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Números Inteiros
1 Operações
Dado um conjunto não vazio A, uma operação em A é qualquer função de A × A em A. O papel
de uma operação é “transformar” dois elementos de A em um elemento em A. As operações
geralmente são representadas por sı́mbolos (+, ∗, ·, ×, ◦, ⊗, ⊕, ⊙, etc.) em vez de letras. Por
exemplo, em vez de denotarmos uma operação por f : A × A → A, optamos por representar
por algo assim: ∗ : A × A → A. Além disso, a imagem de um par ordenado (a, b) pela operação
∗ é denotado a ∗ b em vez de ∗(a, b). Esta última notação vem da versão clássica f (a, b) de
funções.
As principais propriedades que uma operação ∗ : A × A → A pode ter são as seguintes:
Usamos a notação (A, ∗) para indicar que A está munido de uma operação ∗. Quando ∗
satisfaz as quatro propriedades acima (A, ∗) é dito um grupo abeliano.
1
2 Relações
Dado um conjunto não vazio A, uma relação em A é qualquer subconjunto R de A × A. O
papel de uma relação é “comparar” dois elementos de A. Cada par ordenado (a, b) de R é
entendido como uma relação de comparação entre a e b, nesta ordem. Com isso, em vez de
denotarmos uma relação por R ⊂ A × A, optamos por descrever quais são os elementos de R;
ou seja, como dois elementos se relacionam. Além disso, para indicar que um par ordenado
(a, b) ∈ A × A pertence a R usa-se a notação aRb em vez de (a, b) ∈ R. As relações se dividem
em dois grupos: equivalência e ordem. As de equivalência têm a função de generalizar a ideia
de igualdade, fazendo com que os elementos de A se agrupem em subconjuntos (classes) do que
seriam os elementos “iguais”entre si. As relações de ordem têm a função de generalizar a ideia
de “menor” e “maior”, formando cadeias (filas) ordenadas (do menor para o maior) em A.
As principais propriedades que uma relação R pode ter são as seguintes:
Uma relação é dita de equivalência sempre que for reflexiva, simétrica e transitiva. As
relações de equivalência geralmente são representadas por sı́mbolos do tipo: =, ≡, ≈, ∼, ≃, ∥.
Numa relação de equivalência, quando dois elementos se relacionam, dizemos que eles são
equivalentes. Juntando os equivalentes entre si, formamos as classes de equivalência. Uma
classe de equivalência tem no mı́nimo um elemento, que é quando um elemento não se relaciona
com nenhum outro além dele mesmo. Assim, o conjunto A fica particionado em classes de
equivalências disjuntas entre si. O conjunto das classes, que é um conjunto de subconjuntos de
A, é chamado de conjunto quociente (de A pela relação R) e é denotado por A/R.
Uma relação é dita de ordem sempre que for reflexiva, antissimétrica e transitiva. Neste
caso, aRb quer dizer que a é “menor do que, ou igual a” b. Uma relação de ordem R é dita
total quando dois elementos quaisquer sempre se relacionam, ou seja, dados a, b ∈ A, ocorre
aRb ou bRa, do contrário, é ela é chamada de parcial. Qualquer relação possui subconjuntos
totalmente ordenados, chamados de cadeias. As relações de ordem geralmente são representadas
por sı́mbolos do tipo: ≤, ⊂, ⋐, ≺, ≼, ≾, ≤, ≲, ⊆, ⊑.
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3 Axiomas dos inteiros
O conjunto dos números inteiros é denotado por Z e é caracterizado pela lista de axiomas
abaixo, que introduz em Z duas operações e uma relação de ordem.
comutatividade ✔ ✔
associatividade ✔ ✔
existência do neutro ✔ ✔
existência do inverso ✔
Notação1: −b indica o inverso aditivo de b, ou seja, b + (−b) = 0. Também, a + (−b) é
simplificado para a forma a − b ou −b + a.
Notação2: a + (−b) é simplificado para a forma a − b ou −b + a.
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4 Exercı́cios Teóricos
OBS. Os resultados estão ordenados de forma que a demonstração de cada um não dependa de
resultados posteriores.
Unicidades
Cancelamento na soma
5. a + c = b + c =⇒ a = b. (Solução em 187)
Esta propriedade é muito utilizada e simplifica bastante as demonstrações, pois retira
bastante citações de axiomas. Usualmente utilizamos o caso em que b = 0, ou seja,
a + c = c =⇒ a = 0. O cancelamento da soma apareceu antes do cancelamento do
produto, pois ainda não temos ferramentas para isto.
