Você está na página 1de 11

PARECER TÉCNICO

1. OBJETIVO

O presente Parecer Técnico, tem a finalidade de analisar o Parecer Técnico


apresentado pelo ANALISTA DO MPU/PERITO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA
DO TRABALHO, datado de 02/06/2023, manifestar-se acerca dos itens
mencionados e, comprovar o cumprimento das obrigações constantes nos itens
c.1, c.3, c.4, c.7.

2. ANÁLISE DA COMPROVAÇÃO

Após análise da notificação e do Parecer Técnico apresentados pelo


Ministério Público do Trabalho seguem os apontamentos aos itens c.1, c.3, c.4,
c.7, indicados na Notificação n° 8453.2023.

C.1.) Implementar e manter PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS


AMBIENTAIS - PPRA, que além do cumprir as determinações da Norma
Regulamentadora n° 9, deve atender ao que determinam os itens 32.2.2 a
32.2.2.3 adotando as medidas de proteção determinadas nos itens 32.3.4 a
32.3.4.1.2 todos da Norma Regulamentadora 32;

Inicialmente, ressalto que os Programa de Gerenciamento de Riscos


(PGR) e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), já foram
apresentados anteriormente.
E, para fins de elaboração do PGR, o reconhecimento dos riscos
ambientais é feito pelo Grupos Homogêneos de Exposição (GHE), por local de
trabalho, através de um grupo de trabalhadores que estão sujeitos a condições
com idênticas probabilidades de exposição a um determinado agente de risco. A
homogeneidade pode ser estabelecida a partir de uma amostra aleatória de
membros do GHE, quando sujeitos ao risco em proporção semelhante, ainda que
em dias diferentes.
Para que se possa entender a necessidade de fornecimento de um
Equipamento de Proteção Individual (EPI), essa escolha envolve a análise de
diversas variáveis que a influenciam. São algumas delas:
• Atividades e tarefas dos trabalhadores;
• Agentes ambientais, fontes, trajetórias, meios de propagação;
• Intensidade e concentração dos agentes;
• Frequência das ocorrências;
• Dados das prováveis exposições;
• Metas e prioridades de avaliação adequadas à realidade da empresa.

Através dessa análise, a empresa fornece EPIs. Os EPIs são compostos por
vários dispositivos que o fabricante tenha conjugado contra um ou mais riscos
ocupacionais existentes no ambiente de trabalho, e que atenda ao previsto na
NR 06 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI.

Além das exigências das NRs, no tocante aos EPIs, a empresa busca
referências voltadas as áreas de saúde, estabelecidas pelo Ministério da Saúde e
Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Uma das referências utilizadas é o manual da ANVISA: Segurança do Paciente


em Serviços de Saúde Limpeza e Desinfecção de Superfícies.
No referido manual, o item 10.4 aborda Equipamentos de segurança.
E, sobre aqueles apontados no parecer técnico do Analista do MPU/PERITO,
o manual traz as seguintes previsões:

Avental – item 10.4.1.6:

“Deve ser utilizado durante a execução de procedimentos que possam


provocar contaminação da roupa com sangue e fluidos corpóreos e produtos
químicos ou contaminados.

O avental deve ser impermeável, podendo ser usado por cima do uniforme, é
recomendado para a realização de atividades com risco de respingos.”

Ocorre que, os colaboradores da empresa, não estão expostos a


respingos diretos de sangue e fluidos corpóreos.
Quanto aos produtos químicos, cabe ressaltar que a empresa utiliza
produtos domissanitários, que possuem baixa concentração de componentes
químicos, sendo semelhantes aos produtos domésticos.
Além disso, ou os produtos químicos vão diluídos para os locais de
trabalho, ou possuem diluidores no local, de modo que não há contato do
colaborador com os produtos químicos.

Esclarece-se ainda, que a segurança do trabalho da empresa avalia o risco


ocupacional mediante a combinação da probabilidade de ocorrer lesão ou
agravo à saúde causados por um evento perigoso, exposição a agente nocivo ou
exigência da atividade de trabalho e da severidade dessa lesão ou agravo à
saúde, e considera que o risco de respingo é caracterizado como “baixo”, devido
ao produto já estar diluído, em concentração baixa.

