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USINABILIDADE DE MANCAIS
BIMETÁLICOS: INFLUÊNCIA DO AVANÇO
NO DESGASTE E NA FORMAÇÃO DE
REBARBAS
Banca Examinadora:
principalmente a Deus.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Prof. Dr. Wisley Falco Sales, pelo seu entusiasmo e apoio no
desenvolvimento deste trabalho e pela sua capacidade de orientar e motivar seus
alunos.
A Sra. Silvana Rizzioli por ser a responsável pela relação Empresa/Escola e ter
através de seu trabalho concretizado o sonho de dezenas de estudantes que
pretendiam continuar seus investimento na área do conhecimento.
Resumo
Abstract
This work presents the complexity and difficulties for the simultaneous machining
of two distinct materials: GH190 gray cast iron and steel obtained through powder
metallurgy (Fe-C-Cu alloy). Those materials are used in the bimetallic bearing,
aiming to provide a greater rigidity to the set crankshaft-block, and thus to avoid
vibrations and consequently noise level. Further than the comfort question, the
noise reduction allows a longer life to those components. The bimetallic condition
of the bearing brings big challenges to the machining process, since the tribologic
behavior for steel and for cast iron is different from that of the conventional
bearings, manufactured with just one material (mono-metallic). So, it has to be
found an optimum condition for the cutting parameters which allow the tools a
better performance during the simultaneous machining of the two materials of the
bearing. In this work it has been evaluated the machining of the bearings in the
cylindrical boring process, using cemented carbide tools coated with titanium
nitride (TiN) and PCBN tools. It has been varied the feed rate and the other
parameters kept fixed, such as: cutting speed and depth of cut. The flank wear of
the tools were monitored and the lengths of the burr generated at the exit of the
tool. The worn surfaces were analyzed in an scanning electronic microscope and it
has been observed high levels of adherence, while the predominant mechanisms
of wear were adhesive, abrasive and attrition.
SÍMBOLOS UNIDADE
Al2O3 Alumina *
ap Profundidade e corte mm
APC Aresta postiça de corte *
CBN Nitreto cúbico de borro *
CNC Comando numérico computadorizado *
Co Cobalto ...
C Carbono ..... *
Cu Cobre *
ƒ Avanço mm/rev
Fc Força de corte N
Ff Força de avanço N
Fn Força normal N
Fu Força de usinagem N
Fe Ferro N
K Constante da equação expandida de Taylor *
PCBN Nitreto cúbico de boro policristalino *
PCD Diamante policristalino *
Ra Rugosidade aritmética média µm
Rq Rugosidade (root mean square) µm
Rt Rugosidade aritmética maior pico maior vale µm
Wt Ondulação - µm
rc raio de curvatura natural do cavaco mm
Rmáx Rugosidade máxima dentro de um intervalo µm
SiC Carbeto de Silício *
t Tempo s
T Temperatura ºC ou K
T Vida da Ferramenta min
TiC Carbeto de titânio *
TiN Nitreto de titânio *
VBBmáx Máximo desgaste de flanco mm
xix
*
Adimensional
SÍMBOLOS GREGOS
SÍMBOLOS UNIDADE
ABREVIATURAS
LISTA DE FIGURAS
d) Falhas
Figura 2.33- Variação das dimensões da APC com a velocidade de corte ..........69
apresentando também a velocidade critica
xiii
Figura 3.6 Bloco motor em ferro fundido cinzento GH 190 (parte superior)......77
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO.....................................................................................................1
2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................5
2.8.2 - Ondulações.......................................................................................64
superficial
3 - PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS............................................................70
4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................90
5 - CONCLUSÕES...............................................................................................127
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................130
Capítulo 1
INTRODUÇÃO
1
Introdução 2
Produção Produção
Erro Relativo
Inserto Classe por aresta por aresta Diferença
Percentual
(Prevista) (Real)
SPMR
Metal
090308 800 250 - 550 68,75
UC6010 Duro
SPGN
070208 PCBN 1500 350 - 1150 76,67
BN600
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
5
Revisão Bibliográfica 6
Inserto
Inserto
Uma atenção especial deve ser dada ao mandril, porque ele é extremamente
importante para a obtenção da precisão da usinagem realizada. Este deve ser
perfeitamente concêntrico, rígido, balanceado e resistente ao desgaste.
