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Análise Aplicada do

Comportamento
Profa. Dra. Gisele de Lima Fernandes Ribeiro
Aula 1 – Aula Inaugural
Apresentação da Disciplina
Profa. Dra. Gisele de Lima Fernandes Ribeiro

 Psicóloga (USJT) – 1993 a 1997


 Pedagoga (UNICID) - 2016
 Mestre e Doutora em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento
(PUC/SP)
• Mestrado 2003 a 2005
• Doutorado 2010 a 2014
 Especialista em RH na Gestão de Negócios (USJT) – 2000 a 2001
 Especialista em Educação em Ambientes Virtuais (Cruzeiro do Sul) – 2009 - 2011
Breve resgate da história da Psicologia...
Idade Antiga – Antiguidade Tardia – 300 a 476 a.C.
Idade Média - 476 d. C. a 1453 d. C.
“ Entre o final do século XIX e início do século XX, a
psicologia concebia o ser humano como composto de
um corpo e uma mente. Uma psicologia dualista
segundo a concepção cartesiana (René Descartes 1596-
1659). Com, o desenvolvimento das ciências, a
psicologia distancia-se das origens filosóficas e
aproxima-se das ciências naturais buscando um
caminho para tornar-se experimental.
(RANGÉ, 1995)

RANGÉ, B. Bases filosóficas, históricas e teóricas da psicoterapia
comportamental e cognitiva. In: RANGÉ, B. (org.). Psicoterapia
comportamental e cognitiva: de transtorno psiquiátricos.
Campinas: E. Psy, 1995. p. 13-25.
Idade Moderna – 1453 a 1789

A psicologia que se desenvolvia no início do século
XX era dualista: concebia o ser humano como
composto de um corpo e uma mente ou
consciência. (...) Seu objetivo de estudo era a
consciência, que somente poderia ser atingida por
uma instrospecção.

(Rangé, 1995, p. 13)



RANGÉ, B. Bases filosóficas, históricas e teóricas da psicoterapia
comportamental e cognitiva. In: RANGÉ, B. (org.). Psicoterapia
comportamental e cognitiva: de transtorno psiquiátricos.
Campinas: E. Psy, 1995. p. 13-25.
Objeto de estudo
mente/consciência

 Tradição racionalista, cartesiana


 Descartes e outros...

Tradição empirismo, analítico


Locke e outros... (Hume)
Idade Média – a partir de 1789
Behaviorismo Metodológico

Substituia “... a ‘consciência’ pelo ‘comportamento dos organismo’ (...)


abandonava a ‘introspecção’ e adotava a experimentação com processos
interativos diretamente observáveis entre um organismo e seu ambiente,
especialmente os envolvidos na aprendizagem (...) partia em busca de um
‘conhecimento útil’ (...) o dualismo, o imaterialismo, mesmo que implícito,
da mente era substituído por uma concepção naturalista, monista
materialista/fisicalista, objetivista e evolucionista dos eventos psicológicos
legítimos, os comportamentos.” (CARVALHO NETO, 2002, p. 13).
“Seus ‘experimentos’ consistiam
em relatos de auto-observações
Métodos por estímulos apresentados a
introspeccionistas
sujeitos treinados pelos
experimentadores a fazê-las
dentro de certos critérios. Sob
orientação deles, os sujeitos
descreviam suas experiências
conscientes e os
experimentadores os ajudavam a
definir por análise seus elementos
básicos...” (RANGÉ, 1995, p. 13).
“... ênfase em objetividade e a
eleição do método experimental
como o principal instrumento de
Behaviorismo investigação implicavam controle
Metodológico de variáveis e conduziu
inexoravelmente à formulação de
Métodos pragmáticos hipóteses testáveis e verificáveis...”
(RANGÉ, 1995, p. 14).

“O Behaviorismo Metodológico não nega a existência da mente,


mas nega lhe status científico ao afirmar que não podemos
estuda-la pela sua inacessibilidade” (MATOS, 1993, p. 5).
“Rejeita a introspecção e
estabelece como critério de
verdade o observável
Behaviorismo
consensual. O observável
Metodológico partilhado e sancionado
Base filosófica pelo outro” (MATOS, 1993,
Tradição Positivista p. 2).

