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A fragilidade humana é uma condição inerente à nossa existência e que se

pode manifestar de várias formas. Na minha opinião nós humanos somos seres
que procuram solucionar tudo mesmo o que nos parece impossível. Quando
nos deparamos com incertezas essas deixam-nos confusos e desorientados,
quando temos de enfrentar desafios em que ficámos sensíveis e tristes, isso
para nós torna-se uma fragilidade. Ao termos vulnerabilidades nas nossas
vidas ficamos sujeitos a doenças, acidentes, erros, frustrações, perdas e morte.
A fragilidade humana lembra-nos que temos de cuidar e pensar mais em nós e
na nossa saúde. Para mim a fragilidade, pode ainda passar por sentir medo,
raiva, alegria, amor, ódio, ciúme, inveja e vergonha de não conseguirmos
algo. No entanto, também penso que nos podemos surpreender e superar
muitas delas, através da nossa motivação.

Quando, encontramo-nos mais frágeis podemos adquirir vícios. Os vícios


humanos são comportamentos ou hábitos que nos prejudicam ao nível físico e
mental. Muitos destes abalando-nos emocionalmente de forma muito
significativa. Podem ser formas de escapar, de compensar, de aliviar ou de
negar a nossa fragilidade. Atualmente, vivemos numa sociedade em que
precisamos de ter tudo sobre o nosso controlo, e em que parece que não é
permitido termos vulnerabilidades e cometermos erros. Desta forma, esta
pressão social pode condicionar e vimos que existem vícios humanos em
grande crescente, tais como: o consumo excessivo de álcool, drogas, comida,
jogos, redes sociais, compras, etc.

Contudo, os vícios não são adaptativos e podem levar a sentir ilusão, falsa
felicidade e autoengano. Isto porque, por vezes tentamos negar muitas vezes
quem somos de verdade e tentamos viver de aparências, segundo o que nos
parece ser exigido socialmente. Afastamo-nos da realidade, dos outros, e de
nós mesmos, vivemos de uma forma em que parece que tudo está bem. Para
assegurar esta aparência irreal, adquirirmos um vício disfuncional, este torna-
nos cada vez mais frágeis, mais dependentes, mais insatisfeitos e mais
infelizes. Impedem-nos de crescer e de estimular todo o nosso potencial.

Por conseguinte, podemos perceber que a fragilidade e os vícios humanos


estão intimamente relacionados. Quanto mais nos sentimos frágeis, mais
procuramos algo que vá camuflar ou colmatar a nossa vulnerabilidade, desta
forma os vícios surgem como uma forma de alívio. Quanto mais cedemos aos
vícios, mais aumentamos a nossa fragilidade. É um ciclo vicioso que nos
aprisiona e pode destruir a nossa capacidade de discernimento e juízo crítico.

É preciso reconhecermos as nossas fragilidades, aceitá-las, enfrentá-las e


acima de tudo superá-las. Temos de perceber que não vivemos só de
conquistas e vitórias, também temos fracassos e derrotas. Temos de olhar à
nossa volta e observar que até a natureza, nos consegue influenciar, nos
nossos dias, bons e menos bons. Existem contextos e estímulos diferentes que
podem influenciar-nos.

Quando adotamos um vício, para o ultrapassar é preciso primeiro reconhecer


os nossos vícios, e tentar resistir aos mesmos, abandoná-los e substituí-los por
alternativas praticáveis. Quando temos o alerta de que algo é disfuncional para
nós, devemos procurar ajuda, apoio, orientação e tratamento. Ter rotinas
saudáveis, realizar tarefas que nos façam sentir prazer, faz nos sentir cada vez
mais felizes.

Posto isto, a fragilidade e os vícios são uma realidade presente na


humanidade. Porém, a forma como encaramos as nossas vulnerabilidades irá
ser determinante. Desconstruí-las, percebê-las e melhorar o que nos incomoda
é um processo de autocrescimento. Assim, percebemos que o trabalho
connosco próprios é infinito, estamos sempre em processo de
desenvolvimento, sendo que possuir uma fragilidade não pressupõe que eu
não tenha potencialidades. Ambas podem coexistir e ser trabalhadas.
Enveredar por vícios que ilusoriamente colmatam o sentimento de falta de
controlo sobre as nossas fragilidades não é a forma mais funcional de lidar.
Porém, pode ser uma aprendizagem, sobre aquilo que sentimos e o que nos
afeta. Desta forma, podemos ter mais clareza do que melhorar e trabalhar. E
muitas das vezes percebemos que nesses momentos de crise podemos ter
também desenvolvimento.

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