Propriedades do zero
6. 0 · a = 0. (Solução em 188)
7. a2 = 0 ⇐⇒ a = 0 (Dica em 189)
Regras de sinal
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11. (−a)(−b) = ab. (Solução em 193)
Em particular, (−1)(−1) = 1.
Cancelamento do produto
16. Dados a, b ∈ Z, com a ̸= 0, se ax = b possui uma solução inteira, então ela é única.
(Solução em 198)
Tricotomia
Note que a relação “<” não herda a reflexividade de “≤”, pois não ocorre a < a, qualquer
que seja a. Todas as demais propriedades de “≤” são válidas para “<”, inclusive a
antissimetria.
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21. a < b e 0 < c implica a · c < b · c, ∀a, b ∈ Z. (compatibilidade com o produto)
(Solução em 203)
Regras de sinal
Regras de sinal
Cancelamentos com ≤
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39. a ≤ b e c ≤ 0 =⇒ ac ≥ bc (Dica em 221)
44. 0 < a < b e 0 < c < d =⇒ ac < bd (Produto lado a lado) (Dica em 226)
A função modular
a, se a ≥ 0
Defina |a| =
−a, se a < 0
A função distância
Defina d(a, b) = |a − b|
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58. d(a, b) = d(b, a) (Dica em 240)
Divisibilidade
a|b significa que existe n ∈ Z tal que b = an;
D(a) é o conjunto dos divisores de a; D(x1 , x2 , . . . , nn ) é o conjunto dos divisores comuns
de x1 , x2 , . . . , xn , ou seja, D(x1 , x2 , . . . , nn ) = D(x1 ) ∩ D(x2 ) ∩ · · · ∩ D(xn )
Aqui, sempre que você ver uma fração, digamos na , significa que n ̸= 0, n|a e a
n
é o único
(veja 16) número inteiro p tal que a = pn; ou seja, a = na n.
71. a|b e a|c implica a|(xb + yc), para quaisquer x, y ∈ Z (Dica em 253)
b a ab
72. Se d|a e d|b, então a · d
= d
·b= d
. (Dica em 254)
a
73. Se d|a’, então ax = dc ⇐⇒ d
· x = c. (Passar dividindo) (Dica em 255)
ax+by
74. Se d|a e d|b, então d
= ad x + db y. (Dica em 256)
8
76. Se n|m e 0 ≤ m < n, então m = 0. Ou seja, não tem múltiplo de n entre 0 e n. (Dica
em 258)
80. Prove que se a = qb + r, então mdc(a, b) = mdc(b, r) (Euclides - 300 a.C.) (Dica em 262)
ab
84. a|c e b|c implica mdc(a,b)
|c (Dica em 267)
88. Se p é primo e p|ab, então p|a ou p|b. De forma mais geral, se p é primo e p|a1 . . . an , onde
n > 1, então p|ai , para algum i ∈ {1, . . . , n}. (Dica em 270)
Congruência módulo n
Definição: a ≡ b(mod n) significa que a − b é múltiplo de n; ou seja, que a − b = pn, para
algum p ∈ Z.
Queremos dizer com isso que números são “iguais”, ou que são a mesma coisa, se diferem
por um múltiplo de n; ou seja, em linguagem popular, múltiplos de n não faz nenhuma
diferença pra gente. Como não podemos dizer que os números são exatamente iguais, em
vez de usar o sı́mbolo de igualdade, usamos o sı́mbolo ≡ para representar essa equivalência
entre os números. Na linguagem dos matemáticos, dizemos o seguinte: “a ≡ b significa
que a é igual a b, a menos de um múltiplo de n”.
OBS: aqui omitimos o termo (mod n).
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90. a ≡ a (reflexividade) (Dica em 272)
97. a ≡ b =⇒ a · c ≡ b · c, qualquer que seja c ∈ Z. Dê um exemplo onde não vale a recı́proca.
(Dica em 279)
99. a ≡ b =⇒ am ≡ bm , qualquer que seja m ∈ N. Dê um exemplo onde não vale a recı́proca.
(Dica em 281)
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107. Se mdc(m, n) = 1, então
(Dica em 289)
(Dica em 290)
109. Seja a ∈ Z. Então, existe b ∈ Z tal que ab ≡ 1 se, e somente se, mdc(a, n) = 1. (Dica em
291)
Ou seja, a ser invertı́vel em Zn é equivalente a ser relativamente primo com n.
