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Escola Estadual Idalina da Silva Dourado

Atividades Eletivas: Matemática e Ciências da Natureza


Professor (a):
Aluno (a):
Série: II Trimestre Data: ______/_______2023
Inclusão Digital e Sociedade

“Cultura do cancelamento" prejudica famosos e anônimos ao


disseminar o julgamento e a intolerância.
O termo vem ganhando força nos últimos anos e se destacou ainda mais desde o início do BBB 21

Na Era das redes sociais, podemos pensar em uma nova variação: quem cancela os
canceladores? E não é exagero nem alarmismo: é cada vez mais forte a chamada cultura
do cancelamento; em que qualquer deslize, frase infeliz ou erro honesto pode levar à
destruição de reputações ou carreiras construídas ao longo de anos.
Cada vez mais, vemos celebridades pisando em ovos ao conceder entrevistas;

personalidades cercadas de assessores cujo trabalho é basicamente evitar que algo


repercuta mal na internet; influencers se desculpando, em meio a lágrimas, por
brincadeiras feitas no Twitter ou no Instagram. O BBB 21, atual edição do Big Brother
Brasil, vem sendo chamado de "BBB do cancelamento" - cancelamento esse que acontece
dentro da casa, com cada grupo de participantes "cancelando" o outro; e fora do reality
show, com as carreiras de alguns dos artistas confinados derretendo sob o escrutínio do
público.
O cancelamento é um movimento coordenado, muito típico das mídias sociais,
justamente pela facilidade e agilidade da disseminação de informação nas redes - diz Elis
Monteiro, especialista em marketing digital e gerenciamento de crises digitais, professora
da FGV, IBMEC e ESPMO. - Esse movimento quase sempre acaba virando uma bola de
neve: em determinado ponto, muitas das pessoas envolvidas nem sabem como a história
começou, o que desencadeou o cancelamento, mas continuam aquele movimento de ódio.
Para elas, se torna algo até divertido.
Segundo Elis, a rede mais complicada é o Twitter, por ser a mais ágil, viral e
nichada: é mais fácil que um grupo de pessoas que ama ou odeia alguma coisa ou alguém
propague rapidamente informações - verdadeiras ou falsas - a respeito daquela coisa ou
pessoa. A especialista também comenta a questão do "exposed", que, nas palavras dela, é
"assustador". “No exposed, alguém diz, sem apresentar provas, que você fez ou faz alguma
coisa, e ninguém questiona” - ela explica. O exposed cria uma onda assustadora de
linchamento, sem a menor chance de defesa.
Sem citar nomes, Elis conta a história de uma cartunista que, após vencer um
concurso na agência onde trabalhava, foi acusada por um concorrente derrotado de ter
atitudes racistas no dia a dia. O autor do exposed não apresentou provas, mas a artista foi
cancelada nas redes sociais, tendo seu Facebook e Instagram - por meio dos quais
divulgava seu trabalho - deletados, além de ter perdido o emprego na agência. Meses
depois, ao tentar retornar às redes com outro nome, a cartunista foi descoberta pelos
"justiceiros" das redes sociais; e novamente teve seus perfis apagados.
Segundo a psicóloga Graziela Judith Bonatti, a cultura do cancelamento deriva da
maneira como a sociedade lida com emoções como medo, tristeza e raiva. “Em geral, essas
emoções são evitadas e negadas; e, quando evitamos ou negamos algo, perdemos a
oportunidade de aprendizado, de ressignificação; ficamos cristalizados e rígidos em
comportamentos que visam a autoproteção” - ela explica. Mas não podemos sair por aí
aniquilando ou cancelando tudo o que é diferente do que consideramos certo. Esse
pensamento dicotômico entre certo e errado, bom e mau, gera intolerância e desrespeito.
Afinal, qual ponto de vista detém todas as verdades?
Além de fomentar a intolerância, situações ligadas ao cancelamento têm
características perigosas, como a generalização e a falta de contexto: em 2019, o New York
Times produziu um vídeo comparando a cultura do cancelamento a uma situação irracional
de perseguição, em um cenário ambientado na Idade Média. No vídeo, a vítima é julgada
por "ter dito algo ofensivo onze anos atrás" - uma crítica ao fato de que diversas
celebridades já foram canceladas porque alguém descobriu um post de 2006 contendo
alguma declaração questionável. "Nós somos perfeitos!", declaram os personagens do
vídeo, ao defender seu "direito" de julgar a pessoa a ser cancelada.
Na opinião da especialista em marketing digital Elis Monteiro, o medo do
cancelamento deve fazer com que os artistas procurem se manter, cada vez mais, dentro
de um discurso ensaiado - e pode até mesmo prejudicar suas obras: ela cita o exemplo de
um jovem escritor, transgênero, que foi cancelado porque o público não aprovou o final de
um de seus livros, em que um personagem gay comete suicídio.
O artista é sempre visto como influenciador, como alguém que tem que dar o
exemplo - ela comenta. Quando ele não corresponde a essa expectativa, os próprios fãs
voltam as costas para ele. Ele é cancelado por não dizer ou fazer exatamente o que os fãs
esperavam dele. Ele também é cancelado se não disser nada, se não se posicionar. E agora
ele começa a perder o direito de decidir como sua própria obra vai ser. Quando um artista
se sente tolhido por falar algo em sua obra ou em uma entrevista, o próximo não vai nem
se arriscar a falar sobre esse tema; e assim você vai diminuindo o espaço para debate.
Mesmo assim, ela afirma que o cancelamento costuma ser mais prejudicial no caso dos
anônimos; ou dos influenciadores que estão dando os primeiros passos na carreira.
A Anitta já foi cancelada umas 60 vezes; ela já aprendeu a lidar com o próprio
cancelamento. Pessoas menos influentes nas redes estão mais suscetíveis a ter suas contas
deletadas de vez. Elas não têm equipes para defendê-las, não têm advogados caros.
Quando você tem um "colchão de proteção" ao seu redor, seu cancelamento vai ser
contornado com mais facilidade.
“Essa cultura reflete o momento que estamos vivendo na sociedade como um todo” - Elis
opina. Estamos com muita raiva armazenada; com a pandemia, com os problemas políticos
que temos enfrentado desde 2013. Pensando no exemplo da Karol Conká, nós já vimos, em
edições anteriores do BBB, personagens que fizeram coisas tão ruins ou piores do que as
que ela está fazendo, mas parece que agora isso ganha um peso maior, uma relevância
maior. É como se esse momento tão complicado da sociedade criasse uma necessidade de
culpar alguém, de “vilanizar” certas pessoas. O que é um enorme problema.

