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BARREIRO, Mateus Freitas; CARVALHO, Alonso Bezerra; FURLAN, Marta Regina.

A arte e o afeto na inclusão escolar: potência e o pensamento não representativo.


childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 14, n. 30, maio-ago. 2018, pp. 517-534.
Disponível em: < https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6593640> acesso
em 07/06/2022.

A ARTE E O AFETO NA INCLUSÃO ESCOLAR

Jadson Lucas de Jesus Ribeiro1

O artigo, escrito por BARREIRO2, CARVALHO3 e FURLAN4, profissionais


pesquisadores na área da educação, traz uma discussão acerca do uso da arte na inclusão
escolar, abordando conceitos como o de afeto, potência e o pensamento não
representativo, apontando possibilidades e questionamentos no entendimento do devir
deficiente na escola. Os autores utilizam o pensamento de Deleuze e Guattari, como
principal referencial teórico.

Inicialmente o texto introduz o conceito de afeto na filosofia de Deleuze,


deixando claro que “o afeto faz parte de uma ordem sensível”, desta forma, se opõe a
uma lógica codificada da realidade. Já a inclusão escolar “faz parte do registro de uma
lógica representativa que codifica a experiência do sujeito e reduz sua potência afetiva”.
Ou seja, a arte, por sua característica sensível e por trazer uma experiência estética da
realidade, um olhar diferenciado para a vida, então poderia ampliar a potência afetiva na
inclusão escolar.

1
Estudante de graduação no curso de Licenciatura em Artes Visuais (UFRB)
2
Mestre (bolsista CAPES) e Doutor (bolsista CAPES) pelo Programa de Pós-Graduação em Educação
pela Faculdade de Filosofia e Ciências - Campus de Marília - UNESP
3
Doutor em Filosofia da Educação (2002) pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
(USP)
4
Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2011) e Pós-Doutora em Educação pela
Universidade Paulista Julio de Mesquita Filho
2

O conceito de afeto é pensado para trabalhar o pensamento não representativo,


e é nesse ponto que ele se relaciona com a arte. O artigo destaca que “a potência da obra
de um artista não é representativa, pois o espectador apreende, produz e reverbera a
partir da obra de arte carregada de afetos”. Logo, através da obra de arte é possível
entender melhor a si mesmo, entender melhor o outro e o mundo ao nosso redor, tudo
isso a partir da nossa subjetividade, de nossa dimensão mais sensível. E é esse
entendimento que seria essencial na inclusão escolar, pois passaríamos a valorizar as
diferenças em vez de tratá-las apenas como anormalidades.

Tratando então do devir deficiente, é apresentada uma visão sobre a inclusão


escolar que desafia e rompe com os dispositivos de poder, pois chama atenção para o
que estaria por trás das classificações de deficiência e normalidade. “O devir deficiente
não diz respeito a uma condição existencial ou metafísica, mas significa entender que a
deficiência está implicada em um jogo político que tende a normalizar e classificar”. A
solução estratégica que o texto apresenta, para romper com esse pensamento
representativo de instituições que definem a deficiência, é recorrer à arte como forma de
produção de afetos capazes de potencializar o agir, fazendo com que os sujeitos
envolvidos na escola possam compreender melhor um ao outro, livres de normas pré-
concebidas.

É notável como o artigo consegue abarcar a complexidade no processo de


inclusão escolar por meio da arte, e convence quando defende a produção de afetos no
ambiente escolar para estabelecer um pensamento não representativo do devir
deficiente. O pensamento de Deleuze e Guattari utilizado no texto se mostra bastante
atual para as questões discutidas. Isso faz o texto ser indicado não apenas para
profissionais do ambiente escolar, como também para profissionais das artes e de arte-
educação, podendo trazer uma visão bastante relevante nos seus campos de atuação e
conhecimento.

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