso atrapalha demais o campo visual dos que
No perau profundo estão à retaguarda. [...] Cochichar, então, é uma grande
E solitário, é falta de educação entre namorados no cinema. Nada
perturba mais que o cochicho constante e, embora eu
Que soluças tu, saiba que isso é pedir muito dos namorados, é necessário
Transido de frio, que se contenham nesse ponto, porque afinal de contas
Sapo cururu aquilo não é casa deles. Um homem pode fazer milhões de
Da beira do rio... coisas – massagem no braço da namorada, cosquinha no
seu joelho, festinha no rostinho delazinha; enfim, a grande
Na 4ª estrofe o poeta diz que nunca rima os termos maioria do trabalho de “mudanças” em automóveis não
cognatos. Para a gramática normativa, que são termos hidramáticos – sem se fazer notar e, conseqüentemente,
cognatos? Exemplifique. perturbar aos outros a fruição do filme na tela. Porque
uma coisa é certa: entre o namoro na tela – e pode ser até
49) (UFRJ-2003) Almeida e Costa comprão para remeterem Clark Gable versus Ava Gardner – e o namoro no cinema,
para fora da Província, huma escrava que seja perfeita este é que é o real e positivo, o perturbador,
costureira, engomadeira, e que entenda igualmente de o autêntico.
cozinha, sendo mossa, de bôa figura, e afiançada conduta
para o que não terão duvida pagala mais vantajosamente; O sufixo (z)inho, empregado repetidamente na passagem
quem a tiver e queira dispor, pode dirija-se ao escriptorio “festinha no rostinho delazinha”, é de enorme vitalidade
dos mesmos na rua da fonte dos Padres, N. 91. na língua. Comprove essa vitalidade, no plano morfológico,
(Gazeta Commercial da Bahia, 19 de setembro de 1832) a partir do uso do diminutivo nos vocábulos da referida
passagem.
Do Texto:
a) selecione 2 (dois) verbos e 2 (dois) substantivos que 51) (UFRJ-2008) O ex-cineclubista
apresentem forma ou emprego diferentes da atual; (João Gilberto Noll)
b) reescreva-os na forma vigente.
Aquele homem meio estrábico, ostentando um mau
50) (UFRJ-2008) Aprendi a aprender com filmes humor maior do que realmente poderia dedicar a quem
(DUARTE, Rosália. Cinema & educação. Belo Horizonte: lhe cruzasse o caminho e que agora entrava no cinema,
Autêntica, 2002.) numa segunda-feira à tarde, para assistir a um filme nem
tão esperado, a não ser entre pingados amantes de
TEXTO I cinematografias de cantões os mais exóticos, aquele
Como se comportar no cinema (A arte de namorar) homem, sim, sentou-se na sala de espera e chorou,
(Vinicius de Moraes) simplesmente isso: chorou. Vieram lhe trazer um copo
d´água logo afastado, alguém sentou-se ao lado e lhe
Poucas atividades humanas são mais agradáveis que o ato perguntou se não passava bem, mas ele nada disse,
de namorar, e é sobre a arte de praticá-lo dentro dos rosnou, passou as narinas pela manga, levantou-se num
cinemas que queremos fazer esta crônica. Porque constitui ímpeto e assistiu ao melhor filme em muitos meses, só
uma arte fazê-lo bem no interior de recintos cobertos, isso. Ao sair do cinema, chovia.
mormente quando se dispõe da vantagem de ambiente Ficou sob a marquise, à espera da estiagem. Tão absorto
escuro propício. no filme que se esqueceu de si. E não soube mais voltar.
A tendência geral do homem é abusar das facilidades que
lhe são dadas, e nada mais errado; pois a verdade é que O vocábulo ex-cineclubista resulta da aplicação de quatro
namorando em público, além dos limites, perturba ele aos processos de formação de palavras. Identifique-os,
seus circunstantes, podendo atrair sobre si a curiosidade, a valendo-se de elementos constitutivos desse vocábulo.
inveja e mesmo a ira daqueles que vão ao cinema sozinhos

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52) (UFSCar-2001) BOITEMPO - Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus
Entardece na roça irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram
de modo diferente. outro guerreiro como tu?
A sombra vem nos cascos, - Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras
no mugido da vaca que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus.
separada da cria. - Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras,
O gado é que anoitece senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai de
e na luz que a vidraça Iracema.
da casa fazendeira
derrama no curral Rosinha, minha canoa, de José Mauro de Vasconcelos.
surge multiplicada Achava-se contente da vida, pescando e salgando o seu
sua estátua de sal, peixinho, quando a canoa do índio atracou na praia.
escultura da noite. - Que é que foi Andedura?
Os chifres delimitam Andedura sungou a canoa na areia.
o sono privativo - Zé Orocó, tem lá um home. Diz que é dotô. Quando dá fé
de cada rês e tecem é mesmo, purque ele tem uma mala cheia de ropa e outra
de curva em curva a ilha cheia de munto remédio.
do sono universal. - E que é que ele quer comigo?
No gado é que dormimos - Sei não. (...) Tu vai?
e nele que acordamos. O coração de Zé Orocó fez um troque-troque meio
Amanhece na roça agoniado. Franziu a testa, tentando vencer, afastar um
de modo diferente. mau pressentimento.
A luz chega no leite, - Como é que é o homem?
morno esguicho das tetas Grandão, meio laranjo no cabelo. Forte, sempre mudando
e o dia é um pasto azul a camisa pur causa do calô. Se tira a camisa, num güenta
que o gado reconquista. “mororã” purque tem pele branquinha, branquinha. Peitão
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra Completa. 5. ed. meio gordo, ansim que nem ocê, cheio de sucusiri. Quano
Rio de Janeiro: Aguilar, 1979.) chegô, tinha barriga meio grande, mais parece que num
gosta munto de cumida da gente; tá ficano inxuto. Eu
O título de um texto constitui a chave para a pensei que ele fosse irmão daquele padre Gregoro, que
descodificação da mensagem, e a sua interpretação deve pangalô aqui pelo Araguaia já vai pra uns cinco ano ...
ser integrada numa leitura global do texto. Feito o retrato o índio descansou ...
a) Comente o título do texto, a partir das informações
apresentadas. Os textos mostram possibilidades de expressão dentro de
b) Explique por qual processo de formação de palavras uma mesma língua: os recursos lingüísticos de Alencar não
Drummond criou “boitempo”. são, na sua totalidade, os mesmos empregados por
Vasconcelos.
53) (UFSCar-2003) A questão seguinte baseia-se nos textos a) Observando a fala de Iracema e Andedura, percebe-se
a seguir. que ambos utilizam a 2ª pessoa do singular para se
referirem ao seu interlocutor. Em que os usos de ambos se
Iracema, de José de Alencar. diferenciam? Reescreva uma frase de cada uma dessas
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha personagens, empregando o registro de 3ª pessoa do
embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na singular.
face do desconhecido. b) Como se pode explicar a formação das expressões
De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da laranjo e chegô, presentes na fala de Andedura?
espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na
religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e 54) (UFSCar-2003) A revista Veja, referindo-se aos
amor. Sofreu mais d’alma que da ferida. empresários brasileiros, na edição de 02.10.2002, às
(...) vésperas das eleições, utilizou o seguinte título para uma
A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e matéria: Eles lularam na reta final. Tomando-se como
compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema referência o contexto das eleições, responda:
quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desconhecido, a) Qual o significado da forma verbal lularam?
guardando consigo a ponta farpada. b) Do ponto de vista gramatical, por meio de que recurso o
O guerreiro falou: verbo da frase foi criado?
- Quebras comigo a flecha da paz?
55) (Unicamp-2001) A breve tira abaixo fornece um bom
exemplo de como o contexto pode afetar a interpretação e

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até mesmo a análise gramatical de uma seqüência onde se firmar, os dias não cabiam dentro do tempo. Tudo
lingüística. era tarde! De siso, devia de rezar, urgente, montão de
rezas. (João Guimarães Rosa, “Campo geral”, in Manulezão
RADICAL CHIC/Miguel Paiva e Miguilim. Rio de Janeiro, Editora José Olympio. 1972.)
a) O trecho acima refere-se a uma espécie de acordo que
Miguilim propôs a Deus. Que acordo era esse?
b) Sabendo-se que o acordo se relaciona às perdas sofridas
por Miguilim, cite as duas que mais profundamente o
marcaram.
c) Se “vesprando” deriva de “véspera”, que se associa a
Vésper (Estrela da Tarde), como se deve interpretar “vinha
vesprando a hora”?

58) (Unicamp-2005) Em Angústia de Graciliano Ramos,


encontramos seqüências instigantes:

Penso em indivíduos e em objetos que não têm relação


com os desenhos: processos, orçamentos, o diretor, o
secretário, políticos, sujeitos remediados que me
desprezam porque sou um pobre-diabo.
Tipos bestas. Ficam dias inteiros fuxicando nos cafés e
preguiçando, indecentes.
(...)
Fomos morar na vila. Meteram-me na escola de seu
Antônio Justino, para desasnar, pois, como disse Camilo
quando me apresentou ao mestre, eu era um cavalo de dez
a) Supondo que a fala da moça fosse lida fora do contexto anos e não conhecia a mão direita. Aprendi leitura, o
dessa tira, como você a entenderia? catecismo, a conjugação dos verbos. O professor dormia
b) Se a fala da moça fosse considerada uma continuação durante as lições. E a gente bocejava olhando as paredes,
da fala do rapaz, poderia ser entendida como uma única esperando que uma réstia chegasse ao risco de lápis que
palavra, de derivação não prevista na língua portuguesa. marcava duas horas. Saíamos em algazarra.
Que palavra seria e o que significaria? (Graciliano Ramos, Angústia. Rio de Janeiro: Ed. Record,
c) As duas leituras possíveis para a fala da moça não estão 56ª.ed., 2003, p. 8-9 e 15).
em contradição; ao contrário, reforçam-se. O que
significará essa fala, se fizermos simultaneamente as duas a) Que processos permitem as construções ‘preguiçando’ e
leituras? ‘desasnar’ na língua?
b) Se substituirmos ‘preguiçando’ por ‘descansando’ e
56) (Unicamp-2003) A coluna MARKETING da revista ‘desasnar’ por ‘aprender’, observamos uma relação
Classe, ano XVII, nº 94, 30/08 a 30/10, 2002), inclui as diferente com a poesia da língua. Explicite essa diferença.
seguintes passagens (parcialmente adaptadas): c) O uso de ‘desasnar’ pode nos remeter, entre outras
Os jovens de classe média e alta, nascidos a partir de 1980, palavras, a ‘desemburrecer’ e ‘desemburrar’.
foram criados sob a pressão de encaixarem infinitas No Dicionário Houaiss da língua portuguesa (ed. Objetiva,
atividades dentro das 24 horas. E assim aprenderam a 2001), o verbete ‘desemburrar’ apresenta como acepções
ensanduichar atividades. (...) Pressionados pelo tempo tanto ‘livrar-se da ignorância’, quanto ‘perder o
desde que nasceram, desenvolveram um filtro e separam enfezamento’, e marca sua etimologia como des +
aquilo que para eles é o trigo, do joio; ficam com o trigo, e emburrar. Seguindo nossa consulta, encontramos no
naturalmente, deletam o joio. (p. 26) verbete ‘emburrar’ o ano de 1647 que, segundo a Chave
a) Explique qual é o sentido da palavra “ensanduichar” no do Dicionário Houaiss, indica a “data em que [essa palavra]
texto e diga por que ela é especialmente expressiva ou entrou no português”. A fonte dessa datação é a obra
sugestiva aqui. Thesouro da lingoa portuguesa composta pelo Padre D.
b) O texto menciona um ditado corrente, embora não na Bento Pereyra, publicada em Lisboa.
ordem usual. Qual é o ditado e o que significa? Embora ‘desemburrecer’ não apareça no dicionário,
c) A palavra “deletar” confere um ar de atualidade ao encontramos ‘emburrecer’, cuja entrada no português ,
texto. Explique por quê. segundo o Houaiss, data de 1998, atestada pela obra de
Celso Pedro Luft Dicionário prático de regência verbal,
57) (Unicamp-2003) Mas, a mal, vinha vesprando a hora, o publicada em São Paulo.
fim do prazo, Miguilim não achava pé em pensamento

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O verbete ‘desasnar’ data de 1713, atestado pela obra
Vocabulário portugueza e latino de Rafael Bluteau,
publicada em Coimbra-Lisboa.
Tendo em vista as observações acima apresentadas - a
presença ou não desses verbetes no dicionário, as datas de
entrada no português e as fontes que atestam essas
entradas - o que se pode compreender sobre a relação
entre o dicionário e a língua?

59) (Unicamp-2005) Mario Sergio Cortella, em sua coluna Na tira de Angeli, observamos um jogo de associações
mensal “Outras Idéias” escreve: entre a frase-título ‘O imundo animal’ e a seqüência de
imagens.
(...) reconheça-se: a maior contribuição de Colombo não foi a) A frase-título ‘O imundo animal’ nos remete a uma outra
ter colocado um ovo em pé ou ter aportado por aqui depois frase. Indique-a e explicite as relações de sentido entre as
de singrar mares nunca dantes navegados. Colombo duas frases, fazendo referência ao conjunto da tira.
precisa ser lembrado como a pessoa que permitiu a nós, b) A frase-título ‘O imundo animal’ sugere um processo de
falantes do inglês, do francês ou do português, que prefixação. Explique.
tivéssemos contato com uma língua que, do México até o
extremo sul da América, é capaz de nos ensinar a dizer
“nosotros” em vez de apenas “we”, “nous”, “nós”, 61) (Unifesp-2003) A questão seguinte baseia-se no poema
afastando a arrogante postura do “nós” de um lado e do “Pneumotórax”, do modernista Manuel Bandeira (1886-
“vocês” do outro. Pode parecer pouco, mas “nós’ é quase 1968).
barreira que separa, enquanto “nosotros” exige perceber
uma visão de alteridade, isto é, ver o outro como um outro, Pneumotórax
e não como um estranho. Afinal, quem são os outros de Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
nós mesmos? O mesmo que somos para os outros, ou seja, A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
outros! Tosse, tosse, tosse.
(Mario Sergio Cortella, Folha de S.Paulo, 9 de outubro de Mandou chamar o médico:
2003). - Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
O texto acima nos faz pensar na distinção entre um ‘nós’ - Respire.
inclusivo e um ‘nós’ excludente. ...............................................................................................
a) Segundo o excerto, ‘nosotros’ apresenta um sentido ....
inclusivo. Justifique pela morfologia dessa palavra. - O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o
b) “Nós brasileiros falamos português” apresenta um ‘nós’ pulmão direito infiltrado.
excludente. Explique. - Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
(Manuel Bandeira, Libertinagem)
60) (UNICAMP-2006) Os quadrinhos a seguir fazem parte
de um material publicado na Folha de S. Paulo em 17 de Pneumotórax, palavra que dá título ao famoso poema de
agosto de 2005, relativo à crise política brasileira, que teve Manuel Bandeira, é vocábulo constituído de dois radicais
início em maio do mesmo ano. gregos (pneum[o]- + -tórax). Significa o procedimento
médico que consiste na introdução de ar na cavidade
CHICLETE COM BANANA - Angeli pleural, como forma de tratamento de moléstias
pulmonares, particularmente a tuberculose. Tal
enfermidade é referida no diálogo entre médico e
paciente, quando o primeiro explica a seu cliente que ele
tem “uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão
direito infiltrado”. Esta última palavra é formada com base
em um radical: filtro. Quanto à formação vocabular, o
título do poema e o vocábulo infiltrado são constituídos,
respectivamente, por
OS PESCOÇUDOS - Caco Galhardo a) composição, e derivação prefixal e sufixal.
b) derivação prefixal e sufixal, e composição.
c) composição por hibridismo, e composição prefixal e
sufixal.
d) simples flexão, e derivação prefixal e sufixal.

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e) simples derivação, e composição sufixal e prefixal.
64) (Unifor-2003) O cronista trabalha com um instrumento
62) (UNIFESP-2004) Tomando como referência os de grande divulgação, influência e prestígio, que é a
processos de formação de palavras, dada a relação com o palavra impressa. Um jornal, por menos que seja, é um
som produzido pelos eqüinos quando em movimento, a veículo de idéias que são lidas, meditadas e observadas
palavra Pocotó é formada a partir de uma por uma determinada corrente de pensamento formada à
sua volta.
Um jornal é um pouco como um organismo humano. Se o
editorial é o cérebro; os tópicos e notícias, as artérias e
veias; as reportagens, os pulmões; o artigo de fundo, o
fígado; e as seções, o aparelho digestivo - a crônica é o seu
coração. A crônica é matéria tácita de leitura, que
desafoga o leitor da tensão do jornal e lhe estimula um
pouco a função do sonho e uma certa disponibilidade
dentro de um cotidiano quase sempre “muito tido, muito
visto, muito conhecido”, como diria o poeta Rimbaud.
Daí a seriedade do ofício do cronista e a freqüência com
que ele, sob a pressão de sua tirania diária, aplica-lhe
balões de oxigênio. Os melhores cronistas do mundo, que
foram os do século XVIII, na Inglaterra - os chamados
a) prefixação. essayists - praticaram o essay, isto de onde viria a sair a
b) sufixação. crônica moderna, com um zelo artesanal tão proficiente
c) onomatopéia. quanto o de um bom carpinteiro ou relojoeiro. Libertados
d) justaposição. da noção exclusivamente moral do primitivo essay, os
e) aglutinação. oitocentistas ingleses deram à crônica suas primeiras lições
de liberdade, casualidade e lirismo, sem perda do valor
formal e da objetividade. Addison, Steele, Goldsmith e
63) (UNIFESP-2004) Leia a seguir um trecho de um bate- sobretudo Hazlitt e Lamb - estes os dois maiores, - fizeram
papo pela internet, retirado de uma das “salas” do UOL. da crônica, como um bom mestre carpinteiro o faria com
(04:01:51) LOIRA fala para E.F.S-MSN: NAO QUERO PAPO uma cadeira, um objeto leve mas sólido, sentável por
CONTIGO PQ VC PIZOU NA BOLA pessoas gordas ou magras. (...)
(04:01:55) Alex entra na sala... Num mundo doente a lutar pela saúde, o cronista não se
(04:02:02) Alex fala para Todos: Alguém quer teclar? pode comprazer em ser também ele um doente; em cair
(04:02:04) A T I R A D O R fala para AG@SSI: QUEM E VC na vaguidão dos neurastenizados pelo sofrimento físico; na
(04:02:39) LOIRA fala para nois(Mô, Lê e Ti): APARENCIA falta de segurança e objetividade dos enfraquecidos por
NAO EMPORTA excessos de cama e carência de exercícios. Sua obrigação é
(04:02:43) A T I R A D O R fala para LOIRA: eai princesa ta ser leve, nunca vago; íntimo, nunca intimista; claro e
afim de tc preciso, nunca pessimista. Sua crônica é um copo d’água
(04:02:56) LOIRA fala para AG@SSI: OI QTOS ANOS em que todos bebem, e a água há de ser fresca, limpa,
luminosa, para satisfação real dos que nela matam a sede.
Sobre a escrita no bate-papo, são feitas as quatro (Vinicius de Moraes. Poesia Completa e Prosa. Aguilar,
afirmações seguintes. 1974, p. 591-2)
I. As palavras teclar e tc são formadas, respectivamente,
por sufixação e redução. O mesmo sentido dos sufixos formadores dos substantivos
II. Estão incorretamente grafadas as palavras pizou e carpinteiro e relojoeiro está nas palavras
emporta. a) jornalista e secretário.
III. A pontuação está incorreta nas frases de Loira, Alex e b) partida e perdição.
Atirador. c) civismo e timidez.
IV. Alex e Atirador apresentam erros na acentuação de d) folhagem e casario.
palavras. e) livraria e vidraça.
Está correto apenas o que se afirma em
A) I e II. 65) (Unifor-2003) A série em que todas as palavras têm o
B) I e III. mesmo radical é
C) II e III. a) idoso - idôneo - ídolo
D) II e IV. b) doméstico - domicílio - domesticar
E) III e IV. c) popular - pluvioso - público
d) senil - semelhante - senhor

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e) rural - rústico - roçado imensa luz da verdade. Essa rota que me apontas é que eu
deveria ter seguido, e que, infelizmente, deixei de seguir. O
66) (Unifor-2003) O velho foi sendo injustamente sol do futuro vai romper justamente da banda para onde
recolhido a sua "inferioridade". caminhas, e não da banda por onde nós outros temos
errado até hoje. / Continua, meu Rodolfo. Mais alguns
A palavra sublinhada na frase acima é formada de sonetos no mesmo gênero; e terás um livro que, por si só,
valerá mais que toda a biblioteca de parnasianos. Onde,
a) um radical grego e um sufixo formador de advérbio. nestes, a pitoresca simplicidade, a saudável frescura, a
b) um prefixo e um radical latino. verdadeira poesia de teus versos?!
c) dois afixos e um radical latino. (Raimundo Correia. Correspondência. In: Poesia completa
d) um prefixo, um radical popular e um sufixo. e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1961.)
e) um prefixo, um radical grego e um sufixo adverbial. Todos Cantam sua Terra...
(1929)
67) (Vunesp-2004) A questão a seguir toma por base uma [...] Acha Tristão de Ataíde que a literatura brasileira
passagem de uma carta do poeta parnasiano Raimundo moderna, apesar de tudo, enxergou qualquer cousa às
Correia (1859-1911) e fragmentos de um ensaio do poeta claras. Pois que deu fé que estava em erro. Que se
modernista Jorge de Lima (1893-1953). esquecera do Brasil, que se expressava numa língua que
não era a fala do povo, que enveredara por terras de
A Rodolfo Leite Ribeiro Europa e lá se perdera, com o mundo do Velho Mundo.
(...) Noto nas poesias tuas, que o Vassourense tem Trabalho deu a esse movimento literário atual, a que
publicado, muita naturalidade e cor local, além da nitidez chamam de moderno, trazer a literatura brasileira ao ritmo
do estilo e correção da forma. Sentes e conheces o que da nacionalidade, isto é, integrá-la com as nossas
cantas, são aprazivelmente brasileiros os assuntos, que realidades reais. Mais ou menos isso falou o grande crítico.
escolhes. Um pedaço de nossa bela natureza esplêndida Assim como falou do novo erro em que caiu esta literatura
palpita sempre em cada estrofe tua, com todo o vigor das atual criando um convencionalismo modernista, uma
tintas que aproveitas. No “Samba” que me dedicas, por brasilidade forçada, quase tão errada, quanto a sua
exemplo, nenhuma particularidade falta dessa nossa dança imbrasilidade. Em tudo isso está certo Tristão. Houve de
macabra, movimento, graça e verdade ressaltam de cada fato ausência de Brasil nos antigos, hoje parece que há
um dos quatorze versos, que constituem o soneto. / Como Brasil de propósito nos modernos. Porque nós não
eu invejo isso, eu devastado completamente pelos poderíamos com sinceridade achar Brasil no índio que
prejuízos dessa escola a que chamam parnasiana, cujos Alencar isolou do negro, cedendo-lhe as qualidades lusas,
produtos aleijados e raquíticos apresentam todos os batalhando por um abolicionismo literário do índio que nos
sintomas da decadência e parecem condenados, de dá a impressão de que o escravo daqueles tempos não era
nascença, à morte e ao olvido! Dessa literatura que o preto, era o autóctone. O mesmo se deu com Gonçalves
importamos de Paris, diretamente, ou com escala por Dias em que o índio entrou com o vestuário de penas
Lisboa, literatura tão falsa, postiça e alheia da nossa pequeno e escasso demais para disfarçar o que havia de
índole, o que breve resultará, pressinto-o, é uma triste e Herculano no escritor.
lamentável esterilidade. Eu sou talvez uma das vítimas [...]
desse mal, que vai grassando entre nós. Não me atrevo, Da mesma forma que os nossos primeiros literatos
pois, a censurar ninguém; lastimo profundamente a todos! cantaram a terra, os nossos poetas e escritores de hoje
/ É preciso erguer-se mais o sentimento de nacionalidade querem expressar o Brasil numa campanha literária de
artística e literária, desdenhando-se menos o que é pátrio, “custe o que custar”. Surgiram no começo verdadeiros
nativo e nosso; e os poetas e escritores devem cooperar manifestos, verdadeiras paródias ao Casimiro e ao
nessa grande obra de restauração. Não achas? Canta um Gonçalves Dias: “Todos dizem a sua terra, também vou
poeta, entre nós, um Partenon dizer a minha”. E do Norte, do Sul, do sertão, do brejo, de
de Atenas, que nunca viu; outro os costumes de um Japão todo o país brotaram grupos, programas, proclamações
a que nunca foi... Nenhum, porém, se lembrara de cantar a modernistas brasileiras, umas ridículas à beça. Ninguém
Praia do Flamengo, como o fizeste, e qualquer julgaria melhor compreendeu, adivinhou mesmo, previu o que se ia
indigno de um soneto o Samba, que ecoa dar, botando o preto no branco, num estudo apenso ao
melancolicamente na solidão das nossas fazendas, à noite. meu primeiro livro de poesia em 1927, do que o meu amigo
/ Entretanto, este e outros assuntos vivem na tradição de José Lins do Rego. (...)
nossos costumes, e é por desprezá-los assim que não temos Dois anos depois é o mesmo protesto de Tristão de Ataíde:
um poeta verdadeiramente nacional. / Qualquer assunto, “esse modernismo intencional não vale nada!” Entretanto
por mais chilro e corriqueiro que pareça ser, pode deixar de nós precisamos achar a nossa expressão que é o mesmo
sê-lo, quando um raio do gênio o doure e inflame. / Tu me que nos acharmos. E parece que o primeiro passo para o
soubeste dar uma prova desse asserto. Teus formosos achamento é procurar trazer o homem brasileiro à sua
versos é que hão de ficar, porque eles estão alumiados pela realidade étnica, política e religiosa.[...]

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No seio deste Modernismo já se opera uma reação anti- [...]
ANTISINTAXE, anti-ANTIGRAMATICAL em oposição ao Jerônimo mudava de assunto.
desleixo que surgiu em alguns escritos, no começo. Nós não - Você, Pedro Ticiano, é o homem de espírito mais
temos um passado literário comprido (como têm os forte que eu já vi. Com quase setenta anos, ainda é ateu...
italianos, para citar só um povo), que nos endosse qualquer - Ah, não tenho medo do inferno... E, no caso de
mudança no presente, pela volta a ele, renascimento dele, ele existir, eu me darei bem lá...
pela volta de sua expressão estilística ou substancial. A - Você sempre foi meio satânico... É capaz de
nossa tradição estilística, de galho deu, na terra boa em fundar um jornal oposicionista no inferno. Voltaire, você e
que se plantando dá tudo, apenas garranchos. Baudelaire no inferno. Que gozado!
(Jorge de Lima. Ensaios. In: Poesias completas - v. 4. Rio de Pedro Ticiano sorria, vendo que Jerônimo não
Janeiro: José Aguilar/MEC, 1974.) resistia à fascinação da sua palavra. E gostava de derrubar
os sonhos daquele homem medíocre e bom, que tinha o
O Modernismo buscou, em sua fase inicial, um novo único defeito de querer intelectualizar-se.
discurso pela quebra de padrões sintáticos e o emprego de (Jorge Amado. O País do
características da linguagem coloquial. Com base nestas Carnaval. 30ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1976.)
informações, responda.
a) O que significam os neologismos anti-ANTISINTAXE e Rosto & Anti-Rosto
anti-ANTIGRAMATICAL, no texto de Jorge de Lima? O homem criou
b) O texto de Jorge de Lima foi escrito em 1929. No caso Deus
de esses dois neologismos não estarem grafados de acordo a quem deu
com o que dispõe o nosso Sistema Ortográfico, que é de o lugar de
1943, indique as grafias obedientes à regra ortográfica autor do céu,
atual, segundo a qual o prefixo anti- só deve ser do ar, do
acompanhado de hífen diante de h, r e s. mar.

68) (Vunesp-2004) A passagem do romance O País do Para si,


Carnaval, de Jorge Amado (1912-2001) e o poema Rosto & na Terra
Anti-Rosto, do modernista Cassiano Ricardo (1895-1974), em flor,
são a base para a próxima questão. criou o amor.

O País do Carnaval Deus, porém,


- É... - apoiava Jerônimo enrubescendo. pra existir
- E crer... Existem ainda homens inteligentes que criaria
crêem. Crer... Acreditar que um Deus, um ser superior, nos algo
guie e nos dê auxílio... Mas ainda há quem creia... a si mesmo
- Há... oposto:
- Olhe, Jerônimo, dizem que foi Deus quem criou
os homens. Eu acho que foram os homens que criaram
Deus. De qualquer modo, homens criados por Deus ou
Deus criado pelos homens, uma e outra obra são indignas Numa concha
de uma pessoa inteligente. acústica,
- E Cristo, Pedro Ticiano? inventou
- Um poeta. Um blagueur. Um cético. Um a dor.
diferente da sua época. Cristo pregou a bondade porque,
naquele tempo, se endeusava a maldade. Um esteta. Lucifez
Amou a Beleza sobre todas as coisas. Fez em plena praça Satã
pública blagues admiráveis. A da adúltera, por exemplo. sua antifigura,
Ele perdoou porque a mulher era bonita e uma mulher seu antirosto.
assim tem direito a fazer todas as coisas. Cristo conseguiu
vencer o convencionalismo. Um homem extraordinário. Hoje Satã
Mas um deus bem medíocre... quer levar
- Como? o homem
- Um deus que nunca fez grandes milagres! a matar
Contentou-se com multiplicar pães e curar cegos. Nunca Deus.
mudou montanhas de lugar, nunca fez descer sobre a terra
nuvens de fogo, nem parou o sol. Cristo tinha, contra si, Qual dos 2
esta qualidade: sempre foi mau prestidigitador. o sobre

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--- inclusive. No começo da residência em Cirurgia, na
vivente? Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-
(Cassiano Ricardo. Os Sobreviventes. Rio de Janeiro: USP), ela era obrigada a cortar a barra e as mangas dos
Livraria Editora José Olympio, 1971.) aventais para trabalhar. “Eram feitos pra homem”, lembra.
(O Estado de S.Paulo.)
Tanto os falantes como os escritores podem, por vezes,
criar neologismos, ou seja, palavras novas, que, se aceitas Considerando a definição dada, no texto da revista
pelos demais usuários, entram em circulação e se integram Pesquisa FAPESP, para o termo monopropelente,
ao léxico da língua; caso contrário, se tornam apenas a) especifique o valor do prefixo mono-, nessa palavra;
ocorrências específicas dos textos em que surgiram. O uso b) apresente um exemplo de palavra, devidamente
de palavras estrangeiras constitui o chamado neologismo contextualizada em frase, em que esse prefixo conserve o
por empréstimo; tais palavras, pela generalização do uso, mesmo sentido.
também podem se integrar ao léxico do idioma. Releia
atentamente os dois textos e, em seguida,
a) localize, na quinta estrofe do poema de Cassiano
Ricardo, um neologismo criado pelo poeta.
b) explique por que, na terceira fala de Pedro Ticiano,
Jorge Amado grafou duas palavras em itálico.

69) (VUNESP-2006) Sem fazer alarde, o Brasil está prestes


a dar um grande passo para dominar de vez a tecnologia
de fabricação de satélites artificiais. Pesquisadores do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado
ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e da empresa
Fibraforte Engenharia, de São José dos Campos,
concluíram com sucesso uma seqüência de testes para
validação de um propulsor para satélites e de um
catalisador, uma substância química que participa da
queima do combustível. O fato é importante, porque
poucos países dominam a tecnologia de fabricação desses
componentes. Os propulsores, também chamados de
motores, são responsáveis por fazer o posicionamento e as
correções de órbita durante a vida útil dos satélites,
estimada em quatro anos. O equipamento projetado e
construído pela Fibraforte é do tipo monopropelente, ou
seja, funciona apenas com um combustível líquido, no caso
a hidrazina anidra, e não precisa de um elemento oxidante
para fazer a combustão. O catalisador nacional, essencial
em satélites monopropelentes, foi desenvolvido pelos
pesquisadores do Laboratório Associado de Combustão e
Propulsão (LCP) do Inpe.
(Pesquisa FAPESP.)
Na sexta-feira (7), a cirurgiã paraense Angelita Habr-Gama
vai receber em Zurique o título de membro honorário da
European Surgical Association (ESA) — Associação
Européia de Cirurgia — pela carreira médica.
Desde que foi fundada, em 1993, a entidade só concedeu o
prêmio a um time seletíssimo de 17 médicos. Entre eles, o
papa em câncer de mama, o italiano Umberto Veronesi, do
Istituto Europeo di Oncologia, em Milão, e o americano
Thomas Starzl, da Universidade de Pittsburgh, o pioneiro
mundial no transplante de fígado.
Angelita será a primeira latino-americana e a primeira
mulher a receber tamanha homenagem. Não é a primeira
vez que a cirurgiã, referência nacional em doenças do
intestino, se vê numa situação fora do comum pelo fato de
ser mulher — em circunstâncias menos glamourosas

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GABARITO No texto, a palavra andorinhava atribui à personagem
Breijeirinha características de uma andorinha: rápida,
1) Alternativa: A ligeira, pequena.

2) Alternativa: A 18) a) O Verbo desfiar e o substantivo fio (em vê-la desfiar


seu fio)
b) A palavra explosão opõe-se semanticamente a franzina.
3) V
V Explosão pressupõe grandeza, enquanto franzina
F pressupõe pequenez.
F
F 19) Alternativa: B

4) Alternativa: C 20) Alternativa: C

21) Alternativa: A
5) Alternativa: B

6) Alternativa: A 22) Alternativa: C

7) Alternativa: A 23) Alternativa: C

24) Alternativa: B
8) Alternativa: D

9) Alternativa: A 25) Alternativa: A

10) O fenômeno consiste na manutenção do h, presente 26) Alternativa: B


em hispânico mas ausente em Espanha. No texto este
fenômeno aparece na palavra herbívoro, relativo a erva, 27) a) Se se considera “erro” o uso lingüístico que não se
mas cuja origem é herba. ajusta ao uso consagrado e nem atende às circunstâncias
em que determinado mecanismo costuma ser empregado,
então a construção “vou estar transferindo” pode ser tida
11) Espostejar significa cortar em postas.
No radical posta foi acrescido o sufixo -ejar e como errada, ou seja, inadequada em relação às normas
posteriormente o prefixo es. vigentes. O nome gerundismo designa, com efeito, a
tendência a indicar o futuro simples por meio da
construção IR + ESTAR + GERÚNDIO. O que o uso consagra
12) Alternativa: A é indicar o futuro por meio do verbo IR (no presente) +
infinitivo: eu vou transferir. A construção IR + ESTAR +
13) “Comprovinciana” é formada pelo prefixo com, que GERÚNDIO é legitimamente usada no contexto em que se
significa companhia, mais a palavra provinciana, relativo a indica uma ação futura que será praticada
quem é da província. Assim, comprovinciana significa simultaneamente a outra ação mencionada também no
aquela que é da mesma região, da mesma província. futuro. Por exemplo: Amanhã, quando você estiver
fazendo a prova, eu vou estar voando para Recife. Já a
14) Alternativa: A construção “Ela está falando bonito” é habitualmente
usada para indicar uma ação simultânea ao ato da fala,
15) Alternativa: C com tendência continuativa. O uso da locução ESTAR
(presente) + GERÚNDIO, em lugar da forma simples do
16) Alternativa: C presente do indicativo, é corrente e tida como normal em
nossa linguagem.
17) a) Os diminutivos caracterizam a personagem tanto b) O sufixo -ismo anexado à palavra gerúndio para formar
fisicamente (ela era 'pequena'), como subjetivamente, gerundismo veicula, neste caso, a idéia de tendência
indicando o afeto que o narrador nutria por ela. viciosa, mania, mau uso. O mesmo valor do sufixo verifica-
b) Andorinhava é uma forma do verbo andorinhar, se, também, por exemplo, em consumismo, oportunismo,
modismo.
colocando-se a desinência verbal indicadora do Pretérito
Imperfeito do Indicativo (-va). O verbo andorinhar vem do
substantivo andorinha, ao qual, por derivação sufixal, foi
acrescido o sufixo formador de verbo -ar. 28) Alternativa: A

29) Alternativa: A

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47) Pode tanto significar: “Um chorinho terminado em -
30) a)"Não se conseguiu apurar o motivo por que a atriz se mente, como também deixar entender “Um chorinho na
divorciou." minha idéia, na minha intenção’
Porque - no sentido de por qual razão ou motivo, grafa-
se separado, pois o que é pronome relativo 48) Diz-se de termo cognato o vocábulo que tem raiz
comum com outros.Belo, beleza, embelezar são termos
b) "O milionário despendeu milhares de dólares com cognatos.
aquela propaganda."
Despender - verbo que significa perder, gastar,
consumir 49) a)
comprão / pegala / dirija-se
31) Alternativa: A mossa / escriptorio / duvida
b)
32) Alternativa: A compram / pegá-la / dirigir-se
moça / escritório / dúvida
33) Alternativa: A
50) A vitalidade do sufixo (z)inho no plano morfológico fica
34) Alternativa: B comprovada por sua aplicação não só a bases nominais
(substantivos e adjetivos), como em festa e em rosto, mas
35) Alternativa: C também a outras bases menos usuais, como, por exemplo,
a pronomes, como em (d)ela.
36) Alternativa: B
51) redução/abreviação vocabular (cine ← cinema),
37) Alternativa: C composição (cine + clube), derivação sufixal (cineclube +
ista) e derivação prefixal (ex + cineclubista).
38) Alternativa: A
52) a) No poema o tempo é marcado pela relação do
39) Alternativa: D homem com o gado. Assim, quem determina o tempo são
as ações dos bois. Daí Boitempo, que funciona como
40) Alternativa: D síntese dessa idéia.
b) “Boitempo” foi formada pelo processo de composição
41) a) Paulatinamente por Justaposição, através da junção dos radicais Boi e
b) Indubitavelmente tempo.
c) Simultaneamente
d) Ininterruptamente. 53) a) Enquanto Iracema mantém o verbo na segunda
e) Excepcionalmente. pessoa do singular (“Donde vieste...”), Andedura faz a
concordância na terceira pessoa do singular (“tu vai?”).
42) Alternativa: A Na terceira pessoa do singular, teríamos:
Donde veio...
43) Alternativa: D Você vai?
b) Trata-se da redução das formas alaranjou e chegou, em
44) a) Predizer que o u final é suprimido.
Desdizer
Contradizer 54) a) Os empresários ‘aderiram’ a Lula.
Bendizer b) O verbo foi criado através do processo de derivação
Maldizer sufixal. Ao Substantivo ‘Lula’ foi adicionado o sufixo
b) Não me contradiga. formador de verbo ‘ar’. Em seguida o verbo foi conjugado
Ele predisse meu futuro. na terceira pessoa do plural.
Bendigo o dia de hoje.
Ele se desdisse, pedindo desculpas. 55) a) Que os homens mentem.
b) A palavra seria “homemente” ou “homemmente”. Seria
um advérbio que significaria aquilo feito da maneira típica
dos homens.
45) Alternativa: B c) Que o modo de agir típico dos homens é com mentiras.

46) Alternativa: A 56) a) encaixar, espremer. A expressividade da palavra


‘ensanduichar’ - um neologismo - reside no fato de ser

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possível caracterizar os jovens descritos na matéria Esta questão, incidindo sobre a relação forma e conteúdo
também como consumidores de sanduíches (essa geração da língua, problematiza a leitura que só se preocupa com
já foi chamada de ‘geração MacDonalds’). conteúdos. Ao chamar a atenção do candidato para
b) O ditado original é ‘separar o joio do trigo’. Significa aspectos mórficos dos verbos ‘preguiçando’ e ‘desasnar’, a
fazer uma seleção, escolhendo o que é melhor e questão pretende sensibilizá-lo para o fato de que a forma
desprezando o que é inútil ou daninho. é parte integrante da significação.
c) Por se tratar de um neologismo bastante recente, criado A questão procura também salientar o fato de que essas
a partir do inglês to delete, e muito utilizado no campo da formas fazem parte de uma história da língua, marcada
informática, algo também considerado bastante atual. nos dicionários.
Além do uso do dicionário, motivado pela certificação da
57) a) Após ser examinado por Seo Deográcias, Miguilim existência ou não de determinadas palavras, de sua
fica apavorado com a possibilidade de morrer de ortografia e acepção semântica, é importante que o
tuberculose. Pede então a Deus dez dias de prazo, nos candidato possa ver a possibilidade de estabelecer uma
quais cumpriria uma novena, e estabelece um acordo: se relação de leitura, entre palavras, no dicionário. Isso é
Deus quiser, após esses dez dias, Miguilim morrerá, caso proposto no item c), pela remissão a ‘desemburrecer’ e a
contrário, não ficará seriamente doente nem morrerá. ‘desemburrar’. Esse outro tipo de leitura nos remete ao
b) Miguilim sofre várias perdas no decorrer da narrativa: processo de dicionarização e questiona a estabilidade do
A perda de sua cadelinha Pingo-de-ouro, também léxico, ressaltando que todo dicionário é uma construção
chamada de Cuca, a morte de seu irmão Dito, o histórica.
afastamento de seu tio Terez, a perda da inocência de
criança e, por fim, da perda da convivência com a família. Fonte: Banca examinadora da Unicamp
As mais marcantes são a morte de seu irmão Dito e o
afastamento de seu tio Terez.
c) A hora de se cumprir o acordo estava próxima, Miguilim 59) a) Segundo o excerto, ‘nosotros’ apresenta um sentido
já estava na ‘véspera’ da sentença dada ao acordo. inclusivo atestado em sua composição, pois não é possível
dizer ‘nós’ sem dizer ‘outros’. Essa injunção morfológica da
língua coloca sempre em pauta a diferença como
58) a) A língua permite que essas construções ocorram a alteridade necessária e não como oposição e recusa na
partir de processos de derivação. Termos como relação entre falantes de uma mesma língua e falantes de
analogia/comparação/combinação serão aceitos. línguas diferentes.
b) ‘Preguiçando’ e ‘desasnar’ comparados a ‘descansando’ b) O ‘nós’ é excludente, por um lado, porque separa os
e ‘aprender’ nos remetem à força expressiva da língua e brasileiros de todos os cidadãos de outras nacionalidades.
chamam a atenção para a forma significante. Por outro lado, no que diz respeito à nação brasileira, o
Ficar ‘preguiçando’ marca o sentido de produzir preguiça, ‘nós’ é excludente porque nem todo brasileiro fala a língua
chamando a atenção para a própria sonoridade da palavra portuguesa. Pela afirmação do item b), quem não fala a
que se esgarça e alarga pelo gerúndio não usual. Já ‘ficar língua portuguesa deixa de ser brasileiro. Nesse caso, em
descansando’ marca o previsível, ressalta o trabalho e sua resposta, o candidato pode explicar a relação
chama a atenção para um intervalo antes da retomada excludente tanto pela palavra ‘brasileiros’, quanto pela
laboriosa. A palavra, em sua forma, passa desapercebida. palavra ‘português’. “Nós brasileiros” afirma a unidade do
O mesmo se dá com ‘desasnar’ que, ao chamar a atenção povo, apagando sua heterogeneidade. “Falamos
para o fato de “deixar de ser asno”, ressalta o português” também forja uma unidade de língua que não
embrutecimento, a aspereza da animalidade que a palavra corresponde ao conjunto complexo dos diferentes falares
‘asno’ marca. ‘Aprender’, tal como ‘descansando’, está presentes no Brasil.
dentro do previsível e reforça a significação já reiterada e
sempre repetida. Esta questão ressalta o processo de interlocução como
c) A relação entre o dicionário e a língua indica que o fundamental na relação dos falantes com a língua,
dicionário, apenas imaginariamente, dá conta de cobrir apontando para o poder envolvido nessa relação. A
todas as palavras que a língua ao mesmo tempo nos impõe discussão dos pronomes, trazida pelo autor, coloca em
e permite que se crie pelos diferentes processos já questão a hegemonia lingüística: respeitar a língua do
mencionados no item a). A força legitimadora do outro significa considerar, mesmo nas pequenas diferenças
dicionário, reforçada pelas citações das fontes e datas, lexicais, outras maneiras de interpretar o mundo. O item
reafirma apenas alguns sentidos das palavras. Nesse b), ao permitir ao candidato pensar sobre a unidade da
processo, muitas questões não são discutidas, inclusive a língua e do povo também como uma questão interna ao
relação colonizadora entre a língua portuguesa lusitana e a Brasil, traz para a pauta de discussões a política lingüística.
brasileira. É importante que o candidato possa olhar para a língua
como um conjunto de diferenças, para que perceba que a

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reflexão e o trabalho sobre esta, em seus diversos níveis
de análise, implica, necessariamente, políticas de língua. 69) a) Mono- tem valor de “único”, “um só” ou “apenas
um”.
Fonte: Banca examinadora da Unicamp b) Dentre várias respostas possíveis, o aluno poderia
responder “A maioria da população brasileira é
60) a) A frase-título da tira Chiclete com Banana de Angeli - monolíngüe”, isto é, são falantes de uma única língua.
“O IMUNDO ANIMAL”- remete à frase “O Mundo Animal”,
referindo-se o substantivo “animais” aos homens, mais
especificamente à classe dos políticos. Qualificando esse
substantivo por meio do adjetivo “imundo”, o autor faz
uma crítica a essa classe, uma vez que as imagens da tira
mostram os políticos com feições distintas (como se
fossem animais de espécies diversas) não competindo, mas
sim associando-se em conchavos, conluios, sugerindo que
seu meio de sobrevivência é imundo, espúrio.

b) Pode-se admitir que há sugestão do processo de


prefixação levando-se em conta um jogo de palavras
produzido pelo autor: a prefixação se daria pela agregação
do prefixo im-/i- ao substantivo “mundo”. Embora,
gramaticalmente, tal possibilidade não seja verificada, esse
jogo de palavras produz um efeito de sentido no qual a
associação sonora entre os vocábulos “mundo” e
“imundo” aproxima-os, semanticamente, deixando
explícita a crítica feita pelo autor aos políticos que seriam
“animais imundos”.

61) Alternativa: A

62) Alternativa: C

63) Alternativa: A

64) Alternativa: A

65) Alternativa: B

66) Alternativa: C

67) a) O primeiro momento modernista procura negar a


gramática e a sintaxe tradicional, daí os termos
“antigramatical” e “anti-sintaxe” (o prefixo anti significa
negação, contrariedade). Posteriormente, essa negação à
gramática e à sintaxe tradicional também é negada (daí
anti-anti), explicando-se assim os termos “anti-
ANTISINTAXE” e a “anti-ANTIGRAMATICAL” .
b) antiANTI-SINTAXE e antiANTIGRAMATICAL

68) a)
“Lucifez”.
“anti-rosto”
“anti-figura”
b) Porque as palavras blagueur e blagues (em francês,
piadista e piadas, respectivamente) não são da Língua
Portuguesa.

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Exercícios com Gabarito de Português
a) consciência - passiência - estensão - cançaço
Morfologia - Ortografia b) consciência - paciência - extensão - cansaço.
c) conciência - paciênssia - extenção - cançasso.
1) (Enem Cancelado-2009) A figura a seguir trata da 'laxa d) conciência - passiênssia - estenção - cansaço.
de desocupação" no Brasil, ou seja, a proporção de e) consciência - passiência - extenção - canssaço.
pessoas desocupadas em relação à população
economicamente ativa de uma determinada região em um 4) (FEI-1997) Assinale a alternativa que preencha
recorte de tempo. corretamente as lacunas:
I. Estamos chegando. São Paulo fica ______ apenas 50
quilômetros daqui.
II. O governo federal vai realizar o ______ da população
em 1996.
III. No início do século, muitos italianos ______ para o
Brasil.
IV. João é muito ______ educado.
a) a - censo - imigraram - mal.
b) à - censo - emigraram - mau.
c) há - senso - imigraram - mau.
d) a - senso - emigraram - mal.
e) à - senso - imigraram - mau.
Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: abr.
2009 (adaptado).
5) (FEI-1994) Assinalar a alternativa em que todas as
A norma padrão da língua portuguesa está respeitada, na
palavras não têm suas sílabas separadas corretamente:
interpretação do gráfico, em:
a) am-bí-guo; rit-mo; psi-co-se; pers-pi-caz
a) Durante o ano de 2008, foi em geral decrescente a taxa
b) abs-tra-ir; bi-sa-nu-al; in-te-lec-ção; quart-zo
de desocupação no Brasil.
c) ob-sé-quio; hep-tas-sí-la-bo; dif-te-ri-a; oc-ci-pi-tal
b) Nos primeiros meses de 2009, houveram acréscimos na
d) vo-lu-ptu-o-so; psi-co-lo-gia; e-xce-der; be-ni-gno
taxa de desocupação.
e) ab-so-lu-to; sub-ju-gar; eu-ro-peu; ist-mo
c) Em 12/2008, por ocasião das festas, a taxa de
desempregados foram reduzidos.
6) (FEI-1994) Assinalar a alternativa em que todas as
d) A taxa de pessoas desempregadas em 04/08 e 02/09, é
palavras estão grafadas corretamente:
estatisticamente igual: 8,5.
e) Em março de 2009 as taxas tenderam à piorar: 9 entre
a) ascensão - irascível - sucinto - reivindicar
100 pessoas desempregadas
b) cumeeira - previnido - maciço - ogeriza
c) impecilho - escassez - obseção - exegese
2) (FEI-1994) Assinalar a alternativa que preenche
d) superstição - previlégio - recisão - coalizão
corretamente as lacunas das frases adiante:
e) pezaroso - hesitar - inexorável - sucetível
I. Guardando sigilo, você agirá com________.
7) (FGV-2001) Assinale a alternativa em que todas as
II. Os bancos transacionam somas_________.
palavras estejam corretamente grafadas.
III. Os culpados devem_________suas falhas.
a) Empolgação, através, extrangeiro, despercebido, auto-
IV. O secretário______o pedido do funcionário.
falante.
V. O professor_________-lhe um duro castigo.
b) Eletricista, asterístico, celebral, frustado, beneficiente.
c) Assessores, pretensão, losango, asterisco, alto-falante.
a) discrição - vultuosas - espiar - diferiu - infringiu
d) Sicrano, vultosa, previlégio, entitular, prazeiroso.
b) descrição - vultosas - expiar - deferiu - inflingiu
e) Eletrecista, pretenção, ascenção, celebral, prazeiroso.
c) discrição - vultosas - expiar - deferiu - infligiu
d) descrição - vultuosas - espiar - diferiu - infringiu
8) (FGV-1997) Nas frases abaixo, os termos destacados
e) discrição - vultuosas - espiar - deferiu - infligiu
podem estar corretos ou incorretos. Se estiverem corretos,
limite-se a copiá-los no espaço apropriado; se estiverem
3) (FEI-1995) Assinalar a alternativa que preenche
incorretos, reescreva-os na forma correta.
corretamente as lacunas do seguinte período:
Estamos anciosos porque o Diretor pode vim à qualquer
A _____________ da obrigação e a _____________ não
momento.
permitiam que ele percebesse a ___________ do
____________.

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Estamos__________ porque o Diretor pode _____ _____ “Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita
qualquer momento. estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas
via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às
cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia
9) (FGV-1997) Nas frases abaixo, os termos destacados deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na
podem estar corretos ou incorretos. Se estiverem corretos, antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma
limite-se a copiá-los no espaço apropriado; se estiverem comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das
incorretos, reescreva-os na forma correta. Mangueiras na direção de Botafogo, onde residia; Camilo
desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a
Apenas duas candidatas requereram inscrição no concurso casa da cartomante.”
para telefonista da Associação Paulista de Beneficência. Diga qual é a razão imediata por que lisonjeado (que está
no texto) é escrito com j e margeado (que não está no
Apenas duas candidatas_________ inscrição no concurso texto) é escrito com g.
para telefonista da Associação Paulista de____________ .
14) (FGV-2004) Das alternativas abaixo, assinale aquela em
que ao menos um plural NÃO está correto:
10) (FGV-1997) Nas frases abaixo, os termos destacados a) Mão, mãos; demão, demãos.
podem estar corretos ou incorretos. Se estiverem corretos, b) Capitão, capitães; ladrão, ladrões.
limite-se a copiá-los no espaço apropriado; se estiverem c) Pistão, pistões; encontrão, encontrões.
incorretos, reescreva-os na forma correta. d) Portão, portões; cidadão, cidadães.
e) Capelão, capelães; escrivão, escrivães.
Como não estivesse ao par do assunto, o gerente não
interveio.
Como não__________ do assunto, o gerente 15) (FGV-2004) Leia atentamente o texto e responda à
não__________ . questão.
1. Cita-se com freqüência o lado empirista anglo-saxão em
face da propensão latina à abstração, ao pensamento
11) (FGV-1997) Nas frases abaixo, os termos destacados conceitual e aos princípios. Henri Poincarré já tinha
podem estar corretos ou incorretos. Se estiverem corretos, observado que se ensinava a mecânica (dita “racional” em
limite-se a copiá-los no espaço apropriado; se estiverem física) de forma diferente, de acordo com o lado da
incorretos, reescreva-os na forma correta. Mancha de onde se olhava.
2. Na França, nós a ensinávamos como a matemática,
Neste país, sempre houveram cidadãos capazes de partindo dos teoremas, dos princípios, da base teórica de
combater os esteriótipos racistas. onde se derivava e, a seguir, dedutivamente, as
Neste país, __________ cidadãos capazes de combater os conseqüências práticas, assim como os diversos exemplos.
________ racistas. Na Inglaterra, ao contrário, partia-se dos fatos
experimentais, de onde se inferia, a seguir, por indução, os
princípios teóricos.
12) (FGV-1998) Nas frases abaixo, os termos sublinhados 3. Bertrand Russel, por sua vez, observava com humor que,
podem estar corretos ou incorretos. Se estiverem corretos, na literatura sobre a psicologia animal experimental, os
limite-se a copiá-los no espaço apropriado; se estiverem animais estudados pelos americanos agitam-se com frenesi
incorretos, reescreva-os na forma correta. e entusiasmo e, finalmente, atingem, por acaso, o
resultado visado. Os animais observados pelos alemães
a) Fiquei frustado ao saber que a maioria da população param para pensar e, finalmente, descobrem a solução por
ainda acreditam nessas antiquadas supertições. um processo voluntário e consciente (...). Uma anedota de
b) Seguem anexo as planilhas que Vossa Senhoria nos origem desconhecida ilustra, igualmente, esta oposição.
solicitastes. Pergunta-se a um inglês se ele gosta de espinafre. Ele coça
c) Revoltados com a barafunda e o desmazelo, os a cabeça, pensativo, e depois responde: “Provavelmente,
mendigos depedraram o aubergue. pois eu como com bastante freqüência.” A mesma
d) Acerca de três anos, os fiscais vem infringindo pesadas pergunta formulada a um italiano, de acordo com a
multas aos motociclistas. história, provoca a resposta imediata: “Espinafre? Eu
e) O diretor e os assessores ainda não tinham chego, adoro!”. Depois, este entusiasta, sendo perguntado
quando os guardas se interporam à frente dos grevistas. quando ele comeu espinafre pela última vez, coça então a
cabeça, reunindo suas lembranças para admitir: “Oh! Deve
13) (FGV-2003) Leia o fragmento abaixo, do conto A fazer bem uns dez anos!”.
cartomante de Machado de Assis. Depois, responda às 4. Cada um pode, facilmente, achar numerosas ilustrações
perguntas. das diferenças entre as formas de pensamento ou de

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raciocínio dos ingleses e dos latinos. Descobrir as raízes é naturalidade impressionante, encontrando liberdade para
menos evidente. A comparação das práticas jurídicas buscar elementos no fauvismo de Henri Matisse, no
oferece um exemplo interessante destas diferenças. cubismo de Pablo Picasso e do contemporâneo de Juan
5. O direito consuetudinário, tal como está consolidado e Gris. Uma arte que está reservada para poucos.
perpetuado na common law inglesa, está fundado na Exposição: de 03 de agosto à 02 de setembro, das 10 às
tradição. Em cada litígio, para arbitrar, o júri popular 19h.
procura na memória coletiva da comunidade um “caso” Nossa língua registra as palavras espectador e expectador.
precedente no qual se possa buscar inspiração para julgar Explique a diferença de sentido dessas palavras.
eqüitativamente, por analogia, de acordo com o costume,
o caso em questão. É, pois, a partir de um ou de diversos
casos similares que se infere a conduta a sustentar,
sempre levando em conta as particularidades do caso 18) (FGV-2005) Qual a diferença de sentido entre a
específico em julgamento. princípio (L. 23-24) e em princípio?
6. Ao contrário, o direito romano é um direito escrito e
abstrato. Um jurista familiarizado com este direito e 1. HORA DA SESTA. Um grande silêncio no casarão.
investido da autoridade do Estado é chamado a julgar as 2. Faz sol, depois de uma semana de dias sombrios e
demandas que lhe são feitas e a decidir entre as partes úmidos.
presentes. Ele procura num texto a fórmula jurídica que se 3. Clarissa abre um livro para ler. Mas o silêncio é tão
aplica a esta situação particular e apresenta sua decisão grande que, inquieta, ela torna a pôr o
apoiando-se sobre a jurisprudência. 4. volume na prateleira, ergue-se e vai até a janela, para
ver um pouco de vida.
AMADO, G., FAUCHEUX, c., e LAURENT, A. Mudança 5. Na frente da farmácia está um homem metido num
Organizacional e Realidades Culturais: contrastes franco: grosso sobretudo cor de chumbo. Um
americanos. Em CHANLAT, Jean-François (coord.), O 6. cachorro magro atravessa a rua. A mulher do coletor
Indivíduo na Organização- Dimensões Esquecidas, vol. II. aparece à janela. Um rapaz de pés
São Paulo: Atlas, 1994, p. 154-155. 7. descalços entra na Panificadora.
8. Clarissa olha para o céu, que é dum azul tímido e
Assinale a alternativa em que, pelo sentido, o vocábulo desbotado, olha para as sombras fracas
sublinhado esteja mal utilizado: 9. sobre a rua e depois se volta para dentro do quarto.
a) A classificação era sempre dicotômica: homens e 10. Aqui faz frio. Lá no fundo do espelho está uma Clarissa
mulheres, adultos e crianças, vertebrados e invertebrados. indecisa, parada, braços caídos,
b) Uma parcela da população - o seguimento das pessoas 11. esperando. Mas esperando quê?
idosas - será explorada nos próximos anos. 12. Clarissa recorda. Foi no verão. Todos no casarão
c) A inflação continuava, mas seu incremento era cada vez dormiam. As moscas dançavam no ar,
menor. 13. zumbindo. Fazia um solão terrível, amarelo e quente.
d) Na orla marítima, as residências de verão seguiam cada No seu quarto, Clarissa não sabia que
vez mais caras. 14. fazer. De repente pensou numa travessura. Mamãe
e) O termo refere-se à relação entre um estado subjacente guardava no sótão as suas latas de
de uma pessoa e seu comportamento manifesto. 15. doce, os seus bolinhos e os seus pães que deviam durar
toda a semana. Era proibido entrar
16. lá. Quem entrava, dos pequenos, corria o risco de levar
16) (FGV-2004) Assinale a alternativa correta quanto à palmadas no lugar de
relação grafia/significado. 17. costume.
a) Para sonhar, basta serrar os olhos. 18. Mas o silêncio da sesta estava cheio de convites
b) Receba meus comprimentos por seu aniversário. traiçoeiros. Clarissa ficou pensando.
c) A secretária agiu com muita discrição. 19. Lembrou-se de que a chave da porta da cozinha servia
d) Seus gastos foram vultuosos. no quartinho do sótão.
e) Tinha ainda conhecimentos insipientes de Matemática. 20. Foi buscá-la na ponta dos pés. Encontrou-a no lugar.
Subiu as escadas devagarinho. Os
21. degraus rangiam e a cada rangido ela levava um
17) (FGV-2005) O artista Juan Diego Miguel apresenta a sustinho que a fazia estremecer.
exposição “Arte e Sensibilidade”, no Museu Brasileiro da 22. Clarissa subia, com a grande chave na mão. Ninguém...
Escultura(MUBE) de suas obras que acabam de chegar no Silêncio...
país. Seu sentido de inovação tanto em temas como em 23. Diante da porta do sótão, parou, com o coração aos
materiais que elege é sempre de uma sensação pulos. Experimentou a chave. A
extraordinária para o espectador. Juan Diego sensibiliza-se 24. princípio não entrava bem na fechadura. Depois
com os materiais que nos rodeam e lhes da vida com uma entrou. Com muita cautela, abriu a porta e

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25. se viu no meio duma escuridão perfumada, duma Assinale a alternativa em que a grafia das palavras está
escuridão fresca que cheirava a doces, correta.
26. bolinhos e pão. a) Beneficiente, asterístico, Ciclano, sombrancelha,
27. Comeu muito. Desceu cheia de medo. No outro dia D. excessão.
Clemência descobriu a violação, e b) Estorno, beneficente, pretensão, Sicrano, assessor.
28. Clarissa levou meia dúzia de palmadas. c) Auto-falante, eletrecista, asterístico, exceção, losângulo.
29. Agora ela recorda... E de repente se faz uma grande d) Estorno, previlégio, prazeiroso, sombrancelha,
claridade, ela tem a grande idéia. “A pretenção.
30. chave da cozinha serve na porta do quarto do sótão.” O e) Estorno, privilégio, beneficiente, acessor, celebral.
quarto de Vasco fica no sótão...
31. Vasco está no escritório... Todos dormem... Oh!
32. E se ela fosse buscar a chave da cozinha e subisse, 20) (FGV-2005) A última das três abordagens, entre as
entrasse no quarto de Vasco e teorias idealistas, é a que considera cultura como sistemas.
33. descobrisse o grande mistério? simbólicos. Esta posição foi desenvolvida nos Estados
34. Não. Não sou mais criança. Não. Não fica direito uma Unidos principalmente por dois antropólogos: o já
moça entrar no quarto dum rapaz. conhecido Clifford Geertz e David Schneider. O primeiro
35. Mas ele não está lá... que mal faz? Mesmo que deles busca uma definição de homem baseada na
estivesse, é teu primo. Sim, não sejas definição de cultura. Para isto, refuta a idéia de uma forma
36. medrosa. Vamos. Não. Não vou. Podem ver. Que é que ideal de homem, decorrente do iluminismo e da
vão pensar? Subo a escada, antropologia clássica, perto da qual as demais eram
37. alguém me vê, pergunta: “Aonde vais, Clarissa?” Ora, distorções ou aproximações, e tenta resolver o paradoxo
vou até o quartinho das malas. (...) de uma imensa variedade cultural que contrasta com a
38. Pronto. Ninguém pode desconfiar. Vou. Não, não vou. unidade da espécie humana. Para isto, a cultura deve ser
Vou, sim! considerada “não um complexo de comportamentos
concretos mas um conjunto de mecanismos de controle,
(Porto Alegre: Globo, 1981. pp. 132-133) planos, receitas, regras, instruções (que os técnicos de
computadores chamam programa) para governar o
comportamento”. Assim, para Geertz, todos os homens
19) (FGV-2005) A última das três abordagens, entre as são geneticamente aptos para receber um programa, e
teorias idealistas, é a que considera cultura como sistemas. este programa é o que chamamos cultura. E esta
simbólicos. Esta posição foi desenvolvida nos Estados formulação - que consideramos uma nova maneira de
Unidos principalmente por dois antropólogos: o já encarar a unidade da espécie - permitiu a Geertz afirmar
conhecido Clifford Geertz e David Schneider. O primeiro que “um dos mais significativos fatos sobre nós pode se
deles busca uma definição de homem baseada na finalmente a constatação de que todos nascemos com um
definição de cultura. Para isto, refuta a idéia de uma forma equipamento para viver mil vidas, mas terminamos no fim
ideal de homem, decorrente do iluminismo e da tendo vivido uma só!”
antropologia clássica, perto da qual as demais eram Roque de Barros Laraia. Cultura, um conceito
distorções ou aproximações, e tenta resolver o paradoxo antropológico. 16. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
(...) de uma imensa variedade cultural que contrasta com a 2003, p. 62.
unidade da espécie humana. Para isto, a cultura deve ser
considerada “não um complexo de comportamentos Assinale a alternativa em que as formas mal ou mau estão
concretos mas um conjunto de mecanismos de controle, utilizadas de acordo com a norma culta.
planos, receitas, regras, instruções (que os técnicos de a) Mau-agradecidas, as juízas se postaram diante do
computadores chamam programa) para governar o procurador, a exigir recompensas.
comportamento”. Assim, para Geertz, todos os homens b) Seu mal humor ultrapassava os limites do suportável.
são geneticamente aptos para receber um programa, e c) Mal chegou a dizer isso, e tomou um sopapo que o
este programa é o que chamamos cultura. E esta lançou longe.
formulação - que consideramos uma nova maneira de d) As respostas estavam mau dispostas sobre a mesa, de
encarar a unidade da espécie - permitiu a Geertz afirmar forma que ninguém sabia a seqüência correta.
que “um dos mais significativos fatos sobre nós pode se e) Então, mau ajeitada, desceu triste para o salão, sem
finalmente a constatação de que todos nascemos com um perceber que alguém a observava.
equipamento para viver mil vidas, mas terminamos no fim
tendo vivido uma só!”
Roque de Barros Laraia. Cultura, um conceito
antropológico. 16. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 21) (FVG - SP-2007) Assinale a alternativa em que todas as
2003, p. 62. palavras estão escritas de acordo com a ortografia oficial
do Brasil.

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a) A Volks ainda está em ascensão no país, apesar do
excesso de concorrentes. As lacunas estão corretamente preenchidas em
b) A obsessão pelo contexto faz do problema, quase a) obseção, magresa, paralisação, repercução
sempre, uma solução privilegiada. b) obsessão, magreza, paralização, repercussão
c) O viez do mercado é importante, porque qualidade é c) obsceção, magreza, paralisação, repercussão
percepção de mercado. d) obssessão, magresa, paralização, repercução
d) As montadoras não conseguem esvasiar os páteos, por e) obsessão, magreza, paralisação, repercussão
maiores descontos que dêem.
e) Super-homem nasceu digitalizado, mas vêm sendo
projetado em modo analógico.
26) (IME-1996) Nas frases a seguir há erros ou
impropriedades. Reescreva-as e justifique a correção.
22) (Gama Filho-1997) "Lembrei, agora, sabe lá Deus por a) "Se você requeresse e o seu amigo intervisse, talvez
quê” você reavesse esses bens."
Apenas uma das orações abaixo será preenchida com por b) "A algum tempo, São Paulo era quasi uma provincia."
quê idêntico em ortografia e de mesma classe gramatical
que a expressão sublinhada no exemplo acima.
Assinale-a.
a) Ele abandonou a Faculdade, ________ ? 27) (IME-1996) Nas frases a seguir há erros ou
b) O motivo_______ ele abandonou o Curso de Letras é impropriedades. Reescreva-as e justifique a correção
evidente. a) "Não se conseguiu apurar o motivo porque a atriz se
c) Foi este o________ de ele ter desistido da Faculdade de divorciou."
Letras. b) "O milionário dispendeu milhares de dólares com aquela
d) Ele não acabou o Curso_______ não quis. propaganda."
e) ___________ele alegou motivos pessoais, abandonou a
Faculdade de Letras.
28) (ITA-1998) Assinale a alternativa que preenche
23) (GV-2003) Assinale a alternativa em que não haja erro corretamente as lacunas.
de grafia. I._______ os amigos, jamais ________ sua atenção e
confiança.
a) Não tinha feito a prova no dia regular nem tão pouco a II. _______dos políticos que dizem que os recursos
substitutiva. públicos não ________do povo.
b) Afim de que as soluções pudessem ser adotadas por a) destratando - se granjeiam - divirjamos - provêm
todos, José de Arimatéia havia distribuído b) distratando - se granjeiam - divirjamos - provêm
cópias do relatório no dia anterior. c) distratando - granjeamos - diverjamos - provêem
c) Porventura, meu Deus, estarei louco? d) destratando - grangeamos - divirjamos - provêem
d) Assinalou com um asterístico a necessidade de notas e) distratando - se granjeia - diverjamos - provêm
informativas adicionais.
e) Com freqüência, os médicos falam de AVC, Acidente 29) (Mack-2001) Febre, hemoptise, dispnéia e suores
Vascular Celebral. Porisso, os próprios pacientes já estão noturnos.
familiarizados com esse termo. A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
24) (GV-2003) Assinale a alternativa em que a grafia de Mandou chamar o médico:
todas as palavras seja prestigiada pela norma culta. - Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
a) Auto-falante, bandeija, degladiar, eletrecista. - Respire.
b) Advogado, frustado, estrupo, desinteria. ..................................................
c) Embigo, mendingo, meretíssimo, salchicha. .....................
d) Estouro, cataclismo, prazeiroso, privilégio. - O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o
e) Aterrissagem, babadouro, lagarto, manteigueira. pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
25) (IBMEC - SP-2007) Leia os enunciados a seguir: - Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

I. Especialistas atribuem o alto número de casos de Em “Pneumotórax”, Manuel Bandeira (1886-1968) fala de
anorexia, em parte, à ............cultural por ................ uma experiência pessoal. Aos dezoito anos adoeceu de
II. A ............... de agentes da Polícia Federal teve tuberculose: “A moléstia não chegou sorrateiramente,
grande .................. na imprensa. como costuma fazer. Caiu de supetão e com toda a

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violência, como uma machadada de Brucutu”. À época, o II - atrazado - côncio - enchuto - mecher
diagnóstico de tísica equivalia a uma condenação. Os III - cicatriz - extensão - discente - exceção
pacientes eram enviados para sanatórios, situados em
locais elevados; a idéia não era só isolá-los, mas também Quanto à ortografia, assinale:
proporcionar-lhes os supostos benefícios da atmosfera a) se todas as afirmações estão incorretas
rarefeita das alturas - além do repouso e da boa b) se apenas II está correta.
alimentação. Eventualmente eram submetidos ao c) se apenas I está correta.
pneumotórax. d) se todas estão corretas.
Entre poetas e escritores a tuberculose era muito e) se apenas III está correta.
freqüente. Um interessante estudo a respeito cita, entre
outros, Goethe, Balzac, Rousseau, Dostoievski, Byron, Poe 32) (PUCCamp-1998) A frase em que há ERROS de
... ortografia é:
A tísica estava associada a uma morte precoce, um dos
“cacoetes históricos que organizaram o destino do homem a) De maneira suscinta orientava os usuários a retirarem
romântico”, segundo Mário de Andrade. as fixas nos guichês indicados.
A associação entre tuberculose e literatura foi, durante b) Como expoente na área, sua compreensão do fato só
muito tempo, um tema fértil. O advento das modernas poderia ter sido aquela que tantos quiseram rejeitar.
drogas capazes de curar a enfermidade mudou c) Espectador de tanto melodrama, o que sentia era um
radicalmente a situação. Um tisiólogo e escritor dividia a misto de desprezo e pena por todos eles.
história da poesia brasileira em três fases; numa primeira, d) A excitação era tanta, e o fascínio dos holofotes era tão
os poetas adoeciam de tuberculose e morriam intenso, que a timidez de alguns foi logo superada.
precocemente; numa segunda fase (na qual se situa e) A pressão que o trabalho fazia em suas coxas não lhe
Bandeira) não morriam, mas se tornavam crônicos; permitia o acesso ao botão de controle.
finalmente chega a época em que nem morrem, nem ficam
crônicos - curam-se. No entanto, quando o problema já
parecia controlado, a tuberculose ressurgiu - associada 33) (PUC-RS-2001) Cientistas ________ buscando
com a AIDS, mas sobretudo com a pobreza nas grandes alternativas para uma tecnologia que, concebida como
cidades e com a desmobilização dos serviços de saúde, solução para os problemas da humanidade, ________ hoje
uma conjuntura que muito pouco tem de literária. um ecossistema ________ beira de um colapso
Moacyr Scliar inimaginável ________ algumas décadas.
A alternativa cujos itens completam a frase acima , de
Considerando o contexto, é correto afirmar: cordo com a norma culta do idioma é
a) Se em vez de um tema fértil o autor estivesse falando de
temas, a forma correta do adjetivo seria fértis. a) vêm - contabiliza - à - há
b) Advento está grafado corretamente, assim como é b) vem - contabilisa - à - há
correta a grafia advinhar. c) vêm - contabilisa - a - à
c) Em um dos cacoetes históricos que organizaram o d) vêm - contabiliza - à - a
destino do homem romântico, o que se refere a poetas. e) vem - contabiliza - a - há
d) Em numa segunda fase (na qual se situa Bandeira),
substituindo-se se situa por pertence estaria correto o 34) (UECE-1996) PARA QUEM QUER APRENDER A GOSTAR
segmento à qual Bandeira pertence.
e) Sem alterar o sentido do texto, no entanto (No entanto, 01 "Talvez seja tão simples, tolo e natural que você
quando o problema...) pode ser substituído por portanto. nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o
seu amor. Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito.
30) (Mack-1996) Assinale a alternativa que preenche com Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito. Gostar é
exatidão as lacunas: tão fácil que ninguém aceita aprender.
Não poderia tratá-lo ______ com amabilidade, pois, 02 Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo,
______ fosse ele, não poderia analisar comparativamente bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros,
as idéias ______ destas teorias, ______ de elaborar meu cheios de entrega, doação e dádiva. Mas esbarram na
trabalho. dificuldade de se tornar bonitos. Apenas isso: bonitos,
a) senão - se não - a fins - afim belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e
b) se não - senão - afins - a fim atenção. Amores levados com arte e ternura de mãos
c) senão - se não - afins - a fim jardineiras.
d) se não - senão - a fins - afim 03 Aí esses amores que são verdadeiros, eternos e
e) senão - senão - afins - a fim descomunais de repente se percebem ameaçados apenas
e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram,
31) (Mack-1997) I - atraz - civilisar - decender - magestoso exigem; rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de

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compreender; necessitam mais do que oferecem; precisam verdadeira expressão de tudo o que você é, e nunca:
mais do que atendem; enchem-se de razões. Sim, de deixaram, conseguiu, soube, pôde, foi possível, ser.
razões. Ter razão é o maior perigo do amor. Quem tem 10 Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto.
razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, Não se preocupe mais com ele e suas definições. Cuide
de exigir justiça, eqüidade, equiparação, sem atinar que o agora da formas. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do
que está sem razão talvez passe por um momento de sua cuidado. Cuide do carinho. Cuide de você. Ame-se o
vida no qual não possa ter razão. Nem queira. Ter razão é suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim
um perigo: em geral enfeia o amor, pois é invocado com poder começar a tentar fazer o outro feliz".
justiça, mas na hora errada. Amar bonito é saber a hora de
ter razão. (TÁVOLA, Arthur da. Para quem quer aprender a amar. In:
04 Ponha a mão na consciência. Você tem certeza de COSTA, Dirce Maura Lucchetti et al. Estudo de texto:
que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando estrutura, mensagem, re-criação. Rio, DIMAC, 1987. P. 25-
do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da 6)
alegria do encontro, da dor do desencontro a maior beleza
possível? Talvez não. Cheio ou cheia de razões, você
espera do amor apenas aquilo que é exigido por suas Flexiona-se como "enfeia", parágrafo 3, o verbo:
partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco a) afiar.
esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em b) agraciar.
quando ele pode trazer. Quem espera mais do que isso c) balbuciar.
sofre, e sofrendo deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de d) galantear.
ser alegre, igual, irmão, criança. E sem soltar a criança,
nenhum amor é bonito.
05 Não tema o romantismo. Derrube as cercas da 35) (UECE-1996) Preenchem-se os espaços de "________
opinião alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite a meses que desejo tanto que elas ________, que, daqui
cabeça de quem você ama. Saia cantando e olhe alegre. ________ pouco, irão para ________ Argentina", com:
Recomendam-se: encabulamentos, ser pego em flagrante a) faz, viagem, há, à.
gostando; não se cansar de olhar, e olhar; não atrapalhar a b) faz, viajem, a, a.
convivência com teorizações; adiar sempre, se possível c) fazem viagem, a, à.
com beijos, 'aquela conversa importante que precisamos d) fazem, viajem, há, a.
ter'; arquivar, se possível, as reclamações pela pouca
atenção recebida. Para quem ama, toda atenção é sempre 36) (UEL-1994) Assinale a alternativa que preenche
pouca. Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode corretamente as lacunas da frase apresentada.
ser toda a atenção possível. Quem ama bonito não gasta o Como há ........ de chuva, ........ a ........ do jogo.
tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter. a) espectativa - cogita-se - suspensão.
06 Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, b) expectativa - cojita-se - suspensão.
pobres escritores que vemos a vida como a criança de c) espectativa - cojita-se - suspenção.
nariz encostado na vitrina cheia de brinquedos dos nossos d) expectativa - cogita-se - suspensão.
sonhos); não teorize sobre o amor; ame. Siga o destino dos e) espectativa - cogita-se - suspenção.
sentimentos aqui e agora.
07 Não tenha medo exatamente de tudo o que você 37) (UEL-1994) Assinale a alternativa que preenche
teme, como: a sinceridade; não dar certo; depois vir a corretamente as lacunas da frase apresentada.
sofrer (sofrerá de qualquer jeito); abrir o coração; contar a ...... de corretas, respostas ...... e apressadas ...... os
verdade do tamanho do amor que sente. examinadores.
08 Jogue por alto todas as jogadas, estratagemas, a) Apesar - suscintas - decepicionaram.
golpes, espertezas, atitudes sabidamente eficazes (não é b) Apesar - sucintas - decepcionaram.
sábio ser sabido): seja apenas você no auge de sua emoção c) Apezar - suscintas - decepcionaram.
e carência, exatamente aquele você que a vida impede de d) Apesar - suscintas - decepcionaram.
ser. Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs. e) Apezar - sucintas - decepicionaram.
Falando besteira, mas criando sempre. Gaguejando flores.
Sentindo coração bater como no tempo do Natal infantil. 38) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à
Revivendo os carinhos que intuiu em criança. Sem medo alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase
de dizer eu quero, eu gosto, eu estou com vontade. apresentada.
09 Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou A argumentação foi ....... ......, mas ainda assim não
fazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo o seu amor, convenceu o ................ .
ou amar fazendo o seu amor bonito (a ordem das frases a) zelosamente - construida - júri.
não altera o produto), sempre que ele seja a mais b) zelozamente - construída - juri.
c) zelosamente - construída - júri.

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d) zelosamente - construida - juri. e) destorcida - porquê.
e) zelozamente - construída - júri.

39) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à 44) (UEL-1995) Assinale a letra correspondente à
alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase
apresentada. apresentada.
Se minha conduta ...... dúvidas, que posso fazer para as
...... para afastar de mim tanta ....................? ....., o rapaz não consegue libertar-se de velhas .....; ...... é
a) suscita - dirimir - suspeição. infeliz.
b) suscita - derimir - suspeição. a) Mau-humorado - tensões - porisso.
c) sucita - derimir - suspeissão. b) Mal-humorado - tenções - por isso.
d) sucita - dirimir - suspeição. c) Mau-humorado - tensões - por isso.
e) suscita - dirimir - suspeissão. d) Mal-humorado - tenções - porisso.
e) Mal-humorado - tensões - por isso.
40) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à
alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase 45) (UFC-2007) a) De acordo com a Nomenclatura
apresentada. Gramatical Brasileira (NGB), deve-se empregar maiúscula
Os turistas ....................... admiraram-se com o número de em:
........................ que havia na aldeia. ( 1 ) topônimos;
a) recéns-chegados - artesãos. ( 2 ) alcunhas, antropônimos;
b) recém-chegados - artesãos. ( 3 ) nomes sagrados, religiosos;
c) recém-chegados - artesães. ( 4 ) nomes de ruas, lugares públicos;
d) recém-chegado - artesãos. ( 5 ) começo de frase, verso ou citação direta;
e) recéns-chegados - artesães. ( 6 ) datas importantes, atos ou festas religiosas;
( 7 ) nomes de pontos cardeais, quando designam região;
41) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à ( 8 ) palavras ou fórmulas respeitosas que se queiram
alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase destacar;
apresentada. ( 9 ) nomes comuns tomados próprios, por personificação
As bandeiras .......................... agitavam-se, na ou individuação;
comemoração pelos .................. conquistados. (10) nomes de atos de leis, decretos determinados, usados
a) alviverdes - troféis. em correspondências oficiais.
b) alviverde - troféus. Observe, nas frases abaixo, o emprego da letra maiúscula,
c) alvis-verdes - troféus. identifique a razão pela qual ela foi usada e, em seguida,
d) alviverdes - troféus. de acordo com o código apresentado, preencha os
e) alviverde - troféis. parênteses, estabelecendo a correlação adequada entre o
uso na frase e a regra.
42) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à
alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase a.1. Ficara entre a eterna peleja entre a Vida ( ) e a Morte.
apresentada. a.2. Tinha saudade do detonar da pólvora nas ronqueiras e
Todo aquele que lhe .......... o caminho irrita-o, ainda que as melodias dos pífanos no Natal ( ).
não ............. de forma intencional. a.3. Foi ( ) nessa época que Eugênia ( ) começou a lhe
a) obstrue - aja. ensinar a bordar.
b) obstrui - haja. a.4. Partiram nos finais de setembro no rumo do sertão de
c) obstrui - aja. Canindé ( ).
d) obstrue - haja. a.5. Os estandartes tremulavam aos ventos com a efígie de
e) obstrói - haja. Nossa Senhora das Dores ( ) nas romarias.
a.6. Foi lá seu maior aprendizado a repetir impaciente:
43) (UEL-1995) Assinale a letra correspondente à “Louro ( ) quer café donzelo com rapadura”.
alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase a.7. Havia sido por causa de uma Ordem Régia ( ), um
apresentada. edital promulgado pelo rei.
a.8. O vento ´Araka´ti´ ( ) esta noite, ao chegar com sua
A visão ..... dos fatos explica ..... apenas alguns alunos brisa boa, encontrou homens, mulheres e
foram premiados. crianças reunidos no alpendre atraídos pela história de um
a) destorcida - porque. rasto de menino.
b) distorcida - por que.
c) distorcida - porque. B. Diz a NGB que a letra maiúscula também deve ser
d) destorcida - por que. empregada em nomes de artes, ciências, disciplinas,

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escolas de qualquer grau de ensino. Com base nesse alternativa em que as duas palavras são, também,
conhecimento, leia o texto abaixo, transcrito de A casa, variantes uma da outra.
identifique as duas ciências implicitamente presentes nele
e construa uma frase empregando o nome de uma dessas a) discrição e descrição.
ciências. b) vultoso e vultuoso.
Um dos rapazes comentou para o grupo: – Eugênia, a única c) catorze e quatorze.
historiadora entre nós engenheiros, vai descobrir coisas d) dispensa e despensa.
que só a ela serão reveladas. e) discriminar e descriminar.

49) (Uneb-1998) A frase em que há ERROS de ortografia é:


46) (UFMT-1996) Na(s) questão(ões) a seguir julgue os a) Excursões à Europa freqüentemente incluem no seu
itens e escreva nos parentes (V) se for verdadeiro ou (F) se trajeto Londres, Paris e Amsterdam.
for falso. b) O sucesso de viagens está na dependência estrita da
adequação entre as intenções do turista e o roteiro
Com base no texto organizado.
1 Sinto muito c) Acontecimentos imprevisíveis ocorrem quando se viaja,
2 Agora o cinto é pra valer. por isso as pessoas não devem deixar-se paralisar diante
(Campanha Detran - 1995) de incidentes desagradáveis.
Julgue os itens. d) Não é exceção ver-se o turista diante da necessidade de
( ) Este texto propaganda joga com a sonoridade de duas pagar taxas extras em aeroportos e hotéis.
palavras homógrafas. e) Há pessoas que procuram acessoria de pessoas
( ) A palavra "sinto" é um verbo, e a palavra "cinto" é um especializadas para pensarem suas visitas ao exterior, mas
substantivo. há geitos mais simples de se planejarem passeios.
( ) A expressão "pra valer" remete à obrigatoriedade do
uso do cinto. 50) (UNIFESP-2004) Considere as quatro afirmações
seguintes.
47) (UFPE-1996) Assinale o trecho que apresenta correção
ortográfica, gramatical e sintática:
a) A cidade na virada da década de 1890 ganha as
primeiras marcas do progresso, impressas pelo prefeito.
Vapores singram as águas. Surge a iluminação a gás.
Conclui-se com base nestas informações, que o
desenvolvimento teve início nessa década.
b) A cidade, na virada da década de 1890, ganha as I. O pronome vossa (2ª pessoa do plural) é usado como
primeiras marcas do progresso, impressas pelo prefeito. forma de demonstrar respeito a alguém, sobretudo em
Vapores singram as águas. Surge a iluminação a gás. posição superior.
Conclui-se, com base nestas informações, que o II. No primeiro quadrinho, a escrita correta seria por que e
desenvolvimento teve início nessa década. não porque.
c) A cidade, na virada da década de 1890, ganha as III. A forma verbal possui, no segundo quadrinho, está
primeiras marcas do progresso, impressas pelo prefeito. incorreta, devendo ser substituída por possue.
Vapores singram as águas. Surje a iluminação a gaz. IV. A forma verbal têm, no último quadrinho, está correta,
Conclue-se, com base nestas informações que o já que se refere aos dois interlocutores do Senhor.
desenvolvimento teve início nesta década. Estão corretas apenas as afirmações
d) A cidade, na virada da década de 1890, ganham as a) I e II.
primeiras marcas do progresso, impressas pelo prefeito. b) I e III.
Vapores singram as águas. Surgem a iluminação a gás. c) II e IV.
Conclui-se, com base nessas afirmações, que o d) I, II e III.
desenvolvimento teve início nessa década. e) I, II e IV.
e) A cidade, na virada da década de 1890, ganha as
primeiras marcas do progresso, impresso pelo prefeito.
Vapores cingram as águas. Surje a iluminação a gás. 51) (UNIFESP-2004) Leia a seguir um trecho de um bate-
Conclue-se, com base nestas informações, que o papo pela internet, retirado de uma das “salas” do UOL.
desenvolvimento teve início nessa década. (04:01:51) LOIRA fala para E.F.S-MSN: NAO QUERO PAPO
CONTIGO PQ VC PIZOU NA BOLA
48) (UFSCar-2005) A palavra cousa é uma variante da (04:01:55) Alex entra na sala...
palavra coisa, assim como loura de loira. Assinale a (04:02:02) Alex fala para Todos: Alguém quer teclar?

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(04:02:04) A T I R A D O R fala para AG@SSI: QUEM E VC d) Diversas veses o cronista se mostra pessimista diante da
(04:02:39) LOIRA fala para nois(Mô, Lê e Ti): APARENCIA realidade, embora a crônica deva ser
NAO EMPORTA mensajeira de esperança a seus leitores.
(04:02:43) A T I R A D O R fala para LOIRA: eai princesa ta e) A beleza de um acontecimento é captada pela visão
afim de tc lírica do cronista, que recria esse momento com arte e
(04:02:56) LOIRA fala para AG@SSI: OI QTOS ANOS sensibilidade.

Sobre a escrita no bate-papo, são feitas as quatro


afirmações seguintes. 54) (Vunesp-2004) A questão a seguir toma por base uma
I. As palavras teclar e tc são formadas, respectivamente, passagem de uma carta do poeta parnasiano Raimundo
por sufixação e redução. Correia (1859-1911) e fragmentos de um ensaio do poeta
II. Estão incorretamente grafadas as palavras pizou e modernista Jorge de Lima (1893-1953).
emporta.
III. A pontuação está incorreta nas frases de Loira, Alex e A Rodolfo Leite Ribeiro
Atirador. (...) Noto nas poesias tuas, que o Vassourense tem
IV. Alex e Atirador apresentam erros na acentuação de publicado, muita naturalidade e cor local, além da nitidez
palavras. do estilo e correção da forma. Sentes e conheces o que
Está correto apenas o que se afirma em cantas, são aprazivelmente brasileiros os assuntos, que
A) I e II. escolhes. Um pedaço de nossa bela natureza esplêndida
B) I e III. palpita sempre em cada estrofe tua, com todo o vigor das
C) II e III. tintas que aproveitas. No “Samba” que me dedicas, por
D) II e IV. exemplo, nenhuma particularidade falta dessa nossa dança
E) III e IV. macabra, movimento, graça e verdade ressaltam de cada
um dos quatorze versos, que constituem o soneto. / Como
eu invejo isso, eu devastado completamente pelos
52) (UNIFESP-2004) Leia a seguir um trecho de um bate- prejuízos dessa escola a que chamam parnasiana, cujos
papo pela internet, retirado de uma das “salas” do UOL. produtos aleijados e raquíticos apresentam todos os
(04:01:51) LOIRA fala para E.F.S-MSN: NAO QUERO PAPO sintomas da decadência e parecem condenados, de
CONTIGO PQ VC PIZOU NA BOLA nascença, à morte e ao olvido! Dessa literatura que
(04:01:55) Alex entra na sala... importamos de Paris, diretamente, ou com escala por
(04:02:02) Alex fala para Todos: Alguém quer teclar? Lisboa, literatura tão falsa, postiça e alheia da nossa
(04:02:04) A T I R A D O R fala para AG@SSI: QUEM E VC índole, o que breve resultará, pressinto-o, é uma triste e
(04:02:39) LOIRA fala para nois(Mô, Lê e Ti): APARENCIA lamentável esterilidade. Eu sou talvez uma das vítimas
NAO EMPORTA desse mal, que vai grassando entre nós. Não me atrevo,
(04:02:43) A T I R A D O R fala para LOIRA: eai princesa ta pois, a censurar ninguém; lastimo profundamente a todos!
afim de tc / É preciso erguer-se mais o sentimento de nacionalidade
(04:02:56) LOIRA fala para AG@SSI: OI QTOS ANOS artística e literária, desdenhando-se menos o que é pátrio,
nativo e nosso; e os poetas e escritores devem cooperar
Observando a segunda fala de Atirador, vê-se que ele nessa grande obra de restauração. Não achas? Canta um
comete infração gramatical semelhante à que ocorre em poeta, entre nós, um Partenon
a) Durante a reunião, todos se referiram o mesmo de Atenas, que nunca viu; outro os costumes de um Japão
problema. a que nunca foi... Nenhum, porém, se lembrara de cantar a
b) Vossa Excelência deveis ouvir as exigências do povo. Praia do Flamengo, como o fizeste, e qualquer julgaria
c) Lhe enviaremos a resposta o mais breve possível. indigno de um soneto o Samba, que ecoa
d) Chegou todos os convidados para a festa. melancolicamente na solidão das nossas fazendas, à noite.
e) Derrepente ela parou e percebeu que estava sendo / Entretanto, este e outros assuntos vivem na tradição de
seguida. nossos costumes, e é por desprezá-los assim que não temos
um poeta verdadeiramente nacional. / Qualquer assunto,
por mais chilro e corriqueiro que pareça ser, pode deixar de
53) (Unifor-2003) Há palavras escritas de modo sê-lo, quando um raio do gênio o doure e inflame. / Tu me
INCORRETO na frase: soubeste dar uma prova desse asserto. Teus formosos
a) Uma analogia pode fornecer ao cronista o assunto versos é que hão de ficar, porque eles estão alumiados pela
desejado, no qual injetará sua marca registrada. imensa luz da verdade. Essa rota que me apontas é que eu
b) O fito exclusivo de um cronista é, geralmente, incutir a deveria ter seguido, e que, infelizmente, deixei de seguir. O
possibilidade do sonho numa dura realidade. sol do futuro vai romper justamente da banda para onde
c) O cronista deve sentir-se um escritor privilegiado caminhas, e não da banda por onde nós outros temos
quando consegue imprimir lirismo a um fato corriqueiro. errado até hoje. / Continua, meu Rodolfo. Mais alguns

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sonetos no mesmo gênero; e terás um livro que, por si só, mudança no presente, pela volta a ele, renascimento dele,
valerá mais que toda a biblioteca de parnasianos. Onde, pela volta de sua expressão estilística ou substancial. A
nestes, a pitoresca simplicidade, a saudável frescura, a nossa tradição estilística, de galho deu, na terra boa em
verdadeira poesia de teus versos?! que se plantando dá tudo, apenas garranchos.
(Raimundo Correia. Correspondência. In: Poesia completa (Jorge de Lima. Ensaios. In: Poesias completas - v. 4. Rio de
e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1961.) Janeiro: José Aguilar/MEC, 1974.)
Todos Cantam sua Terra...
(1929) O Modernismo buscou, em sua fase inicial, um novo
[...] Acha Tristão de Ataíde que a literatura brasileira discurso pela quebra de padrões sintáticos e o emprego de
moderna, apesar de tudo, enxergou qualquer cousa às características da linguagem coloquial. Com base nestas
claras. Pois que deu fé que estava em erro. Que se informações, responda.
esquecera do Brasil, que se expressava numa língua que a) O que significam os neologismos anti-ANTISINTAXE e
não era a fala do povo, que enveredara por terras de anti-ANTIGRAMATICAL, no texto de Jorge de Lima?
Europa e lá se perdera, com o mundo do Velho Mundo. b) O texto de Jorge de Lima foi escrito em 1929. No caso
Trabalho deu a esse movimento literário atual, a que de esses dois neologismos não estarem grafados de acordo
chamam de moderno, trazer a literatura brasileira ao ritmo com o que dispõe o nosso Sistema Ortográfico, que é de
da nacionalidade, isto é, integrá-la com as nossas 1943, indique as grafias obedientes à regra ortográfica
realidades reais. Mais ou menos isso falou o grande crítico. atual, segundo a qual o prefixo anti- só deve ser
Assim como falou do novo erro em que caiu esta literatura acompanhado de hífen diante de h, r e s.
atual criando um convencionalismo modernista, uma
brasilidade forçada, quase tão errada, quanto a sua 55) (VUNESP-2007) Os Tratados com a Bolívia
imbrasilidade. Em tudo isso está certo Tristão. Houve de A Bolívia é uma espécie de Estado de Minas da América do
fato ausência de Brasil nos antigos, hoje parece que há Sul; não tem comunicação com o mar. Quando a Standard
Brasil de propósito nos modernos. Porque nós não Oil abriu lá os poços de petróleo de Santa Cruz de la Sierra,
poderíamos com sinceridade achar Brasil no índio que na direção de Corumbá de Mato Grosso, a desvantagem da
Alencar isolou do negro, cedendo-lhe as qualidades lusas, situação interna da Bolívia tornou-se patente. Estava com
batalhando por um abolicionismo literário do índio que nos petróleo, muito petróleo, mas não tinha porto por onde
dá a impressão de que o escravo daqueles tempos não era exportá-lo. Ocorreu então um fato que parece coisa de
o preto, era o autóctone. O mesmo se deu com Gonçalves romance policial.
Dias em que o índio entrou com o vestuário de penas Os poços de petróleo da Standard trabalhavam sem cessar
pequeno e escasso demais para disfarçar o que havia de mas o petróleo que passava pelas portas aduaneiras
Herculano no escritor. bolivianas e pagava a taxa estabelecida no contrato de
[...] concessão era pouco. O boliviano desconfiou. “Aqueles
Da mesma forma que os nossos primeiros literatos poços não cessam de jorrar e o petróleo que paga taxa é
cantaram a terra, os nossos poetas e escritores de hoje tão escasso… Neste pau tem mel.”
querem expressar o Brasil numa campanha literária de E tinha. A espionagem boliviana acabou descobrindo o
“custe o que custar”. Surgiram no começo verdadeiros truque: havia um oleoduto secreto que subterraneamente
manifestos, verdadeiras paródias ao Casimiro e ao passava por baixo das fronteiras e ia emergir na Argentina.
Gonçalves Dias: “Todos dizem a sua terra, também vou A maior parte do petróleo boliviano escapava à taxação do
dizer a minha”. E do Norte, do Sul, do sertão, do brejo, de governo e entrava livre no país vizinho. Um negócio
todo o país brotaram grupos, programas, proclamações maravilhoso.
modernistas brasileiras, umas ridículas à beça. Ninguém Ao descobrir a marosca, a Bolívia fez um barulho infernal e
melhor compreendeu, adivinhou mesmo, previu o que se ia cassou todas as concessões de petróleo dadas à Standard
dar, botando o preto no branco, num estudo apenso ao Oil. Vitórias momentâneas sobre a Standard quantas a
meu primeiro livro de poesia em 1927, do que o meu amigo história não registra! Vitórias momentâneas. Meses depois
José Lins do Rego. (...) um coronel ou general encabeça um pronunciamento
Dois anos depois é o mesmo protesto de Tristão de Ataíde: político, derruba o governo e toma o poder. O primeiro ato
“esse modernismo intencional não vale nada!” Entretanto do novo governo está claro que foi restaurar as concessões
nós precisamos achar a nossa expressão que é o mesmo da Standard Oil cassadas pelo governo caído…
que nos acharmos. E parece que o primeiro passo para o Mas como resolver o problema da saída daquele petróleo
achamento é procurar trazer o homem brasileiro à sua fechado? De todas as soluções estudadas a melhor
realidade étnica, política e religiosa.[...] consistia no seguinte: forçar o Brasil por meio dum tratado
No seio deste Modernismo já se opera uma reação anti- a ser o comprador do petróleo boliviano; esse petróleo iria
ANTISINTAXE, anti-ANTIGRAMATICAL em oposição ao de Santa Cruz a Corumbá por uma estrada de ferro a
desleixo que surgiu em alguns escritos, no começo. Nós não construir-se e de Corumbá seguiria pela Estrada de Ferro
temos um passado literário comprido (como têm os Noroeste. Isto, provisoriamente. Mais tarde se construiria
italianos, para citar só um povo), que nos endosse qualquer um oleoduto de La Sierra a Santos, Paranaguá ou outro

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porto brasileiro do Atlântico. Desse modo o petróleo
boliviano abasteceria as necessidades do Brasil e também
seria exportado por um porto do Brasil.
Ótima a combinação, mas para que não viesse a falhar era
indispensável que o Brasil não tirasse petróleo. Eis o
segredo de tudo. A hostilidade oficial contra o petróleo
brasileiro vem de grande número de elementos oficiais
fazerem parte do grande grupo americano, boliviano e
brasileiro que propugna essa solução — maravilhosa para
a Bolívia, desastrosíssima para nós.
Os tratados que sobre a matéria o Brasil assinou com a
Bolívia não foram comentados pelos jornais dos tempos;
era assunto petróleo e a Censura não admitia nenhuma
referência a petróleo nos jornais. A 25 de janeiro de 1938
foi assinado o tratado entre o Brasil e a Bolívia no qual se
estabelecia o orçamento para a realização de estudos e
trabalhos de petróleo no total de 1.500.000 dólares, dos
quais o Brasil entrava com a metade, 750 mil dólares, hoje
15 milhões de cruzeiros. O Brasil entrava com esse
dinheiro para estudos de petróleo na Bolívia, o mesmo
Brasil
oficial que levou sete anos para fornecer a Oscar Cordeiro
uma sondinha de 500 metros…
Um mês depois, a 25 de fevereiro de 1938, novo tratado
entre os dois países, com estipulações para a construção
duma estrada de ferro Corumbá a Santa Cruz de la Sierra; a
benefício dessas obras em território boliviano o Brasil
entrava com um milhão de libras ouro…
O representante do Brasil para a formulação e execução
dos dois tratados tem sido o Sr. Fleury da Rocha.
Chega. Não quero nunca mais tocar neste assunto do
petróleo. Amargurou-me doze anos de vida, levou-me à
cadeia — mas isso não foi o pior. O pior foi a incoercível
sensação de repugnância que desde então passei a sentir
sempre que leio ou ouço a expressão Governo Brasileiro…
(José Bento Monteiro Lobato. Obras completas — volume
7. São Paulo:
Editora Brasiliense, 1951, p.225-227.)

Tendo em consideração o que prescreve o atual sistema


ortográfico para o uso de iniciais maiúsculas, leia
atentamente o sétimo parágrafo e, em seguida, aponte a
razão pela qual a palavra “censura” aparece escrita com
inicial maiúscula.

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GABARITO
19) Alternativa: B
1) Alternativa: A
20) Alternativa: C
2) Alternativa: C
21) Alternativa: B
3) Alternativa: B
22) Alternativa: A
4) Alternativa: A
23) Alternativa: C
5) Alternativa: D
24) Alternativa: E
6) Alternativa: A Correção das outras alternativas:
a) alto-falante; bandeja; digladiar; eletricista.
b) frustrado; estupro; disenteria.
7) Alternativa: C
c) umbigo; mendigo; meritíssimo; salsicha.
8) Ansiosos vir a d) prazeroso.

25) Alternativa: E
9) Requereram
26) a) "Se você requeresse e o seu amigo interviesse,
beneficência
talvez você reouvesse esses bens."
10) A par
interveio Intervir se conjuga pelo verbo vir
Reaver se conjuga pelo verbo haver, nas formas em que
11) haver tem a letra V.
Houve - estereótipo
b) " Há algum tempo, São Paulo era quase uma província."
12) a) frustrado, acredita, antiquadas superstições
Verbo haver para indicar tempo passado
b) anexas, solicitou
c) desmazelo, depredaram , albergue quase é a ortografia correta
d) Há cerca de, vêm infligindo, motociclistas paroxítona terminada em ditongo oral é acentuada
e) tinham chegado, interpuseram

13) Lisonjeado é escrito com J porque deriva de lisonja, 27) a)"Não se conseguiu apurar o motivo por que a atriz se
também grafado com J. Já margeado é escrito com G divorciou."
porque deriva de margem, também grafado com G. Porque - no sentido de por qual razão ou motivo, grafa-
se separado, pois o que é pronome relativo
14) Alternativa: D
b) "O milionário despendeu milhares de dólares com
15) Alternativa: B aquela propaganda."
Despender - verbo que significa perder, gastar,
16) Alternativa: C consumir

28) Alternativa: A
17) A palavra “espectador” tem o sentido de “aquele que
vê”, “aquele que assiste a”.
Já a palavra “expectador” significa “aquele que tem 29) Alternativa: D
expectativa”, “aquele que está na expectativa”.
30) Alternativa: C

18) A expressão “a princípio” significa “no começo”, “no 31) Alternativa: A


início”, “inicialmente”, enquanto “em princípio” significa
“em tese”, “em teoria”. Assim, a expressão “a princípio” é 32) Alternativa: A
de natureza temporal, enquanto “em princípio” aponta
para uma perspectiva de natureza racional-metodológica. 33) Alternativa: A

34) Alternativa: D

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Estado Novo Monteiro Lobato tinha uma postura crítica
35) Alternativa: B em relação ao regime ditatorial, embora fosse, como ele,
conservador e nacionalista.
36) Alternativa: D Na época desse regime, a propaganda oficial do Governo
Brasileiro e a censura à imprensa eram da
37) Alternativa: B responsabilidade do DIP — Departamento de Imprensa e
Propaganda — órgão responsável pelo controle repressor
38) Alternativa: C da imprensa. Utilizando o vocábulo “Censura” (escrito com
inicial maiúscula) para designar essa repartição, Lobato
39) Alternativa: A cria um efeito de personificação, como se fosse o DIP, e
não a pessoa, o responsável pela proibição das notícias
40) Alternativa: B correspondentes ao acordo assinado entre Brasil e Bolívia.

