Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
ARTIGO DE REVISÃO
2
KESSLER, Élide Ávila
NUNES, Mardeli dos Santos. KESSLER, Élide Ávila. A estimulação precoce como
intervenção no tratamento da criança autista. Revista Científica Multidisciplinar
Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 02, Vol. 01, pp. 05-21. Fevereiro de 2020. ISSN:
2448-0959, Link de
acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
RESUMO
1
Graduanda em Psicologia.
2
Mestrado em Educação. Especialização em Educação Especial Inclusiva.
Especialização em Administração e Planejamento para Docentes. Especialização em
Psicologia Escolar. Aperfeiçoamento em Complementação Didático Pedagógica.
Graduação em Psicologia.
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
INTRODUÇÃO
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
Essa é uma pesquisa de revisão seletiva e não sistemática da literatura, que utilizou-
se autores clássicos contemporâneos como Alfredo Jerusalinsky e Julieta
Jerusalinsky, além de outros autores que discorrem na pesquisa, artigos e revistas
nos portais PePSIC, CAPES, APPOA, Site do Centro Lydia Coriat e Site do Ministério
da Saúde. Para realizar a busca nos portais online, utilizaram-se as palavras chaves:
autismo, estimulação precoce, delimitando publicações a partir de 2014, em
português. Após leitura seletiva, foram escolhidos apenas os que vinham ao encontro
do tema da presente pesquisa e escritos através do viés psicanalítico.
AUTISMO
O tema autismo, desde sua origem há mais de 70 anos, tem sido pauta de interesse
por várias especialidades devido à sua grande complexidade diagnóstica. Sibemberg
(1998) e Jerusalinsky (2012) citam o trabalho do psiquiatra Léo Kanner, que em 1943
utilizou o termo distúrbios autísticos do contato afetivo para descrever
comportamentos que observou em um grupo de crianças que apresentavam
isolamento extremo, dificuldades nas relações interpessoais, estereotipias gestuais,
distúrbios de linguagem, entre outros, sendo que tais distúrbios aconteciam
precocemente nos primeiros anos de idade. “Desde então, muito se tem debatido em
torno da etiologia, dos critérios diagnósticos e do tratamento do autismo infantil”.
Sibemberg (1998, p. 60). O autismo também pode ser definido como primário e
secundário, conforme descreve Jerusalinsky (2012, p. 65) “inicialmente distinguiu-se
autismo inato - que se chamou de ‘primário’- e autismo adquirido - que se denominou
‘secundário”. O autor explica que o primário são os inatos (nascem com ele), de
origem genética ou de uma estrutura neurológica falha, já os secundários são os
adquiridos por consequências de alguma doença.
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
Na obra, Psicanálise do Autismo de Jerusalinsky (2012), o autor relata que Léo Kanner
foi o primeiro a denominar o autismo como uma síndrome, gerando discussões em
torno do diagnóstico, causalidades e intervenções até então. Também ressalta que a
partir da publicação dos estudos do psiquiatra, as mães passaram a serem vistas
como culpadas por seus filhos serem autistas, levando-o mais tarde a se retratar em
seu livro em defesa das mães. No entanto, para a psicanálise é considerada a função
do agente materno e não da mãe na relação mãe - filho. O psicanalista explica que a
função materna não corresponde obrigatoriamente à mãe biológica, mas “a que
sustenta para a criança a possibilidade de seu reconhecimento apesar das variações
semânticas que o pequeno bebê é incluído” (JERUSALINSKY, 1998, p.40 e
JERUSALINSKY et al, 1999, p.186).
Segundo Adurens e Melo (2017), nos dias atuais existem várias abordagens com
diferentes enfoques em relação ao diagnóstico de autismo, gerando uma certa
polêmica em torno desse assunto. Alguns autores referem-se a uma epidemia
diagnóstica do autismo infantil precoce (AIP), no qual consideram que uma das causas
seja a nova classificação do Transtorno do Espectro Autista (TEA), que contribuiu para
o aumento de pessoas com esse diagnóstico. Jerusalinsky (2017), afirma que vem
aumentando consideravelmente o número de crianças de um a três anos de idade
diagnosticadas com suspeita de TEA. A autora considera que grande parte é
consequência da expansão das categorias diagnósticas do DSM- V, que passou a
englobar quadros distintos entre si, fazendo do TEA um grande guarda-chuva. No
entanto enfatiza, “ é preciso sim detectar dificuldades para intervir a tempo
favorecendo a constituição, [...] o melhor diagnóstico para encaminhar a uma
intervenção precoce é, ‘não está bem’ e ponto”. (JERUSALINSKY, 2017, p. 33).
