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Rev.

André Arêa Página | 1

ESTUDO BÍBLICO
Rev. André Arêa

Data: 29/02/24
Local: IP Mutuaguaçu
*Tema:* _O julgamento divino: fardos para as nações_
*Texto Bíblico:* _Is 13.1 – 14.27_
LEITURA BÍBLICA
Isaías 13.1 – 14.27
13.1
Sentença que, numa visão, recebeu Isaías, filho de
Amoz, contra a Babilônia.
2
Alçai um estandarte sobre o monte escalvado;
levantai a voz para eles; acenai-lhes com a mão, para
que entrem pelas portas dos tiranos.
3
Eu dei ordens aos meus consagrados, sim, chamei os
meus valentes para executarem a minha ira, os que
com exultação se orgulham.
4
Já se ouve sobre os montes o rumor como o de
muito povo, o clamor de reinos e de nações já
congregados. O SENHOR dos Exércitos passa revista às
tropas de guerra.
5
Já vêm de um país remoto, desde a extremidade do
céu, o SENHOR e os instrumentos da sua indignação,
para destruir toda a terra.
6
Uivai, pois está perto o Dia do SENHOR; vem do Todo-
Poderoso como assolação.
7
Pelo que todos os braços se tornarão frouxos, e o
coração de todos os homens se derreterá.
8
Assombrar-se-ão, e apoderar-se-ão deles dores e
ais, e terão contorções como a mulher parturiente;
olharão atônitos uns para outros; o seu rosto se
tornará rosto flamejante.
9
Eis que vem o Dia do SENHOR, dia cruel, com ira e
ardente furor, para converter a terra em assolação e
dela destruir os pecadores.
10
Porque as estrelas e constelações dos céus não
darão a sua luz; o sol, logo ao nascer, se escurecerá,
e a lua não fará resplandecer a sua luz.
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11
Castigarei o mundo por causa da sua maldade e os
perversos, por causa da sua iniquidade; farei cessar a
arrogância dos atrevidos e abaterei a soberba dos
violentos.
12
Farei que os homens sejam mais escassos do que o
ouro puro, mais raros do que o ouro de Ofir.
13
Portanto, farei estremecer os céus; e a terra será
sacudida do seu lugar, por causa da ira do SENHOR dos
Exércitos e por causa do dia do seu ardente furor.
14
Cada um será como a gazela que foge e como o
rebanho que ninguém recolhe; cada um voltará para
o seu povo e cada um fugirá para a sua terra.
15
Quem for achado será traspassado; e aquele que
for apanhado cairá à espada.
16
Suas crianças serão esmagadas perante eles; a sua
casa será saqueada, e sua mulher, violada.
17
Eis que eu despertarei contra eles os medos, que
não farão caso de prata, nem tampouco desejarão
ouro.
18
Os seus arcos matarão os jovens; eles não se
compadecerão do fruto do ventre; os seus olhos não
pouparão as crianças.
19
Babilônia, a joia dos reinos, glória e orgulho dos
caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus
as transtornou.
20
Nunca jamais será habitada, ninguém morará nela
de geração em geração; o arábio não armará ali a sua
tenda, nem tampouco os pastores farão ali deitar os
seus rebanhos.
21
Porém, nela, as feras do deserto repousarão, e as
suas casas se encherão de corujas; ali habitarão os
avestruzes, e os sátiros pularão ali.
22
As hienas uivarão nos seus castelos; os chacais, nos
seus palácios de prazer; está prestes a chegar o seu
tempo, e os seus dias não se prolongarão.
14.1
Porque o SENHOR se compadecerá de Jacó, e ainda
elegerá a Israel, e os porá na sua própria terra; e
unir-se-ão a eles os estrangeiros, e estes se
achegarão à casa de Jacó.
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2
Os povos os tomarão e os levarão aos lugares deles,