Além disso, o PGR traz como medida preventiva, para possível dano de
“QUEIMADURA QUÍMICA ou LESÃO OCULAR”, o fornecimento de EPI, máscara
respiratória PFF2, luva nitrílica e óculos de proteção.

Tecnicamente, o avental recomendado no Parecer Técnico do MPT e pela


ANVISA, protegeriam apenas o tronco do colaborador.
E, no caso, tratando-se de atividade de limpeza, o avental não protegeria
a totalidade do corpo e das roupas.
E assim, por essa razão, entende-se que o avental não é conforme com a
realidade e com as atividades.
Como mencionado anteriormente, o PGR analisa diversas variáveis que,
permitem a avaliação adequada da realidade da empresa, de acordo com as
atividades e tarefas dos trabalhadores.
Logo, na espécie, o uso do avental aumentaria a taxa de metabolismo
corporal dos trabalhadores pois há, no GHE o acúmulo de diversas posições (em
pé, agachado, e com movimentação dos dois braços, com ou sem carga).
Assim, e de modo geral a segurança do trabalho da empresa entende que
o uso do avental, diminuiria a mobilidade dos colaboradores, podendo aumentar
a elevação da temperatura corporal, gerando, inclusive, outros fatores de risco,
como desmaios e descompensarão de pressão arterial, aumentando o potencial
de acidentes.
De forma diferente, entendo que é devido o fornecimento de avental
para os coletores de resíduos, que fazem movimentação e/ou transporte dos
mesmos.
Por tal razão, é que há entrega de avental para alguns dos trabalhadores,
como mencionado no Parecer Técnico.
Luvas de borracha – item 10.4.1.1:
“... devem ser utilizadas por todo profissional durante execução de
procedimentos de limpeza e desinfecção de superfícies em serviços de
saúde....”
A empresa fornece os EPIs com CERTIFICADO DE APROVAÇÃO,
devidamente autorizados e validados pelo MINISTÉRIO DO TRABALHO E
EMPREGO – MTE, SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO – SIT e
DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO – DSST

E nesse sentido, as luvas fornecidas são aprovadas para: LUVA TIPO A


PARA PROTEÇÃO DAS MÃOS DO USUÁRIO CONTRA AGENTES ABRASIVOS,
CORTANTES E PERFURANTES E CONTRA AGENTES QUÍMICOS.
O EPI entregue é adequado para proteção simultânea à produtos
químicos e agentes abrasivos, cortantes e perfurantes conforme CERTIFICADO
DE APROVAÇÃO - CA Nº 40.570 VÁLIDO.
Buscando a existência de luvas que apresentassem maior resistência a
perfurocortantes, se constatou que, aquelas adequadas às atividades prestadas
pela empresa, de limpeza e higienização, possuem o mesmo grau de resistência
daquelas fornecidas, conforme C.A. em anexo.

As luvas identificadas com resistência maior (a exemplo Luva de


segurança confeccionada com vaqueta) não atenderiam as necessidades da
atividade de higienização, pois, são aprovadas para PROTEÇÃO DAS MÃOS DO
USUÁRIO CONTRA AGENTES ABRASIVOS, ESCORIANTES, CORTANTES E
PERFURANTES, não protegendo o usuário contra agentes químicos.

