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ESTUDO BÍBLICO
Rev. André Arêa

Data: 28/09/23
Local: IP Mutuaguaçu
Tema: A Morte
Texto Bíblico: Mt 27.45-56
LEITURA BÍBLICA
Mateus 27.45-56
45
Desde a hora sexta até à hora nona, houve trevas
sobre toda a terra.
46
Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz,
dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer:
Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
47
E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam:
Ele chama por Elias.
48
E, logo, um deles correu a buscar uma esponja e,
tendo-a embebido de vinagre e colocado na ponta de
um caniço, deu-lhe a beber.
49
Os outros, porém, diziam: Deixa, vejamos se Elias
vem salvá-lo.
50
E Jesus, clamando outra vez com grande voz,
entregou o espírito.
51
Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes
de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as
rochas;
52
abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos,
que dormiam, ressuscitaram;
53
e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de
Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a
muitos.
54
O centurião e os que com ele guardavam a Jesus,
vendo o terremoto e tudo o que se passava, ficaram
possuídos de grande temor e disseram:
Verdadeiramente este era Filho de Deus.
55
Estavam ali muitas mulheres, observando de longe;
eram as que vinham seguindo a Jesus desde a Galileia,
para o servirem;
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entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de
Tiago e de José, e a mulher de Zebedeu.1

INTRODUÇÃO

I) A morte (Mt 26.45-56)


Os relatos de Mateus e Marcos trazem mais detalhes que Lucas e
João. No decorrer da exposição do texto de Mateus acrescentaremos os
detalhes dos outros Evangelhos.
Para ajudar-nos na compreensão do texto, dividiremos em três
pontos o relato de Mateus: o sofrimento até a morte (v.45-50), os sinais
(v.51-53) e, as mulheres piedosas que seguiam Jesus (v.55-56).

a) O sofrimento até a morte (v.45-50)


“Era a hora terceira quando o crucificaram.”2(Mc 15.25), ou seja,
às nove horas. Nas três primeiras horas da crucificação, grande
movimentação houve ali no Calvário. Soldados cumprindo suas ordens,
os transeuntes passando pela estrada (os condenados eram crucificados
onde havia movimento para serem expostos ainda mais), os líderes
religiosos ali zombando e dando-se por satisfeitos.
Mateus então afirma: “Desde a hora sexta até à hora nona, houve
trevas sobre toda a terra.”3 (v.45).
Lucas diz que “Já era quase a hora sexta,...”4 (Lc 23.44). O advérbio
de modo “quase” (h ;dh) não traz nenhuma dificuldade, pois, traz a
mesma ênfase que tanto Mateus quanto Marcos dão ao período dessas
três horas de trevas (“Desde a hora sexta até à hora nona”).
Não devemos supor que outra causa além do poder de Deus tenha
trazido essas densas trevas. Tentativas de explicar essa escuridão com
uma tempestade repentina, como as tempestades trazidas pelos Siroco
(vento do deserto) as quais enegreciam o céu, ou mesmo um eclipse
como parece sugerir o relato de Lucas (Lc 23.44)5.

1
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Mt 27.45–56.
2
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Mc 15.25.
3
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Mt 27.45.
4
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 23.44a.
5
Nas variantes textuais de Lc 23.44, não aparecem a palavra “sol”. O Textus Receptus traz: Kai . h=n h;dh
w`sei . w[ra e[kth kai. sko,toj evge ,neto evfV o[lhn th.n gh /n e [wj w[raj evna ,thj; enquanto que o Texto Bizantino traz:
+Hn de . w`sei . w[ra e [kth( kai. sko,toj e vge ,neto e vfV o[lhn th .n gh/n e [wj w[raj e vna ,thj. A afirmação kai. sko,toj e
vge ,neto evfV o[lhn th .n gh /n “e escuridão se fez sobre toda a terra” (tradução literal), não menciona o sol.
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Contudo, não há outra explicação plausível além do poder de


