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Universidade Federal do Espı́rito Santo

Centro de Ciências Exatas


Departamento de Matemática
Prof. Fábio Castro
10 de maio de 2022

Números Inteiros

1 Operações
Dado um conjunto não vazio A, uma operação em A é qualquer função de A × A em A. O papel
de uma operação é “transformar” dois elementos de A em um elemento em A. As operações
geralmente são representadas por sı́mbolos (+, ∗, ·, ×, ◦, ⊗, ⊕, ⊙, etc.) em vez de letras. Por
exemplo, em vez de denotarmos uma operação por f : A × A → A, optamos por representar
por algo assim: ∗ : A × A → A. Além disso, a imagem de um par ordenado (a, b) pela operação
∗ é denotado a ∗ b em vez de ∗(a, b). Esta última notação vem da versão clássica f (a, b) de
funções.
As principais propriedades que uma operação ∗ : A × A → A pode ter são as seguintes:

1. a ∗ b = b ∗ a, quaisquer que sejam a, b ∈ A. (comutatividade)

2. (a ∗ b) ∗ c = a ∗ (b ∗ c), quaisquer que sejam a, b, c ∈ A. (associatividade)

3. Existe e ∈ A tal que e ∗ a = a ∗ e = a, qualquer que seja a ∈ A. (existência do neutro)

4. Para cada a ∈ A, existe ã ∈ A tal que a ∗ ã = ã ∗ a = e. (existência do inverso)

Usamos a notação (A, ∗) para indicar que A está munido de uma operação ∗. Quando ∗
satisfaz as quatro propriedades acima (A, ∗) é dito um grupo abeliano.

1
2 Relações
Dado um conjunto não vazio A, uma relação em A é qualquer subconjunto R de A × A. O
papel de uma relação é “comparar” dois elementos de A. Cada par ordenado (a, b) de R é
entendido como uma relação de comparação entre a e b, nesta ordem. Com isso, em vez de
denotarmos uma relação por R ⊂ A × A, optamos por descrever quais são os elementos de R;
ou seja, como dois elementos se relacionam. Além disso, para indicar que um par ordenado
(a, b) ∈ A × A pertence a R usa-se a notação aRb em vez de (a, b) ∈ R. As relações se dividem
em dois grupos: equivalência e ordem. As de equivalência têm a função de generalizar a ideia
de igualdade, fazendo com que os elementos de A se agrupem em subconjuntos (classes) do que
seriam os elementos “iguais”entre si. As relações de ordem têm a função de generalizar a ideia
de “menor” e “maior”, formando cadeias (filas) ordenadas (do menor para o maior) em A.
As principais propriedades que uma relação R pode ter são as seguintes:

1. aRa, qualquer que seja a ∈ A. (reflexividade)

2. Se aRb, então bRa. (simetria)

3. Se aRb e bRa, então a = b. (antissimetria)

4. Se aRb e bRc, então aRc. (transitividade)

Uma relação é dita de equivalência sempre que for reflexiva, simétrica e transitiva. As
relações de equivalência geralmente são representadas por sı́mbolos do tipo: =, ≡, ≈, ∼, ≃, ∥.
Numa relação de equivalência, quando dois elementos se relacionam, dizemos que eles são
equivalentes. Juntando os equivalentes entre si, formamos as classes de equivalência. Uma
classe de equivalência tem no mı́nimo um elemento, que é quando um elemento não se relaciona
com nenhum outro além dele mesmo. Assim, o conjunto A fica particionado em classes de
equivalências disjuntas entre si. O conjunto das classes, que é um conjunto de subconjuntos de
A, é chamado de conjunto quociente (de A pela relação R) e é denotado por A/R.
Uma relação é dita de ordem sempre que for reflexiva, antissimétrica e transitiva. Neste
caso, aRb quer dizer que a é “menor do que, ou igual a” b. Uma relação de ordem R é dita
total quando dois elementos quaisquer sempre se relacionam, ou seja, dados a, b ∈ A, ocorre
aRb ou bRa, do contrário, é ela é chamada de parcial. Qualquer relação possui subconjuntos
totalmente ordenados, chamados de cadeias. As relações de ordem geralmente são representadas
por sı́mbolos do tipo: ≤, ⊂, ⋐, ≺, ≼, ≾, ≤, ≲, ⊆, ⊑.

2
3 Axiomas dos inteiros
O conjunto dos números inteiros é denotado por Z e é caracterizado pela lista de axiomas
abaixo, que introduz em Z duas operações e uma relação de ordem.

1. Z é munido de duas operações “+” e “·” que satisfazem as propriedades de operações


conforme a tabela abaixo:
+ ·

comutatividade ✔ ✔
associatividade ✔ ✔
existência do neutro ✔ ✔
existência do inverso ✔
Notação1: −b indica o inverso aditivo de b, ou seja, b + (−b) = 0. Também, a + (−b) é
simplificado para a forma a − b ou −b + a.
Notação2: a + (−b) é simplificado para a forma a − b ou −b + a.

2. Assumimos que o neutro de uma operação é diferente do neutro da outra. Denotamos o


neutro da soma por 0 e do produto por 1, como usualmente é feito. Assim, este axioma
diz que 0 ̸= 1 .

3. Vale a distributividade entre as duas operações: a · (b + c) = a · b + a · c, quaisquer que


sejam a, b, c ∈ Z.

4. Vale a lei de integridade : a · b = 0 implica a = 0 ou b = 0.

5. Z possui uma relação de ordem total ≤ que satisfaz o seguinte:

(a) a ≤ a, para todo a ∈ Z; (reflexividade)

(b) a ≤ b e b ≤ a implica a = b, quaisquer que sejam a, b, c ∈ Z; (antissimetria)

(c) a ≤ b e b ≤ c implica a ≤ c, ∀a, b, c ∈ Z; (transitividade)

(d) a ≤ b e c ∈ Z implica a + c ≤ b + c, ∀a, b, c ∈ Z; (compatibilidade com a soma)

(e) a ≤ b e 0 ≤ c implica a · c ≤ b · c, ∀a, b ∈ Z. (compatibilidade com o produto)

(f) Todo subconjunto de Z limitado inferiormente possui um mı́nimo. (boa ordem)

OBS: a ≤ b e b ≥ a significam a mesma coisa.


É a partir destes axiomas que tentamos provar tudo mais a respeito de números inteiros.

3
4 Exercı́cios Teóricos
OBS. Os resultados estão ordenados de forma que a demonstração de cada um não dependa de
resultados posteriores.
Unicidades

1. O neutro da soma é único. (Dica em 183)

2. O neutro do produto é único. (Dica em 184)

3. O inverso aditivo é único. (Dica em 185)

Passando para o outro lado

4. Sejam a, b, x ∈ Z. Então, a + x = b ⇐⇒ x = b − a. (Dica em 186)


Em particular, para x = 0 obtemos a = b ⇐⇒ 0 = b − a. Isto é usado rotineiramente
nas contas. Note também que este exercı́cio justifica a frase: “o a passa pro outro lado
mudando de sinal”, também usado rotineiramente nas nossas contas. Observe também
que, dados a e b, a equação a + x = b tem uma única solução que é b − a.

Cancelamento na soma

5. a + c = b + c =⇒ a = b. (Solução em 187)
Esta propriedade é muito utilizada e simplifica bastante as demonstrações, pois retira
bastante citações de axiomas. Usualmente utilizamos o caso em que b = 0, ou seja,
a + c = c =⇒ a = 0. O cancelamento da soma apareceu antes do cancelamento do
produto, pois ainda não temos ferramentas para isto.

