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Merged Inf0791
Merged Inf0791
Este periódico, elaborado pela Secretaria de Jurisprudência do STJ, destaca teses jurisprudenciais
firmadas pelos órgãos julgadores do Tribunal nos acórdãos proferidos nas sessões de julgamento, não
consistindo em repositório oficial de jurisprudência
TERCEIRA SEÇÃO
R 27/0/73 20/10
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DESTAQUE 09/11
O fato de as guardas municipais não haverem sido incluídas nos incisos do art. 144, caput,
da CF não afasta a constatação de que elas exercem atividade de segurança pública e integram o
Sistema Único de Segurança Pública. Isso, todavia, não significa que possam ter a mesma amplitude
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de atuação das polícias.
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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
O fato de as guardas municipais não haverem sido incluídas nos incisos do art. 144, caput,
da Constituição Federal não afasta a constatação de que elas exercem atividade de segurança
pública e integram o Sistema Único de Segurança Pública. Isso, todavia, não significa que possam ter
a mesma amplitude de atuação das polícias.
Bombeiros militares, por exemplo, integram o rol de órgãos de segurança pública previsto
nos incisos do art. 144, caput, da Constituição, mas nem por isso se cogita que possam realizar
atividades alheias às suas atribuições, como fazer patrulhamento ostensivo e revistar pessoas em
via pública à procura de drogas.
Não se pode confundir "poder de polícia" com "poder das polícias" ou "poder policial".
"Poder de polícia" é conceito de direito administrativo previsto no art. 78 do Código Tributário
Nacional e explicado pela doutrina como "atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos
direitos individuais em benefício do interesse público". Já o "poder das polícias" ou "poder policial",
típico dos órgãos policiais, é marcado pela possibilidade de uso direto da força física para fazer valer
a autoridade estatal, o que não se verifica nas demais formas de manifestação do poder de polícia,
que somente são legitimadas a se valer de mecanismos indiretos de coerção, tais como multas e
restrições administrativas de direitos. Um agente de vigilância sanitária, por exemplo, quando aplica
multa e autua um restaurante por descumprimento a normas de higiene, o faz em exercício de seu
poder de polícia, mas nem de longe se pode compará-lo com um agente policial que usa a força física
para submeter alguém a uma revista pessoal.
Dessa forma, o "poder das polícias" ou "poder policial" diz respeito a um específico
aspecto do poder de polícia relacionado à repressão de crimes em geral pelos entes policiais, de
modo que todo órgão policial exerce poder de polícia, mas nem todo poder de polícia é
necessariamente exercido por um órgão policial.
Conquanto não sejam órgãos policiais propriamente ditos, as guardas municipais exercem
poder de polícia e também algum poder policial residual e excepcional dentro dos limites de suas
atribuições. A busca pessoal - medida coercitiva invasiva e direta - é exemplo desse poder, razão
pela qual só pode ser realizada dentro do escopo de atuação da guarda municipal.
Ao dispor, no art. 301 do CPP, que "qualquer do povo poderá [...] prender quem quer que
seja encontrado em flagrante delito", o legislador, tendo em conta o princípio da autodefesa da
sociedade e a impossibilidade de que o Estado seja onipresente, contemplou apenas os flagrantes
visíveis de plano, como, por exemplo, a situação de alguém que, no transporte público, flagra um
indivíduo subtraindo sorrateiramente a carteira do bolso da calça de outrem e o detém. Distinta, no
entanto, é a hipótese em que a situação de flagrante só é evidenciada depois de realizar atividades
invasivas de polícia ostensiva ou investigativa, como a busca pessoal ou domiciliar, uma vez que não
é qualquer do povo que pode investigar, interrogar, abordar ou revistar seus semelhantes.
Dessa forma, é possível e recomendável que exerçam a vigilância, por exemplo, de creches,
escolas e postos de saúde municipais, para garantir que não tenham sua estrutura danificada por
vândalos, ou que seus frequentadores não sejam vítimas de furto, roubo ou algum tipo de violência,
a fim de permitir a continuidade da prestação do serviço público municipal correlato a tais
instalações. Nessa linha, guardas municipais podem realizar patrulhamento preventivo na cidade,
mas sempre vinculados à finalidade da corporação, sem que lhes seja autorizado atuar como
verdadeira polícia para reprimir e investigar a criminalidade urbana ordinária.
Não é das guardas municipais, mas sim das polícias, como regra, a competência para
investigar, abordar e revistar indivíduos suspeitos da prática de tráfico de drogas ou de outros
delitos cuja prática não atente de maneira clara, direta e imediata contra os bens, serviços e
instalações municipais ou as pessoas que os estejam usando naquele momento.
Ainda que, eventualmente, se considerasse provável que o réu ocultasse objetos ilícitos,
isto é, que havia fundada suspeita de que ele escondia drogas, não existia certeza sobre tal situação a
ponto de autorizar a imediata prisão em flagrante por parte de qualquer do povo, com amparo no
art. 301 do CPP. Tanto que só depois de constatado que havia drogas dentro do bolso e das vestes
íntimas do abordado é que se deu voz de prisão em flagrante para ele, e não antes.
Portanto, por não haver sido demonstrada concretamente a existência de relação clara,
direta e imediata com a proteção dos bens, serviços ou instalações municipais, ou de algum cidadão
que os estivesse usando, não estavam os guardas municipais autorizados, naquela situação, a avaliar
As guardas municipais não podem ser
a presença da fundada suspeita e efetuar a busca pessoal no acusado.equiparadas a órgãos policiais, muito embora
sejam órgãos de segurança pública
Constitui ção Federal (CF), art. 129, VII, e art. 144, caput
PRIMEIRA TURMA
DESTAQUE
Mesmo quando o devedor aliena o imóvel que lhe sirva de residência, deve ser mantida a
cláusula de impenhorabilidade. Porque imune aos efeitos da execucao.
As Turmas integrantes da Primeira Seção firmaram a tese segundo a qual, mesmo que o
devedor aliene imóvel que sirva de residência sua e de sua família, deve ser mantida a cláusula de
impenhorabilidade, porque o imóvel em questão seria imune aos efeitos da execução, não havendo
falar em fraude à execução na espécie.
Nesse sentido:
DESTAQUE
A interpretação adotada pela Receita Federal do Brasil por meio da Instrução Normativa
SRF n. 243/2002 não viola o art. 18 da Lei n. 9.430/1996.
A interpretação adotada pela Receita Federal do Brasil por meio da Instrução Normativa
SRF n. 243/2002, referendada pelo Tribunal de origem, não viola o art. 18 da Lei n. 9.430/1996,
tampouco os demais dispositivos legais indicados. Trata-se de interpretação lógica, com base na
ratio legis, ou seja, na finalidade da norma instituída. A função de uma instrução normativa não é a
mera repetição do texto da lei, mas a sua regulamentação, esclarecendo a sua função prática.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
IN SRF n. 243/2002
TERCEIRA TURMA
DESTAQUE
A coparticipação, segundo o art. 16, VIII, da Lei n. 9.656/1998, deve estar prevista no
contrato. No caso, o Tribunal de origem registrou que as partes possuem contrato empresarial na
modalidade coparticipação e que o contrato prevê a cobrança de coparticipação somente para os
procedimentos de consulta, exames de rotina, exames especializados, atendimento ambulatorial e
internação.
Assim, o tratamento com o protocolo Pediasuit pode ser objeto de cláusula contratual de
coparticipação.
O fato de o procedimento específico não estar incluído no rol da ANS (Agência Nacional de
Saúde Suplementar) não impede a cobrança da coparticipação correspondente estabelecida em
contrato. A uma, porque essa contraprestação está vinculada à prévia cobertura pela operadora; a
duas, porque o rol não é estático, mas está em constante e permanente atualização.
No que tange à exposição financeira do titular, mês a mês, é razoável fixar como
parâmetro, para a cobrança da coparticipação, o valor equivalente à mensalidade paga, de modo que
o desembolso mensal realizado por força do mecanismo financeiro de regulação não seja maior que
o da contraprestação paga pelo beneficiário. Assim, quando a coparticipação devida for superior ao
valor de uma mensalidade, o excedente deverá ser dividido em parcelas mensais, cujo valor máximo
se limita ao daquela contraprestação, até que se atinja o valor total.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Lei n. 9.656/1998, art. 16, VIII Quando a coparticipação for superior a uma mensalidade, deve dividir
em parcelas mensais.
RN-ANS 465/2022, art. 19, II, "b"
DESTAQUE
O serviço e defeituoso quando nao oferece a segurança que dele se poderia esperar.
Nos termos do art. 14, § 1°, do CDC (Código de Defesa do Consumidor), o serviço é
considerado defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar,
levando-se em consideração circunstâncias relevantes, como o modo de seu fornecimento, o
resultado e os riscos que razoavelmente dele se conjecturam, e a época em que foi fornecido.
Especificamente nos casos de golpes de engenharia social, não se pode olvidar que os
criminosos são conhecedores de dados pessoais das vítimas, valendo-se dessas informações para
convencê-las, por meio de técnicas psicológicas de persuasão - como a semelhança com o
atendimento bancário verdadeiro -, a fim de atingir seu objetivo ilícito.
Todavia, para sustentar o nexo causal entre a atuação dos estelionatários e o vazamento
de dados pessoais pelo responsável por seu tratamento é imprescindível perquirir, com exatidão,
quais dados estavam em poder dos criminosos, a fim de examinar a origem de eventual vazamento
e, consequentemente, a responsabilidade dos agentes respectivos.
Portanto, dados pessoais vinculados a operações e serviços bancários são sigilosos e cujo
tratamento com segurança é dever das instituições financeiras. Desse modo, seu armazenamento de
maneira inadequada, a possibilitar que terceiros tenham conhecimento dessas informações e
causem prejuízos ao consumidor, configura falha na prestação do serviço (art. 14 do CDC e 43 da
É necessário comprovar o nexo causal - que a
LGPD). informação pertencia ao sistema bancário.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
SÚMULAS
Súmula 479/STJ
PRECEDENTES QUALIFICADOS
Tema 466/STJ
QUARTA TURMA
DESTAQUE
O art. 581 do Código Civil estabelece o comodato sem prazo definido, hipótese na qual
"presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido". Com efeito, o comodato é uma liberalidade.
A interpretação do dispositivo legal tem de partir dessa premissa, de que se trata de uma
liberalidade e um contrato temporário, sob pena de virar doação.
No caso, a empresa está utilizando o bem objeto do comodato. Pode-se discutir se bastaria
usar para depósito de material ou se seria para extração de água, mas, mesmo que fosse para
exploração aquífera, qualquer que seja a finalidade, como se trata de comodato por prazo
indeterminado, transcorrido prazo suficiente, o comodante possui o direito de pedir de volta o
imóvel.
Não é necessário que o bem não se preste mais a uso algum para o comodatário para que
seja extinto o comodato.
A discussão não deve ser se ainda é possível ou não a utilização do bem pela comandatária.
A questão é que houve uma notificação extrajudicial para extinção do comodato, na linha
da jurisprudência citada pelo eminente relator: não tendo prazo determinado, após o transcurso do
intervalo suficiente à utilização do bem, pelo comodatário, conforme sua destinação, basta a
notificação, concedendo um prazo razoável para a restituição da coisa (REsp 1.327.627/RS, relator
Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 25/10/2016, DJe 1/12/2016).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
É válida a disposição testamentária que institui filha co-herdeira como curadora especial
dos bens deixados à irmã incapaz, relativamente aos bens integrantes da parcela disponível da
herança, ainda que esta se encontre sob o poder familiar ou tutela.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
§ 2 o Quem institui um menor herdeiro, ou legatário seu, poderá nomear-lhe curador especial para os bens deixados, ainda que o beneficiário se encontre sob o poder
familiar, ou tutela.
QUINTA TURMA
DESTAQUE
A jurisprudência desta Corte está firmada no sentido de ser cabível a soma de tais penas,
pois são reprimendas da mesma espécie (privativas de liberdade), nos termos do art. 111 da Lei de
Execução Penal - LEP: "A teor do art. 111 da Lei n. 7.210/1984, na unificação das penas, devem ser
consideradas cumulativamente tanto as reprimendas de reclusão quanto as de detenção para efeito
de fixação do regime prisional, porquanto constituem penas de mesma espécie, ou seja, ambas são
penas privativas de liberdade" (AgRg no HC n. 473.459/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares
da Fonseca, DJe de 01/03/2019). Precedentes do STF e desta Corte Superior de Justiça; (AgRg no
REsp n. 2.007.173/MG, relator Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, julgado em 14/2/2023,
DJe de 22/2/2023).
Equivocado o raciocínio de que a execução deve ser suspensa se houver disparidade de regimes.
Deve haver a unificação - o juiz da execução pode fazer
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Demais disso, convém registrar que a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça
consolidou-se no sentido de que eventuais máculas na fase extrajudicial não tem o condão de
contaminar a ação penal, dada a natureza meramente informativa do inquérito policial (RHC
119.097/MG, Rel. Ministro Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE),
Quinta Turma, julgado em 11/2/2020, DJe 19/2/2020 e AgRg no AREsp 1.392.381/SP, Rel. Ministro
Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, julgado em 12/11/2019, DJe 22/11/2019).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Código de Processo Penal (CPP), art. 563
563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a
defesa.
SEXTA TURMA
DESTAQUE
Para a decisão de pronúncia, exige-se elevada probabilidade de que o réu seja autor ou
partícipe do delito a ele imputado, não se aplicando o princípio in dubio pro societate.
Todavia, o fato de não se exigir um juízo de certeza quanto à autoria nessa fase não
significa legitimar a aplicação da máxima in dubio pro societate, que não tem amparo no
ordenamento jurídico brasileiro, e admitir que toda e qualquer dúvida autorize uma pronúncia.
Deve-se distinguir a dúvida que recai sobre a autoria, a qual, se existentes indícios
suficientes contra o acusado, só será dirimida ao final pelos jurados, porque é deles a competência
para o derradeiro juízo de fato da causa, da dúvida quanto à própria presença dos indícios
suficientes de autoria (metadúvida, dúvida de segundo grau ou de segunda ordem), que deve ser
resolvida em favor do réu pelo magistrado na fase de pronúncia.
Também na pronúncia, ainda que com contornos em certa medida distintos, tem aplicação
o in dubio pro reo, pois, segundo a doutrina, "submeter a julgamento popular um acusado, mesmo
quando há dúvidas da existência do crime ou de indícios suficientes de crimes, constitui uma
temeridade. Isso porque não apenas se viola flagrantemente os direitos e as garantias
constitucionais, como também porque aumenta a possibilidade de erros judiciais, tendo em vista
que a condenação do acusado poderá ocorrer mesmo se os parâmetros probatórios necessários para
a condenação não sejam atingidos".
À luz da efetividade e da utilidade do processo, é preciso, como regra, que toda decisão
que implique o prosseguimento do feito em desfavor do imputado, com início de nova etapa
processual, realize dois juízos: um diagnóstico (retrospectivo) sobre a suficiência do que se
produziu até aquele momento; outro prognóstico sobre o que se projeta para a próxima etapa, a fim
de verificar se será viável superá-la.
A adoção desse standard desponta como solução possível para conciliar os interesses em
disputa dentro das balizas do ordenamento. Resguarda-se, assim, a função primordial de controle
prévio da pronúncia sem invadir a competência dos jurados e sem permitir que o réu seja
condenado pelo simples fato de a hipótese acusatória ser mais provável do que a sua negativa.
Exige-se elevada
INFORMAÇÕES ADICIONAIS probabilidade de que seja o
autor do delito.
LEGISLAÇÃO
os standards
Recebimento da denúncia mera probabilidade
Código de Processo Penal (CPP), art. 413, "caput", e § 1º Pronuncia entre os dois
Sentença certeza além de qualquer dúvida
razoável
Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios
suficientes de autoria ou de participação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes
de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da fiança para a concessão ou manutenção da liberdade provisória.
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 3o O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de
liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação da prisão ou
imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
PROCESSO HC 839.602-MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma,
por unanimidade, julgado em 3/10/2023.
DESTAQUE
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz:
I - da sentença que conceder habeas corpus;
II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do
art. 411
PROCESSO RMS 70.679-MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma,
por maioria, julgado em 26/9/2023.
DESTAQUE
A Defensoria Pública pode ser intimada, de ofício, pelo Juízo para prestar assistência às
crianças e aos adolescentes vítimas de violência, nos procedimentos de escuta especializada, sem
que isso represente sobreposição inconstitucional às funções do Ministério Público.
A atuação do Parquet como substituto processual da vítima na ação penal pública não se
confunde com a atuação da Defensoria Pública no acompanhamento e na orientação jurídica de
crianças e adolescentes em situação de violência nem pode suplantá-la. Tal atividade não constitui,
por si só, desempenho do múnus de curadoria especial ou de assistência à acusação, mas atividade
jurídica própria, na condição de "custos vulnerabilis", que é o núcleo da atual identidade
constitucional da Defensoria Pública.
A Lei Complementar n. 80/94 expressamente atribui às defensoras e aos defensores
públicos a função de defender os interesses individuais e coletivos das crianças e adolescentes.
Especificamente quando estas crianças e adolescentes são vítimas de abusos, discriminação ou
qualquer outra forma de opressão ou violência, o inciso XVIII do art. 4.º da Lei Complementar n.
80/94 determina que a Defensoria Pública deve atuar na preservação e reparação dos seus direitos,
propiciando acompanhamento e atendimento interdisciplinar.
Não é eficiente impor ao Juízo de origem que somente intime defensores públicos para
comparecer aos atos quando houver pedido prévio e expresso da vítima. A intimação de ofício
proporciona melhores condições de acesso à assistência jurídica integral ofertada pelos defensores
públicos, que terão a oportunidade de esclarecer de forma mais efetiva à vítima as atribuições da
Defensoria Pública e os serviços colocados à sua disposição. De outra parte, a presença da
Defensoria Pública proporciona maior celeridade na adoção de medidas de proteção, o que está em
linha com o dever de se conferir absoluta prioridade à defesa das crianças e adolescentes (art. 227,
caput, da CF).
Aplica-se, por analogia, o disposto nos arts. 27 e 28 da Lei n. 11.340/2003, que asseguram
à mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública,
em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.
Uma vez que as crianças e adolescentes vítimas de violência integram um grupo
socialmente vulnerável e se submetem ao microssistema de proteção de vulneráveis, deve ser
assegurado também a elas o acesso aos serviços de Defensoria Pública, mediante atendimento
específico e humanizado, em sede policial e judicial, aplicando-se a máxima de que onde há o mesmo
fundamento deve haver a mesma solução jurídica (ubi eadem ratio ibi idem jus).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Lei n. 13.431/2017
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por
qualquer de seus órgãos.
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado.
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a
hipótese de litigância de má-fé.
RECURSOS REPETITIVOS - AFETAÇÃO
Este periódico, elaborado pela Secretaria de Jurisprudência do STJ, destaca teses jurisprudenciais
firmadas pelos órgãos julgadores do Tribunal nos acórdãos proferidos nas sessões de julgamento, não
consistindo em repositório oficial de jurisprudência
M : 2 10/25 ; 9/1173
=/
RECURSOS REPETITIVOS
DESTAQUE
Na situação em análise, a Corte estadual esclareceu que a vítima, com apenas 11 anos de
idade no início das condutas delitivas, foi submetida pelo Acusado aos mais diversos tipos de atos
libidinosos, de modo frequente e ininterrupto, ao longo de cerca de 4 (quatro) anos. Estas
circunstâncias fáticas tornam plenamente justificada a majoração da pena, em decorrência da
continuidade delitiva, na fração máxima de 2/3 (dois terços).
Por fim, não é possível a aplicação da continuidade delitiva entre os delitos de estupro
qualificado (art. 213, § 1.º, do Código Penal) e estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal),
pois se tratam de tipos penais que tutelam bens jurídicos diversos e que possuem circunstâncias
elementares bastante distintivas. Enquanto o estupro de vulnerável tutela a dignidade sexual e o
direito ao desenvolvimento da personalidade livre de abusos, o estupro qualificado tutela a
liberdade sexual e o direito ao exercício da sexualidade sem coações.
No caso, verifica-se que ambos os bens jurídicos foram violados, pois o sentenciado violou
a dignidade sexual da criança, convertendo-a em instrumento sexual quando ela sequer era capaz de
consentir com os atos praticados, bem como, posteriormente, violou a liberdade sexual da
adolescente, privando-a da liberdade de consentir ao constrangê-la mediante o emprego de grave
ameaça.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Torpeza do agressor.
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1 o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2 o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
PROCESSO REsp 1.982.304-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Terceira
Seção, por unanimidade, julgado em 17/10/2023, DJe
20/10/2023 (Tema 1166).
DESTAQUE
A importância prática da distinção entre crime formal e crime material diz respeito à
necessidade de constituição definitiva do crédito tributário para a tipificação do crime do art. 168-A,
§ 1º, I, do Código Penal, o que repercute na definição acerca da data da consumação do delito e no
termo inicial da prescrição, pois, nos termos do art. 111, I, do Código Penal, a "prescrição, antes de
transitar em julgado a sentença final, começa a correr: I - do dia em que o crime se consumou".
Com efeito, a Súmula Vinculante n. 24 do STF estabelece que "Não se tipifica crime
material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei n. 8.137/1990, antes do
lançamento definitivo do tributo". Como se vê, os crimes insculpidos no art. 1º, I a IV, da Lei n.
8.137/1990 são considerados crimes materiais, sendo necessária a redução ou supressão do tributo
e, consequentemente, a constituição do crédito tributário definitivo como condição para a
persecução penal.
É certo que o enunciado da Súmula Vinculante n. 24/STF trata expressamente dos delitos
previstos no art. 1º, I a IV, da Lei n. 8.137/1990. No entanto, o Plenário do Supremo Tribunal
Federal, nos autos do Inq. 3.102/MG, reconheceu que a "sistemática de imputação penal por crimes
de sonegação contra a Previdência Social deve se sujeitar à mesma lógica aplicada àqueles contra a
ordem tributária em sentido estrito".
Por todo o exposto, para os fins do art. 927, inciso III, c/c o art. 1.039 e seguintes, do
Código de Processo Civil, há a reafirmação do entendimento consolidado desta Corte Superior e a
resolução da controvérsia repetitiva com a tese: "O crime de apropriação indébita previdenciária,
previsto no art. 168-A, § 1º, inciso I, do Código Penal, possui natureza de delito material, que só se
consuma com a constituição definitiva, na via administrativa, do crédito tributário, consoante o
disposto na Súmula Vinculante n. 24 do Supremo Tribunal Federal".
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
A reincidência pode ser admitida pelo juízo das execuções penais para análise da
concessão de benefícios, ainda que não reconhecida pelo juízo que prolatou a sentença
condenatória.
Desse modo, ainda que não reconhecida na condenação, a reincidência deve ser observada
pelo Juízo das Execuções para concessão de benefícios, sendo descabida a alegação de reformatio in
pejus ou de violação da coisa julgada, pois se trata de atribuições distintas. Há, na verdade, a
individualização da pena relativa à apreciação de institutos próprios da execução penal.
A matéria foi definida pela Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça no julgamento
do EREsp 1.738.968/MG, oportunidade em que ficou estabelecido que a intangibilidade da sentença
penal condenatória transitada em julgado não retira do Juízo das Execuções Penais o dever de
adequar o cumprimento da sanção penal às condições pessoais do réu.
Efetivamente, "a reincidência é um fato, relativo à condição pessoal do condenado, que não
pode ser desconsiderado pelo juízo da execução, independente da sua menção na sentença
condenatória, pois afetaria exponencialmente o bom desenvolvimento da execução da pena traçado
nas normas correspondentes" (AgRg no REsp 1.642.746/ES, relatora Ministra Maria Thereza de
Assis Moura, Sexta Turma, DJe de 14/8/2017).