Revisão Bibliográfica 7
Tabela. 2.1-. Propriedades Mecânicas dos Ferros Fundidos Cinzentos (EB 126
da ABNT) (Chiaverini,1984).
2.3. Metalurgia do pó
Punção
Punção inferior
Depois de passar pela sinterização a peça pode passar por outros processos
tais como recompressão, tratamentos térmicos e usinagem ou ser
Revisão Bibliográfica 17
Mancais em aço sinterizado possuem grafita na forma livre, elemento que atua
como lubrificante, quando impregnados de óleo, eles aumentam mais ainda
suas características de autolubrificação, apresentando excelentes
características de amortecimento e proporcionando operações de trabalho
mais silenciosas.
mandril normalmente gira sobre mancais e buchas (Fig. 2.9), o que provoca
uma situação favorável ao desgaste.
Ferramenta
Bucha
• Escareadores e rebaixadores;
• Alargadores fixos;
• Alargadores cônicos;
• Barras de mandrilar.
Aço Rápido
Aumento da tenacidade
Aço Super -Rápido (elevado teor de V)
Ligas Fundidas
Classes : P,M,K
CBN-PCBN
Diamante Sintético
Diamante Natural
(Jack, 1987). Os carbonetos são então moídos e secados com spray, esta
moagem pode ocorrer depois da mistura com o cobalto, na proporção ideal de
cada classe, ou opcionalmente pode-se misturar o cobalto (na forma de pó
finos) após a moagem. A mistura é comprimida a frio em matrizes, geralmente
usando uma adição de cera lubrificante para facilitar esta etapa. Esta cera será
extraída do produto durante o tratamento de sinterização. Após a prensagem, o
produto já ganha formato final desejado, apresentando uma porosidade da
ordem de 50 % em volume, e pode ser manipulado. A sinterização segue
imediatamente esta etapa. É realizada à vácuo, em temperaturas da ordem de
1500 º C, com a porosidade sendo reduzida para menos de 0,01 % (Jack,
1987). Esta baixa porosidade é possível de ser obtida devido a fase líquida do
metal ligante presente. Após a sinterização o produto sofre uma redução de
tamanho, que pode chegar da ordem de 18 %. Antes de ser comercializado,
normalmente, o produto é retificado, para formatar as arestas. Observa-se que
quando se trata de produtos da classe P ou M, há também a adição de TiC
TaC e/ou NbC.
Classe P
Essa classe é mais conhecida como classe dos aços ou cavaco longos. As
ferramentas de Metal Duro desta classe possuem em sua matriz elevado
teores de Carboneto de Titânio (TiC), Carboneto de Tântalo (TaC) e/ou
Carboneto de Nióbio (NbC). Estes carbonetos conferem ao Metal Duro elevada
resistência ao desgaste e elevada dureza, isto permite a usinagem de materiais
que produzem cavacos mais longos, os quais formam uma área de contato
(maior atrito) bem maior com a superfície de saída da ferramenta.
Classe M
Classe K
É também conhecida por classe dos ferros fundidos, mas também é utilizada
na usinagem dos aços temperados ,não ferrosos,plásticos e madeiras. Nesta
classe, o Metal Duro é composto por WC+Co ou seja, carbonetos de tungstênio
aglomerado pelo cobalto.Esta classe não é muito resistente ao desgaste de
cratera, portanto são usadas na usinagem de materiais frágeis que geram
cavacos curtos, os quais provocam menor atrito entre cavaco e a região de
saída da ferramenta.
ferrosos. Atualmente 80% das ferramentas de metal duro (Fig. 2.10) utilizadas
na indústria possuem revestimento. Normalmente o revestimento provoca uma
coloração dourada na ferramenta (se o revestimento for à base de TiN)
enquanto as ferramentas sem recobrimento normalmente se apresentam na
cor cinza escuro.