e a casa de Israel possuirá esses povos por servos e
servas, na terra do SENHOR; cativarão aqueles que os
cativaram e dominarão os seus opressores.
3
No dia em que Deus vier a dar-te descanso do teu
trabalho, das tuas angústias e da dura servidão com
que te fizeram servir,
4
então, proferirás este motejo contra o rei da
Babilônia e dirás: Como cessou o opressor! Como
acabou a tirania!
5
Quebrou o SENHOR a vara dos perversos e o cetro dos
dominadores,
6
que feriam os povos com furor, com golpes
incessantes, e com ira dominavam as nações, com
perseguição irreprimível.
7
Já agora descansa e está sossegada toda a terra.
Todos exultam de júbilo.
8
Até os ciprestes se alegram sobre ti, e os cedros do
Líbano exclamam: Desde que tu caíste, ninguém já
sobe contra nós para nos cortar.
9
O além, desde o profundo, se turba por ti, para te
sair ao encontro na tua chegada; ele, por tua causa,
desperta as sombras e todos os príncipes da terra e
faz levantar dos seus tronos a todos os reis das
nações.
10
Todos estes respondem e te dizem: Tu também,
como nós, estás fraco? E és semelhante a nós?
11
Derribada está na cova a tua soberba, e, também,
o som da tua harpa; por baixo de ti, uma cama de
gusanos, e os vermes são a tua coberta.
12
Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da
alva! Como foste lançado por terra, tu que
debilitavas as nações!
13
Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima
das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no
monte da congregação me assentarei, nas
extremidades do Norte;
14
subirei acima das mais altas nuvens e serei
semelhante ao Altíssimo.
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15
Contudo, serás precipitado para o reino dos
mortos, no mais profundo do abismo.
16
Os que te virem te contemplarão, hão de fitar-te e
dizer-te: É este o homem que fazia estremecer a
terra e tremer os reinos?
17
Que punha o mundo como um deserto e assolava as
suas cidades? Que a seus cativos não deixava ir para
casa?
18
Todos os reis das nações, sim, todos eles, jazem
com honra, cada um, no seu túmulo.
19
Mas tu és lançado fora da tua sepultura, como um
renovo bastardo, coberto de mortos traspassados à
espada, cujo cadáver desce à cova e é pisado de
pedras.
20
Com eles não te reunirás na sepultura, porque
destruíste a tua terra e mataste o teu povo; a
descendência dos malignos jamais será nomeada.
21
Preparai a matança para os filhos, por causa da
maldade de seus pais, para que não se levantem, e
possuam a terra, e encham o mundo de cidades.
22
Levantar-me-ei contra eles, diz o SENHOR dos
Exércitos; exterminarei de Babilônia o nome e os
sobreviventes, os descendentes e a posteridade, diz o
SENHOR.
23
Reduzi-la-ei a possessão de ouriços e a lagoas de
águas; varrê-la-ei com a vassoura da destruição, diz o
SENHOR dos Exércitos.
24
Jurou o SENHOR dos Exércitos, dizendo: Como
pensei, assim sucederá, e, como determinei, assim se
efetuará.
25
Quebrantarei a Assíria na minha terra e nas minhas
montanhas a pisarei, para que o seu jugo se aparte
de Israel, e a sua carga se desvie dos ombros dele.
26
Este é o desígnio que se formou concernente a toda
a terra; e esta é a mão que está estendida sobre
todas as nações.
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27
Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; quem,
pois, o invalidará? A sua mão está estendida; quem,
pois, a fará voltar atrás? 1