Nesse sentido, frisa-se que "não cabe ao Juiz da Execução rever a pena e o regime
aplicados no título judicial a cumprir. Contudo, é de sua competência realizar o somatório das
condenações (unificação das penas), analisar a natureza dos crimes (hediondo ou a ele equiparados)
e a circunstância pessoal do reeducando (primariedade ou reincidência) para fins de fruição de
benefícios da LEP." (AgRg no AREsp 1.237.581/MS, Rel. Ministro Rogério Schietti Cruz, Sexta Turma,
DJe 1/8/2018).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Mesmo que nao reconhecida pelo juiz da condenação o juiz da execução pode fazê-lo
A reincidência pode ser reconhecida pelo juiz da execução para concessão de benefícios.
Além de reconhecer na fase de conhecimento, pode na fase de execução.
A intangibilidade da sentença penal condenatória não impede a adequação pelo juiz da
execução
O juiz da execução nao revê a pena, mas pode analisar a natureza dos crimes e as
circunstâncias pessoais.
DESTAQUE
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Outrossim, caso a escolha do responsável pela realização do leilão recaia sobre auxiliar do
comércio, a norma contida no § 1º do art. 31 da Nova Lei de Licitações e Contratações
Administrativas autoriza a seleção do profissional mediante pregão ou, ainda, por meio de
credenciamento sem, no entanto, a fixação de critérios de precedência condicionada entre quaisquer
dos instrumentos, razão pela qual inviável extrair de citada disposição normativa o dever legal de
selecionar leiloeiros oficiais mediante divulgação de edital de chamamento público.
Nesse contexto, embora o art. 79, parágrafo único, I, da Lei n. 14.133/2021 imponha a
manutenção pública de edital de credenciamento em sítio eletrônico, de modo a permitir ao
cadastramento permanente de novos interessados obstando, por conseguinte, a fixação prévia de
balizas temporais limitando o acesso de novos postulantes, especificamente quanto à contratação de
leiloeiros oficiais, tal normatividade somente incide quando presente prova cabal da opção
administrativa por essa modalidade de seleção pública na vigência da Nova Lei de Licitações e
Contratações Administrativas, porquanto ausente igual obrigação nas disposições constantes da Lei
n. 8.666/1993.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Lei n. 8.666/1993
Decreto n. 21.981/1932
TERCEIRA TURMA
DESTAQUE
No que diz respeito ao seu modo de atuação, restou demonstrado que a prescrição não
atingiria a ação, mas sim a pretensão, o que representou fundamental virada dogmática com
reflexos não só na nomenclatura, mas, sobretudo, na essência do instituto. Na doutrina brasileira,
era relativamente comum, antes do advento do Código Civil de 2002, e em alguns casos, até mesmo,
depois de sua entrada em vigor -, se apontar como alvo da eficácia da prescrição a própria ação.
No entanto, o art. 189 do Código Civil de 2002, que representou importante inovação
legislativa em face do direito anterior, acolheu a novel construção doutrinária ao estabelecer,
expressamente, que o alvo da prescrição é mesmo a pretensão, instituto de direito material. Dessa
forma, a doutrina defende que "eventuais projeções ao direito de ação (em sentido processual) só se
justificam de modo reflexo." Isso porque, sendo a pretensão e a ação em sentido material encobertas
pela prescrição, o seu titular não pode se servir dos remédios processuais da ação em sentido
processual.
A doutrina adverte que "a consequência processual de não poder se servir da 'ação', no
entanto, não tem o condão de explicar o instituto. Trata-se de um resultado decorrente de uma
prévia eficácia que se sucedeu no direito material". Nessa esteira de intelecção, não se pode olvidar,
ainda, que a "pretensão se submete ao princípio da indiferença das vias, isto é, pode ser exercida
tanto judicial, quanto extrajudicialmente".
Não há, portanto, duas pretensões, uma veiculada por meio do processo e outra veiculada
extrajudicialmente. Independentemente do instrumento utilizado, trata-se da mesma pretensão,
haurida do direito material. É a pretensão e não o direito subjetivo que permite a exigência da
dívida. Uma vez prescrita, resta impossibilitada a cobrança da prestação. Nessas situações, não há
que se falar em pagamento indevido, nem sequer em enriquecimento sem causa, nos termos do art.
882 do Código Civil, uma vez que o direito subjetivo (crédito) continua a existir. O que não há, de
fato, é a possibilidade de exigí-lo.
A prescrição não atinge o direito de ação,
mas a pretensão, conforme inteligência do
Novo Código Civiil.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS Pretensão - princípio da indiferença das
vias.
Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.
QUARTA TURMA
DESTAQUE
No caso, a propaganda foi tida por enganosa, pelas instâncias ordinárias, em virtude de
perícia, na qual constatado que os aparelhos condicionadores de ar não eram realmente silenciosos,
como afirmado na publicidade veiculada em 1989. Em razão disso, concluíram ter ocorrido danos
morais coletivos.
Contudo, é bastante questionável que, na época e nas condições do caso concreto, tenha
ocorrido, efetivamente, propaganda que possa ser qualificada como enganosa, já que os fatos se
passaram antes do advento do Código de Defesa do Consumidor e, mesmo na vigência do CDC,
quando passou a existir mais expressa regulação sobre o assunto (art. 37), a doutrina consumerista
classifica publicidade do tipo considerado no caso de puffing.
Não se constata, porém, a gravidade dos fatos, tampouco a sua intolerabilidade social e
muito menos que atingiram valores fundamentais da sociedade. Uma publicidade cuja mensagem
enaltece o fato de ser o aparelho de ar condicionado "silencioso", não tem aptidão para ser fonte de
dano difuso, pois não ostenta qualquer gravidade intolerável em prejuízo dos consumidores em
geral.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Por sua vez, a Lei n. 9.296/1996 (Interceptação Telefônica), permite em seu art. 1º,
parágrafo único, a quebra do sigilo no que concerne à comunicação de dados, mediante ordem
judicial fundamentada. Nesse ponto reside a permissão normativa para quebra de sigilo de dados
informáticos e de forma subsequente, para permitir a interação, a interceptação e a infiltração do
agente, inclusive pelo meio cibernético, consistente no espelhamento do Whatsapp Web. A lei de
interceptação, em combinação com a Lei das Organizações Criminosas outorga legitimidade
(legalidade) e dita o rito (regra procedimental), a mencionado espelhamento, em interpretação
progressiva, em conformidade com a realidade atual, para adequar a norma à evolução tecnológica.
A potencialidade danosa dos delitos praticados por organizações criminosas, pelo meio
virtual, aliada a complexidade e dificuldade da persecução penal no âmbito cibernético devem levar
a jurisprudência a admitir as ações controladas e infiltradas no mesmo plano virtual. De fato, nos
últimos anos, as redes sociais e respectivos aplicativos se tornaram uma ferramenta indispensável
para a comunicação, interação e compartilhamento de informações em todo o mundo. Entretanto,
essa rápida expansão e influência também trouxeram consigo uma série de desafios e problemas no
âmbito da investigação, no meio virtual, tornando-se a evolução da jurisprudência acerca do tema
questão cada vez mais relevante e urgente.
Pode, desta forma, o agente policial valer-se da utilização do espelhamento pela via do
Whatsapp Web, desde que respeitados os parâmetros de proporcionalidade, subsidiariedade,
controle judicial e legalidade, calcado pelo competente mandado judicial. De fato, a Lei n.
9.296/1996, que regulamenta as interceptações, conjugada com a Lei n. 12.850/2013 (Lei das
Organizações Criminosas), outorgam substrato de validade processual às ações infiltradas no plano
cibernético, desde que observada a cláusula de reserva de jurisdição.
É possível a utilização de ações
encobertas.
Proporcionalidade
INFORMAÇÕES ADICIONAIS Subsidiariedade
Autorização judicial
Legalidade
LEGISLAÇÃO
Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos do caput do art. 10, na internet, com o fim de
investigar os crimes previstos nesta Lei e a eles conexos, praticados por organizações criminosas, desde que demonstrada sua necessidade e
indicados o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais
que permitam a identificação dessas pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará
o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática.
-
PROCESSO AREsp 2.267.828-MG, Rel. Ministro Messod Azulay Neto,
Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
17/10/2023, DJe 23/10/2023.
DESTAQUE
É inviável fixar, na esfera penal, indenização mínima a título de danos morais, sem que
tenha havido a efetiva comprovação do abalo à honra objetiva da pessoa jurídica.
De todo modo, qualquer que seja a orientação jurisprudencial adotada, é inviável fixar, na
esfera penal, indenização mínima a título de danos morais, sem que tenha havido a efetiva
comprovação do abalo à honra objetiva da pessoa jurídica. Diferentemente do que ocorre com as
pessoas naturais, as pessoas jurídicas não são tuteladas a partir da concepção estrita do dano moral,
isto é, ofensa à dignidade humana, o que impede, via de regra, a presunção de dano ipso facto.
No caso, o Tribunal de origem justificou a fixação de valor mínimo indenizatório por danos
morais, pois não haveria "...qualquer elemento que afaste a ofensa à esfera intima do ofendido, que é
própria da prática da infração penal...".
Por outro lado, é possível que determinados crimes afetem a imagem e a honra de
empresas. Seria, por exemplo, o caso de consumidores que param de frequentar determinado
estabelecimento por razões de segurança. Daí porque se conclui pela imprescindibilidade da
instrução específica para comprovar, caso a caso, a ocorrência de efetivo abalo à honra objetiva da
pessoa jurídica para os fins do art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
A recusa do detento em aceitar alimento que julga impróprio para consumo, quando
realizada de forma pacífica e sem ameaçar a segurança do ambiente carcerário, não configura falta
grave.
O art. 50, I, da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) estabelece que comete falta grave
o detento condenado à pena privativa de liberdade que incitar ou participar de movimento para
subverter a ordem ou a disciplina.
No entanto, a recusa do detento em aceitar alimento que julga impróprio para consumo
não se configura como falta grave, uma vez que no ordenamento jurídico vigente não existe
qualquer imposição que obrigue o indivíduo privado de liberdade a ingerir alimentos em
circunstâncias que considere inadequadas.
Essa atitude, quando realizada de forma pacífica e sem ameaçar a segurança do ambiente
carcerário, representa um exercício do direito à liberdade de expressão por parte do detento, direito
esse amparado pelo próprio ordenamento jurídico no art. 5º, IV, da Constituição da República.
Além disso, é fundamental observar o art. 41 da Lei de Execução Penal, que elenca os
direitos do preso, notadamente o direito à "alimentação suficiente" e à "assistência material e à
saúde". A recusa em ingerir alimentos inadequados está intrinsecamente ligada à obrigação legal de
proporcionar alimentação suficiente e está relacionada diretamente à assistência material e à saúde
do detento. A ingestão de alimentos inadequados poderia prejudicar seriamente seu bem-estar
físico e, consequentemente, sua saúde.
Portanto, a recusa do detento em se negar a aceitar alimento que julga impróprio para
consumo não se caracteriza como falta grave. Ao contrário, essa atitude representa o exercício de
seu direito à liberdade de expressão e à preservação de sua dignidade, respeitando os direitos
fundamentais do ser humano no sistema penitenciário, conforme preconizam as leis nacionais e os
tratados internacionais ratificados pelo Brasil. Isso, desde que seja feita de forma ordeira e sem
colocar em risco a ordem e a disciplina do estabelecimento prisional.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Constituição Federal, art. 5º, IV A greve de fome pode caracterizar subversão da ordem
A greve de fome pode caracterizar falta grave
Mas recusar alimento aparentemente vencido nao.
CORTE ESPECIAL - JULGAMENTO NÃO CONCLUÍDO
Nos termos dos artigos 73, 3º, e 75 da Constituição, aos Conselheiros dos Tribunais de
Contas dos Estados, Distrito Federal e Municípios são conferidas as mesmas garantias e
prerrogativas da magistratura, havendo identidade do regime jurídico. Ao estabelecer a expressa
equiparação de garantias e prerrogativas, o constituinte estava ciente das distinções entre as Cortes
de Contas, como órgão auxiliar do Poder Legislativo, e o Poder Judiciário.
Após o voto do Ministro Relator negando provimento ao agravo, pediu vista antecipada o
Ministro Mauro Campbell Marques.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Este periódico, elaborado pela Secretaria de Jurisprudência do STJ, destaca teses jurisprudenciais
firmadas pelos órgãos julgadores do Tribunal nos acórdãos proferidos nas sessões de julgamento, não
consistindo em repositório oficial de jurisprudência
RECURSOS REPETITIVOS
Os termos amplos da previsão legal são reiterados pela jurisprudência do STJ, segundo a
qual "a prescrição quinquenal prevista no art. 1º do Decreto n. 20.910/1932 deve ser aplicada a
todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Pública, seja ela federal, estadual ou municipal,
independentemente da natureza da relação jurídica estabelecida entre a Administração Pública e o
particular" (AgRg no AREsp 16.494/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe
de 3/8/2012).
Por outro lado, a jurisprudência do STJ não exige que cada norma, ao consagrar um direito,
estabeleça a específica previsão do prazo prescricional a que ele se sujeita, pois, "como regra geral, a
prescrição é quinquenal, estabelecida pelo art. 1° do Decreto n. 20.910/1932 (...)" (AgRg no REsp
862.721/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe de 7/6/2010).
Nesse sentido, fica claro no seguinte excerto do voto da Ministra Rosa Weber: "As
disposições legais declaradas inconstitucionais ao julgamento do presente feito, não obstante
viciadas na sua origem, ampararam a concretização de inúmeros atos jurídicos que levaram ao
cancelamento de diversos precatórios e RPVs, praticados ao abrigo legal por longo período". Tem-se,
assim, configurado um direito que, violado, ensejou pretensão, por sua vez, sujeita à prescrição, na
forma do art. 189 do Código Civil.
Por fim, cabe acrescentar que, se é o cancelamento do precatório ou RPV que faz surgir a
pretensão, figura jurídica que atrai o regime prescricional do art. 1º do Decreto n. 20.910/1932,
deve-se concluir que o termo inicial do prazo é precisamente a ciência desse ato de cancelamento,
como indica a teoria da actio nata.
O STJ aplica essa orientação da teoria da actio nata em seu viés subjetivo, de modo que "a
jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que, em conformidade com o princípio da actio
nata, o termo inicial da prescrição ocorre a partir da ciência inequívoca da lesão ao direito subjetivo"
(STJ, AgInt no REsp 1.909.827/SC, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe de
19/4/2022).
Essa cautela do legislador deve orientar, também, a fixação do termo inicial da contagem
do prazo quinquenal de que dispõe o titular para requerer a expedição do novo ofício requisitório,
que deve coincidir com a notificação do credor, prevista no § 4º do art. 2º da Lei 13.463/2017.
Assim, para fins do recurso repetitivo, firma-se a tese no sentido de que "a pretensão de
expedição de novo precatório ou requisição de pequeno valor, fundada nos arts. 2º e 3º da Lei
13.463/2017, sujeita-se à prescrição quinquenal prevista no art. 1º do Decreto n. 20.910/1932 e
tem, como termo inicial, a notificação do credor, na forma do § 4º do art. 2º da referida Lei n.
13.463/2017".
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Os Conselhos Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil não podem instituir e cobrar
anuidade das sociedades de advogados.
Ou seja, cabe ao Conselho Seccional da OAB fixar, alterar e receber as anuidades devidas
pelos inscritos na entidade, porém, no exercício dessa competência, mostra-se indispensável o
respeito às disposições legais, em especial à Lei n. 8.906/1994.
Aqui, é importante destacar dois aspectos: (i) a sociedade somente pode ser composta por
advogados aptos a exercer essa atividade, ou seja, devidamente inscritos na OAB e que, em razão da
inscrição, devem arcar com a contribuição anual obrigatória; (ii) a sociedade não é inscrita no
Conselho Seccional, mas ali registrada para aquisição de personalidade jurídica, sendo vedado o
registro em cartório civil de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais que possibilite a inclusão de
qualquer outra finalidade que não seja a de prestar serviços de advocacia.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
PRECEDENTES QUALIFICADOS
Tema 1179/STJ
PROCESSO REsp 2.006.663-RS, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Primeira Seção, por unanimidade, julgado em
25/10/2023 (Tema 1187).
REsp 2.019.320-RS, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Primeira Seção, por unanimidade, julgado em
25/10/2023 (Tema 1187).
REsp 2.021.313-RS, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Primeira Seção, por unanimidade, julgado em
25/10/2023 (Tema 1187).
DESTAQUE
Nos casos de quitação antecipada, parcial ou total, dos débitos fiscais objeto de
parcelamento, conforme previsão do art. 1º da Lei n. 11.941/2009, o momento de aplicação da
redução dos juros moratórios deve ocorrer após a consolidação da dívida, sobre o próprio montante
devido originalmente a esse título, não existindo amparo legal para que a exclusão de 100% da
multa de mora e de ofício implique exclusão proporcional dos juros de mora, sem que a lei assim o
tenha definido de modo expresso.
Nesta Corte, a matéria foi pacificada no julgamento dos EREsp 1.404.931/RS, Rel. Ministro
Herman Benjamin, Primeira Seção, DJe 4/8/2021, ocasião em que se firmou o entendimento de que
a Lei n. 11.941/2009 apenas concedeu remissão nos casos nela especificados, e que, em se tratando
de remissão, não há qualquer indicativo na Lei n. 11.941/2009 que permita concluir que a redução
de 100% (cem por cento) das multas de mora e de ofício estabelecida no art. 1º, § 3º, I, da referida
lei implique redução superior à de 45% (quarenta e cinco por cento) dos juros de mora estabelecida
no mesmo inciso, para atingir uma remissão completa da rubrica de juros (remissão de 100% de
juros de mora).
Dessa forma, conclui-se que a diminuição dos juros de mora em 45% (para o caso do
inciso I do § 3º do art. 1º da Lei n. 11.941/09) deve ser aplicada após a consolidação da dívida, sobre
o próprio montante devido originalmente a esse título; não existe amparo legal para que a exclusão
de 100% da multa de mora e de ofício implique exclusão proporcional dos juros de mora, sem que a
lei assim o tenha definido de modo expresso. Exegese em sentido contrário, além de ampliar o
sentido da norma restritiva, esbarra na tese fixada no Recurso Repetitivo, instaurando, em
consequência, indesejável insegurança jurídica no meio social.
Assim, para fins de recurso representativo da controvérsia, fixa-se a seguinte tese: "Nos
casos de quitação antecipada, parcial ou total, dos débitos fiscais objeto de parcelamento, conforme
previsão do art. 1º da Lei n. 11.941/2009, o momento de aplicação da redução dos juros moratórios
deve ocorrer após a consolidação da dívida, sobre o próprio montante devido originalmente a esse
título, não existindo amparo legal para que a exclusão de 100% da multa de mora e de ofício
implique exclusão proporcional dos juros de mora, sem que a lei assim o tenha definido de modo
expresso."
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Uma análise evolutiva do ordenamento jurídico nacional mostra que antes do Código
Penal de 1940 a configuração da agravante da reincidência tinha como pressuposto o cometimento
de crimes de mesma natureza.
Nesse contexto, sobreveio a vigência da Lei n. 6.416/1977 que, alterando o Código Penal,
aboliu a diferenciação entre reincidência específica e genérica e, por consequência, suprimiu o
tratamento diferenciado no tocante à dosimetria da pena.
Assim, considerando que a redação vigente do Código Penal estatuída pela Lei n.
7.209/1984 teve origem na Lei n. 6.416/1977, a interpretação da norma deve ser realizada de forma
restritiva, evitando, com isso, restabelecer parcialmente a vigência da lei expressamente revogada.
Inclusive, tal interpretação evita incongruência decorrente da afirmativa de que a reincidência
específica, por si só, é mais reprovável do que a reincidência genérica.
Sendo assim, a controvérsia deve ser solucionada no sentido de não ser possível a
elevação da pena pela presença da agravante da reincidência em fração mais prejudicial ao apendo
do que a de 1/6 utilizando-se como fundamento unicamente a reincidência específica do réu. Fica
ressalvada a excepcionalidade da aplicação de fração mais gravosa do que 1/6 mediante
fundamentação concreta a respeito da reincidência específica.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Nao ha mais diferenciação entre
reincidência genérica e
LEGISLAÇÃO
específica após a lei 6416/77
Código Penal (CP), art. 61, I
Interpretação restritiva
DESTAQUE
A restituição imediata e integral do bem furtado não constitui, por si só, motivo suficiente
para a incidência do princípio da insignificância.
Sob tal perspectiva, muito embora não exista previsão legal disciplinando a aplicação do
princípio da insignificância, o Supremo Tribunal Federal, há mais de uma década, consolidou o
entendimento no sentido de exigir o preenchimento simultâneo de quatro condições para que se
afaste a tipicidade material da conduta. São elas: a) a mínima ofensividade da conduta do agente; b)
a ausência de periculosidade social na ação; c) o reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento; e d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Assim, para afastar liminarmente a tipicidade material nos delitos de furto, não basta a
imediata e integral restituição do bem. Deve-se perquirir, diante das circunstâncias concretas, além
da extensão da lesão produzida, a gravidade da ação, o reduzido valor do bem tutelado e a
favorabilidade das circunstâncias em que foi cometido o fato criminoso, além de suas consequências
jurídicas e sociais.
Extensão da lesão
Gravidade da acao
Reduzido valor do bem
Favorabilidade das circunstancias
Consequências jurídicas e sociais
SEGUNDA TURMA
DESTAQUE
A repatriação de médica cubana após a ruptura entre o Brasil e a República de Cuba não
impede, por si só, sua participação no chamamento para reintegração ao Programa Mais Médicos
para o Brasil, desde que haja outros elementos que comprovem seu retorno breve com intenção de
permanecer no território brasileiro.
A interpretação dada ao art. 23-A, III, da Lei n. 12.781/2013 não deve ser restritiva,
ensejando a exclusão dos profissionais que se ausentaram do país por curtos períodos, mas, sim,
uma interpretação finalística, alcançando aquilo que justifica sua existência.
Quer a norma alcançar aqueles que, mesmo após a ruptura da cooperação entre Brasil e
Cuba, e o consequente desligamento do Programa Mais Médicos para o Brasil, continuaram com o
ânimo de permanência em território brasileiro. Em casos similares, esta Corte Superior já se
pronunciou de forma monocrática no sentido de que "a finalidade da Lei requer uma interpretação
tão somente para se inteirar se o médico intercambista estava no Brasil com [ânimo] definitivo até a
data de publicação da referida MP" (REsp n. 2043389 Min. Regina Helena Costa, DJe 21/03/2023).
Como ressaltado pelo Tribunal de origem, "o real sentido do requisito encartado no art.
23-A, inciso III, da Lei n. 12.871/2013, qual seja, o de permanecer no território nacional como
refugiado, naturalizado ou residente até a publicação da MP n. 890/2019, consiste, na verdade, em
optar pela fixação de residência/moradia no Brasil em momento anterior e independentemente da
possibilidade de reincorporação objeto de discussão, sendo este o caso da demandante".
Assim, dessume-se que o fato da recorrida ter sido repatriada logo após a ruptura ocorrida
entre o Brasil e a República de Cuba não inviabiliza, por si só, sua participação no chamamento para
reintegração ao Programa Mais Médicos para o Brasil; havendo outros elementos a comprovar seu
retorno breve, com o ânimo de permanência, deve ser-lhe assegurada a participação no
chamamento do Edital n. 09/2020 do Ministério da Saúde.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
MP n. 890/2019
DESTAQUE
A obra artística representada pela fotografia é protegida pela Lei de Direitos Autorais,
sendo que eventual exposição em rede social sem consentimento, remuneração e identificação por
meio dos devidos créditos, lesionam os direitos patrimoniais e morais do autor.
O art. 28 da LDA (Lei de Direitos Autorais) dispõe que incumbe ao "autor o direito
exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica". Assim, sua utilização, por
quaisquer meios ou modalidades, depende da prévia e expressa autorização do autor (art. 29, X, da
LDA). Consectariamente, "pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que
criou" (art. 22 da LDA).
DESTAQUE
São dois os critérios para a incidência da multa e dos honorários previstos no mencionado
dispositivo: a intempestividade do pagamento ou a resistência manifestada na fase de cumprimento
de sentença.