O revestimento pode ser uma única camada de TiC, ou, mais comum, ser de
triplo revestimento de TiC, TiCN e TiN e TiC, AL2O3 e TiN, mas existe registro
(Lindstron e Johannesson, 1976 e Reiter e Kolaska, 1986, citado por Quinto et
alli, 1988) de ferramentas com até 12 camadas de diferentes revestimentos. Os
fabricantes explicam que cada camada tem a sua função específica e a
associação de camadas permite oferecer um produto com todas as vantagens
possíveis de se obter com a técnica.
C. Ferramentas em PCBN
Diamante Natural;
O Nitreto Cúbico de Boro perde em dureza apenas para o diamante. Ele foi
sintetizado pela primeira vez com sucesso, em 1957 pela General Eletric Co.
USA, a qual colocou o nome de Borazon como marca registrada de seu
produto. Mais tarde a De Beers lançou seu produto com o nome de Amber
Boron Nitrede (Amborite) (Abrão, 1995 e Souza Jr., 2001).
Revisão Bibliográfica 32
Alta Pressão
Partículas de CBN
Carbeto de Tungstênio
Alta Temperatura
Os PCBNs próprios para acabamento, são aqueles onde uma fase cerâmica é
adicionada, de tal maneira que as ferramentas resultantes possuam menor
tenacidade e dureza, mas melhor estabilidade química e térmica que os
PCBNs para desbaste, combinando as propriedades das duas fases presentes
Resistência à Abrasão
Segundo Diniz et alli (1999), alguns cuidados devem ser tomados quando se
utiliza ferramenta de PCBN, dentre eles:
• O ângulo lateral de posição deve ser o maior possível para minimizar trincas
na aresta;
vc - velocidade de corte;
Quanto mais dúctil for o material da peça, mais fácil se terá um cavaco
contínuo, sendo que ao contrário, quanto mais frágil for, menor será o
comprimento do cavaco.
Existem vários métodos para se obter cavacos mais curtos nos processos de
usinagem, porém o mais popular é o uso de quebra-cavacos (Fig. 2.21). Estes
podem ser postiços ou podem já fazer parte da própria ferramenta. Os quebra-
cavacos funcionam como uma obstrução na direção do fluxo do cavaco,
Revisão Bibliográfica 42
Segundo Trent (1991), Diniz et.alli (1999) e Machado e Da Silva (1999), a vida
da ferramenta é o tempo que a mesma trabalha efetivamente (deduzidos os
tempos passivos), até perder sua capacidade de corte, dentro de um critério
previamente estabelecido. Atingido este tempo a ferramenta deve ser reafiada
ou substituída.
g) Ocorrência de breakout.
Uma vez definido o critério de fim de vida de uma ferramenta de corte, esta
pode ser expressa de várias maneiras, seja pelo tempo total de trabalho (min),
percurso de corte (km) ou de avanço (mm), volume de material removido
(mm3), número de peças produzidas ou velocidade de corte para um
determinado tempo de vida (como exemplo, vc60 = 240, ou seja, à vc = 240
m/min, a vida da ferramenta será de 60 min) (Souza Jr., 2001).
X SOLUBILIDADE SÓLIDA
ENTRE 1 e 0.1%
SOLUBILIDADE SÓLIDA
ACIMA DE 1%
METAIS IDÊNTICOS
V. Desgaste Abrasivo
Utilizando uma ferramenta de metal duro da classe K 20, Marinov (1996), fez
um estudo sobre o que considera os principais fatores que influenciam o
mecanismo de desgaste por abrasão: a condição de corte utilizada, o tamanho
e a concentração das partículas abrasivas envolvidas no corte e os tipos de
partículas presentes no material de trabalho. As partículas abrasivas estudadas
foram: Al203 , Si02 e SiC. As concentrações utilizadas: 0.0127, 0.0255, 0.127 e
0.318% em volume. O tamanho das partículas: 8, 40 e 90 µm. As condições de
corte foram variadas da seguinte maneira: velocidade de corte, vc, entre 19.5 e
45 m/min, avanço, f, entre 0.15 e 0.33 mm/rev e a profundidade de corte, ap,
Revisão Bibliográfica 50
entre 1.2 e 2.5 mm. Com relação ao tipo de partícula abrasiva, os resultados
mostraram que a inclusão mais dura (Al203), apresentou quantidade de
desgaste abrasivo mais de 10 vezes superior à quantidade de desgaste
apresentada pela inclusão mais macia (Si02), e quase 2 vezes superior à
quantidade apresentada pela inclusão SiC.