41) Alternativa: D

42) Alternativa: C

43) Alternativa: B

44) Alternativa: E

45) A : a.1 (9); a.2 (6); a.3. (5), (2); a.4 (1); a.5. (3); a.6. (5);
a.7. (10); a.8 (2).

B: (historiadora e engenheiro)
Eu estudo História ou A Engenharia é uma arte que
sempre me fascinou.

46) F V V

47) Alternativa: B

48) Alternativa: C

49) Alternativa: A

50) Alternativa: E

51) Alternativa: A

52) Alternativa: E

53) Alternativa: D

54) a) O primeiro momento modernista procura negar a


gramática e a sintaxe tradicional, daí os termos
“antigramatical” e “anti-sintaxe” (o prefixo anti significa
negação, contrariedade). Posteriormente, essa negação à
gramática e à sintaxe tradicional também é negada (daí
anti-anti), explicando-se assim os termos “anti-
ANTISINTAXE” e a “anti-ANTIGRAMATICAL” .
b) antiANTI-SINTAXE e antiANTIGRAMATICAL

55) Monteiro Lobato foi um defensor da exploração


nacional do petróleo. Durante o governo varguista do

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Exercícios com Gabarito de Português
Um sistema político eficaz é aquele capaz de fazer
Verbo, Substantivo e Adjetivo dos postulados democráticos o compromisso cotidiano da
cidadania, não apenas por sua garantia formal, mas por
1) (Cesgranrio-1994) Assinale o item que completa seu exercício efetivo. Uma sociedade democrática, por sua
corretamente as lacunas. vez, não se esgota na proteção jurídica dos direitos e
garantias individuais. Ela se consuma na efetivação dos
_____havido um acréscimo na violência urbana e, direitos econômicos e sociais, sem os quais teremos
se______este quadro,_____, em um futuro breve, mais sempre e fatalmente uma sociedade dualista.
vítimas inocentes. Considerados sob este aspecto, Política e
Educação estão submetidas aos mesmos princípios e
a) Tem - mantivermos - existirão exigem respeito à liberdade individual, acatamento à
b) Tem - mantermos - existirão diversidade humana e preservação do pluralismo.
c) Tem - mantermos - existirá Parodiando o velho dilema para saber se os países são
d) Têem - mantivermos - existirão ricos porque são educados, ou são educados porque são
e) Têm - mantivermos - existirão ricos, existe a convicção de que um bom sistema político
depende essencialmente de um sistema educacional
2) (Covest-1997) Relacione as frases cujos verbos universalizando, eficiente e dinâmico.
sublinhados estão no mesmo tempo, modo e pessoa Hoje, sabemos que não são apenas o crescimento
gramatical. material, o desenvolvimento econômico o aprimoramento
1. Que todo homem é um diabo não há mulher que o< social e o desfrute dos bens culturais e espirituais que
negue>. levam uma sociedade adequadamente educada e apta a
2. <Vem>, eu te farei da minha vida participar. transformar em benefícios coletivos as conquistas da
3.< Ide> em paz, o Senhor vos acompanhe. ciência e do conhecimento. Mais do que isso, temos
4. Estou preso à vida e< olho> meus companheiros. consciência de que a própria sobrevivência humana está
5. Tu não me <tiraste> a natureza... condicionada pela possibilidade de acesso a todas as
Tu mudaste a natureza. formas de conhecimento produzidas pelo homem.
A manutenção e a expansão em todos os países
( ) <Cala> essa canção soturna. do mundo, estão associadas à possibilidade de adquirirmos
( ) <Interrogai>-as agora que os reis tremem no seu e aprimorarmos o conhecimento e as técnicas que vêm
trono. revolucionando formas tradicionais de produção industrial,
( ) <Debruço>-me na grade da banca e respiro de intensificação do comércio, de criação intelectual e do
penosamente. próprio lazer, Sociedades prósperas , portanto, são,
( ) <Trouxeste>-a para o pé de mim. necessáriamente, não apenas sociedades educadas, mas
( ) Mesmo assim elas procuram um diabo que as aquelas capazes de se educarem permanentemente.
<carregue>. Nenhuma fragilidade, por isso mesmo, é mais cruel,
A seqüência correta é: nenhuma gera mais exclusão e injustiça do que a
a) 3, 2, 4, 5 e 1 incapacidade de dar a todos a possibilidade de realização
b) 4, 3, 2, 1 e 5 de suas próprias potencialidades, por meio do
c) 5, 1, 4, 2 e 3 conhecimento, da educação e do acesso aos bens
d) 1, 4, 5, 3 e 2 culturais. Este é o desafio que, neste fim de milênio, ainda
e) 2, 3, 4, 5 e 1 estamos por vencer.
O dualismo que nos separa sobrevive, porque não fomos
capazes de vencer o único problema estrutural brasileiro,
3) (Covest-1997) Assinale a alternativa correta no que se que é o da educação.
refere ao uso dos pronomes: Não me refiro aos aspectos formais, a que
a) Não acredito que entre mim e você surjam problemas incluem a diminuição das taxas de evasão e repetência e a
deste tipo. ampliação dos benefícios proporcionados pela qualidade
b) Espere-me, pois estarei consigo na próxima semana. de ensino, mas sim a algo mais abrangente e substantivo,
c) Não há qualquer afinidade entre eu e eles. que é a educação como instrumento vital da preparação
d) Estas flores chegaram para tu. para a vida.
e) Pedi que deixasse o documento para mim assinar. Não basta alfabetizar. Educar é muito mais do que
isso. É, sobretudo, instrumentalizar o ser humano como
cidadão, proporcionando-lhe, por meio de sistema
4) (Covest-1997) Excertos do Documento "Pacto pela educacional universalizado, eficiente e de alto padrão de
Educação" qualidade e rendimento, perspectivas de progresso
Marco Maciel pessoal e de mobilidade social. [...] A questão educacional

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é, efetivamente, o verdadeiro desafio estrutural que “caranguejando” e “pequeninando e não mordendo”
estamos sendo chamados a vencer neste fim de século. criam, principalmente, efeitos de
Certamente há muitas profundas razões para o nosso
atraso. Uma de caráter histórico, cultural e sociológico, de a) esvaziamento de sentido.
que é exemplo a circunstância de termos sido o último país b) monotonia do ambiente.
a abolir a chaga terrível da escravidão [...]. Da escravidão, c) estaticidade dos animais.
decorrem, em grande parte, o dualismo e a exclusão social d) interrupção dos movimentos.
de que hoje somos uma das principais vítimas em todo o e) dinamicidade do cenário.
mundo, em razão da expressão política, econômica e
demográfica que atingimos no conceito universal. 6) (ESPM-2006) A morte do livro
Outras razões são incontestavelmente políticas, FERREIRA GULLAR
como o modelo elitista que timbramos em não sepultar e A morte do livro como veículo da literatura já foi
que hesitamos muitas vezes em simplesmente reformar. profetizada várias vezes na chamada época moderna. E
Dele decorrem os males atávicos do Estado brasileiro, não por inimigos da literatura, mas pelos escritores
barreira e proteção para os privilégios que beneficiam a mesmos. Até onde me lembro, o primeiro a fazer essa
poucos em detrimento de quase todos. profecia foi nada menos que o poeta Guillaume
É necessário [...] um pacto de Estado para termos Apollinaire, no começo do século 20.
uma sociedade mais justa, uma economia mais próspera e Entusiasmado com a invenção do gramofone (ou vitrola),
um sistema político que reflita as permanentes aspirações acreditou que os poetas em breve deixariam de imprimir
nacionais por democracia, desenvolvimento e seus poemas em livros para gravá-los em discos, com a
solidariedade social. vantagem — segundo ele, indiscutível — de o antigo leitor,
tornado ouvinte, ouvi-los na voz do próprio poeta. [...]
De qualquer modo, Apollinaire, que foi um bom poeta,
São exemplos da voz passiva: revelara-se um mau profeta, já que os poetas continuaram
Assinale V ou F. a se valer do livro para difundir seus poemas enquanto o
disco veio servir mesmo foi aos cantores e compositores
( ) A sobrevivência humana é condicionada pela de canções populares, [...].
possibilidade de acesso ao conhecimento. O mais recente profeta do fim do livro é o romancista
( ) O modelo elitista não foi sepultado pelas norte-americano Philip Roth, que, numa entrevista, fez o
reformas constitucionais. prenúncio. Na verdade, ele anunciou o fim da própria
( ) Não me refiro aos seus aspectos formais [...] literatura e não por falta de escritores, mas de leitores.
( ) O dualismo e a exclusão social decorrem da Certamente, referia-se a certo tipo de literatura, pois obras
escravidão. de ficção como “O Código Da Vinci” e “Harry Potter”
( ) A manutenção e a expansão do emprego alcançam tiragens de milhões de exemplares em todos os
parecem estar diretamente ligadas à possibilidade de idiomas.
adquirir conhecimentos. Outro fenômeno que contradiz a tese de que as pessoas
lêem cada vez menos é o crescente tamanho dos “best-
sellers”: ultimamente, os volumes ultrapassam as 400 ou
5) (ENEM-2002) “ Narizinho correu os olhos pela 500 páginas, havendo os que atingem mais de 800. Tais
assistência. Não podia haver nada mais curioso. dados põem em dúvida, mais uma vez, as previsões da
Besourinhos de fraque e flores na lapela conversavam com morte do livro e da literatura. [...]
baratinhas de mantilha e miosótis nos cabelos. Abelhas A visão simplificadora consiste em não levar em conta
douradas, verdes e azuis, falavam mal das vespas de alguns fatores que estão ocultos, mas atuantes na
cintura fina - achando que era exagero usarem coletes tão sociedade de massa: fatores qualitativos que a avaliação
apertados. Sardinhas aos centos criticavam os cuidados meramente quantitativa ignora. Começa pelo fato de que
excessivos que as borboletas de toucados de gaze tinham são as obras literárias de qualidade, e não as que
com o pó das suas asas. Mamangavas de ferrões constituem mero passatempo, que influem na construção
amarrados para não morderem. E canários cantando, e do universo imaginário da época. É indiscutível que tais
beija-flores beijando flores, e camarões camaronando, e obras atingem, inicialmente, um número reduzido de
caranguejos caranguejando, tudo que é pequenino e não leitores, mas é verdade também que, através deles, com o
morde, pequeninando e não mordendo.” passar do tempo, influem sobre um número cada vez
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. São Paulo: maior de indivíduos — e especialmente sobre aqueles que
Brasiliense, 1947. constituem o núcleo social irradiador das idéias.
Costumo, a propósito desta discussão, citar o exemplo de
No último período do trecho, há uma série de verbos no um livro de poemas que nasceu maldito: “As Flores do
gerúndio que contribuem para caracterizar o ambiente Mal”, de Charles Baudelaire, cuja primeira edição, em
fantástico descrito. Expressões como “camaronando”, reduzida tiragem, data de 1857. Naquela mesma época

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havia autores cujos livros alcançavam tiragens metade do corpo, quando o motorista protestou: se ele
consideráveis, que às vezes chegavam a mais de 30 mil morresse na viagem? A turba concordou em chamar a
exemplares. Esses livros cumpriram sua missão, divertiram ambulância. Dario foi conduzido de volta e encostado à
os leitores e depois foram esquecidos, como muitos “best- parede - não tinha os sapatos e o alfinete de pérola na
sellers” de nossa época. Enquanto isso, o livro de poemas gravata.
de Baudelaire — cuja venda quase foi proibida pela Justiça (Dalton Trevisan)
—, que vem sendo reeditado e traduzido em todas as
línguas, já deve ter atingido, no total das tiragens, muitos
milhões de exemplares. O verdadeiro “best-seller” é ele ou Assinale a forma errada do imperativo:
não é? [...] a) põe-te na ponta dos pés / não te ponhas na ponta dos
(Folha de São Paulo, 19/03/2006) pés.
b) ponha-se na ponta dos pés / não se ponha na ponta dos
De qualquer modo, Apollinaire, que foi um bom poeta, pés.
revelara-se um mau profeta, já que os poetas continuaram c) ponhamo-nos na ponta dos pés / não nos ponhamos na
a se valer do livro para difundir seus poemas enquanto o ponta dos pés.
disco veio servir mesmo foi aos cantores e compositores d) ponhais-vos na ponta dos pés / não vos ponhais na
de canções populares [...]. ponta dos pés.
Sobre a relação semântica dos tempos verbais no trecho e) ponham-se na ponta dos pés / não se ponham na ponta
acima e sua integração no texto, é correto afirmar que: dos pés.
a) “Revelara-se” se refere a um momento posterior a “veio
servir”.
b) “Difundir” se refere a um momento anterior a “revelara- 8) (Faap-1996) Dario vinha apressado, o guarda-chuva
se”. no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina,
c) “Revelara-se” se refere a um momento anterior a “foi”. diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de
d) “Continuaram” se refere a um mesmo momento que uma casa. Foi escorregando por ela, de costas, sentou-se
“difundir”. na calçada, ainda úmida da chuva, e descansou no chão o
e) “Foi” se refere a um momento atemporal. cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se
não estava se sentindo bem. Dario abriu a boca, moveu os
lábios, mas não se ouviu resposta. Um senhor gordo, de
7) (Faap-1996) Dario vinha apressado, o guarda-chuva branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque.
no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, Estendeu-se mais um pouco, deitado agora na
diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de calçada, o cachimbo a seu lado tinha apagado. Um rapaz
uma casa. Foi escorregando por ela, de costas, sentou-se de bigode pediu ao grupo que se afastasse, deixando-o
na calçada, ainda úmida da chuva, e descansou no chão o respirar. E abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a
cachimbo. cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou pela
Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se garganta e um fio de espuma saiu do canto da boca.
não estava se sentindo bem. Dario abriu a boca, moveu os Cada pessoa que chegava se punha na ponta dos
lábios, mas não se ouviu resposta. Um senhor gordo, de pés, embora não pudesse ver. Os moradores da rua
branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque. conversavam de uma porta à outra, as crianças foram
Estendeu-se mais um pouco, deitado agora na acordadas e vieram de pijama às janelas. O senhor gordo
calçada, o cachimbo a seu lado tinha apagado. Um rapaz repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a
de bigode pediu ao grupo que se afastasse, deixando-o fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na
respirar. E abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao lado
cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou pela dele.
garganta e um fio de espuma saiu do canto da boca. Uma velhinha de cabeça grisalha gritou que Dario
Cada pessoa que chegava se punha na ponta dos estava morrendo. Um grupo transportou-o na direção do
pés, embora não pudesse ver. Os moradores da rua táxi estacionado na esquina. Já tinha introduzido no carro
conversavam de uma porta à outra, as crianças foram metade do corpo, quando o motorista protestou: se ele
acordadas e vieram de pijama às janelas. O senhor gordo morresse na viagem? A turba concordou em chamar a
repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a ambulância. Dario foi conduzido de volta e encostado à
fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede - não tinha os sapatos e o alfinete de pérola na
parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao lado gravata.
dele. (Dalton Trevisan)
Uma velhinha de cabeça grisalha gritou que Dario
estava morrendo. Um grupo transportou-o na direção do
táxi estacionado na esquina. Já tinha introduzido no carro "Dario abriu a boca". Passando para a voz passiva:

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- que os meus barquinhos, lá se foram eles! foram-se
a) a boca foi aberta por Dario. embora e não voltaram mais!
b) a boca abriu-a Dario. Guilherme de Almeida
c) abriu-se a boca.
d) à boca abriu Dario. Assinale a forma errada do imperativo:
e) Dario - ele mesmo - abriu a boca. a) faze tu uma armada e solta os barquinhos.
b) faça você uma armada e solte os barquinhos.
c) façamos nós uma armada e soltemos os barquinhos.
9) (Faap-1997) Durante este período de depressão d) façais vós uma armada e soltai os barquinhos.
contemplativa uma coisa apenas magoava-me: não tinha o e) façam vocês uma armada e soltem os barquinhos.
ar angélico do Ribas, não cantava tão bem como ele. Que
faria se morresse, entre os anjos, sem saber cantar? 11) (Fatec-1995) Assinale a alternativa correta quanto à
Ribas, quinze anos, era feio, magro, linfático. Boca concordância verbal.
sem lábios, de velha carpideira, desenhada em angústia - a a) Devem haver outras razões para ele ter desistido.
súplica feita boca, a prece perene rasgada em beiços sobre b) Foi então que começou a chegar um pessoal estranho.
dentes; o queixo fugia-lhe pelo rosto, infinitamente, como c) Queria voltar a estudar, mas faltava-lhe recursos.
uma gota de cera pelo fuste de um círio... d) Não se admitirá exceções.
Mas, quando, na capela, mãos postas ao peito, de e) Basta-lhe dois ou três dias para resolver isso.
joelhos, voltava os olhos para o medalhão azul do teto,
que sentimento! que doloroso encanto! que piedade! um
olhar penetrante, adorador, de enlevo, que subia, que 12) (Fatecs-2007) TEXTO III
furava o céu como a extrema agulha de um templo gótico!
E depois cantava as orações com a doçura O que faz você feliz?
feminina de uma virgem aos pés de Maria, alto, trêmulo, A lua, a praia, o mar
aéreo, como aquele prodígio celeste de garganteio da A rua, a saia, amar...
freira Virgínia em um romance do conselheiro Bastos. Um doce, uma dança, um beijo,
Oh! não ser eu angélico como o Ribas! Lembro-me Ou é a goiabada com queijo?
bem de o ver ao banho: tinha as omoplatas magras para Afi nal, o que faz você feliz?
fora, como duas asas! Chocolate, paixão, dormir cedo, acordar tarde,
Arroz com feijão, matar a saudade...
O ATENEU. Raul Pompéia O aumento, a casa, o carro que você sempre quis
Ou são os sonhos que te fazem feliz?
Um fi lme, um dia, uma semana
Numa descrição, os verbos estão, em sua maioria no: Um bem, um biquíni, a grama...
a) presente do indicativo Dormir na rede, matar a sede, ler...
b) futuro do indicativo Ou viver um romance? O que faz você feliz?
c) pretérito mais que perfeito do indicativo Um lápis, uma letra, uma conversa boa
d) pretérito perfeito do indicativo Um cafuné, café com leite, rir à toa,
e) pretérito imperfeito do indicativo Um pássaro, ser dono do seu nariz...
Ou será um choro que te faz feliz?
A causa, a pausa, o sorvete,
10) (Faap-1997) Barcos de Papel Sentir o vento, esquecer o tempo,
O sal, o sol, um som
Quando a chuva cessava e um vento fino O ar, a pessoa ou o lugar?
franzia a tarde tímida e lavada, Agora me diz,
eu saía a brincar pela calçada, O que faz você feliz?
nos meus tempos felizes de menino. (Anúncio publicitário do Grupo Pão de Açúcar, veiculado
na Revista VEJA, edição de 21 de março de 2007)
Fazia de papel toda uma armada
e, estendendo meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino, Nesse texto publicitário predomina um padrão de
ao longo das sarjetas, na enxurrada... linguagem coloquial, no qual podem ocorrer desvios do
padrão culto da língua. Assinale a alternativa contendo
Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles, desvio(s).
que não são barcos de ouro os meus ideais: a) “Ou é a goiabada com queijo?”.
são feitos de papel, tal como aqueles, b) “O aumento, a casa, o carro que você sempre quis”.
perfeitamente, exatamente iguais... c) “O que faz você feliz?”.

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d) “Um cafuné, café com leite, rir à toa”. - Não quero saber de nada. Você furtou o osso e vou levá-
e) “Agora me diz, o que faz você feliz?”. la aos tribunais.
E assim fez.
Queixou-se ao gavião-de-penacho e pediu-lhe justiça. O
13) (FEI-1995) Assinalar a alternativa que completa gavião reuniu o tribunal para julgar a causa, sorteando
corretamente as lacunas das seguintes orações: para isso doze urubus de papo vazio.
Comparece a ovelha. Fala. Defende-se de forma cabal, com
I. Nós_____a Brasília e_____a Praça dos Três Poderes. razões muito irmãs das do cordeirinho que o lobo em
II. O professor_____a prova a pedido do aluno. tempos comeu.
III. _____eles os objetos que haviam perdido? Mas o júri, composto de carnívoros gulosos, não quis saber
de nada e deu a sentença:
a) vimos - viemos - reveu - reouveram. - Ou entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte!
b) revimos - vimos - reviu - reaveram. A ré tremeu: não havia escapatória!... Osso não tinha e não
c) viemos - vemos - reveu - reouveram. podia, portanto, restituir; mas tinha vida e ia entregá-la em
d) vimos - viemos - reviu - reaveram. pagamento do que não furtara.
e) viemos - vimos - reviu - reouveram. Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, espostejou-a,
reservou para si um quarto e dividiu o restante com os
14) (FEI-1997) Observe com atenção as seguintes frases e juízes famintos, a título de custas…
depois assinale a alternativa correta: (Monteiro Lobato. Fábulas e Histórias Diversas)
I. Meu irmão pediu para mim ficar em silêncio.
II. Meu irmão pediu para eu ficar em silêncio. No início, o narrador utiliza verbos no pretérito perfeito do
indicativo. Em certo momento, passa a utilizar o presente
a) Somente a frase 2 está correta, pois o sujeito de FICAR do indicativo. Esse recurso produz efeito na narrativa?
deve ser um pronome do caso reto. Explique.
b) Somente a frase 2 está correta, pois a preposição PARA
exige o pronome do caso reto.
c) Somente a frase 1 está correta, pois a preposição PARA
exige o pronome do caso oblíquo.
d) Uma vez que a preposição PARA aceita tanto o pronome 18) (FGV-2002) Dê o plural de:
do caso oblíquo quanto o pronome do caso reto, as duas a) gavião-de-penacho;
frases estão corretas. b) espostejou-a.
e) Somente a frase 1 está correta, pois o pronome oblíquo
faz parte do complemento nominal.
19) (FGV-2002) Um cachorro de maus bofes acusou uma
pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso.
15) (FEI-1994) Assinalar a alternativa que contém erro no - Para que furtaria eu esse osso - ela - se sou herbívora e
emprego da forma verbal: um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de pau?
a) Ele reouvera os bens que lhe tinham sido roubados. - Não quero saber de nada. Você furtou o osso e vou levá-
b) Se ela intervisse em nosso favor, ganharíamos a la aos tribunais.
questão. E assim fez.
c) Quando você expuser seus trabalhos, mande-me avisar. Queixou-se ao gavião-de-penacho e pediu-lhe justiça. O
d) O partido previu a vitória do candidato. gavião reuniu o tribunal para julgar a causa, sorteando
e) Pressupus que todos chegariam a tempo. para isso doze urubus de papo vazio.
Comparece a ovelha. Fala. Defende-se de forma cabal, com
16) (FGV-2002) Assinale a alternativa errada quanto ao uso razões muito irmãs das do cordeirinho que o lobo em
da forma verbal. tempos comeu.
a) Se ela fizer o trabalho, ficarei livre. Mas o júri, composto de carnívoros gulosos, não quis saber
b) Caso você quiser, iremos vê-lo. de nada e deu a sentença:
c) Quando elas chegarem, avisem-nas. - Ou entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte!
d) Embora se esforçassem, nada conseguiam. A ré tremeu: não havia escapatória!... Osso não tinha e não
e) Quanto mais estudava, mais ia aprendendo. podia, portanto, restituir; mas tinha vida e ia entregá-la em
pagamento do que não furtara.
Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, espostejou-a,
17) (FGV-2002) Um cachorro de maus bofes acusou uma reservou para si um quarto e dividiu o restante com os
pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso. juízes famintos, a título de custas…
- Para que furtaria eu esse osso - ela - se sou herbívora e (Monteiro Lobato. Fábulas e Histórias Diversas)
um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de pau?

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Por que, no texto, o narrador usa o pretérito mais-que- 24) (FGV-2001) Assinale a alternativa em que não haja erro
perfeito do indicativo furtara? de conjugação de verbo.
A) Em pouco mais de três meses, a lesão do jogador
poderá estar curada, se ele manter adequadamente o
tratamento.
B) O moderador interviu assim que ficou a par dos
20) (FGV-2001) Complete a frase abaixo com as formas problemas técnicos.
corretas dos verbos que estão entre parênteses. C) Se a Patrícia previr tempo seco para o litoral, haveremos
de descer a serra antes de o sol nascer.
Amanhã, quando os candidatos _________________ (VIR) D) Leocádia estava terrivelmente irritada. Tinha ganas de
ao nosso bairro e _________________ (VER) a pobreza em dizer a Alberto tudo o que ele merecia; mas se deteu,
que __________ (VIVER), hoje, as nossas famílias, esperando oportunidade melhor.
____________ (SENTIR) o nosso drama e, certamente, E) Quando o negociador propor uma saída honrosa, será o
__________ (FAZER) suas promessas; se __________ momento de todos o aplaudirmos.
(MANTER) a palavra, __________ (ATENDER + NOS) logo e
não __________ (DECEPCIONAR-NOS). 25) (FGV-2001) Complete as frases com os verbos
indicados entre parênteses.
21) (FGV-2001) Leia atentamente o fragmento de texto “Se você ________ (vir) à exposição e se ________ (dispor)
abaixo, de O Cortiço, de Aluísio Azevedo. Depois, responda a visitar o terceiro andar, poderá notar duas grandes fotos
à questão nele baseada. iluminadas. Quando as ________ (ver),observe seus
efeitos de luz e sombra. para bem comparar a técnica
E depois da meia-noite dada, ela e Piedade ficaram utilizada, será conveniente que você ________ (manter-se)
sozinhas, velando o enfermo. Deliberou-se que este iria a uma boa distância. Se isso não ________ (satisfazer) sua
pela manhã para a Ordem de Santo Antônio, de que era curiosidade, poderá adotar outra perspectiva.
irmão. E, com efeito, no dia imediato, enquanto o vendeiro
e seu bando andavam lá às voltas com a polícia, e o resto 26) (FGV-2001) Em cada um dos períodos abaixo, há
do cortiço formigava, tagarelando em volta do conserto palavras ou expressões cujo emprego os gramáticos
das tinas e jiraus, Jerônimo, ao lado da mulher e da Rita, recomendam evitar. Identifique essas palavras ou
seguia dentro de um carro para o hospital. expressões e transcreva os períodos, fazendo as
substituições adequadas.
Na última linha do texto, o que justifica utilizar no a) A nível de eficiência, ele é ótimo.
pretérito imperfeito do indicativo o verbo seguir? b) Este funcionário não se adéqua ao perfil da empresa.
c) Durante a entrevista, ele colocou que a questão salarial
22) (FGV-2001) “É bom que vocês se precavenham deles.” seria adiada.
Diga se essa frase está certa ou errada e por quê. Se a d) Na próxima semana, vamos estar enviando nosso
considerar errada, proponha uma correção. programa de atividades a todos os associados.

27) (FGV-2001) O tratamento utilizado no diálogo abaixo


23) (FGV-2001) corresponde à segunda pessoa do plural. As marcas desse
tratamento aparecem destacadas em negrito.
- Vosso passado vos condena. Saí daqui antes que eu vos
mate.
- Esperai, que já vos mostro. Não tenteis amedrontar-
me!…
Se utilizarmos o tratamento correspondente à segunda
pessoa do singular, obteremos, respectivamente:
Observando os três primeiros quadrinhos, pode-se a) Seu passado o condena. Saia daqui antes que eu o
perceber que, no diálogo entre Calvin e sua mãe, uma das mate./ Espere, que já lhe mostro. Não tente amedrontar-
formas verbais não condiz com as demais. Trata-se de: me!…
a) Ides. b) Teu passado te condena. Sai daqui antes que eu te
b) Tenhais. mate./ Espera, que já te mostro.Não tenta amedrontar-
c) Julgais. me!…
d) Pretendes. c) Teu passado te condena. Sai daqui antes que eu te
e) Segui. mate./ Espera, que já te mostro. Não tentes amedrontar-
me!…

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d) Seu passado lhe condena. Saia daqui antes que eu o limite-se a copiá-los no espaço apropriado; se estiverem
mate./ Espere, que já te mostro. Não tente amedrontar- incorretos, reescreva-os na forma correta.
me!…
e) Teu passado o condena. Saí daqui antes que eu te Neste país, sempre houveram cidadãos capazes de
mate./ Espera, que já te mostro.Não tentes amedrontar- combater os esteriótipos racistas.
me!… Neste país, __________ cidadãos capazes de combater os
________ racistas.
28) (FGV-1997) Nas frases abaixo, os termos destacados
podem estar corretos ou incorretos. Se estiverem corretos,
limite-se a copiá-los no espaço apropriado; se estiverem 33) (FGV-1997) Nas frases abaixo, os termos destacados
incorretos, reescreva-os na forma correta. podem estar corretos ou incorretos. Se estiverem corretos,
limite-se a copiá-los no espaço apropriado; se estiverem
Estamos anciosos porque o Diretor pode vim à qualquer incorretos, reescreva-os na forma correta.
momento.
Procura-se cabeças inteligentes para atuarem como
Estamos__________ porque o Diretor pode _____ _____ assessores na seção de câmbio.
qualquer momento.
__________cabeças inteligentes para atuarem como
________ na_________ de câmbio.
29) (FGV-1997) Nas frases abaixo, os termos destacados
podem estar corretos ou incorretos. Se estiverem corretos,
limite-se a copiá-los no espaço apropriado; se estiverem 34) (FGV-1997) Em cada uma das frases abaixo, preencha o
incorretos, reescreva-os na forma correta. espaço com o verbo indicado, na forma verbal adequada.
Exemplo:
Apenas duas candidatas requereram inscrição no concurso Frase: Se o representante da empresa (chegar) na
para telefonista da Associação Paulista de Beneficência. hora, não precisaríamos estar agora aguardando por ele.
Resposta: Se o representante da empresa tivesse chegado
Apenas duas candidatas_________ inscrição no concurso na hora, não precisaríamos estar agora aguardando por
para telefonista da Associação Paulista de____________ . ele.
1. Se você observar e (antever) que deverá
oportunidade de tocar no assunto, prepare-se
30) (FGV-1997) Nas frases abaixo, os termos destacados adequadamente.
podem estar corretos ou incorretos. Se estiverem corretos, 2. Se o redator (reaver) rapidamente o material
limite-se a copiá-los no espaço apropriado; se estiverem perdido, poderá em tempo voltar a trabalhar nele.
incorretos, reescreva-os na forma correta. 3. Quando for o caso de o candidato (provir) de outro
Estado, deverá ele utilizar formulário de inscrição diferente
Como não estivesse ao par do assunto, o gerente não do habital.
interveio. 4. Se o autor retornar e (manter) a proposta,
Como não__________ do assunto, o gerente deveremos estar preparados para adotar estratégia
não__________ . diferente da inicial.
5. Ontem, por falta de oportunidade, não (intervir)
nos comentários a respeito da nova legislação. Mas agora
31) (FGV-1997) Nas frases abaixo, os termos destacados quero manifestar-me.
podem estar corretos ou incorretos. Se estiverem corretos, 6. Quando foi necessário, os diretores, que até então
limite-se a copiá-los no espaço apropriado; se estiverem estavam quietos, (intervir) com veemência.
incorretos, reescreva-os na forma correta. 7. O fornecedor do material só poderia ter questionado o
pagamento se (intervir) no processo antes de seu
Quando se tratam de problemas tão graves, não devem desfecho.
haver tantos empecilhos burocráticos. 8. Quando o mediador (intervir) na discussão, deverá
Quando se_____________ de problemas tão graves, fazê-lo com muito cuidado, para não acirrar os ânimos.
não_____________ haver tantos____________ 9. Se ela mantiver a calma e (conter-se), poderá
burocráticos. chegar, sem conflitos, ao resultado desejado.
10. Terão assegurado o contrato os três profissionais que
primeiro organizarem e (propor) um projeto.
32) (FGV-1997) Nas frases abaixo, os termos destacados
podem estar corretos ou incorretos. Se estiverem corretos, 35) (FGV-1997) Figurou recentemente, num jornal da
cidade, a frase abaixo:

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"Embora fosse prolixo, o apresentador ultrapassou o b) Conteu, condizia, interveio.
tempo previsto." c) Conteve, condisse, interveio.
Examine atentamente o sentido dessa frase. Se for o caso, d) Conteu, condisse, interviu.
corrija-a no que for necessário e explique o porquê da e) Continha, condizeu, interviu.
correção.
Caso você considere correta a frase, escreva apenas: A 39) (FGV-2004) Assinale a alternativa que contenha,
frase está correta. corretamente, os verbos das orações abaixo no futuro do
subjuntivo.
a) Se o menino se entretiver com o cão que passear na
36) (FGV-1999) Nas questões abaixo, ocorrem espaços rua…Se não couber na bolsa o frasco que você me
vazios. Para preenchê-los, escolha um dos seguintes emprestar…
verbos: fazer, transpor, deter, ir. Utilize a forma verbal b) Se o menino se entreter com o cão que passear na
mais adequada. rua…Se não caber na bolsa o frasco que você me
emprestar…
1) Se _____________ dias frios no inverno, talvez as coisas c) Se o menino se entretiver com o cão que passear na
fossem rua…Se não caber na bolsa o frasco que você me
diferentes. emprestar...
d) Se o menino se entreter com o cão que passear na
2) Quando o cavalo ___________ todos os obstáculos, a rua…Se não couber na bolsa o frasco que você me
corrida terminará. emprestar...
e) Se o menino se entretesse com o cão que passeava na
3) Se o cavalo _____________ mais facilmente os rua…Se não cabesse na bolsa o frasco que você me
obstáculos, alcançaria emprestasse...
com mais folga a linha de chegada.
40) (FGV-2004) Assinale a alternativa em que o particípio
4) Se a equipe econômica não se _____________ nos sublinhado está corretamente utilizado.
aspectos regionais e
considerar os aspectos globais, a possibilidade de solução a) O diretor tinha suspenso a edição do jornal antes da
será maior. publicação da notícia.
b) Lourival tinha chego ao mercado. Marli o esperava
5) Caso ela ( ______________) ao jogo amanhã, deverá próxima da barraca de frutas.
pagar c) O coroinha havia já disperso a multidão que estava em
antecipadamente o ingresso. volta da Matriz.
d) A correspondência não foi entregue no escritório.
e) Diogo tinha expulso os índios que cercavam o povoado.

37) (FGV-2003) Dentre os tempos verbais, existe um que se 41) (FGV-2004) Na língua portuguesa, às vezes, verbos
chama futuro do presente composto do indicativo; um diferentes assumem a mesma forma verbal. Isso NÃO
exemplo é terei partido. Explique em que circunstância OCORRE em:
esse tempo verbal é utilizado. Redija uma frase em que ele a) Fui, pretérito perfeito do indicativo de ir e de ser.
seja corretamente empregado, mas use verbo diferente de b) Viemos,pretérito perfeito do indicativo de vir e presente
partir. do indicativo de ver.
c) Vimos, pretérito perfeito do indicativo de ver e presente
38) (FGV-2003) Examine o termo sublinhado nos períodos do indicativo de vir.
abaixo. d) For, futuro do subjuntivo de ir e de ser.
e) Fora, pretérito mais-que-perfeito do indicativo de ir e de
O frasco maior contém mais líquido, é evidente. ser.
O relato da testemunha não condiz com os fatos
apontados pelos peritos.
Ele não intervirá na questão entre o árbitro e o atleta. 42) (FGV-2004) Explique a diferença de sentido entre as
construções abaixo.
Assinale a alternativa correta a respeito desses verbos, a) A língua foi perdendo e ganhando.
colocados no pretérito perfeito, mas mantida a pessoa b) A língua perdeu e ganhou.
gramatical.

a) Conteve, condiria, interveio.

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43) (FGV-2004) Observe o fragmento seguinte: "Há pequenos batiam no chão branco e liso. A cachorra Baleia
palavras que ninguém emprega". Na frase abaixo, trotava arquejando, a boca aberta.”
transcreva as formas verbais sublinhadas, mas adapte-as à “Fabiano” em: Ramos, G. Vidas Secas. Rio de Janeiro: José
nova situação. Olympio, 1947
Seria preciso que não ______________________ palavras
que ninguém ____________________. Texto 2: “Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo
cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um
Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela,
44) (FGV-2004) Observe a seguinte oração: rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro
“...os portugueses não haviam sido por uma tempestade enorme. O mundo ficaria cheio de preás, gordos,
empurrados para a terra de Santa Cruz.” enormes.”
“Baleia” em: Ramos, G. Vidas Secas. Rio de Janeiro: José
a) Nessa oração, há uma locução verbal. Identifique-a. Olympio, 1947
b) Em que voz ela está?
c) Qual é o verbo principal dessa oração? A expressividade do discurso de Vidas Secas ocorre por
meio da forma singular com que são trabalhados todos os
níveis gramaticais, mas encontra nos nomes (substantivos
45) (FGV-2005) Estamos comemorando a entrega de mais e adjetivos) e nos tempos verbais, lugar especial na
de mil imóveis. São mais de 1000 sonhos realizados. Mais construção dos sentidos. Analise essa afirmação
de oito imóveis são entregues todo dia. Quer ser o relacionando comparativamente os dois fragmentos
próximo? Então vem para a X Consórcios. Entre você selecionados.
também para o consórcio que o Brasil inteiro confia.
(Texto de anúncio publicitário, editado.)
Há quebra da uniformidade de tratamento no emprego 48) (FGV-2005) O primeiro passo para aprender a pensar,
das formas verbais quer e vem. curiosamente, é aprender a observar. Só que isso,
a) Em qual pessoa verbal essas formas estão conjugadas? infelizmente, não é ensinado. Hoje nossos alunos são
b) Reescreva o trecho - Quer ser o próximo? Então vem proibidos de observar o mundo, trancafiados que ficam
para a X Consórcios - compatibilizando o tratamento com a numa sala de aula, estrategicamente colocada bem longe
seqüência do texto. do dia-a-dia e da realidade. Nossas escolas nos obrigam a
estudar mais os livros de antigamente do que a realidade
que nos cerca. Observar, para muitos professores, significa
46) (FGV-2005) O artista Juan Diego Miguel apresenta a ler o que os grandes intelectuais do passado observaram -
exposição “Arte e Sensibilidade”, no Museu Brasileiro da gente como Rousseau, Platão ou Keynes. Só que esses
Escultura (MUBE) de suas obras que acabam de chegar no grandes pensadores seriam os primeiros a dizer
país. Seu sentido de inovação tanto em temas como em “esqueçam tudo o que escrevi”, se estivessem vivos. Na
materiais que elege é sempre de uma sensação época não existia internet nem computadores, o mundo
extraordinária para o espectador. Juan Diego sensibiliza-se era totalmente diferente. Eles ficariam chocados se
com os materiais que nos rodeam e lhes da vida com uma soubessem que nossos alunos são impedidos de observar
naturalidade impressionante, encontrando liberdade para o mundo que os cerca e obrigados a ler teoria escrita 200
buscar elementos no fauvismo de Henri Matisse, no ou 2000 anos atrás - o que leva os jovens de hoje a se
cubismo de Pablo Picasso e do contemporâneo de Juan sentir alienados, confusos e sem respostas coerentes para
Gris. Uma arte que está reservada para poucos. explicar a realidade.
Exposição: de 03 de agosto à 02 de setembro, das 10 às Não que eu seja contra livros, muito pelo contrário. Sou a
19h. favor de observar primeiro, ler depois. Os livros, se forem
bons, confirmarão o que você já suspeitava. Ou porão tudo
A conjugação do verbo rodear está correta no texto? em ordem, de forma esclarecedora. Existem livros antigos
Justifique sua resposta. maravilhosos, com fatos que não podem ser esquecidos,
mas precisam ser dosados com o aprendizado da
observação.
47) (FGV-2005) Leia atentamente os dois fragmentos Ensinar a observar deveria ser a tarefa número 1 da
abaixo extraídos de Vidas Secas de Graciliano Ramos, e educação. Quase metade das grandes descobertas
desenvolva a questão que segue: científicas surgiu não da lógica, do raciocínio ou do uso de
teoria, mas da simples observação, auxiliada talvez por
Texto 1: “Alcançou o pátio, enxergou a casa baixa e escura, novos instrumentos, como o telescópio, o microscópio, o
de telhas pretas, deixou atrás os juazeiros, as pedras onde tomógrafo, ou pelo uso de novos algoritmos matemáticos.
jogavam cobras mortas, o carro de bois. As alpercatas dos Se você tem dificuldade de raciocínio, talvez seja porque

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não aprendeu a observar direito, e seu problema nada tem este programa é o que chamamos cultura. E esta
a ver com sua cabeça. formulação - que consideramos uma nova maneira de
Ensinar a observar não é fácil. Primeiro você precisa encarar a unidade da espécie - permitiu a Geertz afirmar
eliminar os preconceitos, ou pré-conceitos, que são a carga que “um dos mais significativos fatos sobre nós pode se
de atitudes e visões incorretas que alguns nos ensinam e finalmente a constatação de que todos nascemos com um
nos impedem de enxergar o verdadeiro mundo. Há tanta equipamento para viver mil vidas, mas terminamos no fim
coisa que é escrita hoje simplesmente para defender os tendo vivido uma só!”
interesses do autor ou grupo que dissemina essa idéia, o Roque de Barros Laraia. Cultura, um conceito
que é assustador. Se você quer ter uma visão antropológico. 16. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
independente, aprenda correndo a observar você mesmo. 2003, p. 62.
Quantas vezes não participamos de uma reunião e alguém
diz “vamos parar de discutir”, no sentido de pensar e Assinale a alternativa em que um verbo, tomando outro
tentar “ver” o problema de outro ângulo? Quantas vezes a sentido, tem alterada a sua predicação.
gente simplesmente não “enxerga” a questão? Se você a) O alfaiate virou e desvirou o terno, à procura de um
realmente quiser ter idéias novas, ser criativo, ser inovador defeito. / Francisco virou a cabeça para o lado, indiferente.
e ter uma opinião independente, aprimore primeiro os b) Clotilde anda rápido como um raio. / Clotilde anda
seus sentidos. Você estará no caminho certo para começar adoentada ultimamente.
a pensar. c) A mim não me negam lugar na fila. / Neguei o acesso ao
(Stephen Kanitz, Observar e pensar. Veja, 04.08.2004. prédio, como me cabia fazer.
Adaptado) d) Não assiste ao prefeito o direito de julgar essa questão.
/ Não assisti ao filme que você mencionou.
Ou porão tudo em ordem, de forma esclarecedora. e) Visei o alvo e atirei. / As autoridades portuárias visaram
...e seu problema nada tem a ver com sua cabeça. o passaporte.
Assinale a alternativa em que os verbos derivados de pôr,
ter e ver, em destaque nas frases acima, estão
corretamente conjugados. 50) (FGV-2005) A última das três abordagens, entre as
a) Não aprovaríamos o orçamento, a menos que eles se teorias idealistas, é a que considera cultura como sistemas.
dispusessem a negociar, que se detivessem na análise do simbólicos. Esta posição foi desenvolvida nos Estados
assunto e revissem os custos. Unidos principalmente por dois antropólogos: o já
b) Quando se propuserem a ajudar-nos, não se ativerem a conhecido Clifford Geertz e David Schneider. O primeiro
detalhes e reverem sua atitude, haverá acordo. deles busca uma definição de homem baseada na
c) Os que previram seu insucesso não se ateram ao definição de cultura. Para isto, refuta a idéia de uma forma
potencial do rapaz; tampouco supuseram que ele resistiria. ideal de homem, decorrente do iluminismo e da
d) Mantiveram a justiça porque recomporam os fatos e antropologia clássica, perto da qual as demais eram
reviram as provas. distorções ou aproximações, e tenta resolver o paradoxo
e) O contrato será renovado se preverem problemas mas (...) de uma imensa variedade cultural que contrasta com a
não se indisporem com os inquilinos e manterem a calma. unidade da espécie humana. Para isto, a cultura deve ser
considerada “não um complexo de comportamentos
concretos mas um conjunto de mecanismos de controle,
49) (FGV-2005) A última das três abordagens, entre as planos, receitas, regras, instruções (que os técnicos de
teorias idealistas, é a que considera cultura como sistemas. computadores chamam programa) para governar o
simbólicos. Esta posição foi desenvolvida nos Estados comportamento”. Assim, para Geertz, todos os homens
Unidos principalmente por dois antropólogos: o já são geneticamente aptos para receber um programa, e
conhecido Clifford Geertz e David Schneider. O primeiro este programa é o que chamamos cultura. E esta
deles busca uma definição de homem baseada na formulação - que consideramos uma nova maneira de
definição de cultura. Para isto, refuta a idéia de uma forma encarar a unidade da espécie - permitiu a Geertz afirmar
ideal de homem, decorrente do iluminismo e da que “um dos mais significativos fatos sobre nós pode se
antropologia clássica, perto da qual as demais eram finalmente a constatação de que todos nascemos com um
distorções ou aproximações, e tenta resolver o paradoxo equipamento para viver mil vidas, mas terminamos no fim
(...) de uma imensa variedade cultural que contrasta com a tendo vivido uma só!”
unidade da espécie humana. Para isto, a cultura deve ser Roque de Barros Laraia. Cultura, um conceito
considerada “não um complexo de comportamentos antropológico. 16. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
concretos mas um conjunto de mecanismos de controle, 2003, p. 62.
planos, receitas, regras, instruções (que os técnicos de
computadores chamam programa) para governar o Assinale a alternativa em que o uso dos verbos fazer, haver
comportamento”. Assim, para Geertz, todos os homens e ser está de acordo com a norma culta.
são geneticamente aptos para receber um programa, e

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a) Ele não se olhava no espelho haviam três dias. A esposa Olha... se eu hoje te visse, qual foste, ao pé de mim, anjo
se queixava muito daquela situação. da minha infância, abraçava-te. Se me dissesses que a tua
b) Faziam dias alegres naquele verão. Muito calor e muita inocência se baqueara à voragem das paixões, repelia-te.
mulher bonita. Eu amo a criança de há cinco anos, e detesto o homem de
c) Não houveram mais casos de dengue nas redondezas, hoje.
desde a intervenção do médico. Serena-te, pois. Esta carta que mal pode fazer-te, Afonso?
d) Meu maior incômodo são as aves noturnas que vêm Não me respondas; mas lê. À mulher perdida relanceou o
fazer ninho no forro da casa. Cristo um olhar de comiseração e ouviu-a. E eu, se visse
e) Agora são meio-dia. As pessoas que fazem a sesta se passar o Cristo, rodeado de infelizes, havia de ajoelhar e
dirigem a casa. dizer-lhe: Senhor! Senhor! É uma desgraçada que vos
ajoelha e não uma perdida. Infâmias, uma só não tenho
que a justiça da terra me condene. Estou acorrentada a um
51) (FGV-2006) Amor de Salvação dever imoral, tenho querido espadaçá-lo, mas estou pura.
Escutava o filho de Eulália o discurso de D. José, lardeado Dever imoral... por que, não, Senhor! Vós vistes que eu era
de facécias, e, por vezes, atendível por umas razões que se inocente; minha mãe e meu pai estavam convosco.’’
lhe cravavam fundas no espírito. As réplicas saíam-lhe
frouxas e mesmo timoratas. Já ele se temia de responder “Ora, Afonso de Teive antes queria renegar da virtude, (...)
coisa de fazer rir o amigo. Violentava sua condição para o que expor-se à irrisão de pessoas daquele quilate.” (L. 12-
igualar na licença da idéia, e, por vezes, no desbragado da 13)
frase. Sentia-se por dentro reabrir em nova primavera de Assinale a alternativa que corresponde ao sentido dessa
alegrias para muitos amores, que se haviam de destruir frase e, ao mesmo tempo, respeita a norma culta da língua
uns aos outros, a bem do coração desprendido portuguesa.
salutarmente de todos. A sua casa de Buenos Aires A) Ora, Afonso de Teive preferia renegar da virtude, (...) do
aborreceu-a por afastada do mundo, boa tão somente que expor-se à irrisão de pessoas daquele quilate.
para tolos infelizes que fiam do anjo da soledade o B) Ora, Afonso de Teive antes queria renegar da virtude,
despenarem-se, chorando. Mudou residência para o (...) ao invés de expor-se à irrisão de pessoas daquele
centro de Lisboa, entre os salões e os teatros, entre o quilate.
rebuliço dos botequins e concurso dos passeios. Entrou em C) Ora, Afonso de Teive preferia renegar da virtude, (...) a
tudo. As primeiras impressões enjoaram-no; mas, à beira expor-se à irrisão de pessoas daquele quilate.
dele, estava D. José de Noronha, rodeado dos próceres da D) Ora, Afonso de Teive antes queria renegar da virtude,
bizarriz (sic), todos porfiados em tosquiarem um (...) sem expor-se à irrisão de pessoas daquele quilate.
dromedário provinciano, que se escondera em Buenos E) Ora, Afonso de Teive queria antes renegar da virtude,
Aires a delir em prantos uma paixão calosa, trazida lá das (...) por expor-se à irrisão de pessoas daquele quilate.
serranias minhotas. Ora, Afonso de Teive antes queria
renegar da virtude, que já muito a medo lhe segredava os
seus antigos ditames, que expor-se à irrisão de pessoas 52) (Fuvest-2001) A única frase em que as formas verbais
daquele quilate. É verdade que às vezes duas imagens estão corretamente empregadas é:
lagrimosas se lhe antepunham: a mãe, e Mafalda. Afonso a) Especialistas temem que órgãos de outras espécies
desconstrangia-se das visões importunas, e a si se acusava podem transmitir vírus perigosos.
de pueril visionário, não emancipado ainda das crendices b) Além disso, mesmo que for adotado algum tipo de
do poeta inesperto da prosa necessária à vida. ajuste fiscal imediato, o Brasil ainda estará muito longe de
Escrever, porém, a Teodora, não vingaram as sugestões de tornar-se um participante ativo do jogo mundial.
D. José. Porventura, outras mulheres superiormente belas, c) O primeiro-ministro e o presidente devem ser do mesmo
e agradecidas às suas contemplações, o traziam partido, embora nenhum fará a sociedade em que eu
preocupado e algum tanto esquecido da morgada da acredito.
Fervença. d) A inteligência é como um tigre solto pela casa e só não
Mas, um dia, Afonso, numa roda de mancebos a quem causará problema se o suprir de carne e o manter na jaula.
dava de almoçar, recebeu esta carta de Teodora: e) O nome secreto de Deus era o princípio ativo da criação,
“Compadeceu-se o Senhor. Passou o furacão. Tenho a mas dizê-lo por completo equivalia a um sacrilégio, ao
cabeça fria da beira da sepultura, de onde me ergui. Aqui pecado de saber mais do que nos convinha.
estou em pé diante do mundo. Sinto o peso do coração
morto no seio; mas vivo eu, Afonso. Meus lábios já não 53) (Fuvest-2001) (…) e tudo ficou sob a guarda de Dona
amaldiçoam, minhas mãos estão postas, meus olhos não Plácida, suposta, e, a certos respeitos, verdadeira dona da
choram. O meu cadáver ergueu-se na imobilidade da casa.
estátua do sepulcro. Agora não me temas, não me fujas. Custou-lhe muito a aceitar a casa; farejara a intenção, e
Pára aí onde estás, que as tuas alegrias devem ser muito doía-lhe o ofício; mas afinal cedeu. Creio que chorava, a
falsas, se a voz duma pobre mulher pode perturbá-las. princípio: tinha nojo de si mesma. Ao menos, é certo que

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não levantou os olhos para mim durante os primeiros dois batiam furiosas no rochedo que eles viam dali. Que a
meses; falava-me com eles baixos, séria, carrancuda, às sombra do escritor me perdoe, se eu duvido que o rei
vezes triste. Eu queria angariá-la, e não me dava por dissesse tal palavra nem que ela seja verdadeira.
ofendido, tratava-a com carinho e respeito; forcejava por Provavelmente foi o mesmo escritor que a inventou para
obter-lhe a benevolência, depois a confiança. Quando adornar o texto, e não fez mal, porque é bonita;
obtive a confiança, imaginei uma história patética dos realmente, é bonita. Eu creio que o mar então batia na
meus amores com Virgília, um caso anterior ao casamento, pedra, como é seu costume, desde Ulisses e antes. Agora
a resistência do pai, a dureza do marido, e não sei que que a comparação seja verdadeira é que não.
outros toques de novela. Dona Plácida não rejeitou uma só Seguramente há inimigos contíguos, mas também há
página da novela; aceitou-as todas. Era uma necessidade amigos de perto e do peito. E o escritor esquecia (salvo se
da consciência. Ao cabo de seis meses quem nos visse a ainda não era do seu tempo) esquecia o adágio: longe dos
todos três juntos diria que Dona Plácida era minha sogra. olhos, longe do coração.
Não fui ingrato; fiz-lhe um pecúlio de cinco contos, - os [Machado de Assis, Dom Casmurro]
cinco contos achados em Botafogo, - como um pão para a
velhice. Dona Plácida agradeceu-me com lágrimas nos No trecho, "... eu duvido que o rei dissesse tal palavra nem
olhos, e nunca mais deixou de rezar por mim, todas as que ela seja verdadeira", o termo DISSESSE expressa uma:
noites, diante de uma imagem da Virgem, que tinha no a) continuidade.
quarto. Foi assim que lhe acabou o nojo. b) improbabilidade.
(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas) c) simultaneidade.
d) impossibilidade.
Em relação a “Custou-lhe muito a aceitar a casa”, as e) alternância.
formas verbais farejara e doía expressam,
respectivamente, 56) (Fuvest-2002) Estas duas estrofes encontram-se em O
a) posterioridade e simultaneidade. samba da minha terra, de Dorival Caymmi:
b) simultaneidade e anterioridade.
c) posterioridade e anterioridade. Quem não gosta de samba
d) anterioridade e simultaneidade. bom sujeito não é,
e) simultaneidade e posterioridade. é ruim da cabeça
ou doente do pé.
54) (Fuvest-2001) Leia o excerto, observando as diferentes
formas verbais. Eu nasci com o samba,
Chegou. Pôs a cuia no chão, escorou-a com pedras, matou no samba me criei,
a sede da família. Em seguida acocorou-se, remexeu o aió, do danado do samba
tirou o fuzil, acendeu as raízes de macambira, soprou-as, nunca me separei.
inchando as bochechas cavadas.Uma labareda tremeu,
elevou-se, tingiu-lhe o rosto queimado, a barba ruiva, os a) Reescreva a primeira estrofe, iniciando-a com a frase
olhos azuis. Minutos depois o preá torcia-se e chiava no afirmativa Quem gosta de samba e fazendo as adaptações
espeto de alecrim. necessárias para que se mantenha a coerência do
Eram todos felizes. Sinha Vitória vestiria uma saia larga de pensamento de Caymmi. Não utilize formas negativas.
ramagens. A cara murcha de sinha Vitória remoçaria (…). b) Reescreva os dois primeiros versos da segunda estrofe,
(…) substituindo as formas nasci e me criei, respectivamente,
A fazenda renasceria - e ele, Fabiano, seria o vaqueiro, pelas formas verbais correspondentes de provir e conviver
para bem dizer seria dono daquele mundo. e fazendo as alterações necessárias.
(Graciliano Ramos, Vidas secas)
57) (Fuvest-2000) As duas manas Lousadas! Secas, escuras
a) Considerando que no primeiro parágrafo predomina o e gárrulas como cigarras, desde longos anos, em Oliveira,
pretérito perfeito, justifique o emprego do imperfeito em eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas, as
“o preá torcia-se e chiava no espeto de alecrim”. espalhadoras de todas as maledicências, as tecedeiras de
b) Explique o efeito de sentido produzido no excerto pelo todas as intrigas. E na desditosa cidade, não existia nódoa,
emprego do futuro do pretérito. pecha, bule rachado, coração dorido, algibeira arrasada,
janela entreaberta, poeira a um canto, vulto a uma
55) (Fuvest-1997) Um historiador da nossa língua, creio esquina, bolo encomendado nas Matildes, que seus
que João de Barros, põe na boca de um rei bárbaro olhinhos furantes de azeviche sujo não descortinassem e
algumas palavras mansas, quando os portugueses lhe que sua solta língua, entre os dentes ralos, não
propunham estabelecer ali ao pé uma fortaleza; dizia o rei comentasse com malícia estridente.
que os bons amigos deviam ficar longe uns dos outros, não (Eça de Queirós, A ilustre Casa de Ramires)
perto, para se não zangarem como as águas do mar que

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A correlação de tempos que, neste texto, se verifica entre
as formas verbais existia, descortinassem e comentasse, 61) (Fuvest-2003) Dos verbos assinalados, só está
mantém-se apenas em: corretamente empregado o que aparece na frase:
a) não existe; não descortinem; não comente. a) A atual administração quer crescer a arrecadação do
b) não existiu; não teriam descortinado; não teria IPTU em 40%.
comentado. b) A economia latino-americana se modernizou sem que a
c) não existira; não tinham descortinado; não tinha estrutura de renda da região acompanhou as
comentado. transformações.
d) não existirá; não tiverem descortinado; não tiver c) Se fazer previsões sobre a situação econômica já era
comentado. difícil antes das eleições, agora ficou ainda mais
e) não existiria; não descortinavam; não comentava. complicado.
d) A indústria ficará satisfeita só quando vender metade do
58) (Fuvest-1997) Assinale a alternativa em que a estoque e transpor o obstáculo dos juros.
correlação de tempos e modos verbais NÃO é adequada ao e) Por mais que os leitores se apropriam de um livro, no
contexto. final, livro e leitor tornam-se uma só coisa.
a) Ainda aparecerá no Congresso alguém disposto a
apresentar um projeto que fixe conseqüências para 62) (Fuvest-2003) Entre as mensagens abaixo, a única que
aqueles que enganem a sociedade. está de acordo com a norma escrita culta é:
b) Tudo leva a crer que nesses cruzamentos de culturas a
situação das áreas coloniais apresente um convívio de a) Confira as receitas incríveis preparadas para você. Clica
extremos. aqui!
c) Não há dúvida de que, nos traumas sociais, os sujeitos b) Mostra que você tem bom coração. Contribua para a
da cultura popular sofrem abalos graves. campanha do agasalho!
d) More alguém nos bairros pobres da periferia de uma c) Cura-te a ti mesmo e seja feliz!
cidade grande e verá no que resultou essa condição do d) Não subestime o consumidor. Venda produtos de boa
migrante. procedência.
e) A sua conduta será de inconformismo e violência, até e) Em caso de acidente, não siga viagem. Pede o apoio de
que um dia certas condições poderiam reconstituir sua um policial.
vida familiar.
63) (Fuvest-1995) "(...) O antropólogo Claude Lévi-Strauss
59) (Fuvest-1998) A única frase em que a correlação de detestou a Baía de Guanabara
tempos e modos NÃO foi corretamente observada é: Pareceu-lhe uma boca banguela.
a) Segundo os Correios, se a greve terminar amanhã, as E eu, menos a conhecera mais a amara?
entregas serão normalizadas em 13 dias. Sou cego de tanto vê-la, de tanto tê-la estrela
b) Para que o agricultor não se limitasse aos recursos O que é uma coisa bela?"
oficiais, as fábricas também criaram suas próprias linhas de [CAETANO VELOSO, 'O Estrangeiro']
crédito.
c) Um dos seus projetos de lei exigia que os professores e a) Na linguagem literária, muitas vezes, o mais-que-
servidores das universidades fizessem exames antidoping. perfeito do indicativo substitui outras formas verbais,
d) Na discussão do projeto, o deputado duvidou que o como no verso: "E eu, menos a conhecera mais a amara?.
colega era o autor da emenda. Reescreva-o, usando as formas que o mais-que-perfeito
e) A Câmara Municipal aprovou a lei que concede substituiu.
descontos a multas e juros que estão em atraso. b) Tanto 'sou' como 'é' são formas do presente do
indicativo. Apesar disso, a visão do tempo que elas
60) (Fuvest-1997) Conta Rubem Braga o conselho que um transmitem não é a mesma em uma e outra. Em que
amigo lhe deu certa vez: "Olhe, Rubem, faça como eu, não consiste essa diferença?
tope parada com a gramática."
Tratando Rubem por TU e respeitando o padrão culto, o 64) (Fuvest-2005) Às seis da tarde
amigo deveria dizer: Ás seis da tarde
a) Olhai, Rubem, faz como eu, não enfrente a gramática. As mulheres choram
b) Olhai, Rubem, faze como eu, não te vás atemorizar com No banheiro
a gramática. Não choravam por isso
c) Olha, Rubem, faças como eu, cuide de seguir a Ou por aquilo
gramática. Choravam porque o pranto subia
d) Olhe, Rubem, faças como eu, evita fugir à gramática. Garganta acima
e) Olha, Rubem, faz como eu, não desafies a gramática. Mesmo se os filhos cresciam
Com boa saúde

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se havia comida no fogo Se a pergunta a que se refere o trecho fosse apresentada
e se o marido lhes dava em discurso direto, a forma verbal correspondente a
do bom e do melhor “gostara” seria
choravam porque no céu a) gostasse.
além do basculante b) gostava.
o dia se punha c) gostou.
porque uma ânsia d) gostará.
uma dor e) gostaria.
uma gastura
era só o que sobrava 66) (FUVEST-2007) Muitos políticos olham com
dos seus sonhos. desconfiança os que se articulam com a mídia.
Agora Não compreendem que não se faz política sem a mídia.
Ás seis da tarde Jacques Ellul, no século passado, afirmava que um fato só
As mulheres regressam do trabalho se torna político pela mediação da imprensa. Se 20 índios
O dia se impõe ianomâmis são assassinados e ninguém ouve falar, o crime
Os filhos crescem não se torna um fato político. Caso apareça na televisão, o
O fogo espera que era um mistério da floresta torna-se um problema
E elas não podem mundial.
Não querem Adaptado de Fernando Gabeira, Folha de S.Paulo.
Chorar na condução. a) Explique a distinção, explorada no texto, entre dois tipos
(Marina Colasanti - Gargantas abertas) de fatos: um, relacionado a “mistério da floresta”; outro,
Basculante = um tipo de janela. relacionado a “problema mundial”.
Gastura = inquietação nervosa, aflição, mal-estar. b) Reescreva os dois períodos finais do texto, começando
com “Se 20 índios fossem assassinados...” e fazendo as
a) O texto faz ver que mudanças históricas ocorridas na adaptações necessárias.
situação de vida das mulheres não alteraram
substancialmente sua condição subjetiva. Concorda com
essa afirmação? Justifique sucintamente. 67) (FVG - SP-2007) Assinale a alternativa em que os
b) No poema, o emprego dos tempos do imperfeito e do verbos prever, intervir, propor e manter estão
presente do indicativo deixa claro que apenas um deles é corretamente conjugados.
capaz de indicar ações repetidas, durativas ou habituais. a) Previu / interviu / propuser / mantesse.
Concorda com essa afirmação? Justifique sucintamente. b) Prevesse / intervisse / proposse / mantesse.
c) Previu / interveio / propusesse / mantera.
65) (FUVEST-2007) O anúncio luminoso de um edifício em d) Preveu / intervim / propuser / mantivesse.
frente, acendendo e apagando, dava banhos intermitentes e) Previsse / intervier / propusesse / mantinha.
de sangue na pele de seu braço repousado, e de sua face.
Ela estava sentada junto à janela e havia luar; e nos
intervalos desse banho vermelho ela era toda pálida e 68) (FVG - SP-2007) Assinale a alternativa em que os
suave. verbos impregnar, optar, suar e estrear preenchem
Na roda havia um homem muito inteligente que falava corretamente as lacunas das frases abaixo.
muito; havia seu marido, todo bovino; um pintor louro e Esse tipo de tinta _____________ de cheiro acre a roupa
nervoso; uma senhora recentemente desquitada, e eu. da loja.
Para que recensear a roda que falava de política e de O coronel sempre _____________ pelo praça de maior
pintura? Ela não dava atenção a ninguém. Quieta, às vezes destreza para dirigir a viatura.
sorrindo quando alguém lhe dirigia a palavra, ela apenas Nos dias de calor, ele _____________ o demais; por isso. o
mirava o próprio braço, atenta à mudança da cor. Senti ar condicionado do carro.
que ela fruía nisso um prazer silencioso e longo. “Muito!”, O cantor _____________ no teatro da Barra ontem, à
disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um noite. Um sucesso!
certo quadro - e disse mais algumas palavras; mas mudou a) Impreguina, opta, sua, estreiou.
um pouco a posição do braço e continuou a se mirar, b) Impregna, opta, soa, estreiou.
interessada em si mesma, com um ar sonhador. c) Impregna, opta, sua, estreou.
Rubem Braga, “A mulher que ia navegar”. d) Impreguina, opita, soa, estreiou.
e) Impregna, opita, sua, estreiou.
“‘Muito!’, disse quando alguém lhe perguntou se gostara
de um certo quadro.”

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e) fitam - sintam.

71) (GV-2003) Leia atentamente o texto e responda à


questão que a ele se refere.

Pode-se abordar o estudo das organizações asseverando a


unicidade de toda estrutura social e evitando qualquer
generalização, até que se tenha à mão prova empírica de
similaridade bem aproximada. Foi esse o ponto de vista
69) (FVG - SP-2007) aconselhado à equipe de pesquisa da Universidade de
Pastora de nuvens, fui posta a serviço por uma campina Michigan pelos líderes de quase todas as organizações
tão desamparada que não principia nem também termina, estudadas.- Nossa organização é única; de fato, não
e onde nunca é noite e nunca madrugada. podemos ser comparados a qualquer outro grupo,
(Pastores da terra, vós tendes sossego, que olhais para o declarou um líder ferroviário. Os ferroviários viam seus
sol e encontrais direção. Sabeis quando é tarde, sabeis problemas organizacionais como diferentes de todas as
quando é cedo. Eu, não.) demais classes; o mesmo acontecia com os altos
Cecilia Meireles funcionários do governo. Os dirigentes das companhias de
Esse trecho faz parte de um poema de Cecília Meireles, seguros reagiam da mesma forma, o que também era feito
intitulado Destino, uma espécie de profissão de fé da pelos diretores de empresas manufatureiras, grandes e
autora. pequenas.
Entretanto, no momento em que começavam a falar de
O tratamento utilizado na 2ª estrofe do poema se seus problemas, as reivindicações que faziam de sua
caracteriza por ser unicidade tornavam-se invalidadas. Através de uma análise
a) indireto de 3ª pessoa do singular. de seus problemas teria sido difícil estabelecer diferença
b) direto de 1ª pessoa do singular. entre o diretor de uma estrada de ferro e um alto
c) direto de 2ª pessoa do plural. funcionário público, entre o vice-presidente de uma
d) indireto de 2ª pessoa do plural. companhia seguradora e seu igual de uma fábrica de
e) direto de 3ª pessoa do plural. automóveis. Conquanto haja aspectos únicos em qualquer
situação social, também existem padrões comuns e,
quanto mais nos aprofundamos, maiores se tornam as
70) (Gama Filho-1997) Eu amo a noite solitária e muda, similaridades genotípicas.
Quando no vasto céu fitando os olhos, Por outro lado, o teorista social global pode ficar tão
Além do escuro, que lhe tinge a face, envolvido em certas dimensões abstratas de todas as
Alcanço deslumbrado situações sociais que ele será incapaz de explicar as
Milhões de sóis a divagar no espaço, principais origens de variação em qualquer dada situação.
Como em salas de esplêndido banquete O bom senso indica para esse problema a criação de uma
Mil tochas aromáticas ardendo tipologia. Nesse caso, são atribuídos às organizações certos
Entre nuvens d'incenso! tipos a respeito dos quais podem ser feitas generalizações.
(...) Assim, existem organizações voluntárias e involuntárias,
Eu amo a noite solitária e muda; estruturas democráticas e autocráticas, hierarquias
Como formosa dona em régios paços, centralizadas e descentralizadas, associações de expressão
Trajando ao mesmo tempo luto e galas e aquelas que agem como instrumentos. As organizações
Majestosa e sentida; são classificadas de maneira ainda mais comum, de acordo
Se no dó atentais, de que se enluta, com suas finalidades oficialmente declaradas, tais como
Certo sentis pesar de a ver tão triste; educar, obter lucros, promover saúde, religião, bem-estar,
Se o rosto lhe fitais, sentis deleite proteger os interesses dos trabalhadores e recreação.
De a ver tão bela e grave! Adaptado de KATZ, Daniel e KAHN, Robert L., p. 134-135.
Gonçalves Dias - "A Noite" Psicologia Social das Organizações. São Paulo: Atlas, 1970.
Obs.: Asseverando significa afirmando com certeza,
"fitais/sentis" assegurando.
Passando as formas verbais acima para a 3ª pessoa do
plural do imperativo afirmativo, teremos, Observe o seguinte período: “Nesse caso, são atribuídos às
respectivamente: organizações certos tipos a respeito dos quais podem ser
a) fitem - sintam. feitas generalizações”. Nele, ocorre voz passiva analítica; a
b) fitem - sentissem. voz ativa correspondente está indicada em:
c) fitai - senti. a) Nesse caso, são atribuídos (por alguém) certos tipos a
d) fitam - sentem. respeito dos quais podem fazer-se certas generalizações.

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b) Nesse caso, (alguém) pode atribuir às organizações povo brasileiro. Com a ameaça de adentrar goela abaixo de
certos tipos a respeito dos quais podem ser uma parcela de brasileiros, o “Lulinha paz e amor” dava
feitas generalizações. abrupta marcha a ré em direção aos tempos espinhudos
c) De fato, (alguém) não pode nos comparar a qualquer do sapo barbudo.
outro grupo. O presidente Lula tem andado exaltado em seus
d) Nesse caso, (alguém) atribui às organizações certos pronunciamentos. Um dia diz que “ninguém tem mais
tipos a respeito dos quais (alguém) pode fazer moral e ética” do que ele, no outro que a “elite brasileira”
generalizações. não vai fazê-lo baixar a cabeça. Por duas vezes, bateu na
e) Nesse caso, atribuem-se às organizações certos tipos a tecla de que, se se deve investigar até o fim as denúncias
respeito dos quais se podem fazer generalizações. que sacodem o país e punir os culpados, deve-se, também,
absolver os inocentes e pedir-lhes desculpas. “Que pelo
72) (GV-2003) Em qual das alternativas não há a necessária menos a imprensa brasileira divulgue e peça desculpas
correlação temporal das formas verbais? àqueles que foram acusados injustamente”, disse, no
mesmo discurso do “vão ter que me engolir”. É nessa hora
a) A festa aconteceu no mesmo edifício em que que eleva o tom de voz e embica num fraseado
transcorrera o passamento de José Mateus, vinte compassado, sinal para a claque dos comícios de que é
anos antes. hora de aplaudir. Fica a impressão de que a pregação que
b) Quando Estela descer da carruagem, poderia acontecer- veio antes, de punição aos culpados, foi, além de
lhe uma desgraça se o cocheiro não dispuser obrigatório tributo à obviedade, mero contraponto ao
adequadamente o estribo. apelo à absolvição, o ponto que realmente interessa ao
c) Tendo visto o pasto verde, o cavalo pôs-se a correr sem presidente. “Vamos inocentar!”, isso, na verdade, é o que
que alguém pudesse controlá-lo. ele mais está querendo dizer.
d) Pelo porte, pelo garbo, todos perceberam que Antônio (TOLEDO, Roberto Pompeu de. Revista Veja. Ensaio. São
Sé fora militar de alta patente. Paulo. Editora Abril. Ano 38, Nº- 32, 10 de agosto de 2005.
e) Se o policial não tivesse intervindo a tempo, teria p.142)
ocorrido a queda do canhão.
Assinale a alternativa que apresenta exemplo de verbo
73) (GV-2003) Assinale a alternativa em que todos os usado no sentido figurado caracterizando predicado
verbos estejam empregados de acordo com a norma culta. nominal.
a) “‘Vamos inocentar!’”
a) Você quer, depois de tudo o que me fez, que eu vou ao b) “‘eles vão ter que engolir’”
jantar com sua amiga? c) “O presidente Lula tem andado exaltado em seus
b) Não faz isso, que os meninos estão para chegar e eu pronunciamentos.”
ainda não preparei o almoço. d) “… quando despejou sua famosa frase…”
c) Tende dó, meus filhos! Todos nós, pecadores, estamos e) “… ‘ninguém tem mais moral e ética’ do que ele…”
sujeitos a essas tentações. Tende dó!
d) Quem haveria de dizer que ele pode vim fazer esse
conserto sem nenhuma dificuldade? 75) (IBMEC-2006) JUVENTUDE ENCARCERADA
e) Sai, que esse dinheiro é meu. Não me venha dizer que o “Não adianta vocês fazerem rebeliões e quebrarem tudo
viu primeiro. porque dinheiro para realizar reformas e prendê-los
aparece repidamente”. Ao fazer essa declaração em
74) (IBMEC-2006) Sapos, desculpas e proxenetas caráter informal a um adolescente que cumpria medida
Do “vão ter que me engolir” à cafetina Jane: sócio-educativa de internação, jamais poderia imaginar
fecundos capítulos da novela do mensalão que essa mensagem passaria a nortear suas atitudes dali
(fragmento) em diante.
Em Zagallo já era feio. O então técnico da seleção tinha o As experiências vividas em unidades de internação e de
rosto transtornado de fúria, a voz cheia de rancor, e semiliberdade do Degase (Departamento Geral de Ações
encarava a câmera de TV com ganas de pit bull ferido, Sócio-Educativas), órgão responsável pelos adolescentes
quando despejou sua famosa frase: “ VOCÊS VÃO TER QUE em cumprimento de medidas sócio-educativas no Estado
ME ENGOLIR!”. No presidente da República fica muito pior. do Rio de Janeiro, respaldam minhas palavras sobre o
O “eles vão ter que engolir” destinado pelo presidente Lula tema em voga na mídia: a redução da maioridade penal
aos adversários na semana passada inscreve-se na galeria para 16 anos.
das grandes grosserias já disparadas pelos presidentes do Poderia falar de vários fatos para justificar a minha opinião
Brasil. Lembra o “Me esqueçam” do general João contrária à redução da maioridade penal e também da
Figueiredo quando, em sua última entrevista como adoção do Direito Penal Juvenil. Ambas, a meu ver,
presidente, o jornalista Alexandre Garcia lhe perguntou destoam das conquistas da sociedade brasileira garantidas
que palavras gostaria de endereçar naquele momento ao

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pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e por outros a) Para vires à minha casa, é preciso que vires à direita logo
diplomas. que vires a creche municipal.
Adolescentes são apresentados à sociedade como b) O advogado interviu no depoimento posto que as
mentores de crimes hediondos, traficantes perigosos, acusações voltavam-se contra seu cliente.
perturbadores da ordem pública e outras qualificações que c) Aceitaremos a proposta se ela nos convir.
em nada renovam as expressões utilizadas no início do d) Pagarei minha dívida se eu reaver a soma roubada.
século passado para justificar o encarceramento de e) O lançamento errado será facilmente encontrado se
adolescentes oriundos de classes populares. todos refazerem as contas.
A triste conclusão a que chego é a de que, infelizmente,
não há um plano de inclusão na sociedade brasileira para
essa enorme população de crianças e adolescentes 77) (IBMEC-2007) Não há erro de conjugação verbal na
originários das classes menos favorecidas. Portanto, alternativa
surgem como alternativas o encarceramento, o extermínio a) Os ambientalistas vêm com bons olhos as causas
e a exploração sexual e do trabalho dessa população. indígenas.
Estamos sensibilizados com a dor dos pais dos jovens b) Por falta de oportunidade, o funcionário não interviu
assassinados em São Paulo, no Rio de Janeiro, no nos comentários do consultor.
Maranhão e em todos os recantos deste Brasil onde c) Se a testemunha depor a favor do réu, certamente ele
crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos são será absolvido.
assassinados diariamente por pessoas de todas as classes d) Eles reaveram tudo o que tinham perdido.
sociais que se organizam em quadrilhas para ceifar vidas e) Se eu dispusesse de algum dinheiro, poderia ajudá-lo.
pelos motivos mais fúteis.
Quando tomo conhecimento de notícias envolvendo
adolescentes e até mesmo crianças pergunto-me: quem 78) (IBMEC - SP-2007) Verbos defectivos não têm a
estará semeando o desamor nesses corações? Por que não conjugação completa.
conseguimos impedir que os mentores dessa tragédia Leia atentamente os períodos a seguir e assinale a
continuem atuando? Por que servimos banquetes a alternativa em que o verbo, por ser defectivo, não pode
corruptos? Por que não anistiamos os adolescentes que ser conjugado na l.ª pessoa do singular do presente do
cometeram atos leves e não reincidiram para que indicativo, nem no presente do subjuntivo.
possamos cuidar com responsabilidade de casos mais a) Creio que eu ________ mais que isso. (valer)
graves? Por que as instituições responsáveis pelo b) Como presidente desta organização, eu
atendimento não têm atenção devida do estado e de toda ______________ o 1.° artigo do Regimento. (abolir)
a sociedade? c) Eu sempre coube neste lugar. Por que dizem que eu não
“— É verdade, seu Sidney, para prender a gente o dinheiro ________ agora? (caber)
aparece rapidinho. Eu não me meto nessa furada. Eu vou é d) Eu me ___________a todo instante. (contradizer)
pra escola.” e) Hoje mesmo eu ___________ minha matrícula nesta
Ele foi para a escola, não aconteceu a rebelião e a escola. (requerer)
sociedade ganhou mais um crítico do sistema. Jogado no
sistema penitenciário, aquele jovem não teria tempo para
desenvolver sua consciência crítica. Reduzir a maioridade
penal significa, também, anular a possibilidade de 79) (IBMEC - SP-2007) Samba do avião
corrigirmos nossas falhas pelo desrespeito aos direitos de (Tom Jobim)
todas as crianças e adolescentes do Brasil.
(Silva, Sidney Teles da. “Revista Ocas” saindo das ruas. Minha alma canta
Número 19, fevereiro de 2004, p. 30) Vejo o Rio de Janeiro
Estou morrendo de saudades
O uso de verbos e pronomes na primeira pessoa do plural, Rio, seu mar, praias sem fim,
no sexto parágrafo, evidencia, analogicamente, que o Rio, você foi feito pra mim
“nós” é equivalente a: Cristo Redentor
a) o Estado. Braços abertos sobre a Guanabara
b) o sistema penitenciário. Este samba é só porque
c) a sociedade. Rio, eu gosto de você
d) as instituições responsáveis. A morena vai sambar
e) a família. Seu corpo todo balançar
Rio de sol, de céu, de mar
Dentro de um minuto
76) (IBMEC-2006) Assinale a alternativa correta quanto ao estaremos no Galeão
emprego das formas verbais. Rio de Janeiro,

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Rio de Janeiro, beijos apressados da nudez dos seus ombros antes que o
Rio de Janeiro, vestido se apertasse. Ia rufar nos vidros - ou sentado, com
Rio de Janeiro, um ar macambúzio, bamboleava a perna!
Cristo Redentor E depois positivamente não a respeitava, não a
Braços abertos sobre a Guanabara considerava... Tratava-a por cima do ombro, como uma
Este samba é só porque burguesinha, pouco educada e estreita, que apenas
Rio, eu gosto de você conhece o seu bairro. E um modo de passear, fumando,
A morena vai sambar com a cabeça alta, falando no "espírito de madame de tal",
Seu corpo todo balançar nas "toaletes da condessa de tal"! Como se ela fosse
Aperte o cinto vamos chegar estúpida, e os seus vestidos fossem trapos! Ah, era
Água brilhando, olha a pista chegando secante! E parecia, Deus me perdoe, parecia que lhe fazia
E vamos nós uma honra, uma grande honra em a possuir...
aterrar Imediatamente lembrava-lhe Jorge, Jorge
que a amava com tanto respeito! Jorge, para quem ela era
Levando em consideração o contexto, de acordo com a decerto a mais linda, a mais elegante, a mais inteligente, a
norma culta, os versos "Aperte o cinto vamos chegar/ Água mais cativante!... E já pensava um pouco que sacrificara a
brilhando, olha a pista chegando", deveriam ser sua tranqüilidade tão feliz a um amor bem incerto!
substituídos por: Enfim, um dia que o viu mais distraído, mais frio, explicou-
a) Aperta o cinto vamos chegar/ Água brilhando, olhe a se abertamente com ele. Direita, sentada no canapé de
pista chegando palhinha, falou com bom senso, devagar, com um ar digno
b) Aperte o cinto vamos chegar/ Água brilhando, olhe a e preparado: Que percebia bem que ele se aborrecia; que
pista chegando o seu grande amor tinha passado; que era portanto
c) Aperte o cinto vamos chegar/ Água brilhando, olha a humilhante para ela verem-se nessas condições, e que
pista chegando julgava mais digno acabarem...
d) Aperta o cinto vamos chegar/ Água brilhando, olha a Basílio olhava-a, surpreendido da sua solenidade; sentia
pista chegando um estudo, uma afetação naquelas frases; disse muito
e) Apertas o cinto vamos chegar/ Água brilhando, olhas a tranqüilamente, sorrindo:
pista chegando - Trazias isso decorado!
Luísa ergueu-se bruscamente; encarou-o, teve um
movimento desdenhoso dos lábios.
- Tu estás doida, Luísa?
80) (IBMEC - SP-2007) Luísa, ao voltar para casa, veio a - Estou farta. Faço todos os sacrifícios por ti; venho aqui
refletir naquela cena. Não - pensava -, já não era a primeira todos os dias; comprometo-me, e para quê? Para te ver
vez que ele mostrava um desprendimento muito seco por muito indiferente, muito secado...
ela, pela sua reputação, pela sua saúde! Queria-a ali todos - Mas meu amor...
os dias, egoistamente. Que as más línguas falassem; que as Ela teve um sorriso de escárnio.
soalheiras a matassem, que lhe importava? E para quê?... - Meu amor! Oh! São ridículos esses fingimentos!
Porque enfim, saltava aos olhos, ele amava-a menos... As Basílio impacientou-se.
suas palavras, os seus beijos arrefeciam cada dia, mais e - Já isso cá me faltava, essa cena! - exclamou
mais!... Já não tinha aqueles arrebatamentos do desejo em impetuosamente. E cruzando os braços diante dela: - Mas
que a envolvia toda numa carícia palpitante, nem aquela que queres tu? Queres que te ame como no teatro, em
abundância de sensação que o fazia cair de joelhos com as São Carlos? Todas sois assim! Quando um pobre diabo ama
mãos trêmulas como as de um velho!... Já se não naturalmente, como todo o mundo, com o seu coração,
arremessava para ela, mal ela aparecia à porta, como mas não tem gestos de tenor, aqui del rei que é frio, que
sobre uma presa estremecida!... Já não havia aquelas se aborrece, é ingrato... Mas que queres tu? Queres que
conversas pueris, cheias de risos, divagadas e tontas, em me atire de joelhos, que declame, que revire os olhos, que
que se abandonavam, se esqueciam, depois da hora faça juras, outras tolices?
ardente e física, quando ela ficava numa lassitude doce, - São tolices que tu fazias...
com o sangue fresco, a cabeça deitada sobre os braços - Ao princípio! - respondeu ele brutalmente. - Já nos
nus! - Agora! Trocado o último beijo, acendia o charuto, conhecemos muito para isso, minha rica.
como num restaurante ao fim do jantar! E ia logo a um E havia apenas cinco semanas!
espelho pequeno que havia sobre o lavatório dar uma - Adeus! - disse Luísa.
penteadela no cabelo com um pentezinho de algibeira. (O (Eça de Queirós, O primo Basílio)
que ela odiava o pentezinho!) Às vezes até olhava o Analise as formas verbais destacadas nos fragmentos a
relógio!... E enquanto ela se arranjava não vinha, como nos seguir:
primeiros tempos, ajudá-la, pôr-lhe o colarinho, picar-se I. “E já pensava um pouco que sacrificara a sua
nos seus alfinetes, rir em volta dela, despedir-se com tranqüilidade tão feliz a um amor bem incerto!”

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II. “Que percebia bem que ele se aborrecia; que o V. Esta empresa se preocupa com economia de energia
seu grande amor tinha passado...” muito antes que você tivesse se preocupado com isso.
É correto afirmar que
a) todos os verbos estão conjugados no pretérito a) Apenas I.
imperfeito do modo indicativo e expressam a idéia de ação b) I, II e III..
concluída. c) I e III.
b) “pensava”, ao contrário de “sacrificara”, expressa, no d) II, III e V.
texto, uma ação habitual no passado. e) II e IV
c) os dois verbos destacados no enunciado I expressam
eventos posteriores à fala da personagem.
d) “sacrificara” está conjugado no mesmo tempo verbal 85) (ITA-2002) Ela saltou no meio da roda, com os braços
que “tinha passado”: pretérito mais que perfeito do modo na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça,
indicativo. ora para a esquerda, ora para a direita, como numa
e) “percebia” reforça a noção de simultaneidade e sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que
“aborrecia” revela a idéia de anterioridade a “tinha a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já
passado”. recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se
fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em
que se não toma pé e nunca encontra fundo. Depois, como
se voltasse à vida soltava um gemido prolongado,
81) (IME-1996) a) Nas frases a seguir há erros ou estalando os dedos no ar e vergando as pernas, descendo,
impropriedades. Reescreva-as e justifique a correção. subindo, sem nunca parar os quadris, e em seguida
"A polícia não interviu a tempo de evitar o roubo." sapateava, miúdo e cerrado, freneticamente, erguendo e
b) "Havia bastante razões para confiarmos no teu amigo." abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro,
sobre a nuca enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por
82) (IME-1996) Nas frases a seguir há erros ou fibra, titilando.
impropriedades. Reescreva-as e justifique a correção. (AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço, 25ª ed. São Paulo, Ática,
a) "Se você requeresse e o seu amigo intervisse, talvez 1992, p. 72-3.)
você reavesse esses bens."
b) "A algum tempo, São Paulo era quasi uma provincia." Neste trecho, o efeito de movimento rápido é obtido por
verbos empregados no tempo ou modo:
a) pretérito perfeito do indicativo.
b) pretérito imperfeito do subjuntivo.
83) (IME-1996) Nas frases a seguir há erros ou c) presente do indicativo.
impropriedades. Reescreva-as e justifique a correção. d) infinitivo.
e) gerúndio.
a) "Enviamos anexo os dados solicitados por V. Sa. e nos
colocamos à vossa inteira disposição para qualquer outros
pedidos." 86) (ITA-2001) Os versos abaixo são da letra da música
b) "O diretor havia aceito a tarefa de reformar a escola." Cobra, de Rita Lee e Roberto de Carvalho:

84) (ITA-2002) O trecho publicitário a seguir apresenta Não me cobre ser existente
uma transgressão gramatical bastante comum: Cobra de mim que sou serpente

Esta empresa se preocupa com economia de energia muito Com relação ao emprego do imperativo nos versos,
antes que você se preocupasse com isso. podemos afirmar que
a) a oposição imperativo negativo e imperativo afirmativo
Leia as frases abaixo e assinale a opção adequada ao justifica a mudança do verbo cobre/cobra.
padrão formal da língua: b) a diferença de formas (cobre/cobra) não é registrada
I. Esta empresa se preocupava com energia muito antes nas gramáticas normativas, portanto há inadequação na
que você se preocupasse com isso. flexão do segundo verbo (cobra).
II. Esta empresa se preocuparia com economia de energia c) a diferença de formas (cobre/cobra) deve-se ao
muito antes que você se preocupasse com isso. deslocamento da 3ª para a 2ª pessoa do sujeito verbal.
III. Esta empresa se preocupou com economia de energia d) o sujeito verbal (3ª pessoa) mantém-se o mesmo,
muito antes que você se preocupe com isso. portanto o emprego está adequado.
IV. Esta empresa se preocupara com economia de energia e) o primeiro verbo no imperativo negativo opõe-se ao
muito antes que você se preocupasse com isso. segundo verbo que se encontra no presente do indicativo.

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87) (ITA-1996) Assinale a opção que completa Ensaiava o rock
corretamente as lacunas. Para as matinês (...)
Se________ as conseqüência, não________na discussão. (CHICO BUARQUE DE HOLANDA)
Entretanto não________, e________.
a) previsse - teria intervindo - titubeou - interveio. Quanto ao tempo verbal, é CORRETO afirmar que, no texto
b) prevesse - interviria - se conteve - interviu. anterior,
c) tivesse previsto - interferiria - hesitou - interviu. a) a relação cronológica, no primeiro verso, entre o
d) predissesse - teria intervido - se absteve - interveio momento da fala e “ser herói” é de anterioridade.
e) previsse - se intrometeria - titubiou - interferiu. b) o pretérito imperfeito indica um processo concluído
num período definido no passado.
88) (ITA-1998) Assinale a opção que preenche c) o pretérito imperfeito é usado para instaurar um mundo
corretamente as lacunas. imaginário, próprio do universo infantil.
Quando os dirigentes______ às funcionárias que se______ d) o conflito entre a marca do presente - no advérbio
das cervejinhas e que____ seus passatempos e “agora” - e a do passado - nos verbos - leva à
diversões_____ , muitas delas não se_________ ; pegaram intemporalidade.
seus pertences e retiraram-se. e) o pretérito imperfeito é usado para exprimir cortesia.

a) proporam - abstessem - revessem - preferidos - 92) (Mack-2002) Embalo da canção


contiveram 01 Que a voz adormeça
b) propuseram - abstivessem - revissem - preferidos - 02 que canta a canção!
conteram 03 Nem o céu floresça
c) proporam - abstenham - revejam - preferidas - 04 nem floresça o chão.
conteram
d) proporem - abstenhem - revejam - preferidos - 05 (Só - minha cabeça,
contêm 06 Só - meu coração.
e) propuseram - abstivessem - revissem - preferidos - 07 Solidão.)
contiveram
08 Que não alvoreça
89) (ITA-1998) Assinale a alternativa que preenche 09 nova ocasião!
corretamente as lacunas. 10 Que o tempo se esqueça
I._______ os amigos, jamais ________ sua atenção e 11 de recordação!
confiança.
II. _______dos políticos que dizem que os recursos 12 (Nem minha cabeça
públicos não ________do povo. 13 nem meu coração.
a) destratando - se granjeiam - divirjamos - provêm 14 Solidão!)
b) distratando - se granjeiam - divirjamos - provêm Cecília Meireles
c) distratando - granjeamos - diverjamos - provêem
d) destratando - grangeamos - divirjamos - provêem Assinale a alternativa correta sobre o texto.
e) distratando - se granjeia - diverjamos - provêm a) As formas verbais presentes na primeira estrofe
expressam certezas.
90) (ITA-1995) Indique a alternativa em que há erro b) A redundância de paralelismos concretiza o ritmo
gramatical: sugerido no título do poema.
a) Eles se entreteram, contando piadas. c) O uso dos travessões (versos 5 e 6) atenua o sentido de
b) Entrevi uma solução em todo este emaranhado. solidão.
c) Para que não caiais em tentação, rezai. d) Na terceira estrofe, a recordação do passado é ironizada
d) Ele se proveu do necessário e partiu. pelo eu.
e) Quando o vir de novo, reconhecê-lo-ei. e) Na terceira estrofe, nova ocasião e recordação referem-
se a experiências vividas num mesmo momento do
passado.
91) (ITA-2003) João e Maria
Agora eu era herói
E o meu cavalo só falava inglês 93) (Mack-2002) Tanto de meu estado me acho incerto,
A noiva do cawboy Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Era você além das outras três Sem causa, juntamente choro e rio;
Eu enfrentava os batalhões O mundo todo abarco e nada aperto.
Os alemães e os seus canhões Camões
Guardava o meu bodoque

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Exercícios com Gabarito de Português e assombro que se nos deparou, por certo não foi das
menores tal originalidade lingüística. Nas conversas
Artigo, Pronome e Numeral utilizam-se os paulistanos dum linguajar bárbaro e
multifário, crasso de feição e impuro na vernaculidade,
1) (Fatec-2002) Texto I mas que não deixa de ter o seu sabor e força nas
Então Macunaíma pôs reparo numa criadinha com um apóstrofes, e também nas vozes do brincar. Destas e
vestido de linho amarelo pintado com extrato de tatajuba. daquelas nos inteiramos, solícito; e nos será grata empresa
Ela já ia atravessando atravessando o corgo pelo pau. vo-las ensinarmos aí chegado. Mas si de tal desprezível
Depois dela passar o herói gritou pra pinguela: língua se utilizam
- Viu alguma coisa, pau? na conversação os naturais desta terra, logo que tomam da
- Via a graça dela! pena, se despojam de tanta asperidade, e surge o Homem
- Quá! quá! quá quaquá!... Latino, de Lineu, exprimindo-se numa outra linguagem,
Macunaíma deu uma grande gargalhada. Então seguiu mui próxima da vergiliana, no dizer dum panegirista, meigo
atrás do par. Eles já tinham brincado e descansavam na idioma, que, com imperecível galhardia, se intitula: língua
beira da lagoa. A moça estava sentada na borda duma de Camões! De tal originalidade e riqueza vos há-de ser
igarité encalhada na praia. Toda nua inda do banho comia grato ter ciência, e mais ainda vos espantareis com
tambiús vivos, se rindo pro rapaz. Ele deitara de bruços na saberdes, que à grande e quase total maioria, nem essas
água rente dos pés da moça e tirava os lambarizinhos da duas línguas bastam, senão que se enriquecem do mais
lagoa pra ela comer. A crilada das ondas amontoava nas lídimo italiano, por mais musical e gracioso, e que por
costas dele porém escorregando no corpo nu molhado caía todos os recantos da urbs é versado.
de novo na lagoa com risadinhas de pingos. A moça batia (Mário de Andrade, Macunaíma. O herói sem nenhum
com os pés n’água e era feito um repuxo roubado da Luna caráter)
espirrando jeitoso, cegando o rapaz. Então ele enfiava a
cabeça na lagoa e trazia a boca cheia de água. A moça Assinale a alternativa que transcreve e converte, correta e
apertava com os pés as bochechas dele e recebia o jato em respectivamente, a frase do registro coloquial da
cheio na barriga, assim. A brisa fiava a cabeleira da moça linguagem, extraída do Texto I, em seu correspondente na
esticando de um em um os fios lisos na cara dela. O moço modalidade culta.
pôs reparo nisso. Firmando o queixo no joelho da a) “Pois deixai ela virar” / “Pois deixa-a virar”.
companheira ergueu o busto da água, estirou o braço pro b) “Ele deitara de bruços na água” / “Ele tinha deitado de
alto e principiou tirando os cabelos da cara da moça pra bruços na água”.
que ela pudesse comer sossegada c) “Depois dela passar” / “Depois de ela passar”.
os tambiús. Então pra agradecer ela enfiou três d) “ele enrolou-se nela talqualmente um apuizeiro
lambarizinhos na boca dele e rindo muito fastou o joelho carinhoso” / “ele enrolou-se nela mesmo sendo um
depressa. O busto do rapaz não teve apoio mais e ele no apuizeiro carinhoso”.
sufragante focinhou n’água até o fundo, a moça inda e) “Ia escorregando e afinal a canoa virou” / “Ia
forçando o pescoço dele com os pés. Ele ia escorregando escorregando e até que enfim a canoa virou”.
sem perceber de tanta graça que achava na vida. Ia
escorregando e afinal a canoa virou. Pois deixai ela virar! A
moça levou um tombo engraçado por cima do rapaz e ele 2) (FGV-2005) No quarto parágrafo, é possível acrescentar
enrolou-se nela talqualmente um apuizeiro carinhoso. uma preposição combinada com um artigo. Qual é a
Todos os tambiús fugiram enquanto os dois brincavam combinação? Em que frase ela pode aparecer? Justifique.
n’água outra vez.
(Mário de Andrade, Macunaíma. O herói sem nenhum 1. HORA DA SESTA. Um grande silêncio no casarão.
caráter) 2. Faz sol, depois de uma semana de dias sombrios e
úmidos.
Texto II 3. Clarissa abre um livro para ler. Mas o silêncio é tão
De outras e muitas grandezas vos poderíamos ilustrar, grande que, inquieta, ela torna a pôr o
senhoras Amazonas, não fora persignar demasiado esta 4. volume na prateleira, ergue-se e vai até a janela, para
epístola; todavia, com afirmar-vos que esta é, por sem ver um pouco de vida.
dúvida, a mais bela cidade terráquea, muito hemos feito 5. Na frente da farmácia está um homem metido num
em favor destes homens de prol. Mas cair-nos-iam as grosso sobretudo cor de chumbo. Um
faces, si ocultáramos no silêncio, uma curiosidade original 6. cachorro magro atravessa a rua. A mulher do coletor
deste povo. Ora sabereis que a sua riqueza de expressão aparece à janela. Um rapaz de pés
intelectual é tão prodigiosa, que falam numa língua e 7. descalços entra na Panificadora.
escrevem noutra. Assim chegado a estas plagas 8. Clarissa olha para o céu, que é dum azul tímido e
hospitalares, nos demos ao trabalho de bem nos desbotado, olha para as sombras fracas
inteirarmos da etnologia da terra, e dentre muita surpresa 9. sobre a rua e depois se volta para dentro do quarto.

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10. Aqui faz frio. Lá no fundo do espelho está uma Clarissa 3) (Fuvest-2000) As duas manas Lousadas! Secas, escuras e
indecisa, parada, braços caídos, gárrulas como cigarras, desde longos anos, em Oliveira,
11. esperando. Mas esperando quê? eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas, as
12. Clarissa recorda. Foi no verão. Todos no casarão espalhadoras de todas as maledicências, as tecedeiras de
dormiam. As moscas dançavam no ar, todas as intrigas. E na desditosa cidade, não existia nódoa,
13. zumbindo. Fazia um solão terrível, amarelo e quente. pecha, bule rachado, coração dorido, algibeira arrasada,
No seu quarto, Clarissa não sabia que janela entreaberta, poeira a um canto, vulto a uma
14. fazer. De repente pensou numa travessura. Mamãe esquina, bolo encomendado nas Matildes, que seus
guardava no sótão as suas latas de olhinhos furantes de azeviche sujo não descortinassem e
15. doce, os seus bolinhos e os seus pães que deviam durar que sua solta língua, entre os dentes ralos, não
toda a semana. Era proibido entrar comentasse com malícia estridente.
16. lá. Quem entrava, dos pequenos, corria o risco de levar (Eça de Queirós, A ilustre Casa de Ramires)
palmadas no lugar de
17. costume. No texto, o emprego de artigos definidos e a omissão de
18. Mas o silêncio da sesta estava cheio de convites artigos indefinidos têm como efeito, respectivamente,
traiçoeiros. Clarissa ficou pensando. a) atribuir às personagens traços negativos de caráter;
19. Lembrou-se de que a chave da porta da cozinha servia apontar Oliveira como cidade onde tudo acontece.
no quartinho do sótão. b) acentuar a exclusividade do comportamento típico das
20. Foi buscá-la na ponta dos pés. Encontrou-a no lugar. personagens; marcar a generalidade das situações que são
Subiu as escadas devagarinho. Os objeto de seus comentários.
21. degraus rangiam e a cada rangido ela levava um c) definir a conduta das duas irmãs como criticável; colocá-
sustinho que a fazia estremecer. las como responsáveis pela maioria dos acontecimentos na
22. Clarissa subia, com a grande chave na mão. Ninguém... cidade.
Silêncio... d) particularizar a maneira de ser das manas Lousadas;
23. Diante da porta do sótão, parou, com o coração aos situá-las numa cidade onde são famosas pela
pulos. Experimentou a chave. A maledicência.
24. princípio não entrava bem na fechadura. Depois e) associar as ações das duas irmãs; enfatizar seu livre
entrou. Com muita cautela, abriu a porta e acesso a qualquer ambiente na cidade.
25. se viu no meio duma escuridão perfumada, duma
escuridão fresca que cheirava a doces, 4) (Mack-2005) Eu também já fui brasileiro
26. bolinhos e pão. moreno como vocês.
27. Comeu muito. Desceu cheia de medo. No outro dia D. Ponteei viola, guiei forde
Clemência descobriu a violação, e e aprendi na mesa dos bares
28. Clarissa levou meia dúzia de palmadas. que o nacionalismo é uma virtude.
29. Agora ela recorda... E de repente se faz uma grande Mas há uma hora em que os bares se fecham
claridade, ela tem a grande idéia. “A e todas as virtudes se negam.
30. chave da cozinha serve na porta do quarto do sótão.” O Carlos Drummond de Andrade
quarto de Vasco fica no sótão...
31. Vasco está no escritório... Todos dormem... Oh! Assinale a afirmativa correta.
32. E se ela fosse buscar a chave da cozinha e subisse, a) Do segundo ao quinto verso, detalha-se o sentido de fui
entrasse no quarto de Vasco e brasileiro (primeiro verso).
33. descobrisse o grande mistério? b) A palavra também (primeiro verso) é índice de um
34. Não. Não sou mais criança. Não. Não fica direito uma pressuposto: todos os leitores são brasileiros.
moça entrar no quarto dum rapaz. c) O modo e o tempo de todos os verbos indicam ações
35. Mas ele não está lá... que mal faz? Mesmo que inconclusas no passado.
estivesse, é teu primo. Sim, não sejas d) No trecho há uma hora em que os bares se fecham
36. medrosa. Vamos. Não. Não vou. Podem ver. Que é que (sexto verso) ocorre ambigüidade: uma pode ser artigo
vão pensar? Subo a escada, indefinido ou numeral.
37. alguém me vê, pergunta: “Aonde vais, Clarissa?” Ora, e) Os termos bares (quarto verso), viola e forde (terceiro
vou até o quartinho das malas. verso) são complementos verbais.
38. Pronto. Ninguém pode desconfiar. Vou. Não, não vou.
Vou, sim!
5) (UECE-2002) OUTRO NOME DO RACISMO
(Porto Alegre: Globo, 1981. pp. 132-133)
Odeio surtos de bom-mocismo, remorsos súbitos,
arrastões morais. Abomino a retórica politicamente

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correta, paternalismos vesgos, equívocos bem- agilidade e o porte ereto darão a impressão de que, apesar
intencionados. da aparência de velho, o viajante guardará o vigor da
Assisto pois com fastio e espanto às discussões sobre a juventude. E os olhos... ah, o brilho dos olhos será
implantação de um sistema de cotas, na absolutamente sem idade, um brilho deslumbrado como o
universidade, para estudantes de pele negra. No Ceará, de um bebê, curioso como o de um menino, desafiador
baseado no mesmo voluntarismo míope, tramita na como o de um jovem, sábio como o de um homem
Assembléia projeto que garante cotas no vestibular para maduro, maroto como o de um velhinho bem-humorado
estudantes da escola pública. As duas propostas padecem que conseguisse somar tudo isso.
do mesmo pecado original: pretendem remediar uma (MACHADO, Ana Maria. O CANTO DA PRAÇA. Rio de
injustiça histórica através de outra. Janeiro: Salamandra, 1986.)
A perversa desigualdade brasileira tem raízes profundas,
construídas ao longo de 500 anos de exploração, Confronte os trechos destacados nos trechos A e B.
preconceito e exclusão. Portanto, não será resolvida na A
base de decretos e canetadas oficiais. O tal sistema de "apesar da aparência DE VELHO"
cotas aponta no alvo errado. Em vez de combater o B
problema em suas causas primeiras, procura apaziguar "seu aspecto era DE UM VELHO COMO TANTOS OUTROS"
nossas consciências cívicas investindo contra o que, na "maroto como o DE UM VELHINHO BEM-HUMORADO"
verdade, é só uma conseqüência.
Se queremos, de fato, estabelecer políticas a) Como se justifica a ausência de artigo no trecho
compensatórias a favor dos excluídos, que apontemos destacado no trecho A?
então nossa indignação para o coração da desigualdade: é b) No trecho B, o artigo indefinido tem seu sentido
preciso investir maciçamente na educação básica, reiterado em um dos dois trechos destacados.
elevando efetivamente o nível da escola pública. Que recurso lingüístico é responsável por essa reiteração?
Ao adotarmos cotas e cursinhos pré-universitários Explique sua resposta.
exclusivos para negros, estaríamos na verdade
estabelecendo um retrocesso histórico, institucionalizando 7) (Cesgranrio-1994) REFLEXIVO
o questionável conceito de raça. Ressuscitaríamos assim,
quem sabe, as teses de Nina Rodrigues. Reforçaríamos a O que não escrevi, calou-me.
idéia anacrônica de que as raças são naturais e, por O que não fiz, partiu-me.
conseqüência, que uma pode realmente ser superior às O que não senti, doeu-se.
outras. Assim, só alimentaríamos ainda mais o O que não vivi, morreu-se.
preconceito. Oficializaríamos o gueto e a discriminação. O que adiei, adeus-se.
Os adeptos da idéia se defendem com nova pérola do (Affonso Romano de Sant'Anna)
pensamento politicamente correto. Falam de uma tal
''discriminação positiva''. Em bom português, não passa de Assinale a classificação gramatical correta para os
uma outra forma de racismo. Um racismo às avessas. Mas vocábulos 'O' e 'se':
o mais puro e insuportável racismo. "O que adiei, adeus-se" (2o parágrafo)
(Lira Neto. O POVO: 14/9/2001)
a) artigo - pronome reflexivo.
Os complementos de Odeio e Abomino apresentam o b) pronome pessoal oblíquo - pronome apassivador.
mesmo tipo de estrutura sintática: uma série de três c) pronome pessoal oblíquo - pronome reflexivo.
sintagmas nominais. Esse paralelismo entre as duas d) pronome demonstrativo - palavra de realce.
construções é quebrado apenas pela forma do sintagma a e) pronome demonstrativo - pronome apassivador.
retórica politicamente correta, o qual se diferencia dos
outros por estar no singular e por ser determinado pelo 8) (Cesgranrio-1994) Assinale a opção em que o emprego
artigo definido a. Pode-se inferir daí que o autor considera do pronome pessoal NÃO obedece à norma culta da
a retórica politicamente correta um fato língua.
a) amplamente conhecido
b) de menor importância a) A imagem do país para si mesmo é satisfatória.
c) pouco comum b) Levou consigo as mágoas da nação.
d) de grande importância c) Vim falar consigo sobre as violências recentes.
d) Para mim, violar as leis é inadmissível.
e) Resolvemos discutir as questões para eu não ficar alheio
6) (UFRJ-1996) Na verdade, à primeira vista, seu aspecto às dificuldades dos fatos.
era de um velho como tantos outros, de idade indefinida,
rugas, cabelos brancos, uma barba que lhe dará um vago 9) (Enem Cancelado-2009) Vera, Sílvia e Emília saíram para
ar de sabedoria e respeitabilidade. Mas uma certa passear pela chácara com Irene.