Considera “eu só tenho acesso à informação que meus


sentidos me trazem, não posso ter informações sobre minha
consciência, cuja natureza difere da de meu corpo. É verdade
que não posso negá-la, mas também não posso estudá-la”
(MATOS, 1993, p. 3).
“Comportamento é o
observável e, por definição,
Behaviorismo observável pelo outro, isto é
Metodológico externamente observável.
Comportamento, para ser
Objeto de estudo
comportamento observável objeto de estudo do
behaviorismo, deve ocorrer
afetando os sentidos do
outro, deve poder ser
contado e medido pelo
outro” (MATOS, 1993, p. 3).
“O Behaviorismo Radical
rejeita o mentalismo por ser
Behaviorismo materialista, e acaba com o
Radical dualismo por acreditar que o
comportamento é uma função
Objeto de estudo
Comportamento Público e biológica do organismo vivo”
Privado (MATOS, 1993, p. 6).

“O Behaviorismo Radical nega a existência da mente e


assemelhados, mas aceita estudar eventos internos” (MATOS,
1993, p. 5).
Eventos internos = Comportamento
Psicologia não mais como
ciência que estuda a mente,
Behaviorismo mas que estuda a história de
Radical vida das pessoas, seus
Objeto de estudo comportamentos.
Comportamento Público e
Privado

Toma como instrumento não apenas a filosofia, mas


a ciência e seus avanços.

Na atualidade, um exemplo, são os avanços nos


estudos da neurociência.
“ O fisiologista do futuro nos dirá que o que pode ser
conhecido sobre o que está acontecendo dentro de um organismo que
se comporta. Sua explicação será um avanço importante sobre a análise
do comportamento... (...) Ele será capaz de mostrar como um
organismo é modificado quando exposto a contingências de
reforçamento... (...) O que ele descobrir não pode invalidar as leis da


Ciência do Comportamento, mas tornará o quadro
da ação humana quase completo.
(SKINNER, 1974/2006, p. 236-237)

SKINNER, B. F. (1974/2006) Sobre o behaviorismo. Tradução de


Maria da Penha Villalobos. 10º ed. São Paulo: Cultrix.
Três áreas agindo de forma
Classificação do interdependente.
Behaviorismo
Skinneriano¹
¹ TOURINHO, E. Z. (1999).
Estudos conceituais na análise
do comportamento. Temas
em Psicologia da SBP. 7(3),
213-222.
Tourinho (1999) citado por Carvalho
Classificação do Neto (2002, p. 14), traz uma
Behaviorismo “reorganização terminológica para os
Skinneriano diversos saberes behavioristas de
tradição skinneriana (...)
... a área ampla seria chamada simplesmente Análise do
Comportamento. O braço empírico seria classificado
como Análise Experimental do Comportamento. O
braço ligado à criação e administração de intervenção
social seria chamado de Análise Aplicada do
Comportamento.”
Behaviorismo “... seria a filosofia por trás da Ciência do
Radical Comportamento (...) tal ciência foi
Trabalhos Conceituais/Filosóficos chamada de ‘Análise Experimental do
Comportamento’” (p. 14).
“... como conciliar uma rigorosa investigação científica nos moldes das
ciências naturais com a incorporação de problemas clássicos da filosofia,
como a natureza e origem da privacidade humana? Que lugar seria
reservado aos eventos ditos ‘subjetivos’? (...)
Ao conceber uma forma muito particular de operacionismo, Skinner e o
seu BR acabaram podendo incorporar os fenômenos subjetivos sem
precisar adotar as explicações tradicionais, mentalistas, para eles.”
(CARVALHO NETO, 2002, p. 15)
Behaviorismo Radical (Skinneriano)
Braço teórico, filosófico e histórico.
Foi definido por Skinner como a filosofia (reflexões) de sua ciência
do comportamento. (CARVALHO NETO, 2002, p.15).
Starlin (2000), Tourinho (1999) citados por Haydu (2012, p. 15),
“incluem a filosofia Behaviorismo Radical como parte do campo de
conhecimento ou da matriz conceitual Análise do
Comportamento (grifo do autor), sendo o Behaviorismo Radical
considerado ‘uma filosofia da ciência preocupada com o tema e os
métodos da Psicologia’.” (SKINNER, 1969/1980, p. 339 CITADO
POR HAYDU, 2012, p. 15).
“... É a sub área encarregada de
Análise Experimental
conduzir a produção e validação
do Comportamento de dados empíricos em uma
(AEC) ciência autônoma do
comportamento” (CARVALHO
Pesquisas Empíricas
NETO, 2002, p. 15)”
Análise – explícita que o objetivo dessa ciência está estreitamente
vinculado a uma tradição reducionista e indutiva, ou seja,
acessar o complexo a partir da investigação minuciosa das
partes.
Experimental – adota um planejamento de manipulação de variáveis
em um contexto controlado e deliberadamente
simplificado e artificial.
Comportamento – objeto de estudo alvo na “Análise Experimental”.
Análise Experimental
do Comportamento
(AEC)
Pesquisas Empíricas