Propriedades do zero

6. 0 · a = 0. (Solução em 188)

7. a2 = 0 ⇐⇒ a = 0 (Dica em 189)

Regras de sinal

8. (−1) · a = −a (Solução em 190)

9. −(−a) = a (Solução em 191)

10. (−a)b = a(−b) = −(ab) (Dica em 192)

4
11. (−a)(−b) = ab. (Solução em 193)
Em particular, (−1)(−1) = 1.

12. −(a + b) = −a − b (Dica em 194)


A partir daqui já podemos fazer a conta ab − a = a(b − 1), que é bastante simples, mas
cheia de justificativas: ab − a = ab + (−a) = ab + (−1)a = a(b + (−1)) = a(b − 1). O
mesmo vale para ab − ac = a(b − c) (verifique!).

Propriedades dos neutros

13. ab = a ⇐⇒ a = 0 ou b = 1 (Solução em 195)

14. a2 = a ⇐⇒ a = 0 ou a = 1 (Dica em 196)

Cancelamento do produto

15. c ̸= 0 e a · c = b · c =⇒ a = b. (Solução em 197)

16. Dados a, b ∈ Z, com a ̸= 0, se ax = b possui uma solução inteira, então ela é única.
(Solução em 198)

Definição: a < b significa que a ≤ b e a ̸= b, que é o mesmo significado de b > a.

Tricotomia

17. Um e somente um desses itens ocorre:


a < b ou a = b ou b < a. (Solução em 199)

Note que a relação “<” não herda a reflexividade de “≤”, pois não ocorre a < a, qualquer
que seja a. Todas as demais propriedades de “≤” são válidas para “<”, inclusive a
antissimetria.

18. a < b e b < a implica a = b, quaisquer que sejam a, b, c ∈ Z; (antissimétrica)


(Solução em 200)

19. a < b e b < c implica a < c, ∀a, b, c ∈ Z; (transitiva)


(Solução em 201)

20. a < b e c ∈ Z implica a + c < b + c, ∀a, b, c ∈ Z; (compatibilidade com a soma)


(Solução em 202)

5
21. a < b e 0 < c implica a · c < b · c, ∀a, b ∈ Z. (compatibilidade com o produto)
(Solução em 203)

Regras de sinal

22. a ≤ 0 =⇒ −a ≥ 0 (Dica em 204)

23. a ≥ 0 =⇒ −a ≤ 0 (Dica em 205)

24. a ≥ 0 e b ≥ 0 =⇒ ab ≥ 0 (Dica em 206)

25. a ≥ 0 e b ≤ 0 =⇒ ab ≤ 0 (Dica em 207)

26. a ≤ 0 e b ≤ 0 =⇒ ab ≥ 0 (Dica em 208)

27. a ≤ b ⇐⇒ −a ≥ −b (Dica em 209)

Regras de sinal

28. a < 0 =⇒ −a > 0 (Dica em 210)

29. a > 0 =⇒ −a < 0 (Dica em 211)

30. a > 0 e b > 0 =⇒ ab > 0 (Dica em 212)

31. a > 0 e b < 0 =⇒ ab < 0 (Dica em 213)

32. a < 0 e b < 0 =⇒ ab > 0 (Dica em 214)

33. a < b ⇐⇒ −b < −a (Dica em 215)

Cancelamentos com ≤

34. a + c ≤ b + c =⇒ a ≤ b. (Dica em 216)

35. Se c > 0 e a · c ≤ b · c, então a ≤ b (Dica em 217)

36. Se c < 0 e a · c ≤ b · c, então a ≥ b (Dica em 218)

37. a ≤ b e c ≤ d =⇒ a + c ≤ b + d (Soma lado a lado) (Dica em 219)

38. 0 ≤ a ≤ b e 0 ≤ c ≤ d =⇒ ac ≤ bd (Produto lado a lado) (Dica em 220)

6
39. a ≤ b e c ≤ 0 =⇒ ac ≥ bc (Dica em 221)

Cancelamentos com <

40. a + c < b + c =⇒ a < b. (Dica em 222)

41. Se c > 0 e a · c < b · c, então a < b (Dica em 223)

42. Se c < 0 e a · c < b · c, então a > b (Dica em 224)

43. a < b e c < d =⇒ a + c < b + d (Soma lado a lado) (Dica em 225)

44. 0 < a < b e 0 < c < d =⇒ ac < bd (Produto lado a lado) (Dica em 226)

45. a < b e c < 0 =⇒ ac > bc (Dica em 227)

46. a2 ≥ 0 (Dica em 228)

47. 1 ≥ 0 (Dica em 229)

A função modular

 a, se a ≥ 0
Defina |a| =
 −a, se a < 0

48. |a| = máx.{a, −a} (Dica em 230)

49. |a| ≥ a e |a| ≥ −a (Dica em 231)

50. −|a| ≤ a ≤ |a| (Dica em 232)

51. |a| ≥ 0 (Dica em 233)

52. |a| = 0 ⇐⇒ a = 0 (Dica em 234)

53. |a| = | − a| (Dica em 235)

54. |a| ≤ r ⇐⇒ −r ≤ a ≤ r (Dica em 236)

55. |a + b| ≤ |a| + |b| (desigualdade triangular) (Dica em 237)

56. ||a| − |b|| ≤ |a ± b| ≤ |a| + |b| (Dica em 238)

57. |ab| = |a| · |b| (Dica em 239)

A função distância

Defina d(a, b) = |a − b|

7
58. d(a, b) = d(b, a) (Dica em 240)

59. d(a, b) ≥ 0 (Dica em 241)

60. d(a, b) = 0 ⇐⇒ a = b (Dica em 242)

61. d(λa, λb) = |λ| · d(a, b) (Dica em 243)

62. |x| = d(x, 0) (Dica em 244)

63. d(a, b) ≤ d(a, c) + d(c, b) (Dica em 245)

Divisibilidade
a|b significa que existe n ∈ Z tal que b = an;
D(a) é o conjunto dos divisores de a; D(x1 , x2 , . . . , nn ) é o conjunto dos divisores comuns
de x1 , x2 , . . . , xn , ou seja, D(x1 , x2 , . . . , nn ) = D(x1 ) ∩ D(x2 ) ∩ · · · ∩ D(xn )
Aqui, sempre que você ver uma fração, digamos na , significa que n ̸= 0, n|a e a
n
é o único
(veja 16) número inteiro p tal que a = pn; ou seja, a = na n.

64. ±1|a, para todo a. (Dica em 246)

65. ±a|a (Dica em 247)

66. ±a|b ⇐⇒ b|a (Dica em 248)

67. a|0, para todo a ∈ Z. (Dica em 249)

68. a|b e b|c implica a|c (Dica em 250)

69. a|b e c|d implica ac|bd (Dica em 251)

70. a|(b + c) e a|b implica a|c (Dica em 252)

71. a|b e a|c implica a|(xb + yc), para quaisquer x, y ∈ Z (Dica em 253)

b a ab
72. Se d|a e d|b, então a · d
= d
·b= d
. (Dica em 254)

a
73. Se d|a’, então ax = dc ⇐⇒ d
· x = c. (Passar dividindo) (Dica em 255)

ax+by
74. Se d|a e d|b, então d
= ad x + db y. (Dica em 256)

75. a|b implica b = 0 ou |a| ≤ |b|. (Limitação) (Dica em 257)

8
76. Se n|m e 0 ≤ m < n, então m = 0. Ou seja, não tem múltiplo de n entre 0 e n. (Dica
em 258)

77. a| ± 1 implica a = ±1. (Dica em 259)

78. a|b e b|a ⇐⇒ |a| = |b|. (Dica em 260)

79. Se 0 ≤ r < n e 0 ≤ r′ < n, então 0 ≤ |r − r′ | < n. (Dica em 261)

80. Prove que se a = qb + r, então mdc(a, b) = mdc(b, r) (Euclides - 300 a.C.) (Dica em 262)

81. mdc(a, b) = 1 ⇐⇒ a e b não possuem fatores primos em comum. (Dica em 263)