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- A senhora tem um jardim deslumbrante, dona Irene!— c) “Perdi-me dentro de mim / Porque eu era labirinto”
comenta Sílvia, maravilhada diante dos (Mário de Sá Carneiro)
canteiros de rosas e hortênsias. d) “Vou-me embora pra Pasárgada / Lá sou amigo do rei!”
- Para começar, deixe o "senhora" de lado e esqueça o (Manuel Bandeira)
"dona" também — diz Irene, sorrindo. — Já é um custo e) “Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não
agüentar a Vera me chamando de “tia" o tempo todo. Meu me é mais.” (Clarice Lispector)
nome é Irene.
Todas sorriem. Irene prossegue:
- Agradeço os elogios para o jardim, só que você vai ter de 12) (Faap-1996) SONETO DE SEPARAÇÃO
fazê-los para a Eulália, que é quem cuida das flores. Eu sou
um fracasso na jardinagem. De repente do riso fez-se o pranto
BAGNO, M. A língua de Eulália: Novela Sociolingüística. Silencioso e branco como a bruma
São Paulo: Contexto, 2003 (adaptado). E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
Na língua “portuguesa, a escolha por ‘Você” ou "senhor
(a)" denota o grau de liberdade ou de respeito que deve De repente da calma fez-se o vento
haver entre os interlocutores. No diálogo apresentado Que dos olhos desfez a última chama
acima, observa-se o emprego dessas formas. A E da paixão fez-se o pressentimento
personagem Sílvia emprega a forma "senhora" ao se referir E do momento imóvel fez-se o drama.
à Irene. Na situação apresentada no texto, o emprego de
"senhora" ao se referir à interlocutora ocorre porque Sílvia De repente, não mais que de repente
a) pensa que Irene é a jardineira da casa. Fez-se de triste o que se fez amante
b) acredita que Irene gosta de todos que a visitam. E de sozinho o que se fez contente
c) observa que Irene e Eulália são pessoas que vivem em
área rural. Fez-se do amigo próximo o distante
d) deseja expressar por meio de sua fala of ato de sua Fez-se da vida uma aventura errante
família conhecer Irene. De repente, não mais que de repente.
e) considera que Irene é uma pessoa mais velha, com a (Vinícius de Morais)
qual não tem intimidade

10) (Enem Cancelado-2009) Paris, filho do rei de Tróia, "De repente do riso fez-se o pranto".
raptou Helena, mulher de um rei grego. Isso provocou um À colocação do pronome "se" depois do verbo (fez-se) dá-
sangrento conflito de dez anos, entre os séculos XI11 e XII se o nome:
a. C. Foi o primeiro choque entre o ocidente e o oriente. a) próclise
Mas os gregos conseguiram enganar os troianos. Deixaram b) ênclise
à porta de seus muros fortificados um imenso cavalo de c) mesóclise
madeira. Os troianos, felizes com o presente, puseram-no d) tmese
para dentro. À noite, os soldados gregos, que estavam e) mesóclise imprópria
escondidos no cavalo, saíram e abriram as portas da
fortaleza para a invasão. Daí surgiu a expressão "presente
de grego". 13) (Faap-1996) SONETO DE SEPARAÇÃO
DUARTE, Marcelo. O guia dos curiosos. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995. De repente do riso fez-se o pranto
Em "puseram-no", a forma pronominal "no" refere-se Silencioso e branco como a bruma
a) ao termo "rei grego". E das bocas unidas fez-se a espuma
b) ao antecedente "gregos". E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
c) ao antecedente distante "choque".
d) à expressão "muros fortificados". De repente da calma fez-se o vento
e) aos termos "presente" e "cavalo de madeira". Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
11) (ESPM-2006) Assinale o item em que o pronome
grifado tenha valor semântico de possessivo: De repente, não mais que de repente
a) “A borboleta, depois de esvoaçar muito em torno de Fez-se de triste o que se fez amante
mim, pousou-me na testa.” (Machado de Assis) E de sozinho o que se fez contente
b) “Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me
canse; eu não tenho que fazer.” (Machado de Assis) Fez-se do amigo próximo o distante

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Fez-se da vida uma aventura errante d) cada pessoa que chegava não podia ver, a fim de se pôr
De repente, não mais que de repente. na ponta dos pés.
(Vinícius de Morais) e) cada pessoa que chegava não podia ver, quando se
punha na ponta dos pés.

"E das bocas unidas fez-se a espuma". Sujeito do verbo


fazer: 15) (Faap-1996) Dario vinha apressado, o guarda-chuva
a) bocas no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina,
b) alimentação diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de
c) eco uma casa. Foi escorregando por ela, de costas, sentou-se
d) espuma na calçada, ainda úmida da chuva, e descansou no chão o
e) indeterminado cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se
não estava se sentindo bem. Dario abriu a boca, moveu os
14) (Faap-1996) Dario vinha apressado, o guarda-chuva lábios, mas não se ouviu resposta. Um senhor gordo, de
no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque.
diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de Estendeu-se mais um pouco, deitado agora na
uma casa. Foi escorregando por ela, de costas, sentou-se calçada, o cachimbo a seu lado tinha apagado. Um rapaz
na calçada, ainda úmida da chuva, e descansou no chão o de bigode pediu ao grupo que se afastasse, deixando-o
cachimbo. respirar. E abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a
Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou pela
não estava se sentindo bem. Dario abriu a boca, moveu os garganta e um fio de espuma saiu do canto da boca.
lábios, mas não se ouviu resposta. Um senhor gordo, de Cada pessoa que chegava se punha na ponta dos
branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque. pés, embora não pudesse ver. Os moradores da rua
Estendeu-se mais um pouco, deitado agora na conversavam de uma porta à outra, as crianças foram
calçada, o cachimbo a seu lado tinha apagado. Um rapaz acordadas e vieram de pijama às janelas. O senhor gordo
de bigode pediu ao grupo que se afastasse, deixando-o repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a
respirar. E abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na
cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou pela parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao lado
garganta e um fio de espuma saiu do canto da boca. dele.
Cada pessoa que chegava se punha na ponta dos Uma velhinha de cabeça grisalha gritou que Dario
pés, embora não pudesse ver. Os moradores da rua estava morrendo. Um grupo transportou-o na direção do
conversavam de uma porta à outra, as crianças foram táxi estacionado na esquina. Já tinha introduzido no carro
acordadas e vieram de pijama às janelas. O senhor gordo metade do corpo, quando o motorista protestou: se ele
repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a morresse na viagem? A turba concordou em chamar a
fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na ambulância. Dario foi conduzido de volta e encostado à
parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao lado parede - não tinha os sapatos e o alfinete de pérola na
dele. gravata.
Uma velhinha de cabeça grisalha gritou que Dario (Dalton Trevisan)
estava morrendo. Um grupo transportou-o na direção do
táxi estacionado na esquina. Já tinha introduzido no carro
metade do corpo, quando o motorista protestou: se ele Assinale a forma errada do imperativo:
morresse na viagem? A turba concordou em chamar a a) põe-te na ponta dos pés / não te ponhas na ponta dos
ambulância. Dario foi conduzido de volta e encostado à pés.
parede - não tinha os sapatos e o alfinete de pérola na b) ponha-se na ponta dos pés / não se ponha na ponta dos
gravata. pés.
(Dalton Trevisan) c) ponhamo-nos na ponta dos pés / não nos ponhamos na
ponta dos pés.
d) ponhais-vos na ponta dos pés / não vos ponhais na
Começando o período com a terceira oração, respeitando ponta dos pés.
o sentido, escreveríamos assim: e) ponham-se na ponta dos pés / não se ponham na ponta
a) cada pessoa que chegava não podia ver, porque se dos pés.
punha na ponta dos pés.
b) cada pessoa que chegava não podia ver, se se pusesse
na ponta dos pés. 16) (Faap-1996) Hão de chorar por ela os cinamomos,
c) cada pessoa que chegava não podia ver, mas se punha Murchando as flores ao tombar do dia.
na ponta dos pés. Dos laranjais hão de cair os pomos,

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Lembrando-se daquela que os colhia. gato, a graça ondulosa e o assopro, o ronrom e a garra, a
língua espinhosa. Fê-lo nervoso e ágil, refletido e
As estrelas dirão: - "Ai! nada somos, preguiçoso; artista até ao requinte, sarcasta até a tortura,
Pois ela se morreu, silente e fria..." e para os amigos bom rapaz, desconfiado para os
E pondo os olhos nela como pomos, indiferentes, e terrível com agressores e adversários... .
Hão de chorar a irmã que lhes sorria. Desde que o nosso tempo englobou os homens em três
categorias de brutos, o burro, o cão e o gato - isto é, o
A lua, que lhe foi mãe carinhosa, animal de trabalho, o animal de ataque, e o animal de
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la humor e fantasia - por que não escolheremos nós o
Entre lírios e pétalas de rosa. travesti do último? É o que se quadra mais ao nosso tipo, e
aquele que melhor nos livrará da escravidão do asno, e das
Os meus sonhos de amor serão defuntos... dentadas famintas do cachorro.
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la, Razão por que nos acharás aqui, leitor, miando um pouco,
Pensando em mim: - "Por que não vieram juntos?" arranhando sempre e não temendo nunca.
(Alphonsus de Guimaraens) Fialho de Almeida

"... e fez O CRÍTICO à semelhança do gato.".


"Pois ela SE morreu...". A palavra SE é:
a) pronome reflexivo Com pronome no lugar da palavra em maiúsculo:
b) pronome recíproco a) e lhe fez à semelhança do gato.
c) índice da indeterminação do sujeito b) e fez-lhe à semelhança do gato.
d) partícula apassivadora c) e te fez à semelhança do gato.
e) partícula de espontaneidade d) e fez-o à semelhança do gato.
e) e fê-lo à semelhança do gato.

17) (Faap-1996) Ó tu que vens de longe, ó tu que vens 19) (Fameca-2006) Temos todos duas vidas:
cansada, A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,
entra, e sob este teto encontrarás carinho: E que continuamos sonhando, adultos num substrato de
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho. névoa;
Vives sozinha sempre e nunca foste amada. A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,
Que é a prática, a útil,
A neve anda a branquear lividamente a estrada, Aquela em que acabam por nos meter num caixão.
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho. Na outra não há caixões, nem mortes,
Entra, ao menos até que as curvas do caminho Há só ilustrações de infância:
se banhem no esplendor nascente da alvorada. Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;
Grandes pátinas de cores para recordar mais tarde.
E amanhã quando a luz do sol dourar radiosa Na outra somos nós,
essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua, Na outra vivemos;
podes partir de novo, ó nômade formosa! Nesta morremos, que é o que viver quer dizer;
(Fernando Pessoa, Poesias de Álvaro de Campos)
Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
Há de ficar comigo uma saudade tua... O poeta fala em duas vidas, em seu poema.
Hás de levar contigo uma saudade minha... a) Como aplica a elas o conceito de verdadeiro e falso?
(Alceu Wamosy) b) Qual a referência do pronome aquela e dos pronomes
outra e esta, na 2.ª estrofe?
"e sob este teto encontrarás CARINHO". Com pronome no
lugar da palavra maiúscula, temos:
a) e sob este teto encontrarás-a 20) (Fatec-1995) Assinale a alternativa que completa
b) e sob este teto te encontrarás corretamente as três frases que se seguem.
c) e sob este teto lhe encontrarás
d) e sob este teto encontrá-lo-ás O século ___________ vivemos tem trazido grandes
e) e sob este teto encontrar-te-ás transformações ao planeta.
O ministro reafirma a informação ________ o presidente
18) (Faap-1997) Os gatos se referiu em seu último pronunciamento.
Todos lamentavam a morte do editor________ publicou
Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, e fez o obras importantes do Modernismo.
crítico à semelhança do gato. Ao crítico deu ele, como ao

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a) onde - a que - que b) que, de cuja, com que, para quem, no qual, que.
b) onde - a que - cujo c) em que, cuja, de que, para os quais, onde, na qual.
c) em que - que - o cujo d) a que, a cuja, em que, com que, que, em que.
d) em que - a que - que e) a que, a cuja, por que, com quem, sobre o qual, onde.
e) em que - de que - o qual

24) (FGV-2002) Assinale a alternativa que completa


21) (Fatec-1997) Assinale a alternativa em que a corretamente as lacunas da frase:
substituição do(s) termo(s) em maiúsculo(s), na frase I, “Eu _____ encontrei ontem, mas não _____ reconheci
pelo pronome da frase II está correta. porque ________ anos que não _____ via.”
a) a) lhe, lhe, há, lhe.
I - Deixe A MOÇA decidir com calma. b) o, o, haviam, o.
II - Deixe ela decidir com calma. c) lhe, o, havia, lhe.
b) d) o, lhe, haviam, o.
I - Entende que não há nada entre FULANO e os envolvidos e) o, o, havia, o.
no escândalo dos precatórios.
II - Entende que não há nada entre eu e os envolvidos no
escândalo dos precatórios. 25) (FGV-2001) Complete a frase abaixo, usando os
c) pronomes pessoais das três pessoas do singular e os
I - Espero, até que façam O CANDIDATO entrar na sala. verbos solicitados nos parênteses. Se for necessário, faça
II - Espero, até que façam ele entrar na sala. as adaptações adequadas.
d)
I - O homem, igual A SI mesmo. Nós formamos uma equipe de três. Portanto, sem
II - Eu, igual a mim mesmo. ________ (1ª), sem________ (2ª) e sem _________ (3ª)
e) não será possível fazer o trabalho, já que é para ________
I - Poderá escolher outros dois técnicos para assessorar A (1ª) comprar o material, para __________ (2ª) __________
DEPUTADA. (PREPARAR) o projeto e para __________ (3ª) __________
II - Poderá escolher outros dois técnicos para lhe (EXECUTAR + O).
assessorar.
26) (FGV-2001) Religiosamente, pela manhã, ele dava
22) (FEI-1995) Assinalar a alternativa na qual o pronome milho na mão para a galinha cega. As bicadas tontas, de
pessoal está empregado de forma incorreta: violentas, faziam doer a palma da mão calosa. E ele sorria.
Depois a conduzia ao poço, onde ela bebia com os pés
a) Estava aqui porque o mandaram visitar esta firma. dentro da água. A sensação direta da água nos pés lhe
b) Lembrei-lhe de que devia comparecer ao julgamento. anunciava que era hora de matar a sede; curvava o
c) Mandamos-lhe a encomenda pelo correio. pescoço rapidamente, mas nem sempre apenas o bico
d) Por esta vez, perdôo-lhe a ausência. atingia a água: muita vez, no furor da sede longamente
e) Acuso-o de ambição desmedida. guardada, toda a cabeça mergulhava no líquido, e ela a
sacudia, assim molhada, no ar. Gotas inúmeras se
23) (FGV-2002) Escolha a alternativa que preencha espargiam nas mãos e no rosto do carroceiro agachado
corretamente as lacunas das frases abaixo. junto do poço. Aquela água era como uma bênção para
ele. Como água benta, com que um Deus misericordioso e
1. Por acaso, não é este o livro __________ o professor se acessível aspergisse todas as dores animais. Bênção, água
refere? benta, ou coisa parecida: uma impressão de doloroso
2. As Olimpíadas ___________ abertura assistimos foram triunfo, de sofredora vitória sobre a desgraça inexplicável,
as de Tóquio. injustificável, na carícia dos pingos de água, que não
3. Herdei de meus pais os princípios morais ____________ enxugava e lhe secavam lentamente na pele. Impressão,
tanto luto. aliás, algo confusa, sem requintes psicológicos e sem
4. É bom que você conheça antes as pessoas literatura.
____________ vai trabalhar. Depois de satisfeita a sede, ele a colocava no pequeno
5. A prefeita construirá uma estrada do centro ao morro cercado de tela separado do terreiro (as outras galinhas
__________ será construída a igreja. martirizavam muito a branquinha) que construíra
6. Ainda não foi localizada a arca ____________ os piratas especialmente para ela. De tardinha dava-lhe outra vez
guardavam seus tesouros. milho e água e deixava a pobre cega num poleiro solitário,
dentro do cercado.
a) de que, cuja, para que, com os quais, sobre que, em Porque o bico e as unhas não mais catassem e ciscassem,
que. puseram-se a crescer. A galinha ia adquirindo um aspecto

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irrisório de rapace, ironia do destino, o bico recurvo, as irrisório de rapace, ironia do destino, o bico recurvo, as
unhas aduncas. E tal crescimento já lhe atrapalhava os unhas aduncas. E tal crescimento já lhe atrapalhava os
passos, lhe impedia de comer e beber. Ele notou essa passos, lhe impedia de comer e beber. Ele notou essa
miséria e, de vez em quando, com a tesoura, aparava o miséria e, de vez em quando, com a tesoura, aparava o
excesso de substância córnea no serzinho desgraçado e excesso de substância córnea no serzinho desgraçado e
querido. querido.
Entretanto, a galinha já se sentia de novo quase feliz. Tinha Entretanto, a galinha já se sentia de novo quase feliz. Tinha
delidas lembranças da claridade sumida. No terreiro plano delidas lembranças da claridade sumida. No terreiro plano
ela podia ir e vir à vontade até topar a tela de arame, e ela podia ir e vir à vontade até topar a tela de arame, e
abrigar-se do sol debaixo do seu poleiro solitário. Ainda abrigar-se do sol debaixo do seu poleiro solitário. Ainda
tinha liberdade - o pouco de liberdade necessário à sua tinha liberdade - o pouco de liberdade necessário à sua
cegueira. E milho. Não compreendia nem procurava cegueira. E milho. Não compreendia nem procurava
compreender aquilo. Tinham soprado a lâmpada e acabou- compreender aquilo. Tinham soprado a lâmpada e acabou-
se. Quem tinha soprado não era da conta dela. Mas o que se. Quem tinha soprado não era da conta dela. Mas o que
lhe doía fundamente era já não poder ver o galo de plumas lhe doía fundamente era já não poder ver o galo de plumas
bonitas. E não sentir mais o galo perturbá-la com o seu bonitas. E não sentir mais o galo perturbá-la com o seu
cócó-có malicioso. O ingrato. cócó-có malicioso. O ingrato.
(João Alphonsus - Galinha Cega. Em MORICONI, Italo, Os (João Alphonsus - Galinha Cega. Em MORICONI, Italo, Os
Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. São Paulo: Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. São Paulo:
Objetiva, 2000.) Objetiva, 2000.)

Na frase “A sensação direta da água nos pés lhe anunciava Compare o uso de toda nas frases adiante:
que era hora de matar a sede...”, ocorre o pronome lhe. É ...toda a cabeça mergulhava no líquido... e
possível alterar a posição desse pronome, transformando o O instinto materno está presente em toda mulher.
período em “A sensação direta da água nos pés anunciava Existe diferença de sentido entre os dois usos dessa
que era hora de matar-lhe a sede...”. Feita a palavra? Explique.
transformação, pergunta-se: que implicação ela traz à
frase? 28) (FGV-2001) Leia atentamente o fragmento de texto
abaixo, de As Três Marias, de Rachel de Queiroz. Depois,
27) (FGV-2001) Religiosamente, pela manhã, ele dava responda à questão nele baseada.
milho na mão para a galinha cega. As bicadas tontas, de As irmãs [Trata-se de freiras, como se perceberá adiante.-
violentas, faziam doer a palma da mão calosa. E ele sorria. Nota da Banca Examinadora] me intimidavam sempre,
Depois a conduzia ao poço, onde ela bebia com os pés como no primeiro dia.Não saberia nunca ficar à vontade
dentro da água. A sensação direta da água nos pés lhe com elas, como Glória, discutir, pedir coisas. E, muito
anunciava que era hora de matar a sede; curvava o menos, igual a Maria José, escolher entre as irmãs uma
pescoço rapidamente, mas nem sempre apenas o bico amiga, tomá-la como conselheira e confidente.
atingia a água: muita vez, no furor da sede longamente E dava-me mágoa essa inibição; as irmãs eram porém tão
guardada, toda a cabeça mergulhava no líquido, e ela a distantes, tão diferentes! Ser-me-ia impossível descobrir
sacudia, assim molhada, no ar. Gotas inúmeras se entre mim e elas pontos de identificação, como o faziam
espargiam nas mãos e no rosto do carroceiro agachado Maria José e Glória. Considerava-as fora da humanidade,
junto do poço. Aquela água era como uma bênção para não me abandonara nunca a impressão de distância
ele. Como água benta, com que um Deus misericordioso e sobrenatural que me haviam dado na noite da chegada.
acessível aspergisse todas as dores animais. Bênção, água Não conseguiria imaginar uma irmã, comendo, vestindo-
benta, ou coisa parecida: uma impressão de doloroso se, dormindo; não podia crer que houvesse um coração de
triunfo, de sofredora vitória sobre a desgraça inexplicável, mulher, um corpo de mulher debaixo da lã pesada do
injustificável, na carícia dos pingos de água, que não hábito.
enxugava e lhe secavam lentamente na pele. Impressão,
aliás, algo confusa, sem requintes psicológicos e sem A propósito do segmento de frase “Ser-me-ia impossível
literatura. descobrir entre mim e elas pontos de identificação...”,
Depois de satisfeita a sede, ele a colocava no pequeno atenda ao que se pede abaixo.
cercado de tela separado do terreiro (as outras galinhas a) Explique o uso do pronome mim, em vez do pronome
martirizavam muito a branquinha) que construíra eu.
especialmente para ela. De tardinha dava-lhe outra vez b) Se, no lugar de elas, que é pronome pessoal de terceira
milho e água e deixava a pobre cega num poleiro solitário, pessoa do plural, utilizássemos outro, de segunda pessoa
dentro do cercado. do singular, qual seria ele?
Porque o bico e as unhas não mais catassem e ciscassem, c) Explique por que a forma verbal Seria (em Ser-me-ia)
puseram-se a crescer. A galinha ia adquirindo um aspecto está na terceira pessoa do singular.

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29) (FGV-2001) Leia atentamente o fragmento de texto 32) (FGV-1997) Nas frases abaixo, os termos destacados
abaixo, de As Três Marias, de Rachel de Queiroz. Depois, podem estar corretos ou incorretos. Se estiverem corretos,
responda à questão nele baseada. limite-se a copiá-los no espaço apropriado; se estiverem
As irmãs [Trata-se de freiras, como se perceberá adiante.- incorretos, reescreva-os na forma correta.
Nota da Banca Examinadora] me intimidavam sempre,
como no primeiro dia.Não saberia nunca ficar à vontade Se V.Sa. comparecer a reunião, traga consigo vossa
com elas, como Glória, discutir, pedir coisas. E, muito agenda.
menos, igual a Maria José, escolher entre as irmãs uma Se V.Sa comparecer _________ reunião, traga _________
amiga, tomá-la como conselheira e confidente. agenda.
E dava-me mágoa essa inibição; as irmãs eram porém tão
distantes, tão diferentes! Ser-me-ia impossível descobrir
entre mim e elas pontos de identificação, como o faziam 33) (FGV-1997) Nas frases abaixo, os termos destacados
Maria José e Glória. Considerava-as fora da humanidade, podem estar corretos ou incorretos. Se estiverem corretos,
não me abandonara nunca a impressão de distância limite-se a copiá-los no espaço apropriado; se estiverem
sobrenatural que me haviam dado na noite da chegada. incorretos, reescreva-os na forma correta.
Não conseguiria imaginar uma irmã, comendo, vestindo-
se, dormindo; não podia crer que houvesse um coração de Em que pese os argumentos apresentados, o júri não se
mulher, um corpo de mulher debaixo da lã pesada do convenceu.
hábito. Em que___________os argumentos apresentados,
o________ não se convenceu.
O segundo parágrafo do texto informa que Maria José e
Glória faziam algo. O que faziam elas? Explique o que leva
a essa conclusão. 34) (FGV-2003) Leia o fragmento abaixo, do conto A
cartomante de Machado de Assis. Depois, responda às
30) (FGV-2001) Examine o período abaixo. Se não contiver perguntas.
erro, transcreva-o, apenas. Se contiver erro, transcreva-o, “Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita
mas corrija o erro. estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas
via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às
Aproveitamos a oportunidade para informá-lo de que cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia
nosso representante irá em breve visitá-lo, onde, temos deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na
certeza, iniciaremos novos negócios. antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma
comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das
31) (FGV-2001) O tratamento utilizado no diálogo abaixo Mangueiras na direção de Botafogo, onde residia; Camilo
corresponde à segunda pessoa do plural. As marcas desse desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a
tratamento aparecem destacadas em negrito. casa da cartomante.”
- Vosso passado vos condena. Saí daqui antes que eu vos O texto oferece condições para indicar, com precisão, o
mate. significado do pronome o na seguinte oração: “...não só o
- Esperai, que já vos mostro. Não tenteis amedrontar- estava...”. Diga qual é esse significado. Explique qual
me!… defeito de estilo Machado de Assis evitou ao utilizar o
Se utilizarmos o tratamento correspondente à segunda pronome o.
pessoa do singular, obteremos, respectivamente:
a) Seu passado o condena. Saia daqui antes que eu o 35) (FGV-2003) Leia o fragmento abaixo, do conto A
mate./ Espere, que já lhe mostro. Não tente amedrontar- cartomante de Machado de Assis. Depois, responda às
me!… perguntas.
b) Teu passado te condena. Sai daqui antes que eu te “Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita
mate./ Espera, que já te mostro.Não tenta amedrontar- estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas
me!… via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às
c) Teu passado te condena. Sai daqui antes que eu te cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia
mate./ Espera, que já te mostro. Não tentes amedrontar- deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na
me!… antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma
d) Seu passado lhe condena. Saia daqui antes que eu o comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das
mate./ Espere, que já te mostro. Não tente amedrontar- Mangueiras na direção de Botafogo, onde residia; Camilo
me!… desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a
e) Teu passado o condena. Saí daqui antes que eu te casa da cartomante.”
mate./ Espera, que já te mostro.Não tentes amedrontar-
me!…

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Em “Esta desceu pela Rua das Mangueiras...”, explique por 5. peixe. Uma jovem tamoia, cujo rosto moreno
que, no texto, se usou o pronome esta e não o pronome parecia
ela. 6. tostado pelo fogo em que ardia-lhe o coração,
7. uma jovem tamoia linda e sensível, tinha por
36) (FGV-2003) A frase abaixo foi extraída de recente habitação
anúncio para a venda de um imóvel. Comente o uso que 8. esta rude gruta, onde ainda então não se via
nela se faz do pronome demonstrativo isso. 9. a fonte que hoje vemos. Ora, ela, que até os
- Isso aqui é o Paraíso. quinze
10. anos era inocente como a flor, e por isso alegre
37) (FGV-2004) Caetano Veloso acaba de gravar uma 11. e folgazona como uma cabritinha nova, começou
canção, do filme Lisbela e o Prisioneiro. Trata-se de Você a
não me ensinou a te esquecer. A propósito do título da 12. fazer-se tímida e depois triste, como o gemido da
canção, 13. rola; a causa disto estava no agradável parecer de
pode-se dizer que: 14. um mancebo da sua tribo, que diariamente vinha
a) A regra da uniformidade do tratamento é respeitada, e o 15. caçar ou pescar à ilha, e vinte vezes já o havia
estilo da frase revela a linguagem regional do autor. feito
b) O desrespeito à norma sempre revela falta de 16. sem que de uma só desse fé dos olhares ardentes
conhecimento do idioma; nesse caso não é diferente. 17. que lhe dardejava a moça. O nome dele era
c) O correto seria dizer Você não me ensinou a lhe Aoitin;
esquecer. 18. o nome dela era Ahy.
d) Não deveria ocorrer a preposição nessa frase, já que o 19. A pobre Ahy, que sempre o seguia, ora lhe
verbo ensinar é transitivo direto. apanhava
e) Desrespeita-se a regra da uniformidade de tratamento. 20. as aves que ele matava, ora lhe buscava as flechas
Com isso, o estilo da frase acaba por aproximar- se do da 21. disparadas, e nunca um só sinal de
fala. reconhecimento
22. obtinha; quando no fim de seus trabalhos,
23. Aoitin ia adormecer na gruta, ela entrava de
38) (FGV-2004) Observe: "O diretor perguntou: - Onde manso
estão os estagiários? Mandaram-nos sair? Estão no andar 24. e com um ramo de palmeira procurava, movendo
de cima?". O pronome sublinhado pertence: o
a) À terceira pessoa do plural. 25. ar, refrescar a fronte do guerreiro adormecido.
b) À segunda pessoa do singular. Mas
c) À terceira pessoa do singular. 26. tantos extremos eram tão mal pagos que Ahy, de
d) À primeira pessoa do plural. 27. cansada, procurou fugir do insensível moço e
e) À segunda pessoa do plural. fazer
28. por esquecê-lo; porém, como era de esperar, nem
29. fugiu-lhe e nem o esqueceu.
39) (FGV-2004) Observe o período e as palavras 30. Desde então tomou outro partido: chorou. Ou
sublinhadas: 31. porque a sua dor era tão grande que lhe podia
O dicionário, imagem ordenada do mundo, constrói- se e 32. exprimir o amor em lágrimas desde o coração até
desenvolve-se sobre palavras que viveram uma vida plena, 33. os olhos, ou porque, selvagem mesmo, ela já tinha
que depois envelheceram e definharam, primeiro geradas, 34. compreendido que a grande arma da mulher está
depois geradoras, como o foram os homens e as mulheres 35. no pranto, Ahy chorou.
que as fizeram e de que iriam ser, por sua vez, e ao mesmo MACEDO, Joaquim Manuel de. A
tempo, senhores e servos. Moreninha. São Paulo: Ática, 1997, p. 62-63.
A respeito das palavras sublinhadas, pergunta-se:
a) Qual o antecedente que? Selecione, das linhas 28, 29 e 30 do texto, duas palavras
b) Qual palavra é substituída por as? que tenham valor anafórico. Explique essas anáforas.
c) Que outra forma seria possível usar em lugar de de que?
41) (FGV-2005) Estamos comemorando a entrega de mais
de mil imóveis. São mais de 1000 sonhos realizados. Mais
40) (FGV-2004) 1. Era no tempo que ainda os de oito imóveis são entregues todo dia. Quer ser o
portugueses não próximo? Então vem para a X Consórcios. Entre você
2. haviam sido por uma tempestade empurrados também para o consórcio que o Brasil inteiro confia.
para (Texto de anúncio publicitário, editado.)
3. a terra de Santa Cruz. Esta pequena ilha abundava
4. de belas aves e em derredor pescava-se excelente

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Na passagem - o consórcio que o Brasil inteiro confia - 22. Clarissa subia, com a grande chave na mão. Ninguém...
deve ser acrescentada uma preposição. Reescreva a Silêncio...
passagem acrescentando essa preposição. 23. Diante da porta do sótão, parou, com o coração aos
pulos. Experimentou a chave. A
24. princípio não entrava bem na fechadura. Depois
42) (FGV-2005) Com a migração dos investimentos surgem entrou. Com muita cautela, abriu a porta e
novos desafios, onde o tempo de retorno do capital 25. se viu no meio duma escuridão perfumada, duma
investido tem que ser o menor possível. escuridão fresca que cheirava a doces,
Considere o emprego de onde no trecho. 26. bolinhos e pão.
a) Seu emprego mostra-se adequado, no contexto? 27. Comeu muito. Desceu cheia de medo. No outro dia D.
Justifique sua resposta. Clemência descobriu a violação, e
b) Reescreva o trecho, empregando outra forma que possa 28. Clarissa levou meia dúzia de palmadas.
substituir adequadamente a palavra onde, nesse contexto. 29. Agora ela recorda... E de repente se faz uma grande
claridade, ela tem a grande idéia. “A
30. chave da cozinha serve na porta do quarto do sótão.” O
43) (FGV-2005) Qual o significado de dos na expressão dos quarto de Vasco fica no sótão...
pequenos, na linha 16? Que palavra da frase tem seu 31. Vasco está no escritório... Todos dormem... Oh!
sentido restringido por essa expressão? 32. E se ela fosse buscar a chave da cozinha e subisse,
entrasse no quarto de Vasco e
1. HORA DA SESTA. Um grande silêncio no casarão. 33. descobrisse o grande mistério?
2. Faz sol, depois de uma semana de dias sombrios e 34. Não. Não sou mais criança. Não. Não fica direito uma
úmidos. moça entrar no quarto dum rapaz.
3. Clarissa abre um livro para ler. Mas o silêncio é tão 35. Mas ele não está lá... que mal faz? Mesmo que
grande que, inquieta, ela torna a pôr o estivesse, é teu primo. Sim, não sejas
4. volume na prateleira, ergue-se e vai até a janela, para 36. medrosa. Vamos. Não. Não vou. Podem ver. Que é que
ver um pouco de vida. vão pensar? Subo a escada,
5. Na frente da farmácia está um homem metido num 37. alguém me vê, pergunta: “Aonde vais, Clarissa?” Ora,
grosso sobretudo cor de chumbo. Um vou até o quartinho das malas.
6. cachorro magro atravessa a rua. A mulher do coletor 38. Pronto. Ninguém pode desconfiar. Vou. Não, não vou.
aparece à janela. Um rapaz de pés Vou, sim!
7. descalços entra na Panificadora.
8. Clarissa olha para o céu, que é dum azul tímido e (Porto Alegre: Globo, 1981. pp. 132-133)
desbotado, olha para as sombras fracas
9. sobre a rua e depois se volta para dentro do quarto.
10. Aqui faz frio. Lá no fundo do espelho está uma Clarissa 44) (FGV-2005) Os tiranos e os autocratas sempre
indecisa, parada, braços caídos, compreenderam que a capacidade de ler, o conhecimento,
11. esperando. Mas esperando quê? os livros e os jornais são potencialmente perigosos. Podem
12. Clarissa recorda. Foi no verão. Todos no casarão insuflar idéias independentes e até rebeldes nas cabeças
dormiam. As moscas dançavam no ar, de seus súditos. O governador real britânico da colônia de
13. zumbindo. Fazia um solão terrível, amarelo e quente. Virgínia escreveu em 1671:
No seu quarto, Clarissa não sabia que Graças a Deus não há escolas, nem imprensa livre; e
14. fazer. De repente pensou numa travessura. Mamãe espero que não [as] tenhamos nestes [próximos] cem
guardava no sótão as suas latas de anos; pois o conhecimento introduziu no mundo a
15. doce, os seus bolinhos e os seus pães que deviam durar desobediência, a heresia e as seitas, e a imprensa
toda a semana. Era proibido entrar divulgou-as e publicou os libelos contra os melhores
16. lá. Quem entrava, dos pequenos, corria o risco de levar governos. Que Deus nos guarde de ambos!
palmadas no lugar de Mas os colonizadores norte-americanos, compreendendo
17. costume. em que consiste a liberdade, não pensavam assim. Em
18. Mas o silêncio da sesta estava cheio de convites seus primeiros anos, os Estados Unidos se vangloriavam de
traiçoeiros. Clarissa ficou pensando. ter um dos índices mais elevados - talvez o mais elevado -
19. Lembrou-se de que a chave da porta da cozinha servia de cidadãos alfabetizados no mundo.
no quartinho do sótão. Atualmente, os Estados Unidos não são o líder mundial em
20. Foi buscá-la na ponta dos pés. Encontrou-a no lugar. alfabetização. Muitos dos que são alfabetizados não
Subiu as escadas devagarinho. Os conseguem ler, nem compreender material muito simples -
21. degraus rangiam e a cada rangido ela levava um muito menos um livro da sexta série, um manual de
sustinho que a fazia estremecer. instruções, um horário de ônibus, o documento de uma
hipoteca ou um programa eleitoral.

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As rodas dentadas da pobreza, ignorância, falta de não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante,
esperança e baixa auto-estima se engrenam para criar um um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro
tipo de máquina do fracasso perpétuo que esmigalha os e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as
sonhos de geração a geração. Nós todos pagamos o preço crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam-
de mantê-la funcionando. O analfabetismo é a sua cavilha. se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da
Ainda que endureçamos os nossos corações diante da estalagem ou no recanto das hortas.
vergonha e da desgraça experimentadas pelas vítimas, o
ônus do analfabetismo é muito alto para todos os demais - No trecho “via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do
o custo de despesas médicas e hospitalização, o custo de pescoço”, o pronome em destaque refere-se a
crimes e prisões, o custo de programas de educação a) saias.
especial, o custo da produtividade perdida e de b) mulheres.
inteligências potencialmente brilhantes que poderiam c) homens.
ajudar a solucionar os dilemas que nos perseguem. d) coxas.
Frederick Douglass ensinou que a alfabetização é o e) crianças.
caminho da escravidão para a liberdade. Há muitos tipos
de escravidão e muitos tipos de liberdade. Mas saber ler 46) (FMTM-2005) Daqui em diante trataremos o nosso
ainda é o caminho. memorando pelo seu nome de batismo: não nos ocorre se
(Carl Sagan, O caminho para a liberdade. Em O mundo já dissemos que ele tinha o nome do pai; mas se o não
assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma dissemos, fique agora dito. E para que se possa saber
vela no escuro. Adaptado) quando falamos do pai e quando do filho, daremos a este
o nome de Leonardo, e acrescentaremos o apelido de
O emprego e a colocação do pronome estão de acordo Pataca, já muito vulgarizado nesse tempo, quando
com a norma culta na alternativa: quisermos tratar daquele. Leonardo havia pois chegado à
a) Trata-se, evidentemente, de material muito simples, época em que os rapazes começam a notar que o seu
mas muitos dos que são alfabetizados não conseguem lê- coração palpita mais forte e mais apressado, em certas
lo, nem compreendê-lo. ocasiões, quando se encontra com certa pessoa, com
b) Pensemos na desobediência, na heresia e nas seitas e quem, sem saber por que, se sonha umas poucas de noites
em como o conhecimento lhes introduziu no mundo. seguidas, e cujo nome se acode continuamente a fazer
c) Lembre-se das rodas dentadas da pobreza, da cócegas nos lábios. Já dissemos que D. Maria tinha agora
ignorância, da falta de esperança e da baixa auto-estima e em casa sua sobrinha; o compadre, como a própria D.
de como usam-as para criar um tipo de máquina do Maria lhe pedira, continuou a visitá-la, e nessas visitas
fracasso perpétuo. passavam longo tempo em conversas particulares.
d) Temos dilemas que nos perseguem e inteligências Leonardo acompanhava sempre o seu padrinho e fazia
brilhantes, que poderiam ajudar a solucionar eles diabruras pela casa enquanto estava em idade disso, e,
rapidamente. depois que lhes perdeu o gosto, sentava-se em um canto e
e) Existe a idéia de que a capacidade de ler, o dormia de aborrecimento. Disso resultou que detestava
conhecimento, os livros e os jornais são potencialmente profundamente as visitas e que só se sujeitava a elas
perigosos; os tiranos e os autocratas sempre obrigado pelo padrinho. Depois [...] D. Maria chamou por
compreenderam-na. sua sobrinha, e esta apareceu. Leonardo lançou-lhe os
olhos, e a custo conteve o riso. Era a sobrinha de D. Maria
45) (FMTM-2002) Eram cinco horas da manhã e o cortiço já muito desenvolvida, porém que, tendo perdido as graças
acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de de menina, ainda não tinha adquirido a beleza de moça;
portas e janelas alinhadas. era alta, magra, pálida: andava com o queixo enterrado no
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma peito, trazia as pálpebras sempre baixas, e olhava a furto;
assentada, sete horas de chumbo. (...) tinha os braços finos e compridos; o cabelo, cortado, dava-
Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; lhe apenas até o pescoço, e como andava mal penteada e
uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, trazia a cabeça sempre baixa, uma grande porção lhe caía
após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do sobre a testa e olhos, como uma viseira. Durante alguns
fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O dias umas poucas de vezes Leonardo falou na sobrinha da
chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as D. Maria; e apenas o padrinho lhe anunciou que teriam de
saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a fazer a visita do costume, sem saber por que, pulou de
tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam contente, e, ao contrário dos outros dias, foi o primeiro a
suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os vestirse e dar-se por pronto.
homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de
ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e milícias. Adaptado)
esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e
fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas

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Em - o cabelo, cortado, dava-lhe apenas até o pescoço - o destacado, os pronomes este e daquele referem-se,
pronome lhe é empregado com o sentido de posse, como respectivamente, a
ocorre também em a) pai e filho.
a) Uma grande porção lhe caía sobre a testa. b) filho e pai.
b) O compadre, como a própria D. Maria lhe pedira, c) filho e apelido.
continuou a visitá-la. d) pai e Pataca.
c) Apenas o padrinho lhe anunciou que teriam de fazer a e) nome e apelido.
visita [...] pulou de contente.
d) Leonardo lançou-lhe os olhos.
e) Depois que lhes perdeu o gosto, sentava-se em um 48) (FMTM-2005) Às vezes, uma criança sentia a alfinetada
canto. no jeito da mão a beijar. Saía indagando consigo o motivo
daquilo, que não achava em suas contas escolares... O pai
estava dois trimestres atrasado.
47) (FMTM-2005) Daqui em diante trataremos o nosso O pronome que refere-se a
memorando pelo seu nome de batismo: não nos ocorre se a) pai.
já dissemos que ele tinha o nome do pai; mas se o não b) criança.
dissemos, fique agora dito. E para que se possa saber c) motivo.
quando falamos do pai e quando do filho, daremos a este d) daquilo.
o nome de Leonardo, e acrescentaremos o apelido de e) alfinetada.
Pataca, já muito vulgarizado nesse tempo, quando
quisermos tratar daquele. Leonardo havia pois chegado à
época em que os rapazes começam a notar que o seu 49) (Fuvest-2002) “O que dói nem é a frase (Quem paga
coração palpita mais forte e mais apressado, em certas seu salário sou eu), mas a postura arrogante. Você fala e o
ocasiões, quando se encontra com certa pessoa, com aluno nem presta atenção, como se você fosse uma
quem, sem saber por que, se sonha umas poucas de noites empregada.”
seguidas, e cujo nome se acode continuamente a fazer (Adaptado de entrevista dada por uma professora. Folha
cócegas nos lábios. Já dissemos que D. Maria tinha agora de S. Paulo, 03/06/01)
em casa sua sobrinha; o compadre, como a própria D.
Maria lhe pedira, continuou a visitá-la, e nessas visitas a) A quem se refere o pronome você, tal como foi usado
passavam longo tempo em conversas particulares. pela professora?
Leonardo acompanhava sempre o seu padrinho e fazia Esse uso é próprio de que variedade lingüística?
diabruras pela casa enquanto estava em idade disso, e, b) No trecho como se você fosse uma empregada, fica
depois que lhes perdeu o gosto, sentava-se em um canto e pressuposto algum tipo de discriminação social? Justifique
dormia de aborrecimento. Disso resultou que detestava sua resposta.
profundamente as visitas e que só se sujeitava a elas
obrigado pelo padrinho. Depois [...] D. Maria chamou por 50) (Fuvest-1996) Assinale a alternativa que preenche
sua sobrinha, e esta apareceu. Leonardo lançou-lhe os corretamente as lacunas da frase apresentada.
olhos, e a custo conteve o riso. Era a sobrinha de D. Maria Dessa forma,... estimular as obras do metrô, uma solução
já muito desenvolvida, porém que, tendo perdido as graças não poluente,... eficácia supera a de outras modalidades
de menina, ainda não tinha adquirido a beleza de moça; de transporte.
era alta, magra, pálida: andava com o queixo enterrado no a) impõem-se - da qual a
peito, trazia as pálpebras sempre baixas, e olhava a furto; b) impõe-se -que a
tinha os braços finos e compridos; o cabelo, cortado, dava- c) impõem-se - cuja
lhe apenas até o pescoço, e como andava mal penteada e d) impõe-se - a qual a
trazia a cabeça sempre baixa, uma grande porção lhe caía e) impõe-se - cuja
sobre a testa e olhos, como uma viseira. Durante alguns
dias umas poucas de vezes Leonardo falou na sobrinha da 51) (Fuvest-1998) É mudo aquele a quem irmão
D. Maria; e apenas o padrinho lhe anunciou que teriam de chamamos,
fazer a visita do costume, sem saber por que, pulou de E a mão que tantas vezes apertamos
contente, e, ao contrário dos outros dias, foi o primeiro a Agora é fria já!
vestirse e dar-se por pronto. Não mais nos bancos esse rosto amigo
(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de Hoje escondido no fatal jazigo
milícias. Adaptado)
E para que se possa saber quando falamos do pai e quando Conosco sorrirá!
do filho, daremos a este o nome de Leonardo, e
acrescentaremos o apelido de Pataca, já muito vulgarizado Nestes versos de Casimiro de Abreu, o pronome
nesse tempo, quando quisermos tratar daquele. No trecho sublinhado revela um emprego denotativo de

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a) tempo presente e proximidade física. homens que me vissem e honrassem; então cogitei se não
b) tempo passado e proximidade física. haveria um modo de obter o mesmo efeito, poupando tais
c) tempo futuro e afastamento físico. trabalhos, e esse dia posso agora dizer que foi o da
d) tempo futuro e proximidade física. regeneração dos homens, pois me deu a doutrina
e) tempo passado e afastamento físico. salvadora.
(Machado de Assis, O segredo do bonzo)
52) (Fuvest-2000) Ao se discutirem as idéias expostas na
assembléia, chegou-se à seguinte conclusão: pôr em No segmento do texto "o ouvem ou contemplam", "se eles
confronto essas idéias com outras menos polêmicas seria não existissem" e "se ninguém os vir", os pronomes o, eles
avaliar melhor o peso dessas idéias , à luz do princípio e os referem-se, respectivamente, a:
geral que vem regendo as mesmas idéias. a) espírito, outros homens, frutos de uma laranjeira.
a) Transcreva o texto, substituindo as expressões b) sujeito, profundos conhecimentos, outros homens.
sublinhadas por pronomes pessoais que lhes sejam c) saber, frutos de uma laranjeira, virtudes e
correspondentes e efetuando as alterações necessárias. conhecimentos.
b) Reescreva a oração Ao se discutirem as idéias expostas d) sujeito, virtudes e conhecimentos, frutos de uma
na assembléia, introduzindo-a pela conjunção adequada e laranjeira.
mantendo a correlação entre os tempos verbais. e) espírito, virtudes e conhecimentos, outros homens.

53) (Fuvest-2000) Orientação para uso deste 56) (Fuvest-1996) Na frase, "TODO homem é mortal,
medicamento: antes de você usar este medicamento, porém o homem TODO não é mortal", o termo TODO é
verifica se o rótulo consta as seguintes informações, seu empregado com significados diferentes.
nome, nome de seu médico, data de manipulação e a) Indique o sentido presente em cada uma das
validade e fórmula do medicamento solicitado. expressões.
b) Justifique sua resposta.
a) Há no texto desvios em relação à norma culta.
Reescreva-o, fazendo as correções necessárias.
b) A que se refere, no contexto, o pronome seu da 57) (Fuvest-2005) “Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia,
expressão “seu nome”? Justifique sua resposta. ajudando à missa, viu entrar a dama, que devia ser sua
colaboradora na vida de Dona Plácida. Viu-a outros dias,
54) (Fuvest-1994) Reduit é leite puro e saboroso. durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça,
Reduit é saudável, pois nele quase toda gordura é retirada, pisou--lhe o pé, ao acender os altares, nos dias de festa.
permanecendo todas as outras qualidades nutricionais. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa
Reduit é bom para jovens, adultos e dietas de baixas conjunção de luxúrias vadias brotou Dona Plácida. É de
calorias. crer que Dona Plácida não falasse ainda quando nasceu,
(Texto em uma embalagem de leite em pó) mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias: - Aqui
estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã
a) No texto acima, a gordura pode ser entendida também naturalmente lhe responderiam: - Chamamos-te para
como uma qualidade nutricional? Justifique sua resposta, queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer
transcrevendo do texto a expressão mais pertinente. mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina,
b) As qualidades nutricionais de um produto, segundo o adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e
texto, sempre fazem bem à saúde? Justifique sua resposta. sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã
resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos
na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi
55) (Fuvest-1995) - Haveis de entender, começou para isso que te chamamos, num momento de simpatia”.
ele, que a virtude e o saber têm duas existências paralelas, (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)
uma no sujeito que as possui, outra no espírito dos que o
ouvem ou contemplam. Se puserdes as mais sublimes No trecho “pisou-lhe o pé”, o pronome lhe assume valor
virtudes e os mais profundos conhecimentos em um possessivo, tal como ocorre em uma das seguintes frases,
sujeito solitário, remoto de todo contato com outros também extraídas de Memórias póstumas de Brás Cubas:
homens, é como se eles não existissem. Os frutos de uma a) “falei-lhe do marido, da filha, dos negócios, de tudo”.
laranjeira, se ninguém gostar, valem tanto como as urzes e b) “mas enfim contei-lhe o motivo da minha ausência”.
plantas bravias, e, se ninguém os vir, não valem nada; ou, c) “se o relógio parava, eu dava-lhe corda”.
por outras palavras mais enérgicas, não há espetáculo sem d) “Procure-me, disse eu, poderei arranjar-lhe alguma
espectador. Um dia, estando a cuidar destas cousas, coisa”.
considerei que, para o fim de alumiar um pouco o e) “envolvida numa espécie de mantéu, que lhe disfarçava
entendimento, tinha consumido os meus longos anos, e, as ondulações do talhe”.
aliás, nada chegaria a valer sem a existência de outros

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58) (FUVEST-2007) O anúncio luminoso de um edifício em (1) Metafísica? Que metafisica têm aquelas árvores?
frente, acendendo e apagando, dava banhos intermitentes (2) A de serem verdes e copadas e de terem ramos
de sangue na pele de seu braço repousado, e de sua face. (3) E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
Ela estava sentada junto à janela e havia luar; e nos (4) A nós, que não sabemos dar por elas. .
intervalos desse banho vermelho ela era toda pálida e (5) Mas que melhor metafísica que a delas.
suave. (6) Que é a de não saber por que vivem
Na roda havia um homem muito inteligente que falava (7) Nem que o não sabem?
muito; havia seu marido, todo bovino; um pintor louro e Alberco Caeiro
nervoso; uma senhora recentemente desquitada, e eu.
Para que recensear a roda que falava de política e de Nos quatro últimos versos, há várias ocorrências da
pintura? Ela não dava atenção a ninguém. Quieta, às vezes palavra que. Sobre essa palavra, pode-se dizer:
sorrindo quando alguém lhe dirigia a palavra, ela apenas a) No quinto verso, tem-se um pronome definido e uma
mirava o próprio braço, atenta à mudança da cor. Senti conjunção comparativa.
que ela fruía nisso um prazer silencioso e longo. “Muito!”, b) No sétimo verso, tem-se um pronome relativo.
disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um c) No quarto verso, tem-se um pronome relativo.
certo quadro - e disse mais algumas palavras; mas mudou d) No sexto verso, tem-se uma conjunção comparativa e
um pouco a posição do braço e continuou a se mirar, um pronome interrogativo.
interessada em si mesma, com um ar sonhador. e) No sexto verso, tem-se uma conjunção integrante e um
Rubem Braga, “A mulher que ia navegar”. advérbio.

O termo sublinhado no trecho “Senti que ela fruía nisso


um prazer silencioso e longo” refere-se, no texto,
a) ao sorriso que ela dava quando lhe dirigiam a palavra.
b) ao prazer silencioso e longo que ela fruía ao sorrir.
c) à percepção do efeito das luzes do anúncio em seu
braço.
d) à falta de atenção aos que se encontravam ali reunidos.
e) à alegria da roda de amigos que falavam de política e de
pintura.

59) (FUVEST-2007) Preciso que um barco atravesse o mar


Gosto e preciso de ti
lá longe
Mas quero logo explicar
para sair dessa cadeira 61) (FVG - SP-2007)
Não gosto porque preciso Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos,
para esquecer esse computador de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil
Preciso sim, por gostar. compreensão científica.
e ter olhos de sal A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina
Mário Lago, fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do
boca de peixe lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence
<www.encantosepaixoes.com.br> à física. William Blake* sabia disso e afirmou: "A árvore
e o vento frio batendo nas escamas. que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei
(...) disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos,
Marina Colasanti, Gargantas abertas. sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está
uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto
a) Nos poemas acima, as preposições “para” e “por” da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à
estabelecem o mesmo tipo de relação de sentido? frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito
Justifique sua resposta. trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a
b) Sem alterar o sentido do texto de Mário Lago, beleza. Só viam o lixo.
transcreva-o em prosa, em um único período, utilizando os Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a
sinais de pontuação adequados. poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra".
Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra
que ele viu virou poema.
60) (FVG - SP-2007) Leia os sete versos abaixo e responda
às questões a eles pertinentes.

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(Rubem Alves. A complicada arte de ver. Folha de S.Paulo, Assim, existem organizações voluntárias e involuntárias,
26.10.2004) estruturas democráticas e autocráticas, hierarquias
* William Blake (1757-1827) foi poeta romântico, pintor e centralizadas e descentralizadas, associações de expressão
gravador inglês. e aquelas que agem como instrumentos. As organizações
Autor dos livros de poemas Song of Innocence e Gates of são classificadas de maneira ainda mais comum, de acordo
Paradise. com suas finalidades oficialmente declaradas, tais como
educar, obter lucros, promover saúde, religião, bem-estar,
A respeito do pronome disso, na primeira linha do segundo proteger os interesses dos trabalhadores e recreação.
parágrafo, pode-se dizer que é um Adaptado de KATZ, Daniel e KAHN, Robert L., p. 134-135.
a) possessivo de segunda pessoa e se refere ao conteúdo Psicologia Social das Organizações. São Paulo: Atlas, 1970.
do parágrafo anterior. Obs.: Asseverando significa afirmando com certeza,
b) demonstrativo combinado com prefixo e se refere aos assegurando.
ipês floridos citados a seguir.
c) demonstrativo masculino de segunda pessoa e se refere Observe a frase “Os ferroviários viam seus problemas
ao poeta William Blake. organizacionais como diferentes de todas as demais
d) demonstrativo neutro que tem como referência a última classes” . Nela, para que a mensagem estivesse totalmente
frase do parágrafo anterior. explícita, faltaria acrescentar uma palavra. Trata-se de:
e) possessivo neutro e se refere a Moisés diante da sarça a) No.
ardente. b) Dos.
c) Pelos.
d) Ao.
62) (GV-2003) Leia atentamente o texto e responda à e) Do.
questão que a ele se refere.
63) (GV-2003) Leia atentamente o texto e responda à
Pode-se abordar o estudo das organizações asseverando a questão que a ele se refere.
unicidade de toda estrutura social e evitando qualquer
generalização, até que se tenha à mão prova empírica de Briga de irmãos… Nós éramos cinco e brigávamos muito,
similaridade bem aproximada. Foi esse o ponto de vista recordou Augusto, olhos perdidos num ponto X, quase
aconselhado à equipe de pesquisa da Universidade de sorrindo. Isto não quer dizer que nos detestássemos. Pelo
Michigan pelos líderes de quase todas as organizações contrário. A gente gostava bastante uns dos outros e não
estudadas.- Nossa organização é única; de fato, não podia viver na separação. Se um de nós ia para o colégio
podemos ser comparados a qualquer outro grupo, (era longe o colégio, a viagem se fazia a cavalo, dez léguas
declarou um líder ferroviário. Os ferroviários viam seus na estrada lamacenta, que o governo não conservava), os
problemas organizacionais como diferentes de todas as outros ficavam tristes uma semana. Depois esqueciam,
demais classes; o mesmo acontecia com os altos mas a saudade do mano muitas vezes estragava o nosso
funcionários do governo. Os dirigentes das companhias de banho no poço, irritava ainda mais o malogro da caça de
seguros reagiam da mesma forma, o que também era feito passarinho: “Se Miguel estivesse aqui, garanto que você
pelos diretores de empresas manufatureiras, grandes e não deixava o tiziu fugir”, gritava Édison. “Você assustou
pequenas. ele falando alto… Miguel te quebrava a cara.” Miguel era o
Entretanto, no momento em que começavam a falar de mais velho, e fora fazer o seu ginásio. Não se sabe bem por
seus problemas, as reivindicações que faziam de sua que a sua presença teria impedido a fuga do pássaro, nem
unicidade tornavam-se invalidadas. Através de uma análise ainda por que o tapa no rosto de Tito, com o tiziu já
de seus problemas teria sido difícil estabelecer diferença longínquo, teria remediado o acontecimento. Mas o fato é
entre o diretor de uma estrada de ferro e um alto que a figura de Miguel, evocada naquele instante,
funcionário público, entre o vice-presidente de uma embalava nosso desapontamento e de certo modo
companhia seguradora e seu igual de uma fábrica de participava dele, ajudando-nos a voltar para casa de mãos
automóveis. Conquanto haja aspectos únicos em qualquer vazias e a enfrentar o risinho malévolo dos Guimarães: “O
situação social, também existem padrões comuns e, que é que vocês pegaram hoje?” “Nada.” Miguel era deste
quanto mais nos aprofundamos, maiores se tornam as tamanho, impunha-se. Além disto, sabia palavras difíceis,
similaridades genotípicas. inclusive xingamentos, que nos deixavam de boca aberta,
Por outro lado, o teorista social global pode ficar tão ao explodirem na discussão, e que decorávamos para
envolvido em certas dimensões abstratas de todas as aplicar na primeira oportunidade, em nossas brigas
situações sociais que ele será incapaz de explicar as particulares com os meninos da rua. Realmente, Miguel
principais origens de variação em qualquer dada situação. fazia muita falta, embora cada um de nós trouxesse na
O bom senso indica para esse problema a criação de uma pele a marca de sua autoridade. E pensávamos com ânsia
tipologia. Nesse caso, são atribuídos às organizações certos no seu regresso, um pouco para gozar de sua companhia,
tipos a respeito dos quais podem ser feitas generalizações.

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outro pouco para aprender nomes feios, e bastante para assassinados diariamente por pessoas de todas as classes
descontar os socos que ele nos dera, o miserável. sociais que se organizam em quadrilhas para ceifar vidas
Carlos Drummond de Andrade, p. 13-14. Contos de pelos motivos mais fúteis.
Aprendiz - A Salvação da alma. São Paulo: José Olympio, Quando tomo conhecimento de notícias envolvendo
1973. adolescentes e até mesmo crianças pergunto-me: quem
estará semeando o desamor nesses corações? Por que não
Com freqüência, a transgressão à norma culta constitui conseguimos impedir que os mentores dessa tragédia
uma marca do registro coloquial da língua. continuem atuando? Por que servimos banquetes a
Nesses casos, parece existir, de um lado, a norma culta e, corruptos? Por que não anistiamos os adolescentes que
de outro, a “norma” coloquial - e esta muitas vezes se cometeram atos leves e não reincidiram para que
impõe socialmente, em detrimento da primeira. Um possamos cuidar com responsabilidade de casos mais
exemplo de transgressão à norma culta acontece numa graves? Por que as instituições responsáveis pelo
das alternativas abaixo. Assinale-a. atendimento não têm atenção devida do estado e de toda
a) Nós éramos cinco e… a sociedade?
b) … que o governo não conservava… “— É verdade, seu Sidney, para prender a gente o dinheiro
c) … embora cada um de nós trouxesse na pele… aparece rapidinho. Eu não me meto nessa furada. Eu vou é
d) Você assustou ele falando alto… pra escola.”
e) Se um de nós ia para o colégio… Ele foi para a escola, não aconteceu a rebelião e a
sociedade ganhou mais um crítico do sistema. Jogado no
sistema penitenciário, aquele jovem não teria tempo para
64) (IBMEC-2006) JUVENTUDE ENCARCERADA desenvolver sua consciência crítica. Reduzir a maioridade
“Não adianta vocês fazerem rebeliões e quebrarem tudo penal significa, também, anular a possibilidade de
porque dinheiro para realizar reformas e prendê-los corrigirmos nossas falhas pelo desrespeito aos direitos de
aparece repidamente”. Ao fazer essa declaração em todas as crianças e adolescentes do Brasil.
caráter informal a um adolescente que cumpria medida (Silva, Sidney Teles da. “Revista Ocas” saindo das ruas.
sócio-educativa de internação, jamais poderia imaginar Número 19, fevereiro de 2004, p. 30)
que essa mensagem passaria a nortear suas atitudes dali
em diante. O uso de verbos e pronomes na primeira pessoa do plural,
As experiências vividas em unidades de internação e de no sexto parágrafo, evidencia, analogicamente, que o
semiliberdade do Degase (Departamento Geral de Ações “nós” é equivalente a:
Sócio-Educativas), órgão responsável pelos adolescentes a) o Estado.
em cumprimento de medidas sócio-educativas no Estado b) o sistema penitenciário.
do Rio de Janeiro, respaldam minhas palavras sobre o c) a sociedade.
tema em voga na mídia: a redução da maioridade penal d) as instituições responsáveis.
para 16 anos. e) a família.
Poderia falar de vários fatos para justificar a minha opinião
contrária à redução da maioridade penal e também da
adoção do Direito Penal Juvenil. Ambas, a meu ver, 65) (IBMEC-2007) Assinale a alternativa que preenche
destoam das conquistas da sociedade brasileira garantidas corretamente as lacunas.
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e por outros • Deu-me alguns motivos ________ me pareciam
diplomas. inconsistentes.
Adolescentes são apresentados à sociedade como • As informações ________ dependo são sigilosas.
mentores de crimes hediondos, traficantes perigosos, • Lembro-me ________ ele só usava camisas brancas.
perturbadores da ordem pública e outras qualificações que • Feliz do pai ________ filhos são ajuizados.
em nada renovam as expressões utilizadas no início do • Vivemos um momento ________ os graves problemas
século passado para justificar o encarceramento de econômicos impedem uma maior mobilidade social.
adolescentes oriundos de classes populares. a) cujos, nas quais, de que, cujo os, no qual
A triste conclusão a que chego é a de que, infelizmente, b) que, das quais, de que, cujos, em que
não há um plano de inclusão na sociedade brasileira para c) os quais, de que, que, o qual, onde
essa enorme população de crianças e adolescentes d) que, de que, que, cujos, onde
originários das classes menos favorecidas. Portanto, e) dos quais, de que, que, de cujos, no qual
surgem como alternativas o encarceramento, o extermínio
e a exploração sexual e do trabalho dessa população.
Estamos sensibilizados com a dor dos pais dos jovens 66) (IME-1996) Nas frases a seguir há erros ou
assassinados em São Paulo, no Rio de Janeiro, no impropriedades. Reescreva-as e justifique a correção.
Maranhão e em todos os recantos deste Brasil onde a) "Remeteremos, em seguida, os pedidos que
crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos são encomendaram-nos."

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b) "Ela veio, de modos que você agora está dispensado." d) a oração antecedente.
e) o sujeito da oração antecedente.

69) (ITA-1995) Indique a alternativa em que há erro


67) (IME-1996) Nas frases a seguir há erros ou gramatical:
impropriedades. Reescreva-as e justifique a correção. a) Disse que daria o recado a ele e lho dei.
a) "Esta é uma tarefa para mim fazer sozinho, não admito b) Prometeu a resposta a nós e no-la concedeu.
que se reparta as responsabilidades entre eu e outra c) Já vo-los mostrarei, esperai.
pessoa." d) Procuravam João, encontraram-no.
b) "Ele tomou as decisões as mais oportunas." e) Quando lhe vi, espantei-me.

68) (ITA-2001) Certos mitos são repetidos tantas e tantas 70) (ITA-1995) Indique a alternativa em que há erro
vezes que muitos acabam se convencendo de que eles são gramatical:
de fato verdadeiros. Um desses casos é o que envolve a a) Os estudantes estamos sempre atentos a reformas.
palavra “saudade”, que seria uma exclusividade mundial b) Nós fomos o cabeça da revolta.
da língua portuguesa. Trata-se de uma grande e c) Tu o dissestes, redargüiu ele.
pretensiosa balela. d) Caro Diretor, sois o timoneiro necessário a esta
Todas as línguas do mundo exprimem com maior ou empresa.
menor grau de complexidade todos os sentimentos e) Vossa Excelência fique avisado de que o caso é grave.
humanos. E seria uma grande pretensão acreditar que o
sentimento que batizamos de “saudade” seja exclusivo dos
povos lusófonos. 71) (ITA-1995) Indique a alternativa em que há erro
Embora línguas que nos são mais familiares como o inglês gramatical:
e o francês tenham de recorrer a mais de uma expressão a) Àquelas daria a atenção devida?
(seus equivalentes de “nostalgia” e “falta”) para exprimir o b) Nem a traças nem a cupins conheço a solução.
que chamamos de saudade em todas as circunstâncias, c) Havia duas moças, você deu importância à de cá mas
existem outros idiomas que o fazem de forma até mais não a de lá.
sintética que o português. d) Àquela prefiro esta.
Em uma de suas colunas semanais nesta Folha, o professor e) Dobre à esquina, à direita, e você estará junto à
Josué Machado lembrou pelo menos dez equivalentes da Machado de Assis, bela praça.
palavra “saudade”. Os russos têm “tosca”; alemães,
“Sehnsucht”; árabes, “shauck” e também “hanim”;
armênios, “garod”; sérvios e croatas, “jal”; letões, “ilgas”; 72) (ITA-1995) Indique a alternativa em que há erro
japoneses, “natsukashi”; macedônios, “nedôstatok”; e gramatical:
húngaros, “sóvárgás”.
Pode-se ainda acrescentar a essa lista o “desiderium” a) Não vá sem eu.
latino, o “póthos” dos antigos gregos e sabe-se lá quantas b) Ele é contra eu estar aqui.
mais expressões equivalentes nas cerca de 6 mil línguas c) Ele é contra mim, estar aqui é crime.
atualmente faladas no planeta ou nas 10 mil que já d) Com eu estar doente, não houve palestra.
existiram. e) Não haveria entre mim e ti entendimento possível.
Ora, se até os cães demonstram sentir saudades de seus
donos quando ficam separados por um motivo qualquer, 73) (ITA-2005) Ilusão Universitária
1
seria de um etnocentrismo digno de fazer inveja à Houve um tempo em que, ao ser admitido numa
Alemanha nazista acreditar que esse sentimento é próprio faculdade de direito, um jovem via seu futuro
apenas aos que falam português. praticamente assegurado, como advogado, juiz ou
Desde que o homem é homem, ou talvez mesmo antes, ele promotor público. A situação, como se sabe, é hoje
sente saudade; desde que aprendeu a falar aprendeu bastante diversa. Mudaram a universidade, o mercado de
também, de uma forma ou de outra, a dizê-lo. trabalho e os estudantes, muitos dos quais
(Saudade. Folha de S. Paulo, 6/4/1996, adaptado.) inadvertidamente compram a ilusão de que o diploma é
condição necessária e suficiente para o sucesso
No trecho “existem outros idiomas que o fazem de forma profissional.
5
até mais sintética que o português” (3º parágrafo), o A proliferação dos cursos universitários nos anos
termo “o”, em destaque, substitui 90 e 2000 é a um só tempo sintoma e causa dessas
a) uma oração indicativa de finalidade. mudanças. Um mercado de trabalho cada vez mais
b) uma oração indicativa de causa. exigente passou a cobrar maior titulação dos jovens
c) uma oração indicativa de conseqüência.

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profissionais. Com isso, aumentou a oferta de cursos e caiu Para Robert Wong, o diagnóstico é semelhante. Só muda a
a qualidade. metáfora. Principal executivo na América do Sul da
O fenômeno da multiplicação das faculdades e do Korn/Ferry International, maior empresa de recrutamento
declínio da qualidade acadêmica foi especialmente intenso de altos executivos 20 do mundo, ele equipara a formação
no campo do direito. Trata-se, afinal, de uma carreira de acadêmica com a potência do motor de um carro.
10
prestígio, cujo ensino é barato. Não exige mais do Equilibrados demais acessórios, igualado o preço, o motor
que o professor, livros, uma lousa e o cilindro de giz. pode desempatar a escolha do consumidor.
Existem hoje 762 cursos jurídicos no país. Em 1993, eles “Tudo sendo igual, a escolaridade faz a diferença.”
eram 183. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) acaba Mas assim como Moura Castro, o head hunter defende a
de divulgar a lista das faculdades recomendadas. Das 215 idéia de que um motor turbinado não abre
avaliadas, apenas 60 (28%) receberam o “nihil obstat”. A automaticamente as portas do mercado. Wong conta que
Ordem levou em conta conceitos do provão e os no mesmo dia da entrevista à
25
resultados do seu próprio exame de credenciamento de Folha [Jornal Folha de S. Paulo] trabalhava na seleção de
bacharéis. um executivo para uma multinacional na qual um dos
15
A verdade é que nenhum país do mundo é principais candidatos não tinha experiência acadêmica. “É
constituído apenas por advogados, médicos e engenheiros. um self-made man.”
Apenas uma elite chega a formar-se nesses cursos. No Brasileiro nascido na China, Wong observa que é em países
Brasil, contudo, criou-se a ilusão de que a faculdade abre como esses, chamados “em desenvolvimento”, que
todas as portas. Assim, alunos sem qualificação acadêmica existem mais condições hoje para o sucesso de
para seguir essas carreiras pagam para obter diplomas que profissionais como esses, de perfil empreendedor. (…)
não lhes serão de grande valia. É mais sensato limitar os (Cassiano Elek Machado. A universidade é só o começo.
cursos e zelar por sua excelência, evitando paliativos como Folha de S. Paulo, 27/07/2002. Disponível na Internet:
o exame da Ordem, 20 que é hoje absolutamente http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse. Data de
necessário para proteger o cidadão de advogados acesso: 24/08/2004)
incompetentes - o que só confirma as graves deficiências
do sistema educacional. Assinale a opção em que a expressão com o pronome
(Folha de S. Paulo, 29/01/2004) demonstrativo exige que sejam consideradas informações
anteriores e posteriores para ser interpretada.
A universidade é só o começo a) esses cursos (Texto 1, linha 16).
1
Na última década, a universidade viveu uma b) essas carreiras (Texto 1, linha 17).
espécie de milagre da multiplicação dos diplomas. O c) essas centenas de milhares de novos graduados (Texto
número de graduados cresceu de 225 mil no final dos anos 2, linha 6).
80 para 325 mil no levantamento mais recente do d) esse contigente (Texto 2, linha 4).
Ministério da Educação em 2000. e) profissionais como esses (Texto 2, linha 28).
A entrada no mercado de trabalho desse contingente,
porém, não vem sendo propriamente 5 triunfal como uma
festa de formatura. Engenheiros e educadores, professores 74) (ITA-2005) O emprego de “o mesmo”, comumente
e administradores, escritores e sobretudo empresários têm criticado por gramáticos, é usado, muitas vezes, para evitar
sussurrado uma frase nos ouvidos dessas centenas de repetição de palavras ou ambigüidade. Aponte a opção em
milhares de novos graduados: “O diploma está nu”. que o uso de “o mesmo” não assegura clareza na
Passaporte tranqüilo para o emprego na década de 80, o mensagem.
certificado superior vem sendo exigido com cada vez mais a) Esta agência possui cofre com fechadura eletrônica de
vistos. retardo, não permitindo a abertura do mesmo fora dos
10
Considerado um dos principais pensadores da horários programados. (Cartaz em uma agência dos
educação no país, o economista Cláudio de Moura Castro Correios)
sintetiza a relação atual do diploma com o mercado de b) A reunião da Associação será na próxima semana. Peço
trabalho em uma frase: “Ele é necessário, mas não a todos que confirmem a participação na mesma.
suficiente”. O raciocínio é simples. Com o aumento do (Mensagem, enviada por e-mail, para chamada dos
número de graduados no mercado, quem não tem um associados para uma reunião)
certificado já começa em desvantagem. c) Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo se
Conselheiro-chefe de educação do Banco Interamericano encontra parado neste andar. (Lei 9.502)
de Desenvolvimento durante d) Após o preenchimento do questionário para
15
anos, ele compara o sem-diploma a alguém “em um levantamento de necessidade de treinamento, solicito a
mato sem cachorro no qual os outros usam armas devolução do mesmo a este Setor. (Ofício de uma
automáticas e você um tacape”. Por outro lado, o instituição pública)
economista-educador diz que ter um fuzil, seja lá qual for, e) A grama é colhida, empilhada e carregada sem contato
não garante tanta vantagem assim nessa floresta. manual, portanto a manipulação fica restrita à descarga do

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caminhão manualmente ao lado do mesmo. (Folheto de b) Em assim o afirmam todos os joalheiros , o pronome
instruções para plantio de grama na forma de tapete de oblíquo o retoma o período Não morria, vivia.
grama) c) Em assim o afirmam todos os joalheiros , joalheiros é
complemento do verbo afirmar.
d) O narrador surpreende o leitor ao utilizar o aposto
75) (Mack-2002) Na semana passada, ouvi uma senhora gente muito vista na gramática para caracterizar
suspirar: - “Tudo anda tão confuso!”. E, de fato, o homem joalheiros.
moderno é um pobre ser dilacerado de perplexidades. e) Ao dizer Não morria, vivia, o narrador, através de uma
Nunca se duvidou tanto. Outro dia, um diplomata antítese, confirma que Marcela padecia de amores por
português perguntou se a mulher bonita era realmente Xavier.
bonita. Respondi-lhe: - “Às vezes”.
Já escrevi umas cinqüenta vezes que a grã-fina é a falsa 77) (Mack-2005) 1. No começo do século XX, o
bonita. Seu penteado, seus cílios, seus vestidos, seu escritor paranaense Emílio de
decote, sua maquiagem, suas jóias - tudo isso não passa de 2. Meneses era o gênio das frases. Conta-se que
uma minuciosa montagem. E se olharmos bem, veremos certa vez, no Rio de
que sua beleza é uma fraude admirável. Todos se iludem, 3. Janeiro, viajava num bonde em cujos bancos só
menos a própria. No terreno baldio, e sem testemunhas, cabiam quatro
ela há de reconhecer que apenas realiza uma imitação de 4. passageiros. O do escritor já estava lotado,
beleza. quando ele viu, tentando
Portanto, a pergunta do diplomata português tem seu 5. com dificuldade acomodar-se a seu lado, uma
cabimento. E minha resposta também foi justa. Às vezes, a conhecida cantora
mulher bonita não é bonita, como a grã-fina. Mesmo as 6. lírica, gorda como ele. Foi a deixa para mais um
que são bem-dotadas fisicamente têm suas dúvidas. trocadilho: “Ó,
Crônica de Nelson Rodrigues 7. atriz atroz. Atrás, há três!”
Benício Medeiros
Assinale a alternativa correta sobre o último parágrafo do
texto. Viajava num bonde em cujos bancos só cabiam quatro
a) Se o texto se referisse a homem bonito estaria correta a passageiros.
expressão como o grão-fino. Um outro modo de relatar o fato acima, preservando o
b) O uso de também indica que o cronista considera justa a sentido original e respeitando a gramática normativa da
pergunta do diplomata português. língua, é:
c) Está subentendido o segmento destacado em: como a a) Viajava num bonde que os bancos só acomodavam
grã-fina poderia ser bonita. quatro passageiros.
d) Portanto introduz uma explicação relativa ao que se b) Os bancos do bonde em que viajava só comportavam
afirma na oração anterior. quatro passageiros.
e) Em seu cabimento, o pronome expressa posse relativa c) Quatro passageiros cabiam só nos bancos do bonde
ao diplomata português. onde ele viajava.
d) Viajava num bonde onde só cabiam bancos com quatro
76) (Mack-2002) Cuido haver dito, no capítulo XIV, que passageiros.
Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia. e) Os bancos do bonde que ele viajava só acomodavam
Viver não é a mesma coisa que morrer; assim o afirmam quatro passageiros.
todos os joalheiros deste mundo, gente muito vista na
gramática. Bons joalheiros, que seria do amor se não 78) (Mack-2005) Assinale a afirmativa correta sobre o
fossem os vossos dixes* e fiados? Um terço ou um quinto texto
do universal comércio dos corações. (…) O que eu quero
dizer é que a mais bela testa do mundo não fica menos 1. Me sinto com a cara no chão, mas a verdade
bela, se a cingir um diadema de pedras finas; nem menos precisa ser dita ao
bela, nem menos amada. Marcela, por exemplo, que era 2. menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava a
bem bonita, Marcela amou-me (…) durante quinze meses e admirável forma lírica da
onze contos de réis; nada menos. 3. canção paralelística (...).
* Dixes: jóias, enfeites 4. O “Cantar de amor” foi fruto de meses de leitura
Machado de Assis - Memórias póstumas de Brás Cubas dos cancioneiros.
5. Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas
Assinale a alternativa correta sobre o texto. cantigas, que fiquei
a) Em morria de amores pelo Xavier, de amores tem a 6. com a cabeça cheia de “velidas” e “mha senhor” e
função de adjunto adverbial de intensidade. “nula ren”;

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7. sonhava com as ondas do mar de Vigo e com os outros mas também porque só eles dispõem do lazer
romarias a San Servando. necessário para fixar seus pormenores ao longo de
8. O único jeito de me livrar da obsessão era fazer conversações com os outros velhos, e para ensiná-los aos
uma cantiga. jovens a partir da iniciação. Em nossas sociedades também
Manuel Bandeira estimamos um velho porque, tendo vivido muito tempo,
ele tem muita experiência e está carregado de lembranças.
a) Em Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas Como, então, os homens idosos não se interessariam
cantigas (linha 05), o termo destacado complementa apaixonadamente por esse passado, tesouro comum de
seguidamente. que se constituíram depositários, e não se esforçariam por
b) Em romarias a San Servando (linha 07), o termo preencher, em plena consciência, a função que lhes
destacado é objeto indireto. confere o único prestígio que possam pretender daí em
c) Em me livrar da obsessão (linha 08), o pronome refere- diante?”
se ao eu que fala, assumindo, assim, a função de agente da Ecléa Bosi
ação.
d) Em aquelas deliciosas cantigas (linha 05), o pronome Como, então, os homens idosos não se interessariam
marca a distância entre o momento em que se fala e a apaixonadamente por esse passado, tesouro comum de
circunstância relatada. que se constituíram depositários, e não se esforçariam por
e) Em me livrar da obsessão (linha 08), da obsessão denota preencher, em plena consciência, a função que lhes
a dificuldade do autor em entender os referidos textos. confere o único prestígio que possam pretender daí em
diante?

79) (Mack-2001) O antigo conceito de preservação Assinale a afirmação correta sobre o período acima,
ambiental, baseado na intocabilidade dos recursos retirado do texto.
naturais, há algum tempo foi superado e substituído por a) esse, em esse passado, refere-se à parcela do tempo
outro que condiciona a preservação a um novo modelo de vivido que não tem valor para a vida da coletividade.
desenvolvimento da civilização, fundamentado no uso b) tesouro comum de que se constituíram depositários
racional dos recursos naturais, para que estes possam equivale a: tesouro comum de que os homens idosos, na
continuar disponíveis às gerações que ainda virão. A este qualidade de guardiães, não podem usufruir.
desenvolvimento, que não esgota, mas conserva e c) O que destacado no texto refere-se a os homens idosos.
realimenta sua fonte de recursos naturais; que não d) A indagação é estratégia para enfatizar como são óbvias
inviabiliza a sociedade, mas promove a repartição justa dos as razões para os velhos se interessarem tanto pelo
benefícios alcançados; que não é movido apenas por passado e tanto desejarem mantê-lo vivo pela memória.
interesses imediatistas, mas sim baseado no planejamento e) Em não se esforçariam, é preferível, de acordo com a
de sua trajetória e que, por estas razões, é capaz de norma culta, a ênclise do pronome oblíquo.
manter-se no espaço e no tempo, é que damos o nome de
desenvolvimento sustentável. 81) (Mack-1997) I. Refiro-me àquilo e não a isto.
Washington Novaes II. Sairemos bem cedo, para chegar à tempo de
assistir a cerimônia.
O antigo conceito de preservação ambiental, baseado na III. Dirigiram-se à Sua Excelência e declararam que
intocabilidade dos recursos naturais, há algum tempo foi estão dispostos à cumprir o seu dever e a não permitir a
superado e substituído por outro. violação da lei.
Reescrevendo-se o fragmento destacado, obtém-se
corretamente: Quanto ao emprego da crase, assinale:
a) cuja a base é a intocabilidade dos recursos naturais. a) se todas as afirmações estão incorretas.
b) cuja base é a intocabilidade dos recursos naturais. b) se todas estão corretas.
c) onde a base é a intocabilidade dos recursos naturais. c) se apenas I está correta.
d) que a base dela é a intocabilidade dos recursos naturais. d) se apenas III está correta.
e) que a base é a intocabilidade dos recursos naturais. e) se apenas II está correta.

80) (Mack-2002) Há um momento em que o homem


maduro deixa de ser um membro ativo da sociedade, deixa 82) (Mack-1997) I - Todos estavam meios cansados,
de ser um propulsor da vida presente do seu grupo; neste porque já era meio-dia e meia e fazia muito calor.
momento de velhice social resta-lhe, no entanto, uma II - Fazem trinta anos que nos conhecemos.
função própria: a de lembrar. A de ser a memória da III - Nenhum dos presentes à festa souberam dizer se
família, do grupo, da instituição, da sociedade: houveram tiros dentro ou fora da casa, durante o assalto.
“Nas tribos primitivas, os velhos são os guardiães das
tradições, não só porque eles as receberam mais cedo que Quanto à concordância nominal e verbal, assinale:

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a) se apenas I está correta. fortíssimas para se poderem fazer delas fortíssimos
b) se apenas II e III estão corretas. galeões e, o que mais é, que da casca de algumas se tira a
c) se todas estão corretas. estopa para se calafetarem e fazerem cordas para enxárcia
d) se apenas II está correta. e amarras, do que tudo se aproveitam os que querem cá
e) se todas estão incorretas. fazer navios, e se pudera aproveitar el-rei se cá os
mandara fazer.
Obs.: enxárcia — conjunto de cabos e degraus roliços
83) (Mack-1996) "Na ata da reunião, registraram-se todas feitos de cabo (‘corda’), madeira ou ferro, que sustentam
as opiniões dos presentes." mastros de embarcações a vela
Assinale a alternativa que apresenta corretamente a Considerando sempre o contexto, assinale a alternativa
classificação da partícula se, na frase acima. correta.
a) índice de indeterminação do sujeito. a) Substituindo “haver” por “existir”, na frase Há no Brasil
b) pronome reflexivo (objeto direto). grandíssimas matas de árvores, a forma correta é: “Existe
c) partícula apassivadora. no Brasil”.
d) conjunção subordinativa integrante. b) Em grandíssimas matas de árvores agrestes, o termo
e) palavra de realce. destacado estabelece relação de “constituição”.
c) Em se tira a estopa para se calafetarem, o segmento
destacado expressa idéia de “meio com o qual se obtém
84) (Mack-1997) I. Os recursos de que disponho no um certo resultado”.
momento são precários. d) Nas linhas finais, aparecem dois pronomes os (os que
II. O cavalheiro cujo escritório estivemos é querem; os mandara fazer), e eles têm o mesmo referente.
advogado. e) A frase se cá os mandara fazer traz subentendida a
III. Os elementos que ele conta para elaborar sua seguinte idéia: el-rei é um dos que efetivamente
tese são muito bons. aproveitam tudo das árvores encontradas no Brasil.

Quanto ao emprego dos pronomes relativos e à regência


verbal, assinale: 87) (Mack-2004) Há no Brasil grandíssimas matas de
a) se todas as afirmações estão corretas. árvores agrestes, cedros, carvalhos, vinháticos, angelins e
b) se apenas I está correta. outras não conhecidas em Espanha, de madeiras
c) se apenas III está correta. fortíssimas para se poderem fazer delas fortíssimos
d) se apenas II está correta. galeões e, o que mais é, que da casca de algumas se tira a
e) se todas estão incorretas. estopa para se calafetarem e fazerem cordas para enxárcia
e amarras, do que tudo se aproveitam os que querem cá
fazer navios, e se pudera aproveitar el-rei se cá os
85) (Mack-2002) … isto de método, sendo, como é, uma mandara fazer.
cousa indispensável, todavia é melhor tê-lo sem gravata Obs.: enxárcia - conjunto de cabos e degraus roliços feitos
nem suspensórios, mas um pouco à fresca e à solta (…). de cabo (‘corda’), madeira ou ferro, que sustentam
mastros de embarcações a vela
Assinale a alternativa correta sobre o fragmento transcrito.
Assinale a afirmação correta.
a) isto tem o mesmo valor da interjeição presente na frase: a) Na caracterização de espécies vegetais brasileiras, a
Isto! Você superou brilhantemente o Espanha foi tomada como referência.
obstáculo!. b) A relação entre fortíssimo e “muito forte” é a mesma
b) A frase sendo uma cousa indispensável expressa, no que entre “bom” e “muito bom”.
contexto, uma condição. c) Em de algumas se tira a estopa, a expressão em negrito
c) como é constitui recurso para não deixar dúvida sobre a é complemento agente da passiva.
afirmação que está sendo articulada. d) É coerente com o texto a afirmação: “de tudo se
d) todavia pode ser substituído, sem prejuízo do sentido aproveitam não só os envolvidos com objetos navais, como
original, por porque. também os ocupados com cordas para enxárcia e
e) O acento indicativo da crase observado em à solta amarras”.
ocorreria corretamente também em chegou à escrever e) Em da casca de algumas se tira a estopa, está presente a
aos pais. idéia de que o benefício advém da totalidade das espécies
vegetais.

86) (Mack-2004) Há no Brasil grandíssimas matas de


árvores agrestes, cedros, carvalhos, vinháticos, angelins e 88) (Mack-2004) Os livros viraram o objeto de decoração
outras não conhecidas em Espanha, de madeiras da moda nas casas dos endinheirados. Se eles não têm

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familiaridade com a leitura, arquitetos e decoradores vão a
campo. Esses profissionais aconselham a compra de 90) (Mack-2007) O que empurrou as caravelas de Portugal
coleções completas de obras de literatura, filosofia e em busca de novos mundos para o mundo? Necessidades
história para decorar as salas. Livros de auto-ajuda, só no de subsistência ou o sonho moderno de se fazer valer? A
quarto. Parte das peças deve ser garimpada em sebos, oposição assim colocada evoca imediatamente o começo
para transmitir a idéia de conhecimento sólido, erudição. da Fenomenologia do espírito, de Hegel – que é de fato a
Entre as opções básicas para demonstrar inteligência já na melhor interpretação antropológica da subjetividade
mesinha de centro, está o “ambiente moderno”, cuja moderna no instante de seu triunfo. A humanidade
composição exige livros alegres e coloridos, de artistas (entenda-se: a modernidade) – na descrição de Hegel –
como Miró, Picasso, Mondrian. Acredita-se que eles dão começa quando acaba o reino da necessidade, ou seja,
vivacidade ao espaço. quando o desejo não encontra mais sua satisfação nos
Paloma Cote objetos procurados e finalmente consumidos mas se
projeta e se prolonga indefinidamente na procura de
É correto dizer que: reconhecimento.
a) no trecho Se eles não têm familiaridade com a leitura, o Não há melhor descrição do fim da sociedade tradicional: o
pronome antecipa a referência a arquitetos e decoradores. lugar social de cada um passa a ser decidido pelo
b) no último parágrafo, espaço retoma o núcleo do adjunto reconhecimento que ele obtém dos outros, e os objetos de
adverbial em sebos . desejo passam a valer como meios para conseguir um
c) no trecho Acredita-se que eles dão vivacidade ao lugar ao sol. De repente, nenhum deles pode apagar um
espaço, os pronomes se e eles têm a mesma referência. desejo que transcende qualquer necessidade.
d) em Acredita-se que eles dão vivacidade ao espaço o Adaptado de Contardo Calligaris
pronome eles tem referência ambígua.
e) Já, em demonstrar inteligência já na mesinha de centro, Assinale a alternativa correta.
poderia ser substituído por “rapidamente”. a) Se substituíssemos ele por “eles”, no trecho que ele
obtém dos outros (linhas 12 e 13), a grafia da forma verbal
seria a mesma.
89) (Mack-2006) Parabéns. Estou encantado com seu b) A forma negativa em quando o desejo não encontra
sucesso. Chegar aqui não foi fácil, eu sei. Na verdade, mais (linha 08) equivale a “o desejo encontra menos”.
suspeito que foi um pouco mais difícil do que você c) Na voz ativa, a forma verbal do segmento o lugar social
imagina. Para início de conversa, para você estar aqui de cada um passa a ser decidido pelo reconhecimento
agora, trilhões de átomos agitados tiveram de se reunir de (linhas 11 e 12) seria: “decide”.
uma maneira intrincada e intrigantemente providencial a d) Em que é de fato (linha 04), o pronome destacado pode
fim de criá-lo. Essa é uma organização tão especializada e se referir, ambiguamente, tanto a o começo da obra de
particular que nunca antes foi tentada e só existirá desta Hegel como à totalidade da obra.
vez. Nos próximos anos, essas partículas minúsculas se e) Se a forma verbal transcende, no trecho um desejo que
dedicarão totalmente aos bilhões de esforços jeitosos e transcende qualquer necessidade (linha 15), fosse
cooperativos necessários para mantê-lo intacto e deixá-lo deslocada para o final do período, o sentido permaneceria
experimentar o estado agradabilíssimo, mas ao qual não o mesmo.
damos o devido valor, conhecido como existência.
Adaptado de Bill Bryson
91) (PUC - RJ-2006) A venalidade, disse o Diabo, era o
Assinale a alternativa correta. exercício de um direito superior a todos os direitos. Se tu
a) Em criá-lo (linha 04) e deixá-lo (linha 06), as formas podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu
pronominais destacadas referem-se a diferentes chapéu, cousas que são tuas por uma razão jurídica e legal,
elementos do texto. mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não
b) O sucesso (linha 01) mencionado pelo autor podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua
corresponde à capacidade do ser humano de perceber o fé, cousas que são mais do que tuas, porque são a tua
valor de sua experiência. própria consciência, isto é, tu mesmo? Negá-lo é cair no
c) A palavra agora (linha 02) restringe sua referência ao absurdo e no contraditório. Pois não há mulheres que
exato momento em que o autor escrevia o texto. vendem os cabelos? não pode um homem vender uma
d) Em para mantê-lo intacto e deixá-lo experimentar (linha parte do seu sangue para transfundi-lo a outro homem
06), a conjunção destacada tem o mesmo sentido presente anêmico? e o sangue e os cabelos, partes físicas, terão um
em “Vieram e, infelizmente, não puderam ficar”. privilégio que se nega ao caráter, à porção moral do
e) Em Estou encantado com seu sucesso (linha 01), a forma homem? Demonstrando assim o princípio, o Diabo não se
destacada antecipa a referência explícita à figura do leitor, demorou em expor as vantagens de ordem temporal ou
feita por meio do pronome você (linha 02). pecuniária; depois, mostrou ainda que, à vista do
preconceito social, conviria dissimular o exercício de um

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direito tão legítimo, o que era exercer ao mesmo tempo a d) Os repórteres lhe fizeram muitas perguntas acerca de
venalidade e a hipocrisia, isto é, merecer duplicadamente. seus estudos?
[Fragmento do conto “A Igreja do Diabo”, de Machado de e) A liberação do fundo de financiamento permitiu- lhe
Assis] prosseguir em suas pesquisas.
a) Explique o argumento de que se vale o Diabo na defesa
que faz da venalidade. 93) (PUC-RS-2001) Para responder à questão, relacione as
colunas, de modo que as expressões da direita completem
b) A que se refere o pronome oblíquo na frase Negá-lo é adequadamente as frases da esquerda.
cair no absurdo e no contraditório (linhas 4-5)?
( ) A descoberta _______ se referia o 1. onde
cientista era surpreendente ( ) Estes são 2. que
92) (PUC-RS-2001) A zona franca do pensamento dados sigilosos, _____divulgação é 3. a que
reservada. ( ) Áreas _______ há maior 4. por que
Qual é a invenção que lhe deixa mais perplexo, aquela pobreza merecem toda atenção dos 5 . cuja
que foge à sua compreensão? Tantas. O avião, por estudiosos. ( ) A pesquisa, ________ não 6. à qual
exemplo. Como consegue voar aquele zepelin de aço, faltam recursos financeiros, está parada por 7. aonde
com 300 passageiros e suas respectivas bagagens razões políticas. 8. pela qual
provenientes de Miami? Internet: eu aqui e você em ( ) A penúria _______ passa grande parte da
Cingapura, conversando a um custo de eu aqui e você ali humanidade exige uma ciência ética.
na esquina. Fax: coloco uma folha de papel num
aparelhinho e ele sai reproduzido, no mesmo instante, Relacionando as duas colunas, a seqüência correta, de
em Guiné-Bissau. Televisão: uma câmera capta minha cima para baixo, é
imagem e eu apareço, ao mesmo tempo, num casebre do a) 1 - 4 - 7 - 6 - 2
Morro da Cruz e numa mansão da Barra da Tijuca, ao vivo b) 2 - 1 - 7 - 1 - 4
e em cores. Ultra-sonografia. Gestação in vitro. c) 3 - 5 - 1 - 6 - 4
Clonagem. Reverencio a tecnologia hoje me arrependo de d) 5 - 6 - 1 - 3 - 3
ter matado algumas aulas de física e biologia, que me e) 6 - 5 - 7 - 2 - 8
ajudariam a entender melhor como funciona o mundo
que me cerca. Só numa invenção pisoteio e cuspo em 94) (PUC-SP-2005) A partir dos seguintes trechos: … e
cima: no detector de mentiras. (...) Uma geringonça que nunca mais se soube o que era blasfêmia…/dentro dos
se julga capaz de adivinhar o que pensamos! sons movem-se cores…, assinale a alternativa CORRETA.
O pensamento é o território mais protegido do mundo, e a) o pronome átono se exerce a função de partícula
ao mesmo tempo o mais livre. Nele cabe um mundaréu de apassivadora na voz passiva analítica.
gente, todas as que conhecemos e mais aquelas que b) o pronome átono se exerce a função de partícula
imaginamos, e delas somos seu deus e seu diabo. (...) O apassivadora na voz passiva pronominal.
pensamento não tem fronteiras, lógica, advogado de c) o pronome átono se exerce a função de partícula
defesa ou carrasco. É zona franca, terra de ninguém. apassivadora na voz ativa.
Vivemos cercados de microcâmeras, pardais, caetanos, d) o pronome átono se é parte integrante do verbo.
alarmes. Somos constantemente vigiados, qualquer um e) o pronome átono se exerce a função de pronome
nos localiza, identifica, surpreende. O pensamento é o reflexivo.
único lugar onde ainda estamos seguros, onde nossa
loucura é permitida e todos os nossos atos são inocentes. 95) (PUC-SP-2005) Estradas de Rodagem
Que se instale um novo mundo cibernético, mas que virem Comparados os países com veículos, veremos que os
sucata esses detectores de mentiras, tão sujeitos a falhas. Estados Unidos são uma locomotiva elétrica; a Argentina
Dentro do pensamento, não há tecnologia que consiga nos um automóvel; o México uma carroça; e o Brasil um carro
achar. de boi.
Marta Medeiros Zero Hora, 31/03/1999 (adaptado) O primeiro destes países voa; o segundo corre a 50 km por
hora; o terceiro apesar das revoluções tira 10 léguas por
O uso do pronome “lhe” no texto, como complemento dia; nós...
linguagem informal, contraria a língua culta formal. Nós vivemos atolados seis meses do ano, enquanto dura a
Situação semelhante ocorre com o uso desse pronome em estação das águas, e nos outros 6 meses caminhamos à
razão de 2 léguas por dia. A colossal produção agrícola e
a) Queremos cumprimentar-lhe por sua campanha em industrial dos americanos voa para os mercados com a
favor da ética na pesquisa genética. velocidade média de 100 km por hora. Os trigos e carnes
b) Nada lhe assegurava que estava sendo observado. argentinas afluem para os portos em autos e locomotivas
c) As recentes descobertas indicam-lhe que sua linha de que uns 50 km por hora, na certa, desenvolvem.
raciocínio está correta.