A multa e os honorários a que se refere o art. 523, § 1º, do CPC/2015 serão excluídos
apenas se o executado depositar voluntariamente a quantia devida em juízo, sem condicionar seu
levantamento a qualquer discussão do débito.
A hipoteca judiciária prevista no art. 495 do CPC/2015 visa a assegurar futura execução,
não ocasionando a imediata satisfação do direito do credor. Essa modalidade de garantia não
equivale ao pagamento voluntário do débito, de modo que não isenta o devedor da multa de 10% e
de honorários de advogado 10%.
Multa e honorários tem 2
fundamentos
1. Intempestividade
INFORMAÇÕES ADICIONAIS 2. Resistencia
LEGISLAÇÃO
O STJ entende que é lícito eventual protesto realizado pelo endossatário em razão do
inadimplemento do devedor, pois, uma vez endossada, a validade da duplicata condiciona-se à
observância dos requisitos de forma e não à regularidade do saque. Por conseguinte, o endossatário
também pode providenciar os atos necessários para eventual inscrição do nome do devedor no
cadastro de inadimplentes.
Este dever do credor ganha complexidade quando se trata de títulos de crédito, pois o
credor cambial é aquele que detém o título de crédito, mas o credor original é o que figura como
credor do negócio jurídico que gerou o título, mas que pode não mais deter a cártula por ter
realizado endosso translativo a terceiro.
A quitação pode ser realizada perante o credor original sem que essa questão seja
oponível ao terceiro de boa-fé que detém o título. Contudo, há exceção quando o endossatário
conhecer o problema que o devedor alega ter ocorrido na relação jurídica originária. Nessa situação,
a matéria de defesa torna-se oponível, pois constatada a má-fé.
Conforme a doutrina, a desconstituição da presunção de boa-fé não depende de prova da
ação combinada e má intencionada (conluio) entre o exequente e o titular originário do mesmo
crédito. O simples conhecimento, pelo atual portador do título, da existência de fato oponível ao
anterior é suficiente para afastar a boa-fé e, por conseguinte, o princípio da inoponibilidade das
exceções pessoais a terceiros.
Nos termos do art. 114 do CPC/2015, "o litisconsórcio será necessário por (I) disposição
de lei ou quando, (II) pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença
depender da citação de todos que devam ser litisconsortes". Ausente a determinação legal, o
interesse de titulares de direitos e obrigações relacionadas a questões debatidas no processo não
configura, por si só, a formação de litisconsórcio necessário.
É exatamente essa a situação verificada nas ações indenizatórias consumeristas, nas quais,
conforme preconiza o art. 7º do CDC, havendo responsabilidade solidária por ter a ofensa mais de
um autor, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de
consumo. Nessa situação, o fato de um dos responsáveis solidários não ter figurado no polo passivo
da ação originária não macula de ineficácia a sentença proferida contra apenas um dos devedores
solidários.
DESTAQUE
É devida indenização por danos morais na hipótese de atraso na entrega de obra quando
isso implicar ofensa a direitos de personalidade.
O Tribunal de origem consignou que o prazo final para a entrega do imóvel encerrou em
maio de 2010 e, em razão disso, a adquirente agendou o casamento para julho de 2010, justamente
em razão da expectativa de que, cumprida a obrigação contratual pela construtora, já estaria
residindo no imóvel. No entanto, as chaves apenas foram entregues em abril de 2011, o que a
privou, logo após o casamento, de habitar o imóvel por aproximadamente 11 meses.
Ainda que se considere a cláusula de tolerância que posterga a data de entrega do imóvel
para outubro de 2010, sucede, entre a data final e aquela em que as chaves foram entregues, atraso
de mais de 6 meses após o casamento, o que fez suportar prejuízos morais e materiais que
ultrapassam o mero dissabor.
Este periódico, elaborado pela Secretaria de Jurisprudência do STJ, destaca teses jurisprudenciais
firmadas pelos órgãos julgadores do Tribunal nos acórdãos proferidos nas sessões de julgamento, não
consistindo em repositório oficial de jurisprudência
PRIMEIRA SEÇÃO
DESTAQUE
O caso dos autos, contudo, possui peculiaridade que o distingue do precedente obrigatório
da Corte Especial no recurso repetitivo REsp 1.243.887/PR, visto que o cumprimento de sentença
aqui tratado foi manejado contra a União, havendo autorizativo no § 2º do art. 109 da Constituição
Federal no sentido de que as causas intentadas contra a União poderão ser aforadas no Distrito
Federal, além das hipóteses de aforamento no domicílio do autor, onde houver ocorrido o ato ou
fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa.
Dessa forma, pode o exequente optar por ajuizar no Distrito Federal o cumprimento de
sentença coletiva contra a União, nos termos do § 2º do art. 109 da Constituição Federal,
entendimento que milita a favor da máxima efetividade do dispositivo constitucional, além de
ampliar/facilitar o acesso à justiça pelo credor da União.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
PRECEDENTES QUALIFICADOS
Tema n. 480/STJ - REsp n. 1.243.887/PR
SEGUNDA SEÇÃO
DESTAQUE
A efetivação de liminar concedida em ação de busca e apreensão de bem móvel, por Juízo
onde se localize o bem, não atrai a sua competência para eventual impugnação ao conteúdo dessa
liminar, que deverá ser postulada perante o Juízo da causa que a concedeu.
Da análise do art. 3º, § 12, do Decreto-Lei n. 911/1969, depreende-se que o seu propósito
é facilitar ao credor a apreensão dos bens alienados fiduciariamente e que se encontrem situados
em comarca de Juízo de competência territorial diversa do Juiz da causa onde se processa a ação de
busca e apreensão, a evidenciar a sua similitude com a carta precatória, que é um meio de
cooperação judiciária para a prática de atos judiciais, nos termos do que se depreende do art. 237,
III, do CPC/2015, que não tem o condão de modificar a competência.
Nesse contexto, a efetivação de medida liminar concedida em ação de busca e apreensão
de bem móvel, por Juízo onde se localize o bem, a pedido da parte interessada, com fundamento no
art. 3º, § 12, do Decreto-Lei n. 911/1969, não atrai a competência desse Juízo para eventual
impugnação ao conteúdo de tal liminar, que deverá ser postulada perante o Juízo da causa que
concedeu a liminar, afigurando-se igualmente competente para o julgamento de eventual recurso
interposto contra essa decisão o Tribunal ao qual se encontra vinculado esse Juízo natural.
Na hipótese, foi deferida liminar em ação de busca e apreensão pelo Juízo de Direito da
Vara Cível do Foro Regional de Pinhais/PR, e cumprida, a requerimento do banco suscitante/credor
fiduciário, amparado no art. 3º, § 12, do Decreto-Lei n. 911/1969, pelo Juízo de Direito da 2ª Vara
Cível da Comarca de São Luís/MA. Após a efetivação da medida, a ré/devedora fiduciante interpôs
agravo de instrumento contra a decisão liminar perante o Tribunal de Justiça do Estado do
Maranhão, que concedeu efeito suspensivo àquele agravo em manifesta violação ao juiz natural da
causa, sendo competente para o julgamento desse recurso o Tribunal de Justiça do Estado do
Paraná, ao qual está vinculado o Juiz da causa.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
A competência para agravar eventual liminar e do tribunal do juiz que deu a liminar. E nao
do local do bem.
TERCEIRA SEÇÃO
DESTAQUE
O plantio e a aquisição das sementes da Cannabis sativa, para fins medicinais, não
configuram conduta criminosa, independente da regulamentação da ANVISA.
Então, o referido órgão colegiado entendeu que a matéria diz respeito ao direito
fundamental à saúde, constante do art. 196 da Constituição da República, sendo que o direito penal
deve objetivar a repressão ao tráfico.
No caso, o conjunto probatório em análise aponta que o uso medicinal do óleo extraído da
planta Cannabis sativa encontra-se suficientemente demonstrado pela documentação médica, pois
foram anexados Laudo Médico e receituários médicos, os quais indicam o uso do óleo medicinal
(CBD Usa Hemp 6000mg full spectrum e Óleo CBD/THC 10%).
Dessa forma, a questão, aqui tratada, não pode ser objeto da sanção penal, porque se trata
do exercício de um Direito Fundamental, constitucionalmente, garantido, isto é, o Direito à Saúde, e
a atuação proativa da Quinta e da Sexta Turma do STJ justifica-se juridicamente, pois "vislumbra-se
que 'ativismo judicial' é um exercício pró-ativo dos órgãos da função judicial do Poder Público, não
apenas de fazer cumprir a lei em seu significado exclusivamente formal, mas é uma atividade
perspicaz na interpretação de princípios constitucionais abstratos tais como a dignidade da pessoa
humana, igualdade, liberdade, dentre outros.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Para fins de concessão de remoção ao servidor público, ainda que provisoriamente, à luz
do art. 36, parágrafo único, III, b, da Lei 8.112/1990, há a necessidade de preenchimento do
requisito da dependência econômica, não abrangendo eventual dependência física ou afetiva.
O vocábulo "expensas", como gizado no artigo acima, remete à ideia de "despesas, custos",
evidenciando que, a partir da alteração implementada pela Lei n. 9.527/1997, a dependência em tela
assumiu nítida feição econômica.
Tal compreensão vem sendo reiteradamente adotada por esta Corte, ao consignar que "o
pedido de remoção de servidor para outra localidade, independentemente de vaga e de interesse da
Administração, será deferido quando fundado em motivo de saúde do servidor, de cônjuge,
companheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional,
condicionada à comprovação por junta médica oficial" (REsp n. 1.937.055/PB, relator Ministro
Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe de 3/11/2021).
Desse modo, não há como admitir que o vocábulo "expensas" possa ser interpretado de
forma extensiva, a fim de abranger também eventual "dependência física" ou "afetiva" dos genitores
em relação ao filho servidor público.
Logo, conquanto no caso inexista controvérsia a respeito do estado de saúde dos genitores
do autor, ora recorrido, tal fato, isoladamente considerado, não é capaz de legitimar a manutenção
do entendimento adotado pela ilustrada Corte regional, no que esta desconsiderou a também
necessidade de comprovação do requisito legal concernente à dependência econômica, sob pena de
se incorrer em visível afronta à Súmula Vinculante n. 10/STF: "Viola a cláusula de reserva de
plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare
expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua
incidência, no todo ou em parte".
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
SÚMULAS
DESTAQUE
Quanto ao referido artigo, ressalta-se que com a superveniência do § 1º, do art. 69, da LC n.
109/2001, as contribuições direcionadas ao custeio de planos de previdência complementar
privada, de entidades aberta e fechada, deixaram, em qualquer circunstância, de se submeter à
incidência da contribuição previdenciária exigida pelo fisco e, portanto, não mais integram o salário-
de-contribuição, independentemente de beneficiarem, ou não, à totalidade dos empregados e
dirigentes da empresa.
Logo, deve prevalecer, no caso, o parâmetro hermenêutico disposto no art. 2º, § 1º, da
LINDB (Decreto-Lei n. 4.657/1942), segundo o qual "A lei posterior revoga a anterior quando
expressamente o declare, quando seja com ela incompatível [caso sob exame] ou quando regule
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior".
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Já os arts. 152 e 190 da Lei n. 6.404/1976 (Lei das Sociedades Anônimas) versam sobre a
remuneração dos administradores e sua participação nos lucros da companhia, não servindo,
entretanto, só por si, como suporte legal capaz de legitimar a tese da não incidência de contribuições
previdenciárias sobre a participação dos administradores não empregados nos lucros da empresa.
LEGISLAÇÃO
Lei n. 10.101/2000
DESTAQUE
Deveras, impende registrar que as gorjetas encontram disciplina legal na Consolidação das
Leis do Trabalho - CLT, mais especificamente em seu artigo 457, § 3º.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
O fundamento para que não seja admitida a intimação do devedor na pessoa de seu
advogado, sem poderes específicos para tanto, consiste na necessidade de se ter a certeza da efetiva
ciência do devedor de alimentos a respeito do cumprimento de sentença instaurado, a fim de lhe
oportunizar o pagamento do débito, provar que o pagou ou demonstrar a impossibilidade de fazê-lo,
notadamente em razão da grave consequência ocasionada pelo não cumprimento dessa obrigação,
qual seja, a prisão civil.
Assim, o fato de ter sido instaurado um segundo cumprimento de sentença não exige que o
paciente seja novamente intimado pessoalmente, pois se trata do mesmo título judicial executado
em relação ao primeiro cumprimento de sentença instaurado, mudando-se apenas o período
correspondente ao débito executado.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
De acordo com Pesquisa Nacional da Defensoria Pública, das 2.307 Comarcas instaladas no
território brasileiro, apenas 1.286 Comarcas contam com atendimento regular por parte da
Defensoria Pública Estadual, dado que representa 49,8% do total e contraria o disposto na EC n.
80/2014 que, ao inserir o art. 98, §1°, no ADCT, previu que até o término do ano de 2022, a União, os
Estados e o Distrito Federal deveriam contar com defensores públicos em todas as unidades
jurisdicionais.
A interpretação literal das referidas normas realmente autoriza a conclusão de que apenas
a prerrogativa de cômputo em dobro dos prazos seria extensível aos escritórios de prática jurídica
das instituições de ensino superior, mas não a prerrogativa da intimação pessoal.
Ocorre que, ao editar o CPC, o legislador não fez qualquer diferenciação entre escritórios
de prática jurídica de entidades de caráter público ou privado (art. 186, § 3º, do CPC). Por
conseguinte, a interpretação sistemática das normas - art. 5º, § 5º, da Lei n. 1.060/1950 e art. 186, §
3º, do CPC - conduz à conclusão de que, tal qual a Defensoria Pública, os escritórios de prática
jurídica das faculdades de Direito, públicas ou privadas, devem ser intimados pessoalmente dos atos
processuais.
Dado que tais departamentos jurídicos prestam assistência judiciária aos hipossuficientes,
é absolutamente razoável crer que eles experimentam as mesmas dificuldades de comunicação e de
obtenção de informações dos assistidos, as quais são conhecidamente vivenciadas no âmbito da
Defensoria Pública.
Por sua vez, a Terceira Turma, no julgamento do RMS 64894/SP (DJe de 9/8/2021), por
unanimidade, decidiu que a prerrogativa conferida à Defensoria Pública de requerer a intimação
pessoal da parte na hipótese do art. 186, § 2º, do CPC se estende ao defensor dativo. Ainda que não
sejam idênticas, é notória a semelhança entre essa questão e a hipótese examinada.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Sendo assim, constatado que as recorrentes se esquivaram, por diversas vezes, a receber
as intimações para purgar a mora em seu endereço comercial, conforme expressamente indicado no
contrato de alienação fiduciária, induzindo os Correios a erro ao indicar possível mudança de
domicílio que nunca existiu, não há óbice à intimação por edital.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Com efeito, é mais adequado que os cálculos para a progressão de regime sejam feitos de
modo independente, quando houver, em uma mesma execução, crimes comuns e hediondos. Isso
porque a aplicação de uma só lei, nesse caso, contraria o princípio da não retroatividade da lei penal
maléfica, pois o crime comum será regido por norma mais rigorosa, que leva em consideração
parâmetros não contemplados na lei anterior, como a reincidência e o cometimento de violência à
pessoa ou grave ameaça.
Por fim, registre-se que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal autorizou a
aplicação de leis distintas para reger a progressão de regime de crimes comuns e hediondos, por
entender que essa solução é a que melhor se alinha às diretrizes estabelecidas pela Constituição da
República.
"Por esta razão, não incide, no caso, o óbice jurisprudencial que veda a combinação de
normas ou de leis, consistente na criação de uma lex tertia. Trata-se de regimes de progressão de
pena que receberam, do legislador, tratamento legal independente, cada qual (crimes comuns e
crimes hediondos) com seu conjunto específico de normas de regência. (RHC 221.271 AgR, Rel. Min.
Luiz Fux, STF, Primeira Turma, DJe de 15/5/2023).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Tema 1084
SEXTA TURMA
DESTAQUE
Dessa forma, tendo sido o agente flagrado antes do efetivo ingresso no interior do
estabelecimento prisional, ainda durante a revista, não há falar em consumação do delito, mas
apenas em tentativa.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Se o agente foi flagrado com celular na abordagem comete o crime do art 349-a na forma
tentada.
Nao e crime impossível porque a busca pode falhar
RECURSOS REPETITIVOS - AFETAÇÃO
Este periódico, elaborado pela Secretaria de Jurisprudência do STJ, destaca teses jurisprudenciais
firmadas pelos órgãos julgadores do Tribunal nos acórdãos proferidos nas sessões de julgamento, não
consistindo em repositório oficial de jurisprudência
RECURSOS REPETITIVOS
A majoração dos honorários de sucumbência prevista no art. 85, § 11, do CPC pressupõe
que o recurso tenha sido integralmente desprovido ou não conhecido pelo tribunal,
monocraticamente ou pelo órgão colegiado competente. Não se aplica o art. 85, § 11, do CPC em caso
de provimento total ou parcial do recurso, ainda que mínima a alteração do resultado do julgamento
e limitada a consectários da condenação.
Daí que, se a regra legal do art. 85, § 11, do CPC existe para penalizar o recorrente que se
vale de impugnação infrutuosa, que amplia sem razão jurídica o tempo de duração do processo,
pode-se concluir que foge ao escopo da norma aplicar a penalidade em situação concreta na qual o
recurso tenha sido, em alguma medida, proveitoso à parte que dele se valeu. Configuraria evidente
contrassenso, enfim, aplicar o dispositivo legal em exame para punir o recorrente pelo êxito obtido
com o recurso, ainda que mínimo ou limitado a capítulo secundário da decisão recorrida, a exemplo
dos que estabelecem os consectários de uma condenação.
Respeitada essa premissa, surge sem maiores dificuldades uma primeira conclusão
inafastável: para os fins do art. 85, § 11, do CPC, não faz diferença alguma se o recurso foi declarado
incognoscível por lhe faltar qualquer requisito de admissibilidade; ou se o recurso foi examinado
pelo mérito e integralmente desprovido. Ambas as hipóteses equivalem-se juridicamente para efeito
de majoração da verba honorária prefixada, já que nenhuma dessas hipóteses possui aptidão para
alterar o resultado do julgamento, e o recurso interposto, ao fim e ao cabo, foi infrutuoso e em nada
beneficiou o recorrente.
Outra conclusão que se põe, desta vez diretamente relacionada à controvérsia em desate,
está em reconhecer que o êxito recursal, ainda quando mínimo, deslocará a causa para além do
campo de incidência do art. 85, § 11, do CPC, não se podendo cogitar, nessa hipótese, de majoração
pelo tribunal dos honorários previamente fixados. Não cabe, com efeito, penalizar o recorrente se a
alteração no resultado do julgamento - ainda que mínima - constitui decorrência direta da
interposição do recurso, e se dá em favor da posição jurídica do recorrente.
Percebe-se, enfim, que não há razão jurídica para se sustentar a aplicação do art. 85, § 11,
do CPC nos casos de provimento parcial do recurso, ainda que mínima a alteração do resultado do
julgamento e diminuto o proveito obtido pelo recorrente com a impugnação aviada, mesmo quando
circunscrita à alteração do resultado ou o proveito obtido a mero consectário de um decreto
condenatório.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
PRECEDENTES QUALIFICADOS
Tema n. 1059/STJ
CORTE ESPECIAL
DESTAQUE
O que o STJ esta dizendo que e que se o credor ajuizou a ação corretamente, mas
veio a prescrever, prescrição intercorrente, nao muda o fato do devedor ter que
arcar com os honorários, sob pena do devedor se beneficiar 2 vezes
PRIMEIRA TURMA
DESTAQUE
A Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis adota, como regra
de suas atividades fiscalizatórias, a dupla visita, não elencando a conduta de armazenamento, no
mesmo ambiente, de recipientes de gás liquefeito de petróleo (GLP) cheios e vazios como situação
de risco.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Resolução n. 759 da Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis - ANP
SEGUNDA TURMA
DESTAQUE
Inicialmente, ressalta-se que a parte agravante tem o ônus da impugnação específica dos
fundamentos da decisão agravada. Não basta repetir as razões já expendidas, no recurso anterior, ou
limitar-se a infirmar, genericamente, o decisum. É preciso que o Agravo interno impugne, dialogue,
combata, enfim, demonstre o desacerto do que restou decidido. Encampando tal compreensão, esta
Corte editou a Súmula 182, in verbis: "É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar
especificamente os fundamentos da decisão agravada".
A nova sistemática processual, introduzida pelo CPC de 2015, ratificou tal compreensão, in
verbis: "Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo
órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.
[...] § 1º. Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos
da decisão agravada".
Assim, constata-se que o princípio da dialeticidade permanece vivo, nesse novo diploma
processual, uma vez que se revela indispensável que a parte recorrente faça a impugnação específica
dos fundamentos da decisão agravada, expondo os motivos pelos quais não teriam sido
devidamente apreciados os fatos e/ou as razões pelas quais não se teria aplicado corretamente o
direito, no caso concreto, enfrentando os fundamentos da decisão agravada, o que não ocorreu, na
hipótese dos autos.
Desse modo, interposto Agravo interno com razões deficientes, que não impugnam,
especificamente, os fundamentos da decisão agravada, devem ser aplicados, no particular, a Súmula
182 desta Corte e o art. 1.021, § 1º, do CPC/2015.
Por fim, deve ser imposta, no caso, a multa, prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, no
patamar de 1% (um por cento) do valor atualizado da causa. Segundo entendimento firmado pela
Segunda Turma desta Corte, "o recurso que insiste em não atacar especificamente os fundamentos
da decisão recorrida seguidamente é manifestamente inadmissível (dupla aplicação do art. 932, III,
do CPC/2015), devendo ser penalizado com a multa de 1%, sobre o valor atualizado da causa,
prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015" (STJ, AgInt no AREsp n. 974.848/SP, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe de 13/3/2017).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
SÚMULAS
Súmula n. 182/STJ
PROCESSO REsp 2.086.417-RN, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
7/11/2023, DJe 10/11/2023.
DESTAQUE
O art. 186, do Decreto n. 10.854, de 2021, ao restringir a dedução do PAT a valores pagos a
título de alimentação para os trabalhadores que recebam até cinco salários-mínimos, limitada a
dedução ao valor de, no máximo, um salário-mínimo, incorreu em ilegalidade.
O Decreto n. 9.580/2018 (RIR/2018) foi alterado pelo art. 186, do Decreto n. 10.854/2021
para nele fazer incluir os incisos I e II, do §1º, do art. 645, onde foi estabelecido que a dedução
referente ao Programa de Alimentação ao Trabalhador - PAT "será aplicável em relação aos valores
despendidos para os trabalhadores que recebam até cinco salários mínimos" e "deverá abranger
apenas a parcela do benefício que corresponder ao valor de, no máximo, um salário-mínimo".
À toda evidência, tais limitações para a dedução não constam expressamente nas leis
criadoras do Programa de Alimentação ao Trabalhador - PAT, não podendo ser estabelecidas via
decreto regulamentar, ainda que as leis regulamentadas tragam cláusula geral de regulamentação,
pois carecedor de autorização legal específica.
O estabelecimento de prioridade para o atendimento aos trabalhadores de baixa renda, na
forma do regulamento, não significa a autorização para a exclusão dos demais trabalhadores pelo
regulamento, tal a correta interpretação dos arts. 1º e 2º, da Lei n. 6.321/1976.
Em situação análoga, o tema já foi enfrentado por este Superior Tribunal de Justiça quando
da fixação de custos máximos para as refeições individuais oferecidas pelo mesmo Programa de
Alimentação ao Trabalhador - PAT pela Portaria Interministerial n. 326/1977 e pela a Instrução
Normativa da Secretaria da Receita Federal n. 267/2002, que estabeleceram limitações ilegais não
previstas na Lei n. 6.321/1976, no Decreto n. 78.676/1976 ou no Decreto n. 5/1991.