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Principais Teoremas
112. Dados dois inteiros a e b, com b > 0, existe n ∈ N tal que bn > a. (Dica em 294)
(Propriedade Arquimediana).
113. Dados dois inteiros a e b, com b ̸= 0, a está entre dois múltiplos consecutivos de b. (Dica
em 295)
119. ax ≡ b(mod n) tem solução se, e somente se, mdc(a, n)|b. (Dica em 301)
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129. 3n − 2 é impar para todo inteiro n ≥ 1
1 1
130. 2n
≤1− n+1
, ∀n ≥ 1
1 1
131. 2 n ≥ 1 + 2n−1
, ∀n ≥ 1
139. n < 2n , ∀n ∈ Z
140. (1 − 21 )(1 − 13 ) · · · (1 − 1
n+1
) = 1
n+1
1 2 n (n+1)!−1
142. 2!
+ 3!
+ ... + (n+1)!
= (n+1)!
, ∀n ≥ 2
1 1 1 n
143. 1·2
+ 2·3
+ ... + n(n+1)
= n+1
n+2
144. 1 + 2(1/2) + 3(1/2)2 + · · · + n(1/2)n−1 = 4 − 2n−1
n
X
n
an−j bj, ∀n ≥ 1
n
145. (a + b) = j
j=0
aq n+1 −a
148. a + aq + aq 2 + · · · + aq n = q−1
, onde q ̸= 1.
n(n−3)
149. O número de lados de um polı́gono convexo é 2
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5 Exercı́cios numéricos
Resto de divisão
25 )
151. Encontre o resto da divisão de 2(25 por 11
9
152. Encontre o resto da divisão de 9(10 ) por 7
12 )
153. Encontre o resto da divisão de 7(11 por 9
Critérios de divisão
161. Demonstre o critério de divisão por: 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18
e 19.
Mudança de base
MDC e MMC
14
(a) mdc(a ± b, ab) = 1
(b) mdc(a + b, a2 + ab + b) = 1
(a) Φ(a)
(b) mdc(a, b)
(c) mmc(a, b)
Equações Diofantinas
Equações em Zn
(a) 5x ≡ 2(mod 14) (c) 25x ≡ 15(mod 29) (e) 140x ≡ 133(mod 301)
(b) 37x ≡ 13(mod 43) (d) 5x ≡ 2(mod 26) (f) 17x ≡ 3(mod 2.3.5.7)
15
X ≡ 2(mod 2)
178. X ≡ 3(mod 5)
X ≡ 4(mod 7)
X ≡ 1(mod 3)
179. X ≡ 2(mod 5)
X ≡ 3(mod 7)
X ≡ 2(mod 11)
180. X ≡ 4(mod 12)
X ≡ 5(mod 13)
3X ≡ 1(mod 7)
181. 5X ≡ 2(mod 11)
4X ≡ 3(mod 13)
X ≡ 2(mod 3)
≡ 3(mod 4)
X
182.
X ≡ 4(mod 5)
≡ 5(mod 6)
X
16
6 Dicas e soluções dos exercı́cios
183. 1 Suponha que exista um outro neutro da soma, digamos 0′ . Com isso, 0 = 0 + 0′ = 0′ .
Na primeira igualdade usados que 0’ é neutro e na segunda usamos que 0 é neutro.
184. 2 Suponha que exista um outro neutro do produto, digamos 1′ . Com isso, 1 = 1 · 1′ = 1′ .
Na primeira igualdade usados que 1’ é neutro e na segunda usamos que 1 é neutro.
185. 3 Dado a ∈ Z, suponhamos que a possui dois inversos, digamos a′ e a′′ ; ou seja, a + a′ = 0
netro inv. assoc. inv. neutro
e a + a′′ = 0. Com isso, a′ = a′ + 0 = a′ + (a + a′′ ) = (a′ + a) + a′′ = 0 + a′′ = a′′ .
neutro dist.
188. 6 Note que a · 0 = a · (0 + 0) = a · 0 + a · 0. Em resumo, a · 0 = a · 0 + a · 0. Assim,
cancelando a · 0 em ambos os lados obtemos 0 = a · 0.
189. 7 Na implicação “=⇒” use o axioma de integridde. Na implicação contrária use o exercı́cio
6.
190. 8 Como o inverso aditivo é único, basta provar que (−1) · a somado com a é zero. E, de
neut. dist. inv. 6
fato, a + (−1) · a = 1 · a + (−1) · a = (1 + (−1)) · a = 0 · a = 0.