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As fibras do México saem por carroças e se um general num esforço de auto-engano, para dizer que crimes
revolucionário não as pilha em caminho, chegam a salvo bestiais ocorrem em todas as partes do mundo.
com relativa presteza. O nosso café, porém, o nosso milho, Mas a reação dos moradores prova que não se trata de
o nosso feijão e a farinha entram no carro de boi, o uma perversidade circunstancial e circunscrita. Não. O país
carreiro despede-se da família, o fazendeiro coça a cabeça perde, crescentemente, o respeito à vida, a valores
e, até um dia!. Ninguém sabe se chegará, ou como básicos, ao convívio civilizado. O anormal, o patológico, o
chegará. Às vezes pensa o patrão que o veículo já está de bestial, vira normal. "É engraçado", como diz o estudante.
volta, quando vê chegar o carreiro. O processo de animalização contamina a sociedade, a
partir do topo, quando o presidente da
O carreiro dá uma risadinha. República diz que seu partido está desmoralizado, mas vai
à festa dos desmoralizados e confraterniza com
trambiqueiros confessos. Também deve achar
"engraçado".
para tirar ele. Alguma surpresa quando é declarado inocente o
E lá seguem bois, homens, o diabo para desatolar o carro. comandante do massacre de 111 pessoas, sob aplausos de
Enquanto isso, chove, a farinha embolora, a rapadura parcela da sociedade para quem presos não têm direito à
derrete, o feijão caruncha, o milho grela; só o café resiste e vida? São bestas-feras, e deve ser "engraçado" matá-los. É
ainda aumenta o peso. a lei da selva, no asfalto.
(LOBATO, M. Obras Completas, 14ª ed., São Paulo,
Brasiliense, 1972, v. 8, p.74) Em relação ao terceiro parágrafo do texto, a expressão
SEUS ALGOZES faz o leitor compreender
No diálogo com o patrão, em certo momento o carreiro que se trata dos algozes
diz: ” ... e está atolado. Vim buscar mais dez juntas de bois a) dos próprios moradores que descreveram a cena.
para tirar ele”. Empregando a língua informalmente, ele b) da algazarra.
usa o pronome pessoal do caso reto na posição de c) da reportagem.
complemento do verbo. Se a construção fosse reelaborada d) do motoboy.
em nível formal, teríamos: e) de uma das vítimas.
a) Vim buscar mais dez juntas de bois para tirar-lhe.
b) Vim buscar mais dez juntas de boi para tirá-lo.
c) Vim buscar mais dez juntas de bois para lhe tirar. 97) (PUC-SP-2006) A animalização do país
d) Vim buscar mais dez juntas de bois para o tirarmos. Clóvis Rossi, Folha de São Paulo, 21 de fevereiro de 2006
e) Vim buscar mais dez juntas de bois para tirarmo-lo.
SÃO PAULO - No sóbrio relato de Elvira Lobato, lia-se
ontem, nesta Folha, a história de um Honda Fit
96) (PUC-SP-2006) A animalização do país abandonado em uma rua do Rio de Janeiro "com uma
Clóvis Rossi, Folha de São Paulo, 21 de fevereiro de 2006 cabeça sobre o capô e os corpos de dois jovens negros,
retalhados a machadadas, no interior do veículo".
SÃO PAULO - No sóbrio relato de Elvira Lobato, lia-se Prossegue o relato: "A reação dos moradores foi tão
ontem, nesta Folha, a história de um Honda Fit chocante como as brutais mutilações. Vários moradores
abandonado em uma rua do Rio de Janeiro "com uma buscaram seus celulares para fotografar os corpos, e os
cabeça sobre o capô e os corpos de dois jovens negros, mais jovens riram e fizeram troça dos corpos.
retalhados a machadadas, no interior do veículo". Os próprios moradores descreveram a algazarra à
Prossegue o relato: "A reação dos moradores foi tão reportagem. "Eu gritei: Está nervoso e perdeu a cabeça?",
chocante como as brutais mutilações. Vários moradores relatou um motoboy que pediu para não ser identificado,
buscaram seus celulares para fotografar os corpos, e os enquanto um estudante admitiu ter rido e feito piada ao
mais jovens riram e fizeram troça dos corpos. ver que o coração e os intestinos de uma das vítimas
Os próprios moradores descreveram a algazarra à tinham sido retirados e expostos por seus algozes.
reportagem. "Eu gritei: Está nervoso e perdeu a cabeça?", "Ri porque é engraçado ver um corpo todo picado",
relatou um motoboy que pediu para não ser identificado, respondeu o estudante ao ser questionado sobre a causa
enquanto um estudante admitiu ter rido e feito piada ao de sua reação.
ver que o coração e os intestinos de uma das vítimas O crime em si já seria uma clara evidência de que bestas-
tinham sido retirados e expostos por seus algozes. feras estão à solta e à vontade no país. Mas ainda daria,
"Ri porque é engraçado ver um corpo todo picado", num esforço de auto-engano, para dizer que crimes
respondeu o estudante ao ser questionado sobre a causa bestiais ocorrem em todas as partes do mundo.
de sua reação. Mas a reação dos moradores prova que não se trata de
O crime em si já seria uma clara evidência de que bestas- uma perversidade circunstancial e circunscrita. Não. O país
feras estão à solta e à vontade no país. Mas ainda daria, perde, crescentemente, o respeito à vida, a valores

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básicos, ao convívio civilizado. O anormal, o patológico, o e pobre devem ter direito a uma prisão diferente das que
bestial, vira normal. "É engraçado", como diz o estudante. existem para ambos no Brasil atualmente.
O processo de animalização contamina a sociedade, a (Carta ao leitor. Veja: 17/1/2001. Adaptação)
partir do topo, quando o presidente da
República diz que seu partido está desmoralizado, mas vai O pronome demonstrativo esses (esses não devem
à festa dos desmoralizados e confraterniza com conviver no mesmo ambiente com quadrilheiros e
trambiqueiros confessos. Também deve achar homicidas profissionais ) tem a função textual de
"engraçado". I. retomar, resumindo, os elementos da
Alguma surpresa quando é declarado inocente o enumeração imediatamente anterior
comandante do massacre de 111 pessoas, sob aplausos de II. enfatizar o sentido da enumeração, para reforçar
parcela da sociedade para quem presos não têm direito à a tese defendida a seguir
vida? São bestas-feras, e deve ser "engraçado" matá-los. É III. estabelecer uma relação de conclusão entre os
a lei da selva, no asfalto. elementos das duas enumerações da frase
É correto o que se afirma
A palavra QUE exerce a mesma função em todas as a) apenas em I
alternativas abaixo, exceto: b) apenas em II
c) em I e II
a) Admitiu ter rido e feito piada ao ver que o coração e as d) em II e III
os intestinos de uma das vítimas...
b) O crime em si já seria uma clara evidência de que 99) (UECE-1996) Segue a gramática normativa a colocação
bestas-feras estão à solta e à vontade no país. do pronome átono da opção:
c) Mas ainda daria (...) para dizer que crimes bestiais a) O amor não está deteriorando-se.
ocorrem em todas as partes do mundo. b) Seu amor não tinha acabado-se?
d) Mas a reação dos moradores prova que não se trata de c) Comunicaremos-lhes tudo sobre o amor.
uma perversidade circunstancial e circunscrita. d) Lhe provem que o amor é digno.
e) 'Está nervoso e perdeu a cabeça?', relatou um motoboy
que pediu para não ser identificado.
100) (UECE-2006) “Além, muito além daquela serra, que
ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
98) (UECE-2002) AOS RICOS, O PRIVILÉGIO Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos
mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu
Toda nação civilizada ergueu-se da barbárie, tornando-se talhe de palmeira.
antes uma sociedade hierarquizada. Pelas mais diversas O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a
razões, alguns indivíduos ascenderam sobre outros e baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
passaram a usar seu poder para organizar o modo de vida Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o
dos demais. Os privilégios surgiram justamente dessa sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira
especialização social. As nações mais desenvolvidas tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal
criaram salvaguardas legais e redes de amparo social roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra
privadas e estatais para amenizar o choque entre as elites com as primeiras águas.
e a maioria da população. Entre elas, a mais sagrada é a Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da
igualdade dos cidadãos perante a lei. floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais
A forma como funcionam as prisões especiais, no Brasil, fresca do que o orvalho da noite.
fere profundamente esse princípio. É bem verdade que .......................................................................
todos os países civilizados possuem esse tipo de prisão; Rumor suspeito quebra a harmonia da sesta. Ergue a
isso é bom e justo. Mas não é bom que seu ocupante lá virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista
esteja simplesmente porque tem curso superior. perturba-se. Diante dela, e todo a contemplá-la, está um
O pobre, no Brasil, não vai para a cadeia. Vai para o guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau
inferno. Por um simples roubo, conviverá de forma espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que
selvagem e promíscua com assassinos e estupradores, bordam o mar, nos olhos o azul triste das águas profundas.
chefes de quadrilha, assaltantes. O país deveria ter cadeia Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.
limpa e segura para todos os que a justiça mandar Foi rápido como o olhar o gesto de Iracema. A flecha
prender. Resolvida essa primeira questão, vem a da prisão embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na
especial. A única hierarquia aceitável na separação dos face do desconhecido.
presos é aquela ditada pela natureza do delito. Autores de De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da
pequenos furtos ou de crimes produzidos pela emoção, espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na
réus primários - esses não devem conviver no mesmo religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e
ambiente com quadrilheiros e homicidas profissionais. Rico amor. Sofreu mais da alma que da ferida.

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O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não sei eu. a) esse - que o - o.
Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba e correu b) esse - cujo - lhe.
para o guerreiro, sentida da mágoa que causara. A mão, c) este - cujo - lhe.
que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o d) este - cujo - o.
sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha e) este - que o - lhe.
homicida; deu a haste ao desconhecido, guardando
consigo a ponta farpada. 104) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à
O guerreiro falou: alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase
- Quebras comigo a flecha da paz? apresentada.
- Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus ...... dentre nós pode sinceramente ...... o ato que cometeu
irmãos? Donde vieste a estas matas que nunca viram outro ...... ocasião, em que ainda era tão jovem?
guerreiro como tu? a) Quais - recriminar-lhe - nesta.
- Venho de longe, filha das florestas. Venho das terras que b) Qual - recriminá-lo - naquela.
teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus. c) Quais - recriminar-lhe - nessa.
- Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras, d) Qual - recriminá-lo - nessa.
senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai de e) Qual - recriminar-lhe - naquela.
Iracema.”
(José de Alencar, do romance Iracema) 105) (UEL-1995) Assinale a letra correspondente à
alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase
“...banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca apresentada.
do que o orvalho da noite.” (linhas 14 a 15). Em que
alternativa o pronome LHE tem emprego igual ao dessa Eis o professor ...................... méritos os alunos prestam
frase homenagem.
a) o guerreiro branco falou-lhe de amor a) cujos os.
b) o pajé comunicou-lhe que o homem branco era um b) em cujos.
amigo c) cujos.
c) a tribo dos tabajaras, ao receber o homem branco, d) de cujos.
festejou-lhe a chegada e) a cujos.
d) ao receber o homem branco, Araquém deu-lhe o prazo
de dois dias para deixar a tribo 106) (UEPB-2006) “Eu ouço de várias empregadas
domésticas que é comuníssimo aqui no Rio de Janeiro que
responsáveis pela merenda escolar retirem substancial
101) (UEL-1994) Assinale a alternativa que preenche quantidade de víveres e alimentos das crianças para levar
corretamente as lacunas da frase apresentada. para casa, distribuir entre parentes e até montar
Para ........ poder aceitar suas desculpas, afaste ........ quitandas.”
sombra de orgulho que ainda ........ noto no rosto. (João Ubaldo Ribeiro, Veja, n. 20, ano 38, 18/05/05)
a) mim - essa - te. Assinale, entre as afirmações relativas a esse excerto, a
b) eu - esta - te. única correta:
c) eu - essa - lhe. a) Há uma impropriedade sintática, pois o verbo OUVIR foi
d) mim - esta - lhe. construído com complemento preposicionado.
e) mim - essa - lhe. b) VÍVERES é uma palavra substantivada, derivada do
infinitivo flexionado.
102) (UEL-1994) Assinale a alternativa que preenche c) Depreende-se que as empregadas domésticas dizem que
corretamente as lacunas da frase apresentada. os responsáveis pela merenda escolar são socialistas.
Agrada-nos ..................... merecedor de prêmios ................ d) Pode-se concluir que o comunismo no Rio de Janeiro é
valor é inestimável. responsável pela merenda escolar.
a) ver-lhe - de cujo. e) Os QUÊS têm a mesma função, sem referência e sem
b) vê-lo - cujo o. significado.
c) ver-lhe - em cujo.
d) vê-lo - cujo.
e) vê-lo - em cujo. 107) (UERJ-2001) Leia atentamente o fragmento a seguir:

103) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à “Por exemplo, a frase:


alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase Em casual encontro com Júlia, Pedro fez comentários sobre
apresentada. seus exames.
Se ainda não leu ...... livro que estou folheando e ...... autor tem um enunciado equívoco; os comentários de Pedro
é meu conhecido, faça-...... e não se arrependerá. podem ter sido feitos sobre os exames de Júlia, ou sobre

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os exames dele, Pedro; ou, ainda, sobre os exames de Senhora ficar solteira. O próprio Bento não a deixava
ambos.” mentir, testemunha de sua aflição antes do casamento.
(CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. Nova gramática do Santina pediu perdão, ele respondeu que era tarde - noiva
português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, de grinalda sem ter direito.
1985.) (Cemitério de elefantes. Apud CARNEIRO, Agostinho Dias)

O fragmento acima aponta o problema da ambigüidade De acordo com a norma culta da língua, a única alternativa
resultante do emprego do termo “seus”. A ocorrência da gramaticalmente correta é:
ambigüidade, no caso, pode ser explicada por uma a) entre eu e tu não há segredos.
característica relativa à significação geral da palavra em b) entre mim e ti não há segredos.
questão. Essa característica do vocábulo “seus” é a de: c) entre mim e tu não há segredos.
d) entre tu e mim não há segredos.
a) indicar a pessoa gramatical, sem flexionar-se ou remeter e) entre eu e ti não há segredos.
a termos antecedentes
b) referir-se à pessoa gramatical, sem nomeá-la ou indicar- 110) (UFAC-1997) O PRIMO
lhe característica própria Primeira noite ele conheceu que Santina não era moça.
c) substituir o nome próprio, sem individualizá-lo ou Casado por amor, Bento se desesperou. Matar a noiva,
permitir a devida concordância suicidar-se, e deixar o outro sem castigo? Ela revelou que,
d) qualificar os nomes presentes, sem hierarquizá-los ou havia dois anos, o primo Euzébio lhe fizera mal, por mais
revelar sua verdadeira significação que se defendesse. De vergonha, prometeu a Nossa
Senhora ficar solteira. O próprio Bento não a deixava
108) (UFAC-1997) O PRIMO mentir, testemunha de sua aflição antes do casamento.
Primeira noite ele conheceu que Santina não era moça. Santina pediu perdão, ele respondeu que era tarde - noiva
Casado por amor, Bento se desesperou. Matar a noiva, de grinalda sem ter direito.
suicidar-se, e deixar o outro sem castigo? Ela revelou que, (Cemitério de elefantes. Apud CARNEIRO, Agostinho Dias)
havia dois anos, o primo Euzébio lhe fizera mal, por mais
que se defendesse. De vergonha, prometeu a Nossa Na frase "Isso pouco importa, eu já lhe falei bastantes
Senhora ficar solteira. O próprio Bento não a deixava vezes", as palavras sublinhadas são, respectivamente:
mentir, testemunha de sua aflição antes do casamento. a) advérbio de intensidade e pronome indefinido.
Santina pediu perdão, ele respondeu que era tarde - noiva b) pronome indefinido e advérbio de intensidade.
de grinalda sem ter direito. c) pronome indefinido e pronome indefinido.
(Cemitério de elefantes. Apud CARNEIRO, Agostinho Dias) d) advérbio de intensidade e advérbio de intensidade.
e) advérbio de intensidade, ambas, mas a segunda está
"O próprio Bento não a deixava mentir..." Se o autor grafada erroneamente no plural.
tivesse escrito "O próprio Bento não lhe deixava mentir...":
a) estaria acertando, porque tanto "a" quanto "lhe" são 111) (UFAC-1998) Observe o seguinte diálogo entre um
pronomes que exercem sempre a mesma função sintática. rigoroso professor de gramática e uma ex-aluna sua:
b) estaria errando, porque "a" é pronome de 3ª pessoa e
"lhe", de 2ª. - "Professor, aonde o senhor andava, que eu nunca mais
c) estaria errando, porque "a" não pode exercer a mesma lhe vi?"
função sintática que "lhe", pelo menos como pronome - "Nem a mim nem à gramática" - respondeu-lhe o mestre,
oblíquo em função objetiva, como é o caso do exemplo em deixando-a um tanto embaraçada por não haver entendido
apreço. o porquê da resposta.
d) estaria acertando, porque "a" pode exercer a mesma
função sintática que "lhe", em especial como pronome Com certeza, outra teria sido a resposta do professor, se a
oblíquo em função objetiva, como é o caso do exemplo em pergunta da aluna tivesse sido esta:
estudo. a) "Professor, por onde o senhor tem andado, que eu
e) estaria errando, porque "a" e "lhe", nesse tipo de nunca mais lhe vi?"
construção, só exercem função sintática idêntica quando a b) "Professor, por onde o senhor tem andado, que eu
forma verbal infinitiva é transitiva direta. nunca mais o vi?"
c) "Professor, por onde Vossa Senhoria tem andado, que
109) (UFAC-1997) O PRIMO eu nunca mais vos vi"?
Primeira noite ele conheceu que Santina não era moça. d) "Professor, aonde o senhor tem andado, que eu nunca
Casado por amor, Bento se desesperou. Matar a noiva, mais lhe vi?
suicidar-se, e deixar o outro sem castigo? Ela revelou que, e) "Professor, aonde o senhor tem andado, que eu nunca
havia dois anos, o primo Euzébio lhe fizera mal, por mais mais te vi?"
que se defendesse. De vergonha, prometeu a Nossa

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112) (UFC-1997) LUA NOVA - É simples para ______ (1a.) explicar isso.

01 Meu novo quarto Terezinha:


02 Virado para o nascente: - Ah, é? Que nada! Isto é para _______ (1a.) deixar de ser
03 Meu quarto, de novo a cavaleiro da entrada da barra. boba!

04 Depois de dez anos de pátio João:


a
05 Volto a tomar conhecimento da aurora. - Deixe ____ (1 .) explicar, por favor.
06 Volto a banhar meus olhos no mênstruo incruento das
madrugadas Terezinha:
a
- Para ______ (1 .), tanto faz!
07 Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de
partir João:
a
- Se tu quiseres, eu nem _______ (3 .) cumprimento mais!
08 Hei de aprender com ele
09 A partir de uma vez Terezinha:
10 - Sem medo, - De que adiantaria, se tu ainda _____ (3a.) admiras?
11 Sem remorso
12 Sem saudade. João:
- Basta! Assim, até ______ (1a.) desisto!
13 Não pensem que estou aguardando a lua cheia
14 - Esse sol da demência
15 Vaga e noctâmbula. 114) (UFC-2002) Assinale a alternativa que apresenta
16 O que eu mais quero, corretamente os antecedentes dos relativos grifados no
17 O de que preciso fragmento abaixo.
18 É de lua nova.
“Horrorizado da aranha, desviei dela a minha luneta
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de mágica e em movimento de repulsão levei-a até uma das
Janeiro: Aguilar: 1983, p. 307) extremidades do telhado, onde encontrei metade do corpo
de um rato que1 me olhava esperto, e com ar que2 me
pareceu de zombaria.
Preencha os espaços com um pronome relativo adequado Senti vivo desejo de estudar o rato e fixei-o com a minha
(quem, que, cujo, onde), atentando para a regência verbal: luneta; mas o tratante somente me deixou exposto
a) O poeta__________o aeroporto dá lições de partir durante minuto e meio, e fugiu-me, deixando-me ouvir
aguardar a lua nova. certo ruído que3 me pareceu verdadeira risada de rato.”
b) O lugar ___________ o poeta vai partir é desconhecido.
c) Esta é a lua_____________ ele aguarda. que1 que2 que3
d) O quarto__________o poeta aludiu estava virado para o a) um rato ar o rato
nascente. b) um rato ar certo ruído
e) Esta é a lua______________brilho ansiei. c) um rato ar vivo desejo
d) uma aranha esperto vivo desejo
e) uma aranha esperto o rato
113) (UFC-1998) Complete o diálogo abaixo com os
pronomes pessoais adequados, segundo a norma culta. A
pessoa do pronome, sempre no singular, encontra-se entre 115) (UFC-2002) No trecho: “Eu não creio, não posso mais
parênteses. acreditar na bondade ou na virtude de homem algum;
todos são mais ou menos ruins, falsos, e indignos; há
João: porém alguns que sem dúvida com o fim de ser mais
- Quero que tu entendas de uma vez por todas: não há nocivos aos outros, e para produzir maior dano, têm o
a
nada entre ela e ______ (1 .). merecimento de dizer a verdade nua e crua, (...)” (p.65):
I. algum e alguns são pronomes indefinidos.
Terezinha: II. alguns é sujeito do verbo haver.
- Mas todos sabiam do envolvimento de vocês, menos III. algum equivale a nenhum.
a
_______ (1 .), que idiotamente Assinale a alternativa correta sobre as assertivas acima:
acreditei em ______ (2a.). a) apenas I é verdadeira.
b) apenas II é verdadeira.
João: c) apenas I e II são verdadeiras.

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d) apenas I e III são verdadeiras. voltavam a latir desesperadamente, e dizem que os cães
e) I, II e III são verdadeiras. vêem coisa.
Lenita ficou para sempre com a sensação do corpo
inerte e mole entre os braços. Uma marca, presença, que
116) (UFC-2003) No trecho: “Eu não creio, não posso mais procurava desfazer coma as mãos. Cabelos louros e
acreditar na bondade ou na virtude de homem algum; gotejantes. Ás vezes, ela despertava na noite:
todos são mais ou menos ruins, falsos, e indignos; há - Acorde, acorde!
porém alguns que sem dúvida com o fim de ser mais A presença também daquele instante de silêncio
nocivos aos outros, e para produzir maior dano, têm o que pesara sobre a piscina. Um pressentimento apenas?
merecimento de dizer a verdade nua e crua, (...)”: Precisamente o momento em que ela chegara,
I. algum e alguns são pronomes indefinidos. transparente e invisível, e se sentara à beira da piscina,
II. alguns é sujeito do verbo haver. cruzando as pernas longas, antiqüíssima, atual e eterna.
III. algum equivale a nenhum. MOREIRA CAMPOS, José Maria (2002). Dizem que os cães
Assinale a alternativa correta sobre as assertivas acima: vêem coisas.
a) apenas I é verdadeira. In. Dizem que os cães vêem coisas. Fortaleza: Editora UFC,
b) apenas II é verdadeira. p.133-134.
c) apenas I e II são verdadeiras.
d) apenas I e III são verdadeiras. Avalie o que diz das formas lhe (linha 23) e seu (linha 24) e,
e) I, II e III são verdadeiras. a seguir, assinale a alternativa correta.
I. Tanto lhe quanto seu remetem para o
117) (UFC-2005) Dizem que os cães vêem coisas. mesmo referente textual.
Os cães de raça latiam e uivavam II. A supressão de lhe daria origem a uma
desesperadamente nos canis (e dizem que os cães vêem ambigüidade referencial.
coisas). Foi preciso que o tratador viesse acalmá-los, III. A supressão de seu eliminaria o caráter
embora eles rodassem sobre si mesmos e rosnassem. À pleonástico da construção.
distância, a piscina quase olímpica, agora deserta: toalhas a) Apenas I é verdadeira.
esquecidas, o vidro do bronzeador, o cinzento sobre a b) Apenas II é verdadeira.
mesinha cheio de pontas de cigarro marcadas de batom. c) Apenas III é verdadeira.
As filas. Alguém tangeu o gato que lutava com um d) Apenas I e III são verdadeiras.
pedaço de osso, Lenita fez o prato do marido, preparou e) I, II e III são verdadeiras.
também o seu. Mordia a fatia de peru com farofa, quando
se lembrou do filho.
- Cadê o Netinho?!
Certa angustia na voz. Chamou o marido, gritou 118) (UFC-2007) Texto 1
pela babá, que se distraía com as outras na varanda. Olhos Leitor, veja o grande azar A sua
espantados e repentino silêncio talvez maior que qualquer filha querida
outro. Refeições suspensas, uma senhora mantinha no ar o do nordestino emigrante vai pra
garfo cheio. Tentavam segurar Lenita. Ela se desvencilhava: uma iludição
- Cadê o Netinho? Cadê? que anda atrás de melhorar padecer
As águas da grande piscina eram tranqüilas, prostituída
apenas levemente franjadas pelo vento. Boiava sobre elas da sua terra distante na vala da
uma carteira de cigarros vazia. Mas a moça que se perdição
aproximara parecia divisar um corpo no fundo, preso à nos centros desconhecidos e além da
escada. Voltaram a afastar Lenita, o marido a envolveu nos grande desgraça
braços possantes, talvez procurando refúgio também. O depressa vê corrompidos das
campeão de vôlei atirou-se à piscina e veio à tona privações que ela passa
sacudindo com a cabeça os cabelos longos: trazia sob o os seus filhos inocentes que lhe
braço um corpo inerte, flácido, de apenas quatro anos e de atrasa e lhe inflama
cabelos louros e gotejantes. na populosa cidade sabe que é
O médico novo, de calção, tentou a respiração preso em flagrante
artificial, o boca-a-boca (os lábios de Netinho estavam de tanta imoralidade por coisa
arroxeados) e levantou-se sem palavras e sem olhar para insignificante
ninguém. Lenita solto-se e agarrou-se ao filho: e costumes diferentes seu filho a
- Acorde, acorde! Pelo amor de Deus, acorde! quem tanto ama
Conseguiam afastá-la mais uma vez, quase ASSARÉ, Patativa do. Emigração. In: ____. Cordéis e
desmaiou. A amiga limpava-lhe com os dedos a sobra de outros poemas. Fortaleza: Edições UFC, 2006, p. 114.
farofa que se grupara ao seu rosto. Os cães de raça

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03 Até o fim da vida guardarei seu olhar no meu
Texto 2 coração. Até o fim da vida sentirei esta humana
Pobre mãe! Mulher da vida, vendendo o corpo por uma infelicidade de nem sempre poder socorrer, neste
migalha! Aquilo, saber daquilo, ouvir falar naquilo, complexo mundo dos homens.
magoava-o fundamente. Mas a mãe era uma mulher boa, 04 Então, o triste cãozinho reuniu todas as suas
limpa, honesta. Que podia fazer? Abandonada no mundo forças, atravessou o patamar, sem nenhuma dúvida sobre
pelos pais que fugiram na seca, errou de casa em casa, o caminho, como se fosse um visitante habitual, e
molecota solta, sem rumo, sem uma pessoa para cuidar começou a descer as escadas e as suas rampas, com as
dela. Dizem que era bonita, muito bonita. E terminou plantas em flor de cada lado, as borboletas incertas,
resvalando, caindo. salpicos de luz no granito, até o limiar da entrada. Passou
BEZERRA, João Clímaco. A vinha dos esquecidos. por entre as grades do portão, prosseguiu para o lado
Fortaleza: Edições UFC, 2005, p. 26. esquerdo, desapareceu.
05 Ele ia descendo como um velhinho andrajoso,
esfarrapado, de cabeça baixa, sem firmeza e sem destino.
Analise as assertivas sobre Aquilo, daquilo e naquilo (texto Era, no entanto, uma forma de vida. Uma criatura deste
2, linhas 01 e 02) e, a seguir, assinale a alternativa correta. mundo de criaturas inumeráveis. Esteve ao meu alcance;
I. Aquilo exerce a função de sujeito de magoava. talvez tivesse fome e sede; e eu nada fiz por ele; amei-o,
II. Aquilo, daquilo e naquilo remetem para o mesmo apenas, com uma caridade inútil, sem qualquer expressão
referente textual. concreta. Deixei-o partir, assim humilhado, e tão digno, no
III. Daquilo e naquilo são objetos diretos, entanto, como alguém que respeitosamente pede
respectivamente, de saber e falar. desculpas de ter ocupado um lugar que não era seu.
a) Apenas I é verdadeira. 06 Depois pensei que nós todos somos, um dia, esse
b) Apenas II é verdadeira. cãozinho triste, à sombra de uma porta. E há o dono da
c) Apenas III é verdadeira. casa, e a escada que descemos, e a dignidade final da
d) Apenas I e II são verdadeiras. solidão.
e) Apenas II e III são verdadeiras. (MEIRELES, Cecília. ILUSÕES DO MUNDO: CRÔNICAS. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1982, p. 16-17)

119) (UFCE-1996) UM CÃO, APENAS


Leia as frases a seguir atentando para a concordância
01 Subidos, de ânimo leve e descansado passo, os verbal e resolva os quesitos que se seguem:
quarenta degraus do jardim - plantas em flor de cada lado;
borboletas incertas; salpicos de luz no granito -, eis-me no a) Assinale C ou E conforme estejam certas ou erradas as
patamar. E a meus pés, no áspero capacho de coco, à frases
frescura da cal do pórtico, um cãozinho triste interrompe o 1. ( ) Muitos de vós sereis como este cãozinho.
seu sono, levanta a cabeça e fita-me. É um triste cãozinho 2. ( ) E como este, há muitos cãezinhos andrajosos no
doente, com todo o corpo ferido; gastas, as mechas mundo.
brancas do pêlo; o olhar dorido e profundo, com esse 3. ( ) Dali até a casa do cãozinho é duzentos metros.
lustro de lágrima que há nos olhos das pessoas muito 4. ( ) Não fui eu quem socorreu o cãozinho.
idosas. Com um grande esforço acaba de levantar-se. Eu 5. ( ) Qual de nós poderemos socorrer o cão?
não lhe digo nada; não faço nenhum gesto. Envergonha-
me haver interrompido o seu sono. Se ele estava feliz ali, b) Justifique sua resposta ao item 4.
eu não devia ter chegado. Já que lhe faltavam tantas c) Escolha UMA dentre as quatro restantes e justifique sua
coisas, que ao menos dormisse: também os animais devem resposta. Indique o item escolhido.
esquecer, enquanto dormem...
02 Ele, porém, levantava-se e olhava-me. Levantava-
se com a dificuldade dos enfermos graves: acomodando as 120) (UFES-2002) Freqüentemente, nas redações
patas da frente, o resto do corpo, sempre com os olhos em escolares, usa-se inadequadamente onde em lugar de em
mim, como à espera de uma palavra ou de um gesto. Mas que. Considere os fragmentos de redações escolares
eu não o queria vexar nem oprimir. Gostaria de ocupar-me abaixo e assinale a alternativa que contém o emprego
dele: chamar alguém, pedir-lhe que o examinasse, que ADEQUADO:
receitasse, encaminhá-lo para um tratamento... Mas tudo
é longe, meu Deus, tudo é tão longe. E era preciso passar. a) O Brasil é um país onde ainda se registra a existência de
E ele estava na minha frente inábil, como envergonhado milhões de pessoas na condição de iletrados.
de se achar tão sujo e doente, com o envelhecido olhar b) Este milênio vem em boa hora, num momento onde
numa espécie de súplica. todos os povos fortalecem sentimentos de esperança por
dias melhores.

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c) Em nossos dias, é difícil ter um amor verdadeiro onde a A teus pés vai gemer meu pensamento.
pessoa possa apoiar-se e se dar bem na vida. ..................................................................
d) A preservação do emprego tornou-se a maior
preocupação do trabalhador neste início de século, onde a Oh! diz' me, diz' me, que ainda posso um dia
baixa qualificação profissional aumenta a exclusão social. De teus lábios beber o mel dos céus;
e) A criança começa a freqüentar a escola com seis ou sete Que eu te direi, mulher dos meus amores:
anos. É uma idade maravilhosa onde ela ainda está - Amar-te ainda é melhor do que ser Deus!
descobrindo a vida e necessita de uma orientação.
Bahia, 1865.
121) (UFF-1998) Texto I
(ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar,
OS TUMULTOS DA PAZ 1976. p. 415-6)

O amor ao próximo está longe de representar um Texto III


devaneio beato e piedoso, conto da carochinha para
enganar crianças, desavisados e inquilinos de sacristia. RONDÓ PRA VOCÊ
Trata-se de uma essencial exigência pessoal e política, sem
cujo atendimento não nos poremos a serviço, nem de nós De você, Rosa, eu não queria
mesmos, nem de ninguém. Amar ao Próximo como a si Receber somente esse abraço
mesmo é, por excelência, a regra de ouro, cânon fundador Tão devagar que você me dá,
da única prática pela qual poderemos chegar a um pleno Nem gozar somente esse beijo
amor por nós próprios. Sou o primeiro e mais íntimo Tão molhado que você me dá...
Próximo de mim, e esta relação de mim para comigo Eu não queria só porque
passa, inevitavelmente, pela existência do Outro. Este é o Por tudo quanto você me fala
termo terceiro, a referência transcendente por cuja Já reparei que no seu peito
mediação passo a construir a minha auto-estima. Soluça o coração bem feito
Eis aí o modelo da paz. De você.

(PELLEGRINO, Hélio. A burrice do demônio. Rio de Janeiro: Pois então eu imaginei


Rocco, 1989. p. 94) Que junto com esse corpo magro
Moreninho que você me dá,
Texto II Com a boniteza a faceirice
A risada que você me dá
PENSAMENTO DE AMOR E me enrabicham como o que,
Bem que eu podia possuir também
Quero viver de esperança O que mora atrás do seu rosto, Rosa,
Quero tremer e sentir! O pensamento a alma o desgosto
Na tua trança cheirosa De você.
Quero sonhar e dormir.
(ANDRADE, Mário de. Poesias completas. São Paulo / Belo
Álvares de Azevedo Horizonte: Martins / Itatiaia, 1980. V. 1. p. 121 )
..........................................................................
Texto IV
Todo o amor que em meu peito repousava,
Como o orvalho das noites ao relento, O AMOR E O TEMPO
A teu seio elevou-se, como as névoas,
Que se perdem no azul do firmamento. Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta,
tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de
Aqui...além...mais longe, em toda a parte, mármore, quanto mais a corações de cera ! São as afeições
Meu pensamento segue o passo teu. como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de
Tu és a minha luz, - sou tua sombra, durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas,
Eu sou teu lago, - se tu és meu céu. que partem do centro para a circunferência, que quanto
.................................................................. mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos
sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor
À tarde, quando chegas à janela, tão robusto que chegue a ser velho. De todos os
A trança solta, onde suspira o vento, instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o
Minha alma te contempla de joelhos... tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-

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lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com
que vê o que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que Álvares de Azevedo
voa e foge. A razão natural de toda esta diferença é ..........................................................................
porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhe os
defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas Todo o amor que em meu peito repousava,
para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, Como o orvalho das noites ao relento,
quanto mais o A teu seio elevou-se, como as névoas,
amor ?! O mesmo amar é causa de não amar e o ter Que se perdem no azul do firmamento.
amado muito, de amar menos.
Aqui...além...mais longe, em toda a parte,
(VIEIRA, Antônio. Apud: PROENÇA FILHO, Domício. Meu pensamento segue o passo teu.
Português. Rio de Janeiro: Liceu, 1972. V5. p.43) Tu és a minha luz, - sou tua sombra,
Eu sou teu lago, - se tu és meu céu.
(ver texto IV) ..................................................................

Assinale a opção em que o pronome lhe está empregado À tarde, quando chegas à janela,
com o mesmo valor possessivo que o da frase: "descobre- A trança solta, onde suspira o vento,
lhe os defeitos" Minha alma te contempla de joelhos...
A teus pés vai gemer meu pensamento.
a) O tempo acaba lhe ensinando. ..................................................................
b) O arco lhe fere com suas setas.
c ) Basta-lhe amar e o ter amado. Oh! diz' me, diz' me, que ainda posso um dia
d) Faz-lhe crescer as asas. De teus lábios beber o mel dos céus;
e ) Atirou-lhe com força o ferro gasto com o uso. Que eu te direi, mulher dos meus amores:
- Amar-te ainda é melhor do que ser Deus!

Bahia, 1865.
122) (UFF-1998) Texto I
(ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar,
OS TUMULTOS DA PAZ 1976. p. 415-6)

O amor ao próximo está longe de representar um Texto III


devaneio beato e piedoso, conto da carochinha para
enganar crianças, desavisados e inquilinos de sacristia. RONDÓ PRA VOCÊ
Trata-se de uma essencial exigência pessoal e política, sem
cujo atendimento não nos poremos a serviço, nem de nós De você, Rosa, eu não queria
mesmos, nem de ninguém. Amar ao Próximo como a si Receber somente esse abraço
mesmo é, por excelência, a regra de ouro, cânon fundador Tão devagar que você me dá,
da única prática pela qual poderemos chegar a um pleno Nem gozar somente esse beijo
amor por nós próprios. Sou o primeiro e mais íntimo Tão molhado que você me dá...
Próximo de mim, e esta relação de mim para comigo Eu não queria só porque
passa, inevitavelmente, pela existência do Outro. Este é o Por tudo quanto você me fala
termo terceiro, a referência transcendente por cuja Já reparei que no seu peito
mediação passo a construir a minha auto-estima. Soluça o coração bem feito
Eis aí o modelo da paz. De você.

(PELLEGRINO, Hélio. A burrice do demônio. Rio de Janeiro: Pois então eu imaginei


Rocco, 1989. p. 94) Que junto com esse corpo magro
Moreninho que você me dá,
Texto II Com a boniteza a faceirice
A risada que você me dá
PENSAMENTO DE AMOR E me enrabicham como o que,
Bem que eu podia possuir também
Quero viver de esperança O que mora atrás do seu rosto, Rosa,
Quero tremer e sentir! O pensamento a alma o desgosto
Na tua trança cheirosa De você.
Quero sonhar e dormir.

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(ANDRADE, Mário de. Poesias completas. São Paulo / Belo Próximo de mim, e esta relação de mim para comigo
Horizonte: Martins / Itatiaia, 1980. V. 1. p. 121 ) passa, inevitavelmente, pela existência do Outro. Este é o
termo terceiro, a referência transcendente por cuja
Texto IV mediação passo a construir a minha auto-estima.
Eis aí o modelo da paz.
O AMOR E O TEMPO
(PELLEGRINO, Hélio. A burrice do demônio. Rio de Janeiro:
Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, Rocco, 1989. p. 94)
tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de
mármore, quanto mais a corações de cera ! São as afeições Texto II
como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de
durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas, PENSAMENTO DE AMOR
que partem do centro para a circunferência, que quanto
mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos Quero viver de esperança
sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor Quero tremer e sentir!
tão robusto que chegue a ser velho. De todos os Na tua trança cheirosa
instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o Quero sonhar e dormir.
tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-
lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com Álvares de Azevedo
que vê o que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que ..........................................................................
voa e foge. A razão natural de toda esta diferença é
porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhe os Todo o amor que em meu peito repousava,
defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas Como o orvalho das noites ao relento,
para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, A teu seio elevou-se, como as névoas,
quanto mais o amor ?! O mesmo amar é causa de não Que se perdem no azul do firmamento.
amar e o ter amado muito, de amar menos.
(VIEIRA, Antônio. Apud: PROENÇA FILHO, Domício. Aqui...além...mais longe, em toda a parte,
Português. Rio de Janeiro: Liceu, 1972. V5. p.43) Meu pensamento segue o passo teu.
Tu és a minha luz, - sou tua sombra,
Assinale a opção correta para a reescritura dos versos 15 e Eu sou teu lago, - se tu és meu céu.
16, do texto II, na terceira pessoa do singular, segundo a ..................................................................
norma culta.
À tarde, quando chegas à janela,
a) Que eu vos direi, mulher dos meus amores: A trança solta, onde suspira o vento,
- Amar-vos ainda é melhor do que ser Deus ! Minha alma te contempla de joelhos...
b) Que eu lhe direi, mulher dos meus amores: A teus pés vai gemer meu pensamento.
- Amá-la ainda é melhor do que ser Deus ! ..................................................................
c) Que eu a direi, mulher dos meus amores:
- Amar-lhe ainda é melhor do que ser Deus ! Oh! diz' me, diz' me, que ainda posso um dia
d) Que eu te direi, mulher dos meus amores: De teus lábios beber o mel dos céus;
- Amar-te ainda é melhor do que ser Deus ! Que eu te direi, mulher dos meus amores:
e) Que eu a direi, mulher dos meus amores: - Amar-te ainda é melhor do que ser Deus!
- Ama-a ainda é melhor do que ser Deus !
Bahia, 1865.
123) (UFF-1998) Texto I
(ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar,
OS TUMULTOS DA PAZ 1976. p. 415-6)

O amor ao próximo está longe de representar um Texto III


devaneio beato e piedoso, conto da carochinha para
enganar crianças, desavisados e inquilinos de sacristia. RONDÓ PRA VOCÊ
Trata-se de uma essencial exigência pessoal e política, sem
cujo atendimento não nos poremos a serviço, nem de nós De você, Rosa, eu não queria
mesmos, nem de ninguém. Amar ao Próximo como a si Receber somente esse abraço
mesmo é, por excelência, a regra de ouro, cânon fundador Tão devagar que você me dá,
da única prática pela qual poderemos chegar a um pleno Nem gozar somente esse beijo
amor por nós próprios. Sou o primeiro e mais íntimo Tão molhado que você me dá...

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Eu não queria só porque a) arco, olhos, tempo
Por tudo quanto você me fala b) instrumentos , setas, olhos
Já reparei que no seu peito c) arco, asas, setas
Soluça o coração bem feito d) tempo, arco, olhos
De você. e) arco , setas, olhos

Pois então eu imaginei


Que junto com esse corpo magro 124) (UFF-2001) Acompanho com assombro o que andam
Moreninho que você me dá, dizendo sobre os primeiros 500 anos do brasileiro.
Com a boniteza a faceirice Concordo com todas as opiniões emitidas e com as minhas
A risada que você me dá em primeiríssimo lugar. Tenho para mim que há dois
E me enrabicham como o que, referenciais literários para nos definir. De um lado, o
Bem que eu podia possuir também produto daquilo que Gilberto Freyre chamou de
O que mora atrás do seu rosto, Rosa, Casagrande e senzala, o homem miscigenado, potente e
O pensamento a alma o desgosto tendendo a ser feliz. De outro, o Macunaíma, herói sem
De você. nenhuma definição, ou sem nenhum caráter - como queria
o próprio Mário de Andrade.
(ANDRADE, Mário de. Poesias completas. São Paulo / Belo Fomos e seremos assim, em nossa essência, embora as
Horizonte: Martins / Itatiaia, 1980. V. 1. p. 121 ) circunstâncias mudem e nós mudemos com elas.
Retomando a imagem literária, citemos a Capitu menina -
Texto IV e teremos como sempre a intervenção soberana de
Machado de Assis.
O AMOR E O TEMPO Um rapaz da platéia me perguntou onde ficaria o homem
de Guimarães Rosa - outra coordenada que nos ajuda a
Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, definir o brasileiro. Evidente que o universo de Rosa é
tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de sobretudo verbal, mas o homem é causa e efeito do verbo.
mármore, quanto mais a corações de cera ! São as afeições Por isso mesmo, o personagem rosiano tem a ver com o
como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de homem de Gilberto Freyre e de Mário de Andrade. É um
durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas, refugo consciente da casa-grande e da senzala, o opositor
que partem do centro para a circunferência, que quanto de uma e de outra, criando a sua própria vereda mas sem
mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos esquecer o ressentimento social do qual se afastou e
sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor contra o qual procura lutar.
tão robusto que chegue a ser velho. De todos os É também macunaímico, pois sem definição catalogada na
instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o escala de valores culturais oriundos de sua formação racial.
tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota- Nem por acaso um dos personagens mais importantes do
lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com mundo de Rosa é uma mulher que se faz passar por
que vê o que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que jagunço. Ou seja, um herói - ou heroína - sem nenhum
voa e foge. A razão natural de toda esta diferença é caráter.
porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhe os Tomando Gilberto Freyre como a linha vertical e Mário de
defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas Andrade como a linha horizontal de um ângulo reto,
para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, teríamos Guimarães Rosa como a hipotenusa fechando o
quanto mais o amor ?! O mesmo amar é causa de não triângulo. A imagem geométrica pode ser forçada, mas foi
amar e o ter amado muito, de amar menos. a que me veio na hora - e acho que fui entendido.
(VIEIRA, Antônio. Apud: PROENÇA FILHO, Domício. CONY, Carlos Heitor. Folha Ilustrada, 5º Caderno, São
Português. Rio de Janeiro: Liceu, 1972. V5. p.43) Paulo, 21/04/2000, p.12.

Os pronomes relativos, sublinhados abaixo, estabelecem a Assinale a opção em que o pronome sublinhado estabelece
coesão textual, retomando substantivos anteriormente uma referência a elemento anteriormente expresso no
expressos. texto:

"Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-lhe as a) “mas foi a que me veio na hora - e acho que fui
setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com que vê entendido.”
o que não via" . b) “De um lado, o produto daquilo que Gilberto Freyre
chamou de casa-grande e senzala,”
Assinale a opção que contém os substantivos referidos, na c) “De outro, o Macunaíma, herói sem nenhuma definição,
ordem em que aparecem no fragmento acima: ou sem nenhum caráter”

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d) “Um rapaz da platéia me perguntou onde ficaria o Um dos cidadãos, em voz baixa, conspiratória, me
homem de Guimarães Rosa - outra coordenada que nos comunicou que ali (...) havia uma camisinha.
ajuda a definir o brasileiro”. c)
e) “Acompanho com assombro o que andam dizendo sobre Hoje, a camisinha aparece na televisão, é banal e inocente
os primeiros 500 anos do brasileiro.” como um par de patins, um aparelho de barba.
A camisinha, hoje, aparece na televisão, é banal e inocente
125) (UFMG-1997) Não foi há tanto tempo assim. Cheguei como um par de patins, um aparelho de barba.
à praia com minhas filhas e encontrei um aglomerado de d)
cidadãos. Eles montavam guarda num pequeno trecho da Objeto na certa infectado, trazendo na ponta de sua
areia, caras alarmadas, pior: pungidas. Não fui eu quem viu agulha o vírus da Aids, que algum viciado ali deixara...
o grupo: foi o grupo que me viu e dois de seus membros Objeto na certa infectado, trazendo na ponta de sua
vieram em minha direção, delicadamente me afastaram agulha o vírus da Aids, que viciado algum ali deixara...
das meninas e comunicaram: - "Tire depressa suas filhas
daqui!" As palavras foram duras mas o tom era ameno, 126) (UFMG-1997) A cara do médico não é boa, mas a cara
cúmplice. Quis saber por quê. Em voz baixa, conspiratória, dos médicos, do outro lado da mesa, é sempre enigmática,
um dos cidadãos me comunicou que ali na arrebentação, faz parte da consulta, da profissão e dos honorários: o jeito
boiando como uma anêmona, alga desprendida das é o paciente ficar paciente e aguardar os exames. Mas até
profundezas oceânicas, havia uma camisinha - que na os exames há os hieróglifos que ele procura decifrar. Há
época atendia pelo poético nome de "camisa de Vênus". nomes com raízes gregas e desinências latinas, ele não
O grupo de cidadãos - num tempo em que direitos e entende nada, sabe apenas que um pedaço de sua carne
deveres da cidadania ainda esperavam pela epifania de será retirado e irá para os provetas, os reagentes, o diabo.
Betinho - ali estava desde cedo, alertando pais incautos, Por falar no diabo, passa pela igreja e tem vontade de
como se a camisinha fosse uma pastilha de material entrar, acender velas, pedir qualquer coisa. Mas pedir o
nuclear, uma cápsula de césio com pérfidas e letais quê, exatamente? Mesmo assim entra na igreja. Está
emanações. escura, vazia, somente uma velha, lá na frente, deve estar
Não me lembro da reação que tive, é possível que tenha pedindo também alguma coisa. Pelo jeito, ela deve saber o
levado as meninas para outro canto, mas tenho certeza de que está pedindo - o que não é o caso dele.
que nem alarmado fiquei. Hoje, a camisinha aparece na E vem de volta a cara do médico: "Se tudo correr bem,
televisão, é banal e inocente como um par de patins, um podemos salvar a vista. Sejamos otimistas, o senhor ficará
aparelho de barba. bom!" Ali na igreja a frase é uma espécie de oração às
Domingo último, levando minhas setters à unica praia em avessas. O que significa "ficar bom"? Significa ser como
que são permitidos animais domésticos, encontrei um antes, e ele nunca fora bom. Olhar as coisas, o mar, as
grupo de cidadãos em volta de uma coisa. Não, não era crianças, a noite, a velha lá na frente.
aquele monstro marinho que Felini colocou no final de um Sim, o senhor ficará bom, mas pode haver raízes gregas e
de seus filmes. Tampouco era uma camisinha - que as declinações latinas e tudo ficará complicado. Não importa,
praias estão cheias delas, mais numerosas que as conchas agora. Está numa igreja onde se adora um Deus em que ele
e os tatuís de antigamente. O motivo daquela expressão não acredita. Mas precisa acreditar, ao menos no
de cidadania era uma seringa que as águas despejaram na laboratório. Novamente na rua, confere o endereço, entra
areia. Objeto na certa infectado, trazendo na ponta de sua em números errados, toma elevadores equivocados, desce
agulha o vírus da Aids que algum viciado ali deixara, para em andares estranhos. Até que vê a porta de vidro com o
contaminar inocentes e culpados. Daqui a dois, cinco anos, nome gravado em azul: "análises clínicas". É ali. A
espero que a Aids não mais preocupe a humanidade. Mas enfermeira começa a preparar as pinças, as placas de
os cidadãos continuarão alarmados, descobrindo novas vidro. Em breve, uma gota de seu sangue será uma pitanga
misérias na efêmera eternidade das espumas. muito vermelha pousada numa delas. A solução - não a
Carlos Heitor Cony Folha de São Paulo, p. 1-2, 09.01.1994. salvação de todos os enigmas. Brevemente, o mundo
acabará para seus olhos. E as mulheres, as crianças, o mar,
Em todas as alternativas, a mudança de ordem das os livros que gostaria de ler - tudo será a mancha tão
palavras destacadas não altera o significado básico das escura e estranha como a velha que rezava na igreja.
passagens, EXCETO em: Pela janela, vê o ônibus fazendo a curva na praça. Tem um
a) pensamento idiota: será essa a última imagem que ficará
Daqui a dois, cinco anos, espero que a Aids não mais em seus olhos? De que adiantou ter visto a fachada de
preocupe a humanidade. Santa Maria dei Fiori, as mulheres que amou? De que
Daqui a dois, cinco anos, espero que a Aids não preocupe adiantou...? O pagamento é adiantado. Seu nome no
mais a humanidade. cheque o surpreende: não é mais ele.
b) Carlos Heitor Cony Folha de São Paulo, p. 1-2, 28.01.1994
Em voz baixa, conspiratória, um dos cidadãos me
comunicou que ali (...) havia uma camisinha.

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Em todas as alternativas, a palavra destacada está (04) a- A pessoa de quem o diretor falou está aqui para a
corretamente interpretada, EXCETO em: entrevista.
a) E as mulheres, as crianças, o mar, os livros que gostaria b- Deixe essas questões para ser resolvidas quando você
de ler - tudo será a mancha tão escura e estranha como a vier aqui.
velha que rezava na igreja. (que = os livros) (08) a- O documento foi refeito cujo o anterior
b) Está numa igreja onde se adora um Deus em que ele apresentava problemas.
não acredita. (que = Deus) b- Essas recomendações só valem se você manter os dois
c) Mas até os exames há os hieróglifos que ele procura empregos.
decifrar. (que = os hieróglifos) (16) a- Como taxa adicional de inscrição será cobrado R$
d) Pelo jeito, ela deve saber o que está pedindo - o que 2,00 (dois) reais.
não é o caso dele. (que = ela) b- Se ele não teve que fazer o serviço é porque existe
outras pessoas que fizeram-no por ele.
127) (UFPA-1997) "Concordei, para dizer alguma coisa, (32) a- Concordo com o autor onde ele fala que todos os
para sair da espécie de sono magnético, ou o que quer que pontos devem ser considerados.
era que me tolhia a língua e os sentidos. Queria e não b- Eu faria o serviço se houvessem condições adequadas
queria acabar a conversação: fazia esforço para arredar os para realizá-lo.
olhos dela, e arredava-os por um sentimento de respeito;
mas a idéia de parecer que era aborrecimento, quando Marque como resposta a soma dos itens corretos.
não era, levava-me os olhos outra vez para Conceição. A
conversa ia morrendo. Na rua, o silêncio era completo."
(Missa do Galo - Machado de Assis) 130) (UFRJ-1996) CARTÃO DE NATAL
1.
Pois que reinaugurando essa criança
Em "... levava-me os olhos outra vez para Conceição." a pensam os homens
função sintática de me é: reinaugurar a sua vida
a) objeto direto. e começar caderno novo,
b) adjunto adverbial. fresco como o pão do dia;
c) objeto indireto. pois que nestes dias a aventura
d) adjunto adnominal. parece em ponto de vôo, e parece
e) agente da passiva. que vão enfim poder
explodir suas sementes:

128) (UFPR-2002) Considerando os provérbios abaixo, 2.


assinale a(s) alternativa(s) em que os termos destacados que desta vez não perca esse caderno
são pronomes relativos, ou seja, que retomam um termo sua atração núbil para o dente;
antecedente. que o entusiasmo conserve vivas
( ) É de pequenino que se torce o pepino. suas molas,
( ) A vingança é um prato que se serve frio. e possa enfim o ferro
( ) Mais vale um pássaro na mão do que dois voando. comer a ferrugem,
( ) Isso é do tempo em que se amarrava cachorro com o sim comer o não.
lingüiça. (MELO NETO, João Cabral de. MUSEU DE TUDO. Rio de
( ) Ele(a) não é flor que se cheire. Janeiro: Livraria José Olympio, 1975.)

O pronome demonstrativo "essa" pode ter, dentre outras,


129) (UFPR-1998) Em que alternativa(s) as duas sentenças as seguintes funções:
estão de acordo com a norma culta quanto à - indicar a localização no espaço em relação à segunda
concordância, regência ou flexão verbal? pessoa do discurso (perto da pessoa com quem se fala / a
quem se escreve);
(01) a- Se houvesse, à disposição dos usuários, formulários - lembrar ao ouvinte ou ao leitor algo já mencionado.
suficientes, eles poderiam inscrever-se hoje.
b- É importante você vir aqui para verificar as condições do Após reler o início do poema de João Cabral, responda:
prédio. a) A qual dos empregos anteriormente descritos
(02) a- O sorteio foi suspenso porque houveram muitas corresponde o uso do pronome demonstrativo no primeiro
reclamações no Procon. verso?
b- Para avaliação final do curso será solicitado trabalhos b) Justifique a resposta do item anterior e retire do poema
referentes a cada uma de suas unidades. o dado que a comprova.

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131) (UFRJ-2003) Balada do amor através das idades Será prazer essa exigência cega
Eu te gosto, você me gosta a latejar na mente o tempo todo?
desde tempos imemoriais. Então por quê?
Eu era grego, você troiana, E neste exato instante
troiana mas não Helena. você por fim entende, e refestela-se
Saí do cavalo de pau a valer nessa poltrona, a mais cômoda
para matar seu irmão. da casa, e pensa sem rancor:
Matei, brigamos, morremos. Perdi o dia, mas ganhei o mundo.
(...) (Mesmo que seja por trinta segundos.)
Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo, (BRITO, Paulo Henriques. As três epifanias - III. In: BRITO, P.
tenho dinheiro no banco. H. Macau. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 72-
Você é uma loura notável, 73)
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto. Um pronome, para assumir valor indeterminado, não deve
Mas depois de mil peripécias, estar associado apenas a um interlocutor específico, mas
eu, herói da Paramount, também a outros interlocutores, depreensíveis do
te abraço, beijo e casamos. contexto.
(DRUMOND, Carlos. Alguma poesia, 1930) Considerando a afirmativa acima, explique o valor
indeterminado da forma você no texto II e justifique seu
A norma culta não prevê o emprego dos pronomes tal emprego para a construção do sentido do texto.
como aparecem no Texto. Levando em consideração a
proposta de linguagem do movimento literário em que o
poema se insere, justifique o uso dos pronomes no 134) (UFSC-2007)
primeiro verso.
TEXTO 4
132) (UFRJ-2003) Passou pela sala, sem parar avisou ao
marido: vamos sair! e bateu a porta do apartamento.
1 “Capitu deu-me as costas, voltando-se para o
Antônio mal teve tempo de levantar os olhos do livro - e
espelhinho. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos e
com surpresa espiava a sala já vazia. Catarina! Chamou,
entrei a alisá-los com o pente, desde a testa até as
mas já se ouvia o ruído do elevador descendo. Aonde
últimas pontas, que lhe desciam à cintura. Em pé não
foram? perguntou-se inquieto, tossindo e assoando o
5 dava jeito: não esquecestes que ela era um nadinha
nariz. Porque sábado era seu, mas ele queria que sua
mais alta que eu, mas ainda que fosse da mesma
mulher e seu filho estivessem em casa enquanto ele
altura. Pedi-lhe que se sentasse”.
tomava o seu sábado. Catarina! chamou aborrecido
[...]
embora soubesse que ela não poderia mais ouvi-lo.
“Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas
Levantou-se, foi à janela e um segundo depois enxergou
10 me fez esquecer a primeira amada do meu coração?
sua mulher e seu filho na calçada.
[...]
(LISPECTOR, Clarice. Laços de Família. In: -. Laços de
E bem, qualquer que seja a solução, uma
Família, 1960)
coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos,
a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior
Do Texto, descreva dois mecanismos lingüísticos que
amigo, tão extremosos ambos e tão queridos
sirvam para caracterizar o comportamento do marido.
também, quis o destino que acabassem juntando-se e
enganando-me... A terra lhes seja leve!”
133) (UFRJ-2006) TEXTO II: De manhã
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: FTD,
O hábito de estar aqui agora
1991, p. 65, 208 e 209.
aos poucos substitui a compulsão
de ser o tempo todo alguém ou algo.
Um belo dia - por algum motivo A respeito do TEXTO 4 e da obra Dom Casmurro, assinale
é sempre dia claro nesses casos - a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
você abre a janela, ou abre um pote
de pêssegos em calda, ou mesmo um livro 01. Em “Peguei-lhe dos cabelos...” (linhas 1-3), “...que lhe
que nunca há de ser lido até o fim desciam” (linha 3) e “Pedi-lhe que se sentasse” (linhas 4-5),
e então a idéia irrompe, clara e nítida: a palavra destacada, embora sendo um pronome pessoal
É necessário? Não. Será possível? oblíquo, tem valor possessivo.
De modo algum. Ao menos dá prazer?

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02. Os pronomes destacados em “Capitu deu-me as (...)
costas” (linha 1), “voltando-se para o es-pelhinho” (linha 1) Quando parou o estrondo da festa e cessou o canto dos
e “... que se sentasse” (linhas 4-5) são todos reflexivos, guerreiros, avançou Camacã, o grande chefe dos araguaias.
pois o mesmo indivíduo ao mesmo tempo que exerce a (...)
ação expressa pelo verbo, recebe os efeitos dessa ação. Assim falou o ancião:
04. Em “Em pé não dava jeito” (linha 3), a elipse do sujeito - Ubirajara, senhor da lança, é tempo de empunhares o
nos remete a Capitu, que não conseguia pentear seus grande arco da nação araguaia, que deve estar na mão do
cabelos sem o auxílio do narrador. mais possante. Camacã o conquistou no dia em que
08. Dom Casmurro é um romance com fortes tendências escolheu por esposa Jaçanã, a virgem dos olhos de fogo,
realistas, em que Machado exercita com maestria os em cujo seio te gerou seu primeiro sangue. Ainda hoje,
longos textos descritivos e explicativos, prolongando a apesar da velhice que lhe mirrou o corpo, nenhum
história e protelando o desfecho. guerreiro ousaria disputar o grande arco ao velho chefe,
16. A narrativa gira em torno do triângulo Bentinho, Capitu que não sofresse logo o castigo de sua audácia. Mas Tupã
e Escobar. Bentinho é o narrador que está vivo e relatando ordena que o ancião se curve para a terra, até desabar
o triste desfecho da história de sua vida, cujos pilares como o tronco carcomido; e que o mancebo se eleve para
foram Capitu e Escobar, que já estão mortos. o céu como a árvore altaneira. Camacã revive em ti; a
32. Bentinho tem certeza de que foi traído, e o romance glória de ser o maior guerreiro cresce com a glória de ter
oferece pistas para sua comprovação, como, por exemplo, gerado um guerreiro ainda maior do que ele.
a semelhança de Ezequiel com Escobar e uma carta (ALENCAR, José de. Ubirajara. 8. ed. São Paulo: Ática, 1984,
reveladora deixada por Capitu. p. 31-2.)
64. Com a frase “A terra lhes seja leve!” (linha 13),
Bentinho revela acreditar que os dois possíveis amantes Vocabulário:
não merecem punição. - pocema: canto selvagem, clamor.

135) (UFSCar-2001) No texto de Alencar, registra-se o discurso do índio.


a) Na fala do chefe Camacã, vê-se que ele se projeta numa
terceira pessoa, como se falasse de um outro. Reescreva o
trecho destacado em negrito no texto, passando-o para a
primeira pessoa.
b) Atualmente, nota-se cada vez mais um emprego
reduzido do pronome “cujo”. Que forma gramatical tem
(QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1999, substituído esse pronome? Reescreva o trecho “a virgem
p. 264.) dos olhos de fogo, em cujo seio te gerou seu primeiro
sangue”, substituindo “cujo” por essa forma gramatical.
Para que um ato de comunicação obtenha sucesso, é
muito importante que haja um conhecimento comum, 137) (UFSCar-2000) Tu amarás outras mulheres
partilhado entre as pessoas. A graça nos quadrinhos E tu me esquecerás!
apresentados reside no fato de haver informações não É tão cruel, mas é a vida. E no entretanto
partilhadas entre as personagens. Alguma coisa em ti pertence-me!
a) Considerando todas as informações da história, explicite Em mim alguma coisa és tu.
o que a personagem Susanita quis dizer, com sua frase no O lado espiritual do nosso amor
quarto quadrinho, e o que a personagem Manolito Nos marcou para sempre.
entendeu. Oh, vem em pensamento nos meus braços!
b) Percebe-se, no quarto quadrinho, uma oscilação no Que eu te afeiçoe e acaricie...
emprego de pessoas gramaticais. Reescreva a frase da (Manuel Bandeira: A Vigília de Hero. In: O Ritmo Dissoluto.
personagem, utilizando uma única pessoa gramatical. Poesia Completa e Prosa.2ª ed. Rio de Janeiro: José
Aguilar, 1967, p. 224.)
136) (UFSCar-2001) O trocano ribombou, derramando
longe pela amplidão dos vales e pelos ecos das montanhas Manuel Bandeira usa, no poema, os pronomes pessoais
a pocema do triunfo. com muitas variações. O pronome pessoal de primeira
Os tacapes, vibrados pela mão pujante dos guerreiros, pessoa do singular, por exemplo, está empregado na sua
bateram nos largos escudos retinindo. Mas a voz possante forma reta e nas formas oblíquas (eu, me, mim). O mesmo
da multidão dos guerreiros cobriu o imenso rumor, acontece com o pronome pessoal de
clamando: a) segunda pessoa do singular.
- Tu és Ubirajara, o senhor da lança, o vencedor de Pojucã, b) terceira pessoa do singular.
o maior guerreiro da nação tocantim. c) primeira pessoa do plural.
d) segunda pessoa do plural.

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e) terceira pessoa do plural. b) No verso “Que trocou ele por um defunto fresco”, o
referente do pronome é facilmente identificável. Contudo,
138) (UFSCar-2000) Tu amarás outras mulheres nota-se que o emprego do pronome foge à norma padrão.
E tu me esquecerás! Reescreva o verso segundo as convenções da linguagem
É tão cruel, mas é a vida. E no entretanto culta.
Alguma coisa em ti pertence-me!
Em mim alguma coisa és tu. 140) (UFSCar-2003) Para responder à questão abaixo, leia
O lado espiritual do nosso amor o trecho extraído de Gabriela, cravo e canela, obra de
Nos marcou para sempre. Jorge Amado.
Oh, vem em pensamento nos meus braços!
Que eu te afeiçoe e acaricie... O marinheiro sueco, um loiro de quase dois metros, entrou
(Manuel Bandeira: A Vigília de Hero. In: O Ritmo Dissoluto. no bar, soltou um bafo pesado de álcool na cara de Nacib e
Poesia Completa e Prosa.2ª ed. Rio de Janeiro: José apontou com o dedo as garrafas de “Cana de Ilhéus”. Um
Aguilar, 1967, p. 224.) olhar suplicante, umas palavras em língua impossível. Já
cumprira Nacib, na véspera, seu dever de cidadão, servira
Se usasse a forma de tratamento você para designar a cachaça de graça aos marinheiros. Passou o dedo indicador
segunda pessoa, Manuel Bandeira deveria mudar a flexão no polegar, a perguntar pelo dinheiro. Vasculhou os bolsos
de alguns verbos. Esses verbos seriam, sem exceção, os o loiro sueco, nem sinal de dinheiro. Mas descobriu um
seguintes: broche engraçado, uma sereia dourada. No balcão colocou
a) Amar, ser (3º verso), marcar, afeiçoar. a nórdica mãe-d’água, Yemanjá de Estocolmo. Os olhos do
b) Amar, esquecer, ser (5º verso), vir. árabe fitavam Gabriela a dobrar a esquina por detrás da
c) Ser (3º verso), pertencer, marcar, acariciar. Igreja. Mirou a sereia, seu rabo de peixe. Assim era a anca
d) Ser (3º verso), pertencer, afeiçoar, acariciar. de Gabriela. Mulher tão de fogo no mundo não havia, com
e) Amar, pertencer, vir, afeiçoar, acariciar. aquele calor, aquela ternura, aqueles suspiros, aquele
langor. Quanto mais dormia com ela, mais tinha vontade.
Parecia feita de canto e dança, de sol e luar, era de cravo e
139) (UFSCar-2002) Romance de uma Caveira canela. Nunca mais lhe dera um presente, uma tolice de
(Alvarenga e Ranchinho) feira. Tomou da garrafa de cachaça, encheu um copo
grosso de vidro, o marinheiro suspendeu o braço, saudou
Eram duas caveiras que se amavam em sueco, emborcou em dois tragos, cuspiu. Nacib
E à meia-noite se encontravam guardou no bolso a sereia dourada, sorrindo. Gabriela riria
Pelo cemitério os dois passeavam contente, diria a gemer: “precisava não, moço bonito ...”
E juras de amor então trocavam. E aqui termina a história de Nacib e Gabriela, quando
Sentados os dois em riba da lousa fria renasce a chama do amor de uma brasa dormida nas
A caveira apaixonada assim dizia cinzas do peito.
Que pelo caveiro de amor morria
E ele de amores por ela vivia. A oração Vasculhou os bolsos o loiro sueco, com a
(...) substituição do complemento verbal por um pronome
Mas um dia chegou de pé junto oblíquo, equivale a
Um cadáver, um vudu, um defunto. a) Vasculhou-o os bolsos.
E a caveira por ele se apaixonou b) Vasculhou-se o loiro sueco.
E o caveiro antigo abandonou. c) Vasculhou-lhe os bolsos.
O caveiro tomou uma bebedeira d) Vasculhou-lhes o loiro sueco.
E matou-se de um modo romanesco e) Vasculhou-os o loiro sueco.
Por causa dessa ingrata caveira
Que trocou ele por um defunto fresco. 141) (UFSCar-2003) A questão seguinte baseia-se nos
textos a seguir.
O emprego de pronomes, além de garantir a coesão
textual, pois organiza as informações, permite que se Iracema, de José de Alencar.
entendam as referências, o que é um auxílio na Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha
compreensão do texto. embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na
face do desconhecido.
a) Explique a diferença de uso do pronome “se” em cada De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da
um dos versos: espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na
“Eram duas caveiras que se amavam” religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e
“E matou-se de um modo romanesco” amor. Sofreu mais d’alma que da ferida.
(...)

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A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e facilitar - é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos
compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo.
quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desconhecido, Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de
guardando consigo a ponta farpada. coisa nenhuma! Porque existe dor. E a vida do homem está
O guerreiro falou: presa encantoada - erra rumo, dá em aleijões como esses,
- Quebras comigo a flecha da paz? dos meninos sem pernas e braços. (...)
- Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus
irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram (Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas.)
outro guerreiro como tu? Normalmente, na construção de um texto, é comum um
- Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras pronome recuperar um elemento anterior, como em
que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus. “Fome Zero, abrace essa causa!” No trecho de Guimarães
- Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras, Rosa, há uma situação oposta, em que o elemento
senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai de recuperado aparece depois do pronome.
Iracema. a) Identifique essa situação.
b) Construa uma outra frase que repita esse tipo de
Rosinha, minha canoa, de José Mauro de Vasconcelos. situação.
Achava-se contente da vida, pescando e salgando o seu
peixinho, quando a canoa do índio atracou na praia. 143) (UFSCar-2005) AUTO-ESTIMA
- Que é que foi Andedura? “Fiz a cirurgia com 16 anos. Não fiz pelas outras pessoas,
Andedura sungou a canoa na areia. fiz para me olhar no espelho e me sentir bem (...) Eu sinto
- Zé Orocó, tem lá um home. Diz que é dotô. Quando dá fé como se o meu corpo tivesse absorvido o silicone, como se
é mesmo, purque ele tem uma mala cheia de ropa e outra o peito fosse meu mesmo. E é: meu pai pagou e ele é
cheia de munto remédio. meu.” C. S., 17, sobre cirurgia plástica que fez nos seios,
- E que é que ele quer comigo? ontem na Folha.
- Sei não. (...) Tu vai? (Folha de S.Paulo, 03.08.2004.)
O coração de Zé Orocó fez um troque-troque meio
agoniado. Franziu a testa, tentando vencer, afastar um Refletindo sobre o emprego dos pronomes possessivos em
mau pressentimento. português, responda:
- Como é que é o homem? a) Como, no texto, pode ser definido o sentido de posse
Grandão, meio laranjo no cabelo. Forte, sempre mudando presente na expressão como se o peito fosse meu mesmo?
a camisa pur causa do calô. Se tira a camisa, num güenta b) E como pode ser definido o sentido de posse na
“mororã” purque tem pele branquinha, branquinha. Peitão expressão E é: meu pai pagou e ele é meu?
meio gordo, ansim que nem ocê, cheio de sucusiri. Quano
chegô, tinha barriga meio grande, mais parece que num 144) (UFSCar-2005) Não permita Deus que eu morra
gosta munto de cumida da gente; tá ficano inxuto. Eu Sem que ainda vote em você;
pensei que ele fosse irmão daquele padre Gregoro, que Sem que, Rosa amigo, toda Quinta-feira que Deus dê,
pangalô aqui pelo Araguaia já vai pra uns cinco ano ... Tome chá na Academia
Feito o retrato o índio descansou ... Ao lado de vosmecê,
Rosa dos seus e dos outros,
Os textos mostram possibilidades de expressão dentro de Rosa da gente e do mundo,
uma mesma língua: os recursos lingüísticos de Alencar não Rosa de intensa poesia
são, na sua totalidade, os mesmos empregados por De fino olor sem segundo;
Vasconcelos. Rosa do Rio e da Rua,
a) Observando a fala de Iracema e Andedura, percebe-se Rosa do sertão profundo
que ambos utilizam a 2ª pessoa do singular para se (Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira.)
referirem ao seu interlocutor. Em que os usos de ambos se
diferenciam? Reescreva uma frase de cada uma dessas Observe os versos: Tome chá na Academia / Ao lado de
personagens, empregando o registro de 3ª pessoa do vosmecê,
singular. a) De que Academia se trata?
b) Como se pode explicar a formação das expressões b) Vosmecê é uma variante de que pronome? Dê alguma
laranjo e chegô, presentes na fala de Andedura? outra variante desse mesmo pronome, de uso comum na
língua falada do Brasil.
142) (UFSCar-2004) (...) Como não ter Deus?! Com Deus
existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é 145) (UFSCar-2007) O sertanejo falando
possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de A fala a nível do sertanejo engana:
a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto as palavras dele vêm, como rebuçadas
perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo (palavras confeito, pílula), na glace

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de uma entonação lisa, de adocicada. esquecia-se dos seus primitivos sonhos de ambição; para
Enquanto que sob ela, dura e endurece idealizar felicidades novas, picantes e violentas; tornava-se
o caroço de pedra, a amêndoa pétrea, liberal, imprevidente e franco, mais amigo de gastar que
dessa árvore pedrenta (o sertanejo) de guardar; adquiria desejos, tomava gosto aos prazeres, e
incapaz de não se expressar em pedra. volvia-se preguiçoso resignando-se, vencido, às imposições
Daí porque o sertanejo fala pouco: do sol e do calor, muralha de fogo com que o espírito
as palavras de pedra ulceram a boca eternamente revoltado do último tamoio entrincheirou a
e no idioma pedra se fala doloroso; pátria contra os conquistadores aventureiros.
o natural desse idioma fala à força. (Aluísio Azevedo, O cortiço. Texto editado)
Daí também porque ele fala devagar:
tem de pegar as palavras com cuidado, Para responder à questão , atenha-se à seguinte passagem
confeitá-las na língua, rebuçá-las; do texto:
pois toma tempo todo esse trabalho. .... dia a dia a sua influência se foi sentindo.
(João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra. Assinale a alternativa em que o pronome destacado tem
Nova Fronteira, 1996, p. 16.) sentido de possessivo, como o pronome – sua –
empregado nessa passagem.
Esse poema consta na primeira parte de A educação pela a) Volvia-se preguiçoso, resignando-se, vencido, às
pedra, considerada pelo autor sua obra máxima. Depois de imposições do sol.
uma leitura atenta, responda. b) E ali, naquela estreita salinha, sossegada e humilde.
a) Qual o contraste entre a busca da palavra e o resultado c) A vida americana e a natureza do Brasil patenteavam-lhe
de sua execução na boca do sertanejo? agora aspectos imprevisíveis.
b) A que se refere, no texto, a palavra ela, no primeiro d) Uma transformação operava-se nele, dia a dia.
verso da segunda estrofe? Justifique sua resposta. e) Operava-se nele, dia a dia, reviscerando-lhe o corpo.

146) (UFTM-2007) [Jerônimo] Tomou conta da direção de 147) (UFU-2006) Tenho desprezo por gente que se orgulha
todo o serviço, e em boa hora o fez, porque dia a dia a sua da própria raça. Nem tanto pelo orgulho, sentimento
influência se foi sentindo no progresso do trabalho. Com o menos nobre, porém inerente à natureza humana, mas
seu exemplo os companheiros tornavam-se igualmente pela estupidez. Que mérito pessoal um pobre de espírito
sérios e zelosos. Ele não admitia relaxamentos, nem podia pode pleitear por haver nascido branco, negro ou amarelo,
consentir que um preguiçoso se demorasse ali tomando o de olhos azuis ou lilases?
lugar de quem precisava ganhar o pão. Tradicionalmente, o conceito popular de raça está ligado a
Acordava todos os dias às quatro horas da manhã, fazia características externas do corpo humano, como cor da
antes dos outros a sua lavagem à bica do pátio, socava-se pele, formato dos olhos e as curvas que o cabelo faz ou
depois com uma boa palangana de caldo de unto, deixa de fazer. Existe visão mais subjetiva?
acompanhada de um pão de quatro; e, em mangas de Na Alemanha nazista, bastava ter a pele morena para o
camisa de riscado, a cabeça ao vento, os grossos pés sem cidadão ser considerado de uma raça inferior à dos que se
meias metidos em um formidável par de chinelos de couro proclamavam arianos. Nos Estados Unidos, são
cru, seguia para a pedreira. classificadas como negras pessoas que no Brasil
A sua picareta era para os companheiros o toque de consideramos brancas; lá, os mineiros de Governador
reunir. Aquela ferramenta movida por um pulso de Valadares são rotulados de hispânicos. Conheci um
Hércules valia bem os clarins de um regimento tocando cientista português que se orgulhava de descender
alvorada. diretamente dos godos!
Jerônimo só voltava a casa ao descair da tarde, morto de Há cerca de 100 mil anos, seres humanos de anatomia
fome e de fadiga. A mulher preparava-lhe sempre para o semelhante à da mulher e à do homem moderno
jantar alguma das comidas da terra deles. E ali, naquela migraram da África, berço de nossa espécie, para os quatro
estreita salinha, sossegada e humilde, gozavam os dois, ao cantos do mundo. Tais ondas migratórias criaram forte
lado um do outro, a paz feliz dos simples, o voluptuoso pressão seletiva sobre nossos ancestrais. Não é difícil
prazer do descanso após um imaginar as agruras de uma família habituada ao sol da
dia inteiro de canseiras ao sol. savana etíope, obrigada a adaptar-se à escuridão do
Passaram-se semanas. Uma transformação, lenta e inverno russo; ou as dificuldades de adaptação de pessoas
profunda, operava-se nele, dia a dia, hora a hora, acostumadas a dietas vegetarianas ao migrar para regiões
reviscerando-lhe o corpo e alando-lhe os sentidos, num congeladas.
trabalho misterioso e surdo de crisálida. A sua energia Apesar de primatas aventureiros, éramos muito mais
afrouxava lentamente: fazia-se contemplativo e amoroso. apegados à terra natal nessa época em que as viagens
A vida americana e a natureza do Brasil patenteavam-lhe precisavam ser feitas a pé; a maioria de nossos
agora aspectos imprevistos e sedutores que o comoviam; antepassados passava a existência no raio de alguns

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quilômetros ao redor da aldeia natal. Como descendemos adquirir aparências diversas. Nos transplantes de órgãos,
de um pequeno grupo de hominídeos africanos e o ninguém é louco de escolher um doador apenas por ser
isolamento favorece o acúmulo de semelhanças genéticas, fisicamente parecido ou por ter cabelo crespo como o do
traços externos como a cor da pele, dos olhos e dos receptor.
cabelos tornaram-se característicos de determinadas Excluídos os gêmeos univitelinos, entre os 6 bilhões de
populações. seres humanos não existem dois indivíduos geneticamente
Mas seria possível estabelecer critérios genéticos mais idênticos. Dos 30 mil genes que formam nosso genoma, os
objetivos para definir o que chamamos de raça? Em outras responsáveis pela cor da pele e pelo formato do rosto não
palavras: além dessa meia dúzia de aspectos identificáveis passam de algumas dezenas.
externamente, o que diferenciaria um negro de um branco Como as combinações de genes maternos e paternos
ou de um asiático? admitem infinitas alternativas, teoricamente pode haver
Para determinar o grau de parentesco entre dois mais identidade genética entre dois estranhos do que
indivíduos, os geneticistas modernos fazem comparações entre primos consangüíneos; entre um negro brasileiro e
entre certos genes contidos no DNA de cada um. um branco argentino, do que entre dois negros sul-
Lembrando que os genes nada mais são do que pequenos africanos ou dois brancos noruegueses.
fragmentos da molécula de DNA, a tecnologia atual Dráuzio Varela. Folha de S. Paulo, 1º de abril de 2006.
permite que semelhanças e disparidades porventura
existentes entre dois genes sejam detectadas com
precisão. Assinale a ÚNICA alternativa em que o termo em destaque
Tecnicamente, essas diferenças recebem o nome de NÃO foi identificado adequadamente.
polimorfismos. É na análise desses polimorfismos que se a) “Através da comparação, conseguiram dividi-los em
baseia o teste de DNA para exclusão de paternidade, por cinco grupos étnicos...” (linhas 42-43) = 52 grupos de
exemplo. habitantes
Na Universidade de Stanford, Noah Rosemberg e Jonathan b) “Tecnicamente, essas diferenças recebem o nome de
Pritchard testaram 375 polimorfismos genéticos em 52 polimorfismos.” (linha 37) = disparidades
grupos de habitantes da Ásia, África, Europa e das c) “Para determinar o grau de parentesco entre dois
Américas. Através da comparação, conseguiram dividilos indivíduos, os geneticistas modernos fazem comparações
em cinco grupos étnicos cujos ancestrais estiveram entre certos genes contidos no DNA de cada um.” (linhas
isolados por barreiras geográficas, como desertos 32-34) = indivíduo
extensos, montanhas intransponíveis ou oceanos: os d) “Essas características sofreram forte influência do
africanos da região abaixo do deserto do Saara, os processo de seleção natural que, no decorrer da evolução
asiáticos do leste, os europeus e asiáticos que vivem a de nossa espécie, eliminou os menos aptos.” (linhas 59-61)
oeste dos Himalaias, os habitantes da Nova Guiné e = genes
Melanésia e os indígenas das Américas.
No entanto, quando os autores tentaram atribuir
identidade genética aos habitantes do sul da Índia, 148) (Unicamp-1994) Leia atentamente os textos a seguir:
verificaram que seus traços eram comuns a europeus e a I. Estes são alguns dos equipamentos que a reserva
asiáticos, observação consistente com a influência exercida de mercado não permitia a entrada no país sem a
por esses povos naquela área do país. autorização do DEPIN.
A conclusão é que só é possível identificar grupos de (FSP, 18.10.92 )
indivíduos com semelhanças genéticas ligadas a suas II. Fazer pesquisa insinuando que 64% dos brasileiros
origens geográficas quando descendem de populações acham que existe corrupção no governo Itamar não é um
isoladas por barreiras que impediram a miscigenação. ato inteligente de um jornal de que todos gostamos e que
Mas o conceito popular de raça está distante da é dever de nós brasileiros lutar pela conservação de sua
complexidade das análises de polimorfismos genéticos: isenção".
para o povo, raça é questão de cor da pele, tipo de cabelo (Adaptado de Ewerton Almeida, vice-líder do PMDB da
e traços fisionômicos. Bahia, Painel do Leitor, FSP 08.06.93)
Nada mais primário!
Essas características sofreram forte influência do processo Reescreva os trechos acima, introduzindo as seqüências
de seleção natural que, no decorrer da evolução de nossa "cuja entrada" e "cuja isenção", respectivamente. (faça
espécie, eliminou os menos aptos. Pessoas com mesma cor apenas as alterações necessárias, decorrentes da nova
de pele podem apresentar profundas divergências estrutura das frases.)
genéticas, como é o caso de um negro brasileiro
comparado com um aborígene australiano ou com um 149) (Unicamp-2003) O Partido X dedica-se a essa
árabe de pele escura. atividade mais do que nunca. Ocorre que ainda está longe
Ao contrário, indivíduos semelhantes geneticamente, do desejado, seja por falta de vontade, de vocação ou de
quando submetidos a forças seletivas distintas, podem incapacidade do partido. Entre outras razões, é por esse

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motivo que o dólar sobe. (Fernando Rodrigues, Folha de S. uma visão de alteridade, isto é, ver o outro como um outro,
Paulo, 25/09/2002 - parcialmente adaptado) e não como um estranho. Afinal, quem são os outros de
a) Na primeira oração ocorre uma palavra (um pronome) nós mesmos? O mesmo que somos para os outros, ou seja,
que permite concluir que o trecho acima não é o início do outros!
texto de Fernando Rodrigues. Qual é a palavra e por que (Mario Sergio Cortella, Folha de S.Paulo, 9 de outubro de
sua ocorrência permite tal conclusão? 2003).
b) O final da seqüência “seja por falta de vontade, de
vocação ou de incapacidade...” apresenta um problema de O texto acima nos faz pensar na distinção entre um ‘nós’
coerência, que pode ser eliminado de duas maneiras. inclusivo e um ‘nós’ excludente.
Quais são essas duas maneiras? a) Segundo o excerto, ‘nosotros’ apresenta um sentido
c) Destaque uma passagem que indica que o texto é inclusivo. Justifique pela morfologia dessa palavra.
pessimista (ou crítico) em relação ao Partido. b) “Nós brasileiros falamos português” apresenta um ‘nós’
excludente. Explique.
150) (Unicamp-2002) Leia o seguinte soneto de Camões:

Oh! Como se me alonga, de ano em ano, 152) (UNICAMP-2007) Em 7 de agosto de 2006, foi
a peregrinação cansada minha. publicada, no jornal Correio Popular de Campinas, a
Como se encurta, e como ao fim caminha seguinte carta:
este meu breve e vão discurso humano. Li reportagem no jornal e me surpreendi, pois moro
próximo ao local de infestação de carrapatos-estrela no
Vai-se gastando a idade e cresce o dano; Jardim Eulina, e sei que existem muitas capivaras, mesmo
perde-se-me um remédio, que inda tinha. dentro da área militar. Surpreendi-me ainda ao saber que
Se por experiência se adivinha, vão esperar o laudo daqui a 15 dias para saber por que ou
qualquer grande esperança é grande engano. do que as pessoas morreram. Gente, saúde pública é coisa
séria! Não seria o caso de remanejar esses bichos
Corro após este bem que não se alcança; imediatamente, como prevenção, uma vez que estão em
no meio do caminho me falece, zona urbana? (Carrapatos, M., M.).
mil vezes caio, e perco a confiança. a) Na carta acima, a que se refere a expressão “esses
bichos”? Justifique.
Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança, b) A compreensão da carta pode ser dificultada porque há
se os olhos ergo a ver se inda parece, nela vários implícitos. Aponte duas passagens do texto em
da vista se me perde e da esperança. que isso ocorre e explique.
c) Que palavra da carta justifica a referência a “saúde
a) Na primeira estrofe, há uma contraposição expressa pública”?
pelos verbos alongar e encurtar. A qual deles está
associado o cansaço da vida e qual deles se associa à
proximidade da morte? 153) (Unifesp-2003) A questão a seguir baseia-se em duas
b) Por que se pode afirmar que existe também uma tirinhas de quadrinhos, de Maurício de Sousa (1935-), e na
contraposição no interior do primeiro verso da segunda “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias (1823-1864).
estrofe?
c) A que termo se refere o pronome “ele” da última
estrofe?

151) (Unicamp-2005) Mario Sergio Cortella, em sua coluna


mensal “Outras Idéias” escreve:

(...) reconheça-se: a maior contribuição de Colombo não foi


ter colocado um ovo em pé ou ter aportado por aqui depois
de singrar mares nunca dantes navegados. Colombo
precisa ser lembrado como a pessoa que permitiu a nós,
falantes do inglês, do francês ou do português, que
tivéssemos contato com uma língua que, do México até o
extremo sul da América, é capaz de nos ensinar a dizer
“nosotros” em vez de apenas “we”, “nous”, “nós”,
afastando a arrogante postura do “nós” de um lado e do
“vocês” do outro. Pode parecer pouco, mas “nós’ é quase
barreira que separa, enquanto “nosotros” exige perceber

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e) conector de oração adverbial de lugar em relação a
minha terra e conector de oração adjetiva em relação a
cada um.

154) (Unifesp-2003) A questão a seguir toma por base a


primeira estrofe de “O menino da porteira”, de Teddy
Vieira (1922-1965) e Luís Raimundo (1916-), o Luisinho, e a
letra de “Meu bem-querer”, de Djavan (1949-).

O Menino da Porteira
Canção do Exílio Toda a vez que eu viajava
(...) Pela estrada de Ouro Fino,
Minha terra tem palmeiras, De longe eu avistava
Onde canta o Sabiá; A figura de um menino,
Que corria abri[r] a porteira
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá. Depois vinha me pedindo:
- Toque o berrante, seu moço,
Nosso céu tem mais estrelas, Que é p’ra mim ficá[ar] ouvindo.
Nossas várzeas têm mais flores, ...............................................
Nossos bosques têm mais vida, (Luisinho, Limeira e Zezinha, 1955)
Nossa vida mais amores.
Meu bem querer
Em cismar, sozinho, à noite, Meu bem-querer
É segredo, é sagrado,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras, Está sacramentado
Onde canta o Sabiá. Em meu coração.
Meu bem-querer
Minha terra tem primores, Tem um quê de pecado
Acariciado pela emoção.
Que tais não encontro eu cá;
Meu bem-querer, meu encanto,
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá; Tô sofrendo tanto, amor.

Minha terra tem palmeiras, E o que é o sofrer


Onde canta o Sabiá. Para mim, que estou
Não permita Deus que eu morra, Jurado p’ra morrer de amor?
Sem que eu volte para lá; (Djavan. Alumbramento. Emi-Odeon. 1980)

Sem que desfrute os primores “O menino da porteira”, cururu gravado em 1955, mostra-
Que não encontro por cá; se como um significativo exemplo de projeção da
Sem qu’inda aviste as palmeiras, linguagem oral cotidiana na poesia-canção popular
Onde canta o Sabiá. brasileira. Observe o verso Que é p’ra mim ficá[ar]
(Antônio Gonçalves Dias, Primeiros Cantos) ouvindo, e compare-o com o verso Pra mim, que estou, de
Djavan. Num deles ocorre um fato lingüístico que a
Nas falas “Minha terra tem Corinthians, onde canta o gramática normativa considera “erro de português”.
A indicação do “erro” e a “correção” correspondente estão
sabiá!” e “cada um tem o time que quiser!...”, da segunda
tirinha, os vocábulos em destaques estabelecem, em
respectivamente, as relações sintático-semânticas de A) p’ra mim, de “O menino da porteira”, que deveria ser
a) conector de oração adjetiva em relação a minha terra e corrigida para p’ra eu, pois o pronome pessoal eu é objeto
conector de oração adjetiva em relação a o time. direto da locução verbal ficá ouvindo.
b) conector de oração adverbial em relação a terra e B) para mim, de “Meu bem-querer”, que deveria ser
conector de oração adjetiva em relação a time. corrigida para para eu, porque o pronome pessoal eu é
sujeito do verbo estou.
c) conector de oração adjetiva em relação a Corinthians e
conector de oração adjetiva em relação a cada um. C) para mim, de “Meu bem-querer”, que deveria ser
d) conector de oração adverbial em relação a Corinthians e corrigida para p’ra eu, por analogia a p’ra morrer, do verso
conector de oração adverbial em relação a um. seguinte.

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D) p’ra mim, de “O menino da porteira”, que deveria ser por uma determinada corrente de pensamento formada à
corrigida para p’ra eu, uma vez que o pronome pessoal eu sua volta.
é sujeito da locução verbal ficá ouvindo. Um jornal é um pouco como um organismo humano. Se o
E) p’ra mim, de “O menino da porteira”, que deveria ser editorial é o cérebro; os tópicos e notícias, as artérias e
corrigida para para eu, por se tratar de uma locução veias; as reportagens, os pulmões; o artigo de fundo, o
adverbial. fígado; e as seções, o aparelho digestivo - a crônica é o seu
coração. A crônica é matéria tácita de leitura, que
155) (UNIFESP-2005) Senhor feudal desafoga o leitor da tensão do jornal e lhe estimula um
Se Pedro Segundo pouco a função do sonho e uma certa disponibilidade
Vier aqui dentro de um cotidiano quase sempre “muito tido, muito
Com história visto, muito conhecido”, como diria o poeta Rimbaud.
Eu boto ele na cadeia. Daí a seriedade do ofício do cronista e a freqüência com
Oswald de Andrade que ele, sob a pressão de sua tirania diária, aplica-lhe
balões de oxigênio. Os melhores cronistas do mundo, que
De acordo com a norma padrão, o último verso assumiria a foram os do século XVIII, na Inglaterra - os chamados
seguinte forma: essayists - praticaram o essay, isto de onde viria a sair a
a) Eu boto-lhe na cadeia. crônica moderna, com um zelo artesanal tão proficiente
b) Boto-no na cadeia. quanto o de um bom carpinteiro ou relojoeiro. Libertados
c) Eu o boto na cadeia. da noção exclusivamente moral do primitivo essay, os
d) Eu lhe boto na cadeia. oitocentistas ingleses deram à crônica suas primeiras lições
e) Lhe boto na cadeia. de liberdade, casualidade e lirismo, sem perda do valor
formal e da objetividade. Addison, Steele, Goldsmith e
sobretudo Hazlitt e Lamb - estes os dois maiores, - fizeram
156) (UNIFESP-2004) Explico ao senhor: o diabo vige da crônica, como um bom mestre carpinteiro o faria com
dentro do homem, os crespos do homem - ou é o homem uma cadeira, um objeto leve mas sólido, sentável por
arruinado, ou o homem dos avessos. pessoas gordas ou magras. (...)
Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum. Num mundo doente a lutar pela saúde, o cronista não se
Nenhum! - é o que digo. O senhor aprova? Me declare pode comprazer em ser também ele um doente; em cair
tudo, franco - é alta mercê que me faz: e pedir posso, na vaguidão dos neurastenizados pelo sofrimento físico; na
encarecido. Este caso - por estúrdio que me vejam - é de falta de segurança e objetividade dos enfraquecidos por
minha certa importância. excessos de cama e carência de exercícios. Sua obrigação é
Tomara não fosse... Mas, não diga que o senhor, assisado e ser leve, nunca vago; íntimo, nunca intimista; claro e
instruído, que acredita na pessoa dele?! Não? Lhe preciso, nunca pessimista. Sua crônica é um copo d’água
agradeço! Sua alta opinião compõe minha valia. Já sabia, em que todos bebem, e a água há de ser fresca, limpa,
esperava por ela - já o campo! Ah, a gente, na velhice, luminosa, para satisfação real dos que nela matam a sede.
carece de ter uma aragem de descanso. Lhe agradeço. Tem (Vinicius de Moraes. Poesia Completa e Prosa. Aguilar,
diabo nenhum. Nem espírito. Nunca vi. Alguém devia de 1974, p. 591-2)
ver, então era eu mesmo, este vosso servidor. Fosse lhe
contar... Bem, o diabo regula seu estado preto, nas O termo grifado nos segmentos abaixo está substituído
criaturas, nas mulheres, nos homens. Até: nas crianças - eu pelo pronome adequado, corretamente colocado, em:
digo. Pois não é o ditado: “menino - trem do diabo”? E nos a) que desafoga o leitor = que lhe desafoga.
usos, nas plantas, nas águas, na terra, no vento... b) praticaram o essay = praticaram-no.
Estrumes... O diabo na rua, no meio do redemunho... c) de onde viria a sair a crônica = viria a sair-lhe.
(Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas.) d) deram à crônica suas lições = deram-na.
e) dos que nela matam a sede = que nela matam-na.
A expressão Este caso, em destaque no texto, refere-se
a) à existência do diabo. 158) (Unitau-1995) "Vivemos numa época de tamanha
b) ao redemunho, reduto do diabo. insegurança externa e interna, e de tamanha carência de
c) à opinião do interlocutor. objetivos firmes, que a simples confissão de nossas
d) à velhice do narrador. convicções pode ser importante, mesmo que essas
e) ao estado preto do diabo. convicções, como todo julgamento de valor, não possam
ser provadas por deduções lógicas.
Surge imediatamente a pergunta: podemos considerar a
157) (Unifor-2003) O cronista trabalha com um busca da verdade - ou, para dizer mais modestamente,
instrumento de grande divulgação, influência e prestígio, nossos esforços para compreender o universo cognoscível
que é a palavra impressa. Um jornal, por menos que seja, é através do pensamento lógico construtivo - como um
um veículo de idéias que são lidas, meditadas e observadas objeto autônomo de nosso trabalho? Ou nossa busca da

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verdade deve ser subordinada a algum outro objetivo, de acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os
caráter prático, por exemplo? Essa questão não pode ser versos pode ser que não fossem inteiramente maus.
resolvida em bases lógicas. A decisão, contudo, terá Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os
considerável influência sobre nosso pensamento e nosso olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele
julgamento moral, desde que se origine numa convicção interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
profunda e inabalável Permitam-me fazer uma confissão: - Continue, disse eu acordando.
para mim, o esforço no sentido de obter maior percepção - Já acabei, murmurou ele.
e compreensão é um dos objetivos independentes sem os - São muito bonitos.
quais nenhum ser pensante é capaz de adotar uma atitude Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas
consciente e positiva ante a vida. não passou do gesto; estava amuado.
Na própria essência de nosso esforço para compreender o No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e
fato de, por um lado, tentar englobar a grande e complexa acabou alcunhando-me “Dom Casmurro”. Os
variedade das experiências humanas, e de, por outro lado, vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e
procurar a simplicidade e a economia nas hipóteses calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por
básicas. A crença de que esses dois objetivos podem existir isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e
paralelamente é, devido ao estágio primitivo de nosso eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes:
conhecimento científico, uma questão de fé. Sem essa fé “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” “ ___ Vou
eu não poderia ter uma convicção firme e inabalável para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da
acerca do valor independente do conhecimento. Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai
Essa atitude de certo modo religiosa de um homem lá passar uns quinze dias comigo.” “___ Meu caro Dom
engajado no trabalho científico tem influência sobre toda Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã;
sua personalidade. Além do conhecimento proveniente da venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-
experiência acumulada, e além das regras do pensamento lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.”
lógico, não existe, em princípio, nenhuma autoridade cujas Não consultes dicionários. “Casmurro” não está aqui no
confissões e declarações possam ser consideradas sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de
"Verdade " pelo cientista. Isso leva a uma situação homem calado e metido consigo. “Dom” veio por ironia,
paradoxal: uma pessoa que devota todo seu esforço a para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar
objetivos materiais se tornará, do ponto de vista social, cochilando! Também não achei melhor título para a minha
alguém extremamente individualista, que, a princípio, só narração ___ se não tiver outro daqui até ao fim do livro,
tem fé em seu próprio julgamento, e em nada mais. É vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que
possível afirmar que o individualismo intelectual e a sede não lhe guardo ranço. E com pequeno esforço, sendo o
de conhecimento científico apareceram simultaneamente título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que
na história e permaneceram inseparáveis desde então. " apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.
(Einstein, in: O Pensamento Vivo de Einstein, p. 13 e 14,
5a. edição, Martin Claret Editores) Em todas as alternativas o referente do termo em
destaque está adequadamente identificado, EXCETO:
a) “Nem por isso me zanguei.” = o fato de o apelido ter
Na frase: "Permitam-me fazer uma confissão: para mim o pegado
esforço no sentido de obter...", o autor empregou o b) “...e vai lá passar uns quinze dias comigo.” = Engenho
pronome "mim" no lugar de "eu", porque: Novo
a) a preposição "para" rege o verbo "obter". c) “... e eles, por graça, chamam-me assim ...” = Dom
b) a preposição "para" rege o pronome oblíquo átono Casmurro
"mim". d) “Tudo por estar cochilando!” - a alcunha recebida
c) a preposição "para" é regida pelo verbo "permitam".
d) o autor errou; o certo é usar "eu".
e) a preposição "para" rege o pronome oblíquo tônico 160) (UNIUBE-2002) A questão abaixo refere-se ao texto
"mim". retirado de “Dom Casmurro”, de Machado de Assis,
transcrito abaixo.