“A finalidade não é separar e manter os aspectos


estudados eternamente separados e desconectados
(...) trata-se de uma opção metodológica (...) avançar
gradativamente rumo ao complexo é objetivo final”
(p. 16).
“ ao se dedicar à Analise Experimental do
Comportamento, o pesquisador procura por meio
de experimentos descrever as relações funcionais
existentes entre os eventos ambientais (classes
de estímulos) e o comportamento dos organismos
(classes de respostas) ...
(HAYDU, 2012, p. 16) ”
HAYDU, V.B. Análise aplicada do comportamento: o que é, como
fazer e o que tem sido pesquisado. In: HAYDU, V.B.; SOUZA,
S.R. de (orgs.) Psicologia comportamental aplicada: avaliação e
intervenção nas áreas da saúde, da clínica, da educação e do
esporte. v. 2. Londrina: Eduel, 2012. p. 13-50.
“... campo da intervenção
planejadas dos analistas do
Análise Aplicada do
Comportamento
comportamento. (...)
(AAC) assentadas as práticas
Trabalhos de Intervenção
profissionais mais
tradicionalmente identificadas
como psicológicas, como o
trabalho na clínica, escola,
saúde pública, organização e
onde mais houver
comportamento a ser
explicado e mudado”.
Análise Aplicada do
Comportamento
(ABA, da sigla em inglês
Applied Behavior Analysis)

Conjunto de técnicas derivadas de uma


ciência: a análise do comportamento que tem
como base os preceitos a análise do
comportamento.
Análise Aplicada do
Comportamento
(ABA, da sigla em inglês
Applied Behavior Analysis)

As leis e conceitos que regem os comportamentos


humanos, conforme estabelece a Análise do
Comportamento, fornecem subsídios para a
aplicação no âmbito social, mantendo a correlação
entre ciência básica (AEC) e ciência aplicada (AAC).
Organizações (OBM – Organizacional Behavior
Análise Aplicada do Management)
Comportamento
(ABA, da sigla em inglês Ensino de Precisão
Applied Behavior Analysis)

Aplicação dos Crianças e Adultos com desenvolvimento atípico;


conhecimentos nas
áreas tradicionais Economia Comportamental;
como: clínica
psicológica, escolas, Psicologia do Esporte;
presídios, saúde
pública ou Clínica Comportamental (Gerações)
organizações.
REFERÊNCIAS
BAHLS, S.C.; NAVOLAR, A.B.B. Terapia cognitivo-comportamentais: conceitos e pressupostos
teóricos. Psico UTP online, n.04. p. 1-11, jul. 2004. Disponível e:
www.utp.br/psico.utp.online/site4/terapiacog.pdf. Acesso em 11.07.2011.

CABRAL, A.; NICK, E. Dicionário técnico de psicologia. 13 ed. São Paulo: Cultrix, 2007. p. 248.

CARVALHO NETO, M.B. de Análise do comportamento: behaviorismo radical, análise experimental


do comportamento e análise aplicada do comportamento. Interação em Psicologia. UFPR.
Departamento de Psicologia. V.6, n.1, p.13-18, 2002. Disponível em:
https://revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/3188/2551. Acesso em 23.05.2018.

HAYDU, V. B. Análise aplicada do comportamento: o que é, como fazer e o que tem sido
pesquisado. In: HAYDU, V.B.; SOUZA, S.R. de (orgs.) Psicologia comportamental aplicada:
avaliação e intervenção nas áreas da saúde, da clínica, da educação e do esporte. v. 2. Londrina: Eduel,
2012. p. 13-50.
REFERÊNCIAS
MATOS, M. A. Behaviorismo Metodológico e Behaviorismo Radical. Palestra apresentada no II
Encontro Brasileiro de Psicoterapia e Medicina Comportamental, Campinas, out/93. Versão revisada
encontra-se publicada em: Bernard Rangé (org) Psicoterapia comportamental e cognitiva: pesquisa,
prática, aplicações e problemas. Campinas, Editorial Psy, 1995. Disponível on-line em:
https://itcrcampinas.com.br/pdf/outros/behaviorismo_metodologico_behaviorismo_radical.PDF,
acesso realizado em jan/2021.

RANGÉ, B. Bases filosóficas, históricas e teóricas da psicoterapia comportamental e cognitiva. In:


RANGÉ, B. (org.). Psicoterapia comportamental e cognitiva: de transtorno psiquiátricos.
Campinas: E. Psy, 1995. p. 13-25.

TOURINHO, E. Z. (1999). Estudos conceituais na análise do comportamento. Temas em


Psicologia da SBP. 7(3), 213-222.

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