82. mdc(a, b) = 1 ⇐⇒ existem x, y ∈ Z tais que ax + by = 1. (Dica em 264)

83. Seja d = mdc(a, b). Então, mdc( ad , db ) = 1. (Dica em 265)

ab
84. a|c e b|c implica mdc(a,b)
|c (Dica em 267)

85. Se mdc(a, b) = 1 e a|c e b|c, então ab|c. (Dica em 268)

86. Se ax + by = mdc(a, b), então mdc(x, y) = 1. (Dica em 266)

87. a|bc e mdc(a, b) = 1 implica a|c (Dica em 269)

88. Se p é primo e p|ab, então p|a ou p|b. De forma mais geral, se p é primo e p|a1 . . . an , onde
n > 1, então p|ai , para algum i ∈ {1, . . . , n}. (Dica em 270)

89. Sejam p e q números primos positivos. Se p divide q n , para algum n ∈ N, então p = q.


(Dica em 271)

Congruência módulo n
Definição: a ≡ b(mod n) significa que a − b é múltiplo de n; ou seja, que a − b = pn, para
algum p ∈ Z.
Queremos dizer com isso que números são “iguais”, ou que são a mesma coisa, se diferem
por um múltiplo de n; ou seja, em linguagem popular, múltiplos de n não faz nenhuma
diferença pra gente. Como não podemos dizer que os números são exatamente iguais, em
vez de usar o sı́mbolo de igualdade, usamos o sı́mbolo ≡ para representar essa equivalência
entre os números. Na linguagem dos matemáticos, dizemos o seguinte: “a ≡ b significa
que a é igual a b, a menos de um múltiplo de n”.
OBS: aqui omitimos o termo (mod n).

9
90. a ≡ a (reflexividade) (Dica em 272)

91. a ≡ b =⇒ b ≡ a (simetria) (Dica em 273)

92. a ≡ b e b ≡ c =⇒ a ≡ c (transitividade) (Dica em 274)

93. a ≡ r, onde r é o resto da divisão de a por n. (Dica em 275)

94. a ≡ b ⇐⇒ a e b deixam o mesmo resto quando divididos por n. (Dica em 276)


Note que com isso, a ≡ b significa que eles estão na mesma classe do resto que eles deixam
quando divididos por n.

95. a ≡ b ⇐⇒ a + c ≡ b + c, qualquer que seja c ∈ Z (Dica em 277)

96. a ≡ a + kn, qualquer que seja k ∈ Z (Dica em 278)

97. a ≡ b =⇒ a · c ≡ b · c, qualquer que seja c ∈ Z. Dê um exemplo onde não vale a recı́proca.
(Dica em 279)

98. a ≡ b e x ≡ y =⇒ ax ≡ by e a ± x ≡ b ± y. (multiplicação e soma lado a lado) (Dica em


280)

99. a ≡ b =⇒ am ≡ bm , qualquer que seja m ∈ N. Dê um exemplo onde não vale a recı́proca.
(Dica em 281)

100. a · c ≡ b · c e mdc(c, n) = d =⇒ a ≡ b(mod n/d) (cancelamento generalizado) (Dica em


282)

101. a · c ≡ b · c e mdc(c, n) = 1 =⇒ a ≡ b (cancelamento do produto) (Dica em 283)

102. a ≡ ã e a · x ≡ y =⇒ ã · x ≡ y (substituição) (Dica em 284)

103. a ≡ ã e a + x ≡ y =⇒ ã + x ≡ y (substituição) (Dica em 285)

104. a ≡ b(mod n) e m|n =⇒ a ≡ b(mod m) (Dica em 286)

105. mdc(m, n) · mmc(m, n) = mn. (Dica em 287)

106. a ≡ b(mod n) e a ≡ b(mod m) ⇐⇒ a ≡ b(mod mmc(m, n)) (Dica em 288)

10
107. Se mdc(m, n) = 1, então

a ≡ b(mod m) e a ≡ b(mod n) ⇐⇒ a ≡ b(mod m · n)

(Dica em 289)

108. Se c é um divisor comum de a, b e n, então

a ≡ b(mod n) ⇐⇒ a/c ≡ b/c(mod n/c)

(Dica em 290)

109. Seja a ∈ Z. Então, existe b ∈ Z tal que ab ≡ 1 se, e somente se, mdc(a, n) = 1. (Dica em
291)
Ou seja, a ser invertı́vel em Zn é equivalente a ser relativamente primo com n.

11
Principais Teoremas

110. Não existe inteiro entre zero e um. (Dica em 292)


Com isso, se a ̸= 0, então |a| ≥ 1.

111. Todo subconjunto de Z limitado superiormente possui máximo. (Dica em 293)

112. Dados dois inteiros a e b, com b > 0, existe n ∈ N tal que bn > a. (Dica em 294)
(Propriedade Arquimediana).

113. Dados dois inteiros a e b, com b ̸= 0, a está entre dois múltiplos consecutivos de b. (Dica
em 295)

114. Enuncie e prove o Primeiro Princı́pio de Indução. (Dica em 296)

115. Enuncie e prove o Segundo Princı́pio de Indução. (Dica em 297)

116. Enuncie e prove o Teorema da divisão de Euclides. (Dica em 298)

117. Enuncie e prove o Teorema Fundamental da Aritmética. (Dica em 299)

118. Enuncie e prove o Teorema de Bezout. (Dica em 300)

119. ax ≡ b(mod n) tem solução se, e somente se, mdc(a, n)|b. (Dica em 301)

120. Zn é corpo ⇐⇒ n é primo.

121. O conjunto dos números primos é infinito.

122. Enuncie e prove o Pequeno Teorema de Fermat (ap−1 ≡ 1(mod p)).

123. Enuncie e prove o Teorema de Euler (aΦ(m) ≡ 1(mod m))

124. Enuncie e prove o Teorema de Euler sobre Φ (Φ(mn) = Φ(m)Φ(n))

125. Enuncie e prove o Teorema de Wilson ((p − 1)! ≡ −1(mod p)).

126. Enuncie e prove o Teorema Chinês do Resto.

Exercitando indução matemática

127. n! > n2 , para todo n ≥ 4

128. n! > n3 , para todo n ≥ 6

12
129. 3n − 2 é impar para todo inteiro n ≥ 1

1 1
130. 2n
≤1− n+1
, ∀n ≥ 1

1 1
131. 2 n ≥ 1 + 2n−1
, ∀n ≥ 1

132. (n!)2 .4n−1 > (2n)!, ∀n ≥ 5


n
X
133. (2k)3 = 2[n(n + 1)]2 , ∀n ≥ 1
k=1

134. 1 + 3 + 5 + 7 + · · · + (2n − 1) = n2 , para todo n ≥ 1

135. 2 + 4 + 6 + 7 + · · · + 2n =, para todo n ≥ 1


 2
3 3 3 n(n + 1)
136. 1 + 2 + · · · + n = , ∀n ≥ 1
2
n(n + 1)(2n + 1)
137. 12 + 22 + · · · + n2 = , ∀n ≥ 1
6
138. 1 + 2 + · · · + 2n−1 = 2n − 1, ∀n ≥ 1

139. n < 2n , ∀n ∈ Z

140. (1 − 21 )(1 − 13 ) · · · (1 − 1
n+1
) = 1
n+1

141. 1 + nx ≤ (1 + x)n , n ∈ N e x ≥ −1 real.