159) (UNIUBE-2002) A questão abaixo refere-se ao texto Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo,
retirado de “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro,
transcrito abaixo. que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me,
sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os
encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, versos pode ser que não fossem inteiramente maus.
que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os
sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e

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olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele (1823-1864), um trecho da Oração aos Moços, de Rui
interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso. Barbosa de Oliveira (1849-1923), e o Hino do Deputado,
- Continue, disse eu acordando. do poeta modernista Murilo Monteiro Mendes (1901-
- Já acabei, murmurou ele. 1975).
- São muito bonitos.
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas Canção do Tamoio
não passou do gesto; estava amuado.
No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e I
acabou alcunhando-me “Dom Casmurro”. Os Não chores, meu filho;
vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e Não chores, que a vida
calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por É luta renhida:
isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e Viver é lutar.
eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: A vida é combate,
“Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” “ ___ Vou Que os fracos abate,
para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Que os fortes, os bravos,
Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai Só pode exaltar.
lá passar uns quinze dias comigo.” “___ Meu caro Dom
Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; II
venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou- Um dia vivemos!
lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.” O homem que é forte
Não consultes dicionários. “Casmurro” não está aqui no Não teme da morte;
sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de Só teme fugir;
homem calado e metido consigo. “Dom” veio por ironia, No arco que entesa
para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar Tem certa uma presa,
cochilando! Também não achei melhor título para a minha Quer seja tapuia,
narração ___ se não tiver outro daqui até ao fim do livro, Condor ou tapir.
vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que
não lhe guardo ranço. E com pequeno esforço, sendo o III
título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que O forte, o cobarde
apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto. Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Observe os seguintes trechos: Garboso e feroz;
I) “... encontrei no trem da Central um rapaz aqui do E os tímidos velhos
bairro, que eu conheço de vista e de chapéu.” Nos graves concelhos,
II) “Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei Curvadas as frontes,
os olhos três ou quatro vezes...” Escutam-lhe a voz!
III) “Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos
reclusos e calados, deram curso à alcunha...” IV
IV) “...não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, Domina, se vive;
deram curso à alcunha, que afinal pegou.” Se morre, descansa
V) “Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do Dos seus na lembrança,
teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade...” Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Assinale a alternativa correta que completa a sentença Sê bravo, sê forte!
abaixo. Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!
O elemento, em destaque, introduz orações com o mesmo (GONÇALVES DIAS, Antônio. Obras Poéticas.Tomo II. São
valor sintático em Paulo: Companhia Editora Nacional, 1944, p. 42-43.)
a) III, IV e V
b) II, IV e V Oração aos Moços
c) I, III e IV
d) I, II e V Magistrados ou advogados sereis. Suas duas carreiras
quase sagradas, inseparáveis uma da outra, e, tanto uma
como a outra, imensas nas dificuldades, responsabilidades
161) (Vunesp-2002) INSTRUÇÃO: A questão abaixo toma e utilidades.
por base as primeiras quatro estrofes da Canção do Se cada um de vós meter bem a mão na consciência, certo
Tamoio, do poeta romântico Antônio Gonçalves Dias que tremerá da perspectiva. O tremer próprio é dos que se

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defrontam com as grandes vocações, e são talhados para antecedente "prestação". Fundamentado nesta
as desempenhar. O tremer, mas não o descorçoar. O informação e neste exemplo,
tremer, mas não o renunciar. O tremer, com o ousar. O a) aponte o antecedente a que se refere o pronome "as"
tremer, com o empreender. O tremer, com o confiar. no seguinte período de Oração aos Moços: "Poderá ser
Confiai, senhores. Ousai. Reagi. E haveis de ser bem que resigneis certas situações, como eu as tenho
sucedidos. Deus, pátria e trabalho. Metei no regaço essas resignado.";
três fés, esses três amores, esses três signos santos. E b) ainda considerando o período "Poderá ser que resigneis
segui, com o coração puro. Não hajais medo a que a sorte certas situações, como eu as tenho resignado", identifique
vos ludibrie. [...] a função sintática exercida pelo pronome "as" e por seu
Idealismo? Não: experiência da vida. Não há forças, que antecedente nas respectivas orações de que fazem parte.
mais a senhoreiem, do que essas. Experimentai-o, como eu
o tenho experimentado. Poderá ser que resigneis certas 162) (Vunesp-2002) Trovas
situações, como eu as tenho resignado. Mas meramente a uma dama que lhe jurara
para variar de posto, e, em vos sentindo incapazes de uns, sempre por seus olhos.
buscar outros, onde vos venha ao encontro o dever, que a Quando me quer enganar
Providência vos haja reservado. a minha bela perjura,
(BARBOSA, Rui. Oração aos moços[discurso de paraninfo para mais me confirmar
dos formandos da Faculdade de Direito de S.Paulo, em o que quer certificar,
1920]. Rio de Janeiro: Casa de Rui Barbosa, 1956, p. 58-59.) pelos seus olhos mo jura.
Como meu contentamento
Hino do Deputado todo se rege por eles,
imagina o pensamento
Chora, meu filho, chora. que se faz agravo a eles
Ai, quem não chora não mama, não crer tão grão juramento.
Quem não mama fica fraco,
Fica sem força pra vida, Porém, como em casos tais
A vida é luta renhida, ando já visto e corrente,
Não é sopa, é um buraco. sem outros certos sinais,
Se eu não tivesse chorado quanto me ela jura mais
Nunca teria mamado, tanto mais cuido que mente.
Não estava agora cantando, Então, vendo-lhe ofender
Não teria um automóvel, uns tais olhos como aqueles,
Estaria caceteado, deixo-me antes tudo crer,
Assinando promissória, só pela não constranger
Quem sabe vendendo imóvel a jurar falso por eles.
A prestação ou sem ela, (CAMÕES, Luís de. Lírica. Belo Horizonte: Editora Itatiaia;
Ou esperando algum tigre São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1982, p.
Que talvez desse amanhã, 56-57.)
Ou dando um tiro no ouvido,
Ou sem olho, sem ouvido, Você só... mente
Sem perna, braço, nariz. Não espero mais você,
Chora, meu filho, chora, Pois você não aparece.
Anteontem, ontem, hoje, Creio que você se esquece
Depois de amanhã, amanhã. Das promessas que me faz...
Não dorme, filho, não dorme, E depois vem dar desculpas
Se você toca a dormir Inocentes e banais.
Outro passa na tua frente, É porque você bem sabe
Carrega com a mamadeira. Que em você desculpo
Abre o olho bem aberto, Muita coisa mais...
Abre a boca bem aberta, O que sei somente
Chore até não poder mais. É que você é um ente
(MENDES, Murilo. História do Brasil, XLIII. In: Poesia Que mente inconscientemente,
completa e prosa. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, Mas finalmente,
1994, p. 177-178.) Não sei por que
Eu gosto imensamente de você.
No verso do Hino do Deputado "A prestação ou sem ela",
o pronome pessoal do caso reto "ela" faz referência ao E invariavelmente,

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Sem ter o menor motivo, seus personagens; particular, pelo contrário, é o que fez
Em um tom de voz altivo, Alcibíades ou o que lhe aconteceu.
Você, quando fala, mente (Aristóteles, Poética)
Mesmo involuntariamente.
Faço cara de contente, Corte na Aldeia
Pois sua maior mentira - A minha inclinação em matéria de livros (disse ele), de
É dizer à gente todos os que estão presentes é bem conhecida; somente
Que você não mente. poderei dar agora de novo a razão dela. Sou
particularmente afeiçoado a livros de história verdadeira,
O que sei somente e, mais que às outras, às do Reino em que vivo e da terra
É que você é um ente onde nasci; dos Reis e Príncipes que teve; das mudanças
Que mente inconscientemente, que nele fez o tempo e a fortuna; das guerras, batalhas e
Mas finalmente, ocasiões que nele houve; dos homens insignes, que, pelo
Não sei por que discurso dos anos, floresceram; das nobrezas e brasões
Eu gosto imensamente de você. que por armas, letras, ou privança se adquiriram. [...]
(In: Noel pela primeira vez. Coleção organizada por Miguel [...]
Jubran. São Paulo: MEC/FUNARTE/VELAS, 2000, Vol. 4, CD - Vós, senhor Doutor (disse Solino) achareis isso nos vossos
7, faixa 01.) cartapácios; mas eu ainda estou contumaz. Primeiramente,
nas histórias a que chamam verdadeiras, cada um mente
Além do eu-poemático, que se revela formalmente pelo segundo lhe convém, ou a quem o informou, ou favoreceu
emprego do pronome pessoal do caso reto “eu” e para mentir; porque se não forem estas tintas, é tudo tão
correspondentes pronomes oblíquos, como também pelas misturado que não há pano sem nódoa, nem légua sem
flexões verbais de primeira pessoa do singular, surge em mau caminho. No livro fingido contam-se as cousas como
Trovas e em Você só... mente outra personagem: a pessoa era bem que fossem e não como sucederam, e assim são
amada. Depois de observar atentamente as marcas da mais aperfeiçoadas. Descreve o cavaleiro como era bem
presença desta personagem nos dois textos, que os houvesse, as damas quão castas, os Reis quão
a) demonstre, com base em exemplos, como a pessoa justos, os amores quão verdadeiros, os extremos quão
amada se revela formalmente em Trovas; grandes, as leis, as cortesias, o trato tão conforme com a
b) explique por que razão não se pode determinar o sexo razão. E assim não lereis livro em o qual se não destruam
da pessoa amada em Você só... mente. soberbos, favoreçam humildes, amparem fracos, sirvam
donzelas, se cumpram palavras, guardem juramentos e
163) (Vunesp-2003) A questão abaixo toma por base um satisfaçam boas obras. [...]
fragmento da Poética, do filósofo grego Aristóteles (384- Muito festejaram todos o conto, e logo prosseguiu o
322 a.C.), um fragmento de Corte na Aldeia, do poeta Doutor:
clássico português Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622), - Tão bem fingidas podem ser as histórias que merecem
e um fragmento de uma crônica do escritor realista mais louvor que as verdadeiras; mas há poucas que o
brasileiro Machado de Assis (1839-1908). sejam; que a fábula bem escrita (como diz Santo
Ambrósio), ainda que não tenha força de verdade, tem
Poética uma ordem de razão, em que se podem manifestar as
Pelas precedentes considerações se manifesta que não é cousas verdadeiras.
ofício de poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de (Francisco Rodrigues Lobo, Corte na Aldeia)
representar o que poderia acontecer, quer dizer: o que é
possível segundo a verossimilhança e a necessidade. Com Crônica
efeito, não diferem o historiador e o poeta, por (15.03.1877)
escreverem verso ou prosa (pois que bem poderiam ser Mais dia menos dia, demito-me deste lugar. Um
postas em verso as obras de Heródoto, e nem por isso historiador de quinzena, que passa os dias no fundo de um
deixariam de ser história, se fossem em verso o que eram gabinete escuro e solitário, que não vai às touradas, às
em prosa), - diferem, sim, em que diz um as coisas que câmaras, à rua do Ouvidor, um historiador assim é um
sucederam, e outro as que poderiam suceder. Por isso a puro contador de histórias.
poesia é algo de mais filosófico e mais sério do que a E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa.
história, pois refere aquela principalmente o universal, e Um contador de histórias é justamente o contrário de
esta o particular. Por “referir-se ao universal” entendo eu historiador, não sendo um historiador, afinal de contas,
atribuir a um indivíduo de determinada natureza mais do que um contador de histórias. Por que essa
pensamentos e ações que, por liame de necessidade e diferença? Simples, leitor, nada mais simples.O historiador
verossimilhança, convêm a tal natureza; e ao universal, foi inventado por ti, homem culto, letrado, humanista; o
assim entendido, visa a poesia, ainda que dê nomes aos contador de histórias foi inventado pelo povo, que nunca
leu Tito Lívio, e entende que contar o que se passou é só

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fantasiar. O certo é que se eu quiser dar uma descrição Vão para o diabo sem mim,
verídica da tourada de domingo passado, não poderei, Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
porque não a vi. Para que havemos de ir juntos?
[...]
(Joaquim Maria Machado de Assis, História de Quinze Dias. Não me peguem no braço!
In: Crônicas) Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Os pronomes demonstrativos são algumas vezes Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
empregados na frase para fazer referência a termos
antecedentes, ou seja, empregados anteriormente na Ó céu azul - o mesmo da minha infância -
mesma ou em outra frase. De posse desta informação, Eterna verdade vazia e perfeita!
a) aponte os respectivos antecedentes dos pronomes Ó macio Tejo ancestral e mudo,
demonstrativos aquela e esta no terceiro período do texto Pequena verdade onde o céu se reflete!
de Aristóteles (de “Por isso...” até “... o particular”); Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
b) explique, com base nessa e em outras passagens do Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
texto de Aristóteles, a diferença entre o historiador e o
poeta. Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar
164) (Vunesp-2003) As questão abaixo toma por base o sozinho!
poema Lisbon Revisited, do heterônimo Álvaro de Campos (Fernando Pessoa, Ficções do Interlúdio/4: poesias de
do poeta modernista português Fernando Pessoa (1888- Álvaro de Campos)
1935), e a letra da canção Metamorfose Ambulante, do
cantor e compositor brasileiro Raul Seixas (1945-1989). Metamorfose Ambulante
Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Lisbon Revisited Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
(1923) Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Não: não quero nada. Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Já disse que não quero nada.
Eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes
Não me venham com conclusões! Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
A única conclusão é morrer. Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Não me tragam estéticas! Sobre o que é o amor
Não me falem em moral! Sobre que eu nem sei quem sou

Tirem-me daqui a metafísica! Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou


Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor
conquistas Lhe tenho amor
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) - Lhe tenho horror
Das ciências, das artes, da civilização moderna! Lhe faço amor
eu sou um ator…
Que mal fiz eu aos deuses todos?
É chato chegar a um objetivo num instante
Se têm a verdade, guardem-na! Eu quero viver nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica. Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo. Sobre o que é o amor
Com todo o direito a sê-lo, ouviram? Sobre que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou
Não me macem, por amor de Deus! Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável? Lhe tenho horror
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer Lhe faço amor
coisa? eu sou um ator…
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência! Eu vou desdizer aquilo tudo que eu lhe disse antes

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Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante Se amigo amar,
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo So aqueste ramo so lo que bailemos
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Verrá bailar.
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo (Airas Nunes, de Santiago. In: SPINA, Segismundo.
Do que ter aquela velha velha velha velha opinião formada Presença da Literatura Portuguesa - I. Era Medieval. 2ª ed.
sobre tudo… São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1966.)
Do que ter aquela velha velha opinião formada sobre
tudo… Confessor Medieval
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo… (1960)
(Raul Seixas, Os grandes sucessos de Raul Seixas) Irias à bailia com teu amigo,
Se ele não te dera saia de sirgo?
Atentando para o fato de que a função conativa da (sirgo = seda)
linguagem é orientada para o destinatário da mensagem,
a) identifique o modo verbal que, insistentemente Se te dera apenas um anel de vidro
empregado pelo eu-poemático, torna muito intensa a Irias com ele por sombra e perigo?
orientação para o destinatário no poema de Fernando
Pessoa; Irias à bailia sem teu amigo,
b) considerando que, no verso de número 12, Raul Seixas, Se ele não pudesse ir bailar contigo?
adotando o uso popular, empregou os pronomes te e lhe
para referir-se a uma mesma pessoa, apresente duas Irias com ele se te houvessem dito
alternativas que teria o poeta para escrever esse verso Que o amigo que amavas é teu inimigo?
segundo a norma culta.
Sem a flor no peito, sem saia de sirgo,
165) (Vunesp-2004) A próxima questão toma por base uma Irias sem ele, e sem anel de vidro?
cantiga do trovador galego Airas Nunes, de Santiago
(século XIII), e o poema Confessor Medieval, de Cecília Irias à bailia, já sem teu amigo,
Meireles (1901-1964). E sem nenhum suspiro?
Cantiga (Cecília Meireles. Poesias completas de Cecília Meireles - v.
Bailemos nós já todas três, ai amigas, 8. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.)
So aquestas avelaneiras frolidas,
(frolidas = floridas) Tanto na cantiga como no poema de Cecília Meireles
E quem for velida, como nós, velidas, verificam-se diferentes personagens: um eu-poemático,
(velida = formosa) que assume a palavra, e um interlocutor ou interlocutores
Se amigo amar, a quem se dirige. Com base nesta informação, releia os
So aquestas avelaneiras frolidas dois poemas e, a seguir,
(aquestas = estas)
Verrá bailar.
(verrá = virá) a) indique o interlocutor ou interlocutores do eu-
poemático em cada um dos textos.
Bailemos nós já todas três, ai irmanas, b) identifique, em cada poema, com base na flexão dos
(irmanas = irmãs) verbos, a pessoa gramatical utilizada pelo eu-poemático
So aqueste ramo destas avelanas, para dirigir-se ao interlocutor ou interlocutores.
(aqueste = este)
E quem for louçana, como nós, louçanas,
(louçana = formosa) 166) (Vunesp-2005) INSTRUÇÃO: A questão a seguir toma
Se amigo amar, por base uma passagem da peça teatral O Judeu, de
So aqueste ramo destas avelanas Bernardo Santareno (pseudônimo de António Martinho do
(avelanas = avelaneiras) Rosário, 1924-1980) e o poema O Início do Interrogatório,
Verrá bailar. do poeta brasileiro Jamil Almansur Haddad (1914-1988).

Por Deus, ai amigas, mentr’al non fazemos, O Judeu


(mentr’al = enquanto outras coisas) António José (Que perde o auto-domínio, desesperado.)
Nem judeu, nem judaizante eu sou!! Inocente me encontro
So aqueste ramo frolido bailemos, das culpas de que me acusais! Inocente estou e inocente
E quem bem parecer, como nós parecemos me afirmarei, até que me matem!!…
(bem parecer = tiver belo aspecto) 2.o Inquisidor (Violento, tigrino.) Judeu e judaizante, isso
és!! A tua pestilenta boca vomitou, enfim, essas palavras

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malditas! Judeu e judaizante. E, com o dizê-las, o bafo do
Demónio já enche de fedor esta Mesa, esta Casa, Lisboa 5 - Sierra Maestra
inteira! Judeu e judaizante!! Ela é chamada.
Inquisidor-Mor(Como uma lâmina; febre negra e fria nos Ao Norte? À Destra?
olhos.) Obrigado se acha o preso a declarar, diante deste
Santo Tribunal, o nome, ou nomes, da pessoa, ou pessoas, - Não digo nada.
de que aprendeu os erros que ora lhe apodrecem a Glória sem mágoa,
consciência. Quando e aonde foi? Quais as pessoas que lá 10 Paixão que exalta.
estavam presentes? Quais as pessoas com quem Só sei que é alta
comunicou professar os mesmos erros…? Como o Aconcágua.
António José Nem judeu, nem judaizante, eu fui, ou sou.
(O Inquisidor-Mor faz sinal ao Carrasco. Este vem ao preso, - Vou inquiri-lo,
leva-o ao centro de cena e aí o ata, com uma corda, pelos Alma danada,
braços.) 15 Ao teu mamilo,
Notário (Que se levanta.) Em nome dos Reverendos Junto o cautério,
Inquisidores que servem à Mesa deste Santo Tribunal, Morra o mistério!
protesto que se o réu no tormento morrer, quebrar algum
membro ou perder algum sentido, a culpa será sua, pois - Não digo nada.
voluntariamente se expõe àquele perigo, que pode evitar Só sei que inunda
confessando suas culpas, e não será dos ministros do 20 A altura acesa.
Santo-Ofício que, fazendo justiça segundo os Ela é profunda
merecimentos de sua causa, o julgam a tormento. (Senta- Como a pobreza.
se. O Carrasco logo puxa a corda que, prendendo António
José pelos braços, passa numa roldana colocada em cima, - Irei prendê-lo,
na teia: O preso é assim içado, ficando suspenso no ar.) De madrugada
Inquisidor-Mor Da parte de Nosso Senhor, com muita 25 Ao tornozelo.
caridade, admoestamos o réu a confessar suas culpas.
(António José, suspenso pelos braços, volta a cabeça, - Não digo nada.
cerrando os dentes. Sinal do Inquisidor-Mor: O Carrasco Áspera e mansa,
larga a corda e, deste modo, António José despenha-se no Ela é azulada
ar em direcção ao pavimento; num golpe súbito, o Carrasco Como a esperança.
de novo sustém a corda: com o corpo contorcendo-se-lhe
todo pela violência do choque e as cordas enterrando-se- 30 - Morres à míngua.
lhe nas carnes, o Judeu solta um urro de dor. Pausa nos Na hora aprazada
tratos: António José suspenso no ar.) Uma vez mais, da Queimo-te a língua…
parte de Nosso Senhor, pelas Suas benditas entranhas
inquirimos do réu: Disposto está a confessar as suas - Não digo nada.
culpas, para descargo da sua consciência, salvação da sua Ah, não a cita
alma e para que se ponha em estado de com ele, neste e 35 O poeta Herédia!
em maiores transes, o Santo-Ofício poder usar de Ela é infinita
misericórdia? (António José morde os lábios para não falar. Como a tragédia.
O Geral faz sinal ao Carrasco: Recomeçam os tratos de
polé.) (Jamil Almansur Haddad. Romanceiro
António José (Ao sofrer, pela 2.a vez, as dores do tremendo cubano.)
esticão, não se domina: cede.) Confesso!… Por amor de
Deus, tirai-me daqui!… Confesso!… Quanto quiserdes, eu No poema de Haddad verificamos um fato muito
confessarei!…Confesso!… Confesso!… interessante de emprego estilístico das formas de
(Bernardo Santareno. O Judeu, narrativa dramática em três tratamento: o torturador mistura formas pronominais e
actos.) verbais de segunda e terceira pessoas ao dirigir-se ao
torturado ao longo do poema. Essa mistura, que o
O Início do Interrogatório gramático normativo consideraria um erro, tem, no
entanto, justificativa de ordem formal e estilística no
1 - Onde é a terra, poema. Com base nesta informação,
Fortificada? a) explique a razão de ordem formal e estilística pela qual
Onde é a Serra? o poeta utilizou os pronomes átonos na terceira e não na
segunda pessoa do singular nos versos 13 e 23;
- Não digo nada.

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b) reescreva a estrofe que vai dos versos 13 a 17, b) Quais as interpretações que podem ser feitas da palavra
uniformizando o tratamento em uma dessas pessoas. “crédito” nos trechos da carta?

167) (VUNESP-2006) Meninos carvoeiros 169) (UFES-2002)


Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
- Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.
Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, Indique a alternativa que explicita a avaliação que o
dobrando-se com um gemido.) Sargento faz de Zero na tirinha acima:
- Eh, carvoero! a) Ser um nada de primeira categoria é melhor do que ser
Só mesmo estas crianças raquíticas alguma coisa de décima categoria.
Vão bem com estes burrinhos descadeirados. b) Ser alguma coisa de décima categoria é ainda ser
A madrugada ingênua parece feita para eles... alguma coisa.
Pequenina, ingênua miséria! c) Ser o primeiro em alguma coisa é melhor do que ser o
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se décimo em qualquer coisa.
brincásseis! d) Ser um nada de primeira categoria ou alguma coisa de
- Eh, carvoero! décima categoria é não ser nada.
Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado, e) Ser um nada de primeira categoria é pior do que ser
Encarapitados nas alimárias, alguma coisa de décima categoria.
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos 170) (UFSCar-2005) Em casa, brincava de missa, - um tanto
desamparados! às escondidas, porque minha mãe dizia que missa não era
Petrópolis, 1921 cousa de brincadeira. Arranjávamos um altar, Capitu e eu.
(Manuel Bandeira, O ritmo dissoluto.) Ela servia de sacristão, e alterávamos o ritual, no sentido
de dividirmos a hóstia entre nós; a hóstia era sempre um
Variados são os recursos usados para garantir a coesão doce. No tempo em que brincávamos assim, era muito
textual. No poema de Manuel Bandeira, pode-se verificar comum ouvir à minha vizinha: “Hoje há missa?” Eu já sabia
que ocorrem conectivos, advérbios, pronomes, por o que isto queria dizer, respondia afirmativamente, e ia
exemplo, para estabelecer a ligação entre as partes do pedir hóstia por outro nome. Voltava com ela,
texto, entre as orações e entre os termos. Tendo em vista arranjávamos o altar, engrolávamos o latim e
essa característica, precipitávamos as cerimônias. Dominus non sum dignus
a) identifique a expressão que o pronome relativo que …* Isto, que eu devia dizer três vezes, penso que só dizia
substitui, na segunda estrofe do poema; uma, tal era a gulodice do padre e do sacristão. Não
b) reescreva o último verso da segunda estrofe, bebíamos vinho nem água; não tínhamos o primeiro, e a
substituindo o pronome pessoal oblíquo os pelo termo a segunda viria tirar-nos o gosto do sacrifício.
que se refere. (Machado de Assis, Dom Casmurro, Obra completa.)

*Trecho da fala do sacerdote, no momento da comunhão,


168) (Vunesp-Ilha Solteira-2001) Determinada instituição que era proferida em latim, antes do Concílio Vaticano II. A
bancária enviou aos seus clientes uma carta, na qual lhes fala inteira, que deve ser repetida três vezes, é: Dominus
propõe uma linha de crédito pessoal para o Dia das Mães. non sum dignus ut intres sub tectum meum, sed tantum
dic verbum e sanabitur anima mea, cuja tradução é:
Considere os seguintes trechos desse documento: Senhor, não sou digno de que entreis em minha morada,
mas dizei uma só palavra e minha alma será salva.
“Por ter feito de você esta grande pessoa, o crédito é todo
para ela.” Assinale a alternativa que contém palavras que, no texto
“Por tornar este Dia das Mães simplesmente inesquecível, de Machado, retomam termos de uma frase anterior,
o crédito é todo seu.” promovendo a coesão do texto.
a) primeiro, segunda.
A partir da leitura dos dois trechos da carta, responda: b) casa, ritual.
c) precipitávamos, cerimônias.
a) A quem se referem os pronomes “ela” e “seu”?

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d) doce, gulodice.
e) dividirmos, alterávamos.

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GABARITO 20) Alternativa: D

1) Alternativa: C 21) Alternativa: D

2) A única passagem que admitiria a inclusão de uma 22) Alternativa: B


combinação de preposição e artigo seria: “sobretudo cor
23) Alternativa: A
de chumbo”. Assim, teríamos: sobretudo da cor de
chumbo. A inclusão da preposição “de” e do artigo
definido “a” explicitaria uma combinação que vem 24) Alternativa: A
implícita.
25) Nós formamos uma equipe de três. Portanto, sem mim
(1ª), sem ti (2ª) e sem ele / ela (3ª) não
3) Alternativa: B será possível fazer o trabalho, já que é para eu (1ª)
comprar o material, para tu (2ª) preparares
(preparar) o projeto e para ele / ela (3ª) executá-lo
4) Alternativa: A
(executar + o).
5) Alternativa: A
26) Na frase original, o pronome lhe funciona como Objeto
6) a) A ausência do artigo generaliza a palavra 'velho', ou Indireto de anunciava. Já na transformada, o lhe pode
seja, o autor está se referindo à idéia de velhice passar a ser interpretado como um pronome possessivo,
funcionando como sua (...matar a sua sede...).
independentemente de um ser que a receba.
b) O artigo indefinido UM denota idéia de que se trata de
um velho qualquer, não particularizado. A expressão 27) Sim. Na primeira frase, toda assume o significado de
COMO TANTOS OUTROS faz o mesmo, criando assim um inteira; já na segunda, o de qualquer.
efeito enfático, pleonástico.
28) a) O pronome pessoal do caso reto eu só pode ser
7) Alternativa: D usado com a função de sujeito. No fragmento, o pronome
mim desempenha a função de Adjunto Adverbial.
b) Ti.
8) Alternativa: C
c) Porque está concordando com o seu sujeito, que no caso
9) Alternativa: E é a oração seguinte ("descobrir entre mim e elas pontos de
identificação...”).
10) Alternativa: E

11) Alternativa: A 29) Descobriam pontos de identificação entre elas e as


freiras. É possível chegar a essa conclusão através do
12) Alternativa: B pronome o, que na frase ser-me-ia impossível descobrir
entre mim e elas pontos de identificação, como o faziam
13) Alternativa: D Maria José e Glória está retomando toda a oração anterior.

14) Alternativa: C 30) Aproveitamos a oportunidade para informá-lo de que


nosso representante irá em breve visitá-lo,
15) Alternativa: D quando (ou ocasião em que), temos certeza, iniciaremos
novos negócios.
16) Alternativa: E
31) Alternativa: C
17) Alternativa: D
32) á sua
18) Alternativa: A

19) a) Para o eu-lírico, a vida verdadeira é aquela que é 33) Pesem


júri
sonhada, almejada. Já a vida falsa é aquela que vivemos,
experimentamos, a que estamos sujeitos à morte.
b) “Aquela” e “esta” referem-se à vida falsa e o 34) ... não só estava certo de ser amado...
pronome “outra” refere-se à vida verdadeira. O autor utiliza o pronome para evitar a repetição de
termos e tornar a construção mais coesa.

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35) Para evitar possível ambigüidade, uma vez que o
pronome ela poderia retomar também comprovinciana. O 45) Alternativa: B
pronome esta, no entanto, refere-se obrigatoriamente ao
termo mais próximo (Rita). 46) Alternativa: A

36) O pronome isso refere-se ao imóvel anunciado no 47) Alternativa: B


anúncio. Entretanto, deveria ter sido utilizado o pronome
isto, visto que faz referência a algo mais próximo do 48) Alternativa: C
emissor, e não do receptor.
49) a) O pronome você está sendo usado de maneira
37) Alternativa: E generalizante, referindo-se a qualquer pessoa (às pessoas
em geral). Esse uso é típico da linguagem oral, coloquial.
38) Alternativa: A b) Sim. O fato de o aluno nem prestar atenção é colocado
como algo bastante negativo para a professora e, ao
39) a) "os homens e as mulheres". mesmo tempo, como comum à empregada. Portanto, fica
b) “palavras” subentendido que o que a empregada fala não é
c) das quais merecedor de atenção.

50) Alternativa: A
40) lo (esquecê-lo), lhe (fugiu-lhe) e o (nem o esqueceu)
São anafóricos, pois retomam termos já mencionados no 51) Alternativa: A
texto.
52) a) Há várias possibilidades. Entre elas:
Obs: poderíamos entender Anáfora como a figura de Ao se discutirem as idéias expostas na assembléia, chegou-
linguagem que consiste na repetição de uma mesma se à seguinte conclusão: pô-las em confronto com outras
estrutura, sugerida na repetição da conjunção nem. menos polêmicas seria avaliar-lhes melhor o peso, à luz do
Preferimos, entretanto, considerar essa repetição um princípio geral que as vem regendo.
polissíndeto (repetição de uma mesma conjunção). De -Ao se discutirem as idéias expostas na assembléia,
qualquer forma, tratou-se de uma questão polêmica e chegou-se à seguinte conclusão: pô-las em confronto com
considerada mal formulada por alguns. outras menos polêmicas seria avaliar melhor o seu peso, à
luz do princípio geral que vem regendo-as.
41) O verbo confiar na acepção de crer, acreditar é - Ao se discutirem as idéias expostas na assembléia,
transitivo indireto e rege a preposição “em”. Assim, temos: chegou-se à seguinte conclusão: pô-las em confronto com
• O consórcio em que o Brasil inteiro confia. outras menos polêmicas seria avaliar melhor o peso delas,
à luz do princípio geral que vem regendo a elas.
É evidente que também seriam possíveis combinações das
42) a) Não. O pronome relativo onde, segundo a norma formas acimas.
culta, tem valor locativo, ou seja, deve ter como referência b) Há várias formas, entre elas:
um nome de lugar. No trecho, o conector está sendo Quando se discutiram as idéias expostas na assembléia,...
empregado para estabelecer uma relação semântica entre Assim que se discutiram as idéias expostas na
uma premissa e uma conclusão. Como não há qualquer assembléia,...
termo de valor locativo, trata-se de um emprego Logo que se discutiram as idéias expostas na assembléia,...
inadequado.
b) Com a migração dos investimentos surgem novos 53) a) Orientação para o uso deste medicamento
desafios, portanto (de modo que /assim) o tempo de Antes de usar este medicamento, verifique se no (também
retorno do capital investido tem de ser o menor possível. é aceitável do) rótulo constam as seguintes informações:
seu nome, o nome de seu médico, as datas de
manipulação e de validade, e a fórmula do medicamento
43) Na frase “Quem entrava, dos pequenos, corria o risco solicitado.
de levar palmadas no lugar de costume”, a expressão “dos b) O pronome “seu” faz referência à pessoa que comprou
pequenos” restringe o sentido do pronome indefinido o medicamento. Essa conclusão é possível porque o
“quem”: Quem dos pequenos entrava... Na expressão “dos pronome “seu” aparece, com o mesmo referente, na
pequenos”, com efeito, o “dos” (de + os) significa “dentre expressão “seu médico” e como não faz sentido que o
os”, configurando o valor partitivo da expressão. remédio tenha um médico, o pronome “seu” só pode estar
referindo-se ao leitor.

44) Alternativa: A

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54) a) ...quase toda gordura retirada permanecendo as De modo que é expressão invariável.
outras qualidades nutricionais.

b) Não, pois é a gordura está relacionada também como


qualidade nutricional, no entanto, quase toda ela é 67) a) "Esta é uma tarefa para eu fazer sozinho, não
retirada do produto e isso está apresentado como admito que se repartam as responsabilidades entre mim e
vantagem. outra pessoa”“.
Eu fazer - sujeito de verbo tem que ser pronome do caso
55) Alternativa: D reto
Se repartam - passiva sintética, o sujeito é
responsabilidades
56) TODO homem é mortal porque os seres humanos, em
Entre mim e outra - com preposição entre usa-se a forma
sua totalidade, morrem.
O homem TODO não é mortal porque o ser humano tem oblíqua do pronome eu
corpo e alma. O corpo morre, mas a alma não, então uma
b) "Ele tomou as decisões mais oportunas."
de suas partes permanece viva.
Redundância na repetição do objeto direto.
57) Alternativa: A
68) Alternativa: A
58) Alternativa: C
69) Alternativa: E
59) a) O sentido das preposições essenciais “para” e “por”
70) Alternativa: C
empregadas nos textos de Marina Colasanti e Mário Lago,
respectivamente, não é o mesmo. A primeira estabelece
71) Alternativa: C
relação de finalidade: manifesta o desejo (a intenção) que
o poeta sente de fugir da inércia (do imobilismo) e de se
72) Alternativa: A
libertar da rotina (da escravidão do trabalho). Já a segunda
estabelece relação de causa, evidenciando a razão pela
qual o enunciador gosta (o motivo que provoca a 73) Alternativa: E
necessidade).
74) Alternativa: B
b) Gosto e preciso de ti, mas quero(,) logo(,) explicar: não
gosto porque preciso, preciso sim por gostar.
75) Alternativa: B
Outra possibilidade seria:
76) Alternativa: D
Gosto e preciso de ti, mas quero(,) logo(,) explicar: não
gosto porque preciso; preciso, sim, por gostar.
77) Alternativa: B

60) Alternativa: C 78) Alternativa: D

61) Alternativa: D 79) Alternativa: B

62) Alternativa: B 80) Alternativa: D

63) Alternativa: D 81) Alternativa: B

64) Alternativa: C 82) Alternativa: E

65) Alternativa: B 83) Alternativa: C

66) 84) Alternativa: B


a) Remeteremos, em seguida, os pedidos que nos
85) Alternativa: C
encomendaram."
Pronome relativo anteposto ao verbo atrai o pronome
oblíquo átono para próclise 86) Alternativa: B

87) Alternativa: A
b) "Ela veio, de modo que você agora está dispensado."

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88) Alternativa: D 112) A quem
Para onde
89) Alternativa: E Que
A que
90) Alternativa: D Por cujo

91) a) No texto de Machado de Assis o argumento 113) Mim


apresentado pelo Diabo é que tudo aquilo que pertence ao Eu / ti
indivíduo pode ser vendido. Segundo ele seria Mim
contraditório considerar que apenas os bens materiais Eu
podem ser vendidos; de acordo com o Diabo, nada Me
pertenceria mais ao indivíduo do que a própria Mim
consciência. A
A
b) Refere-se ao direito à venalidade. Eu

114) Alternativa: B
92) Alternativa: A
115) Alternativa: D
93) Alternativa: C
116) Alternativa: D
94) Alternativa: B A questão explora conhecimentos gramaticais e incide
sobre o uso dos pronomes grifados no trecho “Eu não
95) Alternativa: B creio, não posso mais acreditar na bondade ou na virtude
de homem algum; todos são mais ou menos ruins, falsos, e
96) Alternativa: E indignos; há porém alguns que sem dúvida com o fim de
ser mais nocivos aos outros, e para produzir maior dano,
97) Alternativa: E têm o merecimento de dizer a verdade nua e crua, (...)”. O
candidato deverá identificar, dentre três assertivas, as que
98) Alternativa: C são verdadeiras acerca do uso desses termos. Ambas as
formas, algum e alguns, são pronomes indefinidos,
99) Alternativa: A portanto, é correta a assertiva I. É correta também a III,
porque algum vem após o verbo da oração, posição que
100) Alternativa: A lhe confere uma marca negativa (Neves, 2000:543). A
assertiva II não está correta, uma vez que o verbo haver é
101) Alternativa: C impessoal. Assim, deve ser assinalada a alternativa D.

102) Alternativa: D 117) Alternativa: E

103) Alternativa: D 118) Alternativa: D

104) Alternativa: A 119) a) C


C
105) Alternativa: A E
C
106) Alternativa: E E
b) a concordância se faz com o pronome Quem, da 3ª
107) Alternativa: B pessoa sing.
c) o verbo concorda com a idéia de plural do numeral 200 -
108) Alternativa: C questão 3

109) Alternativa: B
120) Alternativa: A
110) Alternativa: A
121) Alternativa: D
111) Alternativa: B
122) Alternativa: B

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na terceira pessoa: “Imagine só, lhe dar zero! Sua
123) Alternativa: E professora está louca!”

124) Alternativa: A 136) a) Eu, Camacã, conquistei-o no dia em que escolhi


por esposa Jaçanã, a virgem dos olhos de fogo, em cujo
125) Alternativa: D seio te gerou meu primeiro sangue. Ainda hoje, apesar da
velhice que me mirrou o corpo, nenhum guerreiro ousaria
126) Alternativa: D disputar o grande arco a mim, o velho chefe ...
b) A forma do qual (e suas flexões).
127) Alternativa: D No padrão culto, fazendo a alteração, teríamos: a virgem
dos olhos de fogo, no seio da qual te gerou seu primeiro
128) F sangue.
V
F 137) Alternativa: A
V
V 138) Alternativa: B

129) Resposta: 01 139) a) Em “Eram duas caveiras que se amavam”, o


pronome oblíquo “se” é empregado como pronome
130) lembrar ao ouvinte ou ao leitor algo já mencionado. reflexivo recíproco, ou seja, as caveiras “amavam-se uma
Cartão de Natal - a idéia é a de que o poeta se refere ao à outra”.
Menino Jesus. Em “E matou-se de um modo romanesco”, o pronome se
é apenas reflexivo, equivalendo a “matou a si mesmo”.
131) O uso de pronomes não corresponde à norma culta,
porque o poema em questão pertence ao Movimento b) “Que o trocou por um defunto fresco.”
Modernista, da primeira fase, que se propôs a romper com Pela norma gramatical padrão, um pronome pessoal reto
os padrões tradicionais. não pode ser empregado com a função de objeto direto.
Essa função vai caber ao pronome oblíquo,”O” .
132) A recorrência do uso de possessivos: o Sábado era seu
(“seu Sábado”), sua mulher, seu filho. A evocação da 140) Alternativa: A
mulher, sob a forma do vocativo: “Catarina!” (...)
“Catarina!”. 141) a) Enquanto Iracema mantém o verbo na segunda
pessoa do singular (“Donde vieste...”), Andedura faz a
133) A forma você assume valor genérico. Pode fazer concordância na terceira pessoa do singular (“tu vai?”).
referência à pluralidade de interlocutores: o próprio eu- Na terceira pessoa do singular, teríamos:
poético, o leitor, todo ou qualquer homem que se Donde veio...
identifique com a experiência representada no poema. Você vai?
b) Trata-se da redução das formas alaranjou e chegou, em
que o u final é suprimido.
134) Resposta: 06
01-F 142) a) “dá em aleijões como esses, dos meninos sem
02-V pernas e braços”. Nessa frase, o pronome demonstrativo
04-V esses antecipa “dos meninos sem pernas e braços”.
08-F b) A dúvida era esta: seria eu capaz de resolver todas as
16-F questões da prova?
32-F
64-F
143) a) O sentido é de posse por natureza (ou
135) a) Susanita quis dizer que zero era muita nota para característica inerente a esse ser humano).
Manolito. Isso fica evidente na fala "Tanto assim?". Já b) Sentido é de posse adquirida, não natural.
Manolito entende o oposto, ou seja, que Susanita achava a
professora injusta por dar a ele nota muito baixa. 144) a) Academia Brasileira de Letras.
a
b) Há duas possibilidades, uma com a 2 pessoa do singular b) É uma variante do usual pronome “você” (que por sua
a
(tu), outra com a 3 do singular (você) vez apresenta origem do arcaico pronome Vossa Mercê).
na segunda pessoa: “Imagina só, te dar zero! Tua As variantes possíveis na atual língua falada são: “ocê” e
professora está louca!” “cê”.

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145) a) A busca da palavra pelo sertanejo é, segundo o portuguesa. Pela afirmação do item b), quem não fala a
poema, um processo árduo. As palavras enganam e língua portuguesa deixa de ser brasileiro. Nesse caso, em
parecem mais soltas e espontâneas do que realmente são. sua resposta, o candidato pode explicar a relação
Dessa forma, fica evidente o contraste entre a busca excludente tanto pela palavra ‘brasileiros’, quanto pela
áspera e o resultado na execução aparentemente suave da palavra ‘português’. “Nós brasileiros” afirma a unidade do
língua pelo sertanejo. povo, apagando sua heterogeneidade. “Falamos
b) A palavra ela refere-se à fala do sertanejo. Trata-se de português” também forja uma unidade de língua que não
um pronome pessoal utilizado como elemento anafórico. corresponde ao conjunto complexo dos diferentes falares
presentes no Brasil.

146) Alternativa: E Esta questão ressalta o processo de interlocução como


fundamental na relação dos falantes com a língua,
147) Alternativa: D apontando para o poder envolvido nessa relação. A
discussão dos pronomes, trazida pelo autor, coloca em
148) a) Estes são alguns dos equipamentos cuja entrada a questão a hegemonia lingüística: respeitar a língua do
reserva de mercado não permitia no país sem a outro significa considerar, mesmo nas pequenas diferenças
autorização do DEPIN. lexicais, outras maneiras de interpretar o mundo. O item
b) Fazer pesquisa insinuando que 64% dos brasileiros b), ao permitir ao candidato pensar sobre a unidade da
acham que existe corrupção no governo Itamar não é um língua e do povo também como uma questão interna ao
ato inteligente de um jornal de que todos gostamos e pela Brasil, traz para a pauta de discussões a política lingüística.
conservação de cuja isenção é dever de nós brasileiros É importante que o candidato possa olhar para a língua
lutar - ou - por cuja isenção é dever de nós brasileiros como um conjunto de diferenças, para que perceba que a
lutar. reflexão e o trabalho sobre esta, em seus diversos níveis
de análise, implica, necessariamente, políticas de língua.
149) a) ‘essa’
O pronome ‘essa’ é anafórico, ou seja, faz referência a um Fonte: Banca examinadora da Unicamp
termo anterior.
b) 152) a) A expressão “esses bichos”, na carta, refere-se a
1. Seja por falta de vontade, de vocação ou de capacidade. “capivaras”.
2. Seja por falta de vontade, de vocação ou por b) Duas passagens do texto em que ocorrem implícitos
incapacidade. podem ser:
Obs: a incoerência se dá na passagem ‘falta ... de • “e sei que existem muitas capivaras, mesmo dentro da
incapacidade’ área militar”. O advérbio “mesmo”, nesse caso, estabelece
c) ‘está longe do desejado’ o pressuposto de que, para o enunciador, não era
esperada a presença de capivaras em área militar.
150) a) O cansaço da vida está associado ao verbo Ele pressupõe também que os militares, conscientes de se
“alongar”, e a proximidade da morte está associada ao tratar de animais potencialmente nocivos à saúde humana,
verbo “encurtar”. tomariam medidas para afastar capivaras de sua
b) Porque existe uma contraposição evidente entre vizinhança.
“gastar” (no sentido de diminuir) e “crescer”; além disso , • “uma vez que estão em zona urbana”. O verbo estar,
em certo sentido pode-se contrapor a “idade” (a nesse trecho, põe em evidência um estado transitório.
maturidade) como um bem e a palavra “dano” entendida Ao referir-se às capivaras, pressupõe o conhecimento, por
como um mal ou desgraça. parte do enunciador, de que tais animais não são comuns
c) O elemento a que se refere o “ele” da última estrofe é o em áreas urbanas.
termo “bem” da estrofe anterior. Entre outros implícitos que poderiam ser explorados pelo
candidato, destacam-se, por exemplo, os pressupostos
151) a) Segundo o excerto, ‘nosotros’ apresenta um instaurados pelo verbo surpreender:
sentido inclusivo atestado em sua composição, pois não é • o enunciador sabia da existência de capivaras no local,
possível dizer ‘nós’ sem dizer ‘outros’. Essa injunção mas desconhecia a infestação de carrapatos em seu bairro;
morfológica da língua coloca sempre em pauta a diferença • causa espanto o prazo de 15 dias para a divulgação do
como alteridade necessária e não como oposição e recusa laudo, já que esse prazo é conflitante com a sua
na relação entre falantes de uma mesma língua e falantes expectativa.
de línguas diferentes. c) “infestação”.
b) O ‘nós’ é excludente, por um lado, porque separa os
brasileiros de todos os cidadãos de outras nacionalidades. 153) Alternativa: A
Por outro lado, no que diz respeito à nação brasileira, o
‘nós’ é excludente porque nem todo brasileiro fala a língua 154) Alternativa: D

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confidente que interpela uma moça apaixonada, que se
155) Alternativa: C torna assim interlocutora da voz lírica do poema.
b) No primeiro texto, o eu-poemático utiliza, para se referir
156) Alternativa: A aos interlocutores, a 1ª pessoa do plural (“bailemos”,
“nós”). O pronome “nós”, nesse caso, inclui quem fala (1ª
157) Alternativa: B pessoa) e com quem se fala (2ª pessoa). Já no segundo, a
pessoa gramatical utilizada para se referir ao interlocutor é
158) Alternativa: E a 2ª do singular (“irias”, “tu”, “teu”).

159) Alternativa: B
166) a) Para manter a rima com mamilo
160) Alternativa: C b) Há duas formas possíveis:

161) a) “certas situações”. Em terceira pessoa:


b) O pronome "as" e o seu antecedente, “certas Vou inquiri-lo,
situações”, têm a mesma função sintática: objeto direto do Alma danada,
verbo resignar. Ao seu mamilo,
Junto ao cautério,
Morra o mistério.

Em segunda pessoa:
162) a) A pessoa amada se revela formalmente como Vou inquirir-te,
terceira pessoa do singular, o que fica evidente no uso do Alma danada,
pronome do caso reto ela (“quanto me ela jura mais”), no Ao teu mamilo,
pronome possessivo seus (“seus olhos") e no pronome Junto ao cautério,
pessoal do caso oblíquo lhe ("vendo-lhe ofender"). Morra o mistério.
b) Porque, no texto de Noel Rosa, a pessoa amada é
indicada através do pronome de tratamento você (“Você é
um ente”), que tanto pode se referir a um homem quanto 167) a) “Pela boca da noite vem uma velhinha que os
a uma mulher. Além disso, a palavra ente também não recolhe, dobrando-se com um gemido”, o pronome
permite a distinção de sexo. relativo que substitui a expressão uma velhinha.
b) Pela boca da noite vem uma velhinha que recolhe os
163) a) aquela refere-se à poesia, enquanto esta refere-se carvões, dobrando-se com um gemido.
à história.
b) O historiador lida com acontecimentos “que
sucederam”, de caráter particular, já o poeta trata dos 168) a) sua mãe - você
fatos que “poderiam acontecer”, de caráter universal. De b) facilidade para comprar algo - mérito
maneira resumida, pode-se dizer que o historiador trata
dos fatos que já ocorreram, enquanto o poeta trata dos 169) Alternativa: D
que poderiam acontecer.
170) Alternativa: A
164) a) modo imperativo
b)
Se hoje eu a/o odeio amanhã lhe tenho amor.
ou
Se hoje eu te odeio amanhã tenho-te amor. (ou Se hoje eu
te odeio amanhã te tenho amor, embora, neste caso,
ocorra a colisão entre os dois tes: te tenho, ou ainda, Se
hoje eu te odeio amanhã tenho amor a ti)

165) a) Na Cantiga (de amigo) do trovador Airas Nunes, o


eu-poemático feminino dirige-se a duas outras moças, ora
chamadas de amigas, ora de irmãs, elegendo-as
interlocutoras de sua fala.
Já em Confessor Medieval, de Cecília Meireles, o eu-
poemático apresenta-se na figura de um confessor ou

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No verso Que em vivo ardor tremendo estou de frio NÃO III - Quando o governo propor reformas, o Congresso
ocorre: deverá ponderar muito antes de votá-las.
a) paradoxo.
b) ordem inversa dos termos na oração. Quanto aos períodos anteriores, assinale:
c) relação de conseqüência com a oração anterior. a) se apenas I está correta.
d) emprego de verbo no gerúndio. b) se todas estão incorretas.
e) equivalência sintática entre de frio e “poema de c) se apenas II está correta.
Camões”. d) se apenas III está correta.
e) se todas estão corretas.

94) (Mack-2001) A MENINA E A CANTIGA 97) (Mack-2005) 01Aurélia pousara a mão no ombro do
... trarilarára... traríla... marido (...), colocou-se
02
A meninota esganiçada magriça com a sáia voejando por diante de seu cavalheiro e entregou-lhe a cintura
cima dos joelhos em nó vinha meia dansando cantando no mimosa.
03
crepúsculo escuro. Batia compasso com a varinha na Era a primeira vez, e já tinham mais de seis meses de
poeira da calçada. casados; era
04
... trarilarára... traríla... a primeira vez que o braço de Seixas enlaçava a cintura
De repente voltou-se prá negra velha que vinha trôpega de Aurélia. Explica-
05
atrás, enorme trouxa de roupas na cabeça: se pois o estremecimento que ambos sofreram ao
- Qué mi dá, vó? mútuo contacto (...).
06
- Naão. As senhoras não gostam da valsa, senão pelo prazer de
07
... trarilarára... traríla... sentirem-se arrebatadas no turbilhão.(...) Mas é
Mário de Andrade justamente aí que o
08
está perigo. Esse enlevo inocente da dança entrega a
De repente voltou-se prá negra velha que vinha trôpega mulher
09
atrás, enorme trouxa de roupas na cabeça. palpitante, inebriada, às tentações do cavalheiro,
O fragmento acima apresenta: delicado embora,
10
a) aliteração expressiva, que intensifica o modo de andar mas homem, que ela sem querer está provocando com o
da personagem. casto requebro
11
b) antítese na caracterização da negra velha. de seu talhe e traspassando com as tépidas emanações
c) eufemismo na caracterização de trouxa de roupas. de seu corpo.
d) uso de expressão irreverente na caracterização da avó. José de Alencar
e) tempo e modo verbais que expressam ações contínuas
no passado. Assinale a alternativa correta.
a) No primeiro parágrafo, entregou é forma verbal que
95) (Mack-1996) Assinale a alternativa que apresenta total expressa ação realizada no passado antes de outra
correção quanto à ortografia e à acentuação ortográfica ocorrida também no passado.
dos verbos destacados. b) O advérbio já (linha 03) está empregado com o mesmo
a) Quando você o VIR, notará que, no passado, ele creu sentido de “ainda”.
nos homens, já PÔDE portanto, ser feliz um dia. c) As expressões de Seixas (linha 04), de Aurélia (linha 04) e
b) Os tios PROVÊM a casa com alimentos e frutas, convém da valsa (linha 06) exercem a mesma função sintática:
que as crianças dêem valor a tudo. objeto indireto.
c) Ele INTERVEIO na discussão para que nós REAVÊSSEMOS d) Substituindo senão (linha 06) por “unicamente”, o
o dinheiro perdido e VÍSSEMOS uma saída. sentido original não é prejudicado.
d) Se você REPUSER o que gastou, prometo que o e) O emprego de justamente (linha 07) revela o desejo de
advogado não mais INTERVIRÁ em nossas vidas, como precisão na indicação feita.
também DESFAZERÁ os mal-entendidos com a sua família.
e) Hoje, enquanto ENXAGÚO a louça, ABENÇÔO a água e
REÚNO forças para enfrentar a luta. 98) (Mack-2004) Euclides da Cunha morreu, aos 43 anos de
idade, em 15 de agosto de 1909, por volta das dez e meia
de uma manhã chuvosa de domingo, em tiroteio com os
96) (Mack-1997) I - Quando ele vir para cá e ver que os cadetes Dinorá e Dilermando Cândido de Assis, amante de
convidados ainda não chegaram, ficará desapontado. sua mulher. Saía no mesmo dia a entrevista que dera para
II - Ele não interviu na discussão, porque era amigo de Viriato Corrêa, da Ilustração Brasileira, em sua casa na Rua
ambos. Nossa Senhora de Copacabana. A entrevista foi dada em

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um domingo, Viriato e Euclides conversaram, almoçaram e Coimbra, regendo a universidade, ou em Lisboa, expedindo
passearam descalços na praia. Era sol e era azul. os negócios da monarquia.
— A ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu emprego
Sobre as formas verbais morreu ,saía e dera, é correto único; Itaguaí é o meu universo.
afirmar: Dito isso, meteu-se em Itaguaí, e entregou-se de corpo e
a) as ações a que se referem ocorreram na ordem em que alma ao estudo da ciência [...]. Foi então que um dos
as formas aparecem no texto. recantos desta [da medicina] lhe chamou especialmente a
b) as duas primeiras expressam ações anteriores à descrita atenção, — o recanto psíquico, o exame da patologia
pela última. cerebral. Não havia na colônia, e ainda no reino, uma só
c) saía, ao contrário de morreu, expressa, no texto, uma autoridade em semelhante matéria, mal explorada ou
ação habitual no passado. quase inexplorada. Simão Bacamarte compreendeu que a
d) saía reforça a noção de simultaneidade e dera expressa ciência lusitana, e particularmente a brasileira, podia
anterioridade em relação a morreu. cobrir-se de “louros imarcescíveis”, — expressão usada por
e) morreu e dera expressam eventos posteriores ao ele mesmo, mas em um arroubo de intimidade doméstica;
descrito em saía. exteriormente era modesto, segundo convém aos
sabedores.
Machado de Assis — O alienista
99) (Mack-2004) Texto I Obs.: orate = indivíduo louco
(...) estás sempre aí, bruxo alusivo e zombeteiro, imarcescível = que não murcha
que revolves em mim tantos enigmas.
Carlos Drummond de Andrade (em poema dedicado a Assinale a alternativa correta.
Machado de Assis) a) Transpondo-se a frase — A ciência, disse ele a Sua
Majestade, é o meu emprego único (linha 05) para o
Texto II discurso indireto, a forma correta é: “Ele disse a Sua
Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que Majestade: a ciência é o meu emprego único”.
olha de dentro para fora, outra que olha de fora para b) Para que não se altere o sentido original, considerado o
dentro contexto, a oração Dito isso (linha 06) só pode ser
(...). Há casos, por exemplo, em que um simples botão de desenvolvida desta forma: “Porque disse isso”.
camisa é a alma exterior de uma pessoa; - e assim também c) Em mal explorada (linhas 08 e 09), o termo em negrito
a polca, o voltarete, um livro, uma máquina, um par de está empregado de acordo com a norma padrão, assim
botas (...). Há cavalheiros, por exemplo, cuja alma exterior, como em “Ele é notório pelo seu mal humor”.
nos primeiros anos, foi um chocalho ou um cavalinho de d) O vocábulo compreendeu (linha 09) está corretamente
pau, e mais tarde uma provedoria de irmandade, separado em sílabas assim: com-preen-deu.
suponhamos. e) Se o verbo “convir” (linha 11) fosse empregado na
Machado de Assis terceira pessoa do plural, a forma correta seria “convêm”.

Em Há casos e Há cavalheiros (texto II), o verbo “haver” foi


usado de forma impessoal, de acordo, portanto, com a 101) (Mack-2007) Os ponteiros do relógio imitam as
norma culta da língua. jornadas do Sol e da Lua e a seqüência cíclica das estações
Assinale a alternativa em que também se encontra forma do ano. Ninguém acredita, no entanto, na falsa promessa
verbal adequada a essa norma. de renovação que eles expressam a cada 12 horas, quando
a) Deve haver cavalheiros. voltam inconseqüentemente ao ponto de partida. O
b) Devem haver cavalheiros. mundo está cheio de ferramentas que enferrujaram,
c) Deve existir cavalheiros. tecidos que desbotaram e cabelos que embranqueceram a
d) Existe cavalheiros. mostrar que o tempo avança, não roda, e que ele deixa
e) Haviam cavalheiros. marcas indeléveis. A humanidade há muito aprendeu que
o único instrumento cronométrico digno de confiança é a
memória e, para frear a volatilização de suas lembranças e
100) (Mack-2006) Capítulo 1 preservar sua noção do tempo, empregou todos os
De como Itaguaí ganhou uma casa de Orates recursos a sua disposição, desde marcas em troncos de
As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em tempos árvores até calendários precisos e tratados enciclopédicos
remotos vivera ali um certo médico, o Dr. Simão de história.
Bacamarte, filho da nobreza da terra e o maior dos Nas últimas décadas, o advento de outra memória, a dos
médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas. Estudara computadores, teve impactos sem precedentes sobre
em Coimbra e Pádua. Aos trinta e quatro anos regressou nossa concepção do tempo. Sem que percebêssemos, um
ao Brasil, não podendo el-rei alcançar dele que ficasse em novo ritmo se apossou das mentes e já começa a alterar o
comportamento. É ainda cedo para prever as dimensões

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da mudança que está a caminho, mas não para refletir dos equívocos de nossa política imigratória. As pessoas
sobre sua origem e suas primeiras manifestações. que ele encontrou não eram agricultores e técnicos, gente
Luiz Nunes de Oliveira capaz de ser útil. Viu músicos profissionais, bailarinas
austríacas, cabeleireiras lituanas. (...) Tudo gente para o
asfalto, “para entulhar as grandes cidades”, como diz o
No texto, repórter.
a) o segmento A humanidade há muito aprendeu que o (...) Mas eu peço licença para ficar imaginando uma porção
único instrumento cronométrico digno de confiança é a de coisas vagas, ao olhar essas belas fotografias que
memória (linhas 07 a 09) deve ser lido com tom de severa ilustram a reportagem. (...) – não, essa gente não vai
advertência, como se estivesse explícita a seguinte idéia: aumentar a produção de batatinhas e quiabos nem plantar
“e isso não deve ser esquecido”. cidades no Brasil Central.
b) a correlação entre desde e até (linha 11) foi empregada É insensato importar gente assim. Mas o destino das
para caracterizar os recuos da humanidade na construção pessoas e dos países também é, muitas vezes, insensato:
de seus precisos objetos de medição do tempo. principalmente da gente nova e países novos. A
c) o autor valeu-se da expressão está cheio (linha 05) para humanidade não vive apenas de carne, alface e motores.
denotar, em linguagem coloquial, que as pessoas não (...) e se o jovem Chaplin quisesse hoje entrar no Brasil
suportam mais produzir objetos que se revelam sensíveis à acaso poderia? Ninguém sabe que destino terão no Brasil
passagem do tempo. essas mulheres louras, esses homens de profissões vagas.
d) a mostrar (linha 06) é oração que introduz a finalidade Eles estão procurando alguma coisa: emigraram. Trazem
das ações referidas anteriormente. pelo menos o patrimônio de sua inquietação e de seu
e) a caracterização de ferramentas, tecidos (linha 05) e apetite de vida.
cabelos (linha 06) se realizou com a utilização de verbos Rubem Braga, Rio de Janeiro, janeiro de 1952
que implicam a idéia de processo.
Assinale a alternativa correta.
a) Em onde ficam os imigrantes (linhas 01 e 02), a
102) (Mack-2007) Quando morre algum dos seus põem-lhe substituição do pronome relativo por “que” mantém a
sobre a sepultura pratos, cheios de viandas, e uma rede correção gramatical da frase.
(...) mui bem lavada. Isto, porque crêem, segundo dizem, b) Em Ninguém sabe que destino terão no Brasil essas
que depois que morrem tornam a comer e descansar sobre mulheres louras, esses homens de profissões vagas, a
a sepultura. Deitam-nos em covas redondas, e, se são substituição do verbo assinalado por “haverão de ter”
principais, fazem-lhes uma choça de palma. Não têm mantém a correção gramatical da frase.
conhecimento de glória nem inferno, somente dizem que c) No contexto, as palavras imigrantes (linha 02) e
depois de morrer vão descansar a um bom lugar. (...) emigraram (linha 17) poderiam, sem prejuízo do sentido
Qualquer cristão, que entre em suas casas, dão lhe a original, ser substituídas por “emigrantes” e “imigraram”,
comer do que têm, e uma rede lavada em que durma. São respectivamente.
castas as mulheres a seus maridos. d) Nas palavras insensato e imigrar os prefixos assinalados
Padre Manuel da Nóbrega expressam o mesmo sentido.
e) O substantivo que tem a mesma raiz do adjetivo
Assinale a alternativa correta. insensato está corretamente grafado assim: “insensatês”.
a) Substituindo-se o verbo “crer” pelo verbo “ver”, em
porque crêem (linha 02), teríamos, de acordo com a norma
culta, a forma verbal “vêm”. 104) (PUC - SP-2007) Leia atentamente o texto abaixo, a
b) Em Quando morre algum dos seus põem-lhe (linha 01), fim de responder às duas questões que o seguem.
a forma verbal destacada evidencia caso de sujeito Yahoo tenta comprar AOL e barrar avanço do Google
inexistente. O Yahoo negocia com a Time Warner a compra do site
c) A distinção entre os pronomes nos (linha 04) e lhes America Online (AOL), segundo a revista Fortune. A
(linha 05) sinaliza que são diferentes os seres a que se compra seria uma tentativa de chamar atenção dos
referem. investidores e tirar o foco do Google. O Yahoo era líder em
d) Em São castas as mulheres (linhas 08 e 09), o adjetivo buscas na internet até a chegada do Google, que detém o
destacado, no contexto em que se insere, significa domínio desse mercado.
“especiais”. (O Estado de São Paulo, 30 out. 2006)
e) A forma verbal durma (linha 08) pode ser substituída
por “possa dormir”, sem prejuízo do sentido original. Em relação aos verbos destacados no texto, é possível
afirmar que
a) todos estão no modo subjuntivo e, por isso, expressam
103) (Mack-2007) José Leal fez uma reportagem na Ilha das os fatos como possibilidades.
Flores, onde ficam os imigrantes logo que chegam. E falou

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b) todos estão no modo indicativo, no entanto, “seria” Odeio surtos de bom-mocismo, remorsos súbitos,
expressa o fato como possibilidade. arrastões morais. Abomino a retórica politicamente
c) “negocia” e “detém” estão no modo indicativo, ao passo correta, paternalismos vesgos, equívocos bem-
que “seria” e “era” estão no subjuntivo; por isso, os intencionados.
primeiros expressam os fatos como verdades, enquanto os Assisto pois com fastio e espanto às discussões sobre a
últimos os expressam como possibilidades. implantação de um sistema de cotas, na
d) “negocia” e “detém” estão no modo imperativo, ao universidade, para estudantes de pele negra. No Ceará,
passo que “seria” e “era” estão no modo indicativo; por baseado no mesmo voluntarismo míope, tramita na
isso, os primeiros expressam os fatos como ordens, Assembléia projeto que garante cotas no vestibular para
enquanto os últimos os expressam como verdades. estudantes da escola pública. As duas propostas padecem
e) “negocia”, “era” e “detém” estão no modo indicativo, do mesmo pecado original: pretendem remediar uma
ao passo que “seria” está no modo subjuntivo; por isso, os injustiça histórica através de outra.
primeiros expressam os fatos como possibilidades, A perversa desigualdade brasileira tem raízes profundas,
enquanto o último o expressa como verdade. construídas ao longo de 500 anos de exploração,
preconceito e exclusão. Portanto, não será resolvida na
base de decretos e canetadas oficiais. O tal sistema de
105) (PUC - SP-2007) Considere o trecho “...que detém o cotas aponta no alvo errado. Em vez de combater o
domínio desse mercado”. Se o sujeito do verbo deter problema em suas causas primeiras, procura apaziguar
estivesse no plural, a escrita correta para o trecho seria nossas consciências cívicas investindo contra o que, na
a) ...que detém o domínio desse mercado. verdade, é só uma conseqüência.
b) ...que detem o domínio desse mercado. Se queremos, de fato, estabelecer políticas
c) ...que detéem o domínio desse mercado. compensatórias a favor dos excluídos, que apontemos
d) ...que detêm o domínio desse mercado. então nossa indignação para o coração da desigualdade: é
e) ...que detêem o domínio desse mercado. preciso investir maciçamente na educação básica,
elevando efetivamente o nível da escola pública.
Ao adotarmos cotas e cursinhos pré-universitários
106) (PUCCamp-1995) Indique a frase em que o verbo exclusivos para negros, estaríamos na verdade
(indicado entre parênteses) esteja conjugado estabelecendo um retrocesso histórico, institucionalizando
INCORRETAMENTE. o questionável conceito de raça. Ressuscitaríamos assim,
a) Poderia haver acordo se eles repusessem a quantia quem sabe, as teses de Nina Rodrigues. Reforçaríamos a
gasta indevidamente. (REPOR) idéia anacrônica de que as raças são naturais e, por
b) Queria pedir-lhe que revisse minha última questão da conseqüência, que uma pode realmente ser superior às
prova. (REVER) outras. Assim, só alimentaríamos ainda mais o
c) Se eles intervissem com mais calma, não teria ocorrido o preconceito. Oficializaríamos o gueto e a discriminação.
tumulto. (INTERVIR) Os adeptos da idéia se defendem com nova pérola do
d) Poderíamos ter ido todos juntos, se coubéssemos no pensamento politicamente correto. Falam de uma tal
meu carro. (CABER) ''discriminação positiva''. Em bom português, não passa de
e) Se eles sempre nos contradissessem, já esperaríamos uma outra forma de racismo. Um racismo às avessas. Mas
seu indeferimento ao projeto, mas nunca houve o mais puro e insuportável racismo.
discordâncias entre nós. (CONTRADIZER) (Lira Neto. O POVO: 14/9/2001)

107) (PUCCamp-1998) A frase em que o verbo está Sobre o uso dos tempos verbais no quinto parágrafo ,
incorretamente conjugado é: pode-se afirmar:
I. o futuro do pretérito poderia ser substituído pelo
a) O aparelho mal regulado não mói direito os cereais. futuro do presente sem prejuízo para o sentido do texto
b) Até que enfim reouvemos tudo o que havíamos perdido II. a alta freqüência de formas verbais no futuro do
indevidamente. pretérito imprime às informações um caráter de
c) Se você o ver antes de mim, conduza-o ao salão nobre. possibilidades remotas, o que reforça o espanto revelado
d) Eles se mantiveram calados praticamente durante todo pelo autor no segundo parágrafo
o julgamento. III. no discurso de Nina Rodrigues, que é referido
e) Espero que caibamos todos naquele espaço tão restrito. pelo autor, as formas do presente do indicativo - são e
pode (...) ser - expressam verdades universais
Está correto o que se afirma
108) (UECE-2002) OUTRO NOME DO RACISMO a) em I e II
b) apenas em II
c) apenas em III

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d) em II e III nariz encostado na vitrina cheia de brinquedos dos nossos
sonhos); não teorize sobre o amor; ame. Siga o destino dos
sentimentos aqui e agora.
109) (UECE-1996) PARA QUEM QUER APRENDER A GOSTAR 07 Não tenha medo exatamente de tudo o que você
teme, como: a sinceridade; não dar certo; depois vir a
01 "Talvez seja tão simples, tolo e natural que você sofrer (sofrerá de qualquer jeito); abrir o coração; contar a
nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o verdade do tamanho do amor que sente.
seu amor. Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito. 08 Jogue por alto todas as jogadas, estratagemas,
Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito. Gostar é golpes, espertezas, atitudes sabidamente eficazes (não é
tão fácil que ninguém aceita aprender. sábio ser sabido): seja apenas você no auge de sua emoção
02 Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo, e carência, exatamente aquele você que a vida impede de
bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, ser. Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs.
cheios de entrega, doação e dádiva. Mas esbarram na Falando besteira, mas criando sempre. Gaguejando flores.
dificuldade de se tornar bonitos. Apenas isso: bonitos, Sentindo coração bater como no tempo do Natal infantil.
belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e Revivendo os carinhos que intuiu em criança. Sem medo
atenção. Amores levados com arte e ternura de mãos de dizer eu quero, eu gosto, eu estou com vontade.
jardineiras. 09 Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou
03 Aí esses amores que são verdadeiros, eternos e fazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo o seu amor,
descomunais de repente se percebem ameaçados apenas ou amar fazendo o seu amor bonito (a ordem das frases
e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram, não altera o produto), sempre que ele seja a mais
exigem; rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de verdadeira expressão de tudo o que você é, e nunca:
compreender; necessitam mais do que oferecem; precisam deixaram, conseguiu, soube, pôde, foi possível, ser.
mais do que atendem; enchem-se de razões. Sim, de 10 Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto.
razões. Ter razão é o maior perigo do amor. Quem tem Não se preocupe mais com ele e suas definições. Cuide
razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, agora da formas. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do
de exigir justiça, eqüidade, equiparação, sem atinar que o cuidado. Cuide do carinho. Cuide de você. Ame-se o
que está sem razão talvez passe por um momento de sua suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim
vida no qual não possa ter razão. Nem queira. Ter razão é poder começar a tentar fazer o outro feliz".
um perigo: em geral enfeia o amor, pois é invocado com
justiça, mas na hora errada. Amar bonito é saber a hora de (TÁVOLA, Arthur da. Para quem quer aprender a amar. In:
ter razão. COSTA, Dirce Maura Lucchetti et al. Estudo de texto:
04 Ponha a mão na consciência. Você tem certeza de estrutura, mensagem, re-criação. Rio, DIMAC, 1987. P. 25-
que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando 6)
do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da
alegria do encontro, da dor do desencontro a maior beleza
possível? Talvez não. Cheio ou cheia de razões, você Flexiona-se como "enfeia", parágrafo 3, o verbo:
espera do amor apenas aquilo que é exigido por suas a) afiar.
partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco b) agraciar.
esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em c) balbuciar.
quando ele pode trazer. Quem espera mais do que isso d) galantear.
sofre, e sofrendo deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de
ser alegre, igual, irmão, criança. E sem soltar a criança,
nenhum amor é bonito. 110) (UECE-2002) AS IRACEMAS DO CEARÁ
05 Não tema o romantismo. Derrube as cercas da
opinião alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite a
cabeça de quem você ama. Saia cantando e olhe alegre. Em pleno domingo, ao pino do sol, procurávamos,
Recomendam-se: encabulamentos, ser pego em flagrante entre o pouco verde que ainda resta, entre as pequenas
gostando; não se cansar de olhar, e olhar; não atrapalhar a estradas de Caucaia, a índia que recebera o mesmo nome
convivência com teorizações; adiar sempre, se possível da virgem dos lábios de mel de José de Alencar. Ao
com beijos, 'aquela conversa importante que precisamos encontrá-la, algumas semelhanças nos vêm à mente. Os
ter'; arquivar, se possível, as reclamações pela pouca cabelos são negros como asa de graúna só que ficam
atenção recebida. Para quem ama, toda atenção é sempre presos no topo da cabeça. O pé é pequeno e grácil, mas
pouca. Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode não aparece nu e sim calçado em uma chinela de borracha.
ser toda a atenção possível. Quem ama bonito não gasta o Está ali uma outra Iracema, está ali também o retrato das
tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter. índias de agora, longe do traço romanesco do poeta-
06 Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, romancista.Esta Iracema, de sobrenome Matos Mesquita,
pobres escritores que vemos a vida como a criança de traça uma história diferente daquela dos seus

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antepassados (...).Até pouco tempo atrás ensinava os guris Vira-bosta mudou de vida
da aldeia da Lagoa, embaixo de uma cajazeira. Iracema Maitacas se instalaram no alto dos galhos
trocou os livros e as cantigas de meninos para tornar-se
agente de saúde. “O trabalho da índia não é mais diferente No interior
do da mulher branca. Antes, ela ia para a mata, plantava e o Brasil continua desconfiado
fazia artesanato. Agora, algumas vendem frutas e peixes A serra morde as carretas
em Fortaleza e outras ou são professoras ou apenas Povo puxa bendito pra vir chuva
domésticas”, explica Iracema. Da antiga imagem das
mulheres de seios de fora, saia de palha e cocar na cabeça Nas estradas vazias
resta muito pouco. As mulheres indígenas não esperam cruzes sem nome marcam casos de morte
mais aquilo que a terra sob os pés tem a oferecer. (...) As vinganças continuam
Apenas algumas índias conhecem a saga da virgem dos Famílias se entredevoram nas tocaias
lábios de mel. “Nós fomos abandonados como a Iracema
do livro. Só que abandonados pelas autoridades. Hoje, a Há noites de reza e cata-piolho
situação está mudando um pouco porque não ficamos
mais calados e descobrimos que temos direitos. E estamos Nas bandas do cemitério
lutando por eles”, enfatiza a Iracema dos Tapebas. (Ana Cachorro magro sem dono uiva sozinho
Naddaf e Marisa A. de Britto Xavier. O POVO. (18/4/1999)
De vez em quando
a mula-sem-cabeça sobe a serra
No texto, que constitui um relato, supõe-se que todos os ver o Brasil como vai
fatos referidos ocorreram num tempo anterior ao da Raul Bopp
enunciação (o momento da produção do relato).
Considerando-se então a perspectiva das autoras, pode-se Considerando-se as formas verbais empregadas no poema,
dizer que as formas verbais procurávamos, recebera e vêm constata-se que o pretérito perfeito dialoga com o
indicam, respectivamente, presente, de modo a permitir a divisão do texto em duas
partes: a primeira parte, do verso 1 ao 17 , e a segunda, do
a) passado remoto, passado recente, passado verso 18 ao 31 . Sobre essas duas partes podemos afirmar:
intermediário
b) passado intermediário, passado remoto, presente a) a primeira retrata a realidade brasileira do tempo da
c) passado remoto, passado intermediário, presente colonização; a segunda, os primeiros anos do século XX
d) passado intermediário, passado remoto, passado b) a primeira sugere o processo de formação da cultura
recente brasileira; a segunda, a manifestação, no presente, de
valores do passado
111) (UECE-2002) HERANÇA c) a primeira enfoca o passado numa perspectiva a-
histórica; a segunda, o presente em contradição com o
- Vamos brincar de Brasil? passado
Mas sou eu quem manda d) a primeira focaliza o legado cultural herdado pelo povo
Quero morar numa casa grande brasileiro; a segunda, as marcas de um passado esquecido
... Começou desse jeito a nossa história.
112) (UEL-1994) Assinale a alternativa que preenche
Negro fez papel de sombra. corretamente as lacunas da frase apresentada.
Todos esperam que, reaberto o diálogo entre Governo e
E foram chegando soldados e frades professores, os ânimos se .............
Trouxeram as leis e os Dez-Mandamentos a) apaziguem.
Jabuti perguntou: b) apazigúem.
“- Ora é só isso?” c) apazigüem.
d) apazíguem.
Depois vieram as mulheres do próximo e) apaziguém.
Vieram imigrantes com alma a retalho
Brasil subiu até o 10º andar 113) (UEL-1994) Assinale a alternativa que preenche
corretamente as lacunas da frase apresentada.
Litoral riu com os motores Assim que ...... o resultado do concurso, .......... aqui te
Subúrbio confraternizou com a cidade informar.
a) vermos - viremos.
Negro coçou piano e fez música b) virmos - viéssemos.
c) vejamos - viéramos.

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d) vejamos - viemos. c) proviram - precavessem - provessem.
e) virmos - viremos. d) proviram - precavissem - provissem.
e) provieram - precavissem - provessem.
114) (UEL-1994) Assinale a alternativa que preenche
corretamente as lacunas da frase apresentada. 119) (UEL-1995) Assinale a letra correspondente à
Se os diretores ...... e ...... as partes interessadas, é possível alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase
que não mais...... a punição. apresentada.
a) intervierem - satisfazerem - receemos.
b) intervirem - satisfizerem - receiemos. Tomar medidas tão violentas me ....................; creio que
c) intervierem - satisfizerem - receemos. melhor ...................... com toda a diplomacia.
d) intervirem - satisfazerem - receiemos. a) parecem imprudentes - seria negociarmos.
e) intervirem - satisfizerem - receemos. b) parece imprudente - seríamos negociar.
c) parece imprudente - seria negociarmos.
115) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à d) parecem imprudentes - seríamos negociar.
alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase e) parece imprudente - seríamos negociarmos.
apresentada.
Eles se ......... conosco quando os ......... em casa para 120) (UEL-2006) Filho de Eriberto, o motorista que
sondar suas intenções. desmontou o esquema PC Farias e foi peça chave no
a) indispuseram - retivemos. impeachment do presidente Fernando Collor de Mello,
b) indispuseram - retemos. André Vinícius colheu bem mais elogios do que
c) indisporam - retivemos. hostilidades. Na época, ele tinha cinco anos e não entendia
d) indisporam - retemos. o que acontecia. Sofria, apenas, porque os pais o levavam
e) indispuseram - retêramos. para dormir com os avós, por precaução. “Eu não gostava
da noite porque me separava deles. Era triste”, relembra.
116) (UEL-1995) Assinale a letra correspondente à Com o tempo, ele passou a ser cumprimentado pela
alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase atitude heróica do pai. “Tenho orgulho. Ele foi corajoso.
apresentada. Mexeu com gente importante e era a parte mais fraca.
Normalmente, as pessoas falam dele de forma respeitosa.
Se você não ............... o que sacou da minha conta e se eu Exceto um ‘seu pai é dedo-duro!’, dito de brincadeira, o
não .................. meu crédito junto à gerência, ................ resto é elogio.”
responder a um processo. (Os filhos do país dos escândalos. In: Istoé, n. 1868, p. 40,
a) repuser - reaver - caber-lhe-á. 30 ago. 2005.)
b) repuser - reouver - caber-lhe-á.
c) repor - reouver - couber-lhe-á. Assinale a alternativa que transmite apenas idéias de ações
d) repor - reaver - caber-lhe-á. realizadas no passado, de forma duradoura e repetitiva.
e) repuser - reouver - couber-lhe-á. a) “O motorista que desmontou o esquema PC Farias e foi
peça chave”...
117) (UEL-1995) Assinale a letra correspondente à b) “Tenho orgulho. Ele foi corajoso”.
alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase c) “Eu não gostava da noite porque me separava deles. Era
apresentada. triste.”
d) “Normalmente, as pessoas falam dele de forma
O professor, ................. que alguém .................. resultados respeitosa.”
negativos, ................ a tempo. e) “Mexeu com gente importante e era a parte mais fraca.”
a) receando - previsse - interveio.
b) receiando - prevesse - interveio.
c) receiando - previsse - interviu. 121) (UEPB-2006) “Se não houver um basta nesta
d) receando - prevesse - interviu. desenfreada corrupção, vamos dar razão a quem afirmou
e) receando - previsse - interviu. um dia que este país cresce quando a grande maioria dos
gestores públicos e políticos dormem”.
118) (UEL-1995) Assinale a letra correspondente à (Correio da Paraíba, 24/05/05)
alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase Analise a flexão número/pessoal do verbo DORMIR nesse
apresentada. excerto, e, em seguida, assinale a alternativa que justifica
corretamente a concordância nas construções partitivas:
Daquela escola .............. recursos para que os funcionários a) De acordo com a norma gramatical, a única
se .................. contra novas crises e ................ a cantina. possibilidade de concordância nas construções partitivas é
a) provieram - precavissem - provissem. a flexão do verbo com o adjunto adnominal, de forma que
b) provieram - precavessem - provessem. a estrutura citada está correta.

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Exercícios com Gabarito de Português O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a
baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Advérbio, Conjunção e Preposição Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o
sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira
1) (UFAC-1997) O PRIMO tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal
Primeira noite ele conheceu que Santina não era moça. roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra
Casado por amor, Bento se desesperou. Matar a noiva, com as primeiras águas.
suicidar-se, e deixar o outro sem castigo? Ela revelou que, Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da
havia dois anos, o primo Euzébio lhe fizera mal, por mais floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais
que se defendesse. De vergonha, prometeu a Nossa fresca do que o orvalho da noite.
Senhora ficar solteira. O próprio Bento não a deixava .......................................................................
mentir, testemunha de sua aflição antes do casamento. Rumor suspeito quebra a harmonia da sesta. Ergue a
Santina pediu perdão, ele respondeu que era tarde - noiva virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista
de grinalda sem ter direito. perturba-se. Diante dela, e todo a contemplá-la, está um
(Cemitério de elefantes. Apud CARNEIRO, Agostinho Dias) guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau
espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que
"...o primo Euzébio lhe fizera mal..." Nessa frase, a palavra bordam o mar, nos olhos o azul triste das águas profundas.
mal está escrita com "l". Há, porém, situações em que ela Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.
também pode ser escrita com "u". Observe as frases Foi rápido como o olhar o gesto de Iracema. A flecha
abaixo e, em seguida, assinale a alternativa cuja seqüência embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na
preencha adequadamente os espaços em branco. face do desconhecido.
De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da
- Para Santina, Euzébio foi um homem____. espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na
- Segundo o narrador, Bento fez um _____ casamento. religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e
- Bento recebeu muito_____ a revelação de Santina. amor. Sofreu mais da alma que da ferida.
_____ ouviu a revelação de Santina, Bento decidiu O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não sei eu.
separar-se. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba e correu
para o guerreiro, sentida da mágoa que causara. A mão,
a) mau / mal / mal / Mau que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o
b) mau / mal / mau / Mal sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha
c) mal / mau / mal / Mau homicida; deu a haste ao desconhecido, guardando
d) mal / mal / mau / Mau consigo a ponta farpada.
e) mau / mau / mal / Mal O guerreiro falou:
- Quebras comigo a flecha da paz?
- Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus
2) (Fuvest-1998) "É preciso agir, e rápido", disse ontem o irmãos? Donde vieste a estas matas que nunca viram outro
ex-presidente nacional do partido. guerreiro como tu?
- Venho de longe, filha das florestas. Venho das terras que
A frase em que a palavra sublinhada NÃO exerce função teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus.
idêntica à de rápido é: - Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras,
senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai de
a) Como estava exaltado, o homem gesticulava e falava Iracema.”
alto. (José de Alencar, do romance Iracema)
b) Mademoiselle ergueu súbito a cabeça, voltou-a pro
lado, esperando, olhos baixos.
c) Estavam acostumados a falar baixo. “O pé grácil e nu, MAL roçando, alisava apenas a verde
d) Conversamos por alguns minutos, mas tão abafado que pelúcia que vestia a terra” (linhas 10 a 12). Em que
nem as paredes ouviram. alternativa a palavra “MAL” foi empregada no mesmo
e) Sim, havíamos de ter um oratório bonito, alto, de sentido da frase do texto
jacarandá. a) Mal Iracema viu o guerreiro, disparou a flecha contra ele
b) Ao ver o guerreiro ferido, sorrindo para ela, a índia
percebeu que agira mal
3) (UECE-2006) “Além, muito além daquela serra, que c) O guerreiro, apesar de falar mal o idioma da índia,
ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. conseguiu comunicar-se
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos d) O guerreiro ferido pela flecha, mal podia caminhar.
mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu
talhe de palmeira.

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4) (Mack-2005) 01Aurélia pousara a mão no ombro do 14. um mancebo da sua tribo, que diariamente vinha
marido (...), colocou-se 15. caçar ou pescar à ilha, e vinte vezes já o havia
02
diante de seu cavalheiro e entregou-lhe a cintura feito
mimosa. 16. sem que de uma só desse fé dos olhares ardentes
03
Era a primeira vez, e já tinham mais de seis meses de 17. que lhe dardejava a moça. O nome dele era
casados; era Aoitin;
04
a primeira vez que o braço de Seixas enlaçava a cintura 18. o nome dela era Ahy.
de Aurélia. Explica- 19. A pobre Ahy, que sempre o seguia, ora lhe
05
se pois o estremecimento que ambos sofreram ao apanhava
mútuo contacto (...). 20. as aves que ele matava, ora lhe buscava as flechas
06
As senhoras não gostam da valsa, senão pelo prazer de 21. disparadas, e nunca um só sinal de
07
sentirem-se arrebatadas no turbilhão.(...) Mas é reconhecimento
justamente aí que o 22. obtinha; quando no fim de seus trabalhos,
08
está perigo. Esse enlevo inocente da dança entrega a 23. Aoitin ia adormecer na gruta, ela entrava de
mulher manso
09
palpitante, inebriada, às tentações do cavalheiro, 24. e com um ramo de palmeira procurava, movendo
delicado embora, o
10
mas homem, que ela sem querer está provocando com o 25. ar, refrescar a fronte do guerreiro adormecido.
casto requebro Mas
11
de seu talhe e traspassando com as tépidas emanações 26. tantos extremos eram tão mal pagos que Ahy, de
de seu corpo. 27. cansada, procurou fugir do insensível moço e
José de Alencar fazer
28. por esquecê-lo; porém, como era de esperar, nem
Assinale a alternativa correta. 29. fugiu-lhe e nem o esqueceu.
a) No primeiro parágrafo, entregou é forma verbal que 30. Desde então tomou outro partido: chorou. Ou
expressa ação realizada no passado antes de outra 31. porque a sua dor era tão grande que lhe podia
ocorrida também no passado. 32. exprimir o amor em lágrimas desde o coração até
b) O advérbio já (linha 03) está empregado com o mesmo 33. os olhos, ou porque, selvagem mesmo, ela já tinha
sentido de “ainda”. 34. compreendido que a grande arma da mulher está
c) As expressões de Seixas (linha 04), de Aurélia (linha 04) e 35. no pranto, Ahy chorou.
da valsa (linha 06) exercem a mesma função sintática: MACEDO, Joaquim Manuel de. A
objeto indireto. Moreninha. São Paulo: Ática, 1997, p. 62-63.
d) Substituindo senão (linha 06) por “unicamente”, o
sentido original não é prejudicado. Que circunstância indica, no texto, a expressão de cansada
e) O emprego de justamente (linha 07) revela o desejo de (L. 27)? Como o texto justifica essa circunstância?
precisão na indicação feita.

6) (Unicamp-2001) A breve tira abaixo fornece um bom


5) (FGV-2004) 1. Era no tempo que ainda os portugueses exemplo de como o contexto pode afetar a interpretação e
não até mesmo a análise gramatical de uma seqüência
2. haviam sido por uma tempestade empurrados lingüística.
para
3. a terra de Santa Cruz. Esta pequena ilha abundava RADICAL CHIC/Miguel Paiva
4. de belas aves e em derredor pescava-se excelente
5. peixe. Uma jovem tamoia, cujo rosto moreno
parecia
6. tostado pelo fogo em que ardia-lhe o coração,
7. uma jovem tamoia linda e sensível, tinha por
habitação
8. esta rude gruta, onde ainda então não se via
9. a fonte que hoje vemos. Ora, ela, que até os
quinze
10. anos era inocente como a flor, e por isso alegre
11. e folgazona como uma cabritinha nova, começou
a
12. fazer-se tímida e depois triste, como o gemido da
13. rola; a causa disto estava no agradável parecer de

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(JOÃO GABRIEL DE LIMA. Falar e escrever, eis a questão.
Veja, 7/11/2001, n. 1725)

O adjetivo “principal” (em a principal dificuldade é com


clareza) permite inferir que a clareza é apenas um
elemento dentro de um conjunto de dificuldades, talvez o
mais significativo. Semelhante inferência pode ser
realizada pelos advérbios:
a) avidamente, principalmente, primordialmente.
b) sobretudo, avidamente, principalmente.
c) avidamente, antigamente, principalmente.
d) sobretudo, principalmente, primordialmente.
e) principalmente, primordialmente, esporadicamente.

8) (VUNESP-2007) A velha contrabandista

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta.


Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta,
com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da
Alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar
da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o
a) Supondo que a fala da moça fosse lida fora do contexto fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e
dessa tira, como você a entenderia? então o fiscal perguntou assim pra ela:
b) Se a fala da moça fosse considerada uma continuação – Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo
da fala do rapaz, poderia ser entendida como uma única dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse
palavra, de derivação não prevista na língua portuguesa. saco?
Que palavra seria e o que significaria? A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam
c) As duas leituras possíveis para a fala da moça não estão e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e
em contradição; ao contrário, reforçam-se. O que respondeu:
significará essa fala, se fizermos simultaneamente as duas – É areia!
leituras? Aí quem riu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma
e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o
7) (ITA-2003) A questão a seguir refere-se ao texto abaixo. saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e lá só
tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que
(…) fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora,
As angústias dos brasileiros em relação ao português são com o saco de areia atrás.
de duas ordens. Para uma parte da população, a que não Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha
teve acesso a uma boa escola e, mesmo assim, conseguiu passasse um dia com areia e no outro com muamba,
galgar posições, o problema é sobretudo com a gramática. dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela
É esse o público que consome avidamente os fascículos e passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou
livros do professor Pasquale, em que as regras básicas do parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco
idioma são apresentadas de forma clara e bem-humorada. e ela respondeu que era areia, uai!
Para o segmento que teve oportunidade de estudar em O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido
bons colégios, a principal dificuldade é com clareza. É para o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela
satisfazer a essa demanda que um novo tipo de levava no saco era areia.
profissional surgiu: o professor de português especializado Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
em adestrar funcionários de empresas. Antigamente, os – Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos
cursos dados no escritório eram de gramática básica e se de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro.
destinavam principalmente a secretárias. De uns tempos Ninguém me tira da cabeça que a senhora é
para cá, eles passaram a atender primordialmente gente contrabandista.
de nível superior. Em geral, os professores que atuam em – Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia
firmas são acadêmicos que fazem esse tipo de trabalho tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
esporadicamente para ganhar um dinheiro extra. “É – Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não
fascinante, porque deixamos de viver a teoria para dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas
enfrentar a língua do mundo real”, diz Antônio Suárez a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a
Abreu, livre-docente pela Universidade de São Paulo (…) senhora está passando por aqui todos os dias?

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– O senhor promete que não “espáia”? – quis saber a e) As expressões mal explorada e quase inexplorada (linhas
velhinha. 08 e 09) são tomadas como sinônimas.
– Juro – respondeu o fiscal.
– É lambreta.
(Primo Altamirando e Elas.) 10) (ITA-2000) Filme bom é filme antigo? Lógico que não,
mas ‘‘A Múmia’’, de 1932, põe a frase em xeque.
Muito próxima do texto oral, a crônica é um gênero que Sua refilmagem, com Brendan Fraser no elenco, ainda
aproveita alguns recursos típicos da fala, como a repetição, corre nos cinemas brasileiros, repleta de humor e efeitos
para estabelecer a coesão textual. No primeiro parágrafo, visuais.
por exemplo, a palavra “velhinha” repete-se duas vezes; Na de Karl Freund, há a vantagem de Boris Karloff no
“lambreta”, três vezes. Pensando ainda nos modos de papel-título, compondo uma múmia aterrorizadora, fiel ao
relacionar as palavras, na frase, especifique outra forma de terror dos anos 30.
manter a coesão, empregada também no primeiro Apesar de alguma precariedade, lança um clima de
parágrafo do texto. mistério que a versão 1999 não conseguiu, tal a ênfase
Em seguida, explique a diferença de função entre o termo dada à embalagem. Daí ‘‘nem sempre cinema bom são
“aí”, ocorrente no terceiro parágrafo, e o mesmo vocábulo, efeitos especiais’’ deveria ser a tal frase.( PSL)
no sexto parágrafo. A precária e misteriosa múmia de 32, Folha de S. Paulo,
Caderno Ilustrada, 4/8/1999.)

9) (Mack-2006) Capítulo 1 Em: ‘‘tal a ênfase dada à embalagem’’ e ‘‘deveria ser a tal
De como Itaguaí ganhou uma casa de Orates frase’’, os termos em destaque nas duas frases podem ser
As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em tempos substituídos, respectivamente, por:
remotos vivera ali um certo médico, o Dr. Simão a)semelhante; aquela.
Bacamarte, filho da nobreza da terra e o maior dos b) tamanha; essa.
médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas. Estudara c) tamanha; aquela.
em Coimbra e Pádua. Aos trinta e quatro anos regressou d) semelhante; essa.
ao Brasil, não podendo el-rei alcançar dele que ficasse em e) essa; aquela.
Coimbra, regendo a universidade, ou em Lisboa, expedindo
os negócios da monarquia. 11) (Mack-2004) Há no Brasil grandíssimas matas de
— A ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu emprego árvores agrestes, cedros, carvalhos, vinháticos, angelins e
único; Itaguaí é o meu universo. outras não conhecidas em Espanha, de madeiras
Dito isso, meteu-se em Itaguaí, e entregou-se de corpo e fortíssimas para se poderem fazer delas fortíssimos
alma ao estudo da ciência [...]. Foi então que um dos galeões e, o que mais é, que da casca de algumas se tira a
recantos desta [da medicina] lhe chamou especialmente a estopa para se calafetarem e fazerem cordas para enxárcia
atenção, — o recanto psíquico, o exame da patologia e amarras, do que tudo se aproveitam os que querem cá
cerebral. Não havia na colônia, e ainda no reino, uma só fazer navios, e se pudera aproveitar el-rei se cá os
autoridade em semelhante matéria, mal explorada ou mandara fazer.
quase inexplorada. Simão Bacamarte compreendeu que a Obs.: enxárcia - conjunto de cabos e degraus roliços feitos
ciência lusitana, e particularmente a brasileira, podia de cabo (‘corda’), madeira ou ferro, que sustentam
cobrir-se de “louros imarcescíveis”, — expressão usada por mastros de embarcações a vela
ele mesmo, mas em um arroubo de intimidade doméstica;
exteriormente era modesto, segundo convém aos A passagem que comprova que o autor escreve sobre um
sabedores. espaço no qual ele se encontra inserido é:
Machado de Assis — O alienista a) Há no Brasil grandíssimas matas de árvores agrestes,
Obs.: orate = indivíduo louco cedros ...
imarcescível = que não murcha b) outras não conhecidas em Espanha ...
c) o que mais é ...
Assinale a alternativa correta. d) os que querem cá fazer navios ...
a) O advérbio ainda (linha 08) equivale, no contexto, a e) se pudera aproveitar el-rei ...
“nem mesmo”.
b) A forma verbal vivera (linha 01) denota ação verbal que
ocorre simultaneamente à ação citada na oração principal
do período. 12) (ITA-2005) Ilusão Universitária
1
c) A oração não podendo el-rei alcançar dele (linha 03) Houve um tempo em que, ao ser admitido numa
expressa uma conseqüência. faculdade de direito, um jovem via seu futuro
d) A conjunção ou (linha 04) foi empregada para expressar praticamente assegurado, como advogado, juiz ou
idéia de dúvida. promotor público. A situação, como se sabe, é hoje

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bastante diversa. Mudaram a universidade, o mercado de número de graduados no mercado, quem não tem um
trabalho e os estudantes, muitos dos quais certificado já começa em desvantagem.
inadvertidamente compram a ilusão de que o diploma é Conselheiro-chefe de educação do Banco Interamericano
condição necessária e suficiente para o sucesso de Desenvolvimento durante
15
profissional. anos, ele compara o sem-diploma a alguém “em um
5
A proliferação dos cursos universitários nos anos mato sem cachorro no qual os outros usam armas
90 e 2000 é a um só tempo sintoma e causa dessas automáticas e você um tacape”. Por outro lado, o
mudanças. Um mercado de trabalho cada vez mais economista-educador diz que ter um fuzil, seja lá qual for,
exigente passou a cobrar maior titulação dos jovens não garante tanta vantagem assim nessa floresta.
profissionais. Com isso, aumentou a oferta de cursos e caiu Para Robert Wong, o diagnóstico é semelhante. Só muda a
a qualidade. metáfora. Principal executivo na América do Sul da
O fenômeno da multiplicação das faculdades e do Korn/Ferry International, maior empresa de recrutamento
20
declínio da qualidade acadêmica foi especialmente intenso de altos executivos do mundo, ele equipara a formação
no campo do direito. Trata-se, afinal, de uma carreira de acadêmica com a potência do motor de um carro.
10
prestígio, cujo ensino é barato. Não exige mais do Equilibrados demais acessórios, igualado o preço, o motor
que o professor, livros, uma lousa e o cilindro de giz. pode desempatar a escolha do consumidor. “Tudo sendo
Existem hoje 762 cursos jurídicos no país. Em 1993, eles igual, a escolaridade faz a diferença.”
eram 183. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) acaba Mas assim como Moura Castro, o head hunter defende a
de divulgar a lista das faculdades recomendadas. Das 215 idéia de que um motor turbinado não abre
avaliadas, apenas 60 (28%) receberam o “nihil obstat”. A automaticamente as portas do mercado. Wong conta que
Ordem levou em conta conceitos do provão e os no mesmo dia da entrevista à
25
resultados do seu próprio exame de credenciamento de Folha [Jornal Folha de S. Paulo] trabalhava na seleção de
bacharéis. um executivo para uma multinacional na qual um dos
15
A verdade é que nenhum país do mundo é principais candidatos não tinha experiência acadêmica. “É
constituído apenas por advogados, médicos e engenheiros. um self-made man.”
Apenas uma elite chega a formar-se nesses cursos. No Brasileiro nascido na China, Wong observa que é em países
Brasil, contudo, criou-se a ilusão de que a faculdade abre como esses, chamados “em desenvolvimento”, que
todas as portas. Assim, alunos sem qualificação acadêmica existem mais condições hoje para o sucesso de
para seguir essas carreiras pagam para obter diplomas que profissionais como esses, de perfil empreendedor. (…)
não lhes serão de grande valia. É mais sensato limitar os (Cassiano Elek Machado. A universidade é só o começo.
cursos e zelar por sua excelência, evitando paliativos como Folha de S. Paulo, 27/07/2002. Disponível na Internet:
20
o exame da Ordem, que é hoje absolutamente http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse. Data de
necessário para proteger o cidadão de advogados acesso: 24/08/2004)
incompetentes - o que só confirma as graves deficiências
do sistema educacional. Assinale a opção que não traduz uma interpretação
(Folha de S. Paulo, 29/01/2004) condizente com os valores dos advérbios terminados em
mente.
A universidade é só o começo a) A admissão no curso de direito quase garantia uma
1
Na última década, a universidade viveu uma carreira futura, como advogado, juiz ou promotor público.
espécie de milagre da multiplicação dos diplomas. O (Texto 1, linha 2)
número de graduados cresceu de 225 mil no final dos anos b) Muitos estudantes não estão advertidos quanto à ilusão
80 para 325 mil no levantamento mais recente do de que o diploma é a chave do sucesso profissional. (Texto
Ministério da Educação em 2000. 1, linha 3)
A entrada no mercado de trabalho desse contingente, c) De todos os cursos superiores, os cursos de direito
porém, não vem sendo propriamente 5 triunfal como uma foram os que mais se multiplicaram nos últimos anos.
festa de formatura. Engenheiros e educadores, professores (Texto 1, linha 8)
e administradores, escritores e sobretudo empresários têm d) Não há dúvida de que o exame da OAB deve ser
sussurrado uma frase nos ouvidos dessas centenas de mantido nos dias atuais. (Texto 1, linha 19)
milhares de novos graduados: “O diploma está nu”. e) A entrada dos graduados no mercado de trabalho não
Passaporte tranqüilo para o emprego na década de 80, o pode ser considerada, nos últimos anos, uma grande
certificado superior vem sendo exigido com cada vez mais vitória. (Texto 2, linha 4)
vistos.
10
Considerado um dos principais pensadores da
educação no país, o economista Cláudio de Moura Castro 13) (ITA-2003) Leia o texto abaixo e assinale a alternativa
sintetiza a relação atual do diploma com o mercado de correta:
trabalho em uma frase: “Ele é necessário, mas não
suficiente”. O raciocínio é simples. Com o aumento do

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Sonolento leitor, o jogo do Brasil já aconteceu. Como estou 3. da publicidade, aparecem a anunciar-nos a
escrevendo ontem, não faço idéia do que ocorreu. Porém, entrada
tentei adivinhar a atuação dos jogadores. Cabe ao leitor 4. de uns quantos milhares de palavras novas
avaliar minha avaliação e dar-me a nota final. 5. nos seus dicionários. Com o andar do tempo, a
(TORERO, José Roberto. Folha de S. Paulo, 13/06/2002, A- 6. língua foi perdendo e ganhando, tornou-se, em
1) 7. cada dia que passou, simultaneamente mais rica
8. e mais pobre: as palavras velhas, cansadas, fora
Com o uso do advérbio em “Como estou escrevendo 9. de uso, resistiram mal à agitação frenética das
ontem…”, autor 10. palavras recém-chegadas, e acabaram por cair
a) marcou que a leitura do texto acontece 11. numa espécie de limbo onde ficam à espera da
simultaneamente ao processo de produção do texto. 12. morte definitiva ou, na melhor hipótese, do toque
b) adequou esse elemento à forma verbal composta de 13. da varinha mágica de um erudito obsessivo ou de
auxiliar + gerúndio, para guiar a interpretação do leitor. 14. um curioso ocasional, que lhe darão (sic) ainda
c) não observou a regra gramatical que impede o uso do 15. um lampejo breve de vida, um suplemento de
verbo no presente com aspecto durativo juntamente com 16. precária existência, uma derradeira esperança. O
um marcador de passado. 17. dicionário, imagem ordenada do mundo,
d) sinalizou explicitamente que a produção e a leitura do constróise
texto acontecem em momentos distintos. 18. e desenvolve-se sobre palavras que viveram
e) lançou mão de um recurso que, embora 19. uma vida plena, que depois envelheceram e
gramaticalmente incorreto, coloca o leitor e o produtor do definharam,
texto em dois momentos distintos: passado e presente, 20. primeiro geradas, depois geradoras,
respectivamente. 21. como o foram os homens e as mulheres que as
22. fizeram e de que iriam ser, por sua vez, e ao
14) (FGV-2003) Leia o texto abaixo, fragmento de um 23. mesmo tempo, senhores e servos.
conto chamado “A nova Califórnia”, de Lima Barreto. SARAMAGO, José. Cadernos de Lanzarote II.São
Depois, responda à pergunta correspondente. Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 303/304.

Ninguém sabia donde viera aquele homem. O agente do Transcreva o fragmento de texto "...por sua vez, e ao
correio pudera apenas informar que acudia ao nome de mesmo tempo, senhores e servos." (L. 22 e 23),
Raimundo Flamel (..........). Quase diariamente, o carteiro lá substituindo a expressão sublinhada por um advérbio de
ia a um dos extremos da cidade, onde morava o mesmo sentido.
desconhecido, sopesando um maço alentado de cartas
vindas do mundo inteiro, grossas revistas em línguas
arrevesadas, livros, pacotes... 16) (UNICAMP-2006) Na sua coluna diária do Jornal Folha
Quando Fabrício, o pedreiro, voltou de um serviço em casa de S. Paulo de 17 de agosto de 2005, José Simão escreve:
do novo habitante, todos na venda perguntaram-lhe que “No Brasil nem a esquerda é direita!”.
trabalho lhe tinha sido determinado. a) Nessa afirmação, a polissemia da língua produz ironia.
- Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar. Em que palavras está ancorada essa ironia?
Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, ao b) Quais os sentidos de cada uma das palavras envolvidas
saber de tão extravagante construção: um forno na sala de na polissemia acima referida?
jantar! E, pelos dias seguintes, Fabrício pôde contar que c) Comparando a afirmação “No Brasil nem a esquerda é
vira balões de vidros, facas sem corte, copos como os da direita” com “No Brasil a esquerda não é direita”, qual a
farmácia - um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelas diferença de sentido estabelecida pela substituição de
mesas e prateleiras como utensílios de uma bateria de ‘nem’ por ‘não’?
cozinha em que o próprio diabo cozinhasse.

Explique o uso que têm os advérbios donde (‘Ninguém 17) (UECE-2002) O ÓDIO À DIFERENÇA
sabia donde viera aquele homem’), onde e aonde, segundo É milenar o hábito de estranhamento entre os homens.
a norma culta da língua portuguesa. Formule uma frase Indivíduos que por algum motivo destoam num grupo
para cada um desses advérbios. qualquer costumam provocar sentimentos de antipatia
entre aqueles que se sentem iguais entre si - e superiores
15) (FGV-2004) Leia o texto abaixo; depois, responda à ao que lhes parece diferente. O racismo, baseado em
pergunta. preconceito, nasce daí. Povos mais escuros, mais pobres,
TEXTO A menos cultos ou simplesmente de outra etnia sempre
1. É justa a alegria dos lexicólogos e dos editores foram vítimas de desprezo irracional por parte de
2. quando, ao som dos tambores e das trombetas coletividades que se consideram superiores na
comparação.

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(VEJA. 26/9/2001) Quantas vezes não participamos de uma reunião e alguém
diz “vamos parar de discutir”, no sentido de pensar e
O advérbio simplesmente sugere que, no tocante ao bom tentar “ver” o problema de outro ângulo? Quantas vezes a
convívio entre as pessoas, ser de outra etnia, em gente simplesmente não “enxerga” a questão? Se você
comparação com ser mais escuro, mais pobre, menos realmente quiser ter idéias novas, ser criativo, ser inovador
culto, tem e ter uma opinião independente, aprimore primeiro os
a) nenhuma importância seus sentidos. Você estará no caminho certo para começar
b) igual importância a pensar.
c) muita importância (Stephen Kanitz, Observar e pensar. Veja, 04.08.2004.
d) menos importância Adaptado)

O advérbio não, em uma frase do texto, é empregado de


modo enfático, sem o sentido negativo que lhe é próprio.
18) (FGV-2005) O primeiro passo para aprender a pensar, Assinale a alternativa em que isso ocorre.
curiosamente, é aprender a observar. Só que isso, a) Na época não existia internet nem computadores, o
infelizmente, não é ensinado. Hoje nossos alunos são mundo era totalmente diferente.
proibidos de observar o mundo, trancafiados que ficam b) Não que eu seja contra livros, muito pelo contrário.
numa sala de aula, estrategicamente colocada bem longe c) Quase metade das descobertas científicas surgiu não da
do dia-a-dia e da realidade. Nossas escolas nos obrigam a lógica [...], mas da simples observação.
estudar mais os livros de antigamente do que a realidade d) Quantas vezes não participamos de uma reunião e
que nos cerca. Observar, para muitos professores, significa alguém diz “vamos parar de discutir” [...]?
ler o que os grandes intelectuais do passado observaram - e) Quantas vezes a gente simplesmente não “enxerga” a
gente como Rousseau, Platão ou Keynes. Só que esses questão?
grandes pensadores seriam os primeiros a dizer
“esqueçam tudo o que escrevi”, se estivessem vivos. Na
época não existia internet nem computadores, o mundo
era totalmente diferente. Eles ficariam chocados se 19) (UFAC-1997) O PRIMO
soubessem que nossos alunos são impedidos de observar Primeira noite ele conheceu que Santina não era moça.
o mundo que os cerca e obrigados a ler teoria escrita 200 Casado por amor, Bento se desesperou. Matar a noiva,
ou 2000 anos atrás - o que leva os jovens de hoje a se suicidar-se, e deixar o outro sem castigo? Ela revelou que,
sentir alienados, confusos e sem respostas coerentes para havia dois anos, o primo Euzébio lhe fizera mal, por mais
explicar a realidade. que se defendesse. De vergonha, prometeu a Nossa
Não que eu seja contra livros, muito pelo contrário. Sou a Senhora ficar solteira. O próprio Bento não a deixava
favor de observar primeiro, ler depois. Os livros, se forem mentir, testemunha de sua aflição antes do casamento.
bons, confirmarão o que você já suspeitava. Ou porão tudo Santina pediu perdão, ele respondeu que era tarde - noiva
em ordem, de forma esclarecedora. Existem livros antigos de grinalda sem ter direito.
maravilhosos, com fatos que não podem ser esquecidos, (Cemitério de elefantes. Apud CARNEIRO, Agostinho Dias)
mas precisam ser dosados com o aprendizado da
observação.
Ensinar a observar deveria ser a tarefa número 1 da Leia com atenção as seguintes frases, reparando nas
educação. Quase metade das grandes descobertas sublinhas:
científicas surgiu não da lógica, do raciocínio ou do uso de I. Bento pretendia morar< do lado de cá >do túnel.
teoria, mas da simples observação, auxiliada talvez por II. <Do lado de lá> do povoado, havia uma serra.
novos instrumentos, como o telescópio, o microscópio, o III. Bento gostava de se encontrar com Santina<
tomógrafo, ou pelo uso de novos algoritmos matemáticos. neste lugar>.
Se você tem dificuldade de raciocínio, talvez seja porque IV. Santina nunca mais foi vista< nesse lugar>.
não aprendeu a observar direito, e seu problema nada tem
a ver com sua cabeça. Se substituírmos as expressões sublinhadas por advérbios
Ensinar a observar não é fácil. Primeiro você precisa de sentidos equivalentes, teremos a seguinte seqüência:
eliminar os preconceitos, ou pré-conceitos, que são a carga a) aquém - além - aqui - aí
de atitudes e visões incorretas que alguns nos ensinam e b) além - aquém - aqui - aí
nos impedem de enxergar o verdadeiro mundo. Há tanta c) aquém - além - ali - aqui
coisa que é escrita hoje simplesmente para defender os d) além - além - aqui - aí
interesses do autor ou grupo que dissemina essa idéia, o e) além - aquém - ali - aqui
que é assustador. Se você quer ter uma visão
independente, aprenda correndo a observar você mesmo.
20) (UFAC-1997) O PRIMO

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Primeira noite ele conheceu que Santina não era moça.
Casado por amor, Bento se desesperou. Matar a noiva, Urra o sapo-boi:
suicidar-se, e deixar o outro sem castigo? Ela revelou que, - "Meu pai foi rei" - "Foi!"
havia dois anos, o primo Euzébio lhe fizera mal, por mais - "Não foi!" - "Foi" - "Não foi!"
que se defendesse. De vergonha, prometeu a Nossa
Senhora ficar solteira. O próprio Bento não a deixava Brada em um assomo
mentir, testemunha de sua aflição antes do casamento. O sapo-tanoeiro:
Santina pediu perdão, ele respondeu que era tarde - noiva - "A grande arte é como
de grinalda sem ter direito. Lavor de joalheiro.
(Cemitério de elefantes. Apud CARNEIRO, Agostinho Dias)
Ou bem de estatutário.
Na frase "Isso pouco importa, eu já lhe falei bastantes Tudo quanto é belo.
vezes", as palavras sublinhadas são, respectivamente: Tudo quanto é vário,
a) advérbio de intensidade e pronome indefinido. Canta no martelo".
b) pronome indefinido e advérbio de intensidade.
c) pronome indefinido e pronome indefinido. Outros, sapos-pipas
d) advérbio de intensidade e advérbio de intensidade. (Um mal em si cabe),
e) advérbio de intensidade, ambas, mas a segunda está Falam pelas tripas:
grafada erroneamente no plural. -"Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

21) (UFPA-1997) OS SAPOS Longe dessa grita,


Manuel Bandeira Lá onde mais densa
A noite infinita
Enfunando os papos, Verte a sombra imensa;
Saem da penumbra.
Aos pulos, os sapos. Lá, fugido ao mundo,
A luz os deslumbra. Sem glória, sem fé,
No perau profundo
Em ronco que aterra, E solitário, é
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!" Que soluças tu,
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!" Transido de frio,
Sapo cururu
O sapo-tanoeiro Da beira do rio...
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro Na 12º estrofe, 2º verso, encontra-se o advérbio lá. Qual
É bem martelado. ou quais o(s) termo(s) de referência representa no poema?

