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Consciência Corporal I

Tema: O que é teatro? Minha relação com ele? O que te escapa? O que te assombra? O
que te seduz?
Assim como a explicação do que é arte, as definições de teatro vem há tempos sendo
discutidas, já que estas além de provir de diferentes pontos de vista, acabam por vezes excluindo
determinados campos teatrais ou sendo precipitadas.
Analisando estudos sobre a história do teatro que tem como referência a sua
dramaturgia, podemos perceber que o teatro é, basicamente, a amostragem de tudo relacionado
ao humano e à sua percepção; O homem faz teatro, então de modo recíproco, o teatro é o
homem e tudo o que pode ser “garimpado” de seu interior; Na Comedia Dell’Arte, por exemplo,
vemos a caracterização do “humor”, do “sarcasmo”, dos costumes mundanos, entre outras
características da personalidade humana, por mais fantasiosas que as situações sejam. O teatro
clássico grego é a religiosidade e a exaltação do fantástico (tal qual percebe-se pelos seus deuses
e heróis), o épico é a politicidade e a moralidade social, o expressionista é o caos unido pela
transcendência da alma, enquanto o teatro impressionista valoriza a matéria, sendo tanto a alma
quanto a matéria concepções humanais; A própria performance pode-se encaixar em tal
definição, sendo esta o homem e suas percepções exibidos cruamente. Pode-se tomar por
exemplo o homem que ao atuar como um animal está na verdade transfigurando a sua percepção
de como é este, e caso pretendesse fugir e demonstrar a percepção da criatura, demonstraria
como intui ser esta a partir de sua própria análise.
Pessoalmente, além de um modo de se expressar ou simples catarse, conceituo o teatro
como um modo diferente de pensar e repensar, tanto as relações humanas, quanto ideários,
preceitos, pontos de vista, o “eu” físico e psicológico e até mesmo visualizar e refletir sobre
coisas anteriormente ignoradas; Além disso, minha relação com o teatro é também de caráter
comunicativo, sendo este capaz de expor vivências e conceitos meus de um modo que estes
interessem e afetem – mesmo que inconscientemente – as pessoas; É quando eu entrego ao
próximo aquilo que eu posso e quero oferecer, desde a mais sincera realidade até a fantasia. Por
assumir e observar o teatro como exclusivamente humano possuo uma relação bastante íntima
com este, sem o evitar ou temer, por mais que suas técnicas ou efeitos ainda sejam cobertos de
mistérios e incertezas, e de certo modo, estes são os que mais me seduzem, a incerteza, o nunca
completo acabamento, a necessidade de estar sempre buscando novos métodos, formas,
conceitos, mentalidades, de se atualizar sócio-politicamente, de perceber a mentalidade, a
sensibilidade e o interior humano –tanto do próximo quanto o meu – além de estar
constantemente estudando em busca de um aprofundamento em si e no mundo.
Por definição, o teatro pode então ser caracterizado como a percepção humana em
relação a sua volta exibida com um caráter estético.

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