INTRODUÇÃO
A presente sessão do livro (cap.13.1 – 23.18) trata do juízo de
Deus contra as nações da Mesopotâmia. Não só o juízo de Deus é o
assunto em destaque aqui, mas, também Sua fidelidade para com Suas
promessas.
A sessão que agora passamos a considerar fica no meio de dois
reinados em Jerusalém, o reinado de Acaz, o soberbo e perverso que
preferiu confiar nos seus próprios recursos, e, Ezequias, que confiou
em Deus e não somente viu Jerusalém ser protegida por Deus como
também a inimiga Assíria ser destruída.
A palavra que aparece aqui caracterizando o assunto desses
capítulos é peso ou fardo.

I. O julgamento divino: fardos para as nações (13.1 – 14.27)


A. Babilônia (primeiro fardo), v. 13.1 – 14.27
1. Deus destrói o orgulho humano, v. 13.1-18
a. v.1-5
“1 Sentença que, numa visão, recebeu Isaías, filho de Amoz,
contra a Babilônia. 2 Alçai um estandarte sobre o monte escalvado;
levantai a voz para eles; acenai-lhes com a mão, para que entrem
pelas portas dos tiranos. 3 Eu dei ordens aos meus consagrados, sim,
chamei os meus valentes para executarem a minha ira, os que com
exultação se orgulham. 4 Já se ouve sobre os montes o rumor como o
de muito povo, o clamor de reinos e de nações já congregados. O
SENHOR dos Exércitos passa revista às tropas de guerra. 5 Já vêm de um
país remoto, desde a extremidade do céu, o SENHOR e os instrumentos
da sua indignação, para destruir toda a terra.”2

1
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.1–14.27.
2
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.1–5.
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Isaías dirige sua profecia às nações inimigas começando pela


Babilônia (v. 1): “Sentença que, numa visão, recebeu Isaías, filho de
Amoz, contra a Babilônia.”3 .
Ele convoca o povo a que se reúna como um exército finque uma
bandeira no topo de uma colina para que todos possam ver que uma
guerra está para começar.
A expressão “...portas dos tiranos...” (v. 2)4 aqui tem como
objetivo falar contra os poderosos arrogantes. A função desse exército
é humilhar esses arrogantes. Esse exército é consagrado a Deus, e por
Ele dirigido e comandado, pois, Ele mesmo passa em revista as Suas
tropas. Portanto, esse exército executa a vontade Dele.
b. v.6-18
“6 Uivai, pois está perto o Dia do SENHOR; vem do Todo-Poderoso
como assolação. 7 Pelo que todos os braços se tornarão frouxos, e o
coração de todos os homens se derreterá. 8 Assombrar-se-ão, e
apoderar-se-ão deles dores e ais, e terão contorções como a mulher
parturiente; olharão atônitos uns para outros; o seu rosto se tornará
rosto flamejante. 9 Eis que vem o Dia do SENHOR, dia cruel, com ira e
ardente furor, para converter a terra em assolação e dela destruir os
pecadores. 10 Porque as estrelas e constelações dos céus não darão a
sua luz; o sol, logo ao nascer, se escurecerá, e a lua não fará
resplandecer a sua luz. 11 Castigarei o mundo por causa da sua
maldade e os perversos, por causa da sua iniquidade; farei cessar a
arrogância dos atrevidos e abaterei a soberba dos violentos. 12 Farei
que os homens sejam mais escassos do que o ouro puro, mais raros do
que o ouro de Ofir. 13 Portanto, farei estremecer os céus; e a terra
será sacudida do seu lugar, por causa da ira do SENHOR dos Exércitos e
por causa do dia do seu ardente furor. 14 Cada um será como a gazela
que foge e como o rebanho que ninguém recolhe; cada um voltará
para o seu povo e cada um fugirá para a sua terra. 15 Quem for achado
será traspassado; e aquele que for apanhado cairá à espada. 16 Suas
crianças serão esmagadas perante eles; a sua casa será saqueada, e
sua mulher, violada. 17 Eis que eu despertarei contra eles os medos,
que não farão caso de prata, nem tampouco desejarão ouro. 18 Os
3
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.1.
4
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.2.
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seus arcos matarão os jovens; eles não se compadecerão do fruto do