De acordo com o Ministério da Saúde, Brasil (2016), a pessoa com TEA exibe
características de comprometimento global em diversas áreas, especialmente na
comunicação e interação social, apresentando estereotipias e interesses restritos.
Essas características geralmente são percebidas antes dos três anos de idade, sendo
mais comuns em meninos. Atualmente no DSM- V, o TEA abrange condições únicas
que antes eram diferenciadas como autismo e síndrome de Asperger, utilizando-se de
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
O Ministério da Saúde, conforme Brasil (2016), evidência estudos que quantificam tais
critérios diagnósticos, conforme a seguinte citação:
No Brasil, foi sancionada a lei 13.438 que altera o estatuto da criança e do adolescente
(ECA). Essa lei tem como objetivo tornar obrigatório, na atenção básica do sistema
único de saúde (SUS), a implantação de um protocolo que, segundo o Ministério da
Saúde, Brasil (2017, s/p.), “estabeleça padrões na avaliação de riscos para o
desenvolvimento psíquico infantil”. Proporcionando a identificação precoce, logo nos
primeiros meses de idade, se há riscos para o desenvolvimento da criança, possibilita
o diagnóstico e o tratamento precoce. A caderneta da criança também é vista pelo
Ministério da Saúde como instrumento de orientação, sendo que “em toda consulta o
profissional de saúde deve avaliar e orientar sobre diversos elementos do
desenvolvimento, inclusive psíquico, contendo sessão específica voltada para triagem
de sinais de autismo”. (BRASIL, 2017, s/p.).
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
O centro Lydia Coriat[3], em julho de 2017, publicou uma carta de apoio a lei 13.438
aprovada, citando um trecho da mesma, conforme segue:
ETIOLOGIA
No que diz respeito à etiologia, segundo Jerusalinsky (2013), não há nenhum fator
único determinante do autismo, as causas diferem de um sujeito para outro por haver
componentes genéticos, orgânico e função materna, sendo considerado também que
alguns comportamentos são globais em grande parte dos casos, embora exista a
singularidade de cada sujeito. O autor destaca as hipóteses causais, seguindo a
classificação etiológica como primários e secundários. Os primários referem-se às
hipóteses de transtornos específicos de linguagem, de genética- neurológica e
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
Conforme Sibemberg (1998, p.60), “o autismo não é uma doença única, mas uma
síndrome que envolve diferentes variáveis etiológicas, podendo ter associação com
diferentes doenças”. Apresenta déficits na linguagem, interação social e no simbólico/
imaginário, cujas pesquisas realizadas no campo da medicina, psicologia e
psicanálise concordam que há basicamente um distúrbio de linguagem no autismo. O
autor salienta que a psicanálise considera a linguagem como base da constituição do
sujeito psíquico, o Outro é o primeiro na função materna que “através do olhar, do
toque, da palavra, engata a criança em um circuito de desejo [...] vai construindo seus
referentes imaginários e simbólicos, regulando um funcionamento corporal que
transforma um corpo puramente orgânico em corpo erógeno” (SIBEMBERG, 1998, p.
65). A função materna é compreendida como uma troca recíproca entre a mãe e seu
filho de forma inconsciente e com o meio que ocorre espontaneamente, mas quando
há um déficit na constituição psíquica do bebê em apoderar-se dos registros subjetivos
nessa relação, ocorre um desencontro, um desequilíbrio que poderá trazer sérios
prejuízos para criança, na área da linguagem e na sua constituição como sujeito
psíquico (JERUSALINSKY et al., 1999 e JERUSALINSKY, 2012).