Seja como for, as luvas fornecidas, como já dito, foram aprovadas pelos
órgãos competentes para proteção de materiais perfurocortantes, não se
identificando descumprimento pela empresa em razão do grau de resistência
das luvas fornecidas.
Óculos de proteção – item 10.4.1.3:
“...devem ser utilizados durante o preparo de diluição não-automática,
quando da limpeza de áreas que estejam localizadas acima do nível da
cabeça, e que haja risco de respingos, poeira ou impacto de partículas...”.
Inicialmente, registra-se que o óculos de proteção é um equipamento
para proteção contra risco biológico (exposição a resíduos orgânicos e fluidos
contaminantes), risco químico (névoas, fumos, poeira, gases ou vapores) e risco
físico (radiação não ionizante e contra impacto).
Há, três principais tipos de óculos de segurança.
Óculos tradicional: geralmente fabricado em policarbonato, é o modelo
mais comum dos óculos de proteção, sendo encontrado a partir de diferentes
tratamentos e cores de lentes, com proteção contra fagulhas, respingos de
produtos químicos, poeiras e partículas ou qualquer partícula pertinente à
atividade que possa causar danos ao trabalhador
Óculos de ampla visão: são caracterizados por terem uma lente única,
viabilizando a visão panorâmica para o colaborador. Sendo recomendado para
tarefas que geram poeiras em suspensão, fumos e partículas sólidas
arremessadas.
Óculos de sobreposição: são aqueles que, como o próprio nome sugere,
são utilizados de forma sobreposta a outros óculos.
E, no caso em análise, a empresa fornece os óculos tradicional aos
trabalhadores da higienização, de modo a protegê-los dos riscos eventualmente
existentes, tais como risco de projeção e produtos químicos, e proteção dos
olhos do usuário contra impactos de partículas volantes.
Entende-se por partícula volante, qualquer objeto que possa ir ao
encontro do rosto do colaborador. Algumas dessas substâncias são fagulhas,
respingos de produtos químicos, poeiras ou qualquer partícula oriunda da
atividade que possa causar danos ao trabalhador.
Além disso, aos colaboradores que utilizam óculos é realizada a entrega
de óculos de sobreposição.
Sendo assim, a indicação de óculos ampla visão contida no Parecer
Técnico não é necessária, já que o óculos fornecido protege contra respingos.
O óculos fornecido possui CERTIFICADO DE APROVAÇÃO, devidamente
autorizado e validado pelo MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO – MTE,
SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO – SIT e DEPARTAMENTO DE
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO – DSST.

Além disso, é aprovado para: PROTEÇÃO DOS OLHOS DO USUÁRIO


CONTRA IMPACTOS DE PARTÍCULAS VOLANTES, CONTRA RAIOS ULTRAVIOLETA
(U6) E, NO CASO DAS LENTES CINZA, LUZ INTENSA (L3).

Ademais, as duas fichas de produtos químicos que indicam a necessidade


de utilização de óculos de ampla visão passaram por revisão, deixando de constar
tal obrigação, quais sejam:

Produto: Hipersul Hipoclorito de Sódio. Data da revisão: 13/12/2023


Versão: 2.0

Produto: Hipersul Hiperclean DN. Data da revisão: 13/12/2023 Versão: 2.

Em anexo os referidos documentos.

Dando continuidade, importa dizer que, ao contrário do dito no parecer,


a empresa possui o Programa de Gerenciamento de Riscos, o qual foi
devidamente enviado a esta autoridade.
E, no que se refere a adoção de medidas de proteção a empresa
apresentou e forneceu o EPI com CERTIFICADO DE APROVAÇÃO, devidamente
autorizado e validado pelo MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO – MTE,
SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO – SIT e DEPARTAMENTO DE
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO – DSST.
E assim, considerando a existência de comprovação de entrega dos EPIS
aos colaboradores, entende-se que o item c.1 está sendo devidamente atendido
pela empresa.

C.3.) Implementar e manter as medidas de proteção e prevenção de riscos


decorrentes de agentes biológicos [cumprindo as disposições dos itens 32.2.4
a 32.2.4.17.7 da Norma Regulamentadora 32;
Quanto a alegação no Parecer Técnico, sobre a não comprovação do
atendimento ao item 32.2.4.8 “a”, discorda-se.
A NR 32 traz no item 32.2.4.8, “a”, a seguinte colocação:
“O empregador deve:
a) garantir a conservação e a higienização dos materiais e instrumentos de
trabalho;”

E no aspecto, os colaboradores recebem treinamentos de NR 06 e NR32,


onde são orientados a higienizar os equipamentos de proteção após o uso.