ventre; os seus olhos não pouparão as crianças.”5
“Uivai,...”6, como cães que agonizam por causa da fome, assim os
inimigos de Deus deveriam agonizar quando Ele com todo Seu vigor
viesse contra eles. O golpe contra essas nações inimigas seria tal que
somente Deus poderia fazer algo parecido. Quando Deus atacasse os
inimigos o resultado desse ataque seria total desamparo e impotência
diante da poderosa mão de Deus. O desespero e o terror tomariam o
lugar da força e coragem em seus corações.
Quando a Bíblia diz que “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus
vivo”7 (Hb 10.31), não fazemos ideia da amplitude dessas palavras.
O Dia do SENHOR é descrito por Isaías como “...dia cruel, com ira
e ardente furor,...”8(v.9), dia em que um cataclismo acontecerá como
podemos ver nos versos 10 e 13: “10 Porque as estrelas e constelações
dos céus não darão a sua luz; o sol, logo ao nascer, se escurecerá, e a
lua não fará resplandecer a sua luz. 13 Portanto, farei estremecer os
céus; e a terra será sacudida do seu lugar, por causa da ira do SENHOR
dos Exércitos e por causa do dia do seu ardente furor.”9, trazendo
assim a ideia de que não haverá lugar onde os inimigos poderão se
esconder.
Dia de castigo v.11 onde toda maldade será punida: “Castigarei o
mundo por causa da sua maldade e os perversos, por causa da sua
iniquidade; farei cessar a arrogância dos atrevidos e abaterei a
soberba dos violentos.”10
Dia de quase extinção da vida humana v. 12: “Farei que os homens
sejam mais escassos do que o ouro puro, mais raros do que o ouro de
Ofir.”11
Dia de pavor, quando os ímpios que tanto impuseram medo aos
outros fugirão como animais medrosos v.14: “Cada um será como a
gazela que foge e como o rebanho que ninguém recolhe; cada um
voltará para o seu povo e cada um fugirá para a sua terra.”12
5
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.6–18.
6
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.6.
7
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Hb 10.31.
8
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.9.
9
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.10, 13.
10
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.11.
11
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.12.
12
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.14.
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Dia em que o ímpio não terá como escapar, pois, todos os planos
de fuga serão frustrados v.15: “Quem for achado será traspassado; e
aquele que for apanhado cairá à espada.”13
Os medos eram os habitantes do território que hoje é o Irã
central. Eram o único povo inimigo que os assírios respeitavam a quem
eles tratavam como os “poderosos”.
Embora a Assíria tivesse os medos sob seu domínio, ela nunca
conseguiu tomar a capital meda de Ecbatana.
Em 609 a.C. os medos juntamente com a Babilônia desferiram o
golpe final que derrubou o império assírio. Em 539 os medos e os
persas derrubaram a pujante Babilônia.
c. v.19-22
“19 Babilônia, a joia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus, será
como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. 20 Nunca
jamais será habitada, ninguém morará nela de geração em geração; o
arábio não armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores farão
ali deitar os seus rebanhos. 21 Porém, nela, as feras do deserto
repousarão, e as suas casas se encherão de corujas; ali habitarão os
avestruzes, e os sátiros pularão ali. 22 As hienas uivarão nos seus
castelos; os chacais, nos seus palácios de prazer; está prestes a chegar
o seu tempo, e os seus dias não se prolongarão.”14
O orgulho da Babilônia aqui a descreve como “19 ...a joia dos
reinos,...”15. Ela se gabava de ser o que havia de mais belo entre as
nações antigas. Justamente nessa arrogância ela seria
vergonhosamente derrubada por Deus.
Tal destruição faria com que Babilônia nunca mais viesse a ser
habitada, e de fato, depois da queda do império babilônico, esta
nunca mais se levantou. Aqui aprendemos mais uma lição importante:
a humanidade não pode sustentar-se por si mesma.
A desolação que sobreviria à Babilônia é descrita nas figuras dos
animais que a habitariam depois do julgamento divino. Animais que
habitam em lugares desolados seriam os habitantes de Babilônia.
A que era a joia das nações tornar-se-ia a morada de animais
estranhos. Chacais e hienas que se alimentam de carcaças de animais
13
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.15.
14
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.19–22.
15
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.19.
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mortos se alimentariam dos cadáveres dos habitantes de Babilônia


depois do Dia do SENHOR.