Mutatis mutandis, as mesmas razões aqui se aplicam. Com efeito, ato infralegal não pode
restringir, ampliar ou alterar direitos decorrentes de lei. A lei é que estabelece as diretrizes para a
atuação administrativa-normativa regulamentar. Se o poder público identificou a necessidade de
realizar correções no programa há que fazê-lo pelo caminho jurídico adequado e não improvisar via
comandos normativos de hierarquia inferior, conduta já rechaçada em abundância pela
jurisprudência.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Decreto n. 5/1991
DESTAQUE
O sistema erigido para a tutela dos direitos autorais no Brasil, filiado ao chamado sistema
francês, tem por escopo incentivar a produção intelectual, transformando a proteção do autor em
instrumento para a promoção de uma sociedade culturalmente diversificada e rica. Nesse contexto,
se por um lado é fundamental incentivar a atividade criativa, por outro, é igualmente importante
garantir o acesso da sociedade às fontes de cultura.
Anteriormente, sob a égide da redação do art. 73 da Lei n. 5.988/1973, o STJ entendia que,
tratando-se de festejo de cunho social e cultural, sem a cobrança de ingresso e sem a contratação de
artistas, inexistente o proveito econômico, seria indevida a cobrança por direitos autorais.
Note-se que a gratuidade das apresentações públicas de obras musicais protegidas era
elemento relevante para determinar o que estaria sujeito ao pagamento de direitos autorais.
Posteriormente, o sistema passou a ser regulado Lei n. 9.610/1998, que atualizou e
consolidou a legislação sobre direitos autorais, alterando, significativamente, a disciplina relativa à
cobrança por direitos autorais. Com efeito, observa-se que o art. 68 da nova lei, correspondente ao
art. 73 da legislação revogada, suprimiu, no novo texto, a expressão "que visem lucro direto ou
indireto".
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Art. 68. Sem prévia e expressa autorização do autor ou titular, não poderão ser utilizadas obras teatrais,
composições musicais ou lítero-musicais e fonogramas, em representações e execuções públicas.
QUARTA TURMA
DESTAQUE
Nos termos da jurisprudência do STJ, em regra, com base na Teoria Finalista, não se aplica
o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de empréstimo tomados por sociedade empresária
para implementar ou incrementar suas atividades negociais, uma vez que a contratante não é
considerada destinatária final do serviço e não pode ser considerada consumidora, somente sendo
possível a mitigação dessa regra na hipótese em que demonstrada a específica condição de
hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica da pessoa jurídica.
DESTAQUE
A desistência da adoção durante o estágio de convivência não configura ato ilícito, não
impondo o Estatuto da Criança e do Adolescente nenhuma sanção aos pretendentes habilitados em
virtude disso.
Embora o fato de a criança ter recebido diagnóstico de doença grave e incurável possa ter
contribuído para a desistência da adoção, haja vista que os candidatos a pais eram pessoas
extremamente simples, sem condições financeiras, e moravam longe de centros urbanos, o fato de a
genitora biológica ter contestado o processo de adoção e ter requerido, sucessivamente, que a
criança lhe fosse devolvida ou que lhe fosse deferido o direito de visitação, não pode ser desprezado
nesse processo decisório.
A desistência da adoção, nesse contexto, está devidamente justificada, não havendo que se
falar em abuso de direito, especialmente, quando, durante todo o estágio de convivência, a criança
foi bem tratada, não existindo nada desabone a conduta daqueles que se candidataram no processo.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Quando uma pessoa qualificada como "refugiado" comete alguma conduta ilícita com o
propósito de ingressar no território nacional e essa conduta está diretamente relacionada a esse
intento, o procedimento, seja ele de natureza cível, administrativa ou criminal, deve ser arquivado,
com base no § 1º do artigo 10 da referida lei.
No caso, embora o pedido de reconhecimento da condição de refugiado tenha sido
indeferido pelo Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) devido à falta de demonstração de
um fundado temor de perseguição compatível com os critérios de elegibilidade previstos no art. 10
da Lei n. 9.474/1997, é importante destacar que o estrangeiro encontra-se classificado como
residente no território nacional e recebeu um visto ou a permissão permanente, o que denota a
condição de residência legal no Brasil.
O art. 395, inciso III, do Código de Processo Penal prescreve a rejeição da denúncia quando
inexistir justa causa para o início do processo penal, isto é, quando não houver fundamentos sólidos
para a persecução penal. Essa medida, na situação em análise, é necessária, pois configura uma
aplicação pertinente do princípio da intervenção mínima e reforça a relevância do caráter
fragmentário do direito penal, já que a própria administração pública reconheceu o direito de
residência permanente no território nacional.
Nesse contexto, também, é apropriado evocar a analogia in bonam partem, uma vez que a
interpretação nos conduz à conclusão de que a concessão de residência permanente ao estrangeiro
equivale a uma anistia legal para os crimes de uso de documento falso e falsificação de documento
público, conforme estabelecido no art. 10, parágrafo 1º, da Lei n. 9.474/1997 em relação aos
refugiados. Logo, tal situação resulta na inexistência de justa causa para a ação penal, considerando
a correlação entre o uso de passaporte falso e sua entrada irregular no Brasil.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
A revogação do acordo de não persecução penal não exige que o investigado seja intimado
para justificar o descumprimento das condições impostas na avença.
Ademais, não há previsão legal para que o investigado seja intimado, mesmo que por
edital, para justificar o descumprimento das condições pactuadas, tampouco sendo o caso de
aplicação analógica do art. 118, §2º, da Lei de Execuções Penais, visto que não se encontra em
situação de execução de pena privativa de liberdade.
Note-se que §9º do art. 28-A do Código de Processo Penal prevê apenas que a vítima será
intimada da homologação do acordo, bem como de seu descumprimento, sem a determinação de
que o investigado seja intimado para justificar o descumprimento das condições impostas pelo
Ministério Público.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade
ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência
LEGISLAÇÃO para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o
condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta
grave;
Código de Processo Penal, art. 28-A, § 9º e § 10 II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena,
somada ao restante da pena em execução, torne
incabível o regime (artigo 111).
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se,
Lei de Execuções Penais, art. 118, § 2º além das hipóteses referidas nos incisos anteriores,
frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a
multa cumulativamente imposta.
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior,
deverá ser ouvido previamente o condenado. -
Este periódico, elaborado pela Secretaria de Jurisprudência do STJ, destaca teses jurisprudenciais
firmadas pelos órgãos julgadores do Tribunal nos acórdãos proferidos nas sessões de julgamento, não
consistindo em repositório oficial de jurisprudência
RECURSOS REPETITIVOS
A lei também indica a existência do laudo definitivo, que é realizado de forma científica e
minuciosa e, como o próprio nome indica, deve trazer a certeza quanto à materialidade do delito,
definindo se o material analisado efetivamente se cuida de substância ilícita, a fim de embasar um
juízo definitivo acerca do delito.
Conclui-se que, havendo apreensão de material considerado como "droga", a prova de sua
materialidade depende, efetivamente, de algum tipo de exame de corpo de delito efetuado por
perito que possa identificar, com certo grau de certeza, a existência dos elementos físicos e químicos
que qualifiquem a substância como entorpecente.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
STJ aceita excepcionalmente que o laudo definitivo seja substituído pelo laudo provisório
desde que lavrado por perito oficial e ofereça o mesmo grau de certeza do outro
Da mesma forma e por esta razão também o STJ entende que a falta de assinatura do perito
caracteriza-se como sendo mera irregularidade. Sobretudo quando o perito oficial estiver
devidamente identificado e houver resultado positivo.
PRIMEIRA SEÇÃO
DESTAQUE
Em precedente do STF (RE 626.489/SE, Relator Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno,
julgado em 16/10/2013, DJe de 23/9/2014), julgado sob o rito da repercussão geral, o direito
fundamental à concessão inicial ao benefício previdenciário pode ser exercido a qualquer tempo,
sem que se atribua consequência prejudicial ao direito pela inércia do beneficiário, entendimento
esse aplicável, com muito mais força ao BPC-LOAS, por seu caráter assistencial.
Nesse sentido, admitir que sobre o direito de revisão do ato de indeferimento do BPC-
LOAS incida a prescrição quinquenal do fundo de direito é estabelecer regime jurídico mais rigoroso
que o aplicado aos benefícios previdenciários, sendo estes menos essenciais à dignidade humana
que o benefício assistencial.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
O vínculo permanente e vitalício entre a Igreja Católica e seu sacerdote é apto a ensejar a
responsabilidade objetiva da instituição religiosa por desvio moral de conduta de seu representante,
desde que comprovada a responsabilidade subjetiva do padre por fato criminoso vinculado ao
prestígio social angariado em razão do desempenho da função.
Verifica-se pela experiência de senso comum que, no específico caso de sacerdote, este
tem vínculo vitalício e permanente com a Igreja Católica. Não se desliga do considerável prestígio
social e da autoridade próprias da instituição religiosa, ostentando permanentemente a liturgia, a
autoridade moral e inspirando a confiança decorrentes e inerentes ao ofício sacerdotal. Não importa
onde ou quando esteja o padre, ele é sempre o pastor, o sacerdote em quem se pode confiar e a
quem se pode recorrer.
DESTAQUE
A aplicação do percentual de reserva de vagas para candidatos com deficiência que resulta
em número fracionário enseja o seu arredondamento para o inteiro imediatamente superior.
DESTAQUE
Nos contratos de consumo de bens essenciais como água, energia elétrica, saúde, educação
etc, não pode o fornecedor agir pensando apenas no que melhor lhe convém. A negativa de
contratação de serviços essenciais constitui evidente afronta à dignidade da pessoa, sendo
incompatível ainda com os princípios do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
No caso, ademais, não se está diante de um produto ou serviço de entrega imediata, mas
de um serviço eventual e futuro que, embora posto à disposição, poderá, ou não, vir a ser exigido.
Assim, a recusa da contratação ou a exigência de que só seja feita mediante "pronto pagamento",
excede aos limites impostos pelo fim econômico do direito e pela boa-fé (art. 187 do CC/2002).
A contratação de serviços essenciais não mais pode ser vista pelo prisma individualista ou
de utilidade do contratante, mas pelo sentido ou função social que tem na comunidade, até porque o
consumidor tem trato constitucional, não é vassalo, nem sequer um pária.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados
os casos de intermediação regulados em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
QUARTA TURMA
DESTAQUE
Em se tratando de usufruto estabelecido por ato inter vivos, os dispositivos que regem o
instituto são aqueles previstos nos artigos 1.390 a 1.411 do Código Civil, não se aplicando ao caso o
art. 1.946 do mesmo Código, uma vez que diz respeito a usufruto legado por testamento.
Não tendo sido estipulada cláusula prevendo o direito de se acrescer o quinhão do
usufrutuário falecido ao quinhão do usufrutuário sobrevivente, a partir da sua morte, aquele
quinhão volta ao nu-proprietário.
Não há como entender que o usufrutuário sobrevivente deveria prestar contas dos frutos
referentes ao quinhão de usufrutuário falecido no processo de inventário, haja vista que o referido
quinhão não foi acrescido ao seu e nem transmitido aos herdeiros.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Art. 1.390. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em
parte, os frutos e utilidades.
Art. 1.411. Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por
estipulação expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente.
Art. 1.946. Legado um só usufruto conjuntamente a duas ou mais pessoas, a parte da que faltar acresce aos co-legatários.
Parágrafo único. Se não houver conjunção entre os co-legatários, ou se, apesar de conjuntos, só lhes foi legada certa parte do usufruto, consolidar-se-
ão na propriedade as quotas dos que faltarem, à medida que eles forem faltando.
QUINTA TURMA
DESTAQUE
Sobre o tema, a jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de que "[n]ão é
admissível, por ausência de previsão legal, que se considere como cumprida a pena daquele que já
obtivera - por motivo de força maior e para não se expor a maior risco em virtude da pandemia - o
benefício da suspensão da pena restritiva de direitos, sendo absolutamente necessário o efetivo
cumprimento da pena como instrumento tanto de ressocialização do apenado como de
contraprestação em virtude da prática delitiva, a fim de que o reeducando alcance o requisito
necessário para a extinção de sua punibilidade" (AgRg no HC 644.942/GO, Rel. Ministro Antonio
Saldanha Palheiro, Sexta Turma, DJe 17/6/2021).
Com efeito, o período em que o sentenciado deixou de comparecer em juízo por causa da
pandemia da covid-19 não pode ser considerado como tempo efetivamente cumprido. Apesar de o
reeducando não ter dado causa àquela situação, não se pode concluir que a finalidade da pena
(retribuição e de ressocialização do indivíduo) tenha sido atingida apenas pelo decurso do tempo.
É dever do juízo da execução dar fiel cumprimento ao título judicial, executando a pena do
réu nos limites impostos na sentença. A alteração das disposições contidas no título judicial, com o
desprezo do período de pena remanescente, sem nenhuma justificativa legal, viola a coisa julgada.
Desse modo, o réu não pode se beneficiar daquilo que efetivamente não cumpriu, sob pena
de se vulnerar a função ressocializadora, bem como retributiva da reprimenda, ensejando, com isso,
grave insegurança jurídica no tocante à execução da pena.
O tempo que o agente deixou de comparecer no fórum em razão da pandemia nao pode
ser considerado como pena efetivamente cumprida
O STJ nao aceita o cumprimento ficto da pena
Função ressocializadora
Função retribuída da pena
Coisa julgada
Descumprimento das condições do titulo
Insegurança jurídica
SEXTA TURMA
DESTAQUE
Assim, forçoso concluir que a inspeção de segurança nas bagagens dos passageiros do
ônibus, em fiscalização de rotina realizada pela Polícia Rodoviária Federal, teve natureza
administrativa, ou seja, não se deu como busca pessoal de natureza processual penal e, portanto,
prescindiria de fundada suspeita.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Edição 1110/2023
6 DE OUTUBRO DE 2023
Secretaria-Geral da Presidência
Aline Rezende Peres Osorio
Gabinete da Presidência
Fernanda Silva de Paula
Diretoria-Geral
Eduardo Silva Toledo
Equipe Técnica
Renan Arakawa Pamplona
Anna Daniela de Araújo M. dos Santos
Daniela Damasceno Neves Pinheiro
João de Souza Nascimento Neto
Luiz Carlos Gomes de Freitas Júnior
Mariana Bontempo Bastos
Priscila Py Teixeira
Ricardo Henriques Pontes
Tays Renata Lemos Nogueira
Diagramação
Cínthia Aryssa Okada
Leonardo Ramsés Cunha Oliveira
INFORMAÇÕES
ADICIONAIS
Informativo STF [recurso eletrônico] / Supremo Tribunal Federal. N. 1, (1995) – . Brasília : STF, 1995 – .
Semanal.
O Informativo STF, periódico semanal do Supremo Tribunal Federal, apresenta, de forma objetiva e concisa, resumos das teses e
conclusões dos principais julgamentos realizados pelos órgãos colegiados – Plenário e Turmas –, em ambiente presencial e virtual.
http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF
ISSN: 2675-8210.
1. Tribunal supremo, jurisprudência, Brasil. 2. Tribunal supremo, periódico, Brasil. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). Secretaria de
Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação.
CDDir 340.6
Permite-se a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem alteração do conteúdo, desde que citada a fonte.
ISSN: 2675-8210
INFORMATIVO STF. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação, n. 1110/2023.
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF. Data de divulgação: 6 de outubro de 2023.
INFORMATIVO STF 6 DE OUTUBRO DE 2023 | 1110/2023
MINISTRO
LUÍS ROBERTO BARROSO
Presidente [26.6.2013]
MINISTRO
LUIZ EDSON FACHIN
Vice-presidente [16.6.2015]
MINISTRO
GILMAR FERREIRA MENDES
Decano [20.6.2002]
MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.6.2006]
MINISTRO
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]
MINISTRO
LUIZ FUX
[3.3.2011]
MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES
[22.3.2017]
MINISTRO
KASSIO NUNES MARQUES
[5.11.2020]
MINISTRO
ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA
[16.12.2021]
MINISTRO
CRISTIANO ZANIN MARTINS
[04.08.2023]
INFORMATIVO STF 6 DE OUTUBRO DE 2023 | 1110/2023
SUMÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO AMBIENTAL
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO TRIBUTÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
TESE FIXADA:
RESUMO:
Conforme entendimento firmado por esta Corte (1), os servidores públicos federais inativos,
no período em questionamento, fazem jus ao reajuste anual de seus proventos segundo
SUMÁRIO
6
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
o índice do RGPS, nos termos do art. 40, § 8º, da Constituição Federal de 1988 (2), do
art. 15 da Lei 10.887/2004 (3) e do art. 65 da Orientação Normativa 3/2004 do MPS (4).
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, ao apreciar o Tema 1.224
da repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário.
(2) CF/1988: “Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de
aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (...) §
8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
conforme critérios estabelecidos em lei.”
(3) Lei 10.887/2004: “Art. 15. Os proventos de aposentadoria e as pensões de que tratam os arts. 1º e 2º desta
Lei serão reajustados, a partir de janeiro de 2008, na mesma data e índice em que se der o reajuste dos
benefícios do regime geral de previdência social, ressalvados os beneficiados pela garantia de paridade
de revisão de proventos de aposentadoria e pensões de acordo com a legislação vigente. (Redação dada
pela Lei 11.784/2008) (Vide ADI 4.582)”
(4) Orientação Normativa 3/2004 do Ministério da Previdência Social: “Art. 65. Os benefícios de aposentadoria
e pensão, de que tratam os art. 47,48, 49, 50, 51, 54 e 55 serão reajustados para preservar-lhes, em caráter
permanente, o valor real, na mesma data em que se der o reajuste dos benefícios do RGPS, de acordo com a
variação do índice definido em lei pelo ente federativo. Parágrafo único. Na ausência de definição do índice
de reajustamento pelo ente, os benefícios serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos benefícios
do RGPS.”
(5) Precedentes citados: ARE 716.269 AgR; RE 1.130.297 AgR e RE 630.469 AgR.
RE 1.372.723/RS, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 29.9.2023 (sexta-
feira), às 23:59
SUMÁRIO
7
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
SUMÁRIO
8
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
(2) CF/1988: “Art. 20. São bens da União: (...) § 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios a participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural,
de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo
território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira
por essa exploração. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019) (Produção de efeito)
(...) Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. (...) § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão
público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente
da obrigação de reparar os danos causados.”
(4) Lei 5.887/1995 do Estado do Pará (na redação dada pela Lei paraense 6.986/2007): “Art. 38. A lavra de
recursos minerais, sob qualquer regime de exploração e aproveitamento, sempre respeitada a legislação
federal pertinente e os demais atos e normas específicos de atribuição da União, dependerá de: I - prévio
licenciamento do órgão ambiental competente; II - indenização monetária pelos danos causados ao meio
ambiente, independentemente da obrigação de reparo do dano. § 1º Constitui fato gerador da indenização
monetária pelos danos causados ao meio ambiente, a saída de produto mineral das áreas da jazida, mina,
salina ou de outros depósitos minerais de onde provém e se equipara à saída, o consumo ou a utilização da
substância mineral, em processo de industrialização realizado dentro das áreas da jazida, mina, salina ou de
outros depósitos minerais, suas áreas limítrofes ou ainda em qualquer estabelecimento. § 2º A indenização
monetária pelos danos causados ao meio ambiente prevista no inciso II deste artigo, será calculada sobre
o total das receitas resultantes da venda do produto mineral, obtido após a última etapa do processo de
beneficiamento adotado e antes de sua transformação industrial, excluídos os tributos incidentes. § 3º O
percentual da indenização prevista no inciso II deste artigo, de acordo com as classes de substâncias minerais
será de: I - bauxita, manganês, ouro e ferro: 3% (três por cento); II - pedras preciosas, pedras coradas lapidáveis,
carbonatos e metais nobres: 0,2% (dois décimos por cento); III - areia, pedra, barro, seixo e demais materiais
básicos de construção civil, incluindo aterros: 0,5 (cinco décimos por cento); IV - demais substâncias minerais:
2% (dois por cento). § 4º A indenização monetária pelos danos causados ao meio ambiente prevista no inciso
II deste artigo, será lançada mensalmente pelo devedor em documento próprio, que conterá a descrição da
operação que lhe deu origem, o produto a que se referir o respectivo cálculo, em parcelas destacadas, e
discriminação dos tributos incidentes, se houver, de forma a tornar possível sua correta identificação. (...)”
ADI 4.031/PA, relatora Ministra Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 29.9.2023 (sexta-
feira), às 23:59
SUMÁRIO
9
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
Os estados-membros podem editar medidas provisórias desde que essa espécie legis-
lativa esteja prevista na Constituição estadual e seja observado o conjunto básico das
regras do processo legislativo da Constituição Federal de 1988 (1).
SUMÁRIO
10
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
(3) CF/1988: “Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001) (...) § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração
de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001) (...) Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: (...) b) no mesmo
exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional
nº 3, de 1993) c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)”
(4) Lei 4.141/2003 do Estado do Tocantins: “Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo
efeitos a partir de 1º de abril de 2023”.
ADI 7.375/TO, relator Ministro André Mendonça, julgamento virtual finalizado em 29.9.2023 (sexta-
feira), às 23:59
SUMÁRIO
11
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
VÍDEO DO VÍDEO DO
JULGAMENTO JULGAMENTO
Parte 5 Parte 6
TESE FIXADA:
SUMÁRIO
12
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
SUMÁRIO
13
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
RESUMO:
(1) CF/1988: “Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições,
e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las,
proteger e fazer respeitar todos os seus bens. § 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por
eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à
preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física
e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. § 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e
dos lagos nelas existentes. § 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos,
a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização
do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos
resultados da lavra, na forma da lei. § 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis,
e os direitos sobre elas, imprescritíveis. § 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras,
salvo, ‘ad referendum’ do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua
população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em
qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco. § 6º São nulos e extintos, não produzindo
efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere
este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado
relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e
a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias
derivadas da ocupação de boa fé. § 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e § 4º.”
SUMÁRIO
14
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
TESE FIXADA:
RESUMO:
SUMÁRIO
15
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
(2) EC 94/2016: “Art. 2º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar acrescido dos
seguintes arts. 101 a 105: ‘Art. 101. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, em 25 de março de
2015, estiverem em mora com o pagamento de seus precatórios quitarão até 31 de dezembro de 2020 seus
débitos vencidos e os que vencerão dentro desse período, depositando, mensalmente, em conta especial do
Tribunal de Justiça local, sob única e exclusiva administração desse, 1/12 (um doze avos) do valor calculado
percentualmente sobre as respectivas receitas correntes líquidas, apuradas no segundo mês anterior ao mês
de pagamento, em percentual suficiente para a quitação de seus débitos e, ainda que variável, nunca inferior,
em cada exercício, à média do comprometimento percentual da receita corrente líquida no período de 2012 a
2014, em conformidade com plano de pagamento a ser anualmente apresentado ao Tribunal de Justiça local.
(...) § 2º O débito de precatórios poderá ser pago mediante a utilização de recursos orçamentários próprios
e dos seguintes instrumentos: I - até 75% (setenta e cinco por cento) do montante dos depósitos judiciais
e dos depósitos administrativos em dinheiro referentes a processos judiciais ou administrativos, tributários
ou não tributários, nos quais o Estado, o Distrito Federal ou os Municípios, ou suas autarquias, fundações
e empresas estatais dependentes, sejam parte; II - até 20% (vinte por cento) dos demais depósitos judiciais
da localidade, sob jurisdição do respectivo Tribunal de Justiça, excetuados os destinados à quitação de
créditos de natureza alimentícia, mediante instituição de fundo garantidor composto pela parcela restante
dos depósitos judiciais, destinando-se: a) no caso do Distrito Federal, 100% (cem por cento) desses recursos
ao próprio Distrito Federal; b) no caso dos Estados, 50% (cinquenta por cento) desses recursos ao próprio
Estado e 50% (cinquenta por cento) a seus Municípios;”
ADI 5.679/DF, relator Ministro Luís Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 29.9.2023
(sexta-feira), às 23:59
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
SUMÁRIO
16
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, referendou a decisão que
deferiu em parte a medida cautelar pleiteada para: (a) atribuir interpretação conforme
a Constituição ao art. 161, I, a e b, da Constituição do Estado do Pará, e aos arts. 24,
XII, 116, 118, 232, 233 e 234, todos do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do
Estado do Pará, de modo a estabelecer a necessidade de autorização judicial para
a instauração de investigações penais originárias perante o Tribunal de Justiça do
Estado do Pará, seja pela Polícia Judiciária, seja pelo Ministério Público; e (b) determi-
nar o imediato envio dos inquéritos policiais e procedimentos de investigação da Polícia
Judiciária e do Ministério Público instaurados ao Tribunal de Justiça, para imediata dis-
tribuição e análise do desembargador relator sobre a existência de justa causa para
a continuidade da investigação.