Deus trazendo tal escuridão, como sinal de Seu julgamento6 sobre a
nação.
Quando se diz que as trevas vieram sobre “toda a terra”, não
significa sobre “todo o planeta”, mas, sobre a nação de Israel7.
Certamente, os Evangelistas tinham em mente os textos de Êx
10.21-22, no qual vemos que antes da primeira Páscoa no Egito, houve
densas trevas como sinal do juízo de Deus, e, agora na última Páscoa
também houve densas trevas em cumprimento da profecia de Am 8.9-
10.
Entre a hora sexta (12h) e à nona (15h), houve um hiato silencioso.
Cristo nada disse.
Porém, “Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo:
Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por
que me desamparaste?” 8 (v.46).
W. Hendriksen nos lembra que há um elo muito estreito entre a
escuridão que apontava para o juízo de Deus e o grito de agonia que
Cristo soltou – a ira de Deus estava sendo derramada em sua plenitude.
Este grito foi a quarta palavra que Cristo proferiu na cruz.
O Seu clamor ao Pai “Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer:
Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”, é, além de uma
citação do Sl 22.1: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
”9, é o brado de profunda dor a qual jamais conseguiremos mensurar.
John MacArthur foi assertivo ao dizer10:
Enquanto Cristo estava pendurado ali, ele estava carregando o pecado do
mundo. Ele estava morrendo como um substituto para outros. A ele foi
imputada a culpa do pecado deles, e ele estava sofrendo o castigo por
esses pecados em favor deles. E a própria essência desse castigo era a
efusão da ira de Deus contra os pecadores- De algum modo misterioso,
durante essas horas terríveis na cruz, o Pai derramou a medida completa
da sua ira contra o pecado, e o receptor dessa ira foi o próprio Filho amado
de Deus!

6
Cf. CARSON, 2010, p.667.
7
533 Lutero, Calvino, Ridderbos entre outros preferem a tradução “país” em Mt 27.45 (cf. HENDRIKSEN,
2001, vol.2, p.661).
8
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Mt 27.46.
9
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Sl 22.1.
10
MACARTHUR, 2003, p.217.
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Ali na cruz, Cristo estava desamparado do amor do Pai, porque


naquele momento a ira e a justiça de Deus recaíram sobre Ele. Isso não
quer dizer que naquele momento, Deus deixou de amar.
Os atributos de Deus são igualmente presentes o tempo todo em Seu
ser e ações. Mas, naqueles momentos de agonia Jesus contemplou a face
do Pai em Sua ira, face esta que sempre Ele viu em amor.
Se não podemos imaginar a intensidade de Sua dor física, muito
menos, a Sua dor espiritual.
“45 Desde a hora sexta até à hora nona, houve trevas sobre toda a
terra. 46 Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli,
Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste? 47 E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Ele
chama por Elias. 48 E, logo, um deles correu a buscar uma esponja e,
tendo-a embebido de vinagre e colocado na ponta de um caniço, deu-
lhe a beber. 49 Os outros, porém, diziam: Deixa, vejamos se Elias vem
salvá-lo.”11 (v.47-49).
Enquanto sofria por compaixão aos pecadores, destes Ele recebia
ainda mais escárnio.
Ainda que se possa alegar que as palavras “Eli, Eli” em aramaico
sejam muito parecidas em sua pronúncia com o nome do profeta
veterotestamentário “Elias” em hebraico, eles aqui estavam zombando
e escarnecendo de Jesus tal como fica claro no v.49. Um dos que ali
estavam (o centurião?) correu a embeber uma esponja em vinagre e a
colocou num caniço para alcançar a boca de Jesus.
Conforme Jo 19.28, antes que este fizesse tal coisa, Jesus, clamou
“Tenho sede!”. Esta então, foi a quinta declaração de Cristo na cruz. Se
antes Ele rejeitara a bebida amarga que Lhe deram, agora, Ele permitiu-
Se um pouco de alívio na Sua sede.
Na Sua sede temos uma evidência clara de Sua humanidade, e como
homem, Ele enfrentou tudo aquilo. Que os que negam Sua humanidade
atentem para esse fato! Ressaltamos ainda que isso foi cumprimento da
profecia do Sl 22.15: “Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e
a língua se me apega ao céu da boca; assim, me deitas no pó da
morte.”12

