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O CORPO DO AUTISTA:

UMA VISÃO PSICANALÍTICA


NO DECORRER DOS TEMPOS
O QUE É O AUTISMO?
DSM-5
O autismo é um transtorno do
neurodesenvolvimento que afeta a comunicação,
a interação social e o comportamento. As pessoas
com autismo podem ter dificuldades em se
comunicar verbalmente e não verbalmente,
apresentar interesses restritos e repetitivos,
dificuldades em lidar com mudanças na rotina e
processar estímulos sensoriais. O autismo é
considerado um espectro, o que significa que os
sintomas e níveis de gravidade variam amplamente
de pessoa para pessoa.
O diagnóstico é feito por meio de
uma avaliação clínica detalhada
por um profissional de saúde
qualificado, geralmente com base
em critérios estabelecidos pelo
Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-5).
VISÃO DA
PSICANÁLISE
De forma geral, na psicanálise, o autismo é
considerado como um estado de isolamento e
fechamento psíquico, onde a pessoa se retira
para dentro de si mesma, dificultando a
comunicação e a interação social. Pode ser
visto como uma forma de defesa psíquica em
resposta a experiências traumáticas ou
desorganizadoras do desenvolvimento.
Alguns psicanalistas também podem
abordar o autismo como uma forma de
organização psíquica específica, em que o
sujeito tem dificuldades em desenvolver a
capacidade de simbolização e a relação
com a realidade externa, resultando em
uma desconexão do mundo interpessoal e
uma ênfase nas fantasias internas.
ETIOLOGIA DO AUTISMO NA
VISÃO PSICANALITICA
A visão psicanalítica sobre o autismo tem evoluído ao
longo do tempo, assim como a compreensão geral sobre
essa condição. Inicialmente, o autismo era visto como
uma consequência de fatores psicodinâmicos, como
traumas na infância e distúrbios emocionais nas relações
parentais, e era considerado uma forma de psicose
infantil. Leo Kanner, um dos primeiros psicanalistas a
descrever o "autismo infantil precoce" como uma
condição distinta em 1943, acreditava que o autismo era
causado por um ambiente familiar frio e distante.
A visão psicanalítica do autismo propõe
que a causa da condição está
relacionada a traumas ou frustrações na
relação da criança com seus cuidadores,
em especial com a mãe. Segundo essa
teoria, a criança autista não teria
estabelecido uma relação adequada
com sua mãe durante os primeiros anos
de vida, o que teria causado um
distanciamento emocional e dificuldades
para se relacionar com os outros.
A psicanálise propõe também que o autismo
seria uma forma de defesa diante do mundo
externo, em que a criança se protege da dor
emocional por meio do isolamento e da
retirada social. De acordo com essa visão, a
criança autista não seria capaz de
compreender as emoções dos outros, nem de
se comunicar adequadamente, o que a
tornaria incapaz de estabelecer uma relação
afetiva saudável com as outras pessoas.
Essa teoria foi muito difundida na década de
1950, com o trabalho do psicanalista Leo
Kanner, que cunhou o termo "autismo infantil
precoce". No entanto, essa visão foi sendo
questionada ao longo do tempo,
especialmente a partir dos estudos realizados
por pesquisadores da área de neurociência,
que propuseram outras explicações para a
origem do autismo, como alterações genéticas
e neurológicas. Atualmente, a etiologia do
autismo é considerada multifatorial, e envolve
tanto fatores genéticos quanto ambientais.
No congresso vamos abordar:

O AUTISMO E SUA
EVOLUÇÃO NA VISÃO PSICANALÍTICA
ALGUNS PSICANALISTAS
QUE SERÃO
ABORDADOS
Sigmund Leo Melanie Donald Frances Daniel
Freud Kanner Klein Winnicott Tustin Stern

Donald Cláudio Francesca Peter Anne


Meltzer Laks Eizirik Happe Fonagy Alvarez
Obrigada
31-98106-7460
O AUTISMO E SUA
EVOLUÇÃO NA VISÃO PSICANALÍTICA