Vede como primo 22) (FGV-2005) Os tiranos e os autocratas sempre


Em comer os hiatos! compreenderam que a capacidade de ler, o conhecimento,
Que arte! E nunca rimo os livros e os jornais são potencialmente perigosos. Podem
Os termos cognatos. insuflar idéias independentes e até rebeldes nas cabeças
de seus súditos. O governador real britânico da colônia de
O meu verso é bom Virgínia escreveu em 1671:
Frumento sem joio. Graças a Deus não há escolas, nem imprensa livre; e
Faço rimas com espero que não [as] tenhamos nestes [próximos] cem
Consoantes de apoio. anos; pois o conhecimento introduziu no mundo a
desobediência, a heresia e as seitas, e a imprensa
Vai por cinqüenta anos divulgou-as e publicou os libelos contra os melhores
Que lhes dei a norma: governos. Que Deus nos guarde de ambos!
Reduzi sem danos Mas os colonizadores norte-americanos, compreendendo
A formas a forma. em que consiste a liberdade, não pensavam assim. Em
seus primeiros anos, os Estados Unidos se vangloriavam de
Clame a saparia ter um dos índices mais elevados - talvez o mais elevado -
Em críticas céticas: de cidadãos alfabetizados no mundo.
Não há mais poesia Atualmente, os Estados Unidos não são o líder mundial em
Mas há artes poéticas..." alfabetização. Muitos dos que são alfabetizados não

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conseguem ler, nem compreender material muito simples - Por enquanto
muito menos um livro da sexta série, um manual de (Renato Russo)
instruções, um horário de ônibus, o documento de uma Mudaram as estações
hipoteca ou um programa eleitoral. Nada mudou
As rodas dentadas da pobreza, ignorância, falta de Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
esperança e baixa auto-estima se engrenam para criar um Tá tudo assim, tão diferente
tipo de máquina do fracasso perpétuo que esmigalha os Se lembra quando a gente
sonhos de geração a geração. Nós todos pagamos o preço Chegou um dia a acreditar
de mantê-la funcionando. O analfabetismo é a sua cavilha. Que tudo era pra sempre
Ainda que endureçamos os nossos corações diante da Sem saber
vergonha e da desgraça experimentadas pelas vítimas, o Que o pra sempre
ônus do analfabetismo é muito alto para todos os demais - Sempre acaba.
o custo de despesas médicas e hospitalização, o custo de
crimes e prisões, o custo de programas de educação No segundo verso do poema, no qual o poeta mostra
especial, o custo da produtividade perdida e de como tratará o seu amor, as expressões “com tal zelo”,
inteligências potencialmente brilhantes que poderiam “sempre” e “tanto” dão, respectivamente, idéia de
ajudar a solucionar os dilemas que nos perseguem. a) modo - intensidade - modo.
Frederick Douglass ensinou que a alfabetização é o b) modo - tempo - intensidade.
caminho da escravidão para a liberdade. Há muitos tipos c) tempo - tempo - modo.
de escravidão e muitos tipos de liberdade. Mas saber ler d) finalidade - tempo - modo.
ainda é o caminho. e) finalidade - modo - intensidade.
(Carl Sagan, O caminho para a liberdade. Em O mundo
assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma 24) (Fuvest-2002) Talvez pareça excessivo o escrúpulo do
vela no escuro. Adaptado) Cotrim, a quem não souber que ele possuía um caráter
ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele
Ainda que endureçamos os nossos corações diante da durante os anos que se seguiram ao inventário de meu pai.
vergonha e da desgraça experimentadas pelas vítimas, o Reconheço que era um modelo. Argüiam-no de avareza, e
ônus do analfabetismo é muito alto para todos os demais. cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a
A locução ainda que e o advérbio muito estabelecem, exageração de uma virtude e as virtudes devem ser como
nesse enunciado, relações de sentido, respectivamente, de os orçamentos: melhor é o saldo que o deficit. Como era
a) restrição e quantidade. muito seco de maneiras tinha inimigos, que chegavam a
b) causa e modo. acusá-lo de bárbaro. O único fato alegado neste particular
c) tempo e meio. era o de mandar com freqüência escravos ao calabouço,
d) concessão e intensidade. donde eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que
e) condição e especificação. ele só mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo
longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de
23) (UFSCar-2002) Soneto de fidelidade certo modo ao trato um pouco mais duro que esse gênero
(Vinicius de Moraes) de negócio requeria, e não se pode honestamente atribuir
De tudo, ao meu amor serei atento à índole original de um homem o que é puro efeito de
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto relações sociais.
Que mesmo em face do maior encanto (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)
Dele se encante mais meu pensamento.
O efeito expressivo obtido em “ferozmente honrado”
Quero vivê-lo em cada vão momento resulta de uma inesperada associação de advérbio com
E em seu louvor hei de espalhar meu canto adjetivo, que também se verifica em:
E rir meu riso e derramar meu pranto a) sorriso maliciosamente inocente.
Ao seu pesar ou seu contentamento. b) formas graciosamente curvas.
c) sistema singularmente espantoso.
E assim, quando mais tarde me procure d) opinião simplesmente abusada.
Quem sabe a morte, angústia de quem vive e) expressão profundamente abatida.
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
25) (Unifesp-2002) Texto I:
Eu possa me dizer do amor (que tive): “O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados
Que não seja imortal, posto que é chama pela natureza, sítios amenos e deleitosos em que as
Mas que seja infinito enquanto dure. plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia
suavíssima e perfeita; não há ali nada grandioso nem
sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons, de

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disposição em tudo quanto se vê e se sente, que não
parece senão que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o Olhar para o céu noturno é quase um privilégio em nossa
repouso do coração devem viver ali, reinar ali um reinado atribulada e iluminada vida moderna. (...) Companhias de
de amor e benevolência. (...) Imagina-se por aqui o Éden turismo deveriam criar “excursões noturnas”, em que
que o primeiro homem habitou com a sua inocência e com grupos de pessoas são transportados até pontos
a virgindade do seu coração. estratégicos para serem instruídos por um astrônomo
À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha sobre as maravilhas do céu noturno. Seria o nascimento do
que ali se corta quase a pique, está um maciço de verdura “turismo astronômico”, que complementaria
do mais belo viço e variedade. (...) perfeitamente o novo turismo ecológico. E por que não?
Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um Turismo astronômico ou não, talvez a primeira impressão
claro das árvores a janela meio aberta de uma habitação ao observarmos o céu noturno seja uma enorme sensação
antiga, mas não dilapidada - (...) A janela é larga e baixa; de paz, de permanência, de profunda ausência de
parece mais ornada e também mais antiga que o resto do movimento, fora um eventual avião ou mesmo um satélite
edifício, que todavia mal se vê...” distante (uma estrela que se move!). Vemos incontáveis
(Almeida Garrett, Viagens na minha terra.) estrelas, emitindo sua radiação eletromagnética,
perfeitamente indiferentes às atribulações humanas.
Texto II: Essa visão pacata dos céus é completamente diferente da
“Depois, fatigado do esforço supremo, [o rio] se estende visão de um astrofísico moderno. As inocentes estrelas são
sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza verdadeiras fornalhas nucleares, produzindo uma
formou, e onde o recebe como um leito de noiva, sob as quantidade enorme de energia a cada segundo. A morte
cortinas de trepadeiras e flores agrestes. A vegetação de uma estrela modesta como o Sol, por exemplo, virá
nessas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; acompanhada de uma explosão que chegará até a nossa
florestas virgens se estendiam ao longo das margens do vizinhança, transformando tudo o que encontrar pela
rio, que corria no meio das arcarias de verdura e dos frente em poeira cósmica. (O leitor não precisa se
capitéis formados pelos leques das palmeiras. preocupar muito. O Sol ainda produzirá energia
Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, “docilmente” por mais uns 5 bilhões de anos.)
sublime artista, tinha decorado para os dramas majestosos (Marcelo Gleiser, Retalhos cósmicos)
dos elementos, em que o homem é apenas um simples
comparsa. (...) Entretanto, via-se à margem direita do rio Na frase “O Sol ainda produzirá energia (...)”, o advérbio
uma casa larga e espaçosa, construída sobre uma ainda tem o mesmo sentido que em:
eminência e protegida de todos os lados por uma muralha a) Ainda lutando, nada conseguirá.
de rocha cortada a pique.” b) Há ainda outras pessoas envolvidas no caso.
(José de Alencar, O guarani.) c) Ainda há cinco minutos ela estava aqui.
d) Um dia ele voltará, e ela estará ainda à sua espera.
Texto III: e) Sei que ainda serás rico.
“Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado: 27) (FGV-2002) Um cachorro de maus bofes acusou uma
Ali em vale um monte está mudado: pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso.
Quanto pode dos anos o progresso! - Para que furtaria eu esse osso - ela - se sou herbívora e
Árvores aqui vi tão florescentes, um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de pau?
Que faziam perpétua a primavera: - Não quero saber de nada. Você furtou o osso e vou levá-
Nem troncos vejo agora decadentes.” la aos tribunais.
(Cláudio Manuel da Costa, Sonetos-VII.) E assim fez.
Queixou-se ao gavião-de-penacho e pediu-lhe justiça. O
Com referência ao texto III, a correlação entre o advérbio gavião reuniu o tribunal para julgar a causa, sorteando
de lugar, o objeto que nele se situa e o tempo de para isso doze urubus de papo vazio.
existência (ou vida) deste objeto está correta em Comparece a ovelha. Fala. Defende-se de forma cabal, com
a) “Aqui” = “fonte” no presente e “árvores florescentes” razões muito irmãs das do cordeirinho que o lobo em
no passado. tempos comeu.
b) “Ali” = “vale” no presente e “monte” no presente. Mas o júri, composto de carnívoros gulosos, não quis saber
c) “Aqui” = “fonte”, “árvores florescentes”, “troncos de nada e deu a sentença:
decadentes” no passado. - Ou entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte!
d) “Aqui” = “fonte”, “árvores florescentes”, “troncos A ré tremeu: não havia escapatória!... Osso não tinha e não
decadentes” no presente. podia, portanto, restituir; mas tinha vida e ia entregá-la em
e) “Ali” = “vale” no passado e “monte” no passado. pagamento do que não furtara.

26) (Fuvest-2004) Texto para a questão a seguir

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Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, espostejou-a, 29) (UFV-2005)
reservou para si um quarto e dividiu o restante com os
juízes famintos, a título de custas…
(Monteiro Lobato. Fábulas e Histórias Diversas)

Leia atentamente a seguinte frase extraída do texto: “Ou


entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte!”.
“Mas daqui a trinta anos nós é que vamos fazer coisas e
Poder-se-ia dispensar uma das formas já dessa frase sem
ocupar cargos.” Das alterações processadas abaixo, aquela
alterar-lhe o sentido? Explique.
em que NÃO ocorre substancial mudança de sentido é:
a) Por isso daqui a trinta anos nós é que vamos fazer coisas
inclusive ocupar cargos.
b) Além disso daqui a trinta anos nós é que vamos fazer
28) (UFOP-2001) UM CHORINHO EM MENTE
coisas sem ocupar cargos.
c) Tanto que daqui a trinta anos nós é que vamos fazer
Descompassadamente
coisas e ocupar cargos.
Taquicardicamente
d) No entanto daqui a trinta anos nós é que vamos fazer
Descontroladamente
coisas além de ocupar cargos.
Eu desejei você
e) Portanto daqui a trinta anos nós é que vamos fazer
Apaixonadamente
coisas assim como ocupar cargos.
Lovestoricamente
Idolatradamente
Eu adorei você
Enfeitiçadamente
30) (UFSCar-2002) O grande clandestino
Heliotropicamente
(Aníbal Machado)
Apostolicamente
Eu me distraio muito com a passagem do tempo.
Eu segui você
Chego às vezes a dormir. O tempo então aproveita e
Resignadamente
[passa escondido.
Cristianissimamente
Mas com que velocidade!
Interminavelmente
Basta ver o estado das coisas depois que desperto:
Eu perdoei você
[quase todas fora do lugar, ou desaparecidas; outras
Astuciosamente
[com uma prole imensa;
Maquiavelicamente
O que é preciso é nunca dormir, e ficar vigilante, para
Silenciosamente
[obrigá-lo ao menos a disfarçar a evidência de suas
Você me enredou
[metamorfoses.
Insaciavelmente
(...)
Aracnidicamente
Contudo, não se deve ligar demasiada importância ao
Canibalescamente
[tempo. Ele corre de qualquer maneira.
Você me devorou
É até possível que não exista.
Indecorosamente
Seu propósito evidente é envelhecer o mundo.
Despudoradamente
Mas a resposta do mundo é renascer sempre para o
Pornograficamente
[tempo.
Você me enganou
Arrasadoramente
Desmoralizantemente
Texto 2
Definitivamente
O tempo e os relógios
Você me aniquilou
(Cecília Meireles)
(Laerte Freire)
Creia-se ou não, todo mundo sente que o tempo
passa. Não precisamos olhar para o espelho nem para
O texto explora o uso de um mesmo processo de formação
nenhum relógio: o tempo está em nosso coração, e
de palavras.
ouve-se; o tempo está em nosso pensamento, e lembra-
se. “Vou matando o tempo, enquanto o tempo não
a) Que processo é esse? Explique-o.]
me mata” - respondia-me na Índia um grande
b) Que hipóteses poderiam ser levantadas a respeito das
homem amigo meu, cada vez que perguntava como ia
intenções do autor ao usar esse recurso?
passando.
(...)
Em todo caso, esses são os tempos grandes. O tempo

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pequeno é o dos nossos relógios. a) substantiva subjetiva
b) substantiva objetiva direta
c) adverbial causal
Muitos recursos lingüísticos garantem ao texto a sua d) adverbial final
coesão e expressividade. e) adjetiva

No texto de Aníbal Machado, os termos “mas” (3º verso) e


“contudo” (6º verso) têm a mesma função coesiva e 32) (Fatec-1997) Quando jovem, Antônio Vieira acreditava
expressiva? Justifique a sua resposta. nas palavras, especialmente nas que eram ditas com fé. No
entanto, todas as palavras que ele dissera, nos púlpitos, na
No trecho do texto 2 “Não precisamos olhar para o salas de aula, nas reuniões, nas catequeses, nos
espelho nem para nenhum relógio: o tempo está em nosso corredores, nos ouvidos dos reis, clérigos, inquisidores,
coração, e ouve-se...”, os dois pontos poderiam ser duques, marqueses, ouvidores, governadores, ministros,
substituídos por um conectivo para ligar as orações. presidentes, rainhas, príncipes, indígenas, desses milhões
Reescreva o trecho, explicitando esse elemento de ligação de palavras ditas com esforço de pensamento, poucas - ou
das orações. nenhuma delas - havia surtido efeito. O mundo continuava
exatamente o de sempre. O homem, igual a si mesmo.
Ana Miranda, BOCA DO
31) (Faap-1996) Dario vinha apressado, o guarda-chuva INFERNO
no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina,
diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de
uma casa. Foi escorregando por ela, de costas, sentou-se Antônio Vieira acreditava nas palavras.
na calçada, ainda úmida da chuva, e descansou no chão o No entanto, poucas palavras haviam surtido efeito.
cachimbo. Assinale a alternativa que contém período de mesma
Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se classificação sintática que o período anterior:
não estava se sentindo bem. Dario abriu a boca, moveu os a) Vivera como um santo; o que se dizia dele, entretanto,
lábios, mas não se ouviu resposta. Um senhor gordo, de era bem diferente.
branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque. b) Como não tivera culpa comprovada, Teles de Menezes
Estendeu-se mais um pouco, deitado agora na pôde voltar à sua terra natal.
calçada, o cachimbo a seu lado tinha apagado. Um rapaz c) Enquanto isso se passava, na Universidade do México
de bigode pediu ao grupo que se afastasse, deixando-o me dedicaram umas conclusões de teologia.
respirar. E abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a d) Se lgnácio de Loyola estivesse vivo estaria aplaudindo e
cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou pela apoiando seu soldado.
garganta e um fio de espuma saiu do canto da boca. e) Afinal, tudo aconteceu por culpa do pedido que meu pai
Cada pessoa que chegava se punha na ponta dos lhe fizera.
pés, embora não pudesse ver. Os moradores da rua
conversavam de uma porta à outra, as crianças foram
acordadas e vieram de pijama às janelas. O senhor gordo 33) (Faap-1996) "Mas eu o exasperava tanto QUE se
repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a tornara doloroso para mim ser o objeto do ódio daquele
fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na homem QUE de certo modo eu amava."
parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao lado Há no período duas orações que se iniciam com o
dele. conectivo QUE. A primeira dá idéia de:
Uma velhinha de cabeça grisalha gritou que Dario a) condição
estava morrendo. Um grupo transportou-o na direção do b) conseqüência
táxi estacionado na esquina. Já tinha introduzido no carro c) concessão
metade do corpo, quando o motorista protestou: se ele d) causa
morresse na viagem? A turba concordou em chamar a e) tempo
ambulância. Dario foi conduzido de volta e encostado à
parede - não tinha os sapatos e o alfinete de pérola na 34) (FGV-1996) (Transformação de períodos):
gravata. EXEMPLO: Paulo é grande e seu irmão Pedro é maior.
(Dalton Trevisan) 1. nexo lógico de comparação;
primeira possibilidade: Pedro é maior do que Paulo, seu
irmão.
"(1) Cada pessoa / (2) que chegava, / (1) se punha na segunda possibilidade: Paulo é menor do que Pedro, seu
ponta dos pés, / (3) embora não pudesse ver." irmão.
Há no texto três orações, e estão numeradas. A segunda -
QUE CHEGAVA - é subordinada: O rio Tietê continua sujo e falta água em São Paulo.

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desgosto? Como não nos deixarmos possuir por uma
Em três estruturas diferentes, reconstrua - com duas espécie de desencantamento, uma como que fadiga da
possibilidades cada - período acima, efetuando as alma, à custa de muito vermos e de vermos muito bem?”
alterações necessárias para estabelecer entre as orações (GAULTIER, Paul. In: LIMA, Herman. História
nexos lógicos de: da caricatura no Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio,
1.contraste 1963.)
2.condicionalidade
3.finalidade Porque encontra o riso em seu caminho, a caricatura afinal
não tem nada duma arte do riso...

Neste trecho, percebemos que o conectivo “porque” está


sendo empregado com um significado diferente do usual.
A substituição do conectivo que preserva o sentido original
35) (UEPB-2006) “ Será através da educação que faremos a do trecho é:
revolução no campo. Para tanto é necessário capital. Como a) Se encontrar o riso em seu caminho, ...
Zé Américo podemos dizer: b) Ainda que encontre o riso em seu caminho, ...
“eu sei onde está o dinheiro”. O dinheiro existe, mas o que c) Já tendo encontrado o riso em seu caminho, ...
não pode continuar é essa roubalheira escancarada...” d) Em virtude de encontrar o riso em seu caminho, ...
(Correio da Paraíba, 24/05/05)
Assinale, entre as propostas abaixo, aquela em que a 37) (Mack-2004) “De aorcdo com uma pqsieusa de uma
expressão COMO tem a mesma classificação daquele em uinrvesiddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas
destaque no trecho citado, mantendo um sentido de uma plravaa etãso, a úncia csoia iprotmatne é que a
aproximado. piremria e a úlmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto
a) “O resto é calúnia, eles são dois velhinhos que dividem pdoe ser uma ttaol bçguana que vcoê pdoe anida ler sem
uma linda história de amor, tratam-se de senhor e pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa,
senhora, como se fazia antigamente, e sempre viveram mas a plaravaa cmoo um tdoo.” Não, o trecho acima não
juntos, embora em domicílios separados”, diz a advogada foi publicado por descuido. Trata-se de uma brincadeira
dele, Paule Le Bail. que está circulando na internet, mas que é baseada em
(Veja, n. 23, ano 38, 08/06/05) princípios científicos: “O cérebro aplica um sistema de
b) (...) os consumidores mais endinheirados trocam de inferência nos processo de leitura. Esse sistema, chamado
celular todo ano, em busca de funções mais avançadas, ‘sistema de preenchimento’, se baseia em pontos nodais
como telas com mais cores e câmaras com resolução ou relevantes, a partir dos quais o cérebro completa o que
superior. falta ou coloca as partes corretas nos seus devidos
(Veja, n.14, ano 38, 06/04/05) lugares”, explica o neurologista Benito Damasceno. Esse
c) Como escolher um plano familiar (...) O primeiro passo mecanismo não funciona apenas com a leitura: “Quando
ao escolher um plano de descontos em ligações no celular vemos apenas uma ponta de caneta, por exemplo, somos
é levantar quanto cada pessoa da família usa o telefone. capazes de inferir que aquilo é uma caneta inteira”, diz
(Veja, n.14, ano 38, 06/04/05) Damasceno.
d) O Banco Central estuda como tornar os caixas
eletrônicos compatíveis entre si. Considere as seguintes afirmações sobre o segundo
(Veja, n. 23, ano 38, 08/06/05) parágrafo.
e) Como todo sucesso tem seu preço, Gislaine convive com I. A conjunção “mas” permite pressupor que
ameaças de morte ... e anda escoltada por seguranças. conhecimentos científicos, geralmente, não se manifestam
(Veja, n.14, ano 38, 06/04/05) em brincadeiras.
II. A negativa com que é iniciado tem a função de simular
um diálogo com o leitor.
36) (UERJ-2001) “A caricatura não tem por objeto principal III. Os dois-pontos introduzem trecho que fundamenta a
fazer rir. Isto é tão certo que há caricaturas lúgubres. informação enunciada anteriormente.
Porque encontra o riso em seu caminho, a caricatura afinal Assinale
não tem nada duma arte do riso, como têm avançado a) se todas as afirmativas estiverem corretas.
muitos autores, e assim a considera o preconceito b) se todas as afirmativas estiverem incorretas.
corrente. (...) Longe de ser um testemunho da alegria, o c) se apenas I e II estiverem corretas.
próprio exagero caricatural não é senão um meio, nas d) se apenas I e III estiverem corretas.
mãos do artista, para exprimir seu rancor. Não há por que e) se apenas II e III estiverem corretas.
nos surpreendermos com isso. Como, realmente, à força
de muito advertidos a respeito daquilo que mascara a
mímica social, não cairmos em meditação cheia de

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38) (UEPB-2006) “O governo federal não pode tratar 7. uma jovem tamoia linda e sensível, tinha por
igualmente os desiguais, tem de investir mais nas regiões habitação
que venha possibilitar um crescimento maior e a 8. esta rude gruta, onde ainda então não se via
unificação desses dois Brasis.” (Correio da Paraíba, 9. a fonte que hoje vemos. Ora, ela, que até os
24/05/05) Listamos abaixo (de I a IV) explicações sobre o quinze
termo QUE, sob os aspectos morfológico e sintático. 10. anos era inocente como a flor, e por isso alegre
Assinale a alternativa (de a a e) que corresponde à(às) 11. e folgazona como uma cabritinha nova, começou
justificativa(s) possível(is) quanto à escolha do autor no a
trecho citado: 12. fazer-se tímida e depois triste, como o gemido da
I. QUE é uma conjunção consecutiva e estabelece 13. rola; a causa disto estava no agradável parecer de
uma relação de resultado ou conseqüência entre 14. um mancebo da sua tribo, que diariamente vinha
investimento nas regiões e crescimento dos dois Brasis. 15. caçar ou pescar à ilha, e vinte vezes já o havia
II. QUE é uma conjunção final (com elipse da feito
preposição “para”) e estabelece uma relação de finalidade 16. sem que de uma só desse fé dos olhares ardentes
entre investimento nas regiões e crescimento dos dois 17. que lhe dardejava a moça. O nome dele era
Brasis. Aoitin;
III. QUE é um pronome relativo e expressa noção de 18. o nome dela era Ahy.
ênfase à possibilidade de crescimento e unificação dos dois 19. A pobre Ahy, que sempre o seguia, ora lhe
Brasis. apanhava
IV. QUE é um pronome relativo e tem como referente 20. as aves que ele matava, ora lhe buscava as flechas
o termo “regiões”. 21. disparadas, e nunca um só sinal de
a) Apenas a explicação IV está correta. reconhecimento
b) As explicações III e IV estão corretas. 22. obtinha; quando no fim de seus trabalhos,
c) Apenas a explicação I está correta. 23. Aoitin ia adormecer na gruta, ela entrava de
d) Apenas a explicação II está correta. manso
e) As explicações I e II estão corretas. 24. e com um ramo de palmeira procurava, movendo
o
25. ar, refrescar a fronte do guerreiro adormecido.
39) (Mack-2002) … isto de método, sendo, como é, uma Mas
cousa indispensável, todavia é melhor tê-lo sem gravata 26. tantos extremos eram tão mal pagos que Ahy, de
nem suspensórios, mas um pouco à fresca e à solta (…). 27. cansada, procurou fugir do insensível moço e
fazer
Assinale a alternativa correta sobre o fragmento transcrito. 28. por esquecê-lo; porém, como era de esperar, nem
29. fugiu-lhe e nem o esqueceu.
a) isto tem o mesmo valor da interjeição presente na frase: 30. Desde então tomou outro partido: chorou. Ou
Isto! Você superou brilhantemente o 31. porque a sua dor era tão grande que lhe podia
obstáculo!. 32. exprimir o amor em lágrimas desde o coração até
b) A frase sendo uma cousa indispensável expressa, no 33. os olhos, ou porque, selvagem mesmo, ela já tinha
contexto, uma condição. 34. compreendido que a grande arma da mulher está
c) como é constitui recurso para não deixar dúvida sobre a 35. no pranto, Ahy chorou.
afirmação que está sendo articulada. MACEDO, Joaquim Manuel de. A
d) todavia pode ser substituído, sem prejuízo do sentido Moreninha. São Paulo: Ática, 1997, p. 62-63.
original, por porque.
e) O acento indicativo da crase observado em à solta Observe:
ocorreria corretamente também em chegou à escrever “A pobre Ahy, que sempre o seguia, ora lhe apanhava as
aos pais. aves que ele matava, ora lhe buscava as flechas
disparadas, e nunca um só sinal de reconhecimento
obtinha...” (L. 19-20-21-22)
40) (FGV-2004) 1. Era no tempo que ainda os a) Que diferenças podem ser apontadas entre a palavra
portugueses não ora, nesse trecho, e a palavra hora, que não está no texto?
2. haviam sido por uma tempestade empurrados b) Cite outra passagem do texto em que se encontram
para palavras com o mesmo emprego e sentido semelhante ao
3. a terra de Santa Cruz. Esta pequena ilha abundava de ora, nesse trecho.
4. de belas aves e em derredor pescava-se excelente
5. peixe. Uma jovem tamoia, cujo rosto moreno 41) (ESPM-2006) A morte do livro
parecia FERREIRA GULLAR
6. tostado pelo fogo em que ardia-lhe o coração,

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A morte do livro como veículo da literatura já foi
profetizada várias vezes na chamada época moderna. E No trecho: “...Apollinaire, que foi um bom poeta, revelara-
não por inimigos da literatura, mas pelos escritores se um mau profeta, já que os poetas continuaram a se
mesmos. Até onde me lembro, o primeiro a fazer essa valer do livro para difundir seus poemas...”, o conector em
profecia foi nada menos que o poeta Guillaume negrito só não possui o mesmo valor semântico de:
Apollinaire, no começo do século 20. a) porque.
Entusiasmado com a invenção do gramofone (ou vitrola), b) conquanto.
acreditou que os poetas em breve deixariam de imprimir c) visto que.
seus poemas em livros para gravá-los em discos, com a d) uma vez que.
vantagem — segundo ele, indiscutível — de o antigo leitor, e) como.
tornado ouvinte, ouvi-los na voz do próprio poeta. [...]
De qualquer modo, Apollinaire, que foi um bom poeta, 42) (Unifesp-2003) A questão a seguir é relacionada a uma
revelara-se um mau profeta, já que os poetas continuaram passagem bíblica e a um trecho da canção “Cálice”,
a se valer do livro para difundir seus poemas enquanto o realizada em 1973, por Chico Buarque (1944-) e Gilberto
disco veio servir mesmo foi aos cantores e compositores Gil (1942-).
de canções populares, [...].
O mais recente profeta do fim do livro é o romancista Texto Bíblico
norte-americano Philip Roth, que, numa entrevista, fez o Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a
prenúncio. Na verdade, ele anunciou o fim da própria minha vontade, mas a tua seja feita! (Lucas, 22)
literatura e não por falta de escritores, mas de leitores. (in: Bíblia de Jerusalém. 7ª impressão. São Paulo: Paulus,
Certamente, referia-se a certo tipo de literatura, pois obras 1995)
de ficção como “O Código Da Vinci” e “Harry Potter”
alcançam tiragens de milhões de exemplares em todos os Trecho de Canção
idiomas. Pai, afasta de mim esse cálice!
Outro fenômeno que contradiz a tese de que as pessoas Pai, afasta de mim esse cálice!
lêem cada vez menos é o crescente tamanho dos “best- Pai, afasta de mim esse cálice
sellers”: ultimamente, os volumes ultrapassam as 400 ou De vinho tinto de sangue.
500 páginas, havendo os que atingem mais de 800. Tais
dados põem em dúvida, mais uma vez, as previsões da Como beber dessa bebida amarga,
morte do livro e da literatura. [...] Tragar a dor, engolir a labuta,
A visão simplificadora consiste em não levar em conta Mesmo calada a boca, resta o peito,
alguns fatores que estão ocultos, mas atuantes na Silêncio na cidade não se escuta.
sociedade de massa: fatores qualitativos que a avaliação De que me vale ser filho da santa,
meramente quantitativa ignora. Começa pelo fato de que Melhor seria ser filho da outra,
são as obras literárias de qualidade, e não as que Outra realidade menos morta,
constituem mero passatempo, que influem na construção Tanta mentira, tanta força bruta.
do universo imaginário da época. É indiscutível que tais ......................................................
obras atingem, inicialmente, um número reduzido de (in: www.uol.com.br/chicobuarque/)
leitores, mas é verdade também que, através deles, com o
passar do tempo, influem sobre um número cada vez A frase Contudo, não a minha vontade, mas a tua seja
maior de indivíduos — e especialmente sobre aqueles que feita! contém dois conectivos adversativos. O conectivo
constituem o núcleo social irradiador das idéias. mas estabelece coesão entre a oração a tua [vontade] seja
Costumo, a propósito desta discussão, citar o exemplo de feita e a oração não [seja feita] a minha vontade. O
um livro de poemas que nasceu maldito: “As Flores do conectivo contudo estabelece coesão entre
Mal”, de Charles Baudelaire, cuja primeira edição, em a) a oração implícita [se não queres] e a oração não [seja
reduzida tiragem, data de 1857. Naquela mesma época feita] a minha vontade.
havia autores cujos livros alcançavam tiragens b) a oração se queres e a oração não [seja feita] a minha
consideráveis, que às vezes chegavam a mais de 30 mil vontade.
exemplares. Esses livros cumpriram sua missão, divertiram c) a oração afasta de mim este cálice! e a oração a tua
os leitores e depois foram esquecidos, como muitos “best- [vontade] seja feita.
sellers” de nossa época. Enquanto isso, o livro de poemas d) a oração implícita [se não queres] e a oração a tua
de Baudelaire — cuja venda quase foi proibida pela Justiça [vontade] seja feita.
—, que vem sendo reeditado e traduzido em todas as e) a oração a tua [vontade] seja feita e a oração não [seja
línguas, já deve ter atingido, no total das tiragens, muitos feita] a minha vontade.
milhões de exemplares. O verdadeiro “best-seller” é ele ou
não é? [...]
(Folha de São Paulo, 19/03/2006)

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43) (UNIUBE-2002) A questão abaixo refere-se ao texto Pneumotórax
retirado de “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
transcrito abaixo. A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, Mandou chamar o médico:
encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, - Diga trinta e três.
que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, - Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e - Respire.
acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os ...............................................................................................
versos pode ser que não fossem inteiramente maus. ....
Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os - O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o
olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele pulmão direito infiltrado.
interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso. - Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Continue, disse eu acordando. - Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
- Já acabei, murmurou ele. (Manuel Bandeira, Libertinagem)
- São muito bonitos.
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas Em uma de suas ocorrências, no poema Pneumotórax, a
não passou do gesto; estava amuado. conjunção e poderia ser substituída por mas, sem prejuízo
No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e semântico. Essa possibilidade verifica-se em
acabou alcunhando-me “Dom Casmurro”. Os a) dispnéia, e suores noturnos
vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e b) trinta e três... trinta e três
calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por c) Diga trinta e três
isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e d) pulmão esquerdo e o pulmão direito
eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: e) ter sido e que não foi
“Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” “ ___ Vou
para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da 45) (UFES-2002) Ainda que mal
Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai Carlos Drummond de Andrade
lá passar uns quinze dias comigo.” “___ Meu caro Dom
Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; Ainda que mal pergunte,
venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou- ainda que mal respondas;
lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.” ainda que mal te entenda,
Não consultes dicionários. “Casmurro” não está aqui no ainda que mal repitas;
sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de ainda que mal insista,
homem calado e metido consigo. “Dom” veio por ironia, ainda que mal desculpes;
para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar ainda que mal me exprima,
cochilando! Também não achei melhor título para a minha ainda que mal me julgues;
narração ___ se não tiver outro daqui até ao fim do livro, ainda que mal me mostre,
vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que ainda que mal me vejas;
não lhe guardo ranço. E com pequeno esforço, sendo o ainda que mal te encare,
título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que ainda que mal te furtes
apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto. ainda que mal te siga,
ainda que mal te voltes;
“Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os ainda que mal te ame,
olhos três ou quatro vezes...” ainda que mal o saibas;
ainda que mal te agarre,
Assinale a alternativa que melhor corresponde ao trecho ainda que mal te mates;
destacado acima. ainda assim te pergunto
a) apesar de eu estar cansado. e me queimando em teu seio,
b) enquanto eu estava cansado. me salvo e me dano: amor.
c) porque eu estava cansado.
d) embora eu estivesse cansado. O termo que introduz a maioria dos versos do texto acima
estabelece relação de
a) comparação.
44) (Unifesp-2003) A questão seguinte baseia-se no poema b) condição.
“Pneumotórax”, do modernista Manuel Bandeira (1886- c) concessão.
1968). d) conformidade.
e) finalidade.

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Montes Claros cresceu tanto,
46) (Fuvest-2000) Ao se discutirem as idéias expostas na ficou urbe tão notória,
assembléia, chegou-se à seguinte conclusão: pôr em prima-rica do Rio de Janeiro,
confronto essas idéias com outras menos polêmicas seria que já tem cinco favelas
avaliar melhor o peso dessas idéias , à luz do princípio por enquanto, e mais promete.
geral que vem regendo as mesmas idéias. (Carlos Drummond de Andrade)
a) Transcreva o texto, substituindo as expressões
sublinhadas por pronomes pessoais que lhes sejam No trecho “Montes Claros cresceu tanto,/ (...),/ que já tem
correspondentes e efetuando as alterações necessárias. cinco favelas”, a palavra que contribui para estabelecer
b) Reescreva a oração Ao se discutirem as idéias expostas uma relação de conseqüência. Dos seguintes versos, todos
na assembléia, introduzindo-a pela conjunção adequada e de Carlos Drummond de Andrade, apresentam esse
mantendo a correlação entre os tempos verbais. mesmo tipo de relação:
a) “Meu Deus, por que me abandonaste / se sabias que eu
47) (Mack-1996) Assinale a alternativa que apresenta a não era Deus / se sabias que eu era fraco.”
seqüência correta para preencher as lacunas. b) “No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu / a
______ estivesse adoentado, compareceu a todas as ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu /
reuniões, ______ não pôde prestar grande colaboração, chamava para o café.”
______ estava sem energia ______ participar dos debates. c) “Teus ombros suportam o mundo / e ele não pesa mais
a) todavia - porque - mas - a fim de que a mão de uma criança.”
b) mesmo que - pois - mas - para d) “A ausência é um estar em mim. / E sinto-a, branca, tão
c) ainda que - logo - embora - para pegada, aconchegada nos meus braços, / que rio e danço e
d) embora - mas - pois - para invento exclamações alegres.”
e) apesar de que - pois - porque - para e) “Penetra surdamente no reino das palavras. / Lá estão
os poemas que esperam ser escritos.”
48) (IBMEC-2007) Assinale a alternativa que preenche
corretamente as lacunas.
• Deu-me alguns motivos ________ me pareciam
inconsistentes. 51) (Fuvest-2001) Considerando-se a relação lógica
• As informações ________ dependo são sigilosas. existente entre os dois segmentos dos provérbios adiante
• Lembro-me ________ ele só usava camisas brancas. citados, o espaço pontilhado NÃO poderá ser
• Feliz do pai ________ filhos são ajuizados. corretamente preenchido pela conjunção mas, apenas em:
• Vivemos um momento ________ os graves problemas a) Morre o homem, (…) fica a fama.
econômicos impedem uma maior mobilidade social. b) Reino com novo rei (…) povo com nova lei.
a) cujos, nas quais, de que, cujo os, no qual c) Por fora bela viola, (…) por dentro pão bolorento.
b) que, das quais, de que, cujos, em que d) Amigos, amigos! (…) negócios à parte.
c) os quais, de que, que, o qual, onde e) A palavra é de prata, (…) o silêncio é de ouro.
d) que, de que, que, cujos, onde
e) dos quais, de que, que, de cujos, no qual 52) (UNIFESP-2005) Considere as afirmações:

49) (UEL-1995) Assinale a letra correspondente à


alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase
apresentada.

A visão ..... dos fatos explica ..... apenas alguns alunos


foram premiados.
a) destorcida - porque.
b) distorcida - por que.
c) distorcida - porque.
d) destorcida - por que.
e) destorcida - porquê.

50) (ENEM-2004) Cidade grande


Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.

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A expressão sublinhada no trecho “...ou ainda porque
apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam
nem boas nem úteis em si” pode ser substituída, sem
prejuízo para o sentido, por
a) desde que.
b) contanto que.
c) uma vez que.
d) a não ser que.
e) se bem que.

54) (Fuvest-1998) Detenho-me diante de uma lareira e


olho o fogo. É gordo e vermelho, como nas pinturas
antigas; remexo as brasas com o ferro, baixo um pouco a
tampa de metal e então ele chia com mais força, estala,
raiveja, grunhe. Abro: mais intensos clarões vermelhos
lambem o grande quarto e a grande cômoda velha parece
regozijar-se ao receber a luz desse honesto fogo. Há
chamas douradas, pinceladas azuis, brasas rubras e outras
(Veja, 12.05.2004.) cor-de-rosa, numa delicadeza de guache. Lá no alto, todas
as minhas chaminés devem estar fumegando com seus
I. Os pronomes sua e seu referem-se ao receptor da
penachos brancos na noite escura; não é a lenha do fogo, é
mensagem, que pode ser uma pessoa do sexo masculino toda a minha fragata velha que estala de popa a proa, e vai
ou do sexo feminino.
partir no mar de chuva. Dentro, leva cálidos corações.
II. Se a conjunção Quando fosse substituída por Se, os
verbos teriam outra flexão.
A mesma relação semântica assinalada pela conjunção e
III. Embora possua classificação gramatical diferente da
na frase "Detenho-me diante de uma lareira e olho o fogo"
conjunção Quando, Se poderia configurar na propaganda,
encontra-se também em:
pois apresentaria a idéia de forma coerente.
a) E, a cada dia, você tem mais lugares onde pode contar
IV. Num nível de linguagem bastante informal, a última
com a comodidade de pagar suas despesas com cartões de
frase poderia assumir a seguinte forma: “Facinho agradar
crédito.
sua mãe, né?”
b) Realizada pela primeira vez em outubro do ano passado,
Estão corretas somente as afirmações:
a Semana de Arte e Cultura da USP tenta conquistar seu
a) I e II.
espaço na agenda cultural de São Paulo.
b) II e IV.
c) Carro quebra no meio da estrada e casal pede ajuda a
c) III e IV. um motorista que passa pelo local.
d) I, II e III. d) Quisera falar com o ladrão, e nada fizera.
e) I, III e IV. e) E seu irmão Dito é o dono daqui?

55) (PUC-SP-2005) É CARNAVAL


53) (FUVEST-2007) Das vãs sutilezas
E então chegava o Carnaval, registrando-se grandes
Os homens recorrem por vezes a sutilezas fúteis e vãs para comemorações ao Festival de Besteira. Em Goiânia o folião
atrair nossa atenção. (...) Aprovo a atitude daquele Cândido Teixeira de Lima brincava fantasiado de Papa
personagem a quem apresentaram um homem que com Paulo VI e provava no salão que não é tão cândido assim,
tamanha habilidade atirava um grão de alpiste que o fazia pois aproveitava o mote da marcha Máscara Negra e
passar pelo buraco de uma agulha sem jamais errar o beijava tudo que era mulher que passasse dando sopa.
golpe. Tendo pedido ao outro que lhe desse uma
Um padre local, por volta da meia-noite, recebeu uma
recompensa por essa habilidade excepcional, atendeu o
denúncia e foi para o baile, exigindo da Polícia que o Papa
solicitado, de maneira prazenteira e justa a meu ver,
de araque fosse preso. Em seguida, declarou: “Brincar o
mandando entregar-lhe três medidas de alpiste a fim de
Carnaval já é um pecado grave. Brincar fantasiado de Papa
que pudesse continuar a exercer tão nobre arte. É prova
é uma blasfêmia terrível.”
irrefutável da fraqueza de nosso julgamento apaixonarmo-
O caso morreu aí e nunca mais se soube o que era mais
nos pelas coisas só porque são raras e inéditas, ou ainda
blasfêmia: um cidadão se fantasiar de Papa ou o piedoso
porque apresentam alguma dificuldade, muito embora não sacerdote encanar o Sumo Pontífice.
sejam nem boas nem úteis em si.
E enquanto todos pulavam no salão, o dólar pulava no
Montaigne, Ensaios.
câmbio. Há coisas inexplicáveis! Até hoje não se sabe por

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que foi durante o Carnaval que o Governo aumentou o De fato, como é que reagimos diante de um “proibido
dólar, fazendo muito rico ficar mais rico. E, porque o estacionar”, “proibido fumar”, ou diante de uma fila
Ministro do Planejamento e seus cúmplices, aliás, digo, quilométrica? Como é que se faz diante de um
seus auxiliares, aumentaram o dólar e desvalorizaram o requerimento que está sempre errado? Ou diante de um
cruzeiro em pleno Carnaval, passaram a ser conhecidos por prazo que já se esgotou e conduz a uma multa automática
Acadêmicos do Cruzeiro - numa homenagem também aos que não foi divulgada de modo apropriado pela autoridade
salgueirenses que, no Carnaval de 1967, entraram pelo pública? Ou de uma taxação injusta e abusiva que o
cano. Governo novamente decidiu instituir de modo drástico e
(PRETA, Stanislaw Ponte.FEBEAPÁ 2 - 2º- Festival de sem consulta?
Besteira que Assola o País. 9ª- edição. Rio de Janeiro: Nos Estados Unidos, na França e na Inglaterra,
Civilização Brasileira, 1993, p. 32) somente para citar três bons exemplos, as regras ou são
obedecidas ou não existem. Nessas sociedades, sabe-se
Observe o enunciado a seguir: que não há prazer algum em escrever normas que
Em Goiânia o folião Cândido Teixeira de Lima brincava contrariam e, em alguns casos, aviltam o bom senso e as
fantasiado de Papa Paulo VI e provava no salão que não é regras da própria sociedade, abrindo caminho para a
tão cândido assim, pois aproveitava o mote da marcha corrupção burocrática e ampliando a desconfiança do
Máscara Negra e beijava tudo que era mulher que poder público. Assim, diante dessa enorme coerência
passasse dando sopa. entre a regra jurídica e as práticas da vida diária, o inglês, o
As orações sublinhadas, em relação às anteriores, indicam, francês e o norte-americano param diante de uma placa de
respectivamente, a idéia de trânsito que ordena parar, o que - para nós - parece um
a) adição e finalidade. absurdo lógico e social, pelas razões já indicadas. Ficamos,
b) meio e fim. pois, sempre confundidos e, ao mesmo tempo, fascinados
c) alternância e oposição. com a chamada disciplina existente nesses países. Aliás, é
d) adição e causa. curioso que a nossa percepção dessa obediência às leis
e) explicação e conclusão. universais seja traduzida em termos de civilização e
disciplina, educação e ordem, quando na realidade ela é
56) (PUC - RJ-2006) Entre a desordem carnavalesca, decorrente de uma simples e direta adequação entre a
que permite e estimula o excesso, e a ordem, que requer a prática social e o mundo constitucional e jurídico. É isso
continência e a disciplina pela obediência estrita às leis, que faz a obediência que tanto admiramos e, também,
como é que nós, brasileiros, ficamos? Qual a nossa relação engendra aquela confiança de que tanto sentimos falta.
e a nossa atitude para com e diante de uma lei universal Porque, nessas sociedades, a lei não é feita para explorar
que teoricamente deve valer para todos? Como ou submeter o cidadão, ou como instrumento para corrigir
procedemos diante da norma geral, se fomos criados e reinventar a sociedade. Lá, a lei é um instrumento que
numa casa onde, desde a mais tenra idade, aprendemos faz a sociedade funcionar bem e isso - começamos a
que há sempre um modo de satisfazer nossas vontades e enxergar - já é um bocado! Claro está que um dos
desejos, mesmo que isso vá de encontro às normas do resultados dessa confiança é uma aplicação segura da lei
bom senso e da coletividade em geral? que, por ser norma universal, não pode pactuar com o
Num livro que escrevi - Carnavais, malandros e heróis - privilégio ou com a lei privada, aquela norma que se aplica
, lancei a tese de que o dilema brasileiro residia numa diferencialmente se o crime ou a falta foi cometida por
trágica oscilação entre um esqueleto nacional feito de leis pessoas diferencialmente situadas na escala social. Isso
universais cujo sujeito era o indivíduo e situações onde que ocorre diariamente no Brasil, quando, digamos, um
cada qual se salvava e se despachava como podia, bacharel comete um assassinato e tem direito a prisão
utilizando para isso o seu sistema de relações pessoais. especial e um operário, diante da mesma lei, não tem igual
Haveria assim, nessa colocação, um verdadeiro combate direito porque não é, obviamente, bacharel... A destruição
entre leis que devem valer para todos e relações que do privilégio engendrou uma justiça ágil e operativa na
evidentemente só podem funcionar para quem as tem. O base do certo ou errado. Uma justiça que não aceita o
resultado é um sistema social dividido e até mesmo mais-ou-menos e as indefectíveis gradações e hierarquias
equilibrado entre duas unidades sociais básicas: o que normalmente acompanham a ritualização legal
indivíduo (o sujeito das leis universais que modernizam a brasileira, que para todos os delitos estabelece
sociedade) e a pessoa (o sujeito das relações sociais, que virtualmente um peso e uma escala.
conduz ao pólo tradicional do sistema). Entre os dois, o [Fragmento de “O modo de navegação social: a
coração dos brasileiros balança. E no meio dos dois, a malandragem e o `jeitinho´”, cap. 7 de O que faz o Brasil,
malandragem, o “jeitinho”, e o famoso e antipático “sabe Brasil, de Roberto DaMatta]
com quem está falando?” seriam modos de enfrentar
essas contradições e paradoxos de modo tipicamente
brasileiro. [...] a) Em apenas um dos períodos abaixo, a conjunção se
pode ser substituída pela conjunção condicional caso, sem

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alterar o sentido original do texto. Selecione o período em Não, acho que estás só fazendo de conta,
que isso ocorre e reescreva o trecho sublinhado, Te dei meus olhos pra tomares conta,
substituindo se por caso. Faça as adaptações necessárias. Agora conta como hei de partir...
Período 1: Como procedemos diante da norma geral, se (Tom Jobim - Chico Buarque)
fomos criados numa casa onde, desde a mais tenra idade,
aprendemos que há sempre um modo de satisfazer nossas Examinando-se aspectos construtivos deste texto, verifica-
vontades e desejos, mesmo que isso vá de encontro às se que
normas do bom senso e da coletividade em geral? (linhas a) todas as ocorrências da conjunção se expressam uma
3-6) condição, com o sentido de no caso de.
Período 2: Claro está que um dos resultados dessa b) o emprego de como, no início da quarta estrofe, é uma
confiança é uma aplicação segura da lei que, por ser norma retomada de “como hei de partir”, da primeira estrofe.
universal, não pode pactuar com o privilégio ou a lei c) A repetição de conta, na última estrofe, reitera a mesma
privada, aquela norma que se aplica diferencialmente se o idéia do custo que a separação representa para o sujeito.
crime ou a falta foi cometida por pessoas diferencialmente d) o emprego da vírgula depois de Não, na última estrofe,
situadas na escala social. (linhas 35-38) é facultativo, uma vez que a partícula negativa tem aqui o
valor de uma simples ênfase.
b) A construção abaixo é ambígua. Reescreva-a de forma a e) o efeito dramático nele obtido nasce da reiterada
eliminar a ambigüidade, escolhendo uma de suas leituras oposição entre ações transcorridas no passado.
possíveis.
O deputado que tinha alegado imunidade parlamentar na 59) (ETEs-2007) Façamos as pazes com a Terra (fragmento)
semana passada foi preso. “O chamado que nos é feito hoje para pormos fim à guerra
contra a natureza é por uma solidariedade sem
precedentes com as gerações futuras. Será que, para
57) (Mack-2005) Eu também já fui brasileiro chegar a isso, a humanidade precisará selar um novo
moreno como vocês. pacto, um “contrato natural” de co-desenvolvimento com
Ponteei viola, guiei forde o planeta, assinando um armistício com a natureza?
e aprendi na mesa dos bares Precisamos da sabedoria necessária para defender uma
que o nacionalismo é uma virtude. ética para o futuro, pois, se quisermos fazer as pazes com a
Mas há uma hora em que os bares se fecham Terra, essa ética terá que prevalecer. Este planeta é o
e todas as virtudes se negam. nosso reflexo: se ele está ferido, nós estamos feridos; se
Carlos Drummond de Andrade ele está mutilado, a humanidade também está.”
(MATSUURA, Koïchiro. Façamos as pazes com a Terra. In:
Assinale a alternativa que apresenta conjunção com Folha de S. Paulo, 4 de jul. 2007.)
sentido equivalente ao de Mas (sexto verso).
a) Anda que anda até que desanda. Mãos dadas
b) Não só venceu mas também convenceu. Não serei o poeta de um mundo caduco.
c) Mas que beleza, Dona Creuza! Também não cantarei o mundo futuro.
d) Atirou-se do vigésimo sétimo andar e não se feriu. Estou preso à vida e olho meus
e) Há sempre um “mas” em nossos discursos. /companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem
58) (Fuvest-2003) Eu te amo /grandes esperanças.
Ah, se já perdemos a noção da hora, Entre eles, considero a enorme realidade.
Se juntos já jogamos tudo fora, O presente é tão grande, não nos afastemos.
Me conta agora como hei de partir... Não nos afastemos muito,
/vamos de mãos dadas.
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios, Não serei o cantor de uma mulher,
Rompi com o mundo, queimei meus navios, /de uma história,
Me diz pra onde é que inda posso ir... não direi os suspiros ao anoitecer,
(...) /a paisagem vista da janela,
Se entornaste a nossa sorte pelo chão, não distribuirei entorpecentes ou
Se na bagunça do teu coração /cartas de suicida,
Meu sangue errou de veia e se perdeu... não fugirei para as ilhas nem serei
(...) /raptado por serafi ns.
Como, se nos amamos como dois pagãos, O tempo é a minha matéria, o tempo
Teus seios inda estão nas minhas mãos, /presente, os homens presentes,
Me explica com que cara eu vou sair... a vida presente.

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(DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. “Mãos dadas”. In: I. Poderão aposentar-se os trabalhadores com 65 anos e 30
Sentimento do Mundo. Record.) anos de contribuição para o INSS.
II. Poderão aposentar-se os trabalhadores com 65 anos ou
Assinale a alternativa em cujo verso a conjunção expressa 30 anos de contribuição para o INSS.
oposição entre as idéias. Aponte a alternativa que apresenta a interpretação que
a) “Também não cantarei o mundo futuro.” NÃO pode ser feita a partir dessas sentenças:
b) “Estou preso à vida e olho meus companheiros.” a) de acordo com (I), para aposentar-se, uma pessoa deve
c) “Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.” ter simultaneamente, pelo menos, 65 anos de idade e,
d) “não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida” pelo menos, 30 anos de contribuição para o INSS.
e) “não fugirei para as ilhas nem serei raptado por b) de acordo com (II), para aposentar-se, uma pessoa deve
serafins.” ter simultaneamente, pelo menos, 65 anos de idade e,
pelo menos, 30 anos de contribuição para o INSS.
c) de acordo com (II), uma pessoa que tenha 65 anos de
60) (FGV-1997) Figurou recentemente, num jornal da idade e 5 anos de contribuição para o INSS poderá se
cidade, a frase abaixo: aposentar.
"Embora fosse prolixo, o apresentador ultrapassou o d) de acordo com (II), para aposentar-se, basta que uma
tempo previsto." pessoa tenha 65 anos de idade, pelo menos.
Examine atentamente o sentido dessa frase. Se for o caso, e) de acordo com (II), para aposentar-se, basta que uma
corrija-a no que for necessário e explique o porquê da pessoa tenha contribuído para o INSS por, pelo menos, 30
correção. anos.
Caso você considere correta a frase, escreva apenas: A
frase está correta.
63) (Mack-2001) I
A lição é que não peçais nunca dinheiro grosso aos deuses,
61) (Mack-2001) Flores senão com a cláusula expressa de saber que é dinheiro
Me mandam flores. Uma das curiosidades de minha vida. grosso. Sem ela, os bens são menos que as flores de um
Sempre me mandam flores. Essas rosas, aí há três dias, dia. Tudo vale pela consciência. (...) Passai das riquezas
vieram botões, abriram, já estão se despedindo. “Rose, elle materiais às intelectuais: é a mesma cousa. Se o mestre-
a vécu ce que vivent les roses, l’espace d’un matin.”* Uma escola da tua rua imaginar que não sabe vernáculo nem
amiga me diz que aspirina prolonga a vida dessas flores, latim, em vão lhe provarás que ele escreve como Vieira ou
gentil desce até à farmácia, volta, enche de água o jarro (as Cícero, ele perderá as noites e os sonos em cima dos livros,
mulheres sempre descobrem que a gente tem um jarro), comerá as unhas em vez de pão, encanecerá ou
põe dentro dois comprimidos. Fico olhando as flores e os encalvecerá, e morrerá crendo que mal distingue o verbo
gestos - há um terno eterno feminino nessa conjugação. As do advérbio.
folhas firmam um pouco seu verde, as pétalas se enrijecem Machado de Assis
ligeiramente, ou é só impressão? Tudo é possível, quando
a alma não é pequena. Estendo a mão espalmada II
significativamente, recebo também dois comprimidos, Poucos dias depois morreu... Não morreu súdito nem
meio copo d’água, engulo. Amanhã desabrocho. vencido. Antes de principiar a agonia, que foi curta, pôs a
* Rosa, ela superou o tempo que vivem as rosas, o espaço coroa na cabeça,- uma coroa que não era, ao menos, um
de uma manhã. chapéu velho ou uma bacia, onde os espectadores
Millôr Fernandes palpassem a ilusão. Não, senhor; ele pegou em nada,
levantou nada e cingiu nada; só ele via a insígnia imperial,
Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena. pesada de ouro, rútila de brilhantes e outras pedras
O se, no verso acima, equivale ao destacado em: preciosas. O esforço que fizera para erguer meio corpo não
a) Queria saber se o livro é este encapado de verde. durou muito; o corpo caiu outra vez; o rosto conservou
b) Diante do colega, ele se recusou a pedir desculpas. porventura uma expressão gloriosa.
c) Ele é, como se sabe, o maior especialista na - Guardem a minha coroa, murmurou. Ao vencedor...
decodificação desse tipo de sinal. A cara ficou séria, porque a morte é séria; dous minutos de
d) Se você o encontrar, diga que estou com saudades dele. agonia, um trejeito horrível, e estava assinada a abdicação.
e) Não se fizeram os trabalhos, conforme o combinado. Machado de Assis

62) (ITA-2003) Há algum tempo, apareceu na imprensa a Em I, entre Cícero e ele, pode-se incluir, sem alterar o
notícia de uma controvérsia sobre a Lei de Aposentadoria, sentido original do período,
envolvendo duas teses que podem ser expressas nas a) no entanto.
sentenças abaixo: b) pois.
c) ou.

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d) onde. 67) (UFRJ-1996) Na verdade, à primeira vista, seu aspecto
e) assim. era de um velho como tantos outros, de idade indefinida,
rugas, cabelos brancos, uma barba que lhe dará um vago
64) (Fuvest-2004) I. Desespero meu: leitura ar de sabedoria e respeitabilidade. Mas uma certa
obrigatória de livro indicado... agilidade e o porte ereto darão a impressão de que, apesar
II. Uma surpresa: tão bom, aquele livro! da aparência de velho, o viajante guardará o vigor da
III. Nenhum aborrecimento na leitura. juventude. E os olhos... ah, o brilho dos olhos será
absolutamente sem idade, um brilho deslumbrado como o
a) Respeitando a seqüência em que estão apresentadas as de um bebê, curioso como o de um menino, desafiador
três frases acima, articule-as num único período. como o de um jovem, sábio como o de um homem
Empregue os verbos e os nexos oracionais necessários à maduro, maroto como o de um velhinho bem-humorado
clareza, à coesão e à coerência desse período. que conseguisse somar tudo isso.
b) Transcreva o período abaixo, virgulando-o (MACHADO, Ana Maria. O CANTO DA PRAÇA. Rio de
adequadamente: Janeiro: Salamandra, 1986.)
A obrigação de ler um livro como toda obrigação indispõe-
nos contra a tarefa imposta mas pode ocorrer se
encontrarmos prazer nessa leitura que o peso da obrigação As conjunções "mas" e "e" , que iniciam o segundo e o
desapareça. terceiro períodos, são especialmente importantes na
ESTRUTURAÇÃO e no SENTIDO DO TEXTO. Explique por
quê.
65) (Fuvest-2004) Leia com atenção as seguintes frases,
extraídas do termo de garantia de um produto para
emagrecimento: 68) (IME-1996) Nas frases a seguir há erros ou
I) Esta garantia ficará automaticamente cancelada impropriedades. Reescreva-as e justifique a correção
se o produto não for corretamente utilizado. a) "Não se conseguiu apurar o motivo porque a atriz se
II) Não se aceitará a devolução do produto caso ele divorciou."
contenha menos de 60% de seu conteúdo. b) "O milionário dispendeu milhares de dólares com aquela
III) As despesas de transporte ou quaisquer ônus propaganda."
decorrente do envio do produto para troca corre por conta
do usuário.
69) (Covest-1997) Nas frases publicitárias abaixo, assinale a
a) Reescreva os trechos sublinhados nas frases I e II, alternativa em que a palavra sublinhada introduz uma
substituindo as conjunções que os iniciam por outras relação de imposição:
equivalentes e fazendo as alterações necessárias. a) Margarina M. <Para quem> não esqueceu o paladar.
b) Reescreva a frase III, fazendo as correções necessárias. b) O refrigerante dietético R não tem concorrente, <mas>
você tem.
c) Use sandálias S < enquanto> você combina com ela.
66) (FGV-2003) Leia o fragmento abaixo, do conto A d) Ande devagar, Chaupezinho, com sapatos C, <para> o
cartomante de Machado de Assis. Depois, responda às lobo mau poder te pegar.
perguntas. e) Use Leite de Aveia D, <porque> sua pele merece.
“Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita
estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas
via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às 70) (Mack-2004) Navegava Alexandre em uma poderosa
cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia, e como fosse
deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na trazido à sua presença um pirata, que por ali andava
antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre
comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das de andar em tão mau ofício; porém ele, que não era
Mangueiras na direção de Botafogo, onde residia; Camilo medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, que
desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque
casa da cartomante.” roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O
Observe o seguinte trecho, extraído do texto: roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar
Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os
estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas Alexandres.
via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às
cartomantes... Assinale a alternativa em que a palavra “como” assume a
Justifique o uso de mas, nesse caso. mesma função que exerce em como fosse trazido à sua
presença um pirata.

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a) Como você conseguiu chegar até aqui? 72) (Fuvest-2005) O filme Cazuza - O tempo não pára me
b) Como todos podem ver, a situação não é das melhores. deixou numa espécie de felicidade pensativa. Tento
c) Não só leu os livros indicados, como também outros de explicar por quê.
interesse pessoal. Cazuza mordeu a vida com todos os dentes. A doença e a
d) Como não telefonou, resolvi procurá-lo pessoalmente. morte parecem ter-se vingado de sua paixão exagerada de
e) O arquiteto projetou o jardim exatamente como lhe viver. É impossível sair da sala de cinema sem se perguntar
pediram. mais uma vez: o que vale mais, a preservação de nossas
forças, que garantiria uma vida mais longa, ou a livre
procura da máxima intensidade e variedade de
71) (UERJ-2003) O DEFEITO experiências?
Note algo muito curioso. É o defeito que faz a gente Digo que a pergunta se apresenta “mais uma vez” porque
pensar. Se o carro não tivesse parado, você teria a questão é hoje trivial e, ao mesmo tempo, persecutória.
continuado sua viagem calmamente, ouvindo música, sem (...) Obedecemos a uma proliferação de regras que são
sequer pensar que automóveis têm motores. O que não é ditadas pelos progressos da prevenção. Ninguém imagina
problemático não é pensado. Você nem sabe que tem que comer banha, fumar, tomar pinga, transar sem
fígado até o momento em que ele funciona mal. Você nem camisinha e combinar, sei lá, nitratos com Viagra seja uma
sabe que tem coração até que ele dá umas batidas boa idéia. De fato não é. À primeira vista, parece lógico
diferentes. Você nem toma consciência do sapato, até que que concordemos sem hesitação sobre o seguinte: não há
uma pedrinha entre lá dentro. Quando está escrevendo, ou não deveria haver prazeres que valham um risco de
você se esquece da ponta do lápis até que ela quebra. vida ou, simplesmente, que valham o risco de encurtar a
Você não sabe que tem olhos - o que significa que eles vão vida. De que adiantaria um prazer que, por assim dizer,
muito bem. Você toma consciência dos olhos quando eles cortasse o galho sobre o qual estou sentado?
começam a funcionar mal. Da mesma forma que você não Os jovens têm uma razão básica para desconfiar de uma
toma consciência do ar que respira, até que ele começa a moral prudente e um pouco avara que sugere que
feder... Fernando Pessoa diz que “pensamento é doença escolhamos sempre os tempos suplementares. É que a
dos olhos”. É verdade, mas nem toda. O mais certo seria morte lhes parece distante, uma coisa com a qual a gente
“pensamento é doença do corpo”. se preocupará mais tarde, muito mais tarde. Mas sua
Todo pensamento começa com um problema. Quem não é vontade de caminhar na corda bamba e sem rede não é
capaz de perceber e formular problemas com clareza não apenas a inconsciência de quem pode esquecer que “o
pode fazer ciência. Não é curioso que nossos processos de tempo não pára”. É também (e talvez sobretudo) um
ensino de ciência se concentrem mais na capacidade do questionamento que nos desafia: para disciplinar a
aluno para responder? Você já viu alguma prova ou exame experiência, será que temos outras razões que não sejam
em que o professor pedisse que o aluno formulasse o só a decisão de durar um pouco mais?
problema? (...) Freqüentemente, fracassamos no ensino da (Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo)
ciência porque apresentamos soluções perfeitas para
problemas que nunca chegaram a ser formulados e Entre as frases “Cazuza mordeu a vida com todos os
compreendidos pelo aluno.” dentes” e “A doença e a morte parecem ter-se vingado de
(ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e sua paixão exagerada de viver” estabelece-se um vínculo
suas regras. São Paulo: Brasiliense, 1995.) que pode ser corretamente explicitado com o emprego de
a) desde que.
As frases que formam um texto mantêm entre si relações b) tanto assim que.
semânticas que podem ser expressas por elementos c) uma vez que.
lingüísticos coesivos - conectivos - ou não. d) à medida que.
Observe estas frases do texto: e) apesar de que.

Todo pensamento começa com um problema. Quem não é 73) (PUC-SP-1996) O MARTÍRlO DO ARTISTA
capaz de perceber e formular problemas com clareza não
pode fazer ciência . Arte ingrata! E enquanto, em desalento,
A órbita elipsoidal dos olhos lhe arda,
Considerando o contexto no qual estão inseridas e a Busca exteriorizar o pensamento
ordem em que se apresentam, identifique o tipo de Que em suas fronetais células guarda!
relação estabelecida pelas frases entre si e cite duas
conjunções que poderiam ser usadas para marcar essa Tarda-lhe a Idéia! A inspiração lhe tarda!
relação. E ei-lo a tremer, rasga o papel, violento,
Como o soldado que rasgou a farda
No desespero do último momento!

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Tenta chorar e os olhos sente enxutos! ... Essa é a “leitura significativa” que funciona como acesso a
É como o paralítico que, à míngua um conhecimento, mesmo que ele seja tão circunstancial,
Da própria voz e na que ardente o lavra e preparação para uma ação, mesmo que seja a de tomar
um comprimido. Daí em diante, saberei o procedimento de
Febre de em vão falar, com os dedos brutos ler bulas e talvez nem precise mais ler se me acontecer
Para falar, puxa e repuxa a língua, novamente a necessidade do mesmo remédio. Outras
E não lhe vem à boca uma palavra! leituras significativas são o rótulo de um produto que se
Augusto dos Anjos vai comprar, os preços do bem de consumo, o tíquete do
cinema, as placas do ponto de ônibus, o regulamento de
Observe o emprego da partícula "e", em: um concurso, a notícia de um jornal.
I. "Tenta chorar e os olhos sente enxutos!..." Se estou precisando trocar de carro, leio os anúncios
II. "puxa e repuxa a língua," classificados; caso queira me divertir no cinema, recorro às
III. "E não lhe vem a boca uma palavra!" sinopses e às resenhas para me ajudarem a escolher o
Analisando a relação que a referida partícula estabelece filme, o cinema e as sessões. Caso eu me sinta meio sem
nas três construções, pode-se dizer que: perspectivas, posso recorrer aos regulamentos de
a) nos três casos, seu valor é o mesmo, ou seja, de concurso. Nesses casos, há quem prefira as páginas do
conjunção aditiva. horóscopo. Também posso ler para me informar, para
b) em cada caso, seu valor é diferente, ou seja: em I, é de aprender a usar uma ferramenta, ligar um aparelho
conjunção adversativa; em II, é de conjunção aditiva; em eletrônico, aumentar meu conhecimento sobre algo
III, é de conjunção temporal. menos tangível ou mesmo ler para escrever em reação a
c) em I e em II, seu valor é de conjunção aditiva; em III é algo que foi lido. Em muitos casos, posso ler para
de, simplesmente, introdutora do verso. aprender.
d) nos três casos, seu valor é o mesmo, ou seja, de A leitura significativa acontece diariamente com as pessoas
conjunção adversativa. à medida que elas interagem com o mundo e com todas as
e) em I e III, seu valor é de conjunção adversativa; em II, peças escritas que nos circundam. E estamos tão
seu valor é de conjunção aditiva. acostumados a isso que esquecemos de que ler é hoje algo
muito trivial, especialmente para as pessoas que moram
74) (UEMG-2006) O MUNDO nas cidades.
Já outros gêneros de texto não são assim tão fáceis de
Tornar a leitura e a escrita significativas para os jovens é achar. Os poemas (infelizmente!) não estão nos rótulos de
um desafio para professores de português, que precisam embalagens nem junto aos frascos de remédio. Talvez não
romper as barreiras entre as salas de aula e a realidade fossem lá muito informativos e de grande ajuda para quem
Quem nunca teve que ler uma bula de remédio? Onde está com uma lancinante dor de cabeça. Os romances não
encontrá-las, em caso de necessidade? (...) A maioria de cabem nos outdoors e os contos não costumam
nós encarou aquele texto em letras miúdas à procura de acompanhar os tíquetes-refeição. Embora todas essas
um esclarecimento sobre dose, efeitos colaterais, contra- coisas possam se cruzar em instâncias específicas, os
indicações ou freqüência com que o produto deve ser gêneros de texto artísticos não são tão funcionais quanto
tomado.(...) Embora a linguagem em que o texto da bula os anteriormente citados, mas também têm seus “códigos”
era escrito não fosse lá muito amigável, os usuários faziam de leitura. São lidos em momentos específicos, por
o possível para obter ao menos as informações mais exemplo: quando alguém quer ter prazer, experiência
importantes para não matar o paciente envenenado nem estética, conhecimento, vocabulário, etc. Em alguns casos,
deixá-lo sem tratamento. é necessário ler para um concurso ou para se divertir. Esta
Há alguns meses, a agência nacional reguladora da saúde também é a leitura significativa.
no Brasil, a Anvisa, mandou que as bulas fossem escritas E o que é que a leitura se torna quando entra pelos
para o público, e não mais para os especialistas. A idéia foi portões da escola? O que acontece com a leitura
ótima e o usuário, especialmente aquele menos letrado, significativa quando ela deixa de ser feita a partir de uma
agradece muito que se mude o público-alvo do texto que necessidade ou de uma motivação mais “real” e passa a
ensina a usar os remédios.(...) ser feita como tarefa pontuada? Como compreender a
Ler a bula dos remédios é uma ação que, muito leitura de uma bula de remédio sem precisar dela? (...)
provavelmente, só acontece diante da necessidade. Se Como ter prazer em ler um poema perto da hora do
meu filho pequeno tem febre, corro para ler a bula e recreio, quando se sente mais a necessidade de ler o
entender que dose de antitérmico devo administrar. Se eu quadro de salgadinhos (e seus preços) na cantina da
tenho dor de cabeça, leio a bula do analgésico para saber escola?
como devo tomá-lo. E assim procedem outras pessoas em A leitura ganha contornos de “cobaia de laboratório”
circunstâncias diversas. Sempre diante da necessidade e, quando sai de sua significação e cai no ambiente artificial e
claro, após a consulta ao médico. na situação inventada. No entanto, é extremamente difícil
para o professor, especialmente o de português, tornar a

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sala de aula um ambiente confortável para a leitura Na cama e no colchão de amar.
significativa. Como trazer as necessidades e as motivações O amor é grande e cabe
para dentro da sala de aula? No breve espaço de beijar.
Quando o assunto é a escrita, a situação se agrava ainda ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de
mais. Quando é que sentimos necessidade de escrever? Janeiro: Nova Aguilar, 1983.
Que textos são necessários à nossa comunicação diária,
seja no trabalho ou entre amigos na Internet? Como agir Neste poema, o poeta realizou uma opção estilística: a
por meio de textos em circunstâncias reais? E como trazer reiteração de determinadas construções e expressões
essas circunstâncias para a escola? lingüísticas, como o uso da mesma conjunção para
Já que o mundo inteiro não cabe numa sala, quem sabe se estabelecer a relação entre as frases. Essa conjunção
o professor de português saísse mais da sala de aula e estabelece, entre as idéias relacionadas, um sentido de
levasse o aluno às situações em que ler e escrever se a) oposição.
tornam muito tangíveis? E se a sala de aula de português b) comparação.
não fosse tão inibitória ao encontro, à conversa e ao texto c) conclusão.
e se tornasse uma “sala ambiente”, à maneira dos d) alternância.
professores de biologia? e) finalidade.
Em lugar de cadeiras individuais de costas umas para as
outras estariam as mesas redondas. No lugar do quadro, 76) (UFV-2005) O tabaco consome dinheiro público.
uma estante de livros de referência sobre língua e muitos Bilhões de reais saem do bolso do contribuinte para tratar
outros assuntos. Ou talvez a biblioteca fosse muito a dependência do tabaco e as graves doenças que ela
adequada à conversão dos alunos-repetidores em alunos causa. A dependência do tabaco também aumenta as
interventores. desigualdades sociais porque muitos trabalhadores
Quem sabe se o professor de português fizesse a fumantes, além de perderem a saúde, gastam com cigarros
necessidade acontecer? Uma sessão de cinema de verdade o que poderia ser usado em alimentação e educação. Em
pode ensejar resenhas de verdade. Um lugar onde publicar muitos casos, com o dinheiro de um maço de cigarros
as resenhas (e aí é impossível não citar a Internet) pode pode-se comprar, por exemplo, um litro de leite e sete
transformar textos-obrigação em textos formadores de pães. Para romper com esse perverso círculo de pobreza,
opinião, ao menos para uso daquela comunidade. países no mundo inteiro estão se unindo através da
(...) ler e escrever são condutas da vida em sociedade. Não Convenção-Quadro de Controle do Tabaco para conter a
são ratinhos mortos de laboratório prontinhos para ser expansão do tabagismo e os graves danos que causa,
desmontados e montados, picadinhos e jogados fora. sobretudo nos países em desenvolvimento. Incluir o Brasil
Quem sabe o professor de português reconfigure a sala de nesse grupo interessa a todos os brasileiros. É um passo
aula e transforme a escola numa extensão sem muros e importante para criar uma sociedade mais justa.
sem cercas elétricas do mundo de textos que a rodeia? (Propaganda do Ministério da Saúde. Brasil um país de
(RIBEIRO, Ana Elisa. Estado de Minas, Belo Horizonte, 10 todos. Governo Federal, 2004.)
set.2005.Caderno PENSAR - texto adaptado)
“A dependência do tabaco também aumenta as
Observe, ainda, o seguinte trecho: desigualdades sociais porque muitos trabalhadores
“Embora a linguagem em que o texto da bula era escrito fumantes, além de perderem a saúde [...].” O termo “além
não fosse lá muito amigável...” de”, neste fragmento, estabelece relação lógico-semântica
Assinale a alternativa em que a substituição do articulador de:
em destaque se fez de maneira inadequada e prejudicial a) condição.
ao sentido da idéia objetivada. b) concessão.
a) Apesar de a linguagem em que o texto da bula era c) adição.
escrito não ser lá muito amigável... d) conformidade.
b) Conquanto a linguagem em que o texto da bula era e) consecução.
escrito não fosse lá muito amigável...
c) Ainda que a linguagem em que o texto da bula era
escrito não fosse lá muito amigável...
d) Caso a linguagem em que o texto da bula era escrito não 77) (PUC-SP-2002) O TIO AQUÁTICO
fosse lá muito amigável... Os primeiros vertebrados, que no Carbonífero deixaram a
vida aquática pela vida terrestre, derivavam dos peixes
ósseos pulmonados, cujas nadadeiras podiam ser roladas
75) (ENEM-2001) O mundo é grande sob o corpo e usadas como patas sobre a terra.
O mundo é grande e cabe Agora já estava claro que os tempos aquáticos haviam
Nesta janela sobre o mar. terminado, recordou o velho Qfwfq, e aqueles que se
O mar é grande e cabe decidiam a dar o grande passo eram sempre em número

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maior, não havendo família que não tivesse algum dos 78) (FGV-2004) Observe o seguinte fragmento:
seus entes queridos lá no seco; todos contavam coisas “Ou porque a sua dor era tão grande que lhe podia
extraordinárias sobre o que se podia fazer em terra firme, exprimir o amor em lágrimas desde o coração até os olhos,
e chamavam os parentes. Então, os peixes jovens, já não ou porque, selvagem mesmo, ela já tinha compreendido
era mais possível segurá-los; agitavam as nadadeiras nas que a grande arma da mulher está no pranto, Ahy chorou.”
margens lodosas para ver se funcionavam como patas, O que significa mesmo nesse fragmento? Justifique sua
como haviam conseguido fazer os mais dotados. Mas resposta.
precisamente naqueles tempos se acentuavam as
diferenças entre nós: existia a família que vivia em terra
havia várias gerações e cujos jovens ostentavam maneiras 79) (FGV-2002) Observe os períodos abaixo e escolha a
que já não eram de anfíbios mas quase de répteis; e alternativa correta em relação à idéia expressa,
existiam aqueles que ainda insistiam em bancar o peixe e respectivamente, pelas conjunções ou locuções SEM QUE,
assim se tornavam ainda mais peixes do que quando se POR MAIS QUE, COMO, CONQUANTO, PARA QUE.
usava ser peixe.
(..) 1. Sem que respeites pai e mãe, não serás feliz.
Daquela vez a visita à lagoa foi mais longa. Estendemo-nos 2. Por mais que corresse, não chegou a tempo.
os três sobre uma das margens em declive: o tio mais para 3. Como não tivesse certeza, preferiu não responder.
o lado da água, mas nós também a meio banho, de tal 4. Conquanto a enchente lhe ameaçasse a vida, Gertrudes
maneira que se alguém nos visse de longe, estirados uns negou-se a abandonar a casa.
ao lado dos outros, não saberia dizer quem era terrestre e 5. Mandamos colocar grades em todas as janelas para que
quem aquático. as crianças tivessem mais segurança.
O peixe atacou um de seus refrãos preferidos: a
superioridade da respiração na água sobre a respiração a) Condição, concessão, causa, concessão, finalidade.
aérea, com todo o repertório de suas difamações. Agora LII b) Concessão, causa, concessão, finalidade, condição.
toma as dores e lhe dá o merecido troco!, pensava. Mas c) Causa, concessão, finalidade, condição, concessão.
eis que se viu aquele dia que LII usava uma outra tática: d) Condição, finalidade, condição, concessão, causa.
discutia com ardor, defendendo nossos pontos de vista, e) Finalidade, condição, concessão, causa, concessão.
mas ao mesmo tempo levando muito a sério os
argumentos do velho N’ba N’ga.
As terras emersas, segundo o tio, eram um fenômeno 80) (UECE-2002) OUTRO NOME DO RACISMO
limitado: iriam desaparecer assim como vieram à tona, ou,
de qualquer forma, ficariam sujeitas a mutações contínuas: Odeio surtos de bom-mocismo, remorsos súbitos,
vulcões, glaciações, terremotos, enrugamentos do terreno, arrastões morais. Abomino a retórica politicamente
mutações de clima e de vegetação. E nossa vida nesse correta, paternalismos vesgos, equívocos bem-
meio devia enfrentar transformações contínuas, mediante intencionados.
as quais populações inteiras iriam desaparecer, e só Assisto pois com fastio e espanto às discussões sobre a
haveria de sobreviver quem estivesse disposto a modificar implantação de um sistema de cotas, na
de tal forma a base de sua existência, que as razões universidade, para estudantes de pele negra. No Ceará,
anteriormente passíveis de tornar a vida bela de viver baseado no mesmo voluntarismo míope, tramita na
seriam completamente transtornadas e esquecidas. Assembléia projeto que garante cotas no vestibular para
Calvino, I (1994). As Cosmicômicas, São Paulo, Companhia estudantes da escola pública. As duas propostas padecem
das Letras, p. 71-83. do mesmo pecado original: pretendem remediar uma
injustiça histórica através de outra.
Leia com atenção o seguinte trecho do texto: A perversa desigualdade brasileira tem raízes profundas,
“Então, os peixes jovens, já não era mais possível segurá- construídas ao longo de 500 anos de exploração,
los; agitavam as nadadeiras nas margens lodosas para ver preconceito e exclusão. Portanto, não será resolvida na
se funcionavam como patas, como haviam conseguido base de decretos e canetadas oficiais. O tal sistema de
fazer os mais dotados. cotas aponta no alvo errado. Em vez de combater o
Mas precisamente naqueles tempos se acentuavam as problema em suas causas primeiras, procura apaziguar
diferenças entre nós...” nossas consciências cívicas investindo contra o que, na
As palavras destacadas indicam, respectivamente, verdade, é só uma conseqüência.
a) finalidade, oposição, comparação, conformidade. Se queremos, de fato, estabelecer políticas
b) oposição, finalidade, conformidade, oposição. compensatórias a favor dos excluídos, que apontemos
c) conformidade, finalidade, oposição, comparação. então nossa indignação para o coração da desigualdade: é
d) finalidade, comparação, conformidade, oposição. preciso investir maciçamente na educação básica,
e) comparação, finalidade, oposição, conformidade. elevando efetivamente o nível da escola pública.

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Ao adotarmos cotas e cursinhos pré-universitários
exclusivos para negros, estaríamos na verdade
estabelecendo um retrocesso histórico, institucionalizando
o questionável conceito de raça. Ressuscitaríamos assim,
quem sabe, as teses de Nina Rodrigues. Reforçaríamos a
idéia anacrônica de que as raças são naturais e, por
conseqüência, que uma pode realmente ser superior às
outras. Assim, só alimentaríamos ainda mais o
preconceito. Oficializaríamos o gueto e a discriminação.
Os adeptos da idéia se defendem com nova pérola do
pensamento politicamente correto. Falam de uma tal
''discriminação positiva''. Em bom português, não passa de
uma outra forma de racismo. Um racismo às avessas. Mas
o mais puro e insuportável racismo.
(Lira Neto. O POVO: 14/9/2001)

Sobre o termo pois (Assisto pois com fastio e espanto às...),


podemos dizer que tem a função de
I - marcar uma relação textual-discursiva
II - concluir o que é enunciado no primeiro parágrafo
III - constituir um elo de coordenação entre orações
É correto o que se afirma
a) em I e II
b) em I e III
c) apenas em III
d) em I, II e III

Embora um tapa e um espancamento sejam diferentes, o


81) (UFRN-2002) Palmadas fora-da-lei princípio que rege os dois tipos de atitude é exatamente o
mesmo. (linhas 62 a 65)
O sentido da frase acima permanecerá inalterado, mesmo
se substituirmos a conjunção embora pela locução
conjuntiva
a) contanto que.
b) desde que.
c) uma vez que.
d) por mais que.

82) (Cesgranrio-1995) Por amor à Pátria

1 O que é mesmo a Pátria?


2 Houve, com certeza, uma considerável quantidade
de brasileiros(as) que, na linha da própria formação,
evocaram a Pátria com critérios puramente geográficos:
uma vastíssima porção de terra, delimitada, porém, por
tratados e convenções. Ainda bem quando acrescentaram:
a Pátria é também o Povo, milhões de homens e mulheres
que nasceram, moram, vivem, dentro desse território.
3 Outros, numerosos, aprimoraram essa noção de
Pátria e pensaram nas riquezas e belezas naturais
encerradas na vastidão da terra. Então, a partir das cores
da bandeira, decantaram o verde das florestas, o azul do
firmamento espelhado no oceano, o amarelo dos metais
escondidos no subsolo. Ufanaram-se legitimamente do seu

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país ou declararam, convictos, aos filhos jovens, que jamais atingia a água: muita vez, no furor da sede longamente
hão-de ver país como este. guardada, toda a cabeça mergulhava no líquido, e ela a
4 Foi o que fizeram todos quantos procuraram a sacudia, assim molhada, no ar. Gotas inúmeras se
Pátria no quase meio milênio da historia do Brasil, espargiam nas mãos e no rosto do carroceiro agachado
complexa e fascinante História de conquistas e reveses, de junto do poço. Aquela água era como uma bênção para
"sangue, suor e lágrimas", mas também de esperanças e ele. Como água benta, com que um Deus misericordioso e
de realizações. Evocaram gestos heróicos, comovedoras acessível aspergisse todas as dores animais. Bênção, água
lendas e sugestivas tradições. benta, ou coisa parecida: uma impressão de doloroso
5 Tudo isso e o formidável universo humano e triunfo, de sofredora vitória sobre a desgraça inexplicável,
sacrossanto que se oculta debaixo de tudo isso constituem injustificável, na carícia dos pingos de água, que não
a Pátria. Ela é história, é política e é religião. Por isso é enxugava e lhe secavam lentamente na pele. Impressão,
mais do que o mero território. É algo de telúrico. É mais do aliás, algo confusa, sem requintes psicológicos e sem
que a justaposição de indivíduos, mas reflete a pulsação da literatura.
inenarrável história de cada um. Depois de satisfeita a sede, ele a colocava no pequeno
6 A Pátria é mais do que a Nação e o Estado e vem cercado de tela separado do terreiro (as outras galinhas
antes deles. A Nação mais elaborada e o Estado mais forte martirizavam muito a branquinha) que construíra
e poderoso, se não partem da noção de Pátria e não especialmente para ela. De tardinha dava-lhe outra vez
servem para dar à Pátria sua fisionomia e sua substância milho e água e deixava a pobre cega num poleiro solitário,
interior, não têm todo o seu valor. dentro do cercado.
7 Por último, quero exprimir, com os olhos fixos na Porque o bico e as unhas não mais catassem e ciscassem,
Pátria, o seu paradoxo mais estimulante. De um lado, ela é puseram-se a crescer. A galinha ia adquirindo um aspecto
algo de acabado, que se recebe em herança. irrisório de rapace, ironia do destino, o bico recurvo, as
8 Por outro lado, ela nunca está definitivamente unhas aduncas. E tal crescimento já lhe atrapalhava os
pronta. Está em construção e só é digno dela quem passos, lhe impedia de comer e beber. Ele notou essa
colabora, em mutirão, para ir aperfeiçoando o seu ser. miséria e, de vez em quando, com a tesoura, aparava o
Independente, ela precisa de quem complete a sua excesso de substância córnea no serzinho desgraçado e
independência. Democrática, ela pertence a quem tutela e querido.
aprimora a democracia. Livre, ela conta com quem Entretanto, a galinha já se sentia de novo quase feliz. Tinha
salvaguarda a sua liberdade. E sobretudo, hospitaleira, delidas lembranças da claridade sumida. No terreiro plano
fraterna, aconchegante, cordial, ela reclama cidadãos e ela podia ir e vir à vontade até topar a tela de arame, e
filhos que a façam crescer mais e mais nestes atributos abrigar-se do sol debaixo do seu poleiro solitário. Ainda
essenciais de concórdia, equilíbrio, harmonia, que a fazem tinha liberdade - o pouco de liberdade necessário à sua
inacreditavelmente Pátria - e me dá vontade de dizer, se cegueira. E milho. Não compreendia nem procurava
me permitem criar um neologismo, inacreditavelmente compreender aquilo. Tinham soprado a lâmpada e acabou-
Mátria. se. Quem tinha soprado não era da conta dela. Mas o que
9 Pensando bem, cada brasileiro, quem quer que lhe doía fundamente era já não poder ver o galo de plumas
seja, tem o direito de esperar que os outros 140 milhões bonitas. E não sentir mais o galo perturbá-la com o seu
de brasileiros sejam, para ele, Pátria. cócó-có malicioso. O ingrato.
Dom Lucas Moreira Neves (João Alphonsus - Galinha Cega. Em MORICONI, Italo, Os
(adaptação) JORNAL DO BRASIL - 08/09/93 Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. São Paulo:
Objetiva, 2000.)
Os elementos "mas também" (parágrafo 4) e "para dar"
(parágrafo 6) conferem aos períodos, respectivamente, No último parágrafo do texto, há uma frase
idéias de: aparentemente solta: E milho. Explique seu sentido, no
a) oposição - causa. contexto.
b) consecução - finalidade.
c) acréscimo - finalidade. 84) (Fuvest-2001) Só os roçados da morte
d) concessão - causa. compensam aqui cultivar,
e) oposição - explicação. e cultivá-los é fácil:
simples questão de plantar;
83) (FGV-2001) Religiosamente, pela manhã, ele dava não se precisa de limpa,
milho na mão para a galinha cega. As bicadas tontas, de de adubar nem de regar;
violentas, faziam doer a palma da mão calosa. E ele sorria. as estiagens e as pragas
Depois a conduzia ao poço, onde ela bebia com os pés fazem-nos mais prosperar;
dentro da água. A sensação direta da água nos pés lhe e dão lucro imediato;
anunciava que era hora de matar a sede; curvava o nem é preciso esperar
pescoço rapidamente, mas nem sempre apenas o bico pela colheita: recebe-se

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na hora mesma de semear. cientista português que se orgulhava de descender
(João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina) diretamente dos godos!
Há cerca de 100 mil anos, seres humanos de anatomia
Substituindo-se os dois-pontos por uma conjunção, em semelhante à da mulher e à do homem moderno
“(...) pela colheita: recebe-se (...)”, mantém-se o sentido do migraram da África, berço de nossa espécie, para os quatro
texto APENAS em “(...) pela colheita, cantos do mundo. Tais ondas migratórias criaram forte
a) embora se receba (...)”.. pressão seletiva sobre nossos ancestrais. Não é difícil
b) ou se recebe (...)”. imaginar as agruras de uma família habituada ao sol da
c) ainda que se receba (...)”. savana etíope, obrigada a adaptar-se à escuridão do
d) já que se recebe (...)” inverno russo; ou as dificuldades de adaptação de pessoas
e) portanto se recebe (...)”. acostumadas a dietas vegetarianas ao migrar para regiões
congeladas.
85) (Mack-2002) Sou um homem arrasado. Doença? Não. Apesar de primatas aventureiros, éramos muito mais
Gozo perfeita saúde. apegados à terra natal nessa época em que as viagens
O que estou é velho. (…) cinqüenta anos gastos sem precisavam ser feitas a pé; a maioria de nossos
objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O antepassados passava a existência no raio de alguns
resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão que quilômetros ao redor da aldeia natal. Como descendemos
penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a de um pequeno grupo de hominídeos africanos e o
sensibilidade embotada. isolamento favorece o acúmulo de semelhanças genéticas,
Cinqüenta anos! Quantas horas inúteis! (…) Comer e traços externos como a cor da pele, dos olhos e dos
dormir como um porco! (…) E depois guardar comida para cabelos tornaram-se característicos de determinadas
os filhos, para os netos, para muitas gerações. Que populações.
estupidez! (…) Mas seria possível estabelecer critérios genéticos mais
Penso em Madalena com insistência. Se fosse possível objetivos para definir o que chamamos de raça? Em outras
recomeçarmos … Para que enganar-me? palavras: além dessa meia dúzia de aspectos identificáveis
Se fosse possível recomeçarmos, aconteceria exatamente externamente, o que diferenciaria um negro de um branco
o que aconteceu. ou de um asiático?
Graciliano Ramos - S. Bernardo Para determinar o grau de parentesco entre dois
indivíduos, os geneticistas modernos fazem comparações
“O resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão entre certos genes contidos no DNA de cada um.
que penetra esta casca espessa.” Lembrando que os genes nada mais são do que pequenos
fragmentos da molécula de DNA, a tecnologia atual
A conjunção e do período acima pode ser corretamente permite que semelhanças e disparidades porventura
substituída, sem prejuízo do sentido original, por: existentes entre dois genes sejam detectadas com
a) mas. precisão.
b) portanto. Tecnicamente, essas diferenças recebem o nome de
c) pois. polimorfismos. É na análise desses polimorfismos que se
d) por que baseia o teste de DNA para exclusão de paternidade, por
e) no entanto. exemplo.
Na Universidade de Stanford, Noah Rosemberg e Jonathan
86) (UFU-2006) Tenho desprezo por gente que se orgulha Pritchard testaram 375 polimorfismos genéticos em 52
da própria raça. Nem tanto pelo orgulho, sentimento grupos de habitantes da Ásia, África, Europa e das
menos nobre, porém inerente à natureza humana, mas Américas. Através da comparação, conseguiram dividilos
pela estupidez. Que mérito pessoal um pobre de espírito em cinco grupos étnicos cujos ancestrais estiveram
pode pleitear por haver nascido branco, negro ou amarelo, isolados por barreiras geográficas, como desertos
de olhos azuis ou lilases? extensos, montanhas intransponíveis ou oceanos: os
Tradicionalmente, o conceito popular de raça está ligado a africanos da região abaixo do deserto do Saara, os
características externas do corpo humano, como cor da asiáticos do leste, os europeus e asiáticos que vivem a
pele, formato dos olhos e as curvas que o cabelo faz ou oeste dos Himalaias, os habitantes da Nova Guiné e
deixa de fazer. Existe visão mais subjetiva? Melanésia e os indígenas das Américas.
Na Alemanha nazista, bastava ter a pele morena para o No entanto, quando os autores tentaram atribuir
cidadão ser considerado de uma raça inferior à dos que se identidade genética aos habitantes do sul da Índia,
proclamavam arianos. Nos Estados Unidos, são verificaram que seus traços eram comuns a europeus e a
classificadas como negras pessoas que no Brasil asiáticos, observação consistente com a influência exercida
consideramos brancas; lá, os mineiros de Governador por esses povos naquela área do país.
Valadares são rotulados de hispânicos. Conheci um A conclusão é que só é possível identificar grupos de
indivíduos com semelhanças genéticas ligadas a suas

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origens geográficas quando descendem de populações Tradicionalmente, o conceito popular de raça está ligado a
isoladas por barreiras que impediram a miscigenação. características externas do corpo humano, como cor da
Mas o conceito popular de raça está distante da pele, formato dos olhos e as curvas que o cabelo faz ou
complexidade das análises de polimorfismos genéticos: deixa de fazer. Existe visão mais subjetiva?
para o povo, raça é questão de cor da pele, tipo de cabelo Na Alemanha nazista, bastava ter a pele morena para o
e traços fisionômicos. cidadão ser considerado de uma raça inferior à dos que se
Nada mais primário! proclamavam arianos. Nos Estados Unidos, são
Essas características sofreram forte influência do processo classificadas como negras pessoas que no Brasil
de seleção natural que, no decorrer da evolução de nossa consideramos brancas; lá, os mineiros de Governador
espécie, eliminou os menos aptos. Pessoas com mesma cor Valadares são rotulados de hispânicos. Conheci um
de pele podem apresentar profundas divergências cientista português que se orgulhava de descender
genéticas, como é o caso de um negro brasileiro diretamente dos godos!
comparado com um aborígene australiano ou com um Há cerca de 100 mil anos, seres humanos de anatomia
árabe de pele escura. semelhante à da mulher e à do homem moderno
Ao contrário, indivíduos semelhantes geneticamente, migraram da África, berço de nossa espécie, para os quatro
quando submetidos a forças seletivas distintas, podem cantos do mundo. Tais ondas migratórias criaram forte
adquirir aparências diversas. Nos transplantes de órgãos, pressão seletiva sobre nossos ancestrais. Não é difícil
ninguém é louco de escolher um doador apenas por ser imaginar as agruras de uma família habituada ao sol da
fisicamente parecido ou por ter cabelo crespo como o do savana etíope, obrigada a adaptar-se à escuridão do
receptor. inverno russo; ou as dificuldades de adaptação de pessoas
Excluídos os gêmeos univitelinos, entre os 6 bilhões de acostumadas a dietas vegetarianas ao migrar para regiões
seres humanos não existem dois indivíduos geneticamente congeladas.
idênticos. Dos 30 mil genes que formam nosso genoma, os Apesar de primatas aventureiros, éramos muito mais
responsáveis pela cor da pele e pelo formato do rosto não apegados à terra natal nessa época em que as viagens
passam de algumas dezenas. precisavam ser feitas a pé; a maioria de nossos
Como as combinações de genes maternos e paternos antepassados passava a existência no raio de alguns
admitem infinitas alternativas, teoricamente pode haver quilômetros ao redor da aldeia natal. Como descendemos
mais identidade genética entre dois estranhos do que de um pequeno grupo de hominídeos africanos e o
entre primos consangüíneos; entre um negro brasileiro e isolamento favorece o acúmulo de semelhanças genéticas,
um branco argentino, do que entre dois negros sul- traços externos como a cor da pele, dos olhos e dos
africanos ou dois brancos noruegueses. cabelos tornaram-se característicos de determinadas
Dráuzio Varela. Folha de S. Paulo, 1º de abril de 2006. populações.
Mas seria possível estabelecer critérios genéticos mais
Assinale a ÚNICA alternativa em que o termo em destaque objetivos para definir o que chamamos de raça? Em outras
expressa exemplificação. palavras: além dessa meia dúzia de aspectos identificáveis
a) “...conseguiram dividi-los em cinco grupos étnicos cujos externamente, o que diferenciaria um negro de um branco
ancestrais estiveram isolados por barreiras geográficas, ou de um asiático?
como desertos extensos, montanhas intransponíveis ou Para determinar o grau de parentesco entre dois
oceanos...” (linhas 42-44) indivíduos, os geneticistas modernos fazem comparações
b) “Como descendemos de um pequeno grupo de entre certos genes contidos no DNA de cada um.
hominídeos africanos e o isolamento favorece o acúmulo Lembrando que os genes nada mais são do que pequenos
de semelhanças genéticas...” (linhas 24-25) fragmentos da molécula de DNA, a tecnologia atual
c) “Nos Estados Unidos, são classificadas como negras permite que semelhanças e disparidades porventura
pessoas que no Brasil consideramos brancas...” (linhas 9- existentes entre dois genes sejam detectadas com
11) precisão.
d) “...ninguém é louco de escolher um doador apenas por Tecnicamente, essas diferenças recebem o nome de
ser fisicamente parecido ou por ter cabelo crespo como o polimorfismos. É na análise desses polimorfismos que se
do receptor.” (linhas 66-67) baseia o teste de DNA para exclusão de paternidade, por
exemplo.
Na Universidade de Stanford, Noah Rosemberg e Jonathan
87) (UFU-2006) Tenho desprezo por gente que se orgulha Pritchard testaram 375 polimorfismos genéticos em 52
da própria raça. Nem tanto pelo orgulho, sentimento grupos de habitantes da Ásia, África, Europa e das
menos nobre, porém inerente à natureza humana, mas Américas. Através da comparação, conseguiram dividilos
pela estupidez. Que mérito pessoal um pobre de espírito em cinco grupos étnicos cujos ancestrais estiveram
pode pleitear por haver nascido branco, negro ou amarelo, isolados por barreiras geográficas, como desertos
de olhos azuis ou lilases? extensos, montanhas intransponíveis ou oceanos: os
africanos da região abaixo do deserto do Saara, os

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asiáticos do leste, os europeus e asiáticos que vivem a
oeste dos Himalaias, os habitantes da Nova Guiné e 88) (UECE-2002) Texto
Melanésia e os indígenas das Américas. AS IRACEMAS DO CEARÁ
No entanto, quando os autores tentaram atribuir
identidade genética aos habitantes do sul da Índia,
verificaram que seus traços eram comuns a europeus e a Em pleno domingo, ao pino do sol, procurávamos, entre o
asiáticos, observação consistente com a influência exercida pouco verde que ainda resta, entre as pequenas estradas
por esses povos naquela área do país. de Caucaia, a índia que recebera o mesmo nome da virgem
A conclusão é que só é possível identificar grupos de dos lábios de mel de José de Alencar. Ao encontrá-la,
indivíduos com semelhanças genéticas ligadas a suas algumas semelhanças nos vêm à mente. Os cabelos são
origens geográficas quando descendem de populações negros como asa de graúna só que ficam presos no topo da
isoladas por barreiras que impediram a miscigenação. cabeça. O pé é pequeno e grácil, mas não aparece nu e sim
Mas o conceito popular de raça está distante da calçado em uma chinela de borracha. Está ali uma outra
complexidade das análises de polimorfismos genéticos: Iracema, está ali também o retrato das índias de agora,
para o povo, raça é questão de cor da pele, tipo de cabelo longe do traço romanesco do poeta-romancista. Esta
e traços fisionômicos. Iracema, de sobrenome Matos Mesquita, traça uma
Nada mais primário! história diferente daquela dos seus antepassados (...). Até
Essas características sofreram forte influência do processo pouco tempo atrás ensinava os guris da aldeia da Lagoa,
de seleção natural que, no decorrer da evolução de nossa embaixo de uma cajazeira. Iracema trocou os livros e as
espécie, eliminou os menos aptos. Pessoas com mesma cor cantigas de meninos para tornar-se agente de saúde. “O
de pele podem apresentar profundas divergências trabalho da índia não é mais diferente do da mulher
genéticas, como é o caso de um negro brasileiro branca. Antes, ela ia para a mata, plantava e fazia
comparado com um aborígene australiano ou com um artesanato. Agora, algumas vendem frutas e peixes em
árabe de pele escura. Fortaleza e outras ou são professoras ou apenas
Ao contrário, indivíduos semelhantes geneticamente, domésticas”, explica Iracema. Da antiga imagem das
quando submetidos a forças seletivas distintas, podem mulheres de seios de fora, saia de palha e cocar na cabeça
adquirir aparências diversas. Nos transplantes de órgãos, resta muito pouco. As mulheres indígenas não esperam
ninguém é louco de escolher um doador apenas por ser mais aquilo que a terra sob os pés tem a oferecer. (...)
fisicamente parecido ou por ter cabelo crespo como o do Apenas algumas índias conhecem a saga da virgem dos
receptor. lábios de mel. “Nós fomos abandonados como a Iracema
Excluídos os gêmeos univitelinos, entre os 6 bilhões de do livro. Só que abandonados pelas autoridades. Hoje, a
seres humanos não existem dois indivíduos geneticamente situação está mudando um pouco porque não ficamos
idênticos. Dos 30 mil genes que formam nosso genoma, os mais calados e descobrimos que temos direitos. E estamos
responsáveis pela cor da pele e pelo formato do rosto não lutando por eles”, enfatiza a Iracema dos Tapebas.
passam de algumas dezenas. (Ana Naddaf e Marisa A. de Britto Xavier. O POVO.
Como as combinações de genes maternos e paternos 18/4/1999)
admitem infinitas alternativas, teoricamente pode haver O elemento coesivo só que , como o mas , opõe idéias. No
mais identidade genética entre dois estranhos do que texto em estudo, pode-se afirmar que só que
entre primos consangüíneos; entre um negro brasileiro e
um branco argentino, do que entre dois negros sul- a) tem a mesma força argumentativa que mas
africanos ou dois brancos noruegueses. b) intensifica, mais do que mas, a oposição das idéias
Dráuzio Varela. Folha de S. Paulo, 1º de abril de 2006. c) minimiza o contraste estabelecido entre as duas
informações
d) acrescenta à informação uma forte carga pejorativa
Observe o período abaixo.
...só é possível identificar grupos de indivíduos com
semelhanças genéticas ligadas a suas origens geográficas
quando descendem de populações isoladas... (linhas 52- 89) (PUC - RJ-2007) TEXTO 1
54)
Assinale a ÚNICA alternativa em que a substituição do A revolução do cérebro
termo em destaque mantém a mesma relação de sentido
entre as proposições. O seu cérebro é capaz de quase qualquer coisa. Ele
a) porque consegue parar o tempo, ficar vários dias numa boa sem
b) se dormir, ler pensamentos, mover objetos a distância e se
c) pois reconstruir de acordo com a necessidade. Parecem
d) posto que superpoderes de histórias em quadrinhos, mas são apenas
algumas das descobertas que os neurocientistas fizeram ao

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longo da última década. Algumas dessas façanhas sempre arriscar a vida de pilotos, mas põem em risco a paz entre
fizeram parte do seu cérebro e só agora conseguimos os povos.[...]
perceber. Outras são fruto da ciência: ao decifrar alguns BUARQUE, Cristovam. Os instrangeiros. A aventura da
mecanismos da nossa mente, os pesquisadores estão opinião na fronteira dos séculos.
encontrando maneiras de realizar coisas que antes Rio de Janeiro: Editora Garamond, 2002, pp. 113-115.
pareciam impossíveis. O resultado é uma revolução como
nenhuma outra, capaz de mudar não só a maneira como a) Retire, do Texto 1, uma expressão que tem um caráter
entendemos o cérebro, mas também a imagem que excessivamente informal em relação ao restante do
fazemos do mundo, da realidade e de quem somos nós. mesmo.
[...] b) Fazendo todas as modificações necessárias, reescreva o
O seu corpo, ao que parece, é muito pequeno para conter período abaixo sem empregar a conjunção integrante
uma máquina tão poderosa quanto o cérebro. Prova disso “que”. “Enviados a um computador, esses sinais
veio em julho, quando foram divulgadas as aventuras de permitiram que ele controlasse um cursor em uma tela,
Matthew Nagle, um americano que ficou paralítico em abrisse e-mails, jogasse videogame e comandasse um
uma briga em 2001. Três anos depois, cientistas da braço robótico.”
Universidade Brown, EUA, e de quatro outras instituições c) Reescreva o período abaixo, utilizando a conjunção
implantaram eletrodos na parte do cérebro dele “embora” para marcar a relação estabelecida entre as
responsável pelos movimentos dos braços e registraram os duas orações. “Inventamos a maravilha do automóvel e
disparos de mais de 100 neurônios. Enviados a um aumentamos o tempo perdido para ir de casa ao
computador, esses sinais permitiram que ele controlasse trabalho.”
um cursor em uma tela, abrisse e-mails, jogasse
videogames e comandasse um braço robótico. Somente
com o pensamento, Nagle conseguiu mover objetos. [...] 90) (UFRJ-206) TEXTO II: De manhã
Foi [...] uma prova de que o nosso cérebro é capaz de
comandar objetos fora do corpo – uma idéia que pode O hábito de estar aqui agora
mudar nossa relação com o mundo. aos poucos substitui a compulsão
Extraído da Revista Superinteressante, Editora Abril, de ser o tempo todo alguém ou algo.
agosto de 2006, pp.50-59. Um belo dia - por algum motivo
é sempre dia claro nesses casos -
você abre a janela, ou abre um pote
TEXTO 2 de pêssegos em calda, ou mesmo um livro
que nunca há de ser lido até o fim
O século louco e então a idéia irrompe, clara e nítida:
É necessário? Não. Será possível?
Do século XX, no futuro, se dirá que foi louco. Um século De modo algum. Ao menos dá prazer?
que usou ao máximo o poder do cérebro para manipular as Será prazer essa exigência cega
coisas do mundo e não usou o coração para fazer isso com a latejar na mente o tempo todo?
sentimento solidário. Então por quê?
Um século no qual a palavra inteligência perdeu o seu E neste exato instante
sentido pleno, porque o raciocínio foi capaz de manipular a você por fim entende, e refestela-se
natureza nos limites da curiosidade científica, mas não foi a valer nessa poltrona, a mais cômoda
usado para fazer um mundo melhor e mais belo para da casa, e pensa sem rancor:
todos. A inteligência do século XX foi burra. Foi capaz de Perdi o dia, mas ganhei o mundo.
fabricar uma bomba atômica, liberar a energia escondida (Mesmo que seja por trinta segundos.)
dentro dos átomos, mas incapaz de evitar que se usassem
duas delas, matando centenas de milhares de pessoas. (BRITO, Paulo Henriques. As três epifanias - III. In: BRITO, P.
O que se pode dizer da bomba atômica, como símbolo do H. Macau. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 72-
século XX, vale para o conjunto das técnicas usadas nestes 73)
cem anos loucos: fomos capazes de tudo, menos de fazer o
mundo mais decente – como teria sido possível. A conjunção adversativa mas, utilizada no penúltimo verso
Vivemos um tempo em que a inteligência humana do texto II, além de implicar contraste, desempenha papel
conseguiu fazer robôs que substituem os trabalhadores, argumentativo específico.
mas no lugar de libertar o homem da necessidade do Explique esse papel.
trabalho, os robôs provocam a miséria do desemprego.
Inventamos a maravilha do automóvel e aumentamos o
tempo perdido para ir de casa ao trabalho. Fizemos armas
inteligentes, que acertam os alvos sem necessidade de 91) (Mack-2006) Texto I

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Tanto de meu estado me acho incerto (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)
que em vivo ardor tremendo estou de frio;
sem causa, juntamente choro e rio; Em “Era a flor, e não já da escola, senão de toda a cidade.”,
o mundo todo abarco e nada aperto. a palavra assinalada pode ser substituída, sem que haja
[...] alteração de sentido, por:
Se me pergunta alguém por que assim ando, a) mas sim.
respondo que não sei; porém suspeito b) de outro modo.
que só porque vos vi, minha Senhora. c) exceto.
Camões d) portanto.
e) ou.
Texto II
Metassoneto ou o computador irritado 93) (IBMEC-2007) [...] Pus-me a ler o jornal, os anúncios de
abba “precisa-se“. Dentre eles, um pareceu aceitável. Tratava-se
baab de um rapaz de conduta afiançada para acompanhar um
cdc cesto de pão. Era nas Laranjeiras. Estava resolvido a
dcc aceitar; trabalharia um ano ou mais; guardaria dinheiro
[...] suficiente que me desse tempo para pleitear mais tarde
blablablablablablablablablablablablablablabla um lugar melhor. Não havia nada que me impedisse: eu
José Paulo Paes era desconhecido, sem família, sem origens... Que mal
havia?
Assinale a alternativa correta sobre o texto I. Mais tarde, se chegasse a alguma coisa, não me
a) No primeiro verso da primeira estrofe está expressa a envergonharia, por certo?! Fui, contente até. Falei ao
conseqüência do que se manifesta no segundo verso. gordo proprietário do estabelecimento. Não me recordo
b) Em tremendo estou de frio (verso 2), o termo destacado mais das suas feições, mas tenho na memória as grandes
é um predicativo do sujeito, pois vem antecedido de verbo mãos com um enorme ”solitário“ e o seu alentado corpo
de ligação e expressa um estado. de arrobas.
c) Se, no segmento porque vos vi (último verso), o poeta — Foi o senhor que anunciou um rapaz para...
optasse por um pronome de terceira pessoa, usaria, de — Foi; é o senhor? respondeu-me logo sem me dar tempo
acordo com a norma culta, a forma “lhe”. de acabar.
d) A conjunção e (verso 4) pode ser substituída pela — Sou, pois não.
conjunção “mas”, sem prejuízo do sentido original. O gordo proprietário esteve um instante a considerar,
e) Em por que assim ando (última estrofe), a expressão em agitou os pequenos olhos perdidos no grande rosto,
negrito está corretamente grafada, assim como em “Eis o examinou-me convenientemente e disse por fim, voltando-
por quê da minha insegurança”. me as costas com mau humor:
— Não me serve.
— Por quê? atrevi-me eu.
92) (Fuvest-2004) Texto para a questão a seguir — Porque não me serve.
E veio vagarosamente até uma das portas da rua,
Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha infância, enquanto eu saía literalmente esmagado. Naquela recusa
nunca em toda a minha vida, achei um menino mais do padeiro em me admitir, eu descobria uma espécie de
gracioso, inventivo e travesso. Era a flor, e não já da escola, sítio posto à minha vida. Sendo obrigado a trabalhar, o
senão de toda a cidade. A mãe, viúva, com alguma cousa trabalho era-me recusado em nome de sentimentos
de seu, adorava o filho e trazia-o amimado, asseado, injustificáveis. Facilmente generalizei e convenci-me de
enfeitado, com um vistoso pajem atrás, um pajem que nos que esse seria o preceder geral. Imaginei as longas
deixava gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou marchas que teria que fazer para arranjar qualquer coisa
perseguir lagartixas nos morros do Livramento e da com que viver; as humilhações que teria que tragar; e, de
Conceição, ou simplesmente arruar, à toa, como dous novo, me veio aquele ódio do bonde, quando de volta da
peraltas sem emprego. E de imperador! Era um gosto ver o casa do Deputado Castro. Revoltava-me que me
Quincas Borba fazer de imperador nas festas do Espírito obrigassem a despender tanta força de vontade, tanta
Santo. De resto, nos nossos jogos pueris, ele escolhia energia, com
sempre um papel de rei, ministro, general, uma coisas em que os outros pouco gastavam. Era uma
supremacia, qualquer que fosse. Tinha garbo o traquinas, e desigualdade absurda, estúpida, contra a qual se iam
gravidade, certa magnificência nas atitudes, nos meneios. quebrar o meu pensamento angustiado e os meus
Quem diria que… Suspendamos a pena; não adiantemos os sentimentos liberais que não podiam acusar
sucessos. Vamos de um salto a 1822, data da nossa particularmente o padeiro.
independência política, e do meu primeiro cativeiro Que diabo! Eu oferecia-me, ele não queria! que havia nisso
pessoal. demais?