(1) Regimento Interno do STF/1980: “Art 21. São atribuições do Relator: (...) XV – determinar a instauração de
inquérito a pedido do Procurador-Geral da República, da autoridade policial ou do ofendido, bem como o seu
arquivamento, quando o requerer o Procurador-Geral da República, ou quando verificar: (Redação dada pela
Emenda Regimental n. 44, de 2 de junho de 2011) a) a existência manifesta de causa excludente da ilicitude
do fato; (Incluída pela Emenda Regimental n. 44, de 2 de junho de 2011) b) a existência manifesta de causa
excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; (Incluída pela Emenda Regimental n. 44, de 2
de junho de 2011) c) que o fato narrado evidentemente não constitui crime; (Incluída pela Emenda Regimental
n. 44, de 2 de junho de 2011) d) extinta a punibilidade do agente; ou (Incluída pela Emenda Regimental n. 44,
de 2 de junho de 2011) e) ausência de indícios mínimos de autoria ou materialidade. (Incluída pela Emenda
Regimental n. 44, de 2 de junho de 2011).”
(3) Precedentes citados: AP 933 QO; AP 912; RE 1.322.854 AgR e ADI 7.083.
ADI 7.447 MC-Ref/PA, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em
29.9.2023 (sexta-feira), às 23:59
SUMÁRIO
17
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
(1) Precedentes citados: RE 651.703 (Tema 581 RG); RE 603.136 (Tema 300 RG) e RE 784.439 (Tema 296 RG).
(2) Lista de serviços anexa à Lei Complementar 116/2003: “9 – Serviços relativos a hospedagem, turismo,
viagens e congêneres. 9.01 – Hospedagem de qualquer natureza em hotéis, apart-service condominiais,
flat, apart-hotéis, hotéis residência, residence-service, suite service, hotelaria marítima, motéis, pensões
e congêneres; ocupação por temporada com fornecimento de serviço (o valor da alimentação e gorjeta,
quando incluído no preço da diária, fica sujeito ao Imposto Sobre Serviços).”
ADI 5.764/DF, relator Ministro André Mendonça, julgamento virtual finalizado em 29.9.2023 (sexta-
feira), às 23:59
SUMÁRIO
18
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
RE 1.321.219/CE
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI REPERCUSSÃO
GERAL
RE 1.387.795/MG
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI REPERCUSSÃO
GERAL
SUMÁRIO
19
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
RE 825.274/SP
REPERCUSSÃO
GERAL
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI
ADPF 488/DF
Relatora: Ministra ROSA WEBER
SUMÁRIO
20
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
ADI 5.635/DF
Relator: Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO
ADPF 1.063/SP
Relator: Ministro ALEXANDRE DE MORAES
SUMÁRIO
21
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1110/2023 |
SUMÁRIO
22
Edição 1111/2023
13 DE OUTUBRO DE 2023
Secretaria-Geral da Presidência
Aline Rezende Peres Osorio
Gabinete da Presidência
Fernanda Silva de Paula
Diretoria-Geral
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Renan Arakawa Pamplona
Anna Daniela de Araújo M. dos Santos
Daniela Damasceno Neves Pinheiro
João de Souza Nascimento Neto
Luiz Carlos Gomes de Freitas Júnior
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Priscila Py Teixeira
Ricardo Henriques Pontes
Tays Renata Lemos Nogueira
Diagramação
Cínthia Aryssa Okada
Leonardo Ramsés Cunha Oliveira
INFORMAÇÕES
ADICIONAIS
Informativo STF [recurso eletrônico] / Supremo Tribunal Federal. N. 1, (1995) – . Brasília : STF, 1995 – .
Semanal.
O Informativo STF, periódico semanal do Supremo Tribunal Federal, apresenta, de forma objetiva e concisa, resumos das teses e
conclusões dos principais julgamentos realizados pelos órgãos colegiados – Plenário e Turmas –, em ambiente presencial e virtual.
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ISSN: 2675-8210.
1. Tribunal supremo, jurisprudência, Brasil. 2. Tribunal supremo, periódico, Brasil. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). Secretaria de
Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação.
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Permite-se a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem alteração do conteúdo, desde que citada a fonte.
ISSN: 2675-8210
INFORMATIVO STF. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação, n. 1111/2023.
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF. Data de divulgação: 13 de outubro de 2023.
INFORMATIVO STF 13 DE OUTUBRO DE 2023 | 1111/2023
MINISTRO
LUÍS ROBERTO BARROSO
Presidente [26.6.2013]
MINISTRO
LUIZ EDSON FACHIN
Vice-presidente [16.6.2015]
MINISTRO
GILMAR FERREIRA MENDES
Decano [20.6.2002]
MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.6.2006]
MINISTRO
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]
MINISTRO
LUIZ FUX
[3.3.2011]
MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES
[22.3.2017]
MINISTRO
KASSIO NUNES MARQUES
[5.11.2020]
MINISTRO
ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA
[16.12.2021]
MINISTRO
CRISTIANO ZANIN MARTINS
[04.08.2023]
INFORMATIVO STF 13 DE OUTUBRO DE 2023 | 1111/2023
SUMÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO TRIBUTÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
TESE FIXADA:
SUMÁRIO
6
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1111/2023 |
RESUMO:
Com base nesses e outros entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou parcialmente
procedente a ADPF para:
a. reconhecer o estado de coisas inconstitucional do sistema carce-
rário brasileiro;
b. determinar que juízes e tribunais:
(b.1) realizem audiências de custódia, preferencialmente de forma pre-
sencial, de modo a viabilizar o comparecimento do preso perante a
autoridade judiciária em até 24 horas contadas do momento da prisão;
(b.2) fundamentem a não aplicação de medidas cautelares e penas
alternativas à prisão, sempre que possíveis, tendo em conta o quadro
dramático do sistema carcerário;
c. ordenar a liberação e o não contingenciamento dos recursos do
FUNPEN;
SUMÁRIO
7
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1111/2023 |
ADPF 347/DF, relator Ministro Marco Aurélio, redator do acórdão Ministro Luís Roberto Barroso,
julgamento finalizado em 4.10.2023
SUMÁRIO
8
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1111/2023 |
VÍDEO DO VÍDEO DO
JULGAMENTO JULGAMENTO
Parte 1 Parte 2
TESE FIXADA:
RESUMO:
SUMÁRIO
9
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1111/2023 |
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, ao apreciar o Tema 542
da repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário.
(1) CF/1988: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social: (...) XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração
de cento e vinte dias; (...) Art. 39. (...) § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto
no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos
diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.”
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
SUMÁRIO
10
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1111/2023 |
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente a ADPF
para: (i) declarar a não recepção do art. 178, caput, da Constituição do Estado de
Mato Grosso; do art. 1º da Lei Complementar 43/1996 do Estado de Mato Grosso;
e do art. 3º, caput, da Lei Complementar 23/1992 do Estado de Mato Grosso; (ii)
declarar a inconstitucionalidade do art. 1º, caput, da Emenda Constitucional estadual
16/2000; e (iii) reconhecer a convalidação da Lei mato-grossense 7.264/2000 pelo
art. 96 do ADCT.
(1) CF/1988: “Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. (...)
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual,
dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
apresentados e publicados na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996)
Vide art. 96 - ADCT”
(2) ADCT: “Art. 96. Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios,
cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação
do respectivo Estado à época de sua criação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 57, de 2008)”
(3) Lei 7.264/2000 do Estado de Mato Grosso: “Art. 1º Fica criado o Município de Boa Esperança do Norte,
com sede na localidade do mesmo nome, com área territorial desmembrada dos Municípios de Sorriso e
Nova Ubiratã.”
ADPF 819/MT, relator Ministro Luís Roberto Barroso, redator do acórdão Ministro Gilmar Mendes,
julgamento virtual finalizado em 6.10.2023 (sexta-feira), às 23:59
SUMÁRIO
11
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1111/2023 |
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou procedente a ação,
para declarar a inconstitucionalidade da Lei 9.925/2022 do Estado do Rio de Janeiro (3).
(2) Precedentes citados: ADI 5.723; ADI 5.575; ADI 6.199; ADI 5.521; ADI 4.861 e ADI 6.482.
(3) Lei 9.925/2022 do Estado do Rio de Janeiro: “Art. 1º Fica assegurado, ao consumidor de serviço móvel
de telefonia, o direito a funcionalidade e acesso de dados para fins de ligação telefônica e utilização da
internet em todas as passagens subterrâneas de trânsito no Estado do Rio de Janeiro, cuja extensão seja
superior a 1.000 (um mil) metros, independente da modalidade de transporte que a utilize, em especial
no transporte rodoviário, ferroviário e metroviário. Art. 2º As concessionárias de telefonia móvel poderão
viabilizar esse direito do consumidor por meio de repetidores de sinais nas passagens subterrâneas ou por
SUMÁRIO
12
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1111/2023 |
meio de instalação de equipamentos equivalentes nas composições de trem e metrô, para manter o sinal de
telefonia aos usuários destes serviços de transporte, respeitadas as regras para tal instalação previstas na
Legislação Municipal e/ou Estadual. § 1º A instalação destes equipamentos dar-se-á de forma gratuita, sem
ônus para o consumidor, ficando as concessionárias de telefonia responsáveis por qualquer custo relativo
à alocação e manutenção destes equipamentos nos locais abrangidos por esta lei. § 2º As concessionárias
de telefonia deverão observar as regras locais específicas da Legislação de cada município no tocante à
engenharia, à construção e à localização de torres de transmissão de sinal de telefonia móvel e repetidores
de sinal, caso existentes, cumprindo todas as exigências para a instalação dos equipamentos previstos nesta
Lei. Art. 3º As concessionárias de telefonia terão o prazo de 12 (doze) meses para se adaptarem às previsões
da presente lei. Art. 4º O Poder Executivo regulamentará a presente lei. Art. 5º Esta Lei entra em vigor na
data da sua publicação.”
ADI 7.404/RJ, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 6.10.2023
(sexta-feira), às 23:59
VÍDEO DO
JULGAMENTO
Parte Única
TESE FIXADA:
“A suspensão dos direitos políticos prevista no artigo 15, III, da Constituição Federal
(‘condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos’) não
impede a nomeação e posse de candidato aprovado em concurso público, desde
que não incompatível com a infração penal praticada, em respeito aos princípios
da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho (CF, art. 1º, III e IV) e
do dever do Estado em proporcionar as condições necessárias para a harmônica
integração social do condenado, objetivo principal da execução penal, nos termos
do artigo 1º da LEP (Lei nº 7.210/84). O início do efetivo exercício do cargo ficará
SUMÁRIO
13
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1111/2023 |
RESUMO:
Não se pode interpretar a norma constitucional (CF/1988, art. 15, III) como restritiva de
outros direitos senão daqueles em relação aos quais se cumpre a finalidade da sus-
pensão dos direitos políticos.
Ademais, ainda que o pleno gozo dos direitos políticos também seja um requisito legal
para a investidura em cargo público (Lei 8.112/1990, art. 5º, II), a condenação crimi-
nal transitada em julgado não impede, por si só, a nomeação e posse do condenado
regularmente aprovado em concurso, visto que os seus direitos civis e sociais perma-
necem devidamente assegurados e, portanto, o direito de trabalhar e de ter acesso
aos cargos públicos (2).
A ressocialização dos presos no País é um desafio que deve ser enfrentado dando-lhes
a possibilidade de estudo e de trabalho, motivo pelo qual o princípio da dignidade da
pessoa humana (CF/1988, art. 1º, III) impõe ao Estado o dever de proporcionar condições
favoráveis à integração social do condenado por meio da valorização do trabalho no
âmbito da iniciativa privada e, fundamentalmente, na esfera pública (CF/1988, art. 1º, IV).
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por maioria, ao apreciar o Tema 1.190 da
repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário.
(1) CF/1988: “Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos
de: (...) III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;”
SUMÁRIO
14
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1111/2023 |
(2) Lei 7.210/1984 (Lei de Execuções Penais): “Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições
de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado
e do internado.”
TESE FIXADA:
RESUMO:
O referido contrato, cuja previsão se encontra na Lei 9.779/1999 (2), insere-se na espé-
cie “operações de crédito”, ainda que firmado entre particulares. Nesse contexto, a
Constituição Federal autoriza a instituição do IOF (3), por se tratar de negócio jurídico
realizado com o objetivo de se obter, junto a terceiro e sob vínculo de confiança, a
disponibilidade de recursos que serão restituídos após período de tempo específico e
com sujeição dos riscos inerentes à operação.
SUMÁRIO
15
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1111/2023 |
Ademais, apesar de o IOF ter sido criado como instrumento de regulação do mercado
financeiro e da política monetária, sua função regulatória não é exclusiva, de modo que
a incidência do imposto também não fica restrita a operações do mercado financeiro (4).
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por unanimidade, ao apreciar o Tema 104
da repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário.
(2) Lei 9.779/1999: “Art. 13. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre
pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitam-se à incidência do IOF segundo as mesmas
normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras.”
(3) CF/1988: “Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...) V - operações de crédito, câmbio e seguro,
ou relativas a títulos ou valores mobiliários;”
RE 590.186/RS, relator Ministro Cristiano Zanin, julgamento virtual finalizado em 6.10.2023 (sexta-
feira), às 23:59
SUMÁRIO
16
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1111/2023 |
ARE 1.266.095/RJ
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI REPERCUSSÃO
GERAL
SUMÁRIO
17
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1111/2023 |
ADI 7.412/TO
ADI 7.413/CE
Relator: Ministro EDSON FACHIN
ADI 5.128/SE
Relator: Ministro ANDRÉ MENDONÇA
SUMÁRIO
18
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1111/2023 |
Resolução 808, de 6.10.2023 - Declara luto oficial no Supremo Tribunal Federal, por três dias,
em razão do falecimento do Ministro José Carlos Moreira Alves.
Norma de Prazo e Feriado PRT STF 257, de 10.10.2023 - Altera o art. 1º inciso IX-A da Portaria
GDG nº 5, de 6 de janeiro de 2023, considerando ponto facultativo o dia 13 de outubro de 2023
(Ementa elaborada pela Biblioteca).
SUMÁRIO
19
L 27/10
:
R : 27/10
09/11
Edição 1112/2023
20 DE OUTUBRO DE 2023
Secretaria-Geral da Presidência
Aline Rezende Peres Osorio
Gabinete da Presidência
Fernanda Silva de Paula
Diretoria-Geral
Eduardo Silva Toledo
Equipe Técnica
Renan Arakawa Pamplona
Anna Daniela de Araújo M. dos Santos
Daniela Damasceno Neves Pinheiro
João de Souza Nascimento Neto
Luiz Carlos Gomes de Freitas Júnior
Mariana Bontempo Bastos
Priscila Py Teixeira
Ricardo Henriques Pontes
Tays Renata Lemos Nogueira
Diagramação
Ana Carolina Caetano
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ISSN: 2675-8210.
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Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação.
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INFORMATIVO STF 20 DE OUTUBRO DE 2023 | 1112/2023
MINISTRO
LUÍS ROBERTO BARROSO
Presidente [26.6.2013]
MINISTRO
LUIZ EDSON FACHIN
Vice-presidente [16.6.2015]
MINISTRO
GILMAR FERREIRA MENDES
Decano [20.6.2002]
MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.6.2006]
MINISTRO
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]
MINISTRO
LUIZ FUX
[3.3.2011]
MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES
[22.3.2017]
MINISTRO
KASSIO NUNES MARQUES
[5.11.2020]
MINISTRO
ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA
[16.12.2021]
MINISTRO
CRISTIANO ZANIN MARTINS
[04.08.2023]
INFORMATIVO STF 20 DE OUTUBRO DE 2023 | 1112/2023
SUMÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO FINANCEIRO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente a ação, para
declarar a inconstitucionalidade da Lei 11.179/1998 do Estado do Rio Grande do Sul.
Além disso, por unanimidade, atribuiu efeito ex nunc à decisão, para que produza
efeitos somente a partir de seu trânsito em julgado.
(2) CF/1988: “Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na
forma e nos casos previstos nesta Constituição. § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República
SUMÁRIO
6
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1112/2023 |
as leis que: (...) II - disponham sobre: (...) b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e
orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; (...) Art. 165. Leis de iniciativa do
Poder Executivo estabelecerão: (...) III - os orçamentos anuais. (...) § 8º A lei orçamentária anual não conterá
dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização
para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação
de receita, nos termos da lei.”
(3) CF/1988: “Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento
anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do
regimento comum.”
ADI 2.037/RS, relator Ministro Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 29.9.2023 (sexta-
feira), às 23:59
briedade de condicionantes
to brig
- S
↓ e ÁUDIO
inconstitucional
DO TEXTO
RESUMO:
modo da exploração desses serviços (CF/1988, art. 21, XI c/c o art. 175) — legislação
municipal que estabelece a obrigatoriedade de condicionantes para a instalação
-
- -
e o funcionamento de antenas, postes, torres, contêineres e demais equipamentos
-
-
- - -
-
~ -
Conforme a jurisprudência desta Corte, legislação local que repercute sobre o núcleo
regulatório das atividades de telecomunicação invade a competência privativa da
União (1).
SUMÁRIO
7
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1112/2023 |
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou procedente a ação,
para declarar a inconstitucionalidade da Lei 7.972/2021 e do Decreto 39.370/2022,
ambos do Município de Guarulhos/SP.
(1) Precedentes citados: ADI 3.110; ADI 5.723; ADI 5.575 e ADI 5.521.
ADPF 1.063/SP, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 17.10.2023
(terça-feira), às 23:59
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
TESE FIXADA:
RESUMO:
É constitucional lei estadual que institui fundo atípico com a finalidade de promo-
ver o equilíbrio fiscal da respectiva unidade federada, desde que suas receitas
possuam destinação genérica, podendo atender a quaisquer demandas.
SUMÁRIO
8
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1112/2023 |
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou parcial-
mente procedente a ação, para conferir interpretação conforme a Constituição ao art.
2º da Lei 7.428/2016 (2) e ao art. 2º da Lei 8.645/2019 (3), ambas do Estado do Rio
de Janeiro, de modo a: (i) afastar qualquer exegese que vincule as receitas vertidas
ao FEEF/FOT a um programa governamental específico; e (ii) garantir a não cumulati-
vidade do ICMS relativo ao depósito instituído, sem prejuízo da vedação ao aprovei-
tamento indevido dos créditos. Além disso, o Tribunal salientou serem aplicáveis aos
depósitos em questão as regras próprias do ICMS.
(1) CF/1988: “Art. 167. São vedados: (...) IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a
destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento
do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente,
pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de
receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;”
(2) Lei 7.428/2016 do Estado do Rio de Janeiro: “Art. 2º – A fruição do benefício fiscal ou incentivo fiscal, já
concedido ou que vier a ser concedido, fica condicionada ao depósito ao FEEF do montante equivalente
ao percentual de 10% (dez por cento) aplicado sobre a diferença entre o valor do imposto calculado com e
sem a utilização de benefício ou incentivo fiscal concedido à empresa contribuinte do ICMS, nos termos do
Convênio ICMS 42, de 3 de maio de 2016, já considerado no aludido percentual a base de cálculo para o
repasse constitucional para os Municípios (25%).”
(3) Lei 8.645/2019 do Estado do Rio de Janeiro: “Art. 2º A fruição de incentivos fiscais e de incentivos financeiro-
fiscais fica condicionada ao depósito no fundo disciplinado no artigo 1º, de percentual de 10% (dez por
cento), aplicado sobre a diferença entre o valor do imposto calculado com e sem a utilização de benefícios
ou incentivos fiscais concedidos à empresa contribuinte do ICMS, já considerada, no aludido percentual, a
base de cálculo para o repasse constitucional para os municípios.”
ADI 5.635/DF, relator Ministro Luís Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 17.10.2023
(terça-feira), às 23:59
SUMÁRIO
9
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1112/2023 |
ADI 5.553/DF
Relator: Ministro EDSON FACHIN
ADI 5.934/ES
Relator: Ministro EDSON FACHIN
SUMÁRIO
10
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1112/2023 |
ADI 7.180/AP
Relator: Ministro ALEXANDRE DE MORAES
ADI 2.356/DF
ADI 2.362/DF
Relator: Ministro NUNES MARQUES
ADI 4.450/MS
Relator: Ministro NUNES MARQUES
SUMÁRIO
11
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1112/2023 |
ADI 3.117/MS
Relator: Ministro NUNES MARQUES
ADI 6.164/RJ
Relator: Ministro NUNES MARQUES
SUMÁRIO
12
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1112/2023 |
SUMÁRIO
13
Edição 1113/2023
27 DE OUTUBRO DE 2023
Secretaria-Geral da Presidência
Aline Rezende Peres Osorio
Gabinete da Presidência
Fernanda Silva de Paula
Diretoria-Geral
Eduardo Silva Toledo
Equipe Técnica
Renan Arakawa Pamplona
Anna Daniela de Araújo M. dos Santos
Daniela Damasceno Neves Pinheiro
João de Souza Nascimento Neto
Luiz Carlos Gomes de Freitas Júnior
Mariana Bontempo Bastos
Priscila Py Teixeira
Ricardo Henriques Pontes
Tays Renata Lemos Nogueira
Diagramação
Ana Carolina Caetano
INFORMAÇÕES
ADICIONAIS
Informativo STF [recurso eletrônico] / Supremo Tribunal Federal. N. 1, (1995) – . Brasília : STF, 1995 – .
Semanal.
O Informativo STF, periódico semanal do Supremo Tribunal Federal, apresenta, de forma objetiva e concisa, resumos das teses e
conclusões dos principais julgamentos realizados pelos órgãos colegiados – Plenário e Turmas –, em ambiente presencial e virtual.
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1. Tribunal supremo, jurisprudência, Brasil. 2. Tribunal supremo, periódico, Brasil. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). Secretaria de
Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação.
CDDir 340.6
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ISSN: 2675-8210
INFORMATIVO STF. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação, n. 1113/2023.
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF. Data de divulgação: 27 de outubro de 2023.
INFORMATIVO STF 27 DE OUTUBRO DE 2023 | 1113/2023
MINISTRO
LUÍS ROBERTO BARROSO
Presidente [26.6.2013]
MINISTRO
LUIZ EDSON FACHIN
Vice-presidente [16.6.2015]
MINISTRO
GILMAR FERREIRA MENDES
Decano [20.6.2002]
MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.6.2006]
MINISTRO
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]
MINISTRO
LUIZ FUX
[3.3.2011]
MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES
[22.3.2017]
MINISTRO
KASSIO NUNES MARQUES
[5.11.2020]
MINISTRO
ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA
[16.12.2021]
MINISTRO
CRISTIANO ZANIN MARTINS
[04.08.2023]
INFORMATIVO STF 27 DE OUTUBRO DE 2023 | 1113/2023
SUMÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO ELEITORAL
DIREITO PENAL
DIREITO PENAL
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
VÍDEO DO
JULGAMENTO
Parte Única
TESE FIXADA:
RESUMO:
SUMÁRIO
7
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, ao apreciar o Tema 865 da
repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e limitou a eficácia tem-
poral da decisão para que as teses ora fixadas sejam aplicadas somente às desa-
propriações propostas a partir da publicação da ata deste julgamento, ressalvadas
as ações judiciais em curso em que se discuta expressamente a constitucionalidade
do pagamento da complementação da indenização por meio de precatório judicial.