A visão psicanalítica sobre o autismo tem evoluído ao


longo do tempo, assim como a compreensão geral sobre
essa condição. Inicialmente, o autismo era visto como
uma consequência de fatores psicodinâmicos, como
traumas na infância e distúrbios emocionais nas relações
parentais, e era considerado uma forma de psicose
infantil. Leo Kanner, um dos primeiros psicanalistas a
descrever o "autismo infantil precoce" como uma
condição distinta em 1943, acreditava que o autismo era
causado por um ambiente familiar frio e distante.
Uma das principais evoluções na visão
psicanalítica do autismo foi a compreensão de
que o autismo não é causado unicamente por
fatores psicodinâmicos, mas também envolve
fatores neurobiológicos e genéticos. A
compreensão do autismo como uma condição
neuropsiquiátrica complexa, resultante de uma
interação complexa entre fatores genéticos e
ambientais, tem sido cada vez mais reconhecida
na visão psicanalítica contemporânea.
Outra evolução significativa na visão
psicanalítica do autismo é o
reconhecimento de que a mente do
autista é altamente organizada, embora
diferente da mente neurotípica. A
compreensão do autismo como uma
diferença neurobiológica que afeta a
forma como o autista percebe, processa
e se relaciona com o mundo tem
ganhado espaço na visão psicanalítica
contemporânea.
É importante notar que a visão
psicanalítica do autismo continua a
evoluir, e diferentes psicanalistas podem
ter abordagens teóricas variadas. A
compreensão do autismo dentro da
psicanálise é complexa e multifacetada,
e novas pesquisas e contribuições
teóricas continuam a enriquecer nossa
compreensão sobre essa condição.
ALGUNS PSICANALISTAS IMPORTANTES
AO LONGO DA HISTÓRIA E SUAS
CONTRIBUIÇÕES PARA A
COMPREENSÃO DO AUTISMO
Não abordou diretamente o autismo em sua obra,
mas suas teorias sobre o desenvolvimento
Sigmund
1856-1939 psicossexual e os processos psíquicos podem ter
Freud
influenciado a compreensão do autismo como um
distúrbio do desenvolvimento psicológico.
Cunhou o termo "autismo" em 1943 para descrever um
padrão de comportamento característico em crianças,
Leo que posteriormente foi reconhecido como Transtorno do
1894-1981
Kanner Espectro Autista (TEA). Seu trabalho pioneiro na
descrição clínica do autismo ajudou a estabelecer a base
para a compreensão moderna do transtorno.
Introduziu a noção de "ansiedade esquizo-paranóide" em
sua teoria psicanalítica, que pode ter influenciado a
Melanie
1882-1960 compreensão dos mecanismos de defesa e das
Klein
manifestações clínicas observadas em algumas crianças
autistas.
Desenvolveu a teoria do "objeto transicional" e enfatizou a
importância do desenvolvimento da capacidade de brincar e da
Donald
1896-1971 relação mãe-bebê na formação da subjetividade, o que pode ter
Winnicott
implicações para a compreensão do autismo como uma dificuldade
na construção de relações e na simbolização.
Desenvolveu a teoria do "autismo normal" e propôs que o autismo é uma
defesa primitiva contra a ansiedade, resultando em um estado de isolamento
Frances emocional e uma ênfase na atividade sensorial e corporal. Sua abordagem
1913-1994
Tustin clínica direcionada ao tratamento de crianças autistas tem sido influente na
compreensão do autismo como uma manifestação de dificuldades na relação
com o mundo externo.
Desenvolveu a teoria da "vitalidade afetiva" e enfatizou a importância
das interações precoces e da sintonia afetiva na formação da
Daniel subjetividade. Sua abordagem clínica centrada na intersubjetividade
1934-2012
Stern tem sido aplicada na compreensão e no tratamento do autismo,
destacando a importância das relações afetivas e da comunicação
não verbal na experiência do indivíduo autista.
Atualmente, a psicanálise é um
campo em constante evolução e não
há um único psicanalista mais atual
que desenvolva uma teoria definitiva
sobre o autismo. Diferentes
psicanalistas e estudiosos têm
contribuído com suas perspectivas
teóricas sobre o autismo, ampliando
nosso entendimento dessa condição.
Alguns psicanalistas contemporâneos têm
proposto novas abordagens teóricas para
compreender o autismo. Por exemplo, Donald
Meltzer e Cláudio Laks Eizirik desenvolveram a
teoria da autisticação, que busca entender o
autismo como uma forma particular de
organização psíquica. Eles enfatizam a
importância do papel dos objetos internos e
da relação do sujeito com esses objetos na
constituição do autismo.
Outro psicanalista contemporâneo que
tem contribuído para a compreensão do
autismo é Peter Fonagy, que propôs a
teoria do funcionamento mental
reflexivo. Essa teoria busca entender o
autismo como uma dificuldade na
capacidade de refletir sobre si mesmo e
sobre os outros, afetando a formação do
self e a capacidade de se relacionar
com os outros.
Além disso, outros psicanalistas
contemporâneos, como Francesca
Happe, e Anne Alvarez, têm
desenvolvido suas próprias teorias e
abordagens para compreender o
autismo a partir de diferentes
perspectivas psicanalíticas.
No entanto, é importante notar que a
compreensão do autismo na psicanálise é um
campo em constante evolução, com várias
perspectivas teóricas em desenvolvimento.
Não há uma única teoria definitiva sobre o
autismo na psicanálise, e a compreensão
dessa condição continua a se expandir à
medida que novas pesquisas e contribuições
teóricas surgem ao longo do tempo.
Obrigada
31-98106-7460

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