1 2 n (n+1)!−1
142. 2!
+ 3!
+ ... + (n+1)!
= (n+1)!
, ∀n ≥ 2

1 1 1 n
143. 1·2
+ 2·3
+ ... + n(n+1)
= n+1

n+2
144. 1 + 2(1/2) + 3(1/2)2 + · · · + n(1/2)n−1 = 4 − 2n−1
n
X
n
an−j bj, ∀n ≥ 1
n

145. (a + b) = j
j=0

146. 7|(23n − 1), ∀n ≥ 1

147. 8|(32n + 7), ∀n ≥ 1

aq n+1 −a
148. a + aq + aq 2 + · · · + aq n = q−1
, onde q ̸= 1.

n(n−3)
149. O número de lados de um polı́gono convexo é 2

150. Se a1 = 1 e a2 = 3 e an = an−1 + an−2 , então an < (7/4)n

13
5 Exercı́cios numéricos

Resto de divisão

25 )
151. Encontre o resto da divisão de 2(25 por 11

9
152. Encontre o resto da divisão de 9(10 ) por 7

12 )
153. Encontre o resto da divisão de 7(11 por 9

154. Encontre o resto da divisão de 244 por 89

155. Encontre o resto da divisão de 20152016 por 23

156. Encontre o resto da divisão de 248 por 9

157. Encontre o resto da divisão de 15 + 25 + · · · + 1005 por 3

158. Encontre o resto da divisão de 15 + 25 + · · · + 1005 por 4

159. Encontre o resto da divisão de 15 + 25 + · · · + 1005 por 5

160. Encontre o resto da divisão de 123456789 por 6

Critérios de divisão

161. Demonstre o critério de divisão por: 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18
e 19.

Mudança de base

162. Escreva o número 12435 na base 5.

163. Escreva o número [324123]5 na base 12.

164. Calcule [324123]5 + [412224]5

165. Calcule [432241]5 − [432324]5

166. Calcule [432241]5 − [432241]3

MDC e MMC

167. Sejam a, b ∈ Z primos entre si. Prove:

14
(a) mdc(a ± b, ab) = 1

(b) mdc(a + b, a2 + ab + b) = 1

168. Calcule mdc(4320, 6300).

169. Dados a = 23 33 77 e b = 25 75 113 , calcule:

(a) Φ(a)

(b) mdc(a, b)

(c) mmc(a, b)

(d) o número de divisores de a

(e) a soma dos divisores de b

(f) o resto da divisão de a por 5

Equações Diofantinas

170. Encontre as soluções inteiras para: 19x + 17y = 5; 2x + 3y = 9; 3x + 5y = 47; 8x + 5y = 3;


47x + 29y = 999.

Equações em Zn

171. Resolva as seguintes congruências lineares:

(a) 5x ≡ 2(mod 14) (c) 25x ≡ 15(mod 29) (e) 140x ≡ 133(mod 301)

(b) 37x ≡ 13(mod 43) (d) 5x ≡ 2(mod 26) (f) 17x ≡ 3(mod 2.3.5.7)

172. Escreva uma sequência de dez números consecutivos não primos.

173. Encontre o inverso de 25 em Z68 .

174. Determine os divisores de zero e os elementos invertı́veis de Z13 e Z19 .

175. Encontre as soluções de (2x + 3)5 + (3x + 2)5 + 5x = 0 em Z5 .



 2x − 3y = 2
176. Resolva o seguinte sistema em Z14
 3x + 2y = 3



 6X ≡ 4(mod 2)

177. 2X ≡ 1(mod 3)


 4X ≡ 3(mod 5)

15



 X ≡ 2(mod 2)

178. X ≡ 3(mod 5)


 X ≡ 4(mod 7)




 X ≡ 1(mod 3)

179. X ≡ 2(mod 5)


 X ≡ 3(mod 7)




 X ≡ 2(mod 11)

180. X ≡ 4(mod 12)


 X ≡ 5(mod 13)




 3X ≡ 1(mod 7)

181. 5X ≡ 2(mod 11)


 4X ≡ 3(mod 13)




 X ≡ 2(mod 3)


≡ 3(mod 4)

 X
182.


 X ≡ 4(mod 5)


≡ 5(mod 6)

 X

16
6 Dicas e soluções dos exercı́cios

183. 1 Suponha que exista um outro neutro da soma, digamos 0′ . Com isso, 0 = 0 + 0′ = 0′ .
Na primeira igualdade usados que 0’ é neutro e na segunda usamos que 0 é neutro.

184. 2 Suponha que exista um outro neutro do produto, digamos 1′ . Com isso, 1 = 1 · 1′ = 1′ .
Na primeira igualdade usados que 1’ é neutro e na segunda usamos que 1 é neutro.

185. 3 Dado a ∈ Z, suponhamos que a possui dois inversos, digamos a′ e a′′ ; ou seja, a + a′ = 0
netro inv. assoc. inv. neutro
e a + a′′ = 0. Com isso, a′ = a′ + 0 = a′ + (a + a′′ ) = (a′ + a) + a′′ = 0 + a′′ = a′′ .

186. 4 Ida: somando −a em ambos os lados da equação obtemos (−a) + (a + x) = (−a) + b.


Pela associatividade obtemos ((−a) + a) + x = (−a) + b. Pela definição de inverso aditivo
obtemos 0 + x = (−a) + b. Pela definição de neutro aditivo obtemos x = (−a) + b. Pela
comutatividade obtemos x = b + (−a) e, finalmente, por notação, obtemos x = b − a.
hip. assoc. inv. neutro
Volta: se x = −a + b, então a + x = a + ((−a) + b) = (a + (−a)) + b = 0 + b = b.

187. 5 Passando c para o lado direito, conforme o exercı́cio 4, obtemos a = (b + c) − c.


Associando obtemos a = b + (c − c). Pela definição de inverso aditivo obtemos a = b + 0
e, finalmente, pela definição de neutro aditivo, obtemos a = b.

neutro dist.
188. 6 Note que a · 0 = a · (0 + 0) = a · 0 + a · 0. Em resumo, a · 0 = a · 0 + a · 0. Assim,
cancelando a · 0 em ambos os lados obtemos 0 = a · 0.

189. 7 Na implicação “=⇒” use o axioma de integridde. Na implicação contrária use o exercı́cio
6.

190. 8 Como o inverso aditivo é único, basta provar que (−1) · a somado com a é zero. E, de
neut. dist. inv. 6
fato, a + (−1) · a = 1 · a + (−1) · a = (1 + (−1)) · a = 0 · a = 0.

191. 9 Como a + (−a) = 0, passando −a para a direita obtemos a = −(−a).

192. 10 Como na solução do exercı́cio 8, basta provar que (−a)b + ab = 0, assim como a(−b) +
ab = 0.

8 assoc. 8 9
193. 11: (−a)(−b) = (−a) ((−1)b) = ((−a)(−1))b = (−(−a))b = ab.

194. 12 Como na solução do exercı́cio 8, basta provar que (−a − b) + (a + b) = 0.

195. 13 ab = a ⇐⇒ ab − a = 0 ⇐⇒ a(b − 1) = 0 ⇐⇒ a = 0 ou (b − 1) = 0 ⇐⇒ a = 0 ou b = 1.

17
196. 14 Faça como na solução 195.

integridade
197. 15 ac = bc =⇒ ac − bc = 0 =⇒ c(a − b) = 0 =⇒ c = 0 ou a − b = 0. Como c ̸= 0,
nos resta a − b = 0, ou seja, a = b.

198. 16 Digamos que ax = b e ax′ = b. Com isso, ax = ax′ com a ̸= 0. Logo, cancelando a
(veja 15) obtemos x = x′ .

199. 17 Como ≤ é uma relação de ordem total, dados a, b ∈ Z, ocorre a ≤ b ou b ≤ a. Com


isso, supondo a ̸= b, o que ocorre é a < b ou b < a, não podendo ocorrer as duas, pois
isto implicaria em a = b, devido a antissimetria da relação ≤.