• concentração de tensões;
a) Desgaste de Cratera
b) Desgaste de Entalhe
c) Desgaste Flanco
Beloni (2001) descreve em seu trabalho o modelo gráfico que Smith (1989),
apresentou para representar a evolução do desgaste de flanco VBBmáx com o
tempo de usinagem (Fig. 2.24). Nesta curva tem-se destacada a evolução do
desgaste por regiões, denominadas de região primária ou inicial, região
secundária ou progressiva e região terciária ou catastrófica.
A norma ISO 3685 utiliza os parâmetros KT, VBB, VBBmáx e VBN para quantificar
o desgaste nas ferramentas de corte (fig.2.25). O critério recomendado para
avaliar ferramentas de aço-rápido , metal duro e cerâmica é:
d) Falha catastrófica.
Dornfeld, 1996, Ko e Dornfeld, 1996, Olvera e Barrow, 1996, Souza Jr. 2001 e
Kise e Bacci, 2001).
Porém para ângulos de posição maiores que 45º a altura de rebarba é maior do
que a profundidade de corte, isto porque nestas condições o mecanismo de
formação da rebarba não é simplesmente a flexão da porção de material da
peça, mas também a usinagem deste material formando um prolongamento da
rebarba pela deformação da extremidade. Observa-se que uma parte da
rebarba é formada por uma porção de material que fletiu devido aos esforços,
principalmente devido à força de avanço. Este material também sofre usinagem
após fletir e uma segunda rebarba se forma resultando numa altura de rebarba
maior que a profundidade de corte (Kise e Da Silva, 2001).
Plano de
cisalhamento
Ferramenta
primário
vc
Ponto de
Peça Pivotamento
Plano de
cisalhamento
negativo
y1 + y 2 + .... + yn
Ra = (2.1)
n
y12 + y 2 2 + ... + yn 2
RMS = Rq = (2.2)
n
Para cada superfície temos uma série de parâmetros para serem relacionados,
por exemplo:
2.8.2. Ondulações
Peças longas e finas são mais sensíveis às forças elásticas e dinâmicas. Como
resultado, as ondulações são mais pronunciadas. Por outro lado, peças
grandes (grandes seções transversais), são rígidas e as alturas das
ondulações são pequenas.
Altura ou
Comprimento da
APC
v crítica
Estável Instável
Velocidade de Corte
PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
70
Procedimentos Experimentais 71
A usinagem dos mancais ocorre no retorno do mandril. Para viabilizar este tipo de
usinagem é necessário que o mandril em seu primeiro movimento de avanço em
Procedimentos Experimentais 73
Os insertos de Metal Duro são fixados à barra por meio de grampos e pode-se
regular a altura dos mesmos através de parafusos fixados à barra (Fig.3.3 e 3.4).
A barra possui um diâmetro de 50,7 mm e conta com porta-ferramentas
fabricado pela Widia 822.05.509 CAR. Nele são montado um total de 20
insertos.
Procedimentos Experimentais 74
Os insertos de PCBN são fixados a barra por meio de grampos e tem as suas
alturas reguladas por meio de ajuste fino que utiliza cápsulas micrométricas do
fornecedor Valenite (resolução de 5 µm), conforme mostrados na Fig. 3.5. A
barra tem diâmetro de 51,7 mm e conta com portas ferramentas MBSV. É
montado um total de 20 insertos na barra.
A linha transfer utiliza em todas as suas usinagens o óleo Tutela Mecafluid ECOS5
que é um óleo emulsionável na concentração de 7%, aplicado por bicos
direcionados entre a superfície de saída da ferramenta e a parte inferior do cavaco
a uma pressão de 5 bar. Outro objetivo do fluido é garantir a limpeza da estação
de trabalho com atenção prioritária aos pinos e apoios da peça, a fim de garantir
que nenhum resíduo de cavaco se aloje nestas áreas, prejudicando o
posicionamento da peça. Ele ainda protege a máquina e a peça contra a corrosão.