(Fonte: Marina Martini Lopes, 21/02/2021, em: https://www.nsctotal.com.br/)


1. Após a leitura do texto I, responda: ____________________________________

a) Segundo o texto, o que é cancelamento? ____________________________________

____________________________________ ______

____________________________________

____________________________________ e) Na sua opinião, quais temas podem


gerar mais cancelamento se o sujeito
____________________________________ não tiver o devido cuidado com as suas
palavras e com as suas atitudes?
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
______
____________________________________
b) Para o texto, qual o principal meio para
disseminar o cancelamento? ____________________________________

____________________________________ ____________________________________

____________________________________ ____________________________________

____________________________________ ______

____________________________________ 2. De acordo com o texto I, uma


explicação aceitável para o fenômeno
____________________________________ atual do cancelamento nas mídias sociais
pode ser:
____________________________________ a) Porque os artistas já aprenderam a
lidar com o próprio cancelamento.
______ b) Porque a sociedade criou a
necessidade de descarregar em alguém o
c) Para Elis Monteiro, especialista em ódio que sente
marketing digital, quem pode sofrer o diante dos milhares de problemas
cancelamento? que passa em diversos setores.
c) Porque o artista é sempre visto
____________________________________ como influenciador, como alguém que
tem que dar o exemplo.
____________________________________ d) Porque o cancelamento acaba se
tornando algo divertido.
____________________________________ e) Por causa da facilidade e agilidade
da disseminação de informação nas
____________________________________ redes.

____________________________________ 3. Neologismo é um fenômeno


linguístico que consiste na criação de
____________________________________ uma palavra ou expressão nova, ou na
atribuição de um novo sentido a uma
______ palavra já existente. Pode ser fruto de
um comportamento espontâneo, próprio
d) Conforme o texto, o que pode gerar o do ser humano e da linguagem, ou
cancelamento de alguém? artificial, para fins pejorativos ou não.
(Disponível em: brasilescola.uol.com.br)
____________________________________ Ocorre um exemplo de neologismo no
texto em estudo quando a autora cria a
____________________________________ palavra:
a) vilanizar
____________________________________ b) tolhido
c) influencers
____________________________________ d) alarmismo
e) ressignificação

4. Observe o texto II abaixo:

Ao situar a cultura do cancelamento nos


tempos atuais, o Texto II é caracterizado
por:

a) brincar com uma temática polêmica e


atual.
b) ironizar de forma caricata a política do
cancelamento nas mídias digitais.
c) legalizar a cultura do cancelamento no
cenário em todas as esferas sociais.
d) apresentar o papel importante que os
canceladores exercem no meio social.
e) expor a política do cancelamento como
uma tendência que veio para ficar no
âmbito social.

“A sua força está dentro de


você. Nunca duvide disso”

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