2. A queda do rei da Babilônia, (v. 14.1-23)


a. v.1-4
“1 Porque o SENHOR se compadecerá de Jacó, e ainda elegerá a
Israel, e os porá na sua própria terra; e unir-se-ão a eles os
estrangeiros, e estes se achegarão à casa de Jacó. 2 Os povos os
tomarão e os levarão aos lugares deles, e a casa de Israel possuirá
esses povos por servos e servas, na terra do SENHOR; cativarão aqueles
que os cativaram e dominarão os seus opressores. 3 No dia em que
Deus vier a dar-te descanso do teu trabalho, das tuas angústias e da
dura servidão com que te fizeram servir, 4 então, proferirás este
motejo contra o rei da Babilônia e dirás: Como cessou o opressor!
Como acabou a tirania!”16
Antes de proferir a sentença contra o monarca da Babilônia (do
qual aqui não há nenhuma referência de seu nome, justamente para
mostrar que essa sentença não dizia respeito somente a um indivíduo,
mas, a toda a nação), Isaías vem falar da misericórdia de Deus para
com o povo de Israel.
Assim como Israel fora massacrado pelos seus inimigos, agora, pelo
poder de Deus e Sua permissão chegou a vez de Israel dominar
“...dominarão os seus opressores.”17 (v.2).
A eleição divina é um ato da livre vontade de Deus. Assim como
Ele escolhera a Israel e nos dias do Êxodo revelou Seu braço forte
socorrendo o Seu povo, agora, novamente Ele reafirma essa escolha e
vem ao encontro do Seu povo.
Ao dizer que Ele escolheria mais uma vez a Israel, não quer dizer
que Ele abandonara a Israel e agora resolver escolhe-lo de novo. O que
estes versos estão nos mostrando é que ainda que Deus permita que
Seu povo passe por situações tão caóticas espiritualmente falando,
como estava Israel nos dias de Isaías, Ele não abandonará a aliança
com Seu povo porque essa aliança foi feita com Abraão, e Deus não
quebra Sua promessa, ainda que seus filhos assim o façam conforme
2Tm 2.11-13: “11 Fiel é esta palavra: Se já morremos com ele,
16
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.1–4.
17
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 13.2.
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também viveremos com ele; 12 se perseveramos, também com ele


reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos negará; 13 se somos
infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a
si mesmo.” 18.
b. v.4-11
“4 então, proferirás este motejo contra o rei da Babilônia e dirás:
Como cessou o opressor! Como acabou a tirania! 5 Quebrou o SENHOR a
vara dos perversos e o cetro dos dominadores, 6 que feriam os povos
com furor, com golpes incessantes, e com ira dominavam as nações,
com perseguição irreprimível. 7 Já agora descansa e está sossegada
toda a terra. Todos exultam de júbilo. 8 Até os ciprestes se alegram
sobre ti, e os cedros do Líbano exclamam: Desde que tu caíste,
ninguém já sobe contra nós para nos cortar. 9 O além, desde o
profundo, se turba por ti, para te sair ao encontro na tua chegada;
ele, por tua causa, desperta as sombras e todos os príncipes da terra
e faz levantar dos seus tronos a todos os reis das nações. 10 Todos
estes respondem e te dizem: Tu também, como nós, estás fraco? E és
semelhante a nós? 11 Derribada está na cova a tua soberba, e,
também, o som da tua harpa; por baixo de ti, uma cama de gusanos, e
os vermes são a tua coberta.” 19
O assunto aqui nestes versos é: a terra gozará de paz, enquanto o
reino dos mortos estará em confusão. Um motejo, um canto
zombeteiro deveria ser proferido contra o rei da Babilônia: “4...Como
cessou o opressor! Como acabou a tirania!”20 (v.4).
Deus o envergonhara retirando de suas mãos a autoridade e o
poder que tinha para atormentar as nações. A terra agora descansava
sossegada conforme v.7: “7 Já agora descansa e está sossegada toda a
terra. Todos exultam de júbilo.” 21
Aqui surge uma questão intrigante: é certo o povo de Deus se
regozijar quando vê a queda de um tirano perverso ou de um reino que
só trazia terror sobre os povos?
E a resposta depende das motivações do nosso coração. Por
exemplo: se houver algum sentimento de vingança que foi saciado ao
18
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), 2Tm 2.11–13.
19
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.4–11.
20
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.4.
21
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.7.
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ver que os perversos foram punidos, então, não é certo tal regozijo.
Porém, se nos regozijamos em tal situação porque Deus foi glorificado
como o Deus Justo e Santo, se foi a santidade de Deus ali satisfeita,
então devemos nos regozijar sim.
O v.9 muda o cenário: “9 O além, desde o profundo, se turba por
ti, para te sair ao encontro na tua chegada; ele, por tua causa,
desperta as sombras e todos os príncipes da terra e faz levantar dos
seus tronos a todos os reis das nações.” 22
Até então estava-se falando da terra em júbilo. Agora, Isaías passa
a falar do reino dos mortos, o “...além...” 23 (no hebraico, sheol).
A cena aqui descrita é a seguinte: um tirano que aqui na terra
oprimiu as nações e devastou reinos e tronos, transmitindo a ideia de
que era eterno e divino, ao chegar ao inferno, ao submundo, espera
ser recebido com aclamações, mas, o que ele recebe é zombaria e
mais motejo, porque fica constatado que ele também é um mortal e
como tal sofrerá corrupção eterna. Ali no reino dos mortos, ele é só
mais um moribundo e miserável.
“Os vermes põem a todos nós, tanto poderosos quanto
desamparados, em pé de igualdade”24.