200. 18 A frase “a < b e b < a =⇒ a = b” é verdadeira, dado que, pela tricotomia, a hipótese
nunca ocorre. Com isso, é impossı́vel encontrar dois elementos que satisfaçam a hipótese
e não satisfazem a tese; portanto, é impossı́vel negar a frase e com isso ela é verdadeira.

201. 19 a < b e b < c =⇒ a ≤ b e b ≤ c =⇒ a ≤ c. Porem, não pode ocorrer a = c pois isto


implicaria em a < b e b < a, o que contraria a tricotomia.

202. 20 a < b e c ∈ Z =⇒ a ≤ b e c ∈ Z =⇒ a + c ≤ b + c. Porém, se a + c = b + c, teremos


a = b, donde contraria a tricotomia. Com isso, nos resta a + c < b + c.

203. 21 a < b e 0 < c =⇒ a ≤ b e 0 ≤ c =⇒ ac ≤ bc. Porém, se ac = bc, teremos a = b (pois


c ̸= 0), donde contraria a tricotomia. Com isso, nos resta ac < bc.

204. 22 Basta somar −a em ambos os lados da inequação.

205. 23 Basta somar −a em ambos os lados da inequação.

206. 24 Pela compatibilidade com o produto, multiplique ambos os lados de b ≥ 0 por a e


obtenha a · b ≥ a · 0, ou seja, ab ≥ 0. Aqui já estamos naturalmente que a · 0 = 0.

207. 25 Pela compatibilidade com o produto, multiplique ambos os lados de b ≤ 0 por a e


obtenha a · b ≤ a · 0, ou seja, ab ≤ 0.

208. 26 Sendo a ≤ 0, temos que −a ≥ 0. Com isso, pela compatibilidade com o produto,
multiplique ambos os lados de b ≤ 0 por −a e obtenha (−a) · b ≤ (−a) · 0, ou seja,
−ab ≤ 0, donde 0 ≥ ab.

209. 27 Ida: some −a − b em ambos os lados. Volta: some a + b em ambos os lados.

18
210. 28 Basta somar −a em ambos os lados da inequação.

211. 29 Basta somar −a em ambos os lados da inequação.

212. 30 Pela compatibilidade com o produto, multiplique ambos os lados de b > 0 por a e
obtenha a · b > a · 0, ou seja, ab > 0.

213. 31 Pela compatibilidade com o produto, multiplique ambos os lados de b < 0 por a e
obtenha a · b < a · 0, ou seja, ab < 0.

214. 32 Sendo a < 0, temos que −a > 0. Com isso, pela compatibilidade com o produto,
multiplique ambos os lados de b < 0 por −a e obtenha (−a) · b < (−a) · 0, ou seja,
−ab < 0, donde 0 > ab.

215. 33 Ida: some −a − b em ambos os lados. Volta: some a + b em ambos os lados.

216. 34 Pela compatibilidade da ordem com a soma, basta somar −c em ambos os lados da
inequação.

217. 35 É só notar que o enunciado é logicamente equivalente à frase “c > 0 e a > b =⇒ ac >
bc”, que é a compatibilidade com o produto, provado em 203.

218. 36 É só notar que o enunciado é logicamente equivalente à frase “c < 0 e a < b =⇒ ac >
bc”. Esta frase se prova usando a compatibilidade com o produto (para a relação ≤),
bastando multiplicar ambos os lados de a > b por −c (que é positivo!).

219. 37 Somando c em ambos os lados de a ≤ b obtemos a+c ≤ b+c. Analogamente, Somando


b em ambos os lados de c ≤ d obtemos c+b ≤ d+b. Com isso, por transitividade, obtemos
a + c ≤ d + b.

220. 38 Multiplicando c (que é ≥ 0) em ambos os lados de a ≤ b obtemos ac ≤ bc. Analoga-


mente, multiplicando b (que é ≥ 0) em ambos os lados de c ≤ d obtemos cb ≤ db. Com
isso, por transitividade, obtemos ac ≤ bd.

221. 39 a ≤ b e c ≤ 0 =⇒ a ≤ b e −c ≥ 0 =⇒ a(−c) ≤ b(−c) =⇒ −ac ≤ −bc =⇒ bc ≤ ac.

222. 40 Pela compatibilidade da ordem com a soma, basta somar −c em ambos os lados da
inequação.

19
223. 41 É só notar que o enunciado é logicamente equivalente à frase “c > 0 e a ≥ b =⇒ ac ≥
bc”, que é a compatibilidade de ≤ com o produto.

224. 42 É só notar que o enunciado é logicamente equivalente à frase “c < 0 e a < b =⇒ ac >
bc”. Esta frase se prova usando a compatibilidade com o produto, bastando multiplicar
ambos os lados de a < b por −c (que é positivo!).

225. 43 Somando c em ambos os lados de a ≤ b obtemos a+c ≤ b+c. Analogamente, somando


b em ambos os lados de c ≤ d obtemos c+b ≤ d+b. Com isso, por transitividade, obtemos
a + c ≤ d + b.

226. 44 Multiplicando c (que é > 0) em ambos os lados de a ≤ b obtemos ac ≤ bc. Analoga-


mente, multiplicando b (que é ≥ 0) em ambos os lados de c ≤ d obtemos cb ≤ db. Com
isso, por transitividade, obtemos ac ≤ bd.

39
227. 45 a < b e c < 0 =⇒ a ≤ b e c ≤ 0 =⇒ bc ≤ ac. Porém, não pode ocorrer bc = ac, pois,
como c > 0, podemos cancelar c (por 15) e obter a = b, o que não ocorre, pois a < b.
Com isso, bc < ac.

228. 46 Para a ≥ 0, multiplique ambos os lados de 0 ≤ a por a e obtenha 0 ≤ a2 . Para a < 0,


multiplique ambos os lados de a < 0 por −a (que é positivo!) e obtenha 0 ≤ a2 .

229. 47 Segue de 46, pois 12 = 1.

230. 48 Se 0 ≤ a, então −a ≤ 0 e portanto −a ≤ a, por transitividade. Com isso, máx.{a, −a} =


a. Se a ≤ 0, então 0 ≤ −a e portanto a ≤ −a. Com isso, máx.{a, −a} = −a. Assim,
máx.{a, −a} = |a|.

231. 49 Segue diretamente de |a| = {a, −a}.

232. 50 É equivalente a 49.

233. 51Se 0 ≤ a, então |a| = a ≥ 0. Se a ≤ 0, então 0 ≤ −a e com isso |a| = −a ≥ 0.

234. 52 Ida: |a| =máx.{a, −a} = 0 implica a = 0 ou −a = 0. Em ambos os casos teremos


a = 0. Volta: neste caso, |a| =máx.{0, −0} = 0.

235. 53 |a| =máx.{a, −a} =máx.{−(−a), −a} = | − a|.

236. 54 máx.{a, −a} ≤ r ⇐⇒ a ≤ r e −a ≤ r ⇐⇒ a ≤ r e −r ≤ a.

20
55
237. 55 |a+b| ≤ |a|+|b| ⇐⇒ −(|a|+|b|) ≤ a+b ≤ |a|+|b|. Assim, resta provar −|a|−|b| ≤ a+b
e a + b ≤ |a| + |b|. Esta última desigualdade segue da soma dado a lado das inequações
a ≤ |a| e b ≤ |b|. Por fim, as inequações −a ≤ |a| e −b ≤ |b| equivalem a −|a| ≤ a e
−|b| ≤ b, donde, somando lado a lado, obtemos −|a| − |b| ≤ a + b.