Procedimentos Experimentais 76
O bloco motor é fornecido pela TEKSID do Brasil uma fundição do grupo FIAT e
chega a linha de usinagem já com a operação de desbaste realizada. Chega com
o diâmetro de 48,5 mm e é obtido por uma operação de fresamento. A superfície
do mancal apresenta uma irregularidade provocada pelo furo de lubrificação e por
uma “unha” depressão utilizada para posicionamento da bronzina. O bloco motor
(Fig.3.6) é fabricado em Ferro Fundido Cinzento Lamelar GH 190 seguindo Norma
de Materiais 52205 editada pela Fiat Auto S.p.A.. A sua composição química é
apresentada na Tab. 3.1 e suas características mecânicas são:
Tipo FeFo C Si Mn Cr Ni Cu Mo S P
3,2 2,0
GH 190 a a - 0,2 - - - 0,15 0,10
3,5 2,5
Ferro
Fundido
Cinzento
Aço obtido pela
metalurgia do pó
Liga de Alumínio
Figura 3.6. Bloco motor em ferro fundido cinzento GH 190 (parte superior).
O ferro fundido cinzento GH 190 possui uma estrutura perlítica lamelar, com
máximo de 5% de ferrita aceitável. É também aceitável uma quantidade de
distribuição de grafita do tipo B e D e traços de cementita menor ou igual a 1% na
estrutura. A microestrutura é apresentada na Fig. 3.7.
Procedimentos Experimentais 78
Entalhe
Cgrafitico Cu Outros Fe
elementos
0,50 2,80
a a <1 resto
0,62 3,20
Retirada de material
O inserto SPMR 090308 VC2 de Metal Duro classe UC6010 (Fig. 3.10) usado na
usinagem de pré-acabamento é fabricados pela Mitsubishi Materials Corp. e suas
principais características de aplicação na usinagem do ferro fundido são:
0,8 mm de
PCBN
Substrato de
Metal Duro
(WC + Co)
Para realização dos ensaios foi definido um lote padrão de 300 peças. O motivo
considerado na definição deste número está relacionado ao limite de
aceitabilidade do comprimento das rebarbas que surgem na saída da superfície de
usinagem dos mancais (Fig. 3.12). Na prática este limite ocorria entre 250 a 300
peças produzidas. Este valor era suficiente para acompanhar tanto a usinagem de
pré-acabamento quanto a usinagem de acabamento. Outro fator relevante para a
definição do tamanho do lote foi o perigo em potencial de ocorrer a quebra do
mancal na região de saída da ferramenta evento conhecido como breakout. O
Procedimentos Experimentais 84
I 0,33 0,26
I 0.256 0.144
Os lotes padrões de 300 peças foram avaliados periodicamente a cada 30, 60,
100, 150, 200, 250 e 300 peças usinadas. A cada etapa era medido o desgaste de
flanco máximo VBBmáx, o comprimento da rebarba gerada e os parâmetros de
rugosidade Ra e Rq, do mancal. O critério de fim de vida da ferramenta está
relacionado principalmente ao comprimento da rebarba gerada e não
propriamente ao desgaste de flanco máximo.
Todo trabalho de medição do comprimento das rebarbas (Fig. 3.13) geradas, foi
desenvolvido no Setor de Qualidade da Unidade Operativa Motor FIRE. Para esta
medição foi utilizado o apalpador Mitutoyo com resolução centesimal (100 µm),
montado em um traçador de altura. O conjunto montado realizava as medições
sobre uma mesa de desempeno em granito.
Após a usinagem, o bloco era soprado para eliminar todo o óleo solúvel utilizado
como líquido refrigerante na usinagem, porém era tomado todo cuidado
necessário para preservar a integridade da rebarba gerada na superfície de saída
do mancal bimetálico,e m seguida passa-se um pano limpo sobre o bloco motor
para finalizar a limpeza e retirar rebarbas de outros locais que não sejam as
investigadas neste trabalho.