c. v.12-15
“12 Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como
foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! 13 Tu dizias no
teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o
meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas
extremidades do Norte; 14 subirei acima das mais altas nuvens e serei
semelhante ao Altíssimo. 15 Contudo, serás precipitado para o reino
dos mortos, no mais profundo do abismo.”25
É importante esclarecermos um ponto aqui. Estes versos são
usados pela igreja romana e também por muitas igrejas evangélicas
para falar da “origem” da “queda” de Satanás.
Somos da posição que os Reformadores sustentaram, a saber, estes
versos não estão falando de Satanás, mas, sim, do orgulho humano que

22
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.9.
23
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.9.
24
OSWALT, 2011, vol.1, p.391
25
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.12–15.
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chega ao disparate de afrontar Deus em Sua glória querendo roubá-Lo


da mesma.
O ser humano é arrogante, e desde o Éden ele vem alimentando
seu orgulho contra Deus. Basta ver que os imperadores sempre
atribuíram a si mesmos o status de deuses.
Apesar de toda a arrogância, o homem no final encontra-se com a
morte v.15: “15 Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos,
no mais profundo do abismo.”26, e ali, na sepultura ele é apenas mais
um miserável mortal que em sua vida ousou achar que era alguma
coisa.

d. v.16-23
“16 Os que te virem te contemplarão, hão de fitar-te e dizer-te: É
este o homem que fazia estremecer a terra e tremer os reinos? 17 Que
punha o mundo como um deserto e assolava as suas cidades? Que a
seus cativos não deixava ir para casa? 18 Todos os reis das nações, sim,
todos eles, jazem com honra, cada um, no seu túmulo. 19 Mas tu és
lançado fora da tua sepultura, como um renovo bastardo, coberto de
mortos traspassados à espada, cujo cadáver desce à cova e é pisado de
pedras. 20 Com eles não te reunirás na sepultura, porque destruíste a
tua terra e mataste o teu povo; a descendência dos malignos jamais
será nomeada. 21 Preparai a matança para os filhos, por causa da
maldade de seus pais, para que não se levantem, e possuam a terra, e
encham o mundo de cidades. 22 Levantar-me-ei contra eles, diz o
SENHOR dos Exércitos; exterminarei de Babilônia o nome e os
sobreviventes, os descendentes e a posteridade, diz o SENHOR.
23
Reduzi-la-ei a possessão de ouriços e a lagoas de águas; varrê-la-ei
com a vassoura da destruição, diz o SENHOR dos Exércitos.”27
Novamente, Isaías descreve o momento em que este arrogante
monarca depois de sua morte encontra-se com outros reis aos quais ele
subjugou e estes zombam dele.
O v.19: “Mas tu és lançado fora da tua sepultura, como um renovo
bastardo, coberto de mortos traspassados à espada, cujo cadáver
desce à cova e é pisado de pedras.”28, traz algumas dificuldades de
26
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.15.
27
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.16–23.
28
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.19.
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interpretação, porém, não devemos nos prender aos detalhes, mas,