238. 56 Temos duas inequações para demonstrar. A primeira é ||a| − |b|| ≤ |a + b| e a segunda
é |a ± b| ≤ |a| + |b|. A segunda segue diretamente da desigualdade triangular da seguinte
forma: |a ± b| = |a + (±b)| ≤ |a| + | ± b| = |a| + |b|.
A primeira se divide em outras duas: (i) −|a ± b| ≤ |a| − |b| e (ii) |a| − |b| ≤ |a ± b|.
i) Segue de |b| = | ± b| = | − a + a ± b| ≤ | − a| + |a ± b| = |a| + |a ± b|;
ii) Segue de |a| = |a ± b ∓ b| ≤ |a ± b| + | ∓ b| = |a ± b| + |b|.

239. 57 Dividimos em três casos: (1) a ≥ 0 e b ≥ 0; (2) a ≤ 0 e b ≤ 0 e (3) a ≥ 0 e b ≤ 0. O


terceiro caso inclui a ≤ 0 e b ≥ 0.
1) Neste caso, ab ≥ 0 e portanto |ab| = ab. Agora é só fazer as contas usando |a| = a e
|b| = b, ou seja, |ab| = ab = |a| · |b|.
2) Neste caso, ab ≥ 0 e portanto |ab| = ab. Agora é só fazer as contas usando |a| = −a e
|b| = −b, ou seja, |ab| = ab = (−a)(−b) = |a| · |b|.
3) Neste caso, ab ≤ 0 e portanto |ab| = −ab. Agora é só fazer as contas usando |a| = a e
|b| = −b, ou seja, |ab| = −ab = a(−b) = |a| · |b|.

240. 58 Segue de 53.

241. 59 Segue de 51.

242. 60 Segue de 52.

243. 61 d(λa, λb) = |λa − λb| = |λ(a − b)| = |λ| · |a − b| = |λ|d(a, b).

244. 62 |x| = |x − 0| = d(x, 0).

245. 63 d(a, b) = |a − b| = |a − c + c − b| ≤ |a − c| + |c − b| = d(a, c) + d(c, b).

246. 64 a = a.1 e a = (−1)(−a)

247. 65 a = a.1 e a = (−1)(−a)

248. 66 b = an ⇐⇒ b = (−a)(−n).

249. 67 0 = 0 · a

21
250. 68 b = am e c = bn implica c = amn

251. 69 b = am e d = cn implica bd = acmn

252. 70 b + c = am e b = an implica c = am − b = am − an = a(m − n).

253. 71 b = am e c = an implica xb + yc = xam + yan = a(xm + yn)

254. 72 Tome x = a db e y = ad b. Com isso, dx = ab e dy = ab, logo dx = dy, donde x = y.


Analogamente se prova a segunda igualdade do enunciado.

ax=dc
255. 73 Ida: y = ad x =⇒ dy = ax =⇒ dy = dc =⇒ y = c. Volta: multiplique ambos os lados
de ad x = c por d e obtenha ax = dc.

ax+by
256. 74 Note que d|ax + by (por 71). Agora, p = d
e q = ( ad x + db y) =⇒ dp = ax + by =
dq =⇒ p = q.

257. 75 b = am e b ̸= 0 implica m ̸= 0 e a ̸= 0, donde |a| ≥ 1 e |m| ≥ 1. Multiplicando ambos


os lados desta última desigualdade por |a| obtemos |a||m| ≥ |a|, ou seja, |b| = |am| =
|a||b| ≥ |a|.

258. 76 Pela limitação temos m = 0 ou n = |n| ≤ |m| = m. Como esta última afirmação
contraria a hipótese n > m, nos resta m = 0.

259. 77 Se ±1 = am, então, pela limitação, temos 0 ≤ |a| ≤ | ± 1| = 1. Como a ̸= 0 e não tem
inteiro entre zero e 1, nos resta |a| = 1, donde a = ±1.

260. 78 O caso b = 0 é trivial. Vamos supor b ̸= 0. Ida: b = am e a = bn implica b = bnm.


Cancelando b obtemos mn = 1 e portanto m = n = ±1 (por 77), ou seja, b = ±a.

261. 79 Sem perda de generalidade, podemos supor r ≥ r′ . Com isso, |r − r′ | = r − r′ ≥ 0.


Resta provar que r − r′ < n, ou seja, que r < n + r′ . Para isto, some lado a lado as
inequações r < n e 0 ≤ r′ .

262. 80 Basta provar que D(a, b) = D(b, r). Se d|a e d|b, então, por 71, d|a − qb. Logo,
d ∈ D(b, r). Por outro lado, se d|b e d|r, então, por 71, d|qb + r. Logo, d ∈ D(a, b).

263. 81 Segue do simples fato que mdc(a, b) = 1 ⇐⇒ D(a) ∩ D(b) = {±1}.

22
264. 82 Ida: segue diretamente do Teorema de Bezout tomando d = 1. Volta: seja d =
mdc(a, b). Se ax + by = 1, como d|a e d|b, teremos que d|1, donde d = ±1. Como d ≥ 0,
nos resta d = 1.

265. 83 Pelo Teorema de Bezout, podemos escrever ax + by = d. Com isso, podemos escrever
a
d
x + db y = 1. Assim, o resultado segue do exercı́cio 82.

266. 86 Na equação ax + by = mdc(a, b), passe mdc(a, b) para a esquerda dividindo, obtenha
a b
mdc(a,b)
x + mdc(a,b)
y = 1 (veja 73 e 74) e use 82.

267. 84 Seja d = mdc(a, b). Por hipótese, escrevamos c = pa e c = qb. Pelo Teorema de
a
Bezout, ax + by = d. Passando d dividindo temos d
x + db y = 1. Multiplicado por c
a
temos d
cx + db cy = c. Substituindo c adequadamente nesta última equação obtemos
a
d
qbx + db pay = c. Pela propriedade de fração (ver 72) obtemos ab
d
qx + ab
d
py = c, ou seja,
ab
d
(qx + py) = c, como querı́amos.

268. 85 Segue diretamente de 84.

269. 87 Pelo Teorema de Bezout, podemos escrever ax + by = 1. Multiplicando ambos os lados


por c obtemos cax + cby = c. Como cb é múltiplo de a, digamos bc = an, concluı́mos que
c = cax + any = a(cx + ny).

270. 88 Se p não divide a, então mdc(a, p) = 1. Com isso, pelo exercı́cio 87, temos que p|b. O
caso geral se prova por indução em n. Vejamos: o caso n = 2 acabou de ser provado. Como
hipótese de indução, vamos supor a proposição válida para um certo n ≥ 2. Com isso,
se p|a1 · · · an an+1 , então p|a1 · · · an ou p|an+1 , como já provado. Pela hipótese de indução,
p|ai , para algum i ∈ {1, . . . , n}, ou p|an+1 ; ou seja, p|ai , para algum i ∈ {1, . . . , n + 1},
como querı́amos.

271. 89 Se p|q n , por 88, temos que p|q, donde p = 1 ou p = q. Como p > 1, pois é primo,
temos que p = q.

272. 90 n divide a − a = 0, por 67.

273. 91 n|(a − b) implica n|(b − a), por 66.

274. 92 n|(a − b) e n|(b − c) implica n|(a − b) + (b − c), por 71.

275. 93 a = qn + r =⇒ a − r = qn =⇒ n|a − r.

23
276. 94 Ida: pela divisão euclidiana temos a = pq + r e b = qn + r′ , com 0 ≤ r < n e 0 ≤ r < n.
Digamos que r ≥ r′ . Assim, a − b = (p − q)n + (r − r′ ). Note que 0 ≤ r − r′ < n (por
79). Como, por hipótese, n|(a − b), pela unicidade do resto deve ocorrer r − r′ = 0, como
querı́amos. Volta: a = pn + r e b = qn + r implica a − b = pn − qn = (p − q)n.

277. 95 n|(a − b) ⇐⇒ n|(a + c − c + b).