SUMÁRIO
8
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
TESE FIXADA:
RESUMO:
SUMÁRIO
9
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
Nesse contexto, não há invasão da competência dos entes menores para definir o
regime dos seus servidores, porque se trata apenas do estabelecimento de uma con-
traprestação mínima, o que não impede que os entes federativos prevejam outras par-
celas para compor a remuneração final.
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por maioria, ao apreciar o Tema 1.132 da
repercussão geral, deu parcial provimento ao recurso extraordinário para reformar
em parte o acórdão recorrido e, por conseguinte, determinar que, na implementação
do pagamento do piso nacional da categoria aos servidores estatutários municipais,
previsto na Lei 12.994/2014, seja considerada a interpretação ora conferida à expres-
são “piso salarial”.
(1) CF/1988: “Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada
e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: (...) § 5º Lei federal disporá
sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias, competindo
à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional
63/2010) § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constituição Federal,
o servidor que exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate
às endemias poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei,
para o seu exercício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006) § 7º O vencimento dos agentes
comunitários de saúde e dos agentes de combate às endemias fica sob responsabilidade da União, e cabe
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer, além de outros consectários e vantagens,
incentivos, auxílios, gratificações e indenizações, a fim de valorizar o trabalho desses profissionais. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022) § 8º Os recursos destinados ao pagamento do vencimento dos
agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às endemias serão consignados no orçamento
geral da União com dotação própria e exclusiva. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022) § 9º
O vencimento dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às endemias não será inferior a
2 (dois) salários mínimos, repassados pela União aos Municípios, aos Estados e ao Distrito Federal. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022) § 10. Os agentes comunitários de saúde e os agentes de
combate às endemias terão também, em razão dos riscos inerentes às funções desempenhadas, aposentadoria
especial e, somado aos seus vencimentos, adicional de insalubridade. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 120, de 2022) § 11. Os recursos financeiros repassados pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios para pagamento do vencimento ou de qualquer outra vantagem dos agentes comunitários de
saúde e dos agentes de combate às endemias não serão objeto de inclusão no cálculo para fins do limite
de despesa com pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022)”
SUMÁRIO
10
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
VÍDEO DO
JULGAMENTO
Parte Única
RESUMO:
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente a ação
para declarar a constitucionalidade do art. 178 da Lei Complementar 59/2001 do
Estado de Minas Gerais (2).
(1) CF/1988: “Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios: (...) II - promoção de entrância para entrância, alternadamente,
por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas: a) é obrigatória a promoção do juiz que figure
por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento; b) a promoção por merecimento
pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista
de antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago; c) aferição do
SUMÁRIO
11
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
(2) Lei Complementar 59/2001 do Estado de Minas Gerais: “Art. 178 – A remoção do Juiz, voluntária ou
compulsória, só poderá efetivar-se para comarca ou vara a ser provida por merecimento. Parágrafo único –
A remoção de uma para outra vara da mesma comarca poderá efetivar-se, mesmo em se tratando de vaga
a ser provida por antiguidade.”
ADI 6.609/MG, relator Ministro Ricardo Lewandowski, redator do acórdão Ministro Gilmar Mendes,
julgamento finalizado em 19.10.2023
ÁUDIO VÍDEO DO
DO TEXTO JULGAMENTO
Parte Única
RESUMO:
Na espécie, a lei estadual impugnada destinou 80% das vagas aos candidatos que
se enquadrassem na situação acima, de modo que a reserva de apenas 20% para
aqueles que concluíram o ensino médio ou equivalente em ente federativo diverso
restringe excessivamente o acesso de outras pessoas e, consequentemente, reduz a
diversidade entre os alunos.
SUMÁRIO
12
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
(1) CF/1988: “Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - criar distinções
entre brasileiros ou preferências entre si.”
(3) Lei 2.841/2004 do Estado do Amazonas: “Art. 1º - As vagas em cursos e turnos oferecidas anualmente
pela Universidade do Estado do Amazonas em concursos vestibulares terão a distribuição seguinte: I - 80%
(oitenta por cento) para candidatos que: a) comprovem haver cursado as três séries do ensino médio em
instituições públicas ou privadas no Estado do Amazonas; e, b) não possuam curso superior completo ou não o
estejam cursando em instituição pública de ensino. II - 20% (vinte por cento), para candidatos que comprovem
haver concluído o ensino médio ou equivalente em qualquer Estado da Federação ou no Distrito Federal.
§ 1º - Sessenta por cento (60%) das vagas a que se refere o inciso I, dos cursos ministrados em Manaus,
serão destinadas a alunos que tenham cursado as três séries do ensino médio em escola pública no Estado
do Amazonas. § 2º - Tratando-se de candidato aprovado em exame supletivo, a Universidade exigirá, do
candidato que disputar as vagas do inciso I, a comprovação, na forma do edital respectivo, de residência
no Estado do Amazonas por pelo menos 3 (três) anos. § 3º - O candidato indicará, no ato da inscrição, o
conjunto a que pertence a vaga que deseja disputar, responsabilizando-se pelas declarações que prestar.
§ 4º - Na hipótese de não ser suficiente a quantidade de candidatos classificados em um dos conjuntos de
vagas, a Universidade convocará os do outro conjunto, respeitada a ordem de classificação (...)”
RE 614.873/AM, relator Ministro Marco Aurélio, redator do acórdão Ministro Alexandre de Moraes,
julgamento finalizado em 19.10.2023
Todas as vezes que houver uma lei que restrinja direitos fundamentais de
alguém e sempre plausível o argumento do principio da proporcionalidade
SUMÁRIO
13
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
ÁUDIO VÍDEO DO
DO TEXTO JULGAMENTO
Parte Única
RESUMO:
Nesse contexto, diante do longo período no qual o dispositivo citado vem sendo apli-
cado com interpretação diversa (1), a progressiva troca dos substitutos não concursa-
dos então em exercício por titulares de serventia extrajudicial devidamente aprovados
em concurso público (CF/1988, arts. 37, II, e 236, § 3º) deve ser efetivada em até seis
meses, contados da conclusão deste julgamento. Ademais, por questão de segurança
jurídica, e de modo a preservar os direitos dos cidadãos que utilizaram os serviços
cartorários de boa-fé, deve ser ressalvada, em qualquer caso, a validade dos atos
praticados por aqueles nomeados pelo tribunal de justiça, conforme as regras e inter-
pretações vigentes na ocasião.
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por unanimidade, conheceu dos embargos
de declaração e os proveu parcialmente, para retificar trecho da parte dispositiva do
SUMÁRIO
14
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
(1) Lei 8.935/1994: “Art. 20. Os notários e os oficiais de registro poderão, para o desempenho de suas
funções, contratar escreventes, dentre eles escolhendo os substitutos, e auxiliares como empregados, com
remuneração livremente ajustada e sob o regime da legislação do trabalho. § 1º Em cada serviço notarial ou
de registro haverá tantos substitutos, escreventes e auxiliares quantos forem necessários, a critério de cada
notário ou oficial de registro. § 2º Os notários e os oficiais de registro encaminharão ao juízo competente os
nomes dos substitutos. § 3º Os escreventes poderão praticar somente os atos que o notário ou o oficial de
registro autorizar. § 4º Os substitutos poderão, simultaneamente com o notário ou o oficial de registro, praticar
todos os atos que lhe sejam próprios exceto, nos tabelionatos de notas, lavrar testamentos. § 5º Dentre os
substitutos, um deles será designado pelo notário ou oficial de registro para responder pelo respectivo serviço
nas ausências e nos impedimentos do titular.”
ADI 1.183 ED/DF, relator Ministro Nunes Marques, julgamento finalizado em 19.10.2023
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
VÍDEO DO VÍDEO DO
JULGAMENTO JULGAMENTO
Parte 1 Parte 2
TESE FIXADA:
atenção que o julgado fala zona urbana e a lei 6091 fala zona
rural
SUMÁRIO
15
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
RESUMO:
A ausência de política pública com essa finalidade tem o potencial de criar, na prática,
um novo tipo de voto censitário, que retira dos mais pobres a possibilidade de parti-
cipação no processo eleitoral, tendo em vista a extrema desigualdade social existente
no Brasil. Ademais, a medida promove o combate à ilegalidade, evitando que o trans-
porte seja utilizado estrategicamente em localidades específicas e sirva como instru-
mento de interferência no resultado eleitoral.
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou par-
cialmente procedente a ação para: (i) confirmar, no mérito, a medida cautelar conce-
dida; (ii) fazer apelo ao Congresso Nacional para que edite lei regulamentadora da
política de gratuidade de transporte público nas zonas urbanas em dias de eleições,
com frequência compatível com aquela praticada em dias úteis; e, (iii) caso não edi-
tada a lei referida no item anterior, determinar ao Poder Público que, a partir das elei-
ções municipais de 2024, oferte, nas zonas urbanas em dias de eleições, transporte
coletivo municipal e intermunicipal, inclusive o metropolitano.
ADPF 1.013/DF, relator Ministro Luís Roberto Barroso, julgamento finalizado em 18.10.2023
SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
ÁUDIO VÍDEO DO
DO TEXTO JULGAMENTO
Parte Única
ENUNCIADO FIXADO:
RESUMO:
O referido delito (1) não se harmoniza com a hediondez do tráfico de entorpecentes (Lei
11.343/2006, art. 33, caput e § 1º), o que reforça ainda mais o constrangimento ilegal
da estipulação de regime inicial de cumprimento de pena mais gravoso, em especial
o fechado (2), se ausentes vetores negativos na primeira fase da dosimetria da pena.
Ademais, a reincidência do réu desobriga a fixação do regime aberto. Por outro lado,
para a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, o impedi-
mento para a concessão do benefício é mais restrito, ou seja, apenas se verificada a
reincidência específica (3).
SUMÁRIO
17
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
Nesse contexto, as reiteradas decisões desta Corte (4) trazem em sua essência a enver-
gadura constitucional necessária à edição do verbete, relacionada à fundamenta-
ção das decisões (CF/1988, art. 93, IX) e aos postulados da individualização da pena
(CF/1988, art. 5º, XLVI), da legalidade (CF/1988, art. 5º, XXXIX), da humanização da pena
(CF/1988, art. 5º, III e XLII) e da proporcionalidade (CF/1988, art. 5º, LIV).
(1) Lei 11.343/2006: “Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor
à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar: § 1º Nas mesmas penas incorre quem: I – importa, exporta, remete, produz, fabrica,
adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-
prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; II – semeia, cultiva ou faz a colheita,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam
em matéria-prima para a preparação de drogas; III – utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem
a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico
ilícito de drogas. IV – vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à
preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente
policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (...) §
4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
terços, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas
nem integre organização criminosa.”
(3) CP/1940: “Art. 33 – A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A
de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. (...)
§ 2º – As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito
do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais
rigoroso: (...) c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde
o início, cumpri-la em regime aberto (...) Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem
as privativas de liberdade, quando: I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e
o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada,
se o crime for culposo; II – o réu não for reincidente em crime doloso; III – a culpabilidade, os antecedentes,
a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que
essa substituição seja suficiente. § 1o (VETADO) § 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição
pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de
liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação
anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática
do mesmo crime. § 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar
será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de
detenção ou reclusão. § 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz
da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado
cumprir a pena substitutiva anterior.”
(4) Precedentes citados: HC 138.334; HC 134.140; HC 130.074; RHC 125.435; HC 120.876; HC 118.533; HC
117.813; HC 109.344; HC 100.590; HC 99.996; HC 97.256; HC 85.108 e HC 83.509.
SUMÁRIO
18
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
ÁUDIO VÍDEO DO
DO TEXTO JULGAMENTO
Parte Única
RESUMO:
Não comete o crime de apropriação indébita (CP/1940, art. 168, § 1º, II), pois ausente
a elementar “coisa alheia”, o sócio-administrador, nomeado depositário judicial,
que deixa de transferir o montante penhorado do faturamento da empresa para
a conta judicial determinada pelo juízo da execução.
Ademais, ainda que atue como auxiliar da justiça para assegurar a efetivação da exe-
cução, o fiel depositário, em respeito ao princípio da legalidade, só pode ser conde-
nado na esfera penal se praticar um fato previamente definido como crime (2).
Com base nesses entendimentos, a Segunda Turma, por maioria, rejeitou a preliminar
formulada no sentido de afetar o julgamento do feito ao Plenário e, no mérito, tam-
SUMÁRIO
19
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
bém por maioria, concedeu a ordem de habeas corpus para absolver o paciente, por
ausência de conduta típica.
(2) CP/1940: “Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão,
de um a quatro anos, e multa. Aumento de pena § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente
recebeu a coisa: (...) II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou
depositário judicial;”
HC 215.102/PR, relator Ministro Dias Toffoli, redator do acordão Ministro Nunes Marques, julgamento
finalizado em 17.10.2023
RE 662.976/RS
RE 704.815/SC REPERCUSSÃO
GERAL
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI
SUMÁRIO
20
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
ADI 5.586/DF
Relatora: Ministra ROSA WEBER
ADPF 944/DF
Relatora: Ministra ROSA WEBER
ADI 7.399/DF
Relator: Ministro ALEXANDRE DE MORAES
SUMÁRIO
21
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
ADI 3.752/SP
Relator: Ministro NUNES MARQUES
ADI 4.987/DF
Relator: Ministro NUNES MARQUES
ADI 6.948/MG
Relator: Ministro NUNES MARQUES
SUMÁRIO
22
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1113/2023 |
Portaria GDG 268, de 24.10.2023 - Informa os valores de venda das publicações edita-
das pelo Supremo Tribunal Federal e dos suvenires (Ementa elaborada pela Biblioteca).
SUMÁRIO
23
Edição 1114/2023
7 DE NOVEMBRO DE 2023
Secretaria-Geral da Presidência
Aline Rezende Peres Osorio
Gabinete da Presidência
Fernanda Silva de Paula
Diretoria-Geral
Eduardo Silva Toledo
Equipe Técnica
Renan Arakawa Pamplona
Anna Daniela de Araújo M. dos Santos
Daniela Damasceno Neves Pinheiro
João de Souza Nascimento Neto
Luiz Carlos Gomes de Freitas Júnior
Mariana Bontempo Bastos
Priscila Py Teixeira
Ricardo Henriques Pontes
Tays Renata Lemos Nogueira
Diagramação
Cínthia Aryssa Okada
INFORMAÇÕES
ADICIONAIS
Informativo STF [recurso eletrônico] / Supremo Tribunal Federal. N. 1, (1995) – . Brasília : STF, 1995 – .
Semanal.
O Informativo STF, periódico semanal do Supremo Tribunal Federal, apresenta, de forma objetiva e concisa, resumos das teses e
conclusões dos principais julgamentos realizados pelos órgãos colegiados – Plenário e Turmas –, em ambiente presencial e virtual.
http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF
ISSN: 2675-8210.
1. Tribunal supremo, jurisprudência, Brasil. 2. Tribunal supremo, periódico, Brasil. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). Secretaria de
Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação.
CDDir 340.6
Permite-se a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem alteração do conteúdo, desde que citada a fonte.
ISSN: 2675-8210
INFORMATIVO STF. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação, n. 1114/2023.
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF. Data de divulgação: 7 de novembro de 2023.
INFORMATIVO STF 7 DE NOVEMBRO DE 2023 | 1114/2023
MINISTRO
LUÍS ROBERTO BARROSO
Presidente [26.6.2013]
MINISTRO
LUIZ EDSON FACHIN
Vice-presidente [16.6.2015]
MINISTRO
GILMAR FERREIRA MENDES
Decano [20.6.2002]
MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.6.2006]
MINISTRO
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]
MINISTRO
LUIZ FUX
[3.3.2011]
MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES
[22.3.2017]
MINISTRO
KASSIO NUNES MARQUES
[5.11.2020]
MINISTRO
ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA
[16.12.2021]
MINISTRO
CRISTIANO ZANIN MARTINS
[04.08.2023]
INFORMATIVO STF 7 DE NOVEMBRO DE 2023 | 1114/2023
SUMÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO CONSTITUCIONAL
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
Conforme jurisprudência deste Tribunal (1), para que um pagamento assuma natureza
indenizatória, não basta que a lei assim o defina, formalmente, sendo também neces-
sário que a forma guarde mínima relação de correspondência com o conteúdo.
Ademais, é inaplicável o Tema 377 da repercussão geral (2), pois a gratificação pre-
vista na norma estadual impugnada configura retribuição por uma função de maior
relevância, ou mais específica, mas que não configura propriamente uma acumulação
de cargos ou funções.
SUMÁRIO
6
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1114/2023 |
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, referendou a liminar con-
cedida para suspender a eficácia da expressão “indenização de”, contida no art. 2º
da Lei 9.853/2023 do Estado do Pará (3), bem como da interpretação das expressões
normativas remanescentes do mencionado artigo segundo a qual os valores pagos
em decorrência dele não se submetem ao teto remuneratório previsto no art. 37, XI,
da CF/1988 (4). A Corte ainda atribuiu efeito ex nunc à decisão de modo a alcançar
quaisquer pagamentos realizados a partir de sua publicação.
(1) Precedentes citados: ADI 7.402 MC-Ref; RE 650.898 (Tema 484 RG) e MS 32.492 AgR.
(3) Lei 9.853/2023 do Estado do Pará: “Art. 2º O servidor público estatutário que mantém vínculo permanente
com o Estado do Pará, quando no exercício de cargo comissionado no âmbito do Poder Executivo Estadual,
faz jus à indenização de representação correspondente a 80% (oitenta por cento) da retribuição do cargo
comissionado, observado o disposto no § 3º do art. 94 da Lei Complementar Estadual 039, de 9 de janeiro
de 2002. § 1º O sistema de remuneração previsto no caput deste artigo poderá ser aplicado ao servidor
público civil ou empregado público da Administração Pública Direta ou Indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, de quaisquer Poderes ou órgãos autônomos, cedido para o Estado do
Pará, salvo quando o cedente previr expressamente sobre a matéria. § 2º O disposto neste artigo aplica-se
ao exercício dos cargos de agente político e de dirigente de Autarquia e Fundação Pública. § 3º Sobre a
vantagem prevista neste artigo, não haverá incidência de contribuição previdenciária.”
(4) CF/1988: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios,
o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio
dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento
do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;”
ADI 7.440 MC-Ref/PA, relator Ministro Cristiano Zanin, julgamento virtual finalizado em 27.10.2023
(sexta-feira), às 23:59
SUMÁRIO
7
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1114/2023 |
TESE FIXADA:
RESUMO:
SUMÁRIO
8
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1114/2023 |
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, ao apreciar o Tema 982 da
repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário para manter o acór-
dão recorrido e, por conseguinte, reafirmar a constitucionalidade do procedimento
da Lei 9.514/1997 que diz respeito à execução extrajudicial da cláusula de alienação
fiduciária em contratos de mútuo.
SUMÁRIO
9
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1114/2023 |
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou parcialmente proce-
dente a ação para declarar a inconstitucionalidade do art. 3º, II e § 2º da Resolução
568/2010 do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul, na redação ori-
ginal e na conferida por sua Resolução 164/2017.
ADI 4.450/MS, relator Ministro Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 27.10.2023, sexta-
feira, às 23:59
SUMÁRIO
10
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1114/2023 |
RE 1.040.515/SE
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI REPERCUSSÃO
GERAL
RE 1.387.795/MG
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI REPERCUSSÃO
GERAL
SUMÁRIO
11
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1114/2023 |
RE 640.452/RO REPERCUSSÃO
GERAL
Relator: Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO
SUMÁRIO
12
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1114/2023 |
ADI 7.229/AC
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI
ADPF 488/DF
Relatora: Ministra ROSA WEBER
SUMÁRIO
13
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1114/2023 |
ADI 3.465/DF
Relator: Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO
ADPF 362/BA
Relator: Ministro ALEXANDRE DE MORAES
SUMÁRIO
14
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1114/2023 |
ADI 6.620/MT
Relator: Ministro ALEXANDRE DE MORAES
ADI 3.194/RS
Relator: Ministro NUNES MARQUES
ADI 4.982/RN
Relator: Ministro NUNES MARQUES
SUMÁRIO
15
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1114/2023 |
SUMÁRIO
16
Edição 1115/2023
14 DE NOVEMBRO DE 2023
Secretaria-Geral da Presidência
Aline Rezende Peres Osorio
Gabinete da Presidência
Fernanda Silva de Paula
Diretoria-Geral
Eduardo Silva Toledo
Equipe Técnica
Renan Arakawa Pamplona
Anna Daniela de Araújo M. dos Santos
Daniela Damasceno Neves Pinheiro
João de Souza Nascimento Neto
Luiz Carlos Gomes de Freitas Júnior
Mariana Bontempo Bastos
Priscila Py Teixeira
Ricardo Henriques Pontes
Tays Renata Lemos Nogueira
Diagramação
Cínthia Aryssa Okada
INFORMAÇÕES
ADICIONAIS
Informativo STF [recurso eletrônico] / Supremo Tribunal Federal. N. 1, (1995) – . Brasília : STF, 1995 – .
Semanal.
O Informativo STF, periódico semanal do Supremo Tribunal Federal, apresenta, de forma objetiva e concisa, resumos das teses e
conclusões dos principais julgamentos realizados pelos órgãos colegiados – Plenário e Turmas –, em ambiente presencial e virtual.
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ISSN: 2675-8210.
1. Tribunal supremo, jurisprudência, Brasil. 2. Tribunal supremo, periódico, Brasil. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). Secretaria de
Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação.
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ISSN: 2675-8210
INFORMATIVO STF. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação, n. 1115/2023.
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF. Data de divulgação: 14 de novembro de 2023.
INFORMATIVO STF 14 DE NOVEMBRO DE 2023 | 1115/2023
MINISTRO
LUÍS ROBERTO BARROSO
Presidente [26.6.2013]
MINISTRO
LUIZ EDSON FACHIN
Vice-presidente [16.6.2015]
MINISTRO
GILMAR FERREIRA MENDES
Decano [20.6.2002]
MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.6.2006]
MINISTRO
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]
MINISTRO
LUIZ FUX
[3.3.2011]
MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES
[22.3.2017]
MINISTRO
KASSIO NUNES MARQUES
[5.11.2020]
MINISTRO
ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA
[16.12.2021]
MINISTRO
CRISTIANO ZANIN MARTINS
[04.08.2023]
INFORMATIVO STF 14 DE NOVEMBRO DE 2023 | 1115/2023
SUMÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO TRIBUTÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
SUMÁRIO
6
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1115/2023 |
(1) Lei 11.440/2006: “Art. 54. Serão transferidos para o Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro,
condicionado ao atendimento do disposto nos arts. 16 e 17 da Lei Complementar 101, de 4 de maio de 2000, e
observada a existência de vaga, em ato do Presidente da República, na forma estabelecida por esta Lei: I – o
Ministro de Primeira Classe, o Ministro de Segunda Classe e o Conselheiro para cargo da mesma natureza,
classe e denominação; II – o Primeiro-Secretário para o cargo de Conselheiro; e III – o Segundo-Secretário
para o cargo de Primeiro-Secretário. Parágrafo único. O Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro é
composto pelo quantitativo de cargos em cada classe, na forma do Anexo II desta Lei. Art. 55. Observado o
disposto no art. 54 desta Lei, serão transferidos para o Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro: I – o
Ministro de Primeira Classe, ao completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou 15 (quinze) anos de classe;
II – o Ministro de Segunda Classe, ao completar 60 (sessenta) anos de idade ou 15 (quinze) anos de classe;
III – o Conselheiro, ao completar 58 (cinquenta e oito) anos de idade ou 15 (quinze) anos de classe; (...) § 1º A
transferência para o Quadro Especial do Serviço Exterior Brasileiro ocorrerá na data em que se verificar a
primeira das 2 (duas) condições previstas em cada um dos incisos I, II e III do caput deste artigo.”
ADI 7.399/DF, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 7.11.2023 (terça-
feira), às 23:59
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
SUMÁRIO
7
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1115/2023 |
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente a ação
para declarar a constitucionalidade do art. 11 da Lei 13.254/2016 (2).