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Era uma simples manifestação de um sentimento geral e
era contra esse sentimento, aos poucos descoberto por 95) (Covest-1997) Assinale a alternativa correta no que se
mim, que eu me revoltava. Vim descendo a rua, e refere ao uso dos pronomes:
perdendo-me aos poucos no meu próprio raciocínio. a) Não acredito que entre mim e você surjam problemas
Preliminarmente descobria-lhe absurdos, voltava ao deste tipo.
interior, misturava os dois, embrulhava-me. No largo do b) Espere-me, pois estarei consigo na próxima semana.
Machado, contemplei durante momentos aquela igreja de c) Não há qualquer afinidade entre eu e eles.
frontão grego e colunas dóricas e tive a sensação de estar d) Estas flores chegaram para tu.
em país estrangeiro. e) Pedi que deixasse o documento para mim assinar.
(Lima Barreto. Recordações do escrivão Isaías Caminha. 3.
Ed. São Paulo: Ática, 1994, p. 69-70.)
96) (Mack-2004) Há no Brasil grandíssimas matas de
Assinale a alternativa que preenche as lacunas árvores agrestes, cedros, carvalhos, vinháticos, angelins e
corretamente: outras não conhecidas em Espanha, de madeiras
“Indaguei-lhe ______ não servia como seu funcionário, fortíssimas para se poderem fazer delas fortíssimos
______? Ele, desatento, não me respondeu o ______.“ galeões e, o que mais é, que da casca de algumas se tira a
a) porque, por que, porquê. estopa para se calafetarem e fazerem cordas para enxárcia
b) por que, por quê, porquê. e amarras, do que tudo se aproveitam os que querem cá
c) por que, porquê, por que. fazer navios, e se pudera aproveitar el-rei se cá os
d) porque, porque, por quê. mandara fazer.
e) porquê, por quê, porque. Obs.: enxárcia — conjunto de cabos e degraus roliços
feitos de cabo (‘corda’), madeira ou ferro, que sustentam
mastros de embarcações a vela
94) (ENEM-2002) A crônica muitas vezes constitui um Considerando sempre o contexto, assinale a alternativa
espaço para reflexão sobre aspectos da sociedade em que correta.
vivemos. a) Substituindo “haver” por “existir”, na frase Há no Brasil
grandíssimas matas de árvores, a forma correta é: “Existe
“Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu braço, no Brasil”.
falou qualquer coisa que não entendi. Fui logo dizendo que b) Em grandíssimas matas de árvores agrestes, o termo
não tinha, certa de que ele estava pedindo dinheiro. Não destacado estabelece relação de “constituição”.
estava. Queria saber a hora. c) Em se tira a estopa para se calafetarem, o segmento
Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não destacado expressa idéia de “meio com o qual se obtém
era um Menino De Rua. É assim que a gente divide. Menino um certo resultado”.
De Família é aquele bem-vestido com tênis da moda e d) Nas linhas finais, aparecem dois pronomes os (os que
camiseta de marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o querem; os mandara fazer), e eles têm o mesmo referente.
dele for roubado por um Menino De Rua. Menino De Rua é e) A frase se cá os mandara fazer traz subentendida a
aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com seguinte idéia: el-rei é um dos que efetivamente
força porque pensa que ele é pivete, trombadinha, ladrão. aproveitam tudo das árvores encontradas no Brasil.
(...) Na verdade não existem meninos De rua. Existem
meninos NA rua. E toda vez que um menino está NA rua é
porque alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos 97) (FEI-1997) "Não é o homem um mundo pequeno que
aos lugares. Assim como são postos no mundo, durante está dentro do mundo grande, mas é um mundo grande
muitos anos também são postos onde quer que estejam. que está dentro do pequeno. Baste *por prova o coração
Resta ver quem os põe na rua. E por quê.” humano, que sendo uma pequena parte do homem,
COLASSANTI, Marina. In: Eu sei, mas não devia. Rio de excede na capacidade a toda a grandeza do mundo. (...) O
Janeiro: Rocco, 1999. mar, com ser um monstro,* indômito, chegando às areias,
pára; as árvores, onde *as põem, não se mudam; os peixes
No terceiro parágrafo em “... não existem meninos De rua. contentam-se com o mar, as aves com o ar, os outros
Existem meninos NA rua.”, a troca de De pelo Na animais com a terra. Pelo contrário, o homem, monstro ou
determina que a relação de sentido entre “menino” e quimera de todos os elementos, em nenhum lugar *pára,
“rua” seja com nenhuma fortuna se contenta, nenhuma ambição ou
apetite o falta: tudo confunde e como é maior que o
a) de localização e não de qualidade. mundo, não cabe nele".
b) de origem e não de posse.
c) de origem e não de localização.
d) de qualidade e não de origem. Observe as palavras indicadas no texto: "por" (ref. 1);
e) de posse e não de localização. "indômito" (ref. 2); "as" (ref. 3); "pára" (ref. 4). Assinale a

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alternativa que analise corretamente a classe gramatical 21. degraus rangiam e a cada rangido ela levava um
destas palavras: sustinho que a fazia estremecer.
a) verbo - substantivo - pronome - preposição. 22. Clarissa subia, com a grande chave na mão. Ninguém...
b) preposição - substantivo - artigo - verbo. Silêncio...
c) verbo - adjetivo - artigo - verbo. 23. Diante da porta do sótão, parou, com o coração aos
d) preposição - adjetivo - artigo - preposição. pulos. Experimentou a chave. A
e) preposição - adjetivo - pronome - verbo. 24. princípio não entrava bem na fechadura. Depois
entrou. Com muita cautela, abriu a porta e
25. se viu no meio duma escuridão perfumada, duma
98) (IME-1996) Nas frases a seguir há erros ou escuridão fresca que cheirava a doces,
impropriedades. Reescreva-as e justifique a correção. 26. bolinhos e pão.
a) "Esta é uma tarefa para mim fazer sozinho, não admito 27. Comeu muito. Desceu cheia de medo. No outro dia D.
que se reparta as responsabilidades entre eu e outra Clemência descobriu a violação, e
pessoa." 28. Clarissa levou meia dúzia de palmadas.
b) "Ele tomou as decisões as mais oportunas." 29. Agora ela recorda... E de repente se faz uma grande
claridade, ela tem a grande idéia. “A
30. chave da cozinha serve na porta do quarto do sótão.” O
99) (FGV-2005) No quarto parágrafo, é possível quarto de Vasco fica no sótão...
acrescentar uma preposição combinada com um artigo. 31. Vasco está no escritório... Todos dormem... Oh!
Qual é a combinação? Em que frase ela pode aparecer? 32. E se ela fosse buscar a chave da cozinha e subisse,
Justifique. entrasse no quarto de Vasco e
33. descobrisse o grande mistério?
1. HORA DA SESTA. Um grande silêncio no casarão. 34. Não. Não sou mais criança. Não. Não fica direito uma
2. Faz sol, depois de uma semana de dias sombrios e moça entrar no quarto dum rapaz.
úmidos. 35. Mas ele não está lá... que mal faz? Mesmo que
3. Clarissa abre um livro para ler. Mas o silêncio é tão estivesse, é teu primo. Sim, não sejas
grande que, inquieta, ela torna a pôr o 36. medrosa. Vamos. Não. Não vou. Podem ver. Que é que
4. volume na prateleira, ergue-se e vai até a janela, para vão pensar? Subo a escada,
ver um pouco de vida. 37. alguém me vê, pergunta: “Aonde vais, Clarissa?” Ora,
5. Na frente da farmácia está um homem metido num vou até o quartinho das malas.
grosso sobretudo cor de chumbo. Um 38. Pronto. Ninguém pode desconfiar. Vou. Não, não vou.
6. cachorro magro atravessa a rua. A mulher do coletor Vou, sim!
aparece à janela. Um rapaz de pés
7. descalços entra na Panificadora. (Porto Alegre: Globo, 1981. pp. 132-133)
8. Clarissa olha para o céu, que é dum azul tímido e
desbotado, olha para as sombras fracas
9. sobre a rua e depois se volta para dentro do quarto. 100) (ITA-2005) O projeto Montanha Limpa, desenvolvido
10. Aqui faz frio. Lá no fundo do espelho está uma Clarissa desde 1992, por meio da parceria entre o Parque Nacional
indecisa, parada, braços caídos, de Itatiaia e a DuPont, visa amenizar os problemas
11. esperando. Mas esperando quê? causados pela poluição em forma de lixo deixado por
12. Clarissa recorda. Foi no verão. Todos no casarão visitantes desatentos.
dormiam. As moscas dançavam no ar, (Folheto do Projeto Montanha Limpa do Parque Nacional
13. zumbindo. Fazia um solão terrível, amarelo e quente. de Itatiaia).
No seu quarto, Clarissa não sabia que A preposição que indica que o Projeto Montanha Limpa
14. fazer. De repente pensou numa travessura. Mamãe continua até a publicação do Folheto é
guardava no sótão as suas latas de a) entre.
15. doce, os seus bolinhos e os seus pães que deviam durar b) por (por visitantes)..
toda a semana. Era proibido entrar c) em.
16. lá. Quem entrava, dos pequenos, corria o risco de levar d) por (pela poluição).
palmadas no lugar de e) desde
17. costume.
18. Mas o silêncio da sesta estava cheio de convites 101) (FGV-2004) Observe o fragmento:
traiçoeiros. Clarissa ficou pensando. “Era no tempo que ainda os portugueses não haviam sido
19. Lembrou-se de que a chave da porta da cozinha servia por uma tempestade empurrados para a terra de Santa
no quartinho do sótão. Cruz.”
20. Foi buscá-la na ponta dos pés. Encontrou-a no lugar. É possível acrescentar aí uma preposição. Transcreva o
Subiu as escadas devagarinho. Os fragmento, mas inclua essa preposição.

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que se complica muito, porque entra em ação a
inteligência do homem, com todo o acúmulo de
102) (FGV-2003) Observe os termos sublinhados nas sagacidade que lhe deram os séculos etc.
seguintes frases:

Chegou a hora do público se manifestar contra a Identificadas as classes das palavras retiradas do texto e
publicação desse impostor. relacionando a primeira relação à segunda, assinale a
As palmas do público ecoavam pelo teatro, em apoio à seqüência correta a seguir:
proposta de Nabuco.
Vista do público, a cantora parecia bonita; da coxia, (1) adjetivo
percebia-se que era feia. (2) substantivo
(3) verbo
Sobre eles, é correto afirmar: (4) pronome
(5) advérbio
a) Para o segundo exemplo, vários gramáticos (6) conjunção
recomendam a forma de o em lugar de do, porque a (7) preposição
preposição está regendo o sujeito. (8) locução adjetiva
b) Para o terceiro exemplo, vários gramáticos recomendam (9) locução adverbial
a forma de o em lugar de do, porque a preposição está (10) locução substantiva
regendo o sujeito. (11) locução prepositiva
c) Nos três exemplos, os termos sublinhados exercem a
mesma função sintática de adjunto adverbial. ( ) o essencial (referência 1)
d) No primeiro e no segundo exemplos, os termos ( ) sem luta (referência 2)
sublinhados exercem a mesma função sintática de adjunto ( ) de cães (referência 3)
adnominal. ( ) ao pé deles (referência 4)
e) Para o primeiro exemplo, vários gramáticos ( ) debaixo do (referência 5)
recomendam a forma de o em lugar de do, porque o ( ) posto (referência 6)
público é sujeito, que não deve ser iniciado por
preposição. a) 1-8-8-9-11-3
b) 1-9-8-9-7-3
103) (ITA-1996) OS CÃES c) 2-8-8-9-11-6
d) 2-9-10-10-9-11
- Lutar. Podes escachá-los ou não; o essencial1 é que lutes. e) 2-8-8-10-9-6
Vida é luta. Vida sem luta*- é um mar morto no centro do
organismo universal.
DAÍ A POUCO demos COM UMA BRIGA de cães*; fato que 104) (UNIFESP-2004) TEXTO 1
AOS OLHOS DE UM HOMEM VULGAR não teria valor, ... a serpente mostrava ser a mais cautelosa de todos os
Quincas Borba fez-me parar e observar os cães. Eram dois. animais selváticos do campo, que Jeová Deus havia feito.
Notou que ao pé deles* estava um osso, MOTIVO DA Assim, ela começou dizer à mulher: “É realmente assim
GUERRA, e não deixou de chamar a minha atenção para a que Deus disse, que não deveis comer de toda árvore do
circunstância de que o osso não tinha carne. Um simples jardim?” A isso a mulher disse à serpente: “Do fruto das
osso nu. Os cães mordiam-se*, rosnavam, COM O FUROR árvores do jardim podemos comer. Mas quanto a comer
NOS OLHOS... Quincas Borba meteu a bengala DEBAIXO do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse:
DO5 BRAÇO, e parecia em êxtase. ‘Não deveis comer dele, não, nem deveis tocar nele, para
- Que belo que isto é! dizia ele de quando em quando. Quis que não morrais.’ ” A isso a serpente disse à mulher:
arrancá-lo dali, mas não pude; ele estava arraigado AO “Positivamente não morrereis. Porque Deus sabe que, no
CHÃO, e só continuou A ANDAR, quando a briga cessou* mesmo dia que em que comerdes dele, forçosamente se
INTEIRAMENTE, e um dos cães, MORDIDO e vencido, foi abrirão os vossos olhos e forçosamente sereis como Deus,
levar a sua fome A OUTRA PARTE. Notei que ficara sabendo o que é bom e o que é mau.”
6
sinceramente ALEGRE, posto contivesse a ALEGRIA, Conseqüentemente, a mulher viu que a árvore era boa
segundo convinha a um grande filósofo. Fez-me observar a para alimento e que era algo para os olhos anelarem, sim,
beleza do espetáculo, relembrou o objeto da luta, concluiu a árvore desejável para se contemplar. De modo que
que os cães tinham fome; mas a privação do alimento era começou a tomar do seu fruto e a comê-lo. Depois deu
nada para os efeitos gerais da filosofia. Nem deixou de também dele a seu esposo, quando estava com ela, e ele
recordar que em algumas partes do globo o espetáculo é começou a comê-lo. Abriram-se então os olhos e
mais grandioso: as criaturas humanas é que disputam¤ aos começaram a perceber que estavam nus. Por isso coseram
cães os ossos e outros manjares menos APETECÍVEIS; luta

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folhas de figueira e fizeram para si coberturas para os cheio na barriga, assim. A brisa fiava a cabeleira da moça
lombos. esticando de um em um os fios lisos na cara dela. O moço
(Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas.) pôs reparo nisso. Firmando o queixo no joelho da
companheira ergueu o busto da água, estirou o braço pro
TEXTO 2 alto e principiou tirando os cabelos da cara da moça pra
Você já ouviu a história de Adão e Eva? que ela pudesse comer sossegada
Se não leu, certamente ouviu alguém contar, e deve se os tambiús. Então pra agradecer ela enfiou três
lembrar do que aconteceu com os dois. Com os dois e com lambarizinhos na boca dele e rindo muito fastou o joelho
a serpente, é claro. depressa. O busto do rapaz não teve apoio mais e ele no
Conta a Bíblia que Adão e Eva viviam muito felizes no sufragante focinhou n’água até o fundo, a moça inda
Paraíso, onde só havia uma proibição: eles não podiam forçando o pescoço dele com os pés. Ele ia escorregando
experimentar o gosto da maçã. sem perceber de tanta graça que achava na vida. Ia
Adão, mais obediente, bem que não queria comer a tal da escorregando e afinal a canoa virou. Pois deixai ela virar! A
maçã. Mas Eva falou tão bem dela, fez com que parecesse moça levou um tombo engraçado por cima do rapaz e ele
tão gostosa, que o pobre coitado não resistiu. enrolou-se nela talqualmente um apuizeiro carinhoso.
Foi dar a primeira mordida e perder o lugar no Paraíso... Todos os tambiús fugiram enquanto os dois brincavam
Se Eva vivesse hoje, seria uma ótima publicitária, uma n’água outra vez.
profissional de propaganda. Afinal, ela soube convencer (Mário de Andrade, Macunaíma. O herói sem nenhum
Adão de que valia a pena pagar um preço tão alto por uma caráter)
simples maçã.
Mas, se a gente pensar bem, Eva não foi a primeira Texto II
publicitária. De outras e muitas grandezas vos poderíamos ilustrar,
Antes dela, houve uma outra, a serpente. Simbolizando o senhoras Amazonas, não fora persignar demasiado esta
demônio, foi a serpente que criou, na mulher, o desejo de epístola; todavia, com afirmar-vos que esta é, por sem
experimentar o fruto proibido. dúvida, a mais bela cidade terráquea, muito hemos feito
E, assim, nasceu a propaganda. em favor destes homens de prol. Mas cair-nos-iam as
(André Carvalho & Sebastião Martins. Propaganda.) faces, si ocultáramos no silêncio, uma curiosidade original
deste povo. Ora sabereis que a sua riqueza de expressão
A alternativa em que o uso da preposição em destaque intelectual é tão prodigiosa, que falam numa língua e
tem função mais estilística do que gramatical é escrevem noutra. Assim chegado a estas plagas
a) ... quando estava com ela... hospitalares, nos demos ao trabalho de bem nos
b) Do fruto das árvores do jardim podemos comer. inteirarmos da etnologia da terra, e dentre muita surpresa
c) ... e fizeram para si coberturas para os lombos. e assombro que se nos deparou, por certo não foi das
d) ... ela começou dizer à mulher... menores tal originalidade lingüística. Nas conversas
e) Depois deu também dele a seu esposo ... utilizam-se os paulistanos dum linguajar bárbaro e
multifário, crasso de feição e impuro na vernaculidade,
105) (Fatec-2002) Texto I mas que não deixa de ter o seu sabor e força nas
Então Macunaíma pôs reparo numa criadinha com um apóstrofes, e também nas vozes do brincar. Destas e
vestido de linho amarelo pintado com extrato de tatajuba. daquelas nos inteiramos, solícito; e nos será grata empresa
Ela já ia atravessando atravessando o corgo pelo pau. vo-las ensinarmos aí chegado. Mas si de tal desprezível
Depois dela passar o herói gritou pra pinguela: língua se utilizam
- Viu alguma coisa, pau? na conversação os naturais desta terra, logo que tomam da
- Via a graça dela! pena, se despojam de tanta asperidade, e surge o Homem
- Quá! quá! quá quaquá!... Latino, de Lineu, exprimindo-se numa outra linguagem,
Macunaíma deu uma grande gargalhada. Então seguiu mui próxima da vergiliana, no dizer dum panegirista, meigo
atrás do par. Eles já tinham brincado e descansavam na idioma, que, com imperecível galhardia, se intitula: língua
beira da lagoa. A moça estava sentada na borda duma de Camões! De tal originalidade e riqueza vos há-de ser
igarité encalhada na praia. Toda nua inda do banho comia grato ter ciência, e mais ainda vos espantareis com
tambiús vivos, se rindo pro rapaz. Ele deitara de bruços na saberdes, que à grande e quase total maioria, nem essas
água rente dos pés da moça e tirava os lambarizinhos da duas línguas bastam, senão que se enriquecem do mais
lagoa pra ela comer. A crilada das ondas amontoava nas lídimo italiano, por mais musical e gracioso, e que por
costas dele porém escorregando no corpo nu molhado caía todos os recantos da urbs é versado.
de novo na lagoa com risadinhas de pingos. A moça batia (Mário de Andrade, Macunaíma. O herói sem nenhum
com os pés n’água e era feito um repuxo roubado da Luna caráter)
espirrando jeitoso, cegando o rapaz. Então ele enfiava a
cabeça na lagoa e trazia a boca cheia de água. A moça Assinale a alternativa que transcreve e converte, correta e
apertava com os pés as bochechas dele e recebia o jato em respectivamente, a frase do registro coloquial da

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linguagem, extraída do Texto I, em seu correspondente na talvez tivesse fome e sede; e eu nada fiz por ele; amei-o,
modalidade culta. apenas, com uma caridade inútil, sem qualquer expressão
a) “Pois deixai ela virar” / “Pois deixa-a virar”. concreta. Deixei-o partir, assim humilhado, e tão digno, no
b) “Ele deitara de bruços na água” / “Ele tinha deitado de entanto, como alguém que respeitosamente pede
bruços na água”. desculpas de ter ocupado um lugar que não era seu.
c) “Depois dela passar” / “Depois de ela passar”. 06 Depois pensei que nós todos somos, um dia, esse
d) “ele enrolou-se nela talqualmente um apuizeiro cãozinho triste, à sombra de uma porta. E há o dono da
carinhoso” / “ele enrolou-se nela mesmo sendo um casa, e a escada que descemos, e a dignidade final da
apuizeiro carinhoso”. solidão.
e) “Ia escorregando e afinal a canoa virou” / “Ia (MEIRELES, Cecília. ILUSÕES DO MUNDO: CRÔNICAS. Rio
escorregando e até que enfim a canoa virou”. de Janeiro: Nova Fronteira, 1982, p. 16-17)

106) (UFCE-1996) UM CÃO, APENAS


As preposições podem estabelecer várias relações de
01 Subidos, de ânimo leve e descansado passo, os sentido. Com base nesta afirmação, resolva os quesitos a e
quarenta degraus do jardim - plantas em flor de cada lado; b.
borboletas incertas; salpicos de luz no granito -, eis-me no
patamar. E a meus pés, no áspero capacho de coco, à a) Complete as frases com a preposição adequada às
frescura da cal do pórtico, um cãozinho triste interrompe o idéias indicadas entre parênteses.
seu sono, levanta a cabeça e fita-me. É um triste cãozinho
doente, com todo o corpo ferido; gastas, as mechas Ele desceu as escadas _____ a rua. (DESTINO)
brancas do pêlo; o olhar dorido e profundo, com esse Ele desceu as escadas _____ tristeza.
lustro de lágrima que há nos olhos das pessoas muito (MODO)
idosas. Com um grande esforço acaba de levantar-se. Eu Ele desceu as escadas _____ hesitação. (FALTA)
não lhe digo nada; não faço nenhum gesto. Envergonha- Ele desceu as escadas _____ mármore. (MATÉRIA)
me haver interrompido o seu sono. Se ele estava feliz ali, Ele desceu as escadas _____ minha vontade. (OPOSIÇÃO)
eu não devia ter chegado. Já que lhe faltavam tantas
coisas, que ao menos dormisse: também os animais devem b) Escreva ao lado de cada frase a idéia indicada pela
esquecer, enquanto dormem... preposição em maiúsculo.
02 Ele, porém, levantava-se e olhava-me. Levantava-
se com a dificuldade dos enfermos graves: acomodando as "... borboletas incertas, salpicos DE luz ..." (parágrafo 01)
patas da frente, o resto do corpo, sempre com os olhos em
mim, como à espera de uma palavra ou de um gesto. Mas "Passou POR entre as grades do portão..." (parágrafo 04)
eu não o queria vexar nem oprimir. Gostaria de ocupar-me
dele: chamar alguém, pedir-lhe que o examinasse, que "... prosseguiu PARA o lado esquerdo... desapareceu."
receitasse, encaminhá-lo para um tratamento... Mas tudo (parágrafo 04)
é longe, meu Deus, tudo é tão longe. E era preciso passar.
E ele estava na minha frente inábil, como envergonhado "Ele ia descendo... SEM firmeza e SEM destino." (parágrafo
de se achar tão sujo e doente, com o envelhecido olhar 05)
numa espécie de súplica.
03 Até o fim da vida guardarei seu olhar no meu "... pede desculpas DE ter ocupado um lugar que não era
coração. Até o fim da vida sentirei esta humana seu." (parágrafo 05)
infelicidade de nem sempre poder socorrer, neste
complexo mundo dos homens.
04 Então, o triste cãozinho reuniu todas as suas
forças, atravessou o patamar, sem nenhuma dúvida sobre
o caminho, como se fosse um visitante habitual, e
começou a descer as escadas e as suas rampas, com as
plantas em flor de cada lado, as borboletas incertas,
salpicos de luz no granito, até o limiar da entrada. Passou
por entre as grades do portão, prosseguiu para o lado
esquerdo, desapareceu.
05 Ele ia descendo como um velhinho andrajoso,
esfarrapado, de cabeça baixa, sem firmeza e sem destino.
Era, no entanto, uma forma de vida. Uma criatura deste
mundo de criaturas inumeráveis. Esteve ao meu alcance;

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GABARITO 15) … por sua vez, e
simultaneamente/concomitantemente, senhores e servos
1) Alternativa: A

2) Alternativa: E 16) a) A ironia está ancorada nas palavras “esquerda” e


“direita”.
3) Alternativa: A
b) A palavra “esquerda”, no discurso político, adquire
4) Alternativa: E sentido por oposição à chamada “direita”. Nesse contexto
os partidos de “esquerda” representariam, grosso modo,
5) A expressão “de cansada” indica circunstância de causa , uma ênfase maior nas questões sociais, e os de “direita”,
justificada no texto pelo fato de ela ter tentado de várias nas questões econômicas. No jogo polissêmico, a palavra
maneiras conquistar Aoitin, sem sucesso. “direita” manifesta outro sentido, referindo-se àquilo que
é correto, digno, honesto, etc. Além desses sentidos, as
palavras podem ser interpretadas como referências
6) a) Que os homens mentem. espaciais, indicativas de duas posições laterais opostas: a
b) A palavra seria “homemente” ou “homemmente”. Seria “esquerda” e a “direita”.
um advérbio que significaria aquilo feito da maneira típica
dos homens. c) A palavra “nem” serve para negar excluindo algo,
c) Que o modo de agir típico dos homens é com mentiras. estabelecendo o pressuposto de que a negação não era
esperada, contrariando a expectativa em relação ao que
foi excluído. Na afirmação “No Brasil nem a esquerda é
7) Alternativa: D
direita”, estabelece o pressuposto de que no Brasil
8) No primeiro parágrafo, o emprego de pronomes é outra ninguém age corretamente, mas o esperado seria que a
forma de estabelecer a coesão textual. Quando usados, esquerda o fizesse. Substituindo-se a palavra “nem” pela
evitam repetições: que, pronome relativo, substitui: palavra “não”, perde-se esse pressuposto: o “não” apenas
“velhinha”; ela, pronome pessoal, também; tudo, pronome serve para negar, sem estabelecer qualquer pressuposto.
indefinido, substitui “o pessoal da Alfândega”.
No terceiro parágrafo, o advérbio aí está empregado em
17) Alternativa: D
sentido próprio, indicando lugar (próximo à segunda
pessoa); no sexto parágrafo, o mesmo advérbio indica
tempo (“neste momento”). 18) Alternativa: D

19) Alternativa: A
9) Alternativa: A
20) Alternativa: A
10) Alternativa: C
21) onde mais densa
11) Alternativa: D A noite infinita
Verte a sombra imensa
12) Alternativa: E

13) Alternativa: D 22) Alternativa: D

23) Alternativa: B
14) Donde é a contração de de e onde. Significa de algum
lugar. Um exemplo de uso é:
Donde você vem? 24) Alternativa: A

Aonde é a contração de a e onde. Significa a algum lugar. 25) Alternativa: C


Um exemplo de uso é:
Aonde você vai? 26) Alternativa: D

Onde significa em algum lugar. Um exemplo de uso é: 27) Não, uma vez que o já está sendo utilizado de forma
Onde você mora? enfática.

28) a) Sufixação - acrescentando o sufixo - mente aos


adjetivos escolhidos

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b) Todos os sentimentos estão elevados a um grau
extremo , seja no sofrimento, no amor, na crítica ... 43) Alternativa: C

29) Alternativa: D 44) Alternativa: A

30) a) Sim. Mas e contudo são conjunções coordenativas 45) Alternativa: C


adversativas, cuja função é estabelecer relação de
oposição ao que está sendo dito antes. 46) a) Há várias possibilidades. Entre elas:
Ao se discutirem as idéias expostas na assembléia, chegou-
b) “Não precisamos olhar para o espelho nem para se à seguinte conclusão: pô-las em confronto com outras
nenhum relógio, pois o tempo está em nosso coração, e menos polêmicas seria avaliar-lhes melhor o peso, à luz do
ouve-se…” princípio geral que as vem regendo.
-Ao se discutirem as idéias expostas na assembléia,
31) Alternativa: E chegou-se à seguinte conclusão: pô-las em confronto com
outras menos polêmicas seria avaliar melhor o seu peso, à
32) Alternativa: A luz do princípio geral que vem regendo-as.
- Ao se discutirem as idéias expostas na assembléia,
33) Alternativa: B chegou-se à seguinte conclusão: pô-las em confronto com
outras menos polêmicas seria avaliar melhor o peso delas,
34) 1. - contraste à luz do princípio geral que vem regendo a elas.
O rio Tietê continua sujo mas não falta água em S. É evidente que também seriam possíveis combinações das
Paulo. formas acimas.
Embora não falte água em S. Paulo, o rio Tietê sujo b) Há várias formas, entre elas:
2. condicionalidade : Quando se discutiram as idéias expostas na assembléia,...
Se o rio Tietê continuar sujo faltará água em SP Assim que se discutiram as idéias expostas na
Faltará água em SP a não ser que limpem o rio Tietê assembléia,...
3. finalidade: Logo que se discutiram as idéias expostas na assembléia,...
Para que não falte água em SP é preciso limpar o rio
Tietê 47) Alternativa: D
É preciso limpar o rio Tietê a fim de que não falte
água em SP 48) Alternativa: B

49) Alternativa: B

35) Alternativa: A 50) Alternativa: D

36) Alternativa: B 51) Alternativa: B

37) Alternativa: A 52) Alternativa: E

38) Alternativa: E 53) Alternativa: E

39) Alternativa: C 54) Alternativa: C

40) a) A palavra “ora” empregada no texto funciona como 55) Alternativa: D


conjunção coordenativa alternativa; já “hora” é um Trata-se de questão mal formulada. Indiscutivelmente, a
substantivo cuja referência é um segmento de tempo, primeira oração estabelece relação de adição, mas a
equivalente a 60 minutos. segunda tem valor explicativo e não causal.
b) No último parágrafo é também empregada uma
conjunção coordenativa alternativa: “Ou porque a sua dor 56) a) Período 2: [...] caso o crime ou a falta tenha sido
era tão grande… , ou porque, selvagem mesmo, ela já tinha cometida por pessoas diferencialmente situadas na escala
compreendido…” social.

b) Exemplos de respostas possíveis:


41) Alternativa: B
O deputado que na semana passada tinha alegado
42) Alternativa: A imunidade parlamentar foi preso.

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O deputado que tinha alegado imunidade parlamentar 68) a)"Não se conseguiu apurar o motivo por que a atriz se
foi preso na semana passada. divorciou."
Porque - no sentido de por qual razão ou motivo, grafa-
se separado, pois o que é pronome relativo
57) Alternativa: D
b) "O milionário despendeu milhares de dólares com
58) Alternativa: B aquela propaganda."
Despender - verbo que significa perder, gastar,
59) Alternativa: C consumir

60) Se era prolixo, facilmente ultrapassaria a hora. Se a 69) Alternativa: E


notícia pretende dizer que ele passou do tempo, deveria
ser composta assim: “ Como era prolixo, o orador 70) Alternativa: D
ultrapassou o tempo previsto.” Ou
Porque era... 71) Tipo de relação: conclusão.
Por ser ... Duas dentre as conjunções:
· logo
61) Alternativa: D · então
· portanto
62) Alternativa: B
72) Alternativa: B
63) Alternativa: B
73) Alternativa: A
64) a) Para desespero meu, havia leitura obrigatória de
livro indicado, (poderia ser usado ;)porém ocorreu uma 74) Alternativa: D
surpresa: era tão bom aquele livro que não senti nenhum
aborrecimento na leitura. 75) Alternativa: A
Obs: haveria outras possibilidades, principalmente caso
invertesse a ordem. PERCENTUAIS DE RESPOSTA NO EXAME
b) A obrigação de ler um livro, como toda obrigação, A B C D E
indispõe-nos contra a tarefa imposta, mas pode ocorrer, se 12 46 19 14 9
encontrarmos prazer nessa leitura, que o peso da
obrigação desapareça. Esta questão apresenta, para leitura e análise, o poema “O
mundo é grande”, onde os recursos lingüísticos
expressivos utilizados geram um efeito de oposição entre
65) a) I - ... caso o produto não seja corretamente as idéias.
utilizado. A análise sintático-semântica é necessária para a
II - ... se ele contiver menos de 60% de seu compreensão do valor de oposição assumido pela
conteúdo. conjunção “e”: imagens justapostas estão relacionadas,
b) “As despesas de transporte ou quaisquer ônus contrapondo-se em planos diferentes. Um percentual
decorrentes do envio do produto para troca correm por significativo (46%) de participantes considerou que o valor
conta do usuário.” da conjunção “e”, nesse poema, é de comparação, o que
não reflete o sentido estilístico proposto pelo poeta, mas
corresponde apenas à primeira operação que se realiza
66) Mas está sendo usado para estabelecer uma relação de para estabelecer o sentido de oposição. De maneira
adição enfática. Note que no texto está subentendida a análoga, pode-se analisar os equívocos daqueles que
palavra também: Camilo, não só o estava, mas (também) optaram pelas alternativas C e D.
via-a estremecer….
Fonte: relatório pedagógico ENEM 2001
67) A conjunção MAS, vem apresentar que apesar da
aparência de velho, o homem guardava em si o vigor da 76) Alternativa: C
mocidade, e na seqüência, a conjunção E acrescenta o
detalhe dos olhos que, por sua vivacidade, tornam a idade 77) Alternativa: D
do homem absolutamente indevassável.
78) A palavra “mesmo” tem valor concessivo, significando
“apesar de, embora, ainda que”.

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Eu fazer - sujeito de verbo tem que ser pronome do caso
reto
79) Alternativa: A Se repartam - passiva sintética, o sujeito é
responsabilidades
80) Alternativa: A Entre mim e outra - com preposição entre usa-se a forma
oblíqua do pronome eu
81) Alternativa: D
b) "Ele tomou as decisões mais oportunas."
82) Alternativa: C Redundância na repetição do objeto direto.

83) A frase está apenas aparentemente solta. Na verdade 99) A única passagem que admitiria a inclusão de uma
ela adiciona um outro complemento ao verbo ter, da combinação de preposição e artigo seria: “sobretudo cor
oração anterior, ou seja, a galinha tinha liberdade e milho. de chumbo”. Assim, teríamos: sobretudo da cor de
Vale salientar, ainda, que milho, neste contexto, deve ser chumbo. A inclusão da preposição “de” e do artigo
interpretado como metonímia de alimento. definido “a” explicitaria uma combinação que vem
implícita.
84) Alternativa: D

85) Alternativa: B 100) Alternativa: E

86) Alternativa: A 101) “Era no tempo em que ainda os portugueses não


haviam sido por uma tempestade empurrados para a terra
87) Alternativa: B de Santa Cruz.”

88)
102) Alternativa: A
89) a) “numa boa”
b) Enviados a um computador, esses sinais permitiram a 103) Alternativa: C
ele controlar um cursor em uma tela, abrir e-mails, jogar
videogame e comandar um braço robótico. 104) Alternativa: B
c) Embora tenhamos inventado a maravilha do automóvel,
aumentamos o tempo perdido para ir de casa ao trabalho. 105) Alternativa: C

106) Resposta:
90) A conjunção mas desempenha o papel de realçar o a) para
conteúdo da segunda oração, que constitui o elemento com
central na argumentação. sem
de
contra
91) Alternativa: D b) mat駻ia
lugar
92) Alternativa: A dire鈬o
falta
93) Alternativa: B motivo

94) Alternativa: A

95) Alternativa: A

96) Alternativa: B

97) Alternativa: E

98) a) "Esta é uma tarefa para eu fazer sozinho, não


admito que se repartam as responsabilidades entre mim e
outra pessoa”“.

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b) De acordo com a norma gramatical, a única e costumes diferentes seu filho a
possibilidade de concordância nas construções partitivas é quem tanto ama
a flexão do verbo com o núcleo do sujeito, de forma que a ASSARÉ, Patativa do. Emigração. In: ____. Cordéis e
estrutura citada está errada. outros poemas. Fortaleza: Edições UFC, 2006, p. 114.
c) De acordo com a norma gramatical, o verbo nas
construções partitivas tanto pode concordar com o
adjunto como com o núcleo do sujeito, de forma que a Texto 2
estrutura citada está correta. Pobre mãe! Mulher da vida, vendendo o corpo por uma
d) A norma gramatical estabelece que nas construções migalha! Aquilo, saber daquilo, ouvir falar naquilo,
partitivas o verbo deve permanecer sempre no singular, de magoava-o fundamente. Mas a mãe era uma mulher boa,
forma que a estrutura citada está errada. limpa, honesta. Que podia fazer? Abandonada no mundo
e) A norma gramatical estabelece que nas construções pelos pais que fugiram na seca, errou de casa em casa,
partitivas o verbo sempre, por atração, concorda com o molecota solta, sem rumo, sem uma pessoa para cuidar
adjunto, de forma que a estrutura citada está correta. dela. Dizem que era bonita, muito bonita. E terminou
resvalando, caindo.
BEZERRA, João Clímaco. A vinha dos esquecidos.
122) (UFC-1999) Fortaleza: Edições UFC, 2005, p. 26.

O termo resvalando (texto 2, linha 04) pode ser


substituído, mantendo o significado, por:
a) escorregando.
b) amaldiçoando.
c) lamentando.
Observe o quadro , em que, para cada frase apresentada, d) resgatando.
são dados o modo e tempo gramaticais, a atitude do e) chorando.
falante e a idéia de tempo.

Assinale a opção que completa as lacunas do quadro na 124) (UFCE-1996) Cecília Meireles escreveu: "Eu não lhe
seqüência correta: DIGO nada..."
a) Acrescentando apenas um prefixo ao verbo em
a) (1) indicativo, (2) presente, (3) dúvida, (4) futuro; maiúsculo na frase anterior, forme outros CINCO verbos
b) (1) subjuntivo, (2) futuro, (3) dúvida, (4) presente; que lhe sejam cognatos.
c) (1) subjuntivo, (2) futuro, (3) intenção, (4) futuro; b) Escolha QUATRO destes verbos e escreva uma frase com
d) (1) indicativo, (2) pretérito, (3) desejo, (4) futuro; cada um dos escolhidos, observando a conjugação
e) (1) indicativo, (2) pretérito, (3) desejo, (4) presente. adequada.

123) (UFC-2007) Texto 1 125) (UFF-1998) Texto I


Leitor, veja o grande azar A sua
filha querida OS TUMULTOS DA PAZ
do nordestino emigrante vai pra
uma iludição O amor ao próximo está longe de representar um
que anda atrás de melhorar padecer devaneio beato e piedoso, conto da carochinha para
prostituída enganar crianças, desavisados e inquilinos de sacristia.
da sua terra distante na vala da Trata-se de uma essencial exigência pessoal e política, sem
perdição cujo atendimento não nos poremos a serviço, nem de nós
nos centros desconhecidos e além da mesmos, nem de ninguém. Amar ao Próximo como a si
grande desgraça mesmo é, por excelência, a regra de ouro, cânon fundador
depressa vê corrompidos das da única prática pela qual poderemos chegar a um pleno
privações que ela passa amor por nós próprios. Sou o primeiro e mais íntimo
os seus filhos inocentes que lhe Próximo de mim, e esta relação de mim para comigo
atrasa e lhe inflama passa, inevitavelmente, pela existência do Outro. Este é o
na populosa cidade sabe que é termo terceiro, a referência transcendente por cuja
preso em flagrante mediação passo a construir a minha auto-estima.
de tanta imoralidade por coisa Eis aí o modelo da paz.
insignificante
(PELLEGRINO, Hélio. A burrice do demônio. Rio de Janeiro:
Rocco, 1989. p. 94)

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Moreninho que você me dá,
Texto II Com a boniteza a faceirice
A risada que você me dá
PENSAMENTO DE AMOR E me enrabicham como o que,
Bem que eu podia possuir também
Quero viver de esperança O que mora atrás do seu rosto, Rosa,
Quero tremer e sentir! O pensamento a alma o desgosto
Na tua trança cheirosa De você.
Quero sonhar e dormir.
(ANDRADE, Mário de. Poesias completas. São Paulo / Belo
Álvares de Azevedo Horizonte: Martins / Itatiaia, 1980. V. 1. p. 121 )
..........................................................................
Texto IV
Todo o amor que em meu peito repousava,
Como o orvalho das noites ao relento, O AMOR E O TEMPO
A teu seio elevou-se, como as névoas,
Que se perdem no azul do firmamento. Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta,
tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de
Aqui...além...mais longe, em toda a parte, mármore, quanto mais a corações de cera ! São as afeições
Meu pensamento segue o passo teu. como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de
Tu és a minha luz, - sou tua sombra, durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas,
Eu sou teu lago, - se tu és meu céu. que partem do centro para a circunferência, que quanto
.................................................................. mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos
sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor
À tarde, quando chegas à janela, tão robusto que chegue a ser velho. De todos os
A trança solta, onde suspira o vento, instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o
Minha alma te contempla de joelhos... tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-
A teus pés vai gemer meu pensamento. lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com
.................................................................. que vê o que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que
voa e foge. A razão natural de toda esta diferença é
Oh! diz' me, diz' me, que ainda posso um dia porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhe os
De teus lábios beber o mel dos céus; defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas
Que eu te direi, mulher dos meus amores: para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso,
- Amar-te ainda é melhor do que ser Deus! quanto mais o amor ?! O mesmo amar é causa de não
amar e o ter amado muito, de amar menos.
Bahia, 1865.
(VIEIRA, Antônio. Apud: PROENÇA FILHO, Domício.
(ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, Português. Rio de Janeiro: Liceu, 1972. V5. p.43)
1976. p. 415-6)
Assinale a opção em que o fragmento sublinhado não é um
Texto III exemplo de locução verbal:
a) " faz-lhe crescer as asas"
RONDÓ PRA VOCÊ b) "certo sinal de haverem de durar pouco"
c) "que terem durado muito"
De você, Rosa, eu não queria d) "não há amor tão robusto que chegue a ser velho"
Receber somente esse abraço e) "basta que sejam usadas"
Tão devagar que você me dá,
Nem gozar somente esse beijo 126) (UFF-1998) Texto I
Tão molhado que você me dá...
Eu não queria só porque OS TUMULTOS DA PAZ
Por tudo quanto você me fala
Já reparei que no seu peito O amor ao próximo está longe de representar um
Soluça o coração bem feito devaneio beato e piedoso, conto da carochinha para
De você. enganar crianças, desavisados e inquilinos de sacristia.
Trata-se de uma essencial exigência pessoal e política, sem
Pois então eu imaginei cujo atendimento não nos poremos a serviço, nem de nós
Que junto com esse corpo magro mesmos, nem de ninguém. Amar ao Próximo como a si

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mesmo é, por excelência, a regra de ouro, cânon fundador Tão devagar que você me dá,
da única prática pela qual poderemos chegar a um pleno Nem gozar somente esse beijo
amor por nós próprios. Sou o primeiro e mais íntimo Tão molhado que você me dá...
Próximo de mim, e esta relação de mim para comigo Eu não queria só porque
passa, inevitavelmente, pela existência do Outro. Este é o Por tudo quanto você me fala
termo terceiro, a referência transcendente por cuja Já reparei que no seu peito
mediação passo a construir a minha auto-estima. Soluça o coração bem feito
Eis aí o modelo da paz. De você.

(PELLEGRINO, Hélio. A burrice do demônio. Rio de Janeiro: Pois então eu imaginei


Rocco, 1989. p. 94) Que junto com esse corpo magro
Moreninho que você me dá,
Texto II Com a boniteza a faceirice
A risada que você me dá
PENSAMENTO DE AMOR E me enrabicham como o que,
Bem que eu podia possuir também
Quero viver de esperança O que mora atrás do seu rosto, Rosa,
Quero tremer e sentir! O pensamento a alma o desgosto
Na tua trança cheirosa De você.
Quero sonhar e dormir.
(ANDRADE, Mário de. Poesias completas. São Paulo / Belo
Álvares de Azevedo Horizonte: Martins / Itatiaia, 1980. V. 1. p. 121 )
..........................................................................
Texto IV
Todo o amor que em meu peito repousava,
Como o orvalho das noites ao relento, O AMOR E O TEMPO
A teu seio elevou-se, como as névoas,
Que se perdem no azul do firmamento. Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta,
tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de
Aqui...além...mais longe, em toda a parte, mármore, quanto mais a corações de cera ! São as afeições
Meu pensamento segue o passo teu. como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de
Tu és a minha luz, - sou tua sombra, durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas,
Eu sou teu lago, - se tu és meu céu. que partem do centro para a circunferência, que quanto
.................................................................. mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos
sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor
À tarde, quando chegas à janela, tão robusto que chegue a ser velho. De todos os
A trança solta, onde suspira o vento, instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o
Minha alma te contempla de joelhos... tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-
A teus pés vai gemer meu pensamento. lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com
.................................................................. que vê o que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que
voa e foge. A razão natural de toda esta diferença é
Oh! diz' me, diz' me, que ainda posso um dia porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhe os
De teus lábios beber o mel dos céus; defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas
Que eu te direi, mulher dos meus amores: para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso,
- Amar-te ainda é melhor do que ser Deus! quanto mais o amor ?! O mesmo amar é causa de não
amar e o ter amado muito, de amar menos.
Bahia, 1865. (VIEIRA, Antônio. Apud: PROENÇA FILHO, Domício.
Português. Rio de Janeiro: Liceu, 1972. V5. p.43)
(ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar,
1976. p. 415-6) Assinale a opção correta para a reescritura dos versos 15 e
16, do texto II, na terceira pessoa do singular, segundo a
Texto III norma culta.

RONDÓ PRA VOCÊ a) Que eu vos direi, mulher dos meus amores:
- Amar-vos ainda é melhor do que ser Deus !
De você, Rosa, eu não queria b) Que eu lhe direi, mulher dos meus amores:
Receber somente esse abraço - Amá-la ainda é melhor do que ser Deus !

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c) Que eu a direi, mulher dos meus amores: Se não houvesse saudade,
- Amar-lhe ainda é melhor do que ser Deus ! solidão nem despedida...
d) Que eu te direi, mulher dos meus amores: Se a vida inteira não fôsse, além de breve, perdida!
- Amar-te ainda é melhor do que ser Deus !
e) Que eu a direi, mulher dos meus amores: Eu tinha um cavalo de asas,
- Ama-a ainda é melhor do que ser Deus ! que morreu sem ter pascigo.
E em labirintos se movem
127) (UFF-2001) Mãos Dadas os fantasmas que persigo.
(Canções - Cecília Meireles)
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro. Na(s) questão(ões) a seguir assinale nos parênteses (V) se
Estou preso à vida e olho meus companheiros. for verdadeiro e (F) se for falso.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Julgue os itens.
Entre eles, considero a enorme realidade. ( ) Trocando o verbo haver (v. 1) pelo verbo existir,
O presente é tão grande, não nos afastemos. ficaria: Se não existisse montanhas.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. ( ) O sujeito do verbo haver no segundo verso é paredes.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, ( ) As formas verbais houvesse (v. 1) e tinha (v. 13) estão
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da no mesmo tempo, mas não no mesmo modo.
janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. 129) (UFPA-1997) "Concordei, para dizer alguma coisa,
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens para sair da espécie de sono magnético, ou o que quer que
presentes, era que me tolhia a língua e os sentidos. Queria e não
a vida presente. queria acabar a conversação: fazia esforço para arredar os
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e Prosa. Rio de olhos dela, e arredava-os por um sentimento de respeito;
Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p.68 mas a idéia de parecer que era aborrecimento, quando
não era, levava-me os olhos outra vez para Conceição. A
conversa ia morrendo. Na rua, o silêncio era completo."
Toda noite - tem auroras, (Missa do Galo - Machado de Assis)
Raios - toda a escuridão.
Moços, creiamos, não tarda A forma verbal mais usada (pretérito imperfeito do
A aurora da redenção. indicativo) traduz no texto:
Castro Alves. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, a) incerteza
1976. p. 212 b) fatos passados em relação ao momento da narração e
presentes em relação ao momento da conversação.
a) O fragmento de Castro Alves e o poema de Carlos c) ações repetidas.
Drummond de Andrade apresentam verbos no modo d) fatos presentes em relação ao momento da narração,
imperativo: passados em relação a outros fatos
“ Moços, creiamos, não tarda” (v.3) e) fatos totalmente passados.
“ Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.” (v.7)
Justifique o emprego do imperativo, correlacionando as 130) (UFPE-1996) Observe os fragmentos (CARTA AO
semelhanças temáticas entre os versos destacados. PREFEITO, de Rubem Braga, com adaptações). Assinale o
b) Explique, com frases completas, que características da par de frases cujos verbos estejam atendendo ao
poesia socialmente engajada do Romantismo estão tratamento de 2ª pessoa do plural.
presentes no texto de Castro Alves e no de Carlos a) - Sou um destes estranhos animais com "habitat" no Rio
Drummond de Andrade. de Janeiro.
- O carioca é, antes de tudo, um forte.
128) (UFMT-1996) SE NÃO HOUVESSE montanhas! b) - Ouvi-me, pois, com o devido respeito.
Se não houvesse paredes! - Prometestes, senhor, acabar em 30 dias com as
Se o sonho tecesse malhas inundações do Rio de Janeiro.
e os braços colhessem rêdes! c) - ... para agradecer a providência que vossa
administração tomou nestas últimas
Se a noite e o dia passassem quatro noites.
como nuvens, sem cadeias, - Embora vós administreis à maneira suíça...
e os instantes da memória d) - Para dizer isto, escrevo a Vossa Excelência...
fossem vento nas areias! - Não sei se a fizestes adquirir na Suíça para vosso uso
permanente...

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e) - Sabeis que o (...) ar dos escapamentos abertos... Ao longo do texto I, utilizam-se dois tempos verbais.
- É que atacaste, senhor, o mal pela raiz. Identifique-os e justifique o emprego de cada um,
considerando a experiência narrada no texto.

131) (UFPE-1996) Assinale a alternativa em que a forma


verbal esteja de acordo com a norma-padrão. 134) (UFSCar-2001)
a) Presentei com amor!
b) O Governador pediu que o Secretário intervisse na
liberação dos recursos.
c) Saborei os nossos petiscos.
d) Se o treinador vir o nível dos atletas, com certeza não irá
aceitá-los.
e) As crianças entreteram-se com o espetáculo de danças. (QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1999,
p. 264.)
132) (UFRJ-2003) Almeida e Costa comprão para
remeterem para fora da Província, huma escrava que seja Para que um ato de comunicação obtenha sucesso, é
perfeita costureira, engomadeira, e que entenda muito importante que haja um conhecimento comum,
igualmente de cozinha, sendo mossa, de bôa figura, e partilhado entre as pessoas. A graça nos quadrinhos
afiançada conduta para o que não terão duvida pagala apresentados reside no fato de haver informações não
mais vantajosamente; quem a tiver e queira dispor, pode partilhadas entre as personagens.
dirija-se ao escriptorio dos mesmos na rua da fonte dos a) Considerando todas as informações da história, explicite
Padres, N. 91. o que a personagem Susanita quis dizer, com sua frase no
(Gazeta Commercial da Bahia, 19 de setembro de 1832) quarto quadrinho, e o que a personagem Manolito
entendeu.
Do Texto: b) Percebe-se, no quarto quadrinho, uma oscilação no
a) selecione 2 (dois) verbos e 2 (dois) substantivos que emprego de pessoas gramaticais. Reescreva a frase da
apresentem forma ou emprego diferentes da atual; personagem, utilizando uma única pessoa gramatical.
b) reescreva-os na forma vigente.
135) (UFSCar-2001) O trocano ribombou, derramando
133) (UFRJ-2006) O sentido do tempo mudou. Essa longe pela amplidão dos vales e pelos ecos das montanhas
transformação definiu o século XX e dentro de seu campo a pocema do triunfo.
de Os tacapes, vibrados pela mão pujante dos guerreiros,
possibilidades pode-se pensar no ingresso no novo bateram nos largos escudos retinindo. Mas a voz possante
milênio. O instantâneo, o imediato, o encurtamento da da multidão dos guerreiros cobriu o imenso rumor,
espera (...) (Beatriz Sarlo) clamando:
Todos os textos desta prova relacionam-se, em alguma - Tu és Ubirajara, o senhor da lança, o vencedor de Pojucã,
medida, ao conteúdo do fragmento acima, no que se o maior guerreiro da nação tocantim.
refere à percepção do sentido do tempo pelo homem. (...)
Vamos aos textos; não percamos tempo! Quando parou o estrondo da festa e cessou o canto dos
guerreiros, avançou Camacã, o grande chefe dos araguaias.
TEXTO I (...)
Na contramão dos carros ela vem pela calçada, solar e Assim falou o ancião:
musical, pára diante de um pequeno jardim, uma - Ubirajara, senhor da lança, é tempo de empunhares o
folhagem, na entrada de um prédio, colhe uma flor grande arco da nação araguaia, que deve estar na mão do
inesperada, inspira e ri, é a própria felicidade - passando a mais possante. Camacã o conquistou no dia em que
cem por hora pela janela. Ainda tento vela no espelho mas escolheu por esposa Jaçanã, a virgem dos olhos de fogo,
é tarde, o eterno relance. Sua imagem quase embriaga, em cujo seio te gerou seu primeiro sangue. Ainda hoje,
chego no trabalho e hesito, por que não posso conhecer apesar da velhice que lhe mirrou o corpo, nenhum
aquilo? - a plenitude, o perfume inusitado no meio do guerreiro ousaria disputar o grande arco ao velho chefe,
asfalto, oculto e óbvio. Sempre minha cena favorita. que não sofresse logo o castigo de sua audácia. Mas Tupã
Ela chegaria trazendo esquecimentos, a flor no cabelo. Eu ordena que o ancião se curve para a terra, até desabar
estaria à espera, no jardim. como o tronco carcomido; e que o mancebo se eleve para
E haveria tempo. o céu como a árvore altaneira. Camacã revive em ti; a
(CASTRO, Jorge Viveiros de. De todas as únicas maneiras & glória de ser o maior guerreiro cresce com a glória de ter
outras. Rio de Janeiro: 7Letras, 2002. p.113) gerado um guerreiro ainda maior do que ele.

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(ALENCAR, José de. Ubirajara. 8. ed. São Paulo: Ática, 1984, 137) (UFSCar-2007) Monsenhor Caldas interrompeu a
p. 31-2.) narração do desconhecido:
— Dá licença? é só um instante.
Vocabulário: Levantou-se, foi ao interior da casa, chamou o preto velho
- pocema: canto selvagem, clamor. que o servia, e disse-lhe em voz baixa:
— João, vai ali à estação de urbanos, fala da minha parte
No texto de Alencar, registra-se o discurso do índio. ao comandante, e pede-lhe que venha cá com um ou dois
a) Na fala do chefe Camacã, vê-se que ele se projeta numa homens, para livrar-me de um sujeito doido. Anda, vai
terceira pessoa, como se falasse de um outro. Reescreva o depressa.
trecho destacado em negrito no texto, passando-o para a E, voltando à sala:
primeira pessoa. — Pronto, disse ele; podemos continuar.
b) Atualmente, nota-se cada vez mais um emprego — Como ia dizendo a Vossa Reverendíssima, morri no dia
reduzido do pronome “cujo”. Que forma gramatical tem vinte de março de 1860, às cinco horas e quarenta e três
substituído esse pronome? Reescreva o trecho “a virgem minutos da manhã. Tinha então sessenta e oito anos de
dos olhos de fogo, em cujo seio te gerou seu primeiro idade. Minha alma voou pelo espaço, até perder a terra de
sangue”, substituindo “cujo” por essa forma gramatical. vista, deixando muito abaixo a lua, as estrelas e o Sol;
penetrou finalmente num espaço em que não havia mais
136) (UFSCar-2004) As pessoas que admitem, por nada, e era clareado tão-somente por uma luz difusa.
razões que consideram moralmente justificáveis, a Continuei a subir, e comecei a ver um pontinho mais
eutanásia, o fato de acelerar ou mesmo de provocar a luminoso ao longe, muito longe. O ponto cresceu, fez-se
morte de um ente querido, para lhe abreviar os sol. Fui por ali dentro, sem arder, porque as almas são
sofrimentos causados por uma doença incurável ou para incombustíveis.
terminar a existência miserável de uma criança A sua pegou fogo alguma vez?
monstruosa, ficam escandalizadas com o fato de que, do — Não, senhor.
ponto de vista jurídico, a eutanásia seja assimilada, pura e — São incombustíveis. Fui subindo, subindo; na distância
simplesmente, a um homicídio. Supondo-se que, do ponto de quarenta mil léguas, ouvi uma deliciosa música, e logo
de vista moral, se admita a eutanásia, não se atribuindo que cheguei a cinco mil léguas, desceu um enxame de
um valor absoluto à vida humana, sejam quais forem as almas, que me levaram num palanquim feito de éter e
condições miseráveis em que ela se prolonga, devem-se plumas.
pôr os textos legais em paralelismo com o juízo moral? (Machado de Assis, A segunda vida. Obras Completas, vol.
Seria uma solução perigosíssima, pois, em direito, como a II, p. 440-441.)
dúvida normalmente intervém em favor do acusado, corre-
se o risco de graves abusos, promulgando uma legislação
indulgente nessa questão de vida ou de morte. Mas O imperativo utilizado por Monsenhor Caldas, ao dar as
constatou- se que, quando o caso julgado reclama mais a ordens ao preto velho, emprega
piedade do que o castigo, o júri não hesita em recorrer a a) uma forma indireta.
uma ficção, qualificando os fatos de uma forma contrária à b) a terceira pessoa do singular.
realidade, declarando que o réu não cometeu homicídio, e c) a primeira pessoa do plural.
isto para evitar a aplicação da lei. Parece-me que esse d) a segunda pessoa do singular.
recurso à ficção, que possibilita em casos excepcionais e) a segunda pessoa do plural.
evitar a aplicação da lei - procedimento inconcebível em
moral -, vale mais do que o fato de prever expressamente,
na lei, que a eutanásia constitui um caso de escusa ou de 138) (UFSCar-2007) Suave Mari Magno
justificação. Lembra-me que, em certo dia,
Na rua, ao sol de verão,
(Perelman, Ética e Direito.) Envenenado morria
Um pobre cão.
Assinale a alternativa em que está empregado o mesmo Arfava, espumava e ria,
modo verbal de se admita a eutanásia. De um riso espúrio e bufão,
a) que admitem Ventre e pernas sacudia
b) para lhe abreviar Na convulsão.
c) sejam quais forem Nenhum, nenhum curioso
d) devem-se pôr os textos legais Passava, sem se deter,
e) seria uma solução perigosíssima Silencioso,
Junto ao cão que ia morrer,
Como se lhe desse gozo
Ver padecer.

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(Machado de Assis, Obra Completa, vol. III, p. 161.) e) na intercalação de frases declarativas e exclamativas,
aleatoriamente.
Seqüência
Eu era pequena. A cozinheira Lizarda
tinha nos levado ao mercado, minha irmã, eu. 140) (UFU-2006) Tenho desprezo por gente que se orgulha
Passava um homem com um abacate na mão da própria raça. Nem tanto pelo orgulho, sentimento
e eu inconsciente: menos nobre, porém inerente à natureza humana, mas
“Ome, me dá esse abacate...” pela estupidez. Que mérito pessoal um pobre de espírito
O homem me entregou a fruta madura. pode pleitear por haver nascido branco, negro ou amarelo,
Minha irmã, de pronto: “vou contar pra mãe que ocê de olhos azuis ou lilases?
pediu abacate na rua.” Tradicionalmente, o conceito popular de raça está ligado a
Eu voltava trocando as pernas bambas. características externas do corpo humano, como cor da
Meus medos, crescidos, enormes... pele, formato dos olhos e as curvas que o cabelo faz ou
A denúncia confirmada, o auto, a comprovação do delito. deixa de fazer. Existe visão mais subjetiva?
O impulso materno...conseqüência obscura da Na Alemanha nazista, bastava ter a pele morena para o
escravidão passada, cidadão ser considerado de uma raça inferior à dos que se
o ranço dos castigos corporais. proclamavam arianos. Nos Estados Unidos, são
Eu, aos gritos, esperneando. classificadas como negras pessoas que no Brasil
O abacate esmagado, pisado, me sujando toda. consideramos brancas; lá, os mineiros de Governador
Durante muitos anos minha repugnância por esta fruta Valadares são rotulados de hispânicos. Conheci um
trazendo a recordação permanente do castigo cruel. cientista português que se orgulhava de descender
Sentia, sem definir, a recreação dos que ficaram de fora, diretamente dos godos!
assistentes, acusadores. Há cerca de 100 mil anos, seres humanos de anatomia
Nada mais aprazível no tempo, do que presenciar a semelhante à da mulher e à do homem moderno
criança indefesa migraram da África, berço de nossa espécie, para os quatro
espernear numa coça de chineladas. cantos do mundo. Tais ondas migratórias criaram forte
“é pra seu bem,” diziam, “doutra vez não pedi fruita na pressão seletiva sobre nossos ancestrais. Não é difícil
rua.” imaginar as agruras de uma família habituada ao sol da
(Cora Coralina, Vintém de cobre, p. 131-132.) savana etíope, obrigada a adaptar-se à escuridão do
inverno russo; ou as dificuldades de adaptação de pessoas
acostumadas a dietas vegetarianas ao migrar para regiões
No poema de Cora Coralina, há uma frase sem verbo: congeladas.
Durante muitos anos minha repugnância por esta fruta. Apesar de primatas aventureiros, éramos muito mais
a) Qual o sentido dessa frase? apegados à terra natal nessa época em que as viagens
b) “Reconstrua” essa frase, colocando um verbo. precisavam ser feitas a pé; a maioria de nossos
antepassados passava a existência no raio de alguns
quilômetros ao redor da aldeia natal. Como descendemos
139) (UFTM-2007) de um pequeno grupo de hominídeos africanos e o
isolamento favorece o acúmulo de semelhanças genéticas,
traços externos como a cor da pele, dos olhos e dos
cabelos tornaram-se característicos de determinadas
populações.
Mas seria possível estabelecer critérios genéticos mais
objetivos para definir o que chamamos de raça? Em outras
(O recruta Zero) palavras: além dessa meia dúzia de aspectos identificáveis
externamente, o que diferenciaria um negro de um branco
Ocorre quebra da uniformidade de tratamento no texto, ou de um asiático?
própria de soluções da língua coloquial, Para determinar o grau de parentesco entre dois
a) na escolha do tratamento “você” para referir-se aos dois indivíduos, os geneticistas modernos fazem comparações
interlocutores. entre certos genes contidos no DNA de cada um.
b) na combinação de “-los” (em “distraí-los”) com “cobrir Lembrando que os genes nada mais são do que pequenos
você”. fragmentos da molécula de DNA, a tecnologia atual
c) no emprego de “vai” associado ao pronome de 3.ª permite que semelhanças e disparidades porventura
pessoa “você”. existentes entre dois genes sejam detectadas com
d) no emprego indistinto de verbos em 3.ª pessoa para os precisão.
dois interlocutores. Tecnicamente, essas diferenças recebem o nome de
polimorfismos. É na análise desses polimorfismos que se

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baseia o teste de DNA para exclusão de paternidade, por c) ocorreram antes dos outros fatos relatados.
exemplo. d) foram concluídos no passado.
Na Universidade de Stanford, Noah Rosemberg e Jonathan
Pritchard testaram 375 polimorfismos genéticos em 52
grupos de habitantes da Ásia, África, Europa e das 141) (UFV-1996) Certos verbos recebem um "i" eufônico
Américas. Através da comparação, conseguiram dividilos depois da última vogal do tema toda vez que sobre ela
em cinco grupos étnicos cujos ancestrais estiveram incide a tônica. Eis dois exemplos nas palavras em
isolados por barreiras geográficas, como desertos maiúsculo:
extensos, montanhas intransponíveis ou oceanos: os a) "Namorado não PRECISA ser o mais bonito..." - "... sua
africanos da região abaixo do deserto do Saara, os frio e quase DESMAIA."
asiáticos do leste, os europeus e asiáticos que vivem a b) "... quem se deixa ACARICIAR sem vontade..." - "... ânsia
oeste dos Himalaias, os habitantes da Nova Guiné e enorme de VIAJAR..."
Melanésia e os indígenas das Américas. c) "... quem não gosta de DORMIR agarrado..." - "... nem de
No entanto, quando os autores tentaram atribuir FICAR horas e horas olhando..."
identidade genética aos habitantes do sul da Índia, d) "... quem não se CHATEIA com o fato..." - "... PASSEIE de
verificaram que seus traços eram comuns a europeus e a mãos dadas..."
asiáticos, observação consistente com a influência exercida e) "... SAIA do quintal de si mesma..." - "... SORRIA lírios
por esses povos naquela área do país. para quem passe debaixo de sua janela."
A conclusão é que só é possível identificar grupos de
indivíduos com semelhanças genéticas ligadas a suas 142) (UFV-2005) O tabaco consome dinheiro público.
origens geográficas quando descendem de populações Bilhões de reais saem do bolso do contribuinte para tratar
isoladas por barreiras que impediram a miscigenação. a dependência do tabaco e as graves doenças que ela
Mas o conceito popular de raça está distante da causa. A dependência do tabaco também aumenta as
complexidade das análises de polimorfismos genéticos: desigualdades sociais porque muitos trabalhadores
para o povo, raça é questão de cor da pele, tipo de cabelo fumantes, além de perderem a saúde, gastam com cigarros
e traços fisionômicos. o que poderia ser usado em alimentação e educação. Em
Nada mais primário! muitos casos, com o dinheiro de um maço de cigarros
Essas características sofreram forte influência do processo pode-se comprar, por exemplo, um litro de leite e sete
de seleção natural que, no decorrer da evolução de nossa pães. Para romper com esse perverso círculo de pobreza,
espécie, eliminou os menos aptos. Pessoas com mesma cor países no mundo inteiro estão se unindo através da
de pele podem apresentar profundas divergências Convenção-Quadro de Controle do Tabaco para conter a
genéticas, como é o caso de um negro brasileiro expansão do tabagismo e os graves danos que causa,
comparado com um aborígene australiano ou com um sobretudo nos países em desenvolvimento. Incluir o Brasil
árabe de pele escura. nesse grupo interessa a todos os brasileiros. É um passo
Ao contrário, indivíduos semelhantes geneticamente, importante para criar uma sociedade mais justa.
quando submetidos a forças seletivas distintas, podem (Propaganda do Ministério da Saúde. Brasil um país de
adquirir aparências diversas. Nos transplantes de órgãos, todos. Governo Federal, 2004.)
ninguém é louco de escolher um doador apenas por ser
fisicamente parecido ou por ter cabelo crespo como o do “A dependência do tabaco também aumenta as
receptor. desigualdades sociais porque muitos trabalhadores
Excluídos os gêmeos univitelinos, entre os 6 bilhões de fumantes, além de perderem a saúde, gastam com cigarros
seres humanos não existem dois indivíduos geneticamente o que poderia ser usado em alimentação e educação.”
idênticos. Dos 30 mil genes que formam nosso genoma, os Os tempos verbais assumem vários valores semânticos. Na
responsáveis pela cor da pele e pelo formato do rosto não passagem acima, a forma verbal “poderia” exprime:
passam de algumas dezenas. a) ação costumeira e habitual.
Como as combinações de genes maternos e paternos b) ação relativa ao passado.
admitem infinitas alternativas, teoricamente pode haver c) ação de suposição.
mais identidade genética entre dois estranhos do que d) ação definitiva.
entre primos consangüíneos; entre um negro brasileiro e e) ação de ordem ou pedido.
um branco argentino, do que entre dois negros sul-
africanos ou dois brancos noruegueses.
Dráuzio Varela. Folha de S. Paulo, 1º de abril de 2006. 143) (UFV-2005) Cair no vestibular é muito mais do que um
escritor menos-que-perfeito pode aspirar na vida.
No primeiro período do 5º parágrafo, o pretérito Escritores menos-que-perfeitos, caso você não saiba, são
imperfeito do indicativo é usado para indicar que os fatos aqueles que se negam a usar a forma sintética do mais-
a) eram permanentes. que-perfeito. Um escritor menos-que-perfeito jamais
b) aconteciam habitualmente. “fizera”, nunca “ouvira” e em hipótese nenhuma “falara”.

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E no Brasil, se você é um sujeito que “escrevera”, você é Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos
respeitado; mas, se você apenas “tinha escrito”, então próprios filhos.
você não é nada, e só cai no vestibular por engano. (...) Passou o tempo do balé, da cultura francesa e inglesa.
(FREIRE, Ricardo. Xongas. Época. São Paulo, 28 jun 2004.) Saíram do banco de trás e passaram para o volante das
próprias vidas. (...)
a) No texto, o autor distingue escritores menos-que- Deveríamos ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer,
perfeitos de escritores mais-que-perfeitos. Por que o autor para ouvir sua alma respirando conversas e confidências
se define como um escritor menos-que-perfeito? Que entre os lençóis da infância e os adolescentes cobertos
justificativa o autor teria para optar por uma forma verbal naquele quarto cheio de colagens, posters e agendas
coloquialmente mais simples? coloridas de pilot. (...)
b) “Cair no vestibular é muito mais do que um escritor No princípio, subiam a serra ou iam à casa de praia entre
menos-que-perfeito pode aspirar na vida.” embrulhos, comidas, engarrafamentos, natais, páscoas,
Explique o emprego do termo aspirar no fragmento acima. piscinas e amiguinhas. (...) Depois chegou à idade em que
subir para a casa de campo com os pais começou a ser um
144) (UFV-2005) Levando em consideração seus esforço, um sofrimento, pois era impossível largar a turma
conhecimentos lingüísticos, preencha CORRETAMENTE as aqui na praia e os primeiros namorados. (...) Agora é hora
lacunas abaixo, utilizando a forma adequada dos verbos de os pais nas montanhas terem a solidão que queriam,
entre parênteses. Faça as alterações necessárias: mas, de repente, exalarem contagiosa saudade daquelas
pestes.
a) Só com muita paixão é possível fazer o que mil exércitos O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O
não ________ (conseguir): conquistar Atenas. A Brasil neto é a hora do caminho ocioso e estocado, não exercido
Telecom parabeniza e agradece a seus atletas patrocinados nos próprios filhos, e que não pode morrer conosco. Por
por terem chegado a Atenas e ________ (poder) isto os avós são tão desmesurados e distribuem tão
proporcionar o sonho de vitória a todos os brasileiros. incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade
b) O filme O Dia depois de Amanhã retrata não só uma de reeditar o nosso afeto.
ficção, mas uma realidade do que será nosso planeta caso Por isto é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que
não ________ (haver) uma preocupação maior por parte elas cresçam.
dos governantes de se _________ (propor) a fazer uma SANT'ANA, Affonso Romano de. Antes que elas cresçam.
política de preservação ambiental, e não apenas ________ Diálogo Médico. S. Paulo, Ano 20, n. 5, p. 52, nov./dez.
(ter) ambições econômicas. 1994.

"E elas crescem, meio amestradas, vendo como redigimos


145) (Uneb-1997) Antes que elas cresçam nossas teses e nos doutoramos nos nossos erros."
Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos O trecho em destaque contém:
próprios filhos. É que as crianças crescem. Independentes 1) uma forma verbal flexionada no modo subjuntivo.
de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados, 2) duas formas nominais de gerúndio.
elas crescem sem pedir licença. Crescem como a inflação 3) três formas verbais flexionadas no plural.
independente do governo e da vontade popular. Entre os 4) quatro formas verbais no presente do indicativo.
estupros dos preços, os disparos dos discursos e o assalto 5) todas as formas verbais de 1ª conjugação.
das estações, elas crescem com uma estridência alegre e,
às vezes, com alardeada arrogância. 146) (Unicamp-2004) Em 28/11/2003, quando muito se
Mas não crescem todos os dias, de igual maneira: crescem, noticiava sobre a reforma ministerial, a Folha de S. Paulo
de repente. Um dia se assentam perto de você no terraço publicou uma matéria intitulada “Lula sugere que Walfrido
e dizem uma frase de tal maturidade, que você sente que e Agnelo ficam.”. Considerando as relações entre as
não pode mais trocar as fraldas daquela criatura. palavras que compõem o título da matéria, justifique o uso
Ela está crescendo num ritual de obediência orgânica e do verbo “ficar” no presente do indicativo.
desobediência civil. E você agora está ali, na porta da
discoteca esperando que ela não apenas cresça, mas
apareça. Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que 147) (UNICAMP-2006) Leia a seguinte passagem de Os Cus
saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos sobre as de Judas, de António Lobo Antunes:
ancas. Essas são as nossas filhas, em pleono cio, lindas Deito um centímetro mentolado de guerra na escova de
potrancas. dentes matinal, e cuspo no lavatório a espuma verde-
(...) Essas são as filhas que conseguimos gerar apesar dos escura dos eucaliptos de Ninda, a minha barba é a floresta
golpes dos ventos, das colheitas das notícias e das do Chalala a resistir ao napalm da gillete, um grande rumor
ditaduras das horas. E elas crescem, meio amestradas, de trópicos ensangüentados cresce-me nas vísceras, que
vendo como redigimos nossas teses e nos doutorados nos protestam.
nossos erros.

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(Antonio Lobo Antunes, Os cus de Judas. Rio de Janeiro: Sem que eu volte para lá;
Objetiva, 2003, p. 213.)
a) A que guerra se refere o narrador? Sem que desfrute os primores
b) Por que o narrador utiliza o presente do indicativo ao Que não encontro por cá;
falar sobre a guerra? Sem qu’inda aviste as palmeiras,
c) Que recurso estilístico ele utiliza para aproximar a Onde canta o Sabiá.
guerra de seu cotidiano? Cite dois exemplos. (Antônio Gonçalves Dias, Primeiros Cantos)

Na frase “Cada um tem o time que quiser”, da segunda


148) (Unifesp-2003) A questão a seguir baseia-se em duas tirinha, o verbo querer se apresenta conjugado:
tirinhas de quadrinhos, de Maurício de Sousa (1935-), e na a) no infinitivo impessoal.
“Canção do exílio”, de Gonçalves Dias (1823-1864). b) no modo subjuntivo, tempo pretérito imperfeito,
primeira pessoa do singular.
c) no modo indicativo, tempo futuro do pretérito, terceira
pessoa do singular.
d) no modo subjuntivo, tempo futuro, terceira pessoa do
singular.
e) no infinitivo pessoal, terceira pessoa do singular.

149) (Unifesp-2003) A questão a seguir toma por base a


primeira estrofe de “O menino da porteira”, de Teddy
Vieira (1922-1965) e Luís Raimundo (1916-), o Luisinho, e a
letra de “Meu bem-querer”, de Djavan (1949-).

O Menino da Porteira
Toda a vez que eu viajava
Pela estrada de Ouro Fino,
De longe eu avistava
A figura de um menino,
Que corria abri[r] a porteira
Depois vinha me pedindo:
- Toque o berrante, seu moço,
Canção do Exílio Que é p’ra mim ficá[ar] ouvindo.
(...) ...............................................
Minha terra tem palmeiras, (Luisinho, Limeira e Zezinha, 1955)
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam, Meu bem querer
Não gorjeiam como lá. Meu bem-querer
É segredo, é sagrado,
Nosso céu tem mais estrelas, Está sacramentado
Nossas várzeas têm mais flores, Em meu coração.
Nossos bosques têm mais vida, Meu bem-querer
Nossa vida mais amores. Tem um quê de pecado
Acariciado pela emoção.
Em cismar, sozinho, à noite, Meu bem-querer, meu encanto,
Mais prazer encontro eu lá; Tô sofrendo tanto, amor.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. E o que é o sofrer
Para mim, que estou
Minha terra tem primores, Jurado p’ra morrer de amor?
Que tais não encontro eu cá; (Djavan. Alumbramento. Emi-Odeon. 1980)
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá; Há certos verbos cujas flexões se desviam do paradigma de
sua conjugação. São considerados, por isso, irregulares.
Minha terra tem palmeiras, Alguns deles são: dar, estar, fazer, ser e ir. Na estrofe de
Onde canta o Sabiá. “O menino da porteira”, ocorrem verbos dessa natureza. A
Não permita Deus que eu morra, alternativa que os contém é

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a) “Toda vez que eu viajava” e “De longe eu avistava”. Se não leu, certamente ouviu alguém contar, e deve se
b) “De longe eu avistava” e “Que corria abri[r] a porteira”. lembrar do que aconteceu com os dois. Com os dois e com
c) “Que corria abri[r] a porteira” e “ - Toque o berrante, a serpente, é claro.
seu moço,” Conta a Bíblia que Adão e Eva viviam muito felizes no
d) “Que corria abri[r] a porteira” e “Que é p’ra mim ficá[r] Paraíso, onde só havia uma proibição: eles não podiam
ouvindo.” experimentar o gosto da maçã.
e) “Depois vinha me pedindo:” e “Que é p’ra mim ficá[r] Adão, mais obediente, bem que não queria comer a tal da
ouvindo”. maçã. Mas Eva falou tão bem dela, fez com que parecesse
tão gostosa, que o pobre coitado não resistiu.
150) (UNIFESP-2005) Senhor feudal Foi dar a primeira mordida e perder o lugar no Paraíso...
Se Pedro Segundo Se Eva vivesse hoje, seria uma ótima publicitária, uma
Vier aqui profissional de propaganda. Afinal, ela soube convencer
Com história Adão de que valia a pena pagar um preço tão alto por uma
Eu boto ele na cadeia. simples maçã.
Oswald de Andrade Mas, se a gente pensar bem, Eva não foi a primeira
publicitária.
A correlação entre os tempos verbais está correta em: Antes dela, houve uma outra, a serpente. Simbolizando o
a) Se Pedro Segundo viesse aqui com história eu botaria demônio, foi a serpente que criou, na mulher, o desejo de
ele na cadeia. experimentar o fruto proibido.
b) Se Pedro Segundo vem aqui com história eu botava ele E, assim, nasceu a propaganda.
na cadeia. (André Carvalho & Sebastião Martins. Propaganda.)
c) Se Pedro Segundo viesse aqui com história eu boto ele
na cadeia. A frase “... Deus disse: ‘Não deveis comer dele, não, nem
d) Se Pedro Segundo vinha aqui com história eu botara ele deveis tocar nele, para que não morrais.’ ”, em que há as
na cadeia. falas de Eva e de Deus no texto 1, em discurso indireto
e) Se Pedro Segundo vier aqui com história eu terei botado corresponde a
ele na cadeia. a) Deus disse que não se deve comer dele, nem se deve
tocar nele, para que não morríamos.
b) Deus disse que não devíamos comer dele, nem tocar
151) (UNIFESP-2004) TEXTO 1 nele, para que não morreremos.
... a serpente mostrava ser a mais cautelosa de todos os c) Deus disse que não devemos comer dele, nem devemos
animais selváticos do campo, que Jeová Deus havia feito. tocar nele, para não morrermos.
Assim, ela começou dizer à mulher: “É realmente assim d) Deus disse que não deveremos comer dele, nem
que Deus disse, que não deveis comer de toda árvore do deveremos tocar nele, para que não morrêssemos.
jardim?” A isso a mulher disse à serpente: “Do fruto das e) Deus disse que não devemos comer dele, nem tocar
árvores do jardim podemos comer. Mas quanto a comer nele, para que não morremos.
do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse:
‘Não deveis comer dele, não, nem deveis tocar nele, para
que não morrais.’ ” A isso a serpente disse à mulher: 152) (UNIFESP-2007) Entrevista de Adélia Prado, em O
“Positivamente não morrereis. Porque Deus sabe que, no coração disparado
mesmo dia que em que comerdes dele, forçosamente se
abrirão os vossos olhos e forçosamente sereis como Deus, Um homem do mundo me perguntou:
sabendo o que é bom e o que é mau.” O que você pensa de sexo?
Conseqüentemente, a mulher viu que a árvore era boa Uma das maravilhas da criação, eu respondi.
para alimento e que era algo para os olhos anelarem, sim, Ele ficou atrapalhado, porque confunde as coisas
a árvore desejável para se contemplar. De modo que E esperava que eu dissesse maldição,
começou a tomar do seu fruto e a comê-lo. Depois deu Só porque antes lhe confiara: o destino do homem é a
também dele a seu esposo, quando estava com ela, e ele santidade.
começou a comê-lo. Abriram-se então os olhos e
começaram a perceber que estavam nus. Por isso coseram Assinale a alternativa em que a frase do segundo
folhas de figueira e fizeram para si coberturas para os quadrinho está corretamente expressa na primeira pessoa
lombos. do plural.
(Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas.) a) E se nós se concentrarmos em sexo e virmos como o
organismo reage?!
TEXTO 2 b) E se nós nos concentrar em sexo e vir como o organismo
Você já ouviu a história de Adão e Eva? reage?!

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c) E se nós nos concentrarmos em sexo e virmos como o olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele
organismo reage?! interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
d) E se nós nos concentrarmos em sexo e vermos como o - Continue, disse eu acordando.
organismo reage?! - Já acabei, murmurou ele.
e) E se nós se concentrarmos em sexo e vermos como o - São muito bonitos.
organismo reage?! Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas
não passou do gesto; estava amuado.
No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e
153) (UNIFESP-2007) Leia o poema de Bocage acabou alcunhando-me “Dom Casmurro”. Os
vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e
Olha, Marília, as flautas dos pastores calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por
Que bem que soam, como estão cadentes! isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes:
Os Zéfiros brincar por entre flores? “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” “ ___ Vou
Vê como ali, beijando-se, os Amores para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da
Incitam nossos ósculos ardentes! Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai
Ei-las de planta em planta as inocentes, lá passar uns quinze dias comigo.” “___ Meu caro Dom
As vagas borboletas de mil cores. Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã;
Naquele arbusto o rouxinol suspira, venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-
Ora nas folhas a abelhinha pára, lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.”
Ora nos ares, sussurrando, gira: Não consultes dicionários. “Casmurro” não está aqui no
Que alegre campo! Que manhã tão clara! sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira, homem calado e metido consigo. “Dom” veio por ironia,
Mais tristeza que a morte me causara. para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar
cochilando! Também não achei melhor título para a minha
Leia os versos e analise as considerações sobre as formas narração ___ se não tiver outro daqui até ao fim do livro,
verbais neles destacadas. vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que
I. Olha, Marília, as flautas dos pastores... — Como o não lhe guardo ranço. E com pequeno esforço, sendo o
eulírico faz um convite à audição das flautas dos pastores, título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que
poderia ser empregada a forma Ouça, no lugar de Olha. apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.
II. Vê como ali, beijando-se, os Amores... — A forma
a a
verbal, no imperativo, expressa um convite do eu-lírico Numere a 2 coluna de acordo com a 1 .
para que a amada se delicie, junto a ele, com o belo I. “...encontrei num trem da Central um rapaz aqui
cenário. do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu.”
III. Mas ah! Tudo o que vês... — A forma verbal, II. “Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos
também no imperativo, sugere que, neste ponto do reclusos e calados, deram curso à alcunha....”
poema, a amada já viu tudo o que o seu amado lhe III. “Há livros que apenas terão isso dos seus
mostrou. autores...”
Está correto o que se afirma apenas em IV. “...estava amuado...”
a) I.
b) II. ( ) o tempo verbal está sendo utilizado para denotar uma
c) III. declaração que ocorre no momento em que se fala.
d) I e II. ( ) o tempo verbal está sendo usado para denotar uma
e) I e III. ação em curso no passado.
( ) o tempo verbal está sendo usado para indicar um fato
consumado.
154) (UNIUBE-2002) A questão abaixo refere-se ao texto ( ) o tempo verbal está sendo usado para denotar um fato
retirado de “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, provável, posterior ao momento em que se fala.
transcrito abaixo. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a seqüência
correta.
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, a) II, I, IV, III
encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, b) II, IV, I, III
que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, c) I, III, IV, II
sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e d) III, II, I, IV
acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os
versos pode ser que não fossem inteiramente maus.
Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os

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155) (Vunesp-2002) INSTRUÇÃO: A questão abaixo toma como a outra, imensas nas dificuldades, responsabilidades
por base as primeiras quatro estrofes da Canção do e utilidades.
Tamoio, do poeta romântico Antônio Gonçalves Dias Se cada um de vós meter bem a mão na consciência, certo
(1823-1864), um trecho da Oração aos Moços, de Rui que tremerá da perspectiva. O tremer próprio é dos que se
Barbosa de Oliveira (1849-1923), e o Hino do Deputado, defrontam com as grandes vocações, e são talhados para
do poeta modernista Murilo Monteiro Mendes (1901- as desempenhar. O tremer, mas não o descorçoar. O
1975). tremer, mas não o renunciar. O tremer, com o ousar. O
tremer, com o empreender. O tremer, com o confiar.
Canção do Tamoio Confiai, senhores. Ousai. Reagi. E haveis de ser bem
sucedidos. Deus, pátria e trabalho. Metei no regaço essas
I três fés, esses três amores, esses três signos santos. E
Não chores, meu filho; segui, com o coração puro. Não hajais medo a que a sorte
Não chores, que a vida vos ludibrie. [...]
É luta renhida: Idealismo? Não: experiência da vida. Não há forças, que
Viver é lutar. mais a senhoreiem, do que essas. Experimentai-o, como eu
A vida é combate, o tenho experimentado. Poderá ser que resigneis certas
Que os fracos abate, situações, como eu as tenho resignado. Mas meramente
Que os fortes, os bravos, para variar de posto, e, em vos sentindo incapazes de uns,
Só pode exaltar. buscar outros, onde vos venha ao encontro o dever, que a
Providência vos haja reservado.
II (BARBOSA, Rui. Oração aos moços[discurso de paraninfo
Um dia vivemos! dos formandos da Faculdade de Direito de S.Paulo, em
O homem que é forte 1920]. Rio de Janeiro: Casa de Rui Barbosa, 1956, p. 58-59.)
Não teme da morte;
Só teme fugir; Hino do Deputado
No arco que entesa
Tem certa uma presa, Chora, meu filho, chora.
Quer seja tapuia, Ai, quem não chora não mama,
Condor ou tapir. Quem não mama fica fraco,
Fica sem força pra vida,
III A vida é luta renhida,
O forte, o cobarde Não é sopa, é um buraco.
Seus feitos inveja Se eu não tivesse chorado
De o ver na peleja Nunca teria mamado,
Garboso e feroz; Não estava agora cantando,
E os tímidos velhos Não teria um automóvel,
Nos graves concelhos, Estaria caceteado,
Curvadas as frontes, Assinando promissória,
Escutam-lhe a voz! Quem sabe vendendo imóvel
A prestação ou sem ela,
IV Ou esperando algum tigre
Domina, se vive; Que talvez desse amanhã,
Se morre, descansa Ou dando um tiro no ouvido,
Dos seus na lembrança, Ou sem olho, sem ouvido,
Na voz do porvir. Sem perna, braço, nariz.
Não cures da vida! Chora, meu filho, chora,
Sê bravo, sê forte! Anteontem, ontem, hoje,
Não fujas da morte, Depois de amanhã, amanhã.
Que a morte há de vir! Não dorme, filho, não dorme,
(GONÇALVES DIAS, Antônio. Obras Poéticas.Tomo II. São Se você toca a dormir
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1944, p. 42-43.) Outro passa na tua frente,
Carrega com a mamadeira.
Oração aos Moços Abre o olho bem aberto,
Abre a boca bem aberta,
Magistrados ou advogados sereis. Suas duas carreiras Chore até não poder mais.
quase sagradas, inseparáveis uma da outra, e, tanto uma

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(MENDES, Murilo. História do Brasil, XLIII. In: Poesia
completa e prosa. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, Índia da pele morena,
1994, p. 177-178.) Sua boca pequena
Eu quero beijar.
Nos três textos apresentados identifica-se a presença
relevante da função conativa da linguagem, como se pode Índia, sangue tupi,
verificar formalmente pelo emprego de numerosos verbos Tem o cheiro da flor;
no modo imperativo. Em Canção do Tamoio e Hino do Vem, que eu quero lhe dar,
Deputado, uma personagem aconselha outra a assumir Todo o meu grande amor.
certos comportamentos; em Oração aos Moços, o próprio Quando eu for embora para bem distante,
orador faz aconselhamento a seus discípulos. Releia os três E chegar a hora de dizer-lhe adeus,
textos com atenção e, a seguir, Fica nos meus braços só mais um instante,
a) aponte a diferença existente entre os trechos da Canção Deixa os meus lábios se unirem aos seus.
do Tamoio e da Oração aos Moços, no que diz respeito à
flexão dos verbos no modo imperativo; Índia, levarei saudade
b) reescreva o verso 29 do poema Hino do Deputado, Da felicidade
fazendo com que o verbo "chorar" se flexione na mesma Que você me deu.
pessoa em que está flexionado o verbo "abrir", nos versos Índia, a sua imagem,
27 e 28. Sempre comigo vai;
entro do meu coração,
156) (Vunesp-1998) INSTRUÇÃO: Flor do meu Paraguai!
As questões se baseiam nos parágrafos iniciais do romance
Iracema, de José de Alencar (1829-1877), na letra da in: Sucessos Inesquecíveis de Cascatinha e Inhana. LP
guarânia Índia, escrita em Língua Portuguesa pelo cantor, 0.34.405.432, Phonodisc, 1987.
poeta e dramaturgo popular José Fortuna (1923-1983) e na
letra de A Índia e o Traficante, realizada pelo escritor A ÍNDIA E O TRAFICANTE
contemporâneo Luiz Carlos Góes. Eduardo Dusek / Luiz Carlos Góes

IRACEMA Noite malandra, um luar de espelho,


Além, muito além daquela serra, que ainda azula no No meio da terra a índia colhe o brilho,
horizonte, nasceu Iracema. Som de suor, cheirada musical,
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos
mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu Palmeira que se verga em meio ao vendaval.
talhe de palmeira. Sentia macia floresta,
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a Bolívia, montanha, seresta...
baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o Índia guajira já colheu sua noite
sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira Volta para a tribo meio injuriada,
tribo, da grande nação Tabajara. O pé grácil e nu, mal Uma figueira numa encruzilhada
roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra
com as primeiras águas. Felina, um olho de paixão danada,
(...) Era Leão, famoso traficante,
Iracema saiu do banho: o aljôfar d'água ainda a roreja, Um outdoor, bandido elegante,
como à doce mangaba que corou em manhã de chuva.
Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas Que a levou para um apart-hotel
de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no Que tem em Cuiabá.
galho próximo, o canto agreste.
ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Saraiva, 1956, p. Índia, na estrada, largou a tribo
13. Comprou um vestido, aprendeu a atirar,
Índia virada, alucinada pelo cara-pálida do Pantanal,
ÍNDIA Índia guajira e o traficante
J.A.Flores/M.O.Guerrero/José Fortuna Loucos de amor, trocavam o seu mel,

Índia, seus cabelos nos ombros caídos, Era um amor tipo 45,
Negros como a noite que não tem luar; E tiroteios rasgando o vestido,
Seus lábios de rosa para mim sorrindo Em quartos de motel.
E a doce meiguice desse seu olhar.

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Explode o amor, adiós para o pudor,
Guajira e o traficante passam a escancarar, Tirem-me daqui a metafísica!
Rolam papéis, nos bares, nos bordéis, Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem
Os dois de Bonnie and Clyde, assunto dos cordéis, conquistas
Maíra, pivete, amazônia, Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) -
Esqueceu Tupã, a sem-vergonha... Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Dentro de um Cessna, bebendo champagne Que mal fiz eu aos deuses todos?
Leão e seu bando a fazem sua chefona,
Índia fichada, retrata falada, Se têm a verdade, guardem-na!
A loto esperada pelos federais,
Mas ela gosta de fotografia Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
E vira capa dos jornais do dia,
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Enquanto espera uma tonelada da pura alegria. Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Índia, sujeira, foi dedurada
Por um sertanista que era amigo seu, Não me macem, por amor de Deus!
Índia traída - "mim tô passada" -
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Ela lamentava num mal português, Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer
A Índia, deu um ganho, num Landau negro, coisa?
Chapa oficial, que era da Funai, Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Passou batido pela fronteira, Assim, como sou, tenham paciência!
Uma rajada de metralhadora... Vão para o diabo sem mim,
Morta no Paraguai! Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Dusek na Sua. LP 829218-1, PolyGram, 1986. Para que havemos de ir juntos?