278. 96 a − (a + kn) = −kn.

279. 97 Se a − b = pn, multiplicando ambos os lados por c obtemos ac − bc = cpn, como


querı́amos.

280. 98 Produto: multiplique a ≡ b por x e obtenha ax ≡ bx. Agora multiplique x ≡ y por b


e obtenha bx ≡ by. Assim, por transitividade, obtemos ax ≡ by. Soma: somando lado a
lado as equações a−b = pn e x−y = qn obtemos (a+x)−(b+y) = (p+q)n. Diferença: lado
a lado, fazendo a equação a−b = pn menos x−y = qn obtemos (a−x)−(b−y) = (p−q)n.

281. 99 Usando a multiplicação lado a lado, faça indução em m.

282. 100 ac − bc = pn =⇒ c(a − b) = pn =⇒ c|pn. Dividindo ambos os lados por d obtemos


c
d
(a − b) = p nd . Como mdc(c/d, n/d) = 1 (por 82), por 87 deduzimos que dc |p. Com isso,
podemos escrever p = k dc . Assim, podemos escrever dc (a − b) = k dc nd . Cancelando c/d
obtemos a − b = k nd , como querı́amos.

283. 101 Segue diretamente do exercı́cio 100 tomando d = 1.

284. 102 Isole a em a − ã = pn, substitua o resultado em ax − y = qn e obtenha ãx − y =


(q − px)n.

285. 103 Isole a em a − ã = pn, substitua o resultado em a + x − y = qn e obtenha ã + x − y =


(q − p)n.

286. 104 a − b = pn e n = qm implica a − b = (pq)m.

287. 105 Sejam d = mdc(m, n) e M = mmc(m, n). Escreva m = xd e n = yd. Com isso,
mn = xydd. Assim, nos resta provar que M ′ = xyd é igual a M . Pra isto, note que M ′
é múltiplo comum de m e n, logo M |M ′ . Agora, basta provar que M ′ |M . Nessa direção,
sendo M um múltiplo comum, podemos escrever M = pm = qn, ou seja, pxd = qyd.
Cancelando d, obtemos px = qy. Note que mdc(x, y) = 1 (veja 83). Logo, como x|qy e

24
mdc(x, y) = 1, temos que x|q, ou seja, podemos escrever q = kx. Logo, M = qn = kxn =
kxyd = kM ′ , como querı́amos.

288. 106 a − b é múltiplo comum de m e n se, e somente se, (a − b) é múltiplo de mmc(m, n).

289. 107 Por 105, mmc(m, n) = mn. Assim, o resultado segue do exercı́cio 106.

a b
290. 108 a − b = pn ⇐⇒ c
− c
= p nc .

291. 109 Ida: se ab − 1 = pn e d|a e d|n, então d|ab − pn; ou seja, d|1. Volta: pelo Teorema de
Bezout, podemos escrever ax + ny = 1, ou seja, ax − 1 = −yn. Assim, ax ≡ 1(mod n).

292. 110 Suponha que exista inteiro entre zero e 1. Pelo Axioma da Boa Ordem, digamos que
a seja o menor inteiro entre 0 e 1. Como 0 < a < 1, multiplicando ambos os lados de
a < 1 por a, que é positivo, obtemos a2 < a. Como a2 > 0, temos que 0 < a2 < a < 1.
Isto contradiz o fato que a é o menor.

293. 111 Observe que o máximo de X ⊂ Z é o mı́nimo de −X = {−x| x ∈ X} e que a ser cota
superior de X equivale a −a ser cota interior de −X (Verifique!).

294. 112 Suponha que todos os múltiplos positivos de b sejam menores do que ou iguais a
a. Por 111, podemos tomar um certo bn0 como o maior deles. Assim, deve ocorrer
b(n0 + 1) ≤ bn0 , ou seja, bn0 + b ≤ bn0 . Cancelando bn0 obtemos b ≤ 0. Isto contradiz o
fato que b > 0.

295. 113 Para b > 0, pela Propriedade Arquimediana e pela Boa Ordem, podemos tomar um
bn0 como o menor múltiplo positivo de b maior do que a. Como b(n0 − 1) < bn0 , devemos
ter b(n0 − 1) ≤ a. Assim, b(n0 − 1) ≤ a < bn0 . Para b < 0, proceda como anteriormente
usando −b > 0 em vez de b, e −a em vez de a, e conclua que existe n0 ∈ N tal que
−b(n0 − 1) ≤ −a < −bn0 , ou seja, b(n0 − 1) ≥ a > bn0 .

296. 114 (Enunciado - Versão para N) Seja X ⊂ N tal que “1 ∈ X” e “n + 1 ∈ X sempre que
n ∈ X”. Com isso, X = N.
(Prova) Vamos supor que X satisfaz as hipóteses, mas X ̸= N. Assim, N − X não é vazio
e portanto tem um menor elemento, digamos x0 . Note que x0 ̸= 1, pois 1 ∈ X. Com isso,
x0 = x + 1, para algum x ∈ N. Assim, x < x0 , donde x ∈ X e portanto x + 1 ∈ X, ou
seja, x0 ∈ X; que é uma contradição.
(Enunciado - Versão para Z) Seja X ⊂ Z tal que “a ∈ X” e “n + 1 ∈ X sempre que

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n ∈ X”. Com isso, X contém todos os inteiros maiores do que a.
(Prova) Usaremos a versão para N e provaremos que {a + n; n ∈ N} ⊂ X, fazendo
indução em n. Para isto, considere Y = {n ∈ N; a + n ∈ X}. Queremos provar que
Y = N. Note que 1 ∈ Y , ou seja, a + 1 ∈ X, pois a ∈ X e porque vale a segunda hipótese.
Supondo n ∈ Y , ou seja, a + n ∈ X, pela segunda hipótese temos que (a + n) + 1 ∈ X.
Com isso, a + (n + 1) = (a + n) + 1 ∈ X, ou seja, n + 1 ∈ Y . Logo, pelo primeiro princı́pio
de indução, Y = N.

297. 115 (Enunciado - Versão para N) Seja X ⊂ N tal que “1 ∈ X” e “n + 1 ∈ X sempre que
{1, 2, . . . , n} ⊂ X”. Com isso, X = N.
(Prova) Vamos supor que X satisfaz as hipóteses, mas X ̸= N. Assim, N − X não é vazio
e portanto tem um menor elemento, digamos x0 . Note que x0 ̸= 1, pois 1 ∈ X. Com isso,
x0 = x + 1, para algum x ∈ N. Assim, x < x0 e {1, 2, . . . , x} ⊂ X, donde x + 1 ∈ X, ou
seja, x0 ∈ X; que é uma contradição.
OBS: com demonstração análoga (verifique!), o enunciado poderia ser: Seja X ⊂ N tal
que “1 ∈ X” e “n ∈ X sempre que {1, 2, . . . , n − 1} ⊂ X”. Com isso, X = N.
(Enunciado - Versão para Z) Seja X ⊂ Z tal que “a ∈ X” e “n + 1 ∈ X sempre que
[a, n] = {z ∈ Z; a ≤ z ≤ n} ⊂ X”. Com isso, X contém todos os inteiros maiores do que
a.

(Prova) Usaremos o primeiro princı́pio de indução para provar que [a, a + n] ⊂ X, para
todo n ∈ N; em particular, a + n ∈ X, para todo n ∈ N. Para isto, considere Y = {n ∈
N; [a, a + n] ⊂ X}. Queremos provar que Y = N. Note que 1 ∈ Y , ou seja, [a, a + 1] ⊂ X,
pois a ∈ X ⇐⇒ [a, a] ⊂ X e porque vale a segunda hipótese sobre X. Supondo n ∈ Y ,
ou seja, [a, a + n] ⊂ X, pela segunda hipótese sobre X, temos que (a + n) + 1 ∈ X. Com
isso, [a, a + (n + 1)] = [a, n] ∪ {a + (n + 1)} ⊂ X, ou seja, n + 1 ∈ Y . Logo, pelo primeiro
princı́pio de indução, Y = N.