192. 10 Como na solução do exercı́cio 8, basta provar que (−a)b + ab = 0, assim como a(−b) +
ab = 0.
8 assoc. 8 9
193. 11: (−a)(−b) = (−a) ((−1)b) = ((−a)(−1))b = (−(−a))b = ab.
195. 13 ab = a ⇐⇒ ab − a = 0 ⇐⇒ a(b − 1) = 0 ⇐⇒ a = 0 ou (b − 1) = 0 ⇐⇒ a = 0 ou b = 1.
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196. 14 Faça como na solução 195.
integridade
197. 15 ac = bc =⇒ ac − bc = 0 =⇒ c(a − b) = 0 =⇒ c = 0 ou a − b = 0. Como c ̸= 0,
nos resta a − b = 0, ou seja, a = b.
198. 16 Digamos que ax = b e ax′ = b. Com isso, ax = ax′ com a ̸= 0. Logo, cancelando a
(veja 15) obtemos x = x′ .
200. 18 A frase “a < b e b < a =⇒ a = b” é verdadeira, dado que, pela tricotomia, a hipótese
nunca ocorre. Com isso, é impossı́vel encontrar dois elementos que satisfaçam a hipótese
e não satisfazem a tese; portanto, é impossı́vel negar a frase e com isso ela é verdadeira.
208. 26 Sendo a ≤ 0, temos que −a ≥ 0. Com isso, pela compatibilidade com o produto,
multiplique ambos os lados de b ≤ 0 por −a e obtenha (−a) · b ≤ (−a) · 0, ou seja,
−ab ≤ 0, donde 0 ≥ ab.
18
210. 28 Basta somar −a em ambos os lados da inequação.
212. 30 Pela compatibilidade com o produto, multiplique ambos os lados de b > 0 por a e
obtenha a · b > a · 0, ou seja, ab > 0.
213. 31 Pela compatibilidade com o produto, multiplique ambos os lados de b < 0 por a e
obtenha a · b < a · 0, ou seja, ab < 0.
214. 32 Sendo a < 0, temos que −a > 0. Com isso, pela compatibilidade com o produto,
multiplique ambos os lados de b < 0 por −a e obtenha (−a) · b < (−a) · 0, ou seja,
−ab < 0, donde 0 > ab.
216. 34 Pela compatibilidade da ordem com a soma, basta somar −c em ambos os lados da
inequação.
217. 35 É só notar que o enunciado é logicamente equivalente à frase “c > 0 e a > b =⇒ ac >
bc”, que é a compatibilidade com o produto, provado em 203.
218. 36 É só notar que o enunciado é logicamente equivalente à frase “c < 0 e a < b =⇒ ac >
bc”. Esta frase se prova usando a compatibilidade com o produto (para a relação ≤),
bastando multiplicar ambos os lados de a > b por −c (que é positivo!).
222. 40 Pela compatibilidade da ordem com a soma, basta somar −c em ambos os lados da
inequação.
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223. 41 É só notar que o enunciado é logicamente equivalente à frase “c > 0 e a ≥ b =⇒ ac ≥
bc”, que é a compatibilidade de ≤ com o produto.
224. 42 É só notar que o enunciado é logicamente equivalente à frase “c < 0 e a < b =⇒ ac >
bc”. Esta frase se prova usando a compatibilidade com o produto, bastando multiplicar
ambos os lados de a < b por −c (que é positivo!).
39
227. 45 a < b e c < 0 =⇒ a ≤ b e c ≤ 0 =⇒ bc ≤ ac. Porém, não pode ocorrer bc = ac, pois,
como c > 0, podemos cancelar c (por 15) e obter a = b, o que não ocorre, pois a < b.
Com isso, bc < ac.
20
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237. 55 |a+b| ≤ |a|+|b| ⇐⇒ −(|a|+|b|) ≤ a+b ≤ |a|+|b|. Assim, resta provar −|a|−|b| ≤ a+b
e a + b ≤ |a| + |b|. Esta última desigualdade segue da soma dado a lado das inequações
a ≤ |a| e b ≤ |b|. Por fim, as inequações −a ≤ |a| e −b ≤ |b| equivalem a −|a| ≤ a e
−|b| ≤ b, donde, somando lado a lado, obtemos −|a| − |b| ≤ a + b.