11
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Mt 27.47–49.
12
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Sl 22.15.
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“E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o


espírito.”13 (v.50). Algo muito importante aqui não pode passar
despercebido aos nossos olhos. Jesus não morreu em decorrência do
sofrimento e da exaustão física, mas, voluntariamente.
A morte por crucificação levava até alguns dias para se concretizar,
e, por esta razão havia a prática de quebrar as pernas dos crucificados
para que eles fossem impedidos de movimentarem seus corpos para
cima na tentativa de conseguirem puxar ar para os pulmões, pois, devido
a posição de seus braços estendidos, a respiração era severamente
prejudicada.
Quebrando suas pernas, eles perdiam esse movimento
comprometendo ainda mais a respiração, mas, não só isso, as fraturas
nas pernas causavam gangrena e trombose.
A morte relativamente rápida de Jesus (em torno de seis horas)
mostra que, Aquele que é a Vida, tem autoridade sobre a morte, e esta
está sob Seu comando.
Ele “entregou o espírito”, em vez deste ter sido retirado Dele.
Nenhum ser humano tem esse poder. Quando a morte chega, ela não
pede licença.
Lucas relata que Jesus disse: “...Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito! E, dito isto, expirou.”14 (Lc 23.46).
João, por sua vez, relata esse momento com outras palavras. Ele
diz que após ter ingerido o vinagre, Jesus disse: “...Está consumado!..”15
(Jo 19.30).
Qual dessas duas falas foi a última? Provavelmente, a que Lucas
registrou. Jesus não entregou o Seu espírito (Sua vida) à morte, mas, ao
Pai.
“O Pai o recebeu na glória, e na manhã da ressurreição restaurou o
espírito do filho a seu corpo para não mais morrer”16.
Quando o Credo Apostólico afirma que Cristo “desceu ao hades”,
muitos pensam que Ele desceu ao inferno, e lá proclamou o evangelho
às almas perdidas (embasam tal afirmação em 1Pe 3.18-20).

13
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Mt 27.45–56.
14
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 23.46b.
15
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Jo 19.30b.
16
HENDRIKSEN, 2001, vol.2, p.666.
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Tal interpretação está totalmente equivocada. Após Sua morte, Seu


espírito foi para junto do Pai, no Paraíso, onde Ele próprio recebeu o
ladrão convertido naquele dia.
O Seu corpo esteve por três dias sob o poder da morte, numa
sepultura (“hades” é a condição de se estar numa sepultura, e não o
submundo das trevas como na mitologia grega).
b) Os sinais (v.51-54)
Além das densas trevas (v.45), outros sinais miraculosos
aconteceram na ocasião da morte de Jesus.
Após a dissipação das trevas assim que Jesus expirou, vemos os
seguintes portentos: o véu do santuário rasgou-se de alto a baixo e
terremoto violento (v.51), e a ressurreição de muitos piedosos servos de
Deus (v.52).
“Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a
baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas;”17 (v.51).
Hebreus 6.19: “a qual temos por âncora da alma, segura e firme e
que penetra além do véu,”18;
Hebreus 9.3: “por trás do segundo véu, se encontrava o tabernáculo
que se chama o Santo dos Santos,”19
Hebreus 10.20: “pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou
pelo véu, isto é, pela sua carne,”20
O véu que separava o Santo Lugar do Santo dos Santos “se rasgou
em duas partes de alto a baixo”, ou seja, sem qualquer interferência
humana. Fios nas cores azul, escarlate e púrpura eram entretecidos num
manto de linho branco formando a imagem de querubins simbolizando
assim a presença de Deus ali.
Dentro do Santo dos Santos estava a Arca da Aliança nos dias do
Antigo Testamento. Tratava-se de um manto bem expeço.
Por volta da hora nona, os sacerdotes estavam dentro do santuário
fazendo os preparativos para a Páscoa. Eles testemunharam o véu sendo
rasgado miraculosamente.

17
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Mt 27.51.
18
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Hb 6.19.
19
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Hb 9.3.
20
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Hb 10.20.
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A acusação de que foi algum deles quem rasgou é totalmente