OBS: com demonstração análoga (verifique!), o enunciado poderia ser: Seja X ⊂ Z tal
que “a ∈ X” e “n ∈ X sempre que [a, n − 1] = {z ∈ Z; a ≤ z ≤ n − 1} ⊂ X”. Com isso,
X contém todos os inteiros maiores do que a.

298. 116 (Enunciado) Sejam a, b ∈ Z, com b ̸= 0. Então, existem q, r ∈ Z, únicos, tais que
a = qb + r e 0 ≤ r < |b|. (Prova) Existência: Por 113 e 111, podemos tomar um bq como
o maior múltiplo de b menor do que ou igual a a, ou seja, bq ≤ a e se bn ≤ a, n ∈ Z,
então bn ≤ bq. Com isso, a = bq + r, com r ≥ 0. Note que devemos ter r < |b|, pois,

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do contrário, r = a − bq ≥ |b|, ou seja, bq − a ≤ b ≤ a − bq, que equivale dizer que
b(q − 1) ≤ a e b(q + 1) ≤ a. Mas isso contraria a maximalidade de bq pois bq < b(q − 1)
ou bq < b(q + 1) conforme b < 0 ou b > 0, respectivamente. Unicidade: Suponhamos
a = bq + r = bq ′ + r′ , com 0 ≤ r < |b| e 0 ≤ r′ < |b|. Com isso, por 79, 0 ≤ |r − r′ | < |b|,
ou seja, |r − r′ | = |bq − bq ′ | = |b| · |q − q ′ | é um múltiplo de |b| que não pode estar entre
0 e |b|. Assim, por 76, |r − r′ | = 0, donde, por 52, r − r′ = 0, ou seja, r = r′ . Com isso,
bq + r = bq ′ + r, donde bq = bq ′ e portanto também temos q = q ′ .

299. 117 Enunciado: Todo número natural a > 1 se fatora de forma única como produto de
números primos, no seguinte sentido: se a = pm m2 mr
1 · p2 · · · pr
1
= q1n1 · q2n2 · · · qsns onde
mi > 0 para todo i ∈ {1, . . . , r}, nj > 0 para todo j ∈ {1, . . . , s}, p1 < p2 < . . . < pr
e q1 < q2 < . . . < qs são números primos, então r = s, pi = qi e mi = ni para todo
i ∈ {1, . . . , r}. (Prova) Existência: Usaremos o segundo princı́pio de indução. É claro
que o resultado é válido para a = 2, que é primo e cuja fatoração em primos é ele próprio.
Suponhamos a existência da fatoração válida para todos os elementos de [2, a] = {n ∈
N; 2 ≤ n ≤ a}. Se a + 1 é primo, o resultado é válido para a + 1; do contrário, a + 1 = pq,
onde p, q ∈ [2, a]. Assim, pela nossa hipótese sobre [2, a], p e q se fatoram como produto
de primos. Substituindo p e q pelas suas fatorações em primos, obtemos uma fatoração
para a + 1 e portanto existência de fatoração em primos vale para a + 1. (Unicidade)
Suponhamos a = pm m2 mr
1 · p2 · · · p r
1
= q1n1 · q2n2 · · · qsns nas condições do enunciado e seja
n = m1 + · · · + mr . Usaremos o segundo princı́pio de indução sobre o número n de
fatores primos em a. Se n = 1, ou seja, a possui uma fatoração com um único fator
primo, e portanto o próprio a é um número primo, temos assim que se a = q1n1 · q2n2 · · · qsns ,
então qi |a com a primo e qi > 1. Logo, qi = a, para todo i ∈ {1, . . . , s}. Com isso,
s = 1 e n1 = 1. Agora, suponhamos a proposição válida para números que possuem uma
quantidade de fatores primos no conjunto [1, n − 1]. Com isso, se n = m1 + · · · + mr
e a = pm m2 mr
1 · p2 · · · pr
1
= q1n1 · q2n2 · · · qsns , nas condições do enunciado, então p1 divide
q1n1 · q2n2 · · · qsns , donde p1 divide algum dos fatores qi , digamos i = 1, e portanto p1 = q1 .
Cancelando p1 em ambas as fatorações, obtemos p1m1 −1 · pm mr
2 · · · pr
2
= q1n1 −1 · q2n2 · · · qsns
ou pm mr
2 · · · pr
2
= q1n1 −1 q2n2 · · · qsns , conforme m > 1 ou m = 1, respectivamente. Caso
m > 1, devemos ter n1 − 1 > 0, pois, do contrário, ou seja, n1 − 1 = 0, teremos,
1 −1
pm
1 · pm 2 mr
2 · · · pr = q2n2 · · · qsns donde, pela hipótese de indução, terı́amos, além das
outras coisas, p1 = q2 , o que contraria o fato que p1 = q1 < q2 . Sendo então n1 − 1 > 0,

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pela hipótese de indução, r = s, m1 − 1 = n1 − 1 (e portanto m1 = n1 ), mi = ni e
pi = qi para todo i ∈ {2, . . . , r}, donde segue nossa tese. Por fim, caso m = 1, teremos
pm mr
2 · · · pr
2
= q1n1 −1 · q2n2 · · · qsns . Note que, neste caso, deve ocorrer n1 − 1 = 0, pois se
n1 − 1 > 0, pela hipótese de indução, terı́amos, além das outras coisas, p2 = q1 , o que
contraria o fato que q1 = p1 < p2 . Assim, n1 = 1 = m1 e pm mr
2 · · · pr
2
= q2n2 · · · qsns . Com
isso, pela hipótese de indução, r = s, pi = qi e mi = ni para todo i ∈ {2, . . . , r}. Isto
conclui nossa tese.

300. 118 Enunciado fraco: Se d = mdc(a, b), então existem x, y ∈ Z tais que ax + by = d.
Enunciado forte: Se d = mdc(a, b), então aZ + bZ = dZ.
Isto quer dizer que todo número da forma ax + by é múltiplo de d e que todo múltiplo de
d é da forma ax + by. Em particular, d é da forma ax + by, de onde sai a versão fraca do
Teorema de Bezout.

Prova: Note que um dos quatro elementos ±a + b · 0 ou a · 0 ± b é positivo, ou seja,


existe inteiro positivo na forma ax + by. Seja c = ax0 + by0 o menor deles. Provemos
que c = mdc(a, b). Vejamos: se q|a e q|b, por 71, q|c. Resta provar que c|a e c|b. Para
isto, dividindo a por c obtemos a = qc + r, com 0 ≤ r < c. Assim, r = a − qc =
a − q(ax0 + by0 ) = a(1 − qx0 ) + b(−qy0 ) deve ser nulo pois é menor do que c e é da forma
ax + by. Analogamente concluı́mos que c|b. Isso conclui que c = d. Mais do que isso,
com esse mesmo argumento, dividindo um número da forma ax + by por c devemos obter
resto nulo. Isto prova que todo elemento da forma ax + by é múltiplo de c.

301. 119 Se ax ≡ b(mod n), então, por definição, ax − b = mn, para algum m ∈ Z, ou seja,
b = ax − mn ∈ aZ + nZ. Pelo Teorema de Bezout, b deve ser múltiplo de mdc(a, n).
Reciprocamente, se b é múltiplo de d = mdc(a, n), ou seja, b ∈ dZ, pelo Teorema de
Bezout, b deve ser da forma ax + ny e portanto ax − b é múltiplo de n; ou seja, ax ≡
b(mod n).

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