(2) Lei 13.254/2016: “Art. 11 Os efeitos desta Lei não serão aplicados aos detentores de cargos, empregos e
funções públicas de direção ou eletivas, nem ao respectivo cônjuge e aos parentes consanguíneos ou afins,
até o segundo grau ou por adoção, na data de publicação desta Lei.”
ADI 5.586/DF, relatora Ministra Rosa Weber, redator do acórdão Ministro Edson Fachin, julgamento
virtual finalizado em 7.11.2023 (terça-feira), às 23:59
SUMÁRIO
8
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1115/2023 |
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
Além disso, o texto constitucional prevê como de competência material comum a todos
os entes federativos a implementação de medidas direcionadas a cuidar da saúde
pública, proteger o meio ambiente e combater a poluição (CF/1988, art. 23, II e VI),
SUMÁRIO
9
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1115/2023 |
motivo pelo qual é pertinente a atuação de órgão do estado para fiscalizar e contro-
lar o cumprimento de lei com esse objeto.
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou impro-
cedente a ação para declarar a constitucionalidade da Lei 10.994/2001 do Estado
de São Paulo (2).
(2) Lei 10.994/2001 do Estado de São Paulo: “Artigo 1.º - Ficam obrigadas as refinarias e distribuidoras, em
todo o Estado de São Paulo, a fornecer Certificado de Composição Química de cada produto, quando da
entrega dos combustíveis: álcool, gasolina ‘C’ comum, gasolina aditivada, gasolina ‘premium’ e diesel. Artigo
2.º - O Certificado de Composição Química de cada produto deverá ficar em cada posto revendedor de
combustível para ser apresentado à fiscalização, quando solicitado. Artigo 3.º - Do Certificado de Composição
Química deverão constar, de forma clara e precisa, todos os componentes químicos (ainda que traços), as
diversas cadeias químicas, as misturas, bem como as porcentagens de todos os componentes químicos.
Artigo 4.º - O certificado mencionado nos artigos anteriores deverá ser assinado por químico habilitado
pelo Conselho Regional de Química. Artigo 5.º - Cada base distribuidora terá, no mínimo, um químico
habilitado, laboratório e equipamentos que possibilitem a análise e a emissão dos certificados. Artigo 6.º - A
elaboração do Certificado de Composição Química a que se refere o Artigo 1.º dar-se-á segundo métodos
de análise determinados pelo Conselho Regional de Química, obedecendo aos padrões internacionais de
análise de combustíveis e atendendo aos padrões e normas do órgão regulamentador: Agência Nacional
do Petróleo. Artigo 7.º - Compete à Secretaria do Meio Ambiente a fiscalização e o controle da presente lei.
Artigo 8.º - O descumprimento do disposto na presente lei, por qualquer das partes, implicará a aplicação
de multa de 1.000 (um mil) Unidades Fiscais do Estado de São Paulo – UFESPs ao infrator. Parágrafo único
- A reincidência implicará a aplicação em dobro da pena. Artigo 9.º - O Poder Executivo expedirá normas
regulamentadoras para o cumprimento da presente lei, no prazo máximo de 90 (noventa) dias a partir da
sua publicação. Artigo 10 - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Artigo 11 - Ficam revogadas
as disposições em contrário.”
ADI 3.752/SP, relator Ministro Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 7.11.2023 (terça-
feira), às 23:59
SUMÁRIO
10
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1115/2023 |
TESE FIXADA:
“A imunidade a que se refere o art. 155, § 2º, X, ‘a’, CF/88 não alcança, nas opera-
ções de exportação, o aproveitamento de créditos de ICMS decorrentes de aqui-
sições de bens destinados ao uso e consumo da empresa, que depende de lei
complementar para sua efetivação.”
RESUMO:
Nesse contexto, ela não alterou a sistemática de creditamento nas mercadorias destina-
das à exportação adotada originalmente pela CF/1988, qual seja, o critério de crédito
físico, mediante o qual apenas os bens que se integrem fisicamente à mercadoria dão
ensejo ao creditamento, pois já submetidos à dupla incidência tributária, na entrada e
na saída da mercadoria. Isso porque não se pode inferir uma ruptura desse modelo
para o do crédito financeiro, que prescreve que todo e qualquer bem ou insumo uti-
lizado na elaboração da mercadoria, ainda que consumido durante o processo pro-
dutivo, daria direito a crédito de ICMS.
SUMÁRIO
11
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1115/2023 |
O que ocorreu foi uma ampliação da imunidade que até então incidia somente em
relação aos produtos industrializados e passou a abranger todas as mercadorias des-
tinadas ao exterior, inclusive os produtos primários e os semielaborados.
Uma ruptura dos parâmetros atuais pode ocorrer apenas se constar expressamente
do texto constitucional ou de algum fato novo que, por si só, seja suficiente para aba-
lar o contexto consolidado pelo texto constitucional, pela lei e pela jurisprudência do
STF. Ademais, o princípio da não exportação de tributos não possui força normativa
para alterar o texto constitucional ou a interpretação adotada por esta Corte quanto
à sistemática do creditamento do ICMS (2), sendo certo que os “créditos financeiros”
não podem ser subentendidos.
(1) CF/1988: “Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...) II - relativamente
a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver
domicílio o doador, ou ao Distrito Federal; (...) § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (...)
X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados
a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado
nas operações e prestações anteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)”
(2) Precedentes citados: RE 754.917 (Tema 475 RG); RE 447.470 AgR; AI 685.740 AgR-ED; RE 200.168; AI
250.852 ED; AI 487.396 AgR; AI 807.119 AgR; RE 644.541 AgR; AI 488.345 ED e RE 601.967 (Tema 346 RG).
RE 704.815/SC, relator Ministro Dias Toffoli, redator do acórdão Ministro Gilmar Mendes, julgamento
virtual finalizado em 7.11.2023 (terça-feira), às 23:59
SUMÁRIO
12
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1115/2023 |
RE 680.871/RS REPERCUSSÃO
GERAL
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI
ADI 3.245/MA
Relator: Ministro MARCO AURÉLIO
SUMÁRIO
13
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1115/2023 |
ADI 6.606/MG
Relator: Ministro GILMAR MENDES
ADI 7.326/SP
Relatora: Ministra CÁRMEN LÚCIA
ADPF 643/DF
ADPF 644/DF
Relatora: Ministra ROSA WEBER
SUMÁRIO
14
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1115/2023 |
ADI 3.834/DF
Relator: Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO
ADI 7.239/DF
Relator: Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO
ADI 6.219/BA
Relator: Ministro EDSON FACHIN
SUMÁRIO
15
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1115/2023 |
ADI 6.847/AM
Relator: Ministro EDSON FACHIN
ADI 5.567/DF
Relator: Ministro ALEXANDRE DE MORAES
SUMÁRIO
16
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1115/2023 |
ADI 7.324/DF
Relator: Ministro ALEXANDRE DE MORAES
ADI 7.447/PA
Relator: Ministro ALEXANDRE DE MORAES
ADI 5.361/DF
ADI 5.463/DF
Relator: Ministro NUNES MARQUES
SUMÁRIO
17
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1115/2023 |
ADI 2.935/ES
Relator: Ministro NUNES MARQUES
ADI 7.433/DF
Relator: Ministro CRISTIANO ZANIN
SUMÁRIO
18
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1115/2023 |
SUMÁRIO
19
Edição 1116/2023
20 DE NOVEMBRO DE 2023
Secretaria-Geral da Presidência
Aline Rezende Peres Osorio
Gabinete da Presidência
Fernanda Silva de Paula
Diretoria-Geral
Eduardo Silva Toledo
Equipe Técnica
Renan Arakawa Pamplona
Anna Daniela de Araújo M. dos Santos
Daniela Damasceno Neves Pinheiro
João de Souza Nascimento Neto
Luiz Carlos Gomes de Freitas Júnior
Mariana Bontempo Bastos
Priscila Py Teixeira
Ricardo Henriques Pontes
Tays Renata Lemos Nogueira
Diagramação
Ana Carolina Caetano
Cínthia Aryssa Okada
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INFORMATIVO STF 20 DE NOVEMBRO DE 2023 | 1116/2023
MINISTRO
LUÍS ROBERTO BARROSO
Presidente [26.6.2013]
MINISTRO
LUIZ EDSON FACHIN
Vice-presidente [16.6.2015]
MINISTRO
GILMAR FERREIRA MENDES
Decano [20.6.2002]
MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.6.2006]
MINISTRO
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]
MINISTRO
LUIZ FUX
[3.3.2011]
MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES
[22.3.2017]
MINISTRO
KASSIO NUNES MARQUES
[5.11.2020]
MINISTRO
ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA
[16.12.2021]
MINISTRO
CRISTIANO ZANIN MARTINS
[04.08.2023]
INFORMATIVO STF 20 DE NOVEMBRO DE 2023 | 1116/2023
SUMÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO
» Cargo Público; Provimento Derivado; Concurso Público
DIREITO AMBIENTAL
» Licenciamento Ambiental; Procedimentos Simplificados; Proibição ao
Retrocesso Socioambiental
DIREITO CIVIL
» Família; Casamento; Dissolução; Divórcio
DIREITO CONSTITUCIONAL
» Processo Legislativo; Leis; Ministério Público; Estatuto do Ministério Público
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
ÁUDIO
DO TEXTO
TESE FIXADA:
RESUMO:
SUMÁRIO
6
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1116/2023 |
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou procedente a ação
para declarar a inconstitucionalidade (i) da expressão “os cargos de Motorista
Penitenciário Oficial”, prevista no art. 7º, II, da EC 53/2019 à Constituição do Estado
do Acre (4); e (ii) da expressão “socioeducativo”, contida no caput do art. 134-A e no
§ 1º do art. 134, ambos da Constituição do Estado do Acre, na redação dada pela
EC acreana 63/2022 (5).
(3) Precedentes citados: RE 658.026 (Tema 612 RG); ADI 3.247; ADI 3.663 e ADI 5.664.
(4) EC 53/2019 à Constituição do Estado do Acre: “Art. 7º Em decorrência do disposto no art. 4º da Emenda à
Constituição Federal nº 104, de 4 de dezembro de 2019, ficam transformados no cargo de Policial Penal: (...)
II – os cargos de Motorista Penitenciário Oficial, previsto na Lei nº 3.259, de 20 de junho de 2017.”
(5) Constituição do Estado do Acre: “Art. 134–A. A Polícia Penal é estruturada em carreira, cujo o ingresso dar-
se-á mediante aprovação em concurso público de provas e títulos, e por meio de transformação dos atuais
agentes penitenciários, socioeducativo e dos cargos equivalentes (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 63, de 22/06/2022) § 1º Nos Quadros da Polícia Penal serão aproveitados os Agentes penitenciários,
socioeducativos e dos cargos públicos equivalentes contratados em caráter temporário com mais de 05 (cinco)
anos de serviço contínuo e ininterrupto, através do benefício da estabilidade que durará até a aposentadoria
destes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 63, de 22/06/2022)”
ADI 7.229/AC, relator Ministro Dias Toffoli, redator do acórdão Ministro Luís Roberto Barroso,
julgamento virtual finalizado em 10.11.2023 (sexta-feira), às 23:59
SUMÁRIO
7
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1116/2023 |
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
Cabe à União elaborar as normas gerais sobre proteção do meio ambiente e respon-
sabilidade por dano ambiental, de modo a fixar, no interesse nacional, as diretrizes
que devem ser observadas pelas demais unidades federativas (CF/1988, art. 24, VI e
VIII). Assim, em matéria de licenciamento ambiental, os estados possuem competência
suplementar, a fim de atender às peculiaridades locais e preencherem lacunas nor-
mativas que atendam às características e necessidades regionais.
SUMÁRIO
8
STF entendeu em caso oriundo da Bahia que procedimento simplificado em
licenciamento ambiental seria possível. O principio da vedação ao retrocesso nao e
absoluto. Somente impede que o núcleo essencial do direito seja violado. Nada impede
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1116/2023 |
a aplicação da resolução do conama. Nao eliminou a participação da sociedade civil.
Nao houve dispensa da fiscalização ambiental.
O referido princípio não é absoluto e somente é tido por inobservado quando o núcleo
essencial do direito fundamental já concretizado pela norma é desrespeitado, de modo
a esvaziar ou até mesmo inviabilizar a eficácia do direito social garantido por norma
anterior (2). Nesse contexto, caso se verifique a subsistência de um sistema eficaz de
controle ou de proteção, o mencionado núcleo continuará a ser tutelado.
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou improcedente a ação
para declarar a constitucionalidade dos arts. 40, 45, VII e VIII, e 147, todos da Lei
10.431/2006, com a redação que lhes foi conferida pela Lei 12.377/2011, ambas do
Estado da Bahia (4).
(2) Precedentes citados: ADI 4.717; ADI 4.350; ADI 5.224 e ADC 42.
(3) Resolução CONAMA 9/1987: “Art. 1º. A Audiência Pública referida na RESOLUÇÃO CONAMA nº 1/86, tem
por finalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em análise e do seu referido RIMA, dirimindo
dúvidas e recolhendo dos presentes as críticas e sugestões a respeito. Art. 2º. Sempre que julgar necessário,
ou quando for solicitado pôr entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinqüenta) ou mais cidadãos,
o Órgão do Meio Ambiente promoverá a realização de Audiência Pública. § 1º. O Órgão de Meio Ambiente, a
partir da data do recebimento do RIMA, fixará em edital e anunciará pela imprensa local a abertura do prazo
que será no mínimo de 45 dias para solicitação de audiência pública. § 2º. No caso de haver solicitação de
audiência pública e na hipótese do Órgão Estadual não realizá-la, a licença não terá validade. § 3º. Após
este prazo, a convocação será feita pelo Órgão licenciador, através de correspondência registrada aos
solicitantes e da divulgação em órgãos da imprensa local. § 4º. A audiência pública deverá ocorrer em local
acessível aos interessados. § 5º. Em função da localização geográfica dos solicitantes se da complexidade
do tema, poderá haver mais de uma audiência pública sobre o mesmo projeto e respectivo Relatório de
Impacto Ambiental - RIMA.”
(4) Lei 10.431/2006, com a redação dada pela Lei 12.377/201, ambas do Estado da Bahia: “Art. 40. Serão
realizadas audiências públicas para apresentação e discussão do Estudo de Impacto Ambiental e respectivo
Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA. (...) Art. 45. O órgão ambiental competente expedirá as seguintes
licenças, sem prejuízo de outras modalidades previstas em normas complementares a esta Lei: (...) VII - Licença
de Regularização (LR): concedida para regularização de atividades ou empreendimentos em instalação ou
funcionamento, existentes até a data da regulamentação desta Lei, mediante a apresentação de estudos
de viabilidade e comprovação da recuperação e/ou compensação ambiental de seu passivo, caso não
haja risco à saúde da população e dos trabalhadores; VIII - Licença Ambiental por Adesão e Compromisso
(LAC): concedida eletronicamente para atividades ou empreendimentos em que o licenciamento ambiental
seja realizado por declaração de adesão e compromisso do empreendedor aos critérios e pré-condições
estabelecidos pelo órgão licenciador, para empreendimentos ou atividades de baixo e médio potencial
poluidor, nas seguintes situações: a) em que se conheçam previamente seus impactos ambientais, ou; b)
em que se conheçam com detalhamento suficiente as características de uma dada região e seja possível
estabelecer os requisitos de instalação e funcionamento de atividades ou empreendimentos, sem necessidade
de novos estudos; c) as atividades ou empreendimentos a serem licenciados pelo LAC serão definidos por
resolução do CEPRAM. (...) Art. 147. O Conselho Estadual de Meio Ambiente - CEPRAM, órgão superior do
SISEMA, com funções de natureza consultiva, normativa, deliberativa e recursal, tem por finalidade apoiar o
planejamento e acompanhamento da Política Estadual de Meio Ambiente e de Proteção da Biodiversidade e
SUMÁRIO
9
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1116/2023 |
das diretrizes governamentais voltadas para o meio ambiente, a biodiversidade e a definição de normas e
padrões relacionados à preservação e conservação dos recursos naturais, competindo-lhe:”
ADI 5.014/BA, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 10.11.2023 (sexta-feira),
às 23:59
TESE FIXADA:
RESUMO:
Em sua redação original, a CF/1988 previu que o casamento civil poderia ser dissolvido
pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos
em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos (1).
SUMÁRIO
10
Não existe mais a separação judicial no Brasil.
A eliminação dos requisitos previstos na EC 66 afastou por completo a
INFORMATIVO STF
possibilidade de conformação legislativa nesse sentido EDIÇÃO 1116/2023 |
atual prescreve que o divórcio é incondicionado ou não causal, de modo que a prévia
separação judicial ou fática não é mais necessária para alcançá-lo.
Ademais, a separação judicial não permanece como instituto autônomo, pois a supres-
são da segunda parte do art. 226, § 6º, da CF/1988 significa uma redução na margem
de conformação legislativa, no sentido de inviabilizar a criação de outras condicionantes
para se efetivar o divórcio. Assim, na enunciação “o casamento civil pode ser dissolvido
pelo divórcio”, o verbo “pode” não se dirige ao legislador como uma faculdade, mas
às pessoas casadas, enquanto direito a ser exercido, quando e se assim desejarem.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, ao apreciar o Tema 1.053
da repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário e, por maioria,
fixou a tese supracitada.
(1) CF/1988: “Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) § 6º O casamento
civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos
em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos.”
(2) CF/1988: “Art. 226. (...) § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela
Emenda Constitucional no 66, de 2010)”
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
A Lei Orgânica do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul (Lei 6.536/1973),
aprovada como lei ordinária, foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988 com
SUMÁRIO
11
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1116/2023 |
(2) Precedentes citados: ADI 3.298; ADI 3.574; ADPF 388; ADI 2.612 e RE 218.514.
(3) CF/1988: “Art. 128. O Ministério Público abrange: (...) § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o
estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: (...) II - as seguintes vedações:
(...) d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;”
(4) ADCT: “Art. 29. Enquanto não aprovadas as leis complementares relativas ao Ministério Público e à
Advocacia-Geral da União, o Ministério Público Federal, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, as
Consultorias Jurídicas dos Ministérios, as Procuradorias e Departamentos Jurídicos de autarquias federais com
representação própria e os membros das Procuradorias das Universidades fundacionais públicas continuarão
a exercer suas atividades na área das respectivas atribuições. (...) § 3º Poderá optar pelo regime anterior,
no que respeita às garantias e vantagens, o membro do Ministério Público admitido antes da promulgação
da Constituição, observando-se, quanto às vedações, a situação jurídica na data desta.”
SUMÁRIO
12
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1116/2023 |
(5) Lei 6.536/1973 do Estado do Rio Grande do Sul: “Art. 4º-A - Aos membros do Ministério Público é vedado:
(Incluído pela Lei n.º 11.722/02) (...) VII - integrar, sem autorização do Procurador-Geral de Justiça, ouvido o
Conselho Superior do Ministério Público, comissões de sindicância ou de processo administrativo estranhos
ao Ministério Público. (Incluído pela Lei n.º 11.722/02)”
ADI 3.194/RS, relator Ministro Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 10.11.2023 (sexta-
feira), às 23:59
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
SUMÁRIO
13
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1116/2023 |
(2) Lei Complementar 251/2003 do Estado do Rio Grande do Norte: “Art. 7º A Defensoria Pública do Estado tem
por chefe o Defensor Público-Geral do Estado, de livre nomeação e exoneração pelo Governador do Estado,
dentre advogados, com reconhecido saber jurídico e idoneidade. Parágrafo único. O Defensor Público-Geral
do Estado, para todos os efeitos, e, especialmente os protocolares e os de correspondência, tem as mesmas
prerrogativas, tratamento e a mesma remuneração devida aos Secretários de Estado. Art. 8º O Defensor
Público-Geral do Estado será substituído, em suas faltas, impedimentos, licenças e férias pelo Subdefensor
Público-Geral, de livre nomeação e exoneração pelo Governador do Estado.”
ADI 4.982/RN, relator Ministro Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 10.11.2023 (sexta-
feira), às 23:59
VÍDEO DO VÍDEO DO
JULGAMENTO JULGAMENTO
Parte 1 Parte 2
SUMÁRIO
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INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1116/2023 |
TESES FIXADAS:
“1) É possível aplicar o artigo 741, parágrafo único, do CPC/1973, atual art. 535, §
5º, do CPC/2015, aos feitos submetidos ao procedimento sumaríssimo, desde que
o trânsito em julgado da fase de conhecimento seja posterior a 27.8.2001; 2) É
admissível a invocação como fundamento da inexigibilidade de ser o título judicial
fundado em ‘aplicação ou interpretação tida como incompatível com a Constituição’
quando houver pronunciamento jurisdicional, contrário ao decidido pelo Plenário
do Supremo Tribunal Federal, seja no controle difuso, seja no controle concentrado
de constitucionalidade; 3) O art. 59 da Lei 9.099/1995 não impede a desconstitui-
ção da coisa julgada quando o título executivo judicial se amparar em contrarie-
dade à interpretação ou sentido da norma conferida pela Suprema Corte, anterior
ou posterior ao trânsito em julgado, admitindo, respectivamente, o manejo (i) de
impugnação ao cumprimento de sentença ou (ii) de simples petição, a ser apre-
sentada em prazo equivalente ao da ação rescisória.”
RESUMO:
O princípio fundamental da coisa julgada (CF/1988, art. 5º, XXXVI) não é absoluto. Em
se tratando de processos submetidos ao rito sumaríssimo, o seu âmbito de incidência
deve ser atenuado para ceder à força normativa da Constituição, quando o título judi-
cial conflitar com inconstitucionalidade declarada por este Tribunal. Ademais, a aplica-
ção ou interpretação constitucional proferida pelo STF, ainda que em sede de controle
incidental, serve de orientação aos tribunais inferiores.
Nesse contexto, o art. 59 da Lei 9.099/1995 — que inadmite ação rescisória nas causas
processadas nos Juizados Especiais — não impede a desconstituição da coisa julgada
firmada sob esse procedimento especial.
SUMÁRIO
15
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1116/2023 |
(1) CPC/1973: “Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre: (...)
Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível
o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal,
ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como
incompatíveis com a Constituição Federal.”
RE 586.068/PR, relatora Ministra Rosa Weber, redator do acórdão Ministro Gilmar Mendes, julgamento
finalizado em 9.11.2023
RE 1.321.219/CE
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI REPERCUSSÃO
GERAL
SUMÁRIO
16
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1116/2023 |
RE 682.934/DF REPERCUSSÃO
GERAL
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI
ADI 4.151/DF
ADI 6.966/DF
ADI 4.616/DF
Relator: Ministro GILMAR MENDES
ADI 7.276/DF
Relatora: Ministra CÁRMEN LÚCIA
SUMÁRIO
17
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1116/2023 |
ADI 7.197/DF
Relatora: Ministra CÁRMEN LÚCIA
ADI 7.369/MT
Relatora: Ministra CÁRMEN LÚCIA
SUMÁRIO
18
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1116/2023 |
ADI 7.405/MT
Relatora: Ministra CÁRMEN LÚCIA
ADPF 1.073/DF
Relatora: Ministra CÁRMEN LÚCIA
SUMÁRIO
19
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1116/2023 |
ADI 6.936/DF
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI
SUMÁRIO
20
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1116/2023 |
ADPF 1.056/DF
Relator: Ministro ALEXANDRE DE MORAES
ADI 6.653/PB
Relator: Ministro NUNES MARQUES
SUMÁRIO
21
Edição 1117/2023
27 DE NOVEMBRO DE 2023
Secretaria-Geral da Presidência
Aline Rezende Peres Osorio
Gabinete da Presidência
Fernanda Silva de Paula
Diretoria-Geral
Eduardo Silva Toledo
Equipe Técnica
Renan Arakawa Pamplona
Anna Daniela de Araújo M. dos Santos
Daniela Damasceno Neves Pinheiro
João de Souza Nascimento Neto
Luiz Carlos Gomes de Freitas Júnior
Mariana Bontempo Bastos
Priscila Py Teixeira
Ricardo Henriques Pontes
Tays Renata Lemos Nogueira
Diagramação
Cínthia Aryssa Okada
INFORMAÇÕES
ADICIONAIS
Informativo STF [recurso eletrônico] / Supremo Tribunal Federal. N. 1, (1995) – . Brasília : STF, 1995 – .