238. 56 Temos duas inequações para demonstrar. A primeira é ||a| − |b|| ≤ |a + b| e a segunda
é |a ± b| ≤ |a| + |b|. A segunda segue diretamente da desigualdade triangular da seguinte
forma: |a ± b| = |a + (±b)| ≤ |a| + | ± b| = |a| + |b|.
A primeira se divide em outras duas: (i) −|a ± b| ≤ |a| − |b| e (ii) |a| − |b| ≤ |a ± b|.
i) Segue de |b| = | ± b| = | − a + a ± b| ≤ | − a| + |a ± b| = |a| + |a ± b|;
ii) Segue de |a| = |a ± b ∓ b| ≤ |a ± b| + | ∓ b| = |a ± b| + |b|.
243. 61 d(λa, λb) = |λa − λb| = |λ(a − b)| = |λ| · |a − b| = |λ|d(a, b).
248. 66 b = an ⇐⇒ b = (−a)(−n).
249. 67 0 = 0 · a
21
250. 68 b = am e c = bn implica c = amn
ax=dc
255. 73 Ida: y = ad x =⇒ dy = ax =⇒ dy = dc =⇒ y = c. Volta: multiplique ambos os lados
de ad x = c por d e obtenha ax = dc.
ax+by
256. 74 Note que d|ax + by (por 71). Agora, p = d
e q = ( ad x + db y) =⇒ dp = ax + by =
dq =⇒ p = q.
258. 76 Pela limitação temos m = 0 ou n = |n| ≤ |m| = m. Como esta última afirmação
contraria a hipótese n > m, nos resta m = 0.
259. 77 Se ±1 = am, então, pela limitação, temos 0 ≤ |a| ≤ | ± 1| = 1. Como a ̸= 0 e não tem
inteiro entre zero e 1, nos resta |a| = 1, donde a = ±1.
262. 80 Basta provar que D(a, b) = D(b, r). Se d|a e d|b, então, por 71, d|a − qb. Logo,
d ∈ D(b, r). Por outro lado, se d|b e d|r, então, por 71, d|qb + r. Logo, d ∈ D(a, b).
22
264. 82 Ida: segue diretamente do Teorema de Bezout tomando d = 1. Volta: seja d =
mdc(a, b). Se ax + by = 1, como d|a e d|b, teremos que d|1, donde d = ±1. Como d ≥ 0,
nos resta d = 1.
265. 83 Pelo Teorema de Bezout, podemos escrever ax + by = d. Com isso, podemos escrever
a
d
x + db y = 1. Assim, o resultado segue do exercı́cio 82.
266. 86 Na equação ax + by = mdc(a, b), passe mdc(a, b) para a esquerda dividindo, obtenha
a b
mdc(a,b)
x + mdc(a,b)
y = 1 (veja 73 e 74) e use 82.
267. 84 Seja d = mdc(a, b). Por hipótese, escrevamos c = pa e c = qb. Pelo Teorema de
a
Bezout, ax + by = d. Passando d dividindo temos d
x + db y = 1. Multiplicado por c
a
temos d
cx + db cy = c. Substituindo c adequadamente nesta última equação obtemos
a
d
qbx + db pay = c. Pela propriedade de fração (ver 72) obtemos ab
d
qx + ab
d
py = c, ou seja,
ab
d
(qx + py) = c, como querı́amos.
270. 88 Se p não divide a, então mdc(a, p) = 1. Com isso, pelo exercı́cio 87, temos que p|b. O
caso geral se prova por indução em n. Vejamos: o caso n = 2 acabou de ser provado. Como
hipótese de indução, vamos supor a proposição válida para um certo n ≥ 2. Com isso,
se p|a1 · · · an an+1 , então p|a1 · · · an ou p|an+1 , como já provado. Pela hipótese de indução,
p|ai , para algum i ∈ {1, . . . , n}, ou p|an+1 ; ou seja, p|ai , para algum i ∈ {1, . . . , n + 1},
como querı́amos.
271. 89 Se p|q n , por 88, temos que p|q, donde p = 1 ou p = q. Como p > 1, pois é primo,
temos que p = q.
275. 93 a = qn + r =⇒ a − r = qn =⇒ n|a − r.
23
276. 94 Ida: pela divisão euclidiana temos a = pq + r e b = qn + r′ , com 0 ≤ r < n e 0 ≤ r < n.
Digamos que r ≥ r′ . Assim, a − b = (p − q)n + (r − r′ ). Note que 0 ≤ r − r′ < n (por
79). Como, por hipótese, n|(a − b), pela unicidade do resto deve ocorrer r − r′ = 0, como
querı́amos. Volta: a = pn + r e b = qn + r implica a − b = pn − qn = (p − q)n.