O autismo se caracteriza por déficits na formação das redes de linguagem, sendo que
algumas crianças apresentam retardos afásicos (perda completa da linguagem),
disfásicos (prejuízos, dificuldade de linguagem) e, em alguns casos raros, retardos
anártricos (alterações no nível de fonemas e palavras, sendo leve, moderado ou
severo). Tais transtornos linguísticos afetam a função primordial do reconhecimento
recíproco, causando a exclusão do outro e o isolamento externo da criança autista
com o meio, conforme Jerusalinsky (2012). Referindo-se à etiologia do autismo como
o “fechamento da porta de entrada na linguagem que é a função ‘primordial de
reconhecimento’, cujo fracasso pode obedecer às causas mais diversas” Jerusalinsky
(2012, p.63). No entanto, o autismo consiste principalmente no fracasso da construção
das redes de linguagem e o predomínio de automatismos. Então o autor destaca as
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
Seguindo esse raciocínio, o autor supracitado enfatiza que para a psicanálise, embora
de forma polêmica, o autismo é entendido como uma quarta estrutura, ou seja, a
estrutura da exclusão. Os “[...] autistas podem apresentar condutas evitativas da
comunicação com o outro, ativos ou passivos, como por exemplo: rechaço do contato
humano em geral ou de alguma pessoa em particular” (FOSTER, 1999, p.256).
TRATAMENTO
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
ESTIMULAÇÃO PRECOCE
“Estimulação precoce? O que isso quer dizer? É uma pergunta escutada inúmeras
vezes por aqueles que se dedicam a tal intervenção clínica” (JERUSALINSKY, 2002,
p.21). Trata-se de uma especialidade clínica que teve início com a Drª. Lydia Coriat
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
A fragilidade desta criança não admite muita demora, uma vez que as
consequências de um distanciamento materno podem ser graves e, se
prolongadas por meses, irreversíveis. Sendo assim, podem se instalar
‘traços autistas’, pode se perder a oportunidade de moderar expressões
patológicas no sistema nervoso e neuromuscular, características
hipotônicas podem se acentuar e se transformar em mais permanentes
ou pode se acentuar a lentidão de uma maturação já originalmente
comprometida. (JERUSALINSKY et al., 1999, p.100).
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
‘algo não está bem’, ainda que, exame após exame, não se encontre neles nenhum
comprometimento orgânico de base” (JERUSALINSKY, 2002, p.36). Também
enfatiza a importância da clínica interdisciplinar por se tratar de bebês e crianças
pequenas.
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
Na obra “ Enquanto o Futuro Não Vem”, Jerusalinsky (2002), sob o ponto de vista
neurológico, enfatiza que nos primeiros anos de idade, a criança está se constituindo
como sujeito, passando por um processo de maturação das estruturas anátomo-
fisiológicas; adquirindo linguagem, psicomotricidade, aprendizagem e também as
primeiras inscrições psíquicas. A autora ressalta que o primeiro ano de idade da
criança é a fase mais importante do desenvolvimento cerebral, pois as influências do
ambiente são absorvidas como parte das estruturas dos neurônios, pois esse é um
período de grande plasticidade cerebral e propício às intervenções com estimulação
precoce. Segundo Jerusalinsky (2002, p.84), “O ambiente rico em estímulos produz
córtex mais grosso, com mais irrigação sanguínea, maiores neurônios, mais enzimas
e maior ramificação das dendritas". A autora descreve como se dá a estimulação
sensorial dos bebês na clínica.
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
Embora seja importante essa variedade de estímulos sensoriais para o bebê, a autora
ressalta que existem estudos que alertam em caso de bebês prematuros, ou seja, não
se deve aplicar essa gama de estímulos, pois, se expostos constantemente a fortes
estímulos do meio como luz e ruídos na sala de internação, poderá causar efeitos
contraditórios e desorganizador ao recém-nascido, comprometendo sua melhora
(JERUSALINSKY, 2002).
Quantos terapeutas para cada criança? Alfredo Jerusalinsky aborda o tema nas obras
Escritos da Criança em 1998 e Psicanálise e Desenvolvimento Infantil em 1999, nas
quais explica a necessidade de uma equipe inter e transdisciplinar trabalharem com o
terapeuta único. Ressalta que era comum crianças nos anos 60 e 70 receberem cinco,
seis ou mais tratamentos simultâneos em que cada terapeuta fazia a sua parte,
causando uma fragmentação imaginária e trazendo prejuízos psíquicos à criança que
se desorganizava com tantos discursos. Não possibilitando a constituição de um
sistema de significantes no bebê, cujo código da língua encontrava-se tão
fragmentado quanto os terapeutas que intervinham, os pais pouco participavam ou
eram excluídos da instalação da língua de referência para a criança, contribuindo
assim para se instalarem efeitos autísticos e próprios da psicose.