Para cada medição realizada foi levantado o comprimento de rebarba do lado aço
obtido pela metalurgia do pó (liga Fe-C-Cu) e do lado em ferro fundido cinzento.
Nos gráficos de análise da evolução da rebarba, foram traçados o maior valor
encontrado em cada lado.
A medição do desgaste da ferramenta acontecia a cada 30, 60, 100, 150, 200,
250, e 300 peças produzidas, conforme citado anteriormente. A medição era
realizada sem a retirada da ferramenta de seu alojamento na barra de mandrilar.
O equipamento utilizado para medição do desgaste foi a Lupa Graduada Leitz com
resolução de 0,1 mm. Antes da medição do desgaste, providenciava-se a
sopragem e limpeza dos insertos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
90
Resultados e Discussões 91
0 ,6 0
0 ,5 0
0 ,5 0
0 ,4 0
(m m)
0 ,3 0
0 ,3 0
V B B m áx
0 ,2 0 0 ,2 0
0 ,17
0 ,2 0 0 ,1 3
0 ,2 0 0 ,2 0
0 ,1 0
0 ,0 5 0 ,1 0 0 ,1 5
0 ,00
0 ,0 0
30 60 100 1 50 200 250
nº de pe ça s produz ida s
0,80
0,70
0,70
0,60
0,50 0,40
0,40
V BBmáx (mm)
0,30 0,20
0,20 0,15
0,20 0,10 0,15 0,15
0,10
0,10 0,03 0,05 0,07
0,15
0,00 0,10
0,03 0,07
0,05
-0,10
-0,20
30 60 100 150 200 250
n º d e pe ças pr od u z id as
A usinagem dos dois materiais distintos, com ferramentas de metal duro (WC
+ Co) triplamente revestida por TiC, Al2O3 e TiN, apresenta algumas
particularidades, como: na usinagem do ferro fundido cinzento, com elevado
percentual de carbonetos de silício, que são extremamente duros (HV entre
2100 e 2600), a abrasão pode ter influência acentuada, enquanto na
usinagem da liga Fe-C-Cu, obtida pela metalurgia do pó, o fato de se ter na
composição, metais não ferrosos como o cobre, com elevada afinidade
química com o titânio (Hutchings, 1992 e Williams, 1995) e com o alumínio
presente no revestimento do metal duro, pode facilitar a adesão e aliado à
Resultados e Discussões 94
Abrasão
Abrasão
Abrasão
Adesão
Adesão
Nas Figuras 4.9 e 4.10 pode-se observar um outro tipo de desgaste, este ocorre
pelo arrancamento dos grãos da ferramenta.
Resultados e Discussões 99
Arrancamento
de grãos
Arrancamento
de material
Adesão
Adesão
Abrasão
Área com
material
aderido
Sulcos
direcionais por
toda a
superfície,
ilustrando a
abrasão
Figura 4.13 – Análise química da região geral da ferramenta de Metal Duro fora
da área em que se encontra material aderido.
Embora fosse o Co o elemento de grande afinidade com o Ti e o Al, ele não foi
encontrado nas regiões avaliadas.
Resultados e Discussões 103
Adesão
Figura 4.16 – Análise química fora da região evidenciada por adesão (Fig.4.15) e
sobre a superfície de saída da ferramenta metal duro.
Resultados e Discussões 104
Neste estudo, a ferramenta é de metal duro (WC + Co) triplamente revestida por
TiC, Al2O3 e TiN. O titânio, presente na microestrutura e nas camadas de
recobrimento, apresenta boa afinidade química com o cobre (Hutchings, 1992 e
Williams, 1995), presente na liga Fe-C-Cu, obtida pela metalurgia do pó. O mesmo
ocorre com o alumínio que está presente no revestimento. Somado a isto, tem-se
a excelente afinidade do cobalto, presente como aglomerante dos carbonetos do
metal duro, com o Cu. O sistema tribológico mostra grandes afinidades químicas
entre os materiais da ferramenta e do revestimento, com o cobre, facilitando a
adesão de material na superfície de saída e de folga da ferramenta. A camada
aderida é frequentemente arrastada pelo fluxo de cavaco, levando com ela alguma
parcela de material da ferramenta.