287. 105 Sejam d = mdc(m, n) e M = mmc(m, n). Escreva m = xd e n = yd. Com isso,
mn = xydd. Assim, nos resta provar que M ′ = xyd é igual a M . Pra isto, note que M ′
é múltiplo comum de m e n, logo M |M ′ . Agora, basta provar que M ′ |M . Nessa direção,
sendo M um múltiplo comum, podemos escrever M = pm = qn, ou seja, pxd = qyd.
Cancelando d, obtemos px = qy. Note que mdc(x, y) = 1 (veja 83). Logo, como x|qy e
24
mdc(x, y) = 1, temos que x|q, ou seja, podemos escrever q = kx. Logo, M = qn = kxn =
kxyd = kM ′ , como querı́amos.
288. 106 a − b é múltiplo comum de m e n se, e somente se, (a − b) é múltiplo de mmc(m, n).
289. 107 Por 105, mmc(m, n) = mn. Assim, o resultado segue do exercı́cio 106.
a b
290. 108 a − b = pn ⇐⇒ c
− c
= p nc .
291. 109 Ida: se ab − 1 = pn e d|a e d|n, então d|ab − pn; ou seja, d|1. Volta: pelo Teorema de
Bezout, podemos escrever ax + ny = 1, ou seja, ax − 1 = −yn. Assim, ax ≡ 1(mod n).
292. 110 Suponha que exista inteiro entre zero e 1. Pelo Axioma da Boa Ordem, digamos que
a seja o menor inteiro entre 0 e 1. Como 0 < a < 1, multiplicando ambos os lados de
a < 1 por a, que é positivo, obtemos a2 < a. Como a2 > 0, temos que 0 < a2 < a < 1.
Isto contradiz o fato que a é o menor.
293. 111 Observe que o máximo de X ⊂ Z é o mı́nimo de −X = {−x| x ∈ X} e que a ser cota
superior de X equivale a −a ser cota interior de −X (Verifique!).
294. 112 Suponha que todos os múltiplos positivos de b sejam menores do que ou iguais a
a. Por 111, podemos tomar um certo bn0 como o maior deles. Assim, deve ocorrer
b(n0 + 1) ≤ bn0 , ou seja, bn0 + b ≤ bn0 . Cancelando bn0 obtemos b ≤ 0. Isto contradiz o
fato que b > 0.
295. 113 Para b > 0, pela Propriedade Arquimediana e pela Boa Ordem, podemos tomar um
bn0 como o menor múltiplo positivo de b maior do que a. Como b(n0 − 1) < bn0 , devemos
ter b(n0 − 1) ≤ a. Assim, b(n0 − 1) ≤ a < bn0 . Para b < 0, proceda como anteriormente
usando −b > 0 em vez de b, e −a em vez de a, e conclua que existe n0 ∈ N tal que
−b(n0 − 1) ≤ −a < −bn0 , ou seja, b(n0 − 1) ≥ a > bn0 .
296. 114 (Enunciado - Versão para N) Seja X ⊂ N tal que “1 ∈ X” e “n + 1 ∈ X sempre que
n ∈ X”. Com isso, X = N.
(Prova) Vamos supor que X satisfaz as hipóteses, mas X ̸= N. Assim, N − X não é vazio
e portanto tem um menor elemento, digamos x0 . Note que x0 ̸= 1, pois 1 ∈ X. Com isso,
x0 = x + 1, para algum x ∈ N. Assim, x < x0 , donde x ∈ X e portanto x + 1 ∈ X, ou
seja, x0 ∈ X; que é uma contradição.
(Enunciado - Versão para Z) Seja X ⊂ Z tal que “a ∈ X” e “n + 1 ∈ X sempre que
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n ∈ X”. Com isso, X contém todos os inteiros maiores do que a.
(Prova) Usaremos a versão para N e provaremos que {a + n; n ∈ N} ⊂ X, fazendo
indução em n. Para isto, considere Y = {n ∈ N; a + n ∈ X}. Queremos provar que
Y = N. Note que 1 ∈ Y , ou seja, a + 1 ∈ X, pois a ∈ X e porque vale a segunda hipótese.
Supondo n ∈ Y , ou seja, a + n ∈ X, pela segunda hipótese temos que (a + n) + 1 ∈ X.