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
DISCUSSÃO
A estimulação precoce para Foster (1999) é uma das formas de intervir precocemente,
em caráter preventivo e interdisciplinar, no tratamento do autismo. Por se tratar de
uma prática clínica, que prioriza o tempo de maturação da criança, evitando ou
diminuindo os prejuízos neuropsíquicos e a consolidação de quadros autistas. Sendo
assim, os primeiros meses de idade do bebê são os principais na estimulação da
linguagem, psicomotricidade e aprendizagem, pois nesse período da vida estão
ocorrendo as primeiras inscrições psíquicas e o processo de maturação das estruturas
cerebrais, é uma fase de grande capacidade neuroplástica. Além disso, Jerusalinsky
(2002) confirma a estimulação precoce como forma de intervenção, que respeita o
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
Outro fator importante a ser considerado é a função materna, cujo papel é fundamental
na maturação neuropsíquica do sujeito. Deste modo, Foster (1999) afirma que
havendo um desencontro na relação mãe-filho, em que a criança não receba
estímulos adequados ou não consiga se apropriar destes, poderá causar sofrimentos
emocional e neurológico, podendo até mesmo, desenvolver condutas autistas, bem
como, atitudes autistas a sua volta.
Vale salientar que Jerusalinsky (2012) também entende a função materna como uma
troca recíproca e inconsciente na relação mãe-bebê, pois, ao surgir alguma
intercorrência nessa função, e o bebê não conseguir apoderar-se dos registros
subjetivos necessários para a sua constituição como sujeito, ele poderá apresentar
déficits na área da linguagem. O fracasso na formação das redes de linguagem é
percebido principalmente em crianças autistas, comprometendo as funções
primordiais de reconhecimento recíproco, ou seja, a diferenciação de si em relação ao
outro, causando isolamento externo. O psicanalista compreende o autismo como uma
ausência de sujeito, devido à exclusão do outro e o predomínio de automatismos.
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
reconhecimento por ser vital na relação parental e ser a porta de entrada da criança
no mundo da linguagem. Considerando essas afirmativas, o psicanalista Jerusalinsky
(2012) acredita na cura do autismo pela psicanálise, porém ressalta a urgência de
intervir precocemente nos primeiros meses do bebê por ser um período de grande
flexibilidade e permeabilidade do funcionamento psíquico em que as chances de cura
serão mais amplas. O psicanalista afirma que independentemente do tipo de autismo,
se declarar a incurabilidade desde o início, incluirá a criança e os pais em uma
“profecia auto-cumprida: nunca pode acontecer aquilo que nem se tenta fazer”
(JERUSALINSKY, 2012, p. 67).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
Percebe-se que há um grande desafio para os profissionais que intervêm com bebês
e crianças pequenas que apresentam sinais de risco psíquico para seu
desenvolvimento, bem como para autismo. A participação da família é fundamental
no tratamento, tanto na detecção quanto na intervenção. Mas a atuação do terapeuta
em EP também é essencial para assegurar a função materna, real, imaginária e
simbólica (cuidados primários são o real, tradução da linguagem imaginária/ simbólica
e triangulação edípica/simbólico) com a finalidade de favorecer a criança na sua
constituição como sujeito de desejo, contribuindo para a inserção dela no campo da
linguagem, pois é fundamental para um sujeito funcional.
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
REFERÊNCIAS
ADURENS, Fernanda Delai Lucas; MELO, Maribél de Salles de. Reflexões a Cerca
da Possibilidade de Prevenção do Autismo. Estilos da clínica., São Paulo, v. 22, n.
1, jan. /abr. 2017, p.150-165. Disponível em:
< http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
71282017000100009 > acesso em: 08 de agosto. 2018.
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
CENTRO LYDIA CORIAT. Carta aberta sobre a Lei 13.438. 20 jul. 2017. Disponível
em: www. lydiacoriat.com.br. Acesso em: 14 agosto, 2018.
GORETTI, Amanda Cabral dos Santos; ALMEIDA, Sandra Francesca Conte de;
LEGNANI, Viviane Neves. A relação mãe-bebê na estimulação precoce: um olhar
psicanalítico. Estilos da clínica. São Paulo , v. 19, n. 3, p. 414-435, dez. 2014.
Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
71282014000300003&lng=pt&nrm=iso>.acesso
05 abr. 2018. http://dx.doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v19i3p414-435.
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce
REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO
CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959
https://www.nucleodoconhecimento.com.br
_______, Alfredo. Quantos terapeutas para cada criança? In: Escritos da criança.
Porto Alegre: Publicação do Centro Lydia Coriat de Porto Alegre, 1998. n.5. p. 30-47.
RC: 44625
Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/estimulacao-precoce