sim, na ideia central, que é a da vergonha que Deus traria sobre o
soberbo monarca.
Àquele que sempre se viu como o ser mais importante do mundo,
ter seu cadáver insepulto era a pior afronta que a sua memória poderia
ter. Ele seria como um aborto.
Não bastasse tamanha desonra para sua memória, havia algo mais
a ser feito contra ele: sua descendência seria extirpada conforme
v.21: “Preparai a matança para os filhos, por causa da maldade de
seus pais, para que não se levantem, e possuam a terra, e encham o
mundo de cidades.”29
Não haveria alguém de sua linhagem para assumir o seu trono.
Para um monarca nada poderia ser mais vergonhoso. Suas propriedades
que ele ajuntou às custas da opressão dos outros povos, também
seriam destruídas como podemos ver nos versos 22,23: “22 Levantar-
me-ei contra eles, diz o SENHOR dos Exércitos; exterminarei de
Babilônia o nome e os sobreviventes, os descendentes e a posteridade,
diz o SENHOR. 23 Reduzi-la-ei a possessão de ouriços e a lagoas de
águas; varrê-la-ei com a vassoura da destruição, diz o SENHOR dos
Exércitos.”30

3. O plano do SENHOR para a Assíria v. 14.24-27


“24 Jurou o SENHOR dos Exércitos, dizendo: Como pensei, assim
sucederá, e, como determinei, assim se efetuará. 25 Quebrantarei a
Assíria na minha terra e nas minhas montanhas a pisarei, para que o
seu jugo se aparte de Israel, e a sua carga se desvie dos ombros dele.
26
Este é o desígnio que se formou concernente a toda a terra; e esta é
a mão que está estendida sobre todas as nações. 27 Porque o SENHOR
dos Exércitos o determinou; quem, pois, o invalidará? A sua mão está
estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?” 31
A profecia contra o poder mundial da Mesopotâmia chega ao seu
fim com essa passagem. Esta profecia é continuação da que fora
proferida nos versos anteriores com relação à Babilônia. A destruição
da Assíria foi determinada por Deus: “26 Este é o desígnio que se
29
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.21.
30
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.22–23.
31
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.24–27.
Rev. André Arêa Página | 14

formou concernente a toda a terra; e esta é a mão que está estendida


sobre todas as nações. 27 Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou;
quem, pois, o invalidará? A sua mão está estendida; quem, pois, a fará
voltar atrás?” 32 (v.26, 27)
Deus começou pela Mesopotâmia e partiria para toda a terra
executando o Seu santo Julgamento. Não há limites para o domínio do
SENHOR. Não há um canto neste universo onde Ele não ponha os Seus
pés que não seja Dele. As nações estão em Suas mãos, assim como
cada alma.

Para Pensarmos e Praticarmos


1) A humanidade não pode sustentar-se por si mesma. A vida
humana, tanto os ímpios, quanto os justos, dependem de Deus
conforme v.19-22: “19 Mas tu és lançado fora da tua sepultura,
como um renovo bastardo, coberto de mortos traspassados à
espada, cujo cadáver desce à cova e é pisado de pedras. 20 Com
eles não te reunirás na sepultura, porque destruíste a tua terra e
mataste o teu povo; a descendência dos malignos jamais será
nomeada. 21 Preparai a matança para os filhos, por causa da
maldade de seus pais, para que não se levantem, e possuam a
terra, e encham o mundo de cidades. 22 Levantar-me-ei contra
eles, diz o SENHOR dos Exércitos; exterminarei de Babilônia o nome
e os sobreviventes, os descendentes e a posteridade, diz o
SENHOR.”33
2) O fim dos seres humanos é exatamente o mesmo: A morte. Tanto
os arrogantes quanto os humildes, terminam nas mesmas condições.
A diferença é o que aguarda cada um na eternidade.

32
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.26–27.
33
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Is 14.19–22.

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