0,40 0,35
0,35
0,30
0,30
0,30
V BBmáx (mm)
0,20
0,20 0,20
0,15 0,20
0,12
0,10 0,15
0,03 0,13
0,05
0,10 0,10
0,02
0,00 0,05
0,00
30 60 100 150 200 250 300
nº de pe ças p r od u z idas
0,30
0,25 0,25
0,20
0,20 0,20
0,15
V BBmá x (mm)
0,15
0,10 0,10
0,10
0,15
0,10
0,03 0,07
0,05 0,10 0,10
0,02 0,07
0,03 0,05
0,00 0,00
30 60 100 150 200 250 300
nº de pe ças pr oduzidas
O PCBN é um material de boa inércia química com a maioria dos outros materiais.
Normalmente, por razões ainda pouco investigadas cientificamente, ele apresenta
grande desgaste por difusão, na usinabilidade de aços de baixa dureza, como os
aços com baixo teor de carbono (Abrão, 1995).
Adesão na superfície de
saída da ferramenta Superfície da
Cavidades ferramenta
Adesão
Neste trabalho, o PCBN utilizado foi o da Classe DBC 50, fabricado pela De
Beers, com 50% de CBN e 50% de reforço metálico à base de Ti/Al. Segundo
Hutchings (1992) e Williams (1995), tanto o titânio quanto o alumínio do reforço
metálico, apresentam grande afinidade química (solubilidade no estado sólido,
apresentados na Tab. 2.3) com o cobre, presente na liga Fe-C-Cu. Com isto, a
adesão do material da peça ocorreu na superfície de saída e seguido por retirada
dos grãos de CBN e consequentemente incrementando a abrasão, simultânea a
provocada pelos carbonetos duros de silício, presentes em grande quantidade no
ferro fundido cinzento.
Abrasão
Região
erodida
Material
aderido (Fe)
0,22 0
0,200 0 ,170 0 ,164
Comprimento(mm)
0,1 20 0 ,130
0,09 2
0,0 80
0,100 0 ,070
0,05 0 0,05 6 0 ,052
0,120
0,092 0,096 0,100
0,100 0,080 0,082
Comprimento(mm)
0,222
0,200
0 ,15 8
Comprimento (mm)
0,130
0,114 0,110
0,120
0,100 0,07 2
0 ,0 64 0,060
0 ,0 52 0,09 0
0,05 8
0,20 4
0,200 0,20 0
Comprimento (mm)
0 ,1 3 0 0 ,1 42
0,11 2
0,08 0 0,10 4 0 ,0 82
0,100
0 ,0 64
0 ,0 6 0 0 ,08 6
0 ,0 5 2
0 ,0 32 0 ,0 50
0 ,0 5 0 0,0 40
0,02 0
0,000 0 ,0 30
30 60 100 150 20 0 250
n º d e pe ças p r o du z id as
0,05 4 0,0 56
f =0 ,33 -0,2 6m m /rev
0,050
Comprimento (mm)
0,040
0,038 0,0 36
0,046 0,0 44
0,04 0
0,034 0,0 36
0,032
0,000
30 60 100 150 200 250
nº de pe ças pr odu z id as
0,300
f = 0,27-0,22 m m /rev
0,180
Comprimento (mm)
0,100
0,050 0,090
0,070 0,090
0,060
0,000
30 60 100 150 200 250
n º d e p e ças p r o d u z id as
0,140
0,1 30
f = 0,21-0,18 m m /rev
Comprimento (mm)
0,110
0,090
0,08 0
0,070
0,09 0
0,06 0
0,05 8
0,052
0,064
0,05 6 0,05 2
0,040 0 ,0 50
30 60 100 150 20 0 250
nº d e pe ças pr od uz id as
0,120
0,104
0,100
0,064 0,052
0,040
0,020 0,070
0,0 30
0 ,04 0 0,050
0,040
0,000
30 60 100 150 200 250
nº de pe ças pr o duz idas
0,100
0,08 8
f = 0,1 71-0,096 m m /rev 0,08 2 0 ,082
Comprimento (mm)
0 ,086
0,050
0 ,052
0,060
0,0 32 0,050
0,048 0,040
0 ,0 22
0,000
30 60 100 150 200 250
n º de pe ças pr o duz idas
As análises das Figuras 4.33 a 4.37 não mostram tendências para se afirmar em
qual material a rebarba é crítica. Nota-se que ora um, ora outro, apresenta maior
comprimento da rebarba. No chão-de-fábrica, o mais importante é a rebarba
propriamente dita e definir exatamente a posição em que será maior não é o
objetivo. Por outro lado, os dois materiais envolvidos no mancal, apresentam
características que podem ser, em análises preliminares, não problemáticos
quanto às rebarbas. O ferro fundido por ser frágil e a liga Fe-C-Cu por
apresentar elevada quantidade de vazios, o que poderia facilitar a propagação
de trincas (Paro et alli, 2001) e consequentemente não apresentar rebarbas.