De acordo com a gramática normativa, a guarânia Índia Não me peguem no braço!


apresentaria "erros" de concordância verbal. Revelando Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
forte presença do registro informal da linguagem e sua Já disse que sou sozinho!
espontaneidade, formas de tratamento em segunda e Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
terceira pessoas se mesclam no mesmo contexto, com
vistas a um efeito estilístico de aproximação entre as Ó céu azul - o mesmo da minha infância -
personagens. Tomando como modelo a concordância Eterna verdade vazia e perfeita!
estabelecida na primeira estrofe, releia cuidadosamente o Ó macio Tejo ancestral e mudo,
texto e, a seguir: Pequena verdade onde o céu se reflete!
a) identifique os versos que configurariam "erros" de Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
concordância verbal, na terceira estrofe; Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
b) reescreva os mesmos versos identificados no item a, de
acordo com o que estabelece a gramática normativa. Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar
157) (Vunesp-2003) As questão abaixo toma por base o sozinho!
poema Lisbon Revisited, do heterônimo Álvaro de Campos (Fernando Pessoa, Ficções do Interlúdio/4: poesias de
do poeta modernista português Fernando Pessoa (1888- Álvaro de Campos)
1935), e a letra da canção Metamorfose Ambulante, do
cantor e compositor brasileiro Raul Seixas (1945-1989). Metamorfose Ambulante
Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Lisbon Revisited Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
(1923) Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Não: não quero nada. Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Já disse que não quero nada.
Eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes
Não me venham com conclusões! Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
A única conclusão é morrer. Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Não me tragam estéticas! Sobre o que é o amor
Não me falem em moral! Sobre que eu nem sei quem sou

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Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou (...)
Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor Chega mais perto e contempla as palavras.
Lhe tenho amor Cada uma
Lhe tenho horror tem mil faces secretas sob a face neutra
Lhe faço amor e te pergunta, sem interesse pela resposta
eu sou um ator… pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
É chato chegar a um objetivo num instante (Carlos Drummond de Andrade)
Eu quero viver nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Nos fragmentos do poema, há vários verbos empregados
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo na 2.a pessoa do modo imperativo, pressupondo o sujeito
tu.
Sobre o que é o amor a) Transcreva esses verbos.
Sobre que eu nem sei quem sou b) Ponha os verbos transcritos, na 3.a pessoa, pressupondo
Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou o sujeito você.
Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor 159) (Vunesp-2005) O Cabeleira
Lhe tenho horror Eles atravessaram a vau o rio, e foram ter à graciosa
Lhe faço amor habitação (de Felisberto), que no meio daquele deserto
eu sou um ator… atestava a existência de uma civilização rudimentar no
lugar onde havia caído, sem tentativa de proveito para a
Eu vou desdizer aquilo tudo que eu lhe disse antes sociedade que o sucedera, o gentilismo guarani digno de
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante melhor sorte.
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Do alto onde fora construída a habitação via-se o rio que
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo corria na distância de umas dezenas de braças, e
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo desaparecia por entre umas lajes brancas no rumo de
Do que ter aquela velha velha velha velha opinião formada leste; do lado do ocidente mostravam-se as lavouras de
sobre tudo… Felisberto desde as proximidades da casa até onde a vista
Do que ter aquela velha velha opinião formada sobre alcançava.
tudo… Felisberto aplicava-se quase exclusivamente à cultura da
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo… roça. No perímetro de vinte léguas em derredor era o
(Raul Seixas, Os grandes sucessos de Raul Seixas) lavrador que desmanchava mais mandioca, que competia
no mercado do Recife com a farinha de Moribeca, já então
Atentando para o fato de que a função conativa da afamada. Havia anos em que ele mandava para o Recife
linguagem é orientada para o destinatário da mensagem, cerca de duzentos alqueires.
a) identifique o modo verbal que, insistentemente Um negro, uma negra, duas negrotas e três molecotes
empregado pelo eu-poemático, torna muito intensa a filhos dos dois primeiros faziam prodígios de valor na
orientação para o destinatário no poema de Fernando cultura das terras. Amanheciam no cabo da enxada e só se
Pessoa; recolhiam quando faltava uma braça para o Sol se
b) considerando que, no verso de número 12, Raul Seixas, esconder no horizonte. Estes escravos viviam porém felizes
adotando o uso popular, empregou os pronomes te e lhe tanto quanto é possível viver feliz na escravidão. Não lhes
para referir-se a uma mesma pessoa, apresente duas faltava que comer e que vestir. Dormiam bem, e nos
alternativas que teria o poeta para escrever esse verso domingos trabalhavam nos seus roçados. Em algum dia
segundo a norma culta. grande faziam seu batuque, ao qual concorriam os negros
das vizinhanças.Resolução
158) (Vunesp-2003) Texto para a questão a seguir. Quando Felisberto se casou com a filha de Lourenço
Ribeiro, mestre de açúcar do engenho Curcuranas, teve a
Procura da Poesia feliz idéia de ir estabelecer-se naquele sítio que comprara
Não faças versos sobre acontecimentos, com algumas economias que lhe legara um tio que vivera
Não há criação nem morte perante a poesia. de arrematar dízimos de gado. Essas economias deram-lhe
Diante dela, a vida é um sol estático, também para comprar duas moradinhas de casas e o negro
não aquece nem ilumina. André. Com a negra Maria, que a mulher lhe trouxera em
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não dote, casou Felisberto o seu negro, na esperança de que
contam. em poucos anos a família escrava estaria aumentada, e por
(...) conseguinte aumentada também a fortuna do casal. Essa
Penetra surdamente no reino das palavras. esperança foi brilhantemente confirmada.

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(...) b) reescreva o segundo período desse último parágrafo do
Frutos do trabalho honesto e esforçado, o qual é sempre texto mencionado, flexionando os verbos no pretérito
favorecido pela Providência, não tinham sido de todo mais-que-perfeito.
destruídos pela grande seca os roçados do Felisberto. Ele
já enumerava muitos prejuízos, mas olhando em torno de
si via ainda muito com que contar na tremenda crise que 160) (VUNESP-2006) Se os seus dotes culinários equivalem
reduzira o geral da população da província a extrema a seus conhecimentos sobre química e física, das duas,
penúria. uma: ou está na hora de colocá-los em prática — juntos —
(Franklin Távora, O Cabeleira. 1ª- edição: 1876.) ou de aprender — e misturar — os três. Unir essas
Vidas Secas diferentes áreas do conhecimento é a proposta de uma
A vida na fazenda se tornara difícil. Sinhá Vitória benzia-se nova forma de preparo de alimentos, a “gastronomia
tremendo, manejava o rosário, mexia os beiços rezando molecular”, nome criado pelos cientistas Hervé This e
rezas desesperadas. Encolhido no banco do copiar, Fabiano Nicholas Kurti. O termo deu origem ao título de um livro
espiava a catinga amarela, onde as folhas secas se sobre o tema, lançado nos Estados Unidos no começo do
pulverizavam, trituradas pelos redemoinhos, e os ano e ainda não publicado no Brasil.
garranchos se torciam, negros, torrados. No céu azul as Pode parecer assustador misturar culinária com duas áreas
últimas arribações tinham desaparecido. Pouco a pouco os tantas vezes temidas e odiadas, mas trata-se de uma ótima
bichos se finavam, devorados pelo carrapato. E Fabiano maneira para descobrir que, por trás de cada ovo cozido
resistia, pedindo a Deus um milagre. borrachento e outros desastres corriqueiros, existe uma
Mas quando a fazenda se despovoou, viu que tudo estava explicação científica. E que, entendendo um, pode-se
perdido, combinou a viagem com a mulher, matou o evitar o outro. Mais que a preocupação com a composição
bezerro morrinhento que possuíam, salgou a carne, largou- e estrutura dos alimentos (área de estudo conhecida como
se com a família, sem se despedir do amo. Não poderia “ciência gastronômica”), a gastronomia molecular lida com
nunca liquidar aquela dívida exagerada. Só lhe restava as transformações culinárias e os fenômenos sensoriais
jogar-se ao mundo, como negro fugido. associados ao paladar.
Saíram de madrugada. (...)
Desceram a ladeira, atravessaram o rio seco, tomaram Uma das formas de um texto se constituir como tal está no
rumo para o Sul. Com a fresca da madrugada, andaram emprego de uma rede de termos de uma mesma área, que
bastante, em silêncio, quatro sombras no caminho estreito ajudam a identificar e a fixar o tema. Admitindo que, no
coberto de seixos miúdos - os meninos à frente, fragmento transcrito, é possível observar essa
conduzindo trouxas de roupas, Sinhá Vitória sob o baú de característica, instaurada por meio do uso de vocábulos
folha pintada e a cabaça de água, Fabiano atrás de facão relacionados à culinária (alimentos, dotes culinários,
de rasto e faca de ponta, a cuia pendurada por uma correia preparo, paladar),
amarrada ao cinturão, o aió a tiracolo, a espingarda de a) identifique um verbo, repetido nos dois parágrafos do
pederneira num ombro, o saco da matalotagem no outro. texto, o qual é normalmente utilizado na área de culinária;
Caminharam bem três léguas antes que a barra do b) explique qual o conceito que geralmente se tem de
nascente aparecesse. física e química, segundo o enunciador do texto.
Fizeram alto. E Fabiano depôs no chão parte da carga,
olhou o céu, as mãos em pala na testa. Arrastara-se até ali
na incerteza de que aquilo fosse realmente mudança. 161) (VUNESP-2007) Um velho
Retardara-se e repreendera os meninos, que se – Por que empalideces, Solfieri? – A vida é assim. Tu o
adiantavam, aconselhara-os a poupar forças. A verdade é sabes como eu o sei. O que é o homem? É a escuma que
que não queria afastar-se da fazenda. A viagem parecia - ferve hoje na torrente e amanhã desmaia, alguma coisa de
lhe sem jeito, nem acreditava nela. Preparara-a louco e movediço como a vaga, de fatal como o sepulcro!
lentamente, adiara-a, tornara a prepará-la, e só se O que é a existência? Na mocidade é o caleidoscópio das
resolvera a partir quando tudo estava definitivamente ilusões, vive-se então da seiva do futuro. Depois
perdido. Podia continuar a viver num cemitério? Nada o envelhecemos: quando chegamos aos trinta anos e o suor
prendia àquela terra dura, acharia um lugar menos seco das agonias nos grisalhou os cabelos antes do tempo e
para enterrar-se. murcharam, como nossas faces, as nossas esperanças,
(Graciliano Ramos, Vidas Secas. 1ª- edição: 1938.) oscilamos entre o passado visionário e este amanhã do
No último parágrafo de Vidas Secas, depois de empregar velho, gelado e ermo – despido como um cadáver que se
três verbos no pretérito perfeito, o enunciador utiliza uma banha antes de dar à sepultura! Miséria! Loucura!
sucessão de verbos flexionados no pretérito mais-que- – Muito bem! Miséria e loucura! – interrompeu uma voz.
perfeito. Com base nessa constatação, O homem que falara era um velho. A fronte se lhe
a) explique a diferença de emprego entre esses dois descalvara, e longas e fundas rugas a sulcavam: eram as
tempos verbais e sua importância para o texto; ondas que o vento da velhice lhe cavara no mar da vida...
Sob espessas sobrancelhas grisalhas lampejavam-lhe olhos

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pardos e um espesso bigode lhe cobria parte dos lábios. O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido
Trazia um gibão negro e roto e um manto desbotado, da o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela
mesma cor, lhe caía dos ombros. levava no saco era areia.
– Quem és, velho? – perguntou o narrador. Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
– Passava lá fora, a chuva caía a cântaros, a tempestade – Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos
era medonha, entrei. Boa noite, senhores! Se houver mais de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro.
uma taça na vossa mesa, enchei-a até às bordas e beberei Ninguém me tira da cabeça que a senhora é
convosco. contrabandista.
– Quem és? – Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia
– Quem sou? Na verdade fora difícil dizê-lo: corri muito tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
mundo, a cada instante mudando de nome e de vida. (...) – – Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não
Quem eu sou? Fui um poeta aos vinte anos, um libertino dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas
aos trinta – sou um vagabundo sem pátria e sem crenças a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a
aos quarenta. senhora está passando por aqui todos os dias?
– O senhor promete que não “espáia”? – quis saber a
A linguagem do fragmento, a qual reflete o estilo velhinha.
romântico, caracteriza-se por um léxico típico, às vezes por – Juro – respondeu o fiscal.
um tratamento em segunda pessoa e por uma sintaxe – É lambreta.
peculiar. Com base nessa reflexão, aponte um segmento (Primo Altamirando e Elas.)
de Um velho em que há inversão na ordem sujeito-verbo.
Reescreva o seguinte trecho, passando o verbo que está no O texto explora bastante um estilo coloquial, informal,
imperativo para a terceira pessoa do plural e fazendo as marcado por um uso deliberado de gíria e expressões
adequações de concordância necessárias: Se houver mais distensas (tudo malandro velho, muamba, manjo, pra
uma taça na vossa mesa, enchei-a até às bordas e beberei burro, diz que era, pra ela, chateou ). Entretanto, em
convosco. certas passagens, o enunciador emprega um vocabulário
mais formal, imprevisível e em contraste com as
características gerais do texto. Admitindo essas premissas,
162) (VUNESP-2007) A velha contrabandista identifique um substantivo, usado no texto, que
representa essa quebra de expectativa, em virtude de seu
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. caráter mais formal e tenso. Além disso, comente por que
Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, o tempo pretérito mais-que-perfeito do verbo “adquirir”
com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da também reflete um emprego inusitado, quando
Alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar considerado o todo textual.
da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o
fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e 163) (Covest-1997) Preencha os espaços com os
então o fiscal perguntou assim pra ela: substantivos correspondentes aos verbos indicados entre
– Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo parênteses:
dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse I. A ________(PERSUADIR) é necessária no jogo
saco? argumentativo.
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam II. O cinema é uma das mais populares formas
e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e de___________ (ENTRETER).
respondeu: III. A________ (DENUNCIAR) do Procurador foi acatada.
– É areia! IV. O seqüestrador conseguiu o resgate
Aí quem riu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma mediante___________ (EXTORQUIR)
e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o V. A_________(DELINQÜIR) infanto-juvenil é um dos
saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e lá só problemas das grandes cidades.
tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que
fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, 164) (Covest-1997) Reescreva a frase abaixo na VOZ
com o saco de areia atrás. PASSIVA, passando para o PLURAL os substantivos
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha compostos (sublinhados):
passasse um dia com areia e no outro com muamba,
dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela O pesquisador capturou o peixe-boi e o gavião-do-mangue
passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou e transportou-os para a reserva biológica do IBAMA, a fim
parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco de reintegrá-los ao ambiente.
e ela respondeu que era areia, uai!

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165) (ETEs-2007) A poluição causada pelo som é um dos independência política, e do meu primeiro cativeiro
maiores problemas ambientais da vida moderna e se dá pessoal.
por meio do ruído, que é o som indesejado. Segundo a (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)
Organização Mundial da Saúde, o limite tolerável ao
ouvido humano é de 65 dB. Acima disso, nosso organismo A enumeração de substantivos expressa gradação
sofre estresse, o qual aumenta o risco de doenças. Com ascendente em
ruídos acima de 85 dB aumenta o risco de a) “menino mais gracioso, inventivo e travesso”.
comprometimento auditivo. Essa situação pode ser b) “trazia-o amimado, asseado, enfeitado”.
revertida aplicando-se as tecnologias de controle, que c) “gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou
desenvolvem produtos específicos, recursos para perseguir lagartixas”.
identificação e análise das fontes de ruído, objetivando a d) “papel de rei, ministro, general”.
previsão de sua redução por meio de programas de e) “tinha garbo (…), e gravidade, certa magnificência”.
simulação e o desenvolvimento de máquinas menos
ruidosas. 168) (Fuvest-1998) Segundo a ONU, os subsídios dos ricos
(Adaptado de: http://www.ambientebrasil.com.br prejudicam o Terceiro Mundo de várias formas:
acessado em: fev. 2007.) 1. mantêm baixos os preços internacionais, desvalorizando
Assinale a alternativa cujas palavras completam correta e as exportações dos países pobres;
respectivamente a frase a seguir. 2. excluem os pobres de vender para os mercados ricos;
O aparelho capaz de medir o nível de intensidade 3. expõem os produtores pobres à concorrência de
______________ é denominado ______________ e mede, produtos mais baratos em seus próprios países.
precisamente, áreas de ruídos e outros níveis de som. (Folha de S. Paulo, 02/11/97, E-12)
a) ruidosa – calorímetro
b) auditiva – multímetro Neste texto, as palavras sublinhadas rico e pobre
c) acústica – termômetro pertencem a diferentes classes de palavras, conforme o
d) sonora – decibelímetro grupo sintático em que estão inseridas.
e) melodiosa – velocímetro a) Obedecendo à ordem em que aparecem no texto,
identifique a classe a que pertencem, em cada ocorrência
sublinhada, as palavras rico e pobre.
b) Escreva duas frases com a palavra brasileiro,
166) (FGV-2002) Ao gado formado de vacas, chamamos empregando-a cada vez em uma dessas classes.
vacum. Aponte cada um dos adjetivos utilizados para
designar o gado formado de: 169) (Fuvest-2000) Cultivar amizades, semear empregos e
a) cabras; preservar a cultura fazem parte da nossa natureza.
b) ovelhas.
a) Explique o efeito expressivo que, por meio da seleção
lexical, se obteve nesta frase.
b) Reescreva a frase, substituindo por substantivos
167) (Fuvest-2004) Texto para a questão a seguir cognatos os verbos cultivar, semear e preservar, fazendo
também as adaptações necessárias.
Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha infância,
nunca em toda a minha vida, achei um menino mais 170) (FVG - SP-2007) Assinale a alternativa em que a flexão
gracioso, inventivo e travesso. Era a flor, e não já da escola, dos compostos esteja de acordo com a norma culta.
senão de toda a cidade. A mãe, viúva, com alguma cousa a) Leões-de-chácara, prontos-socorros, quartas-feiras,
de seu, adorava o filho e trazia-o amimado, asseado, guardas-noturnos.
enfeitado, com um vistoso pajem atrás, um pajem que nos b) Leões-de-chácaras, pronto-socorros, quartas-feira,
deixava gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou guarda-noturnos.
perseguir lagartixas nos morros do Livramento e da c) Leões-de-chácara, pronto-socorros, quartas-feiras,
Conceição, ou simplesmente arruar, à toa, como dous guardas-noturno.
peraltas sem emprego. E de imperador! Era um gosto ver o d) Leões-de-chácaras, prontos-socorros, quartasfeiras,
Quincas Borba fazer de imperador nas festas do Espírito guardas-noturnos.
Santo. De resto, nos nossos jogos pueris, ele escolhia e) Leões-de-chácara, pronto-socorros, quarta-feiras,
sempre um papel de rei, ministro, general, uma guardas-noturno.
supremacia, qualquer que fosse. Tinha garbo o traquinas, e
gravidade, certa magnificência nas atitudes, nos meneios.
Quem diria que… Suspendamos a pena; não adiantemos os 171) (IBMEC-2006) Me devolva o Neruda
sucessos. Vamos de um salto a 1822, data da nossa (que você nem leu)

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Quando o Chico Buarque escreveu o verso acima, ainda a) “E deixo aqui uns versinhos do Neruda para as minhas
não tinha o “que você nem leu”. A palavra Neruda - prêmio leitoras de 30 e 40 anos (e para todas):”
Nobel, chileno, de esquerda - era proibida no Brasil. Na b) “Eu matava o cara!”
sala da Censura Federal o nosso poeta negociou a c) “Mas a frase me veio à cabeça agora, porque eu gosto
proibição. E a música foi liberada quando ele acrescentou demais dela.”
o “que você nem leu”, pois ficava parecendo que ninguém d) “Quando o Chico Buarque escreveu o verso acima, ainda
dava bola para o Neruda no Brasil. Como eram burros os não tinha o ‘que você nem leu’.“
censores da ditadura militar! E coloca burro nisso!!! e) “No meio de uma separação, um dos cônjuges (me
Mas a frase me veio à cabeça agora, porque eu gosto desculpe a palavra) me solta esta...“
demais dela. Imagine a cena. No meio de uma separação,
um dos cônjuges (me desculpe a palavra) me solta esta:
me devolva o Neruda que você nem leu! Pense nisso. 172) (IBMEC-2006) Um homem de consciência
Pois eu pensei exatamente nisso quando comecei a “Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto
escrever esta crônica, que não tem nada a ver com o dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito
Chico, nem com o Neruda e, muito menos, com os apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João
militares. Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João
É que eu estou aqui para dizer um tchau. Um tchau breve Teodoro.
porque, se me aceitarem - você e o diretor da revista -, eu Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a
volto daqui a dois anos. Vou até ali escrever uma novela na ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer
Globo (o patrão vai continuar o mesmo) e depois eu volto. o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.
Esperando que você já tenha lido o Neruda. Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o
Mas aí você vai dizer assim: pó, escrever duas crônicas por deperecimento visível de sua Itaoca.
mês, fora a novela, o cara não consegue? O que é uma Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos
crônica? Uma página e meia. Portanto, três páginas por bem bons — agora só um e bem ruinzote. Já teve seis
mês e o cara me vem com esse papo de Neruda? advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário
Preguiçoso, no mínimo. como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por
Quando faço umas palestras por aí, sempre me perguntam aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho.
o que é necessário para se tornar um escritor. E eu sempre Decididamente, a minha Itaoca está se acabando…
respondo: talento e sorte. Entre os 10 e 20 anos, recebia João Teodoro entrou a incubar a idéia de também mudar-
na minha casa O Cruzeiro, Manchete e o jornal Última se, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o
Hora. E lá dentro eu lia (me invejem): Paulo Mendes convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha
Campos, Rubem Braga, Fernando Sabino, Millôr mais conserto ou arranjo possível.
Fernandes, Nelson Rodrigues, Stanislaw Ponte Preta, — É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que
Carlos Heitor Cony. E pensava, adolescentemente: quando tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada
eu crescer, vou ser cronista. de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.
Bem ou mal, consegui meu espaço. E agora, ao pedir de Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João
volta o livro chileno, fico pensando em como eu me Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia
sentiria se, um dia, um desses aí acima escrevesse que iria como se fosse uma porretada no crânio. Delegado ele! Ele
dar um tempo. Eu matava o cara! Isso não se faz com o que não era nada, nunca fora nada, não queria ser nada,
leitor (desculpe, minha amiga, não estou me colocando no não se julgava capaz de nada…
mesmo nível deles, não!) Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa
E deixo aqui uns versinhos do Neruda para as minhas seriíssima. Não há cargo mais importante. É homem que
leitoras de 30 e 40 anos (e para todas): prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai
Escuchas otras voces en mi voz dolorida à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser
Llanto de viejas bocas, sangre de viejas súplicas, delegado — e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de
Amame, compañera. No me abandones. Sigueme, Itaoca!…
Sigueme, compañera, en esa ola de angústia. João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite
Pero se van tiñendo con tu amor mis palabras em claro, pensando e arrumando as malas. Pela
Todo lo ocupas tú, todo lo ocupas madrugada botou-os num burro, montou no seu cavalo
Voy haciendo de todas un collar infinito magro e partiu.
Para tus blancas manos, suaves como las uvas. — Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de
Desculpe o mau jeito: tchau! armas e bagagens?
(Prata, Mario. Revista Época. São Paulo. Editora Globo, Nº- — Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que
324, 02 de agosto de 2004, p. 99) Itaoca chegou mesmo ao fim.
— Mas, como? Agora que você está delegado?
É exemplo de frase em que o sujeito é representado por — Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega
um substantivo sobrecomum: a delegado, eu não moro. Adeus.

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E sumiu.“ Nada disso quer dizer que os cientistas tenham descoberto
(Lobato, Monteiro. Cidades Mortas. São Paulo, Editora a fórmula mágica nem que tenha se tornado fácil descobrir
Brasiliense, 2004, 26ª- edição, p. 167-8) a própria felicidade. Olhando aqui de fora, até que David e
Aida parecem felizes com o resultado do trabalho que
Assinale o período que apresenta, respectivamente, fizeram. Agora, é esperar que esse resultado também
substantivo e adjetivo flexionados em grau. ajude você a se tornar mais feliz.
a) “Já teve três médicos bem bons — agora só um e bem (Gurovitz, Hélio. Revista ÉPOCA. Editora Globo, São Paulo.
ruinzote.” Número 412, 10 de abril de 2006, p. 6)
b) “Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa
seriíssima.” Sobre a palavra felicidade é correto afirmar que:
c) “Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não a) É um substantivo abstrato formado por derivação sufixal
dar o mínimo valor a si próprio.” e composto por dez letras e dez fonemas.
d) “O mais pacato e modesto dos homens.” b) É um substantivo derivado formado por derivação
e) “Pela madrugada botou-as num burro, montou no seu imprópria e composto por dez letras e cinco fonemas.
cavalo magro e partiu.” c) É um adjetivo formado por derivação imprópria e
composto por dez letras e dez fonemas.
d) É um adjetivo formado por derivação progressiva e
173) (IBMEC-2006) A busca da felicidade composta por dez letras e dez fonemas.
Ser feliz é provavelmente o maior desejo de todo ser e) É um substantivo comum formado por derivação
humano. Na prática, ninguém sabe definir direito a palavra parassintética e composto por dez letras e nove fonemas.
felicidade. Mas todos sabem exatamente o que ela
significa. Nos últimos tempos, psicólogos, neurocientistas e
filósofos têm voltado sua atenção de modo sistemático 174) (ITA-2002) Beber é mal, mas é muito bom.
para esse tema que sempre fascinou, intrigou e desafiou a (FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001,
humanidade. p. 28.)
As últimas conclusões a que eles chegaram são o tema de
uma densa reportagem escrita pelo redator-chefe de A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é:
ÉPOCA, David Cohen, em parceria com a editora Aida a) adjetivo.
Veiga. O texto, conduzido com uma dose incomum de bom b) substantivo.
humor, inteligência e perspicácia, contradiz várias noções c) pronome.
normalmente tidas como verdade pela maior parte das d) advérbio.
pessoas. A felicidade, ao contrário do que parece, não é e) preposição.
mais fácil para os belos e ricos.
A maioria dos prazeres ao alcance daqueles que possuem
mais beleza ou riqueza tem, segundo as pesquisas, um 175) (ITA-2003) Durante a Copa do Mundo deste ano, foi
impacto de curtíssima duração. Depois de usufruí-los, as veiculada, em programa esportivo de uma emissora de TV,
pessoas retornam a seu nível básico de satisfação com a a notícia de que um apostador inglês acertou o resultado
vida. Por isso, tanta gente parece feliz à toa, enquanto de uma partida, porque seguiu os prognósticos de seu
tantos outros não perdem uma oportunidade de reclamar burro de estimação. Um dos comentaristas fez, então, a
da existência. seguinte observação: “Já vi muito comentarista burro,mas
Mesmo quem passa por experiências de impacto decisivo, burro comentarista é a primeira vez.”
como ganhar na loteria ou perder uma perna, costuma Percebe-se que a classe gramatical das palavras se altera
voltar a seu estado natural de satisfação. Seria então a em função da ordem que elas assumem na expressão.
felicidade um dado da natureza, determinado Assinale a alternativa em que isso NÃO ocorre:
exclusivamente pelo que vem inscrito na carga genética? a) obra grandiosa
De acordo com os estudos, não é bem assim. Muitas b) jovem estudante
práticas vêm tendo sua eficácia comprovada para tornar a c) brasileiro trabalhador
vida mais feliz: ter amigos, ter atividades que exijam d) velho chinês
concentração e dedicação completas, exercer o controle e) fanático religioso
sobre a própria vida, ter um sentido de gratidão para com
as coisas ou pessoas boas que apareçam, cuidar da saúde, 176) (Mack-2007) Há exatamente dois anos, parei de
amar e ser amado. Uma das descobertas mais fascinantes fumar. Desde então, só fumei uns três charutos
dos pesquisadores é que parece não adiantar nada ir atrás incompletos. Em casamentos. E dos bons.
de todas as conquistas que, segundo julgamos, nos farão Depois de um ano, você é considerado um ex por muitos
mais felizes. Pelo contrário, é o fato de sermos mais felizes pneumologistas. A vontade passou. Você está com outra
que nos ajuda a conquistar o que desejamos. cara. A pele melhorou. O otimismo reacende. Você até

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acha que o Brasil tem jeito, que o pessoal reclama de d) Apenas I e II.
barriga cheia. Falando em barriga... e) Apenas III.
Você não se importa em engordar um pouquinho?
Marcelo Rubens Paiva
179) (UFSCar-2005) Tanta Tinta
Afirma-se, com correção, que: Ah! menina tonta,
a) o adjetivo bons (linha 02) só pode se referir a toda suja de tinta
casamentos, apesar de charutos ser outra forma no mal o sol desponta!
masculino e no plural presente no parágrafo. (Sentou-se na ponte,muito desatenta …
b) em uns três (linha 02), o termo destacado confere E agora se espanta:
precisão à quantificação apresentada. Quem é que a ponte pinta
c) exatamente (linha 01) pode ser substituído por com tanta tinta?…)
“corretamente”, sem alterar o sentido original. A ponte aponta
d) ex (linha 03) tem valor de substantivo, como em “O e se desaponta.
novo campeão cumprimentou o ex”. A tontinha tenta
e) até (linha 05) indica um limite físico extremo, como em limpar a tinta,
“Está envolvido, até o pescoço, em irregularidades”. ponto por ponto
e pinta por pinta …
Ah! a menina tonta
177) (UEL-1995) Assinale a letra correspondente à Não viu a tinta da ponte!
alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase (Cecília Meireles, Ou isto ou aquilo.)
apresentada.
Esse poema faz parte de uma coleção dedicada por Cecília
É nas ..... do Palácio que ocorrem, por motivos ....., as Meireles às crianças.
disputas do poder de influência sobre o Presidente. a) Cite um dos principais recursos estilísticos nele
a) antes-sala - quaisquer. utilizados.Exemplifique.
b) ante-salas - qualquer. b) A que classe de palavra pertence a palavra tontinha, no
c) antes-salas - quaisquer. texto? Cite uma de suas funções na construção desse
d) antes-salas - qualquer. texto.
e) ante-salas - quaisquer.
180) (UNICAMP-2006) Os quadrinhos a seguir fazem parte
178) (UEPB-2006) “Como agravante temos nessa região de um material publicado na Folha de S. Paulo em 17 de
pobre uma taxa de crescimento demográfico mais rápido agosto de 2005, relativo à crise política brasileira, que teve
do país e dificilmente igualada.” (Correio da Paraíba, início em maio do mesmo ano.
24/05/05)
A compreensão do fragmento acima está prejudicada
devido a uma ambigüidade na estrutura oracional,
provocada pela inadequada distribuição dos substantivos e
adjetivos em destaque no texto. Apresentamos, abaixo,
outras versões (de I a IV) para expressar a informação.
I. “Como agravante, temos, nessa região pobre do
país, uma alta taxa de crescimento demográfico,
dificilmente igualada.”
II. “Como agravante, temos nessa região pobre do
país um rápido crescimento demográfico, dificilmente
igualado.”
III. “Como agravante temos nessa região pobre uma
taxa de crescimento demográfico do pais mais rápido e
dificilmente igualada.”
IV. “Como agravante, temos nessa região pobre uma No quadrinho de Caco Galhardo, outras associações com a
taxa de crescimento demográfico mais rápida do país e crise política podem ser observadas.
dificilmente igualado.” a) “Vossa Excelência me permite um aparte” é uma
Indique a alternativa que contém a(s) versão(ões) que expressão típica de um espaço institucional. Qual é esse
expressa(m), claramente, a informação do texto: espaço e quais as palavras que permitem essa
a) Apenas II e IV. identificação?
b) Apenas I.
c) Apenas III e IV.

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b) A expressão ‘um aparte’ pode ser segmentada de outra
maneira. Qual a expressão resultante dessa segmentação? Sem que desfrute os primores
Explique o sentido de cada uma das expressões. Que não encontro por cá;
c) Levando em consideração as relações entre as imagens e Sem qu’inda aviste as palmeiras,
as palavras, explique como se constrói a interpretação do Onde canta o Sabiá.
quadrinho. (Antônio Gonçalves Dias, Primeiros Cantos)

Observe com atenção a segunda tirinha, na qual também


181) (Unifesp-2003) A questão a seguir baseia-se em duas há referências à “Canção do exílio”. Caso os balõezinhos
tirinhas de quadrinhos, de Maurício de Sousa (1935-), e na dessa tirinha não estivessem com todas as falas dos
“Canção do exílio”, de Gonçalves Dias (1823-1864). personagens escritas em letras maiúsculas, a palavra
palmeiras, que aparece em uma frase entre aspas, no
segundo quadrinho, deveria ser escrita
a) com inicial maiúscula, por se tratar de um substantivo
próprio, nome do famoso time brasileiro de futebol.
b) com inicial minúscula, por se tratar de um substantivo
comum, nome da planta referida por Gonçalves Dias, na
“Canção do exílio”.
c) com inicial maiúscula, por se tratar de um substantivo
comum, nome da planta referida por Gonçalves Dias.
d) com inicial minúscula, por se tratar de um substantivo
com valor de adjetivo, a designar um time brasileiro de
futebol.
e) com inicial minúscula, por se tratar de um substantivo
próprio, nome da planta referida na “Canção do exílio”.

182) (UNIFESP-2005) De gramática e de linguagem


E havia uma gramática que dizia assim:
“Substantivo (concreto) é tudo quanto indica
Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta”.
Eu gosto é das cousas. As cousas, sim!...
Canção do Exílio As pessoas atrapalham. Estão em toda parte. Multiplicam-
(...) se em excesso.
Minha terra tem palmeiras, As cousas são quietas. Bastam-se. Não se metem com
Onde canta o Sabiá; ninguém.
As aves, que aqui gorjeiam, Uma pedra. Um armário. Um ovo. (Ovo, nem sempre,
Não gorjeiam como lá. Ovo pode estar choco: é inquietante…)
As cousas vivem metidas com as suas cousas.
Nosso céu tem mais estrelas, E não exigem nada.
Nossas várzeas têm mais flores, Apenas que não as tirem do lugar onde estão.
Nossos bosques têm mais vida, E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.
Nossa vida mais amores. Para quê? não importa: João vem!
E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão.
Em cismar, sozinho, à noite, Amigo ou adverso... João só será definitivo
Mais prazer encontro eu lá; Quando esticar a canela. Morre, João...
Minha terra tem palmeiras, Mas o bom, mesmo, são os adjetivos,
Onde canta o Sabiá. Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.
Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. Luminoso.
Minha terra tem primores, Sonoro. Lento. Eu sonho
Que tais não encontro eu cá; Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos
Em cismar - sozinho, à noite - Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais.
Mais prazer encontro eu lá; Ainda mais:
Eu sonho com um poema
Minha terra tem palmeiras, Cujas palavras sumarentas escorram
Onde canta o Sabiá. Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Não permita Deus que eu morra, Um poema que te mate de amor
Sem que eu volte para lá; Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:

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Basta provares o seu gosto... tanto mais cuido que mente.
Então, vendo-lhe ofender
Para o poeta, a linguagem deve uns tais olhos como aqueles,
a) ser inquietante e misteriosa como um ovo que, quando deixo-me antes tudo crer,
choco, guarda sentidos desconhecidos. só pela não constranger
b) ser composta pelos substantivos concretos e pelos a jurar falso por eles.
adjetivos para assemelhar-se à linguagem das plantas e (CAMÕES, Luís de. Lírica. Belo Horizonte: Editora Itatiaia;
dos animais. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1982, p.
c) conseguir matar as pessoas que, como diz o poeta, 56-57.)
atrapalham. Por isso ele afirma: “Morre, João...”
d) excluir o amor, uma vez que esse sentimento a destitui Você só... mente
do verdadeiro e misterioso sentido abrigado nas palavras. Não espero mais você,
e) bastar-se a si mesma, pois há de conter a essência do Pois você não aparece.
sentido na sua constituição. Creio que você se esquece
Das promessas que me faz...
E depois vem dar desculpas
Inocentes e banais.
183) (UNIFESP-2004) Na frase que acompanha a imagem, É porque você bem sabe
os substantivos próprios que compõem a mensagem Que em você desculpo
indicam Muita coisa mais...
O que sei somente
a) referência indefinida ao animal e ao estilo de música, É que você é um ente
visto com reservas por boa parte do público. A informação Que mente inconscientemente,
equivale a Um acidente trágico tira a vida de uma égua. Mas finalmente,
b) informação como crítica à situação caótica do trânsito Não sei por que
nas cidades, levando à morte trágica um ídolo musical. Eu gosto imensamente de você.
Poderia ser redigida assim: Éguas são vítimas de trânsito
caótico. E invariavelmente,
c) metáfora do fim trágico de um estilo musical, bastante Sem ter o menor motivo,
discutido na mídia, equivalendo a Acidente trágico vitima Em um tom de voz altivo,
égua. Você, quando fala, mente
d) informação apresentada satiricamente a partir de um Mesmo involuntariamente.
elemento já conhecido, podendo ser redigida da seguinte Faço cara de contente,
forma: Acidente trágico mata a Égua Pocotó. Pois sua maior mentira
e) morte da Égua para representar a violência humana aos É dizer à gente
animais. A idéia equivale a O acidente trágico mata a Égua Que você não mente.
Pocotó.
O que sei somente
É que você é um ente
184) (Vunesp-2002) Trovas Que mente inconscientemente,
a uma dama que lhe jurara Mas finalmente,
sempre por seus olhos. Não sei por que
Quando me quer enganar Eu gosto imensamente de você.
a minha bela perjura, (In: Noel pela primeira vez. Coleção organizada por Miguel
para mais me confirmar Jubran. São Paulo: MEC/FUNARTE/VELAS, 2000, Vol. 4, CD
o que quer certificar, 7, faixa 01.)
pelos seus olhos mo jura.
Como meu contentamento Os homônimos homófonos e homógrafos, ou seja,
todo se rege por eles, vocábulos que apresentam a mesma pronúncia e a mesma
imagina o pensamento grafia, são comuns na Língua Portuguesa. No verso "pelos
que se faz agravo a eles seus olhos mo jura", o vocábulo jura é um verbo
não crer tão grão juramento. empregado como núcleo do predicado verbal; mas
podemos construir a frase "Ele quebrou sua jura e foi para
Porém, como em casos tais longe" em que o homônimo jura é empregado como
ando já visto e corrente, substantivo em função de núcleo do objeto direto. Com
sem outros certos sinais, base nesta informação, releia os dois poemas e, em
quanto me ela jura mais seguida,

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a) estabeleça a classe de palavra a que pertence "grão", no e aproximar-se, tanto quanto possível, da língua do
décimo verso do poema de Camões e escreva uma frase interior.
em que apareça um homônimo homófono e homógrafo Devo acrescentar que Rosa é um animalista notável:
dessa palavra; fervilham bichos no livro, não convenções de apólogo, mas
b) aponte o efeito expressivo, relacionado com o tema e irracionais, direitos exibidos com peladuras, esparavões e
com a rima, que o emprego de advérbios como somente, os necessários movimentos de orelha e de rabos. Talvez o
inconscientemente, etc., produz na letra de Noel Rosa. hábito de examinar essas criaturas haja aconselhado o
meu amigo a trabalhar com lentidão bovina.
185) (Vunesp-2003) INSTRUÇÃO: A questões abaixo toma Certamente ele fará um romance, romance que não lerei,
por base um fragmento da crônica Conversa de Bastidores, pois, se for começado agora, estará pronto em 1956,
do ficcionista brasileiro Graciliano Ramos (1892-1953), e quando os meus ossos começarem a esfarelar-se.
um trecho da narrativa O Burrinho Pedrês, do ficcionista (Graciliano Ramos, Conversa de bastidores. In: Linhas
brasileiro João Guimarães Rosa (1908-1967). tortas)

Conversa de Bastidores O Burrinho Pedrês


[…] […]
Em fim de 1944, Ildefonso Falcão, aqui de passagem, Nenhum perigo, por ora, com os dois lados da estrada
apresentou-me J. Guimarães Rosa, secretário de tapados pelas cercas. Mas o gado gordo, na marcha
embaixada, recém-chegado da Europa. contraída, se desordena em turbulências. Ainda não
- O senhor figurou num júri que julgou um livro meu em abaixaram as cabeças, e o trote é duro, sob vez de
1938. aguilhoadas e gritos.
- Como era o seu pseudônimo? - Mais depressa, é para esmoer?! - ralha o Major. - Boiada
- Viator. boa!...
- Ah! O senhor é o médico mineiro que andei procurando. Galhudos, gaiolos, estrelos, espácios, combucos, cubetos,
Ildefonso Falcão ignorava que Rosa fosse médico, mineiro lobunos, lompardos, caldeiros, cambraias, chamurros,
e literato. Fiz camaradagem rápida com o secretário de churriados, corombos, cornetos, bocalvos, borralhos,
embaixada. chumbados, chitados, vareiros, silveiros… E os tocos da
- Sabe que votei contra o seu livro? testa do mocho macheado, e as armas antigas do boi
- Sei, respondeu-me sem nenhum ressentimento. cornalão…
Achando-me diante de uma inteligência livre de - P’ra trás, boi-vaca!
mesquinhez, estendi-me sobre os defeitos que guardara na - Repele Juca… Viu a brabeza dos olhos? Vai com sangue
memória. Rosa concordou comigo. Havia suprimido os no cangote…
contos mais fracos. E emendara os restantes, vagaroso, - Só ruindade e mais ruindade, de em-desde o redemunho
alheio aos futuros leitores e à crítica. […] da testa até na volta da pá! Este eu não vou perder de
Vejo agora, relendo Sagarana (Editora Universal - Rio - olho, que ele é boi espirrador…
1946), que o volume de quinhentas páginas emagreceu Apuram o passo, por entre campinas ricas, onde pastam
bastante e muita consistência ganhou em longa e paciente ou ruminam outros mil e mais bois. Mas os vaqueiros não
depuração. Eliminaram-se três histórias, capinaram-se esmorecem nos eias e cantigas, porque a boiada ainda tem
diversas coisas nocivas. As partes boas se aperfeiçoaram: O passagens inquietantes: alarga-se e recomprime-se, sem
Burrinho Pedrês, A Volta do Marido Pródigo, Duelo, Corpo motivo, e mesmo dentro da multidão movediça há giros
Fechado, sobretudo Hora e Vez de Augusto Matraga, que estranhos, que não os deslocamentos normais do gado em
me faz desejar ver Rosa dedicar-se ao romance. Achariam marcha - quando sempre alguns disputam a colocação na
aí campo mais vasto as suas admiráveis qualidades: a vanguarda, outros procuram o centro, e muitos se deixam
vigilância na observação, que o leva a não desprezar levar, empurrados, sobrenadando quase, com os mais
minúcias na aparência insignificante, uma honestidade fracos rolando para os lados e os mais pesados tardando
quase mórbida ao reproduzir os fatos. Já em 1938 eu havia para trás, no coice da procissão.
atentado nesse rigor, indicara a Prudente de Morais - Eh, boi lá!… Eh-ê-ê-eh, boi!... Tou! Tou! Tou…
numerosos versos para efeito onomatopaico intercalados As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e
na prosa. […] touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na
A arte de Rosa é terrivelmente difícil. Esse antimodernista massa embolada, com atritos de couros, estralos de
repele o improviso. Com imenso esforço escolhe palavras guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado
simples e nos dá impressão de vida numa nesga de junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade
caatinga, num gesto de caboclo, uma conversa cheia de dos campos, querência dos pastos de lá do sertão…
provérbios matutos. “Um boi preto, um boi pintado,
O seu diálogo é rebuscadamente natural: desdenha o cada um tem sua cor.
recurso ingênuo de cortar ss, ll e rr finais, deturpar flexões, Cada coração um jeito
de mostrar o seu amor.”

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Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando… A partir da leitura dos dois trechos da carta, responda:
Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito… Vai,
vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando… a) A quem se referem os pronomes “ela” e “seu”?
“Todo passarinh’ do mato b) Quais as interpretações que podem ser feitas da palavra
tem seu pio diferente. “crédito” nos trechos da carta?
Cantiga de amor doído
não carece ter rompante…”. 188) (Faap-1997) AS POMBAS
Pouco a pouco, porém, os rostos se desempanam e os
homens tomam gesto de repouso nas selas, satisfeitos. Vai-se a primeira pomba despertada...
Que de trinta, trezentos ou três mil, só está quase pronta a Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
boiada quando as alimárias se aglutinam em bicho inteiro - De pombas vão-se dos pombais, apenas
centopeia -, mesmo prestes assim para surpresas más. Raia sangüínea e fresca a madrugada
(João Guimarães Rosa, O burrinho pedrês. In: Sagarana)
E à tarde, quando a rígida nortada
Muitas palavras podem atuar nas frases como Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas
representantes de diferentes classes e exercer, portanto, Ruflando as asas, sacudindo as penas,
diferentes funções sintáticas. Tendo em mente esta Voltam todas em bando e em revoada...
informação,
a) determine, com base em características formais da frase Também dos corações onde abotoam,
em que se encontra, a classe de palavras em que se Os sonhos, um por um, céleres voam
enquadra a palavra eias, empregada por Guimarães Rosa Como voam as pombas dos pombais;
no sétimo parágrafo do trecho citado;
b) considerando que, no quarto período do antepenúltimo No azul da adolescência as asas soltam,
parágrafo de seu texto, Graciliano Ramos representou três Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam
palavras visualmente por meio das letras dobradas rr, ll e E eles aos corações não voltam mais...
ss, reescreva esse período, substituindo tais letras (Raimundo Correia)
dobradas pelas palavras correspondentes.

186) (Vunesp-2003) Na morte dos rios "... um por um, CÉLERES voam" ou seja:
Desde que no Alto Sertão um rio seca, a) ... um por um, magoados voam.
a vegetação em volta, embora de unhas, b) ... um por um, dernorteados voam.
embora sabres, intratável e agressiva, c) ... um por um, velozes voam.
faz alto à beira daquele leito tumba. d) ... um por um, frustrados voam.
Faz alto à agressão nata: jamais ocupa e) ... um por um, cordiais voam.
o rio de ossos areia, de areia múmia.
(João Cabral de Melo Neto)
189) (FEI-1997) "Não é o homem um mundo pequeno que
João Cabral de Melo Neto pretendeu criar uma linguagem está dentro do mundo grande, mas é um mundo grande
para seus poemas que se afastasse um pouco da que está dentro do pequeno. Baste *por prova o coração
linguagem usual, por meio de pequenos desvios. Para isso, humano, que sendo uma pequena parte do homem,
empregou, às vezes, palavras fora das classes morfológicas excede na capacidade a toda a grandeza do mundo. (...) O
a que pertencem. mar, com ser um monstro,* indômito, chegando às areias,
a) Transcreva os fragmentos em que isso acontece. pára; as árvores, onde *as põem, não se mudam; os peixes
b) Identifique a classe original das palavras e a classe em contentam-se com o mar, as aves com o ar, os outros
que João Cabral as utilizou em seu poema. animais com a terra. Pelo contrário, o homem, monstro ou
quimera de todos os elementos, em nenhum lugar *pára,
187) (Vunesp-Ilha Solteira-2001) Determinada instituição com nenhuma fortuna se contenta, nenhuma ambição ou
bancária enviou aos seus clientes uma carta, na qual lhes apetite o falta: tudo confunde e como é maior que o
propõe uma linha de crédito pessoal para o Dia das Mães. mundo, não cabe nele".

Considere os seguintes trechos desse documento:


Observe as palavras indicadas no texto: "por" (ref. 1);
“Por ter feito de você esta grande pessoa, o crédito é todo "indômito" (ref. 2); "as" (ref. 3); "pára" (ref. 4). Assinale a
para ela.” alternativa que analise corretamente a classe gramatical
“Por tornar este Dia das Mães simplesmente inesquecível, destas palavras:
o crédito é todo seu.” a) verbo - substantivo - pronome - preposição.
b) preposição - substantivo - artigo - verbo.

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c) verbo - adjetivo - artigo - verbo. e) O mendigo carregava um fardo amarelado.
d) preposição - adjetivo - artigo - preposição.
e) preposição - adjetivo - pronome - verbo.
193) (FGV-2004) 1. Há palavras que ninguém
emprega. Apenas se
190) (FGV-2002) Um cachorro de maus bofes acusou uma 2. encontram nos dicionários como velhas
pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso. 3. caducas num asilo. Às vezes uma que outra se
- Para que furtaria eu esse osso - ela - se sou herbívora e 4. escapa e vem luzir-se desdentadamente, em
um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de pau? 5. público, nalguma oração de paraninfo. Pobres
- Não quero saber de nada. Você furtou o osso e vou levá- 6. velhinhas... Pobre velhinho!
la aos tribunais. QUINTANA, Mário. Triste História,em
E assim fez. Porta Giratória. São Paulo: Globo, 1988, p. 20.
Queixou-se ao gavião-de-penacho e pediu-lhe justiça. O
gavião reuniu o tribunal para julgar a causa, sorteando a) Quem são, no texto, as "pobres velhinhas"? E o "pobre
para isso doze urubus de papo vazio. velhinho"? (L. 5 e 6).
Comparece a ovelha. Fala. Defende-se de forma cabal, com b) Qual a diferença entre pobre velhinho e velhinho
razões muito irmãs das do cordeirinho que o lobo em pobre?
tempos comeu.
Mas o júri, composto de carnívoros gulosos, não quis saber
de nada e deu a sentença: 194) (Fuvest-1998) "É preciso agir, e rápido", disse ontem
- Ou entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte! o ex-presidente nacional do partido.
A ré tremeu: não havia escapatória!... Osso não tinha e não
podia, portanto, restituir; mas tinha vida e ia entregá-la em A frase em que a palavra sublinhada NÃO exerce função
pagamento do que não furtara. idêntica à de rápido é:
Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, espostejou-a,
reservou para si um quarto e dividiu o restante com os a) Como estava exaltado, o homem gesticulava e falava
juízes famintos, a título de custas… alto.
(Monteiro Lobato. Fábulas e Histórias Diversas) b) Mademoiselle ergueu súbito a cabeça, voltou-a pro
lado, esperando, olhos baixos.
a) Dê o superlativo absoluto sintético de pobre, em suas c) Estavam acostumados a falar baixo.
duas formas possíveis. d) Conversamos por alguns minutos, mas tão abafado que
b) Numa dessas formas, o superlativo absoluto sintético de nem as paredes ouviram.
pobre assume característica latina. Ofereça dois outros e) Sim, havíamos de ter um oratório bonito, alto, de
exemplos em que, de acordo com a norma culta, isso jacarandá.
ocorra.

195) (Fuvest-2002) Talvez pareça excessivo o escrúpulo do


Cotrim, a quem não souber que ele possuía um caráter
191) (FGV-2001) Assinale a alternativa gramaticalmente ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele
correta. durante os anos que se seguiram ao inventário de meu pai.
A) Na Aliança Lusa-brasileira, os porteiros usavam ternos Reconheço que era um modelo. Argüiam-no de avareza, e
azuis-marinhos e as recepcionistas, saias azuis-pavões. cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a
B) Na Aliança Luso-brasileira, os porteiros usavam ternos exageração de uma virtude e as virtudes devem ser como
cinzas-chumbos e as recepcionistas, saias verdes-olivas. os orçamentos: melhor é o saldo que o deficit. Como era
C) Na Aliança Luso-brasileira, os porteiros usavam ternos muito seco de maneiras tinha inimigos, que chegavam a
cinza-chumbo e as recepcionistas, saias verde-oliva. acusá-lo de bárbaro. O único fato alegado neste particular
D) Na Aliança Lusa-brasileira, os porteiros usavam ternos era o de mandar com freqüência escravos ao calabouço,
cinzas-chumbo e as recepcionistas, saias verdes-oliva. donde eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que
E) Na Aliança Luso-brasileira, os porteiros usavam ternos ele só mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo
cinza-chumbos e as recepcionistas, saias verde-olivas. longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de
certo modo ao trato um pouco mais duro que esse gênero
192) (FGV-2004) Assinale a alternativa em que a palavra de negócio requeria, e não se pode honestamente atribuir
sublinhada NÃO tem valor de adjetivo. à índole original de um homem o que é puro efeito de
a) A malha azul estava molhada. relações sociais.
b) O sol desbotou o verde da bandeira. (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)
c) Tinha os cabelos branco-amarelados.
d) As nuvens tornavam-se cinzentas.

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O efeito expressivo obtido em “ferozmente honrado” Portanto, a pergunta do diplomata português tem seu
resulta de uma inesperada associação de advérbio com cabimento. E minha resposta também foi justa. Às vezes, a
adjetivo, que também se verifica em: mulher bonita não é bonita, como a grã-fina. Mesmo as
a) sorriso maliciosamente inocente. que são bem-dotadas fisicamente têm suas dúvidas.
b) formas graciosamente curvas. Crônica de Nelson Rodrigues
c) sistema singularmente espantoso.
d) opinião simplesmente abusada. Assinale a alternativa correta sobre o último parágrafo do
e) expressão profundamente abatida. texto.
a) Se o texto se referisse a homem bonito estaria correta a
196) (IME-1996) Nas frases a seguir há erros ou expressão como o grão-fino.
impropriedades. Reescreva-as e justifique a correção. b) O uso de também indica que o cronista considera justa a
a) "Por que os namorados preferem andar só, detestando pergunta do diplomata português.
as companhias?" c) Está subentendido o segmento destacado em: como a
b) "Seu preparo e honestidade rara fizeram dele um grã-fina poderia ser bonita.
funcionário invejado." d) Portanto introduz uma explicação relativa ao que se
afirma na oração anterior.
e) Em seu cabimento, o pronome expressa posse relativa
ao diplomata português.

197) (ITA-2000) Filme bom é filme antigo? Lógico que não, 199) (Mack-2004) Há no Brasil grandíssimas matas de
mas ‘‘A Múmia’’, de 1932, põe a frase em xeque. árvores agrestes, cedros, carvalhos, vinháticos, angelins e
Sua refilmagem, com Brendan Fraser no elenco, ainda outras não conhecidas em Espanha, de madeiras
corre nos cinemas brasileiros, repleta de humor e efeitos fortíssimas para se poderem fazer delas fortíssimos
visuais. galeões e, o que mais é, que da casca de algumas se tira a
Na de Karl Freund, há a vantagem de Boris Karloff no estopa para se calafetarem e fazerem cordas para enxárcia
papel-título, compondo uma múmia aterrorizadora, fiel ao e amarras, do que tudo se aproveitam os que querem cá
terror dos anos 30. fazer navios, e se pudera aproveitar el-rei se cá os
Apesar de alguma precariedade, lança um clima de mandara fazer.
mistério que a versão 1999 não conseguiu, tal a ênfase Obs.: enxárcia - conjunto de cabos e degraus roliços feitos
dada à embalagem. Daí ‘‘nem sempre cinema bom são de cabo (‘corda’), madeira ou ferro, que sustentam
efeitos especiais’’ deveria ser a tal frase.( PSL) mastros de embarcações a vela
A precária e misteriosa múmia de 32, Folha de S. Paulo,
Caderno Ilustrada, 4/8/1999.) Assinale a afirmação correta.
a) Na caracterização de espécies vegetais brasileiras, a
Em: ‘‘tal a ênfase dada à embalagem’’ e ‘‘deveria ser a tal Espanha foi tomada como referência.
frase’’, os termos em destaque nas duas frases podem ser b) A relação entre fortíssimo e “muito forte” é a mesma
substituídos, respectivamente, por: que entre “bom” e “muito bom”.
a)semelhante; aquela. c) Em de algumas se tira a estopa, a expressão em negrito
b) tamanha; essa. é complemento agente da passiva.
c) tamanha; aquela. d) É coerente com o texto a afirmação: “de tudo se
d) semelhante; essa. aproveitam não só os envolvidos com objetos navais, como
e) essa; aquela. também os ocupados com cordas para enxárcia e
amarras”.
198) (Mack-2002) Na semana passada, ouvi uma senhora e) Em da casca de algumas se tira a estopa, está presente a
suspirar: - “Tudo anda tão confuso!”. E, de fato, o homem idéia de que o benefício advém da totalidade das espécies
moderno é um pobre ser dilacerado de perplexidades. vegetais.
Nunca se duvidou tanto. Outro dia, um diplomata
português perguntou se a mulher bonita era realmente
bonita. Respondi-lhe: - “Às vezes”. 200) (Mack-2006) Origem, nascimento e batizado
Já escrevi umas cinqüenta vezes que a grã-fina é a falsa Era no tempo do Rei [...].
bonita. Seu penteado, seus cílios, seus vestidos, seu Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do
decote, sua maquiagem, suas jóias - tudo isso não passa de navio, o Leonardo fingiu que passava distraído por junto
uma minuciosa montagem. E se olharmos bem, veremos dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente
que sua beleza é uma fraude admirável. Todos se iludem, pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por
menos a própria. No terreno baldio, e sem testemunhas, aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe
ela há de reconhecer que apenas realiza uma imitação de também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas
beleza. costas da mão esquerda. Era isso uma declaração em

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forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de 202) (UECE-1996) A flexão nominal está correta em:
namoro cerrado [...].
[...] meses depois teve a Maria um filho, formidável a) assistência MÉDICA-OFTALMOLÓGICA.
menino [...], o qual, logo depois que nasceu, mamou duas b) informações HISTÓRICO-CULTURAIS.
horas seguidas sem largar o peito. E este nascimento é c) questões JURÍDICAS-POLÍTICAS.
certamente de tudo o que temos dito o que mais d) sapatos BRANCO-GELOS.
interessa, porque o menino de quem falamos é o herói
desta história. 203) (UEL-1994) Assinale a alternativa que preenche
Manuel Antônio de Almeida— Memórias de um sargento corretamente as lacunas da frase apresentada.
de milícias Elas ficaram ...... impressionadas com seus poderes ...... .
a) meio - supra-sensoriais.
No texto, b) meias - supras-sensoriais.
a) o uso simultâneo de sapatão (aumentativo) (linha 03) e c) meio - supras-sensoriais.
pisadela (diminutivo) (linha 03) reforça a idéia de que d) meias- supra-sensorial.
Leonardo fingia distração. e) meio - supra-sensorial.
b) como envergonhada (linha 04) corresponde a uma
intensificação do adjetivo, já que a forma destacada é 204) (UFAC-1997) O PRIMO
sinônima de “muito”. Primeira noite ele conheceu que Santina não era moça.
c) valente (linha 03) e tremendo (linha 05) podem ser Casado por amor, Bento se desesperou. Matar a noiva,
entendidos, respectivamente, como “vigorosa” e suicidar-se, e deixar o outro sem castigo? Ela revelou que,
“vigoroso”. havia dois anos, o primo Euzébio lhe fizera mal, por mais
d) cerrado (linha 06) sintetiza a circunstância de que o que se defendesse. De vergonha, prometeu a Nossa
casal guardava suas manifestações de afeto para os Senhora ficar solteira. O próprio Bento não a deixava
ambientes reservados, isolados. mentir, testemunha de sua aflição antes do casamento.
e) formidável (linha 07) é usado de forma irônica, pois o Santina pediu perdão, ele respondeu que era tarde - noiva
menino, ao nascer, revelou comportamento normal e de grinalda sem ter direito.
previsível. (Cemitério de elefantes. Apud CARNEIRO, Agostinho Dias)

"...o primo Euzébio lhe fizera mal..." Nessa frase, a palavra


201) (UECE-2002) Texto: IRACEMA mal está escrita com "l". Há, porém, situações em que ela
Além, muito além daquela serra que ainda azula no também pode ser escrita com "u". Observe as frases
horizonte, nasceu Iracema. abaixo e, em seguida, assinale a alternativa cuja seqüência
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos preencha adequadamente os espaços em branco.
mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu
talhe de palmeira. - Para Santina, Euzébio foi um homem____.
O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a - Segundo o narrador, Bento fez um _____ casamento.
baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. - Bento recebeu muito_____ a revelação de Santina.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o _____ ouviu a revelação de Santina, Bento decidiu
sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira separar-se.
tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal
roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra a) mau / mal / mal / Mau
com as primeiras águas. b) mau / mal / mau / Mal
(José de Alencar) c) mal / mau / mal / Mau
d) mal / mal / mau / Mau
O objetivo principal do texto é caracterizar Iracema. Essa e) mau / mau / mal / Mal
intenção se materializa pelo(a)
I. uso de formas verbais de aspecto durativo
II. predominância de verbos no pretérito perfeito do 205) (UFC-2002) “Erraste acreditando no mal, erraste
indicativo acreditando no bem, que te mostraram tuas duas lunetas,
III. emprego de adjetivos e orações relativas que exageraram o mal e o bem, ostentando cada uma o
exclusivismo falaz do seu encantamento especial.
É correto o que se afirma
a) em I e II Assinale a alternativa em que o termo grifado tem o
b) em I e III mesmo significado de falaz
c) em I, II e III a) A felicidade do ser humano parece fugaz.
d) apenas em III b) O individualismo das pessoas é transitório.
c) É enganoso achar que o homem sincero é feliz.

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d) Parece ingênuo achar que todos nascem felizes. barreira que se elevava entre ele, pobre colono, e a filha
e) É absurdo acreditar que a criação divina é única de D. Antônio de Mariz, rico fidalgo de solar e brasão.
Para destruir esta barreira e igualar as posições, seria
206) (UFPB-2006) Pudor (Fragmento) necessário um acontecimento extraordinário, um fato que
Certas palavras nos dão a impressão de que voam, ao alterasse completamente as leis da sociedade naquele
saírem da boca. “Sílfide”, por exemplo. É dizer “Sílfide” e tempo mais rigorosas do que hoje; era precisa uma dessas
ficar vendo suas evoluções no ar, como as de uma situações à face das quais os indivíduos, qualquer que seja
borboleta. Não tem nada a ver com o que a palavra a sua hierarquia, nobres e párias, nivelam-se; e descem ou
significa. “Sílfide”, eu sei, é o feminino de “silfo”, o espírito sobem à condição de homens.
do ar, e quer mesmo dizer uma coisa diáfana, leve, O aventureiro compreendia isto; talvez que o seu espírito
borboleteante. Mas experimente dizer “silfo”. Não voou, italiano já tivesse sondado o alcance dessa idéia; em todo
certo? Ao contrário da sua mulher, “silfo” não voa. Tem o o caso o que afirmamos é que ele esperava, e esperando
alcance máximo de uma cuspida. “Silfo”, zupt, ploft. A vigiava o seu tesouro com um zelo e uma constância a toda
própria palavra “borboleta” não voa, ou voa mal. Bate as a prova; os vinte dias que passara no Rio de Janeiro tinham
asas, tenta se manter aérea mas choca-se contra a parede. sido verdadeiro suplício.
Sempre achei que a palavra mais bonita da língua Em Álvaro, cavalheiro delicado e cortês, o sentimento era
portuguesa é “sobrancelha”. Esta não voa mas paira no ar, uma afeição nobre e pura, cheia da graciosa timidez que
como a neblina das manhãs até ser desmanchada pelo sol. perfuma as primeiras flores do coração, e do entusiasmo
Já a terrível palavra “seborréia” escorre pelos cantos da cavalheiresco que tanta poesia dava aos amores daquele
boca e pinga no tapete. [...] tempo de crença e lealdade.
Sentir-se perto de Cecília, vê-la e trocar alguma palavra a
(VERISSIMO, Luis Fernando. Comédias para se ler na custo balbuciada, corarem ambos sem saberem por quê, e
escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 69). fugirem desejando encontrar-se, era toda a história desse
afeto inocente, que se entregava descuidosamente ao
futuro, librando-se nas asas da esperança.
Considere as expressões abaixo: Nessa noite Álvaro ia dar um passo que na sua habitual
timidez, ele comparava quase com um pedido formal de
I. “certas palavras”(linha 1) casamento; tinha resolvido fazer a moça aceitar malgrado
II. “coisa diáfana” (linha 7) seu o mimo que recusara, deitando-o na sua janela;
III. “alcance máximo” (linha 10) esperava que encontrando-o no dia seguinte, Cecília lhe
perdoaria o seu ardimento, e conservaria a sua prenda.
Invertendo-se, em cada uma delas, a ordem da Em Peri o sentimento era um culto, espécie de idolatria
palavra destacada, ocorrerá alteração de sentido, apenas fanática, na qual não entrava um só pensamento de
em: egoísmo; amava Cecília não para sentir um prazer ou ter
uma satisfação, mas para dedicar-se inteiramente a ela,
a) I para cumprir o menor dos seus desejos, para evitar que a
b) II moça tivesse um pensamento que não fosse
c) III imediatamente uma realidade.
d) I e II Ao contrário dos outros ele não estava ali, nem por um
e) I e III ciúme inquieto, nem por uma esperança risonha; arrostava
a morte unicamente para ver se Cecília estava contente,
feliz e alegre; se não desejava alguma coisa que ele
207) (UFPB-2006) TEXTO I adivinharia no seu rosto, e iria buscar nessa mesma noite,
nesse mesmo instante.
Assim o amor se transformava tão completamente nessas
Amor organizações, que apresentava três sentimentos bem
AS CORTINAS DA JANELA cerraram-se; Cecília tinha-se distintos: um era uma loucura, o outro uma paixão, o
deitado. último uma religião.
Junto da inocente menina, adormecida na isenção de sua
alma pura e virgem, velavam três sentimentos profundos, (ALENCAR, José de. O Guarani. São Paulo: FTD, 1999, p. 78-
palpitavam três corações bem diferentes. 79)
Em Loredano, o aventureiro de baixa extração, esse
sentimento era um desejo ardente, uma sede de gozo, GLOSSÁRIO
uma febre que lhe requeimava o sangue; o instinto brutal isentar: livrar, dispensar, desobrigar.
dessa natureza vigorosa era ainda aumentado pela extração: nascimento, origem.
impossibilidade moral que a sua condição criava, pela párias: homens excluídos da sociedade.
balbuciar: articular imperfeitamente e com hesitação.

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Considere o fragmento: Dava pena ver a miséria do casebre. Nem móveis, nem
roupas, nem nada que significasse comodidade. Um
“Ao contrário dos outros ele não estava ali, nem banquinho de três pernas, umas peneiras furadas, a
por um ciúme inquieto, nem por uma esperança risonha;” espingardinha de carregar pela boca, muito ordinária, e só.
(linha 29). Todos que passavam por ali murmuravam:
- Que grandissíssimo preguiçoso!
As expressões ciúme inquieto e esperança [...]
risonha referem-se, respectivamente, a Jeca só queria beber pinga e espichar-se ao sol no terreiro.
Ali ficava horas, com o cachorrinho rente; cochilando.A
I. Álvaro e Loredano, que, mesmo enciumados, vida que rodasse, o mato que crescesse na roça, a casa que
devotavam seu amor a Cecília. caísse. Jeca não queria saber de nada. Trabalhar não era
II. Loredano e Peri, que temiam o assédio de Álvaro, com ele.
mas confiavam no sucesso de seus planos. Perto morava um italiano já bastante arranjado, mas que
III. Loredano e Álvaro, que revelam sentimentos ainda assim trabalhava o dia inteiro. Por
distintos em relação a Cecília. que Jeca não fazia o mesmo?
Quando lhe perguntavam isso, ele dizia:
Está(ão) correta(s) apenas: - Não paga a pena plantar. A formiga come tudo.
- Mas como é que o seu vizinho italiano não tem formiga
a) I no sítio?
b) II - É que ele mata.
c) III - E por que você não faz o mesmo?
d) I e II Jeca coçava a cabeça, cuspia por entre os dentes e vinha
e) I e III sempre com a mesma história:
- Quá! Não paga a pena...
- Além de preguiçoso, bêbado; e além de bêbado, idiota,
208) (UNICAMP-2006) O trecho abaixo corresponde ao era o que todos diziam.
desfecho do conto A causa secreta, de Machado de Assis: (MONTEIRO LOBATO. Jeca Tatu. In: Obras completas de
... Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver, Monteiro Lobato. Vol 8. São Paulo: Editora Brasiliense
mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços, e Limitada, 1951, p. 329-331.)
os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em
borbotões*, lágrimas de amor calado, e irremediável Juca Mulato
desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou Juca Mulato pensa: a vida era-lhe um nada...
tranqüilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito Uns alqueires de chão; o cabo de uma enxada;
longa, deliciosamente longa. um cavalo pigarço; uma pinga da boa;
(Machado de Assis, “A causa secreta”, em Obra Completa, o cafezal verdoengo; o sol quente e inclemente...
Vol. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979, p. 519.)
*em borbotões: em jorros, em grande quantidade Nessa noite, porém, parece-lhe mais quente,
a) Explique a reação de Garcia diante do cadáver. o olhar indiferente,
b) Explique a repetição do adjetivo ‘longa’ no desfecho do da filha da patroa...
conto. “Vamos, Juca Mulato, estás doido?” Entretanto,
c) Que relação há entre a atitude de Fortunato e o poema tem a noite lunar arrepios de susto;
Suave mari magno? parece respirar a fronde de um arbusto,
o ar é como um bafo, a água corrente, um pranto.
Tudo cria uma vida espiritual, violenta.
209) (Vunesp-2002) Jeca Tatu O ar morno lhe fala; o aroma suave o tenta...
Jeca Tatu era um pobre caboclo que morava no mato, “Que diabo!” Volve aos céus as pupilas, à toa,
numa casinha de sapé. Vivia na maior pobreza, em e vê, na lua, o olhar da filha da patroa...
companhia da mulher, muito magra e feia, e de vários Olha a mata; lá está! o horizonte lho esboça;
filhinhos pálidos e tristes. pressente-o em cada moita; enxerga-o em cada poça;
Jeca Tatu passava os dias de cócoras, pitando enormes e ele vibra, e ele sonha, e ele anseia, impotente,
cigarrões de palha, sem ânimo de fazer coisa nenhuma. Ia esse olhar que passou, longínquo e indiferente!
ao mato caçar, tirar palmitos, cortar cachos de brejaúva,
mas não tinha a idéia de plantar um pé de couve atrás da Juca Mulato cisma. Olha a lua e estremece.
casa. Perto corria um ribeirão, onde ele pescava de vez em Dentro dele um desejo abre-se em flor e cresce
quando uns lambaris e um ou outro bagre. E assim ia e ele pensa, ao sentir esses sonhos ignotos,
vivendo. que a alma é como uma planta, os sonhos, como brotos,
vão rebentando nela e se abrindo em floradas...

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- Vós, senhor Doutor (disse Solino) achareis isso nos vossos
Franjam de ouro, o ocidente, as chamas das queimadas. cartapácios; mas eu ainda estou contumaz. Primeiramente,
(MENOTTI DEL PICCHIA, Paulo. Poemas. 6ª edição. São nas histórias a que chamam verdadeiras, cada um mente
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1954, p. 20-21.) segundo lhe convém, ou a quem o informou, ou favoreceu
para mentir; porque se não forem estas tintas, é tudo tão
Com um discurso narrativo simples e objetivo, o narrador misturado que não há pano sem nódoa, nem légua sem
de Jeca Tatu nos fornece, no trecho citado, um retrato mau caminho. No livro fingido contam-se as cousas como
bem definido da situação vivida pela personagem em seu era bem que fossem e não como sucederam, e assim são
meio. Releia atentamente o trecho e, a seguir, mais aperfeiçoadas. Descreve o cavaleiro como era bem
a) levando em consideração as informações do narrador, que os houvesse, as damas quão castas, os Reis quão
avalie a atuação de Jeca Tatu como proprietário rural; justos, os amores quão verdadeiros, os extremos quão
b) indique dois adjetivos empregados no texto que grandes, as leis, as cortesias, o trato tão conforme com a
sintetizam a opinião que as outras pessoas tinham sobre razão. E assim não lereis livro em o qual se não destruam
Jeca Tatu. soberbos, favoreçam humildes, amparem fracos, sirvam
donzelas, se cumpram palavras, guardem juramentos e
210) (Vunesp-2003) A questão abaixo toma por base um satisfaçam boas obras. [...]
fragmento da Poética, do filósofo grego Aristóteles (384- Muito festejaram todos o conto, e logo prosseguiu o
322 a.C.), um fragmento de Corte na Aldeia, do poeta Doutor:
clássico português Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622), - Tão bem fingidas podem ser as histórias que merecem
e um fragmento de uma crônica do escritor realista mais louvor que as verdadeiras; mas há poucas que o
brasileiro Machado de Assis (1839-1908). sejam; que a fábula bem escrita (como diz Santo
Ambrósio), ainda que não tenha força de verdade, tem
Poética uma ordem de razão, em que se podem manifestar as
Pelas precedentes considerações se manifesta que não é cousas verdadeiras.
ofício de poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de (Francisco Rodrigues Lobo, Corte na Aldeia)
representar o que poderia acontecer, quer dizer: o que é
possível segundo a verossimilhança e a necessidade. Com Crônica
efeito, não diferem o historiador e o poeta, por (15.03.1877)
escreverem verso ou prosa (pois que bem poderiam ser Mais dia menos dia, demito-me deste lugar. Um
postas em verso as obras de Heródoto, e nem por isso historiador de quinzena, que passa os dias no fundo de um
deixariam de ser história, se fossem em verso o que eram gabinete escuro e solitário, que não vai às touradas, às
em prosa), - diferem, sim, em que diz um as coisas que câmaras, à rua do Ouvidor, um historiador assim é um
sucederam, e outro as que poderiam suceder. Por isso a puro contador de histórias.
poesia é algo de mais filosófico e mais sério do que a E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa.
história, pois refere aquela principalmente o universal, e Um contador de histórias é justamente o contrário de
esta o particular. Por “referir-se ao universal” entendo eu historiador, não sendo um historiador, afinal de contas,
atribuir a um indivíduo de determinada natureza mais do que um contador de histórias. Por que essa
pensamentos e ações que, por liame de necessidade e diferença? Simples, leitor, nada mais simples.O historiador
verossimilhança, convêm a tal natureza; e ao universal, foi inventado por ti, homem culto, letrado, humanista; o
assim entendido, visa a poesia, ainda que dê nomes aos contador de histórias foi inventado pelo povo, que nunca
seus personagens; particular, pelo contrário, é o que fez leu Tito Lívio, e entende que contar o que se passou é só
Alcibíades ou o que lhe aconteceu. fantasiar. O certo é que se eu quiser dar uma descrição
(Aristóteles, Poética) verídica da tourada de domingo passado, não poderei,
porque não a vi.
Corte na Aldeia [...]
- A minha inclinação em matéria de livros (disse ele), de (Joaquim Maria Machado de Assis, História de Quinze Dias.
todos os que estão presentes é bem conhecida; somente In: Crônicas)
poderei dar agora de novo a razão dela. Sou
particularmente afeiçoado a livros de história verdadeira, No trecho de Corte na Aldeia, focaliza-se uma discussão
e, mais que às outras, às do Reino em que vivo e da terra sobre dois conceitos - o de história verdadeira, defendido
onde nasci; dos Reis e Príncipes que teve; das mudanças pela personagem “Doutor”, e o de história fingida (livro
que nele fez o tempo e a fortuna; das guerras, batalhas e fingido), defendido pela personagem “Solino”. Depois de
ocasiões que nele houve; dos homens insignes, que, pelo reler o trecho atentamente,
discurso dos anos, floresceram; das nobrezas e brasões a) estabeleça, segundo as noções de cada interlocutor, o
que por armas, letras, ou privança se adquiriram. [...] que querem dizer com história verdadeira e história
[...] fingida;

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b) aponte dois adjetivos da fala de Solino cujo significado
comprova o fato de a personagem utilizar, entre outros, o
critério moral para defender seu ponto de vista.

211) (VUNESP-2006) Alojado há sete meses no topo da


lista dos mais vendidos de Veja, e na verdade um best-
seller mundial, o romance O Código Da Vinci, do americano
Dan Brown, é uma trama envolvente de mistério, um
engenhoso apanhado de enigmas esotéricos e teorias
conspiratórias sobre temas como a Ordem dos Templários
e a natureza do Santo Graal. É acima de tudo, apesar de a
figura dele não aparecer no romance, um sinal do
inesgotável interesse despertado por um homem:
Leonardo da Vinci (1452-1519). Por certo não foi à toa que
Brown resolveu mencionar, já no título de seu romance, o
criador renascentista. Leonardo causou assombro em seu
tempo e continua a fazê-lo até hoje. Há mais de 1 milhão
de páginas na internet dedicadas a esse personagem. A
livraria virtual Amazon tem 9 900 livros sobre da Vinci. Sua
versatilidade era espantosa.
Leonardo foi engenheiro, escritor, cientista, músico,
arquiteto, escultor. Foi o melhor de seu tempo em quase
todos esses campos. Foi o melhor de todos os tempos na
pintura.
(Veja, 27.10.2004.)

O ponto de vista do enunciador de um texto pode ser


avaliado pela natureza dos termos de que se utiliza ao
construí-lo. No fragmento de Veja, por exemplo, os
adjetivos desvelam claramente a posição do enunciador,
com respeito ao tema central nele exposto — a obra de
Dan Brown e a figura de Leonardo da Vinci. A partir dessa
idéia,
a) explicite se o ponto de vista do enunciador é favorável
ou desfavorável, em relação ao tema;
b) destaque três adjetivos, ao longo do texto, que ilustrem
o ponto de vista do enunciador.

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GABARITO mantiverem (MANTER) a palavra, atender-nos-ão
(ATENDER + NOS) logo e não nos decepcionarão
1) Alternativa: A (DECEPCIONAR-NOS).

2) Alternativa: E 21) O Pretérito Perfeito do Indicativo pode ser usado para


denotar um fato situado no passado, mas como processo,
ou seja, algo ainda não concluído. No texto, a idéia de
3) Alternativa: A
seguir ocorre simultaneamente a outras ações, como
4) V tagarelavam, que estavam em andamento.
V
F 22) A frase não é adequada ao padrão culto, uma vez que
F o verbo precaver é defectivo, só existindo nas formas
F arrizotônicas. Portanto, será necessário substituir a forma
verbal precavenham por um sinônimo, tal como
acautelem-se ou tomem cuidado. Assim, alguma formas
5) Alternativa: A
possíveis são:
6) Alternativa: sem resposta É bom que vocês tomem cuidado com eles.
É bom que vocês se acautelem deles.
7) Alternativa: D
23) Alternativa: D
8) Alternativa: A
24) Alternativa: C
9) Alternativa: E
25) Se você vier (vir) à exposição e se dispuser (dispor) a
10) Alternativa: D visitar o terceiro andar, poderá notar duas fotos
iluminadas. Quando as vir (ver), observe seus efeitos de luz
11) Alternativa: B e sombra. Para bem comparar a técnica utilizada, será
conveniente que você se mantenha (manter-se) a uma boa
distância. Se isso não satisfizer (satisfazer) sua curiosidade,
12) Alternativa: E
poderá adotar outra perspectiva.
13) Alternativa: A

14) Alternativa: A 26) a) Quanto à eficiência, ele é ótimo.


b) Este funcionário não é adequado ao perfil da empresa.
15) Alternativa: B c) Durante a entrevista, ele afirmou que a questão salarial
seria adiada.
d) Na próxima semana, enviaremos nosso programa de
16) Alternativa: B atividades a todos os associados.

17) O uso do presente tem como finalidade criar a 27) Alternativa: C


impressão que o relato é simultâneo ao momento em que
a ovelhinha faz sua defesa, o que valoriza a defesa da 28) Ansiosos vir a
ovelhinha.
29) Requereram
18) a) gaviões-de-penacho.
b) espostejaram-nas. beneficência

30) A par
19) O Pretérito-mais-que-perfeito indica um fato anterior a interveio
um fato no passado. No caso, a ação de furtar é
posicionada em um momento anterior ao do julgamento. 31) Trata
Deve
20) Amanhã, quando os candidatos vierem (VIR) ao nosso empecilhos
bairro e virem (VER) a pobreza em que vivem (VIVER),
hoje, as nossas famílias, sentirão (SENTIR) o nosso drama 32)
e, certamente, farão (FAZER) suas promessas; se Houve - estereótipo

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33) Procuram-se - assessores - seção

34) 1-antevir 45) a) Em “Quer ser o próximo?”, a forma verbal “quer”


2- reouver está na terceira pessoa singular do presente do indicativo.
3-provir/ser proveniente O sujeito subentendido (oculto) é “você” ou “o senhor”. Já
4-mantiver em “Então vem para a X Consórcios” a forma verbal “vem”
5-intervim está na segunda pessoa singular do imperativo afirmativo,
6-intervieram tendo, pois, como sujeito subentendido (oculto) o
7-interviesse pronome “tu”.
8-intervier b) Como na seqüência do texto aparece o pronome de
9-contiver tratamento “você”, que pede terceira pessoa do singular, a
10-propuserem compatibilização das formas verbais se faz colocando
também o verbo “vir” na terceira pessoa do singular: Quer
35) Se era prolixo, facilmente ultrapassaria a hora. Se a ser o próximo? Então venha para a X Consórcios.
notícia pretende dizer que ele passou do tempo, deveria
ser composta assim: “ Como era prolixo, o orador
ultrapassou o tempo previsto.” Ou 46) A conjugação do verbo rodear - “rodeam” - não está de
Porque era... acordo com a norma culta escrita. Nas formas rizotônicas
Por ser ... dos verbos terminados em -ear, utiliza-se a vogal -i,
formando ditongo. Por isso a forma correta desse verbo na
36) terceira pessoa do plural é rodeiam.
1) fizesse
2) transpuser
3) transpusesse 47) O texto 1 é construído de forma narrativo-descritiva. O
4) detiver objetivo é criar o efeito de realidade para que se
5) vá reconstitua na mente do leitor o que de fato aconteceu.
Para isso se faz uso de verbos no pretérito perfeito
(“alcançou”, “enxergou”, “deixou”), indicando ações
37) O futuro composto do indicativo é usado para indicar pontuais, ou no pretérito imperfeito (“jogavam”, “batiam”,
um evento anterior a outro, expresso pelo futuro do “trotava”), indicando ações habituais ou reiteradas. Os
subjuntivo. substantivos são concretos e, em sua maior parte,
Exemplo: Quando chegarmos ao estádio, a fila já terá dado qualificados por adjetivos de natureza sensorial,
duas voltas no quarteirão. predominantemente visual: “pátio”, “casa baixa e escura”,
“telhas pretas”, juazeiros”, “pedras”, “cobras mortas”,
38) Alternativa: C “carro de bois”, “alpercatas”, “chão branco e liso” e “boca
aberta”. No texto 2, a cachorra Baleia, que no texto 1 era
39) Alternativa: A apenas um elemento do conjunto, passa a ser tratada
como uma “pessoa”, que tem “sonhos” e aspirações
40) Alternativa: D (processo de personificação). O narrador onisciente quer
exprimir os desejos e devaneios da “personagem”. O texto
41) Alternativa: B cria, então, uma atmosfera de quimera, quase surrealista.
Para isso concorrem as formas verbais, em geral do futuro
42) a) Em "a língua foi perdendo e ganhando", a locução do pretérito (“acordaria”, “lamberia”, “espojariam”,
verbal indica a ação pretérita em processo, em “rolariam” e “ficaria”), tudo isso da perspectiva de um
continuidade. Trata-se, pois, de uma expressão dinâmica. passado indefinido, apresentado como imperfeito do
b) Em "a língua perdeu e ganhou" a ação, pretérita, é indicativo: “queria”. A repetição insistente do adjetivo
apresentada como concluída. Trata-se de um tempo em “enorme”, aplicado aos mais diversos seres (“mãos de
que o processo verbal é dado como encerrado. Fabiano”, “pátio”, “chiqueiro” e “preás”) veicula a idéia de
obsessão por um lugar utópico de plena liberdade.
Associadas à idéia de enormidade, vêm as idéias de
43) Seria preciso que não houvesse palavras que ninguém plenitude (“cheio de preás”) e de abundância, fartura
empregasse. (“preás, gordos e enormes”).

44) a) A locução verbal é haviam sido empurrados. 48) Alternativa: A


b) A oração está na voz passiva analítica.
c) O verbo principal é empurrar. 49) Alternativa: B

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dizer não que não choram mais, mas que não podem fazê-
50) Alternativa: D lo por estarem em público.
b) Não. Os verbos no imperfeito do indicativo expressam
51) Alternativa: C ações repetidas no passado, revelando práticas habituais
da mulher, as quais lhe conferiam dada natureza. Os
52) Alternativa: A verbos no presente do indicativo também manifestam
ações recorrentes, práticas que se repetem caracterizando
53) Alternativa: D a nova condição feminina: não se trata de um presente
pontual, mas freqüentativo, de validade indeterminada: as
54) a) O Pretérito Perfeito indica o aspecto pontual das ações enunciadas valerão até que nova transformação se
ações. O Pretérito Imperfeito indica ações menos pontuais, processe (os verbos ora conjugados no presente serão
mais durativas. conjugados, então, no imperfeito, e os novos fatos,
b) O Futuro do Pretérito inicia um novo momento, em que enunciados no presente).
se passa para um mundo idealizado, de sonho e, portanto,
uma possibilidade.

55) Alternativa: B 65) Alternativa: C

56) a) Quem gosta de samba 66) a) A expressão “mistério da floresta” figurativiza um


bom sujeito é fato qualquer que, não veiculado pela mídia, é como se
é bom da cabeça simplesmente não tivesse existência e, portanto, não
ou são/sadio do pé provoca nenhuma repercussão política. Já “problema
b) Eu provim do samba mundial” sugere um evento que, mediado pela imprensa,
no samba convivi ganha existência para o público e, assim, repercussão
mundial.
57) Alternativa: A b) Se 20 índios fossem assassinados e ninguém ouvisse
falar, o crime não se tornaria um fato político. Caso
58) Alternativa: A aparecesse na televisão, o que teria sido um mistério da
floresta se tornaria um problema mundial.
59) Alternativa: D
67) Alternativa: E
60) Alternativa: E
68) Alternativa: C
61) Alternativa: C
69) Alternativa: C
62) Alternativa: D
70) Alternativa: D
63) a) E eu, menos a conhecesse mais a amaria?
b) estou, fico cego [estado no presente] / o que será uma 71) Alternativa: D
estrela? [dúvida]
72) Alternativa: B
64) a) O texto relata transformações na condição feminina:
antes, as mulheres trabalhavam em casa, em afazeres 73) Alternativa: C
domésticos, desempenhando o papel de cuidar “do lar”;
depois, passaram a trabalhar fora, assumindo outros 74) Alternativa: C
papéis sociais. Apesar dessas mudanças de sua condição
objetiva, do ponto de vista subjetivo não se processou 75) Alternativa: C
nenhuma alteração substancial, uma vez que não se
transformou a natureza das mulheres. Antes, “às seis da 76) Alternativa: A
tarde”, elas choravam, com ou sem motivo, “porque o
pranto subia garganta acima”. Depois, no mesmo horário, 77) Alternativa: A
“elas não podem/não querem/ chorar na condução”. No
plano da aparência (plano do parecer), tem-se a impressão 78) Alternativa: B
de que houve uma transformação em sua subjetividade;
no plano da essência (plano do ser), contudo, não é isso o 79) Alternativa: B
que ocorre: elas não choram na condução, o que implica
80) Alternativa: D

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96) Alternativa: B
81)
a )"A polícia não interveio a tempo de evitar o roubo." 97) Alternativa: E
Intervir é formado pelo verbo VIR e se conjuga como ele;
98) Alternativa: D
b)"Havia bastantes razões para confiarmos no teu amigo."
Bastante é adjetivo de razões e deve concordar esse 99) Alternativa: A
substantivo.
100) Alternativa: E
82) a) "Se você requeresse e o seu amigo interviesse,
talvez você reouvesse esses bens." 101) Alternativa: E

Intervir se conjuga pelo verbo vir 102) Alternativa: E


Reaver se conjuga pelo verbo haver, nas formas em que
haver tem a letra V. 103) Alternativa: B

104) Alternativa: B
b) " Há algum tempo, São Paulo era quase uma província."
Verbo haver para indicar tempo passado 105) Alternativa: D
quase é a ortografia correta
paroxítona terminada em ditongo oral é acentuada 106) Alternativa: C

107) Alternativa: C
83) a) Enviamos anexos os dados solicitados por V. Sa. e
nos colocamos à sua inteira disposição para quaisquer 108) Alternativa: D
outros pedidos."
Anexos - adjetivo tem plural 109) Alternativa: D
V. Sa - pronome de tratamento, 3ª pessoa
Quaisquer , acompanhando pedidos - plural de qualquer 110) Alternativa: D
b) "O diretor havia aceitado a tarefa de reformar a escola."
Com o verbo haver usa-se o particípio passado regular 111) Alternativa: B

112) Alternativa: B
84) Alternativa: A
113) Alternativa: A
85) Alternativa: A
114) Alternativa: C
86) Alternativa: C
115) Alternativa: A
87) Alternativa: A
116) Alternativa: B
88) Alternativa: A
117) Alternativa: A
89) Alternativa: A
118) Alternativa: B
90) Alternativa: A
119) Alternativa: C
91) Alternativa: C
120) Alternativa: C
92) Alternativa: B
121) Alternativa: C
93) Alternativa: A
122) Alternativa: A
94) Alternativa: A
123) Alternativa: A
95) Alternativa: A
124) a) Predizer

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Desdizer na segunda pessoa: “Imagina só, te dar zero! Tua
Contradizer professora está louca!”
Bendizer na terceira pessoa: “Imagine só, lhe dar zero! Sua
Maldizer professora está louca!”
b) Não me contradiga.
Ele predisse meu futuro. 135) a) Eu, Camacã, conquistei-o no dia em que escolhi
Bendigo o dia de hoje. por esposa Jaçanã, a virgem dos olhos de fogo, em cujo
Ele se desdisse, pedindo desculpas. seio te gerou meu primeiro sangue. Ainda hoje, apesar da
velhice que me mirrou o corpo, nenhum guerreiro ousaria
disputar o grande arco a mim, o velho chefe ...
b) A forma do qual (e suas flexões).
125) Alternativa: A No padrão culto, fazendo a alteração, teríamos: a virgem
dos olhos de fogo, no seio da qual te gerou seu primeiro
126) Alternativa: B sangue.

127) a) Nos verbos empregados no imperativo em ambos 136) Alternativa: C


os poemas, depreende-se uma exortação, incitação,
estímulo a não nos afastarmos e a irmos de mãos dadas 137) Alternativa: D
(texto I) e a crermos (fragmento de Castro Alves) em
mudanças possíveis. 138) a) Esta frase comprova que a narradora, depois da
surra que levou por ter pedido um abacate a um homem
b) Em ambos os poemas, depreende-se um convite aos na rua, ficou muitos anos sentindo nojo, repugnância por
leitores para efetivarem uma ação social, em concordância essa fruta.
com as idéias de união em torno de um projeto. b) Durante muito tempo senti repugnância por essa fruta.

128) F
F 139) Alternativa: C
C
140) Alternativa: B

141) Alternativa: D
129) Alternativa: B
142) Alternativa: C
130) Alternativa: B
143) a) Porque não usa formas verbais menos comuns,
131) Alternativa: D como o mais-que-perfeito. Há várias possibilidades para o
autor ter utilizado essa forma, mas, principalmente, o fato
132) a) de ambas as formas serem equivalentes semanticamente e
comprão / pegala / dirija-se a forma composta ser mais comum e, portanto, de mais
mossa / escriptorio / duvida fácil entendimento, o que aproximaria o autor de seu
b) público.
compram / pegá-la / dirigir-se b) O verbo aspirar, no contexto, significa desejar, querer,
moça / escritório / dúvida pretender, almejar.

133) Os tempos verbais empregados são o presente e o


futuro do pretérito. O primeiro expressa a experiência 144) a) Só com muita paixão é possível fazer o que mil
concretizada pelo eu poético e o segundo expressa a exércitos não CONSEGUIRAM: conquistar Atenas. A Brasil
experiência projetada, a hipótese, o desejo. Telecom parabeniza e agradece a seus atletas patrocinados
por terem chegado a Atenas e PODEREM proporcionar o
sonho de vitória a todos os brasileiros.
134) a) Susanita quis dizer que zero era muita nota para b) O filme O Dia depois de Amanhã retrata não só uma
Manolito. Isso fica evidente na fala "Tanto assim?". Já ficção, mas uma realidade do que será nosso planeta caso
Manolito entende o oposto, ou seja, que Susanita achava a não HAJA uma preocupação maior por parte dos
professora injusta por dar a ele nota muito baixa. governantes de se PROPOREM a fazer uma política de
b) Há duas possibilidades, uma com a 2a pessoa do singular preservação ambiental, e não apenas TEREM ambições
(tu), outra com a 3a do singular (você) econômicas.

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b)
145) Resposta: 3 Se hoje eu a/o odeio amanhã lhe tenho amor.
ou
Se hoje eu te odeio amanhã tenho-te amor. (ou Se hoje eu
146) Nessa frase, o presente do indicativo tem valor de te odeio amanhã te tenho amor, embora, neste caso,
futuro. Além disso, sugerir, que pediria subjuntivo, neste ocorra a colisão entre os dois tes: te tenho, ou ainda, Se
caso específico significa ‘dar indicações’, aceitando assim o hoje eu te odeio amanhã tenho amor a ti)
indicativo. A frase é equivalente a: Lula dá sinais de que
Walfrido e Agnelo ficarão no Ministério. 158) a) Os verbos são “não faças”, “penetra”, “chega” e
“contempla”.
147) a) À Guerra de Independência de Angola, que opôs a b) Não faça, penetre, chegue, contemple.
guerrilha local ao exército português, que mantinha o país
sob jugo colonial desde o século XVI. 159) a) O pretérito perfeito serve para localizar a ação no
passado, como concluída. Numa narrativa, a sucessão de
b) A narrativa da guerra se dá em flash-back. O trauma das verbos nesse tempo reproduz a seqüência de ações que o
experiências vividas pelo narrador no campo de batalha personagem vai praticando, sucessivamente, no passado.
não foi ainda superado, continuando a atormentá-lo no O pretérito mais-que-perfeito indica uma ação anterior a
momento em que as expõe. Para demarcar a persistência outra já localizada no passado.
dessas lembranças, emprega-se o presente verbal, Os três pretéritos perfeitos que estão no início do último
conseguindo o efeito de envolver o leitor na situação parágrafo constituem os três últimos elementos de uma
narrada. série de ações que começa com o “Saíram de madrugada”
e continua com os pretéritos perfeitos do 4º parágrafo. Os
c) O narrador se utiliza principalmente do recurso da pretéritos mais-que-perfeitos “arrastara-se”, “retardara-
metáfora, presente no trecho em expressões como “um se”, “repreendera” e “aconselhara-os” remetem a ações
centímetro mentolado de guerra” (= pasta de dentes), “a anteriores ao “Fizeram alto”, recapitulando ações
espuma verde-escura dos eucaliptos de Ninda”, “a minha praticadas durante a viagem.
barba é a floresta do Chalala”, “[o] napalm da gillete”. No Há uma segunda série de pretéritos mais-que-perfeitos:
seu todo, essa coleção de metáforas cria a alegoria de uma “preparara-a”, “adiara”, “tornara a prepará- la” e “se
guerra que impregna o indivíduo, tanto nas suas atividades resolvera”. Essas ações são anteriores ao pretérito perfeito
mais corriqueiras, quanto em sua própria constituição “Saíram de madrugada”.
física. b) E Fabiano depusera (ou tinha deposto) no chão parte da
carga, olhara (ou tinha olhado) o céu, as mãos em pala na
148) Alternativa: D testa.

149) Alternativa: A
160) a) Misturar.
150) Alternativa: A b) Química e física são geralmente tidas como áreas do
conhecimento dissociadas da vida prática, seja por serem
151) Alternativa: C “temidas e odiadas” por quem as conhece pouco, seja por
não serem utilizadas no cotidiano por quem as conhece.
152) Alternativa: C

153) Alternativa: B 161) Várias orações no texto apresentam inversão na


ordem sujeito-verbo: “O que é o homem?”, “O que é a
154) Alternativa: B existência?”,
“...murcharam, como nossas faces, as nossas
155) a) Em Canção do Tamoio, os verbos estão flexionados esperanças...”, “...lampejavam-lhe olhos pardos...”.
na 2.ª pessoa do singular (“não chores”, “sê”); já em Na oração dada, passando-se o verbo no imperativo para a
Oração dos Moços estão flexionados na 2.ª pessoa do terceira pessoa do plural, tem-se: Se houver mais uma taça
plural (“Confiai... Ousai; Reagi... Não hajais medo...”). na sua mesa, encham-na até às bordas e beberei com
b) “Chora até não poder mais.” vocês (ou com os senhores).

156) a) vem, fica, deixa 162) O substantivo de caráter formal é “odontólogo”,


b) venha, fique deixe usado no lugar de “dentista”, mais corrente e informal.
O emprego do pretérito-mais-que-perfeito se dá por
157) a) modo imperativo indicar ação anterior aos outros dois tempos passados

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utilizados no mesmo período: “sorriu”, pretérito perfeito e
“restavam”, pretérito imperfeito. A forma corrente e 174) Alternativa: B
informal desse tempo, porém, não é a sintética, que o
autor empregou, mas a composta com o auxiliar ter: “tinha 175) Alternativa: A
adquirido”.
176) Alternativa: D

163) I. Persuasão 177) Alternativa: A


II. Entretenimento
III. Denúncia 178) Alternativa: D
IV. Extorsão
V. Delinqüência 179) a) Aliteração (repetição do “t” e “p”), assonância
(repetição do “on” e “in”), paranomásia (repetição de
164) Os peixes-boi e os gaviões-do-mangue foram palavras semelhantes: “ponte/pinta”, “tanta/tinta”).
capturados pelo pesquisador e transportados para a b) A palavra tontinha no texto é substantivo. Substitui a
reserva biológica do IBAMA, a fim de serem reintegrados palavra menina e o diminutivo lhe ameniza o aspecto
ao ambiente. negativo, ressaltando a inocência.

Obs: o dicionário Aurélio registra também a forma peixes- 180) a) O espaço institucional é o das câmaras legislativas
bois. e, de modo mais específico, o do Congresso Nacional. As
palavras que permitem essa identificação são Vossa
165) Alternativa: D Excelência e “aparte”, vocábulo que significa a intromissão,
geralmente solicitada e concedida, no discurso daquele
166) a) Nos dicionários há três adjetivos relativos a cabra: que detém a palavra. Como se sabe, a ocorrência de
caprum, caprino, cabrum. apartes é rotineira nos parlamentos.
b) Para o gado formado de ovelhas há duas formas:
ovelhum e ovino. b) A expressão “um aparte” pode ser morfologicamente
segmentada em “uma parte”, em que o artigo indefinido
167) Alternativa: A uma se refere ao substantivo feminino parte, que significa
pedaço ou porção de um todo.
168) a) Na ordem:
Substantivo c) O termo Vossa Excelência estabelece a analogia entre
Adjetivo deputados e ratos. O pedido de “um aparte” reforça essa
Substantivo analogia. Só que a figura do queijo, como símbolo de um
Adjetivo bem material de que se desfruta, torna possível e
b) Há inúmeras possibilidades. Como exemplo poderíamos justificável a passagem de “um aparte” para “uma parte”.
ter: Assim, o quadrinho se apresenta como crítica ao universo
Substantivo: O brasileiro é trabalhador. dos parlamentos onde, em última análise, cada um busca
Adjetivo: O povo brasileiro é trabalhador. seu próprio proveito. Temos, portanto, no quadrinho, uma
metáfora particularmente adequada na atual conjuntura
169) a) O recurso expressivo foi o uso de metáforas. Em da política nacional.
outras palavras, escolheram-se palavras do universo
agrícola em substituição a palavras do universo da conduta
social. Dessa forma, estabeleceu-se uma relação de 181) Alternativa: B
semelhança entre a prática agrícola e as atividades sociais
humanas. 182) Alternativa: E
b) O cultivo de amizades, a semeadura (também são
aceitos semeação e semeada) de empregos e a 183) Alternativa: D
preservação da cultura fazem parte da nossa natureza.
184) a) No texto de Camões a palavra grão tem o sentido
170) Alternativa: A de “grande" e desempenha a função de adjetivo
(modificando o substantivo juramento).
171) Alternativa: E Como homônimo homófono e homógrafo dessa palavra,
temos o substantivo grão, como o sentido de 'semente'. Há
172) Alternativa: B inúmeras frases possíveis. Uma delas:
Os grãos de milho eram jogados para as galinhas.
173) Alternativa: A

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b) O sufixo -mente, além de ser usado para criar as rimas,
também cria uma ambigüidade sonora com o verbo
mentir, o que já se percebe no próprio título (só mente ou 197) Alternativa: C
somente?)
198) Alternativa: B
185) a) Substantivo. A palavra vem determinada pelo
artigo definido, é colocada no plural e vem coordenada 199) Alternativa: A
com a palavra cantigas, que também é um substantivo
(não se coordenam palavras de classes diferentes). 200) Alternativa: C
b) O seu diálogo é rebuscadamente natural: desdenha o
recurso ingênuo de cortar esses, eles e erres finais, 201) Alternativa: B
deturpar flexões, e aproximar-se, tanto quanto possível, da
língua do interior. 202) Alternativa: B

186) a) “leito tumba ”, “ossos areia ”, “areia múmia ”. 203) Alternativa: A


b) Os termos grifados são substantivos, usados como
adjetivos. 204) Alternativa: A

187) a) sua mãe - você 205) Alternativa: C


b) facilidade para comprar algo - mérito
206) Alternativa: A
188) Alternativa: C
207) Alternativa: C
189) Alternativa: E
208) a) Ao se despedir da morta, Garcia não consegue
190) a) Pobríssimo e paupérrimo. ocultar o amor calado que dedicava à Maria Luiza, restrito
b) Há vários exemplos. Alguns deles: sapientíssimo, à contemplação, em respeito ao fato de ela ser casada com
celebérrimo, macérrimo, fidelíssimo, nobilíssimo. seu amigo Fortunato. Todavia, naquela situação extrema,
não se conteve e deixou correr livremente as lágrimas, que
denunciavam um amor reprimido.
191) Alternativa: C b) Fortunato, ao perceber que Garcia sofria com a morte
da mulher que amara sem jamais se declarar, é tomado
192) Alternativa: B por súbita sensação de prazer, mais intensa do que a dar
emotiva do outro. A repetição do adjetivo enfatiza o vigor
193) a) “Pobres velhinhas ” são as palavras que ninguém de seu contentamento com o sofrimento do amigo.
mais emprega e que se encontram nos dicionários e, c) Assim como Fortunato gostava de contemplar a dor
algumas vezes, nalguma oração de paraninfo. alheia, os curiosos que passavam obtinham gozo com o
“Pobre velhinho ” refere-se ao orador que usa palavras sofrimento do cão.
que ninguém mais emprega (pobres velhinhas).
b) em “pobre velhinho”, pobre significa “infeliz ”, “coitado
” e em “velhinho pobre”, pobre é sinônimo de “com más 209) a) Jeca Tatu vive do extrativismo (caça e coleta). Não
condições financeiras, falto de recursos ”. atua, portanto, de maneira a transformar o seu meio, sua
propriedade.
b) Há três os adjetivos: “preguiçoso”, “bêbado” e “idiota”.
194) Alternativa: E
210) a) O “Doutor” entende como história verdadeira a
195) Alternativa: A que trata de fatos ocorridos efetivamente, no plano do
real histórico, enquanto “Solino” vê história fingida como a
196) a) "Por que os namorados preferem andar sós, que trata de fatos de ficção, de invenção poética.
detestando as companhias?" b) castas, justos e verdadeiros
sós é adjetivo, flexiona-se com namorados, no
plural. 211) a) O enunciador da resenha, embora reconheça a
“trama envolvente de mistério” de O Código da Vinci, dá
b) "Seu preparo e honestidade raros fizeram dele um pistas de que o romancista é uma espécie de aproveitador.
funcionário invejado." A expressão “não foi à toa” sugere uma esperteza de Dan
Adjetivo posposto a substantivos de gêneros Brown no momento de dar título a seu romance, uma vez
diferentes, vai para o masculino plural que “o criador renascentista” não chega a “aparecer no

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romance”. A idéia de que o romance apresenta “enigmas
esotéricos” e “teorias conspiratórias” também é uma
forma de desvalorizá-lo. Além disso, o adjetivo “Alojado”
que abre o texto é uma maneira quase jocosa de o
enunciador mostrar que O Código da Vinci está “há sete
meses no topo da lista dos mais vendidos de Veja”.
Ressalte-se que, em relação a Leonardo da Vinci, o ponto
de vista do enunciador é extremamente favorável, pois ele
é apresentado como alguém de uma versatilidade
“espantosa”, que desperta “inesgotável interesse” ainda
hoje e que foi o “melhor” pintor de todos os tempos.
b) Para reconhecer a crítica desfavorável ao romance, os
melhores adjetivos são: “alojado”, “esotéricos” e
“conspiratórias”. Para reconhecer a avaliação positiva feita
à obra de da Vinci, os melhores adjetivos são:
“inesgotável”, “espantosa” e “melhor”.

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