Com isso, a + (n + 1) = (a + n) + 1 ∈ X, ou seja, n + 1 ∈ Y . Logo, pelo primeiro princı́pio
de indução, Y = N.
297. 115 (Enunciado - Versão para N) Seja X ⊂ N tal que “1 ∈ X” e “n + 1 ∈ X sempre que
{1, 2, . . . , n} ⊂ X”. Com isso, X = N.
(Prova) Vamos supor que X satisfaz as hipóteses, mas X ̸= N. Assim, N − X não é vazio
e portanto tem um menor elemento, digamos x0 . Note que x0 ̸= 1, pois 1 ∈ X. Com isso,
x0 = x + 1, para algum x ∈ N. Assim, x < x0 e {1, 2, . . . , x} ⊂ X, donde x + 1 ∈ X, ou
seja, x0 ∈ X; que é uma contradição.
OBS: com demonstração análoga (verifique!), o enunciado poderia ser: Seja X ⊂ N tal
que “1 ∈ X” e “n ∈ X sempre que {1, 2, . . . , n − 1} ⊂ X”. Com isso, X = N.
(Enunciado - Versão para Z) Seja X ⊂ Z tal que “a ∈ X” e “n + 1 ∈ X sempre que
[a, n] = {z ∈ Z; a ≤ z ≤ n} ⊂ X”. Com isso, X contém todos os inteiros maiores do que
a.
(Prova) Usaremos o primeiro princı́pio de indução para provar que [a, a + n] ⊂ X, para
todo n ∈ N; em particular, a + n ∈ X, para todo n ∈ N. Para isto, considere Y = {n ∈
N; [a, a + n] ⊂ X}. Queremos provar que Y = N. Note que 1 ∈ Y , ou seja, [a, a + 1] ⊂ X,
pois a ∈ X ⇐⇒ [a, a] ⊂ X e porque vale a segunda hipótese sobre X. Supondo n ∈ Y ,
ou seja, [a, a + n] ⊂ X, pela segunda hipótese sobre X, temos que (a + n) + 1 ∈ X. Com
isso, [a, a + (n + 1)] = [a, n] ∪ {a + (n + 1)} ⊂ X, ou seja, n + 1 ∈ Y . Logo, pelo primeiro
princı́pio de indução, Y = N.
OBS: com demonstração análoga (verifique!), o enunciado poderia ser: Seja X ⊂ Z tal
que “a ∈ X” e “n ∈ X sempre que [a, n − 1] = {z ∈ Z; a ≤ z ≤ n − 1} ⊂ X”. Com isso,
X contém todos os inteiros maiores do que a.
298. 116 (Enunciado) Sejam a, b ∈ Z, com b ̸= 0. Então, existem q, r ∈ Z, únicos, tais que
a = qb + r e 0 ≤ r < |b|. (Prova) Existência: Por 113 e 111, podemos tomar um bq como
o maior múltiplo de b menor do que ou igual a a, ou seja, bq ≤ a e se bn ≤ a, n ∈ Z,
então bn ≤ bq. Com isso, a = bq + r, com r ≥ 0. Note que devemos ter r < |b|, pois,
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do contrário, r = a − bq ≥ |b|, ou seja, bq − a ≤ b ≤ a − bq, que equivale dizer que
b(q − 1) ≤ a e b(q + 1) ≤ a. Mas isso contraria a maximalidade de bq pois bq < b(q − 1)
ou bq < b(q + 1) conforme b < 0 ou b > 0, respectivamente. Unicidade: Suponhamos
a = bq + r = bq ′ + r′ , com 0 ≤ r < |b| e 0 ≤ r′ < |b|. Com isso, por 79, 0 ≤ |r − r′ | < |b|,
ou seja, |r − r′ | = |bq − bq ′ | = |b| · |q − q ′ | é um múltiplo de |b| que não pode estar entre
0 e |b|. Assim, por 76, |r − r′ | = 0, donde, por 52, r − r′ = 0, ou seja, r = r′ . Com isso,
bq + r = bq ′ + r, donde bq = bq ′ e portanto também temos q = q ′ .
299. 117 Enunciado: Todo número natural a > 1 se fatora de forma única como produto de
números primos, no seguinte sentido: se a = pm m2 mr
1 · p2 · · · pr
1
= q1n1 · q2n2 · · · qsns onde
mi > 0 para todo i ∈ {1, . . . , r}, nj > 0 para todo j ∈ {1, . . . , s}, p1 < p2 < . . . < pr
e q1 < q2 < . . . < qs são números primos, então r = s, pi = qi e mi = ni para todo
i ∈ {1, . . . , r}. (Prova) Existência: Usaremos o segundo princı́pio de indução. É claro
que o resultado é válido para a = 2, que é primo e cuja fatoração em primos é ele próprio.