Mas, o fato do aquecimento da interface cavaco-ferramenta, por menor que seja,
já que as velocidades de corte são relativamente baixas, isto é, suficiente para
aumentar a dutilidade dos materiais, resultando na formação das tão
indesejadas e problemáticas rebarbas.
3,00
2,41
2,50
1,96 2,02
1 ,81 1,84
2,00 1,61
(mm )
1,99
1,50 1,3 3 1 ,5 2 1,86 1,2 7
1,67
Ra
1,00 1,26
0,00
30 60 1 00 1 50 20 0 25 0
nº de pe ça s produzida s
3,00
2,39 2,71
2,23
2,50
2,02 1,93
1,90
2,00
Rq (m m )
1,50
1,35 1,49
1,00 1,43 1,38
1,34
1,25
0,50
0,00
30 60 100 150 200 250
nº de pe ças pr oduzidas
2,8
2,41
2,5
2,2 2,02
1,96
Ra (mm)
1,91
1,81 1,86
1,9 1,99 1,84
1,61
1,6 1,52
1,57 1,69 1,67 1,56
nº de peças produzidas
(f=0 ,256 /0,14 4 m m /re v) (f=0 ,214 /0,12 0 m m /re v) (f=0 ,171 /0,09 6 m m /re v)
5 ,04
5,00 4 ,79
4,1 6
3,58
4,00
3,0 5
2,83
Rq (m m )
3,02
3,00 2,74 2 ,82
2,34 2,0 8
1,94 1,9 3 1 ,94
2,00
1,9 2 1,83 2 ,00 1,83
1,7 0 1,6 4 1,9 3
1,00
0,00
30 60 100 150 200 250 250
De forma geral, a análise das Figuras 4.38 a 4.41 mostra que o aumento do
avanço tende a aumentar os parâmetros de rugosidade avaliados, Ra e Rq. Isto
pode ser demonstrado por relações geométricas (Diniz et alli, 1999 e Machado e
Da Silva, 1999) em que a rugosidade varia com o quadrado do avanço. Isto
teoricamente, onde considera-se somente fatores geométricos relativos ao
avanço e à geometria da ferramenta. Segundo Machado e Da Silva (1999), na
usinagem existem outros fatores que são determinantes no acabamento da
superfície, como: material da peça, inclusive propriedades mecânicas, geometria
da ferramenta (principalmente o ângulo de saída), parâmetros de corte
Resultados e Análises 126
CONCLUSÕES
Isto foi o fator motivador para a realização deste trabalho e após a imensa
bateria de ensaios experimentais e intensas análises, chegou-se às seguintes
conclusões:
127
128
11. Conseguiu-se sair de 250 peças por aresta para 330 peças por arestas ,
acompanhamento realizado na estação de pré-acabamento (ferramentas de
metal duro). Garantindo assim um aumento de 32% na vida útil da
ferramenta.
Capítulo 6
No caso da ferramenta de metal duro (WC + Co), revestida por TiN, tem-se o Ti
com grande afinidade com o Cu, da liga Fe-C-Cu. Já para a ferramenta de
PCBN (50% de CBN e 50% de Ti/Al como reforço metálico), novamente o Ti,
juntamente com o Al, tem grande afinidade com o Cu, presente na liga Fe-C-
Cu.
129
Capítulo 7
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