De todo modo, a NR-6, traz no item 6.6 a responsabilidade do trabalhador


face aos equipamentos de proteção.

E nesse sentido, a alínea “c” estabelece que, cabe ao trabalhador:

c) responsabilizar-se pela limpeza, guarda e conservação;

Ou seja, o empregado é responsável pela limpeza, guarda e conservação


dos equipamentos de proteção.

E assim, comprovado documentalmente que os trabalhadores foram


treinados a respeito da NR-6 e NR-32, inclusive quanto a higienização dos
equipamentos, bem ainda, por ser responsabilidade desses a limpeza, guarda e
conservação, entende-se por atendido o item c.3.

Em resumo, a empresa utiliza como referência para treinamentos acerca


de higienização dos equipamentos de proteção a NR 06, a NR-32 e a o manual
da ANVISA - Segurança do Paciente em Serviços de Saúde Limpeza e Desinfecção
de Superfícies.
No mais, segue em anexo manual com procedimento para higienização
dos equipamentos de proteção individual.

C.4.) Implementar e manter as medidas de proteção e prevenção de riscos


decorrentes da manipulação e/ou exposição a produtos químicos
determinadas nos itens 32.3 a 32.3.7.6.1 da Norma Regulamentadora 32;
O referido item deve considerar os esclarecimentos prestados no item
c.1.
Como já dito, a empresa mantém o Programa de Gerenciamento de
Riscos (PGR).
O reconhecimento dos riscos ambientais no PGR é feito pelo Grupos
Homogêneos de Exposição (GHE), por local de trabalho, através da análise de
diversas variáveis.
E todos os equipamentos de proteção individual fornecidos, inclusive
aqueles apontados no parecer técnico – óculos e avental – contém certificado de
aprovação, devidamente autorizados e validados pelo MINISTÉRIO DO
TRABALHO E EMPREGO – MTE, SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO – SIT e
DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO – DSST - tornando-se
desnecessário abordá-los novamente.
E dessa forma, diante das razões já expostas, entende-se que o item c.4
está sendo devidamente atendido pela empresa.

C.7.) Implementar e manter as condições de conforto por ocasião das refeições


determinadas pelos itens 32.6 a 32.6.3 da Norma Regulamentadora 32;

Conforme conhecimento, a empresa é atuante no ramo de prestação de


serviços, atuando em repartições públicas e privadas.
E assim, nos termos em que já alegado em outras ocasiões, os locais para
realização de refeições, são cedidos pelos próprios tomadores de serviços.
Ou seja, a empresa não é considerada um estabelecimento de saúde de
modo a responsabilizar-se pelo atendimento do item 32.6.1 da NR-32 que
dispõe:
“32.6.1 Os refeitórios dos serviços de saúde devem atender ao disposto
na NR-24.”
Além disso, a NR-24 que trata das condições sanitárias e de conforto nos
locais de trabalho, estabelece no Anexo II, item 2 que:

Nas atividades desenvolvidas em estabelecimento do cliente, este será o


responsável pelas garantias de conforto para satisfação das necessidades
básicas de higiene e alimentação, conforme item 24.1 desta norma.

Ou seja, é claro que a responsabilidade pelas condições de conforto por


ocasião das refeições, não é da empresa, e sim dos tomadores de serviços.

De todo modo, segue em anexo o Relatório Fotográfico com amostragem


dos locais e a respectiva legenda explicativas acerca das condições das
instalações destinadas a refeições dos colaboradores, nos estabelecimentos dos
clientes.
3. CONCLUSÃO

Diante do exposto neste parecer, resta demonstrado que os itens c.1, c.3, c.4,
c.7 vem sendo cumpridos.

Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) vinculada sob o Número 13065260,


perante o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio Grande do
Sul – CREA-RS.

Santa Maria, 15 de dezembro de 2023.

____________________________
Felipe Nunes da Silva
Eng. De Segurança do Trabalho
CREA RS 193253
ANEXO CERTIFICADOS DE APROVAÇÃO DE LUVAS

Você também pode gostar