Suponhamos a existência da fatoração válida para todos os elementos de [2, a] = {n ∈
N; 2 ≤ n ≤ a}. Se a + 1 é primo, o resultado é válido para a + 1; do contrário, a + 1 = pq,
onde p, q ∈ [2, a]. Assim, pela nossa hipótese sobre [2, a], p e q se fatoram como produto
de primos. Substituindo p e q pelas suas fatorações em primos, obtemos uma fatoração
para a + 1 e portanto existência de fatoração em primos vale para a + 1. (Unicidade)
Suponhamos a = pm m2 mr
1 · p2 · · · p r
1
= q1n1 · q2n2 · · · qsns nas condições do enunciado e seja
n = m1 + · · · + mr . Usaremos o segundo princı́pio de indução sobre o número n de
fatores primos em a. Se n = 1, ou seja, a possui uma fatoração com um único fator
primo, e portanto o próprio a é um número primo, temos assim que se a = q1n1 · q2n2 · · · qsns ,
então qi |a com a primo e qi > 1. Logo, qi = a, para todo i ∈ {1, . . . , s}. Com isso,
s = 1 e n1 = 1. Agora, suponhamos a proposição válida para números que possuem uma
quantidade de fatores primos no conjunto [1, n − 1]. Com isso, se n = m1 + · · · + mr
e a = pm m2 mr
1 · p2 · · · pr
1
= q1n1 · q2n2 · · · qsns , nas condições do enunciado, então p1 divide
q1n1 · q2n2 · · · qsns , donde p1 divide algum dos fatores qi , digamos i = 1, e portanto p1 = q1 .
Cancelando p1 em ambas as fatorações, obtemos p1m1 −1 · pm mr
2 · · · pr
2
= q1n1 −1 · q2n2 · · · qsns
ou pm mr
2 · · · pr
2
= q1n1 −1 q2n2 · · · qsns , conforme m > 1 ou m = 1, respectivamente. Caso
m > 1, devemos ter n1 − 1 > 0, pois, do contrário, ou seja, n1 − 1 = 0, teremos,
1 −1
pm
1 · pm 2 mr
2 · · · pr = q2n2 · · · qsns donde, pela hipótese de indução, terı́amos, além das
outras coisas, p1 = q2 , o que contraria o fato que p1 = q1 < q2 . Sendo então n1 − 1 > 0,
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pela hipótese de indução, r = s, m1 − 1 = n1 − 1 (e portanto m1 = n1 ), mi = ni e
pi = qi para todo i ∈ {2, . . . , r}, donde segue nossa tese. Por fim, caso m = 1, teremos
pm mr
2 · · · pr
2
= q1n1 −1 · q2n2 · · · qsns . Note que, neste caso, deve ocorrer n1 − 1 = 0, pois se
n1 − 1 > 0, pela hipótese de indução, terı́amos, além das outras coisas, p2 = q1 , o que
contraria o fato que q1 = p1 < p2 . Assim, n1 = 1 = m1 e pm mr
2 · · · pr
2
= q2n2 · · · qsns . Com
isso, pela hipótese de indução, r = s, pi = qi e mi = ni para todo i ∈ {2, . . . , r}. Isto
conclui nossa tese.
300. 118 Enunciado fraco: Se d = mdc(a, b), então existem x, y ∈ Z tais que ax + by = d.
Enunciado forte: Se d = mdc(a, b), então aZ + bZ = dZ.
Isto quer dizer que todo número da forma ax + by é múltiplo de d e que todo múltiplo de
d é da forma ax + by. Em particular, d é da forma ax + by, de onde sai a versão fraca do
Teorema de Bezout.
301. 119 Se ax ≡ b(mod n), então, por definição, ax − b = mn, para algum m ∈ Z, ou seja,
b = ax − mn ∈ aZ + nZ. Pelo Teorema de Bezout, b deve ser múltiplo de mdc(a, n).
Reciprocamente, se b é múltiplo de d = mdc(a, n), ou seja, b ∈ dZ, pelo Teorema de
Bezout, b deve ser da forma ax + ny e portanto ax − b é múltiplo de n; ou seja, ax ≡
b(mod n).
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