infundada, pois, eles jamais fariam algo que corroborasse para dizer que
Jesus era de fato o Messias.
A significação simbólica da ruptura do véu aponta para o livre acesso
que agora os homens têm, por meio de Jesus, à presença de Deus
vejamos Hebreus 10.19-20: “19 Tendo, pois, irmãos, intrepidez para
entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, 20 pelo novo e vivo
caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne,”21
O segundo sinal também descrito no v. 51 foi o grande tremor de
terra e as rochas partindo-se. Além, é claro de impingir profundo terror
aos corações daqueles que presenciaram tudo isso (e também aos nossos
corações), o significado desse terremoto e fissura das rochas é que,
haverá um novo céu e uma nova terra (Ap 21.1), o que sem a morte
expiatória de Cristo seria impossível.
Como veremos, na ressurreição de Cristo temos a recriação da
humanidade.
Ainda que alguém possa alegar que a área do templo ali fica sobre
uma falha geológica propícia a terremotos22, e que pelo fato dos
sepulcros naqueles tempos serem em pedras ocas e cavernas, qualquer
terremoto poderia remover as pedras, e estas se partirem ao rolarem,
é importante destacar que tal terremoto se deu quando Deus quis, e não
em outra ocasião.
Mas, não foram só rochas que rolaram e se fenderam. Também,
“52 abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam,
ressuscitaram; 53 e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de
Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos.” 23 (v.52-53).
Somente Mateus registra a ressurreição dos “santos” (pessoas
piedosas). Destacamos que foi uma ressurreição real, e não uma mera
aparição de cadáveres.
Mas, surgem as seguintes dificuldades com relação à ressurreição
desses santos:
✓ A expressão “depois da ressurreição de...” (meta. th .n e;gersin auvtou/)
pode ser traduzida por “depois da sua (de Jesus) ressurreição” ou

21
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Hb 10.19–20.
22
Cf. CARSON, 2010, p.671.
23
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Mt 27.52–53.
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“depois da sua (dos santos) ressurreição”; no caso de ser a primeira


opção (depois da ressurreição de Jesus), então eles só saíram de seus
sepulcros e entraram em Jerusalém (“cidade santa”) depois que
Cristo ressuscitou no domingo; no caso de ser a segunda opção (a
ressurreição deles), quando é que eles ressuscitaram? Foi na sexta-
feira mesmo, ou algum tempo depois? W. Hendriksen afirma que ela
ocorreu no exato momento da morte de Cristo e, juntamente com os
outros sinais, apontava para a significação dessa morte24.
✓ O que aconteceu a eles depois? Voltaram a morrer? Deus os tomou
para si de corpo e alma? Admitimos que são questões difíceis.
Provavelmente, a ressurreição deles foi como a de Lázaro, a saber,
com corpos não glorificados, pois esse tipo de ressurreição está
reservado para o Dia da volta de Cristo.
Diante de tudo isso, é importante afirmar que o propósito do
Espírito Santo levando Mateus a narrar esse fato é apontar para a
gloriosa ressurreição que ocorrerá aos santos quando Cristo voltar para
buscar a Sua Igreja.
“O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o
terremoto e tudo o que se passava, ficaram possuídos de grande temor
e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus.” 25 (v.54).
Os relatos de Marcos e de Lucas não diferem do que Mateus, mas, o
relato de João traz alguns elementos importantes aqui
Em Jo 19.31-37 lemos: “31 Então, os judeus, para que no sábado não
ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação, pois era grande
o dia daquele sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as
pernas, e fossem tirados. 32 Os soldados foram e quebraram as pernas
ao primeiro e ao outro que com ele tinham sido crucificados;
33
chegando-se, porém, a Jesus, como vissem que já estava morto, não
lhe quebraram as pernas. 34 Mas um dos soldados lhe abriu o lado com
uma lança, e logo saiu sangue e água. 35 Aquele que isto viu testificou,
sendo verdadeiro o seu testemunho; e ele sabe que diz a verdade, para
que também vós creiais. 36 E isto aconteceu para se cumprir a Escritura:

24
Cf. HENDRIKSEN, 2001, vol.2, p.669.
25
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Mt 27.45–56.
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Nenhum dos seus ossos será quebrado. 37 E outra vez diz a Escritura:
Eles verão aquele a quem traspassaram.” 26
✓ Os judeus, por causa da Páscoa, rogaram a Pilatos que mandasse
quebrar as pernas de Jesus para acelerar o processo da morte; os
dois ladrões ainda estavam vivos, e, por isso tiveram suas pernas
quebradas; mas, Cristo não, pois, já estava morto (v.31-33);
✓ Um dos soldados tomou uma lança e abriu o lado do abdômen de
Cristo, do qual verteu sangue e água (v.34). A afirmação de que o
que matou Jesus foi a lança do soldado, não merece crédito algum.
A coagulação do sangue que ocorre quando a pessoa morre,
transforma-o numa espécie de soro. O fato desse fluído ter saído do
abdômen de Cristo, comprova que Sua morte se dera algum tempo
antes do soldado tê-Lo perfurado. Esse fluído é acumulado no
pericárdio (membrana que envolve o coração). O processo de
crucificação provoca um quadro de edema, pois, a dificuldade de
respirar força o coração a trabalhar com sangue pouco oxigenado, e
isso acumula água no pulmão fazendo a pessoa morrer literalmente
afogada em seus próprios fluídos.
c) As mulheres piedosas que seguiam Jesus (v.55-56)
“55 Estavam ali muitas mulheres, observando de longe; eram as que
vinham seguindo a Jesus desde a Galileia, para o servirem; 56 entre elas
estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mulher de
Zebedeu.27 (v.55-56).
Mateus, Marcos e Lucas afirmam que elas estavam paradas
“observando de longe”; João diz que estavam “junto à cruz” como
podemos ver em João 19.25: “E junto à cruz estavam a mãe de Jesus, e
a irmã dela, e Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena.”28
Provavelmente estiveram longe e se aproximaram. Mateus registra
os nomes de algumas das “muitas mulheres” que serviam a Jesus “desde
a Galileia”, isto é, desde Seu ministério naquela região. Cada
evangelista apresenta uma lista:

26
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Jo 19.31–37.
27
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Mt 27.55–56.
28
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Jo 19.25.
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✓ Mateus (v.56): Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e de José, e a


mulher de Zebedeu;
✓ Marcos (15.40): Maria Madalena, Maria mãe de Tiago, o menor, e
de José, e Salomé;
✓ João (19.25): a mãe de Jesus (Maria), a irmã dela, Maria, mulher
de Clopas, e Maria Madalena.
Apenas Maria Madalena é mencionada explicitamente nas três listas.
Sugere-se que Salomé é a mesma que é designada como “irmã da mãe
de Jesus” e “mulher de Zebedeu”; que Maria, esposa de Clopas seja
“Maria mãe de Tiago (o menor) e José”29.
Se foi assim, então as três listas estão falando as mesmas pessoas.
De Maria Madalena (de Magdala) o Senhor expulsara demônios (Lc
8.20) e não deve ser confundida com a pecadora de Lc 7. Ela aparecerá
novamente na ocasião da ressurreição.
De Maria, a mãe de Tiago e José, só sabemos que ela também
estaria presente no momento do sepultamento de Cristo (Mt 27.61; Mc
15.47; Lc 23.55), e esteve no grupo de mulheres que foram embalsamar
Jesus no domingo.
Destacamos aqui acerca dessas mulheres é que:
1. Elas não abandonaram a Cristo tal como fizeram os discípulos;
2. Haviam dado evidências de seu amor por Cristo desde algum tempo
e permaneceram até o fim;
3. “Havendo testemunhado a morte, sepultamento e aparecimentos
posteriores à Sua ressurreição, eram testemunhas qualificadas dos
fatos da redenção dos quais, sob a soberania de Deus, a igreja
depende para sua fé”30.

Para Pensarmos e Praticarmos


O juízo de Deus contra o pecado sempre é algo pavoroso e deve
impingir medo aos nossos corações, pois, o que merecemos da parte
Deus é somente isso.
Se temos a Sua Graça, é por livre obra da Sua vontade e amor.

29
Cf. HENDRIKSEN, 2001, vol.2, p.672.
30
Ibid, p.673.
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O único que foi realmente desamparado por Deus, foi Aquele que
nunca mereceu isso. E aqueles que não estiverem abrigados pelo Seu
sangue, receberão eternamente a ira de Deus sobre si mesmos.
A nossa salvação está consumada. Nada mais há que ser feito. Tudo
o que era necessário, Cristo cumpriu. Nosso coração deve descansar no
fato de que a morte não terá domínio sobre nós assim como não teve
sobre Cristo.
Ainda que viermos a morrer, viveremos eternamente por meio
Daquele que tem o domínio sobre a morte.
O Calvário respondeu ao Sinai: “A Lei foi cumprida plena, completa
e definitivamente. O preço foi pago; meu povo foi redimido. Está
consumado!”.

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