Semanal.
O Informativo STF, periódico semanal do Supremo Tribunal Federal, apresenta, de forma objetiva e concisa, resumos das teses e
conclusões dos principais julgamentos realizados pelos órgãos colegiados – Plenário e Turmas –, em ambiente presencial e virtual.
http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF
ISSN: 2675-8210.
1. Tribunal supremo, jurisprudência, Brasil. 2. Tribunal supremo, periódico, Brasil. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). Secretaria de
Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação.
CDDir 340.6
Permite-se a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem alteração do conteúdo, desde que citada a fonte.
ISSN: 2675-8210
INFORMATIVO STF. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação, n. 1117/2023.
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF. Data de divulgação: 27 de novembro de 2023.
INFORMATIVO STF 27 DE NOVEMBRO DE 2023 | 1117/2023
MINISTRO
LUÍS ROBERTO BARROSO
Presidente [26.6.2013]
MINISTRO
LUIZ EDSON FACHIN
Vice-presidente [16.6.2015]
MINISTRO
GILMAR FERREIRA MENDES
Decano [20.6.2002]
MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.6.2006]
MINISTRO
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]
MINISTRO
LUIZ FUX
[3.3.2011]
MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES
[22.3.2017]
MINISTRO
KASSIO NUNES MARQUES
[5.11.2020]
MINISTRO
ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA
[16.12.2021]
MINISTRO
CRISTIANO ZANIN MARTINS
[04.08.2023]
INFORMATIVO STF 27 DE NOVEMBRO DE 2023 | 1117/2023
SUMÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO ELEITORAL
DIREITO PENAL
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
TESE FIXADA:
RESUMO:
SUMÁRIO
6
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
Por sua vez, o princípio republicano impõe a vedação aos privilégios, ao passo que o
da moralidade determina aos agentes públicos o dever geral de boa administração,
pautada na honestidade, boa-fé e vinculação ao interesse público.
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou procedente a ação
para declarar a inconstitucionalidade do inciso V do art. 4º da Resolução 9/2006
do CNMP (3), bem como determinou a remessa de cópia da decisão ao Tribunal de
Contas da União.
(1) CF/1988: “Art. 39. (...) § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os
Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra
espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.”
(2) Precedentes citados: ADI 4.587; SS 3.108 AgR e RE 597.396 (Tema 690 RG).
(3) Resolução CNMP 9/2006: “Art. 3º O subsídio mensal dos membros do Ministério Público da União e dos
Estados constitui-se exclusivamente de parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional,
abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória. Art. 4º Estão compreendidas no subsídio
de que trata o artigo anterior e são por esse extintas todas as parcelas do regime remuneratório anterior,
exceto as decorrentes de: (...) V – incorporação de vantagens pessoais decorrentes de exercício de função de
direção, chefia ou assessoramento e da aplicação do parágrafo único do art. 232 da Lei Complementar 75
de 1993, ou equivalente nos Estados, aos que preencheram os seus requisitos até a publicação da Emenda
Constitucional 20, em 16 de dezembro de 1998;”
ADI 3.834/DF, relator Ministro Luís Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 20.11.2023
(segunda-feira), às 23:59
SUMÁRIO
7
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
Compete à União legislar privativamente sobre direito civil e direito processual (CF/1988,
art. 22, I), bem com versar normas gerais em matéria de direito financeiro e de orça-
mento (CF/1988, art. 24, I e II, §§ 1º ao 4º). A superveniência de emendas constitucionais
que também autorizam os entes federativos a usarem valores depositados em âmbito
judicial ou administrativo não ensejou a revogação da lei complementar federal impug-
nada, motivo pelo qual, sob o aspecto formal, inexiste qualquer inconstitucionalidade.
Na espécie, o ente federado apenas pode utilizar valores dos depósitos realizados
em processos judiciais ou administrativos nos quais seja parte, ficando autorizado a
fazê-lo em até 70% do montante, pois o restante será destinado à integralização do
fundo de reserva. A previsão para o restabelecimento do saldo disponível no fundo de
reserva, caso seja inferior a 30% do total dos depósitos realizados, acrescido da corre-
ção monetária, afasta o argumento de mero receio pela sua malversação, no sentido
de que poderia resultar na frustração de devoluções autorizadas aos depositantes.
Por fim, inexiste semelhança com a figura do empréstimo compulsório (CF/1988, art.
148), eis que o depósito é realizado de modo espontâneo, por opção da própria parte
SUMÁRIO
8
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
ADI 5.361/DF, relator Ministro Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 20.11.2023 (segunda-
feira), às 23:59
ADI 5.463/DF, relator Ministro Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 20.11.2023 (segunda-
feira), às 23:59
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
SUMÁRIO
9
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, referendou a medida cau-
telar anteriormente deferida para suspender o concurso para provimento de vagas
no curso de formação de soldados do quadro da Polícia Militar do Estado do Rio de
Janeiro, decorrente do Edital de Abertura 001/2-23 - SEPM, de 25 de maio de 2023,
inclusive a aplicação de nova prova objetiva ou divulgação de quaisquer resultados,
até o efetivo julgamento de mérito da ação.
(1) CF/1988: “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: (...) IV - promover o
bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
(...) Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
termos desta Constituição; (...) Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social: XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções
e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; (...) Art. 39. (...) § 3º Aplica-se aos
servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX,
XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o
exigir. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)”
ADI 7.483 MC-Ref/RJ, relator Ministro Cristiano Zanin, julgamento virtual finalizado em 20.11.2023
(segunda-feira), às 23:59
SUMÁRIO
10
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
A pena de multa, que possui natureza de sanção, e a destinação dos recursos finan-
ceiros provenientes de seu pagamento (1), inserem-se no âmbito do direito penal (2),
cuja competência para legislar compete privativamente à União. Além disso, o Fundo
Penitenciário Nacional (FPN), que é custeado principalmente pela União, repassa às
unidades federativas recursos que extrapolam, em muito, aqueles decorrentes das
multas penais.
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou procedente a ação,
a fim de declarar a inconstitucionalidade do inciso I do art. 2º da Lei Complementar
68/1995 do Estado do Espírito Santo (4). Além disso, o Tribunal conferiu efeitos pros-
pectivos à decisão (ex nunc), a partir da publicação da ata de julgamento, ressalvando
os valores que eventualmente tenham ingressado de forma direta no Fundo Penitenciário
do Estado do Espírito Santo.
SUMÁRIO
11
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
(1) CP/1940: “Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na
sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta)
dias-multa. § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior
salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. § 2º - O valor
da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária. Art. 50 - A multa deve
ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado
e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais. § 1º - A
cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado quando: a)
aplicada isoladamente; b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos; c) concedida a suspensão
condicional da pena. § 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do
condenado e de sua família. Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada
perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida
ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. Art.
52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental.”
(3) CF/1988: “Art. 24. (...) § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecer normas gerais. § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados. § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão
a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º A superveniência de lei federal
sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.”
(4) Lei Complementar 68/1995 do Estado do Espírito Santo: “Art. 2º O Fundo Penitenciário Estadual – FUNPEN
será constituído das seguintes fontes de recurso: I – multas penitenciárias fixadas nas sentenças judiciais,
nos termos do Código Penal Brasileiro e demais leis penais.”
ADI 2.935/ES, relator Ministro Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 20.11.2023 (segunda-
feira), às 23:59
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
SUMÁRIO
12
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
É inconstitucional — pois caracteriza desvio de funções (CF/1988, arts. 24, § 1º, e 144,
§ 4º) — norma estadual que permite que o gestor de DIPs seja servidor estranho ao
quadro de delegados, a partir de designação pelo delegado-geral de polícia civil.
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou parcialmente pro-
cedente a ação para declarar a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei 4.535/2017 do
Estado do Amazonas (3).
(1) CF/1988: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...)
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.”
(2) Precedentes citados: ADI 3.441; ADI 2.427; HC 115.015 e ADI 3.614.
(3) Lei 4.535/2017 do Estado do Amazonas: “Art. 1.º O Gestor de Delegacias Interativas de Polícia (DIPs) do Interior,
que compõe o quadro de funções gratificadas da Polícia Civil do Estado do Amazonas, conforme o Anexo II
da Lei Delegada n. 87, de 18 de maio de 2007, será designado pelo Delegado-Geral de Polícia Civil, entre os
integrantes da carreira policial, que possuam formação acadêmica de Bacharel em Direito, resguardadas as
atribuições legais de cada cargo, cuja atuação será na circunscrição das Unidades Policiais do Interior do
Amazonas, com as seguintes atribuições: I - gerenciar a unidade policial para a qual for designado, incluindo
as áreas operacionais sob sua responsabilidade; II - assegurar padrões satisfatórios de desempenho em
suas áreas de atuação; III - zelar pelas viaturas, bens e materiais sob sua guarda, garantindo adequada
manutenção, conservação e funcionamento; IV - gerir e promover permanente avaliação dos servidores que
lhes são subordinados, com vistas à constante melhoria dos serviços; V - proceder a investigações policiais
para apuração de fatos considerados infrações penais, providenciando o registro do Boletim de Ocorrência
e instauração dos procedimentos necessários; VI - expedir notificações, realização de oitivas, determinar a
realização de diligências, ordens de serviço e outras tarefas afins; VII - prestar às autoridades judiciárias as
informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; VIII - realizar diligências requisitadas pela
Autoridade Judiciária e Ministério Público.”
ADI 6.847/AM, relator Ministro Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 20.11.2023 (segunda-
feira), às 23:59
SUMÁRIO
13
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
A norma do ADCT estabeleceu que seriam respeitados os direitos de seu eventual titu-
lar àquela época (1), mas não pode ser utilizada para convalidar situações inconstitu-
cionais após o advento da CF/1988 (2).
Por outro lado, não se admite que o direito de opção seja realizado coercitivamente, ou
seja, o serventuário é livre para decidir se permanece na situação atual (mantém-se na
titularidade até o fim da delegação da serventia extrajudicial, que foi desmembrada
da cumulação com a serventia judicial) ou migra para o novo regime.
SUMÁRIO
14
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou parcialmente proce-
dente a ação para conferir interpretação conforme a Constituição ao art. 8º da Lei
Complementar 68/2003 do Estado do Maranhão (3), no sentido de que configura
faculdade conferida ao serventuário e aplica-se tão somente àqueles que eram “titu-
lares” das serventias judiciais, exercidas em caráter privado, em 5 de outubro de 1988,
não servindo para convalidar situações inconstitucionais após o advento da Constituição
Federal de 1988.
(1) ADCT: “Art. 31. Serão estatizadas as serventias do foro judicial, assim definidas em lei, respeitados os
direitos dos atuais titulares.”
(2) Precedentes citados: MS 28.419; ADI 1.498; ADI 3.023; MS 30.123 e ADI 2.916.
(3) Lei Complementar 68/2003 do Estado do Maranhão: “Art. 8º. Os atuais ocupantes, efetivos ou estáveis,
das serventias mistas das comarcas do interior poderão optar entre a serventia extrajudicial e o cargo de
funcionário do Poder Judiciário com seus vencimentos atuais.”
ADI 3.245/MA, relator Ministro Marco Aurélio, redator do acórdão Ministro Gilmar Mendes, julgamento
virtual finalizado em 20.11.2023 (segunda-feira), às 23:59
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
A previsão do art. 224 do Código Eleitoral (Lei 4.737/1965) concretiza o quanto prescrito
no art. 222 do mesmo diploma legal, segundo o qual é a anulável a votação quando
viciada de falsidade, fraude, coação, uso de meios de que trata o art. 237, ou emprego
de processo de propaganda ou captação de sufrágios vedado por lei (1).
SUMÁRIO
15
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
Na espécie, a escolha pela realização de pleito suplementar foi uma opção legítima do
legislador, nos limites estabelecidos na Constituição, e encontra respaldo na proteção
ao princípio democrático e ao sufrágio universal, evitando tanto que assuma o cargo
candidato que obteve quantidade inferior de votos em um pleito majoritário quanto
que seja subtraída da soberania popular a escolha direta dos candidatos.
Ademais, não se extrai do art. 45 do Regimento Interno do Senado Federal (3) interpre-
tação que permita a assunção interina do candidato imediatamente mais bem votado
da vaga decorrente da cassação até a posse do candidato eleito nas novas eleições,
por ausência de previsão expressa nesse sentido (4). Assim, não se pode concluir que
essa lacuna normativa representaria flagrante inconstitucionalidade, de modo que deve
ser prestigiada a opção do legislador, no exercício da sua liberdade de conformação,
de não determinar a mencionada medida.
Com base nesses entendimentos, o Plenário, em apreciação conjunta, por maioria, jul-
gou improcedentes as ações, tornando insubsistente a liminar anteriormente deferida
e prejudicado o agravo interposto pelo Ministério Público Federal.
(1) Código Eleitoral/1965: “Art. 222. É também anulável a votação, quando viciada de falsidade, fraude,
coação, uso de meios de que trata o Art. 237, ou emprego de processo de propaganda ou captação de
sufrágios vedado por lei. (...) Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições
presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão
prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte)
a 40 (quarenta) dias. § 1º Se o Tribunal Regional na área de sua competência, deixar de cumprir o disposto
neste artigo, o Procurador Regional levará o fato ao conhecimento do Procurador Geral, que providenciará
junto ao Tribunal Superior para que seja marcada imediatamente nova eleição. § 2º Ocorrendo qualquer
dos casos previstos neste capítulo o Ministério Público promoverá, imediatamente a punição dos culpados. §
3o A decisão da Justiça Eleitoral que importe o indeferimento do registro, a cassação do diploma ou a perda
do mandato de candidato eleito em pleito majoritário acarreta, após o trânsito em julgado, a realização de
novas eleições, independentemente do número de votos anulados. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015) (Vide
ADIN Nº 5.525) § 4o A eleição a que se refere o § 3o correrá a expensas da Justiça Eleitoral e será: (Incluído
pela Lei nº 13.165, de 2015) (Vide ADIN Nº 5.525) I - indireta, se a vacância do cargo ocorrer a menos de
seis meses do final do mandato; (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015) (Vide ADIN Nº 5.525) II - direta, nos
demais casos. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015) (Vide ADIN Nº 5.525)”
(3) Regimento Interno do Senado Federal/1970: “Art. 45. Dar-se-á a convocação de Suplente nos casos de
vaga, de afastamento do exercício do mandato para investidura nos cargos referidos no art. 39, II, ou de
licença por prazo superior a cento e vinte dias.”
SUMÁRIO
16
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
ADPF 643/DF, relatora Ministra Rosa Weber, redator do acórdão Ministro Edson Fachin, julgamento
virtual finalizado em 20.11.2023 (segunda-feira), às 23:59
ADPF 644/DF, relatora Ministra Rosa Weber, redator do acórdão Ministro Edson Fachin, julgamento
virtual finalizado em 20.11.2023 (segunda-feira), às 23:59
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
SUMÁRIO
17
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
Essa possibilidade, que objetiva apurar os fatos de forma mais detalhada e criteriosa,
não viola a competência da própria Corregedoria de Polícia, especialmente à luz do
poder investigatório do órgão ministerial (1). A comunicação da Corregedoria de Polícia
ao Ministério Público representa desdobramento natural do controle externo da ativi-
dade policial que este exerce (CF/1988, art. 129, VII).
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou improce-
dente a ação, para reconhecer a constitucionalidade do art. 2º, §§ 1º, 6º e 7º, e do art.
4º, § 14, ambos da Lei 12.850/2013 (2). Além disso, conferiu interpretação conforme a
Constituição ao § 14 do art. 4º da referida lei, a fim de declarar que o termo “renún-
cia” deve ser interpretado não como forma de esgotamento da garantia do direito ao
silêncio, que é irrenunciável e inalienável, mas sim como forma de “livre exercício do
direito ao silêncio e da não autoincriminação pelos colaboradores, em relação aos
fatos ilícitos que constituem o objeto dos negócios jurídicos”, haja vista que o acordo
SUMÁRIO
18
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
(2) Lei 12.850/2013: “Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa,
organização criminosa: (...) § 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça
a investigação de infração penal que envolva organização criminosa. (...) § 6º A condenação com trânsito
em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e
a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao
cumprimento da pena. § 7º Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei,
a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público, que designará
membro para acompanhar o feito até a sua conclusão. (...) Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes,
conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por
restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o
processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: (...) § 14.
Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio
e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.”
ADI 5.567/DF, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 20.11.2023
(segunda-feira), às 23:59
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
SUMÁRIO
19
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
As hipóteses de foro por prerrogativa de função, por constituírem exceções aos prin-
cípios do juiz natural (CF/1988, art. 5º, XXXVI e LIII) e da igualdade (CF/1988, art. 5º,
caput), devem ser interpretadas restritivamente (1).
Conforme jurisprudência desta Corte (2), as investigações contra autoridades com prer-
rogativa de foro perante o STF submetem-se ao prévio controle judicial, circunstância
que inclui a autorização judicial para as investigações (3).
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, confirmou a medida cau-
telar anteriormente deferida (Informativo 1110) e julgou parcialmente procedente
a ação para: (i) atribuir interpretação conforme a Constituição ao art. 161, I, a e b,
da Constituição do Estado do Pará, e aos arts. 24, XII, 116, 118, 232, 233 e 234, todos
do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, de modo a esta-
belecer a necessidade de autorização judicial para a instauração de investigações
penais originárias perante o Tribunal de Justiça do Estado do Pará, seja pela Polícia
Judiciária, seja pelo Ministério Público; e (ii) determinar o imediato envio dos inquéritos
policiais e procedimentos de investigação da Polícia Judiciária e do Ministério Público
instaurados ao Tribunal de Justiça, para imediata distribuição e análise do desembar-
gador relator sobre a existência de justa causa para a continuidade da investigação.
(3) Regimento Interno do STF/1980: “Art. 21. São atribuições do Relator: (...) XV – determinar a instauração de
inquérito a pedido do Procurador-Geral da República, da autoridade policial ou do ofendido, bem como o seu
arquivamento, quando o requerer o Procurador-Geral da República, ou quando verificar: (Redação dada pela
Emenda Regimental n. 44, de 2 de junho de 2011) a) a existência manifesta de causa excludente da ilicitude
do fato; (Incluída pela Emenda Regimental n. 44, de 2 de junho de 2011) b) a existência manifesta de causa
excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; (Incluída pela Emenda Regimental n. 44, de 2
de junho de 2011) c) que o fato narrado evidentemente não constitui crime; (Incluída pela Emenda Regimental
n. 44, de 2 de junho de 2011) d) extinta a punibilidade do agente; ou (Incluída pela Emenda Regimental n. 44,
de 2 de junho de 2011) e) ausência de indícios mínimos de autoria ou materialidade. (Incluída pela Emenda
Regimental n. 44, de 2 de junho de 2011).”
(4) Precedentes citados: AP 933 QO; AP 912; RE 1.322.854 AgR; ADI 7.083 e ADI 6.732.
ADI 7.447/PA, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 20.11.2023
(segunda-feira), às 23:59
SUMÁRIO
20
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
RE 833.291/SP REPERCUSSÃO
GERAL
Relator: Ministro DIAS TOFFOLI
ADI 6.548/SC
Relator: Ministro RICARDO LEWANDOWSKI
SUMÁRIO
21
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1117/2023 |
ADI 4.360/RS
Relator: Ministro EDSON FACHIN
Exame constitucional em face das Lei 10.315/2015 e Lei 10.915/2019, ambas do Estado
de Mato Grosso, que instituem um cadastro estadual de pessoas suspeitas, indiciadas
ou já condenadas por crimes contra a dignidade sexual praticados contra criança
e/ou adolescente, e a veiculação, na internet, de lista de pessoas condenadas por
crimes de violência contra a mulher cometidos no respectivo estado.
ADI 2.110/DF
ADI 2.111/DF
Relator: Ministro NUNES MARQUES
SUMÁRIO
22
Edição 1118/2023
1o DE DEZEMBRO DE 2023
Secretaria-Geral da Presidência
Aline Rezende Peres Osorio
Gabinete da Presidência
Fernanda Silva de Paula
Diretoria-Geral
Eduardo Silva Toledo
Equipe Técnica
Renan Arakawa Pamplona
Anna Daniela de Araújo M. dos Santos
Daniela Damasceno Neves Pinheiro
João de Souza Nascimento Neto
Luiz Carlos Gomes de Freitas Júnior
Mariana Bontempo Bastos
Priscila Py Teixeira
Ricardo Henriques Pontes
Tays Renata Lemos Nogueira
Diagramação
Ana Carolina Caetano
INFORMAÇÕES
ADICIONAIS
Informativo STF [recurso eletrônico] / Supremo Tribunal Federal. N. 1, (1995) – . Brasília : STF, 1995 – .
Semanal.
O Informativo STF, periódico semanal do Supremo Tribunal Federal, apresenta, de forma objetiva e concisa, resumos das teses e
conclusões dos principais julgamentos realizados pelos órgãos colegiados – Plenário e Turmas –, em ambiente presencial e virtual.
http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF
ISSN: 2675-8210.
1. Tribunal supremo, jurisprudência, Brasil. 2. Tribunal supremo, periódico, Brasil. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). Secretaria de
Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação.
CDDir 340.6
Permite-se a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem alteração do conteúdo, desde que citada a fonte.
ISSN: 2675-8210
INFORMATIVO STF. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação, n. 1118/2023.
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF. Data de divulgação: 1º de dezembro de 2023.
INFORMATIVO STF 1O DE DEZEMBRO DE 2023 | 1118/2023
MINISTRO
LUÍS ROBERTO BARROSO
Presidente [26.6.2013]
MINISTRO
LUIZ EDSON FACHIN
Vice-presidente [16.6.2015]
MINISTRO
GILMAR FERREIRA MENDES
Decano [20.6.2002]
MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.6.2006]
MINISTRO
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]
MINISTRO
LUIZ FUX
[3.3.2011]
MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES
[22.3.2017]
MINISTRO
KASSIO NUNES MARQUES
[5.11.2020]
MINISTRO
ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA
[16.12.2021]
MINISTRO
CRISTIANO ZANIN MARTINS
[04.08.2023]
INFORMATIVO STF 1O DE DEZEMBRO DE 2023 | 1118/2023
SUMÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO ELEITORAL
DIREITO TRIBUTÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
SUMÁRIO
6
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1118/2023 |
Ademais, a apontada discrepância salarial entre esses cargos não inviabiliza a trans-
formação, pois, da análise da composição remuneratória dos cargos, percebe-se que
a diferença em gratificação está intimamente relacionada ao poderio corporativo das
carreiras, o que é indício antes de uma assimetria no poder de pressão entre as car-
reiras do que propriamente fator a revelar possíveis dessemelhanças entre as atribui-
ções dos cargos, no caso, inexistentes.
Com base nesses e outros entendimentos, o Plenário, em apreciação conjunta, por una-
nimidade, julgou (i) improcedente o pedido formulado na ADI 4.616, (ii) parcialmente
procedente o pedido formulado na ADI 4.151, apenas para conferir interpretação con-
forme à Constituição ao art. 10, II da Lei 11.457/2007, de maneira a incluir em seus
preceitos e efeitos o cargo de analista previdenciário, e (iii) procedente o pedido formu-
lado na ADI 6.966, com a confirmação da medida cautelar anteriormente concedida.
ADI 4.151/DF, relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 24.11.2023 (sexta-
feira), às 23:59
ADI 4.616//DF, relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 24.11.2023 (sexta-
feira), às 23:59
ADI 6.966/DF, relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 24.11.2023 (sexta-
feira), às 23:59
SUMÁRIO
7
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1118/2023 |
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
(2) Precedentes citados: ADI 3.661; ADI 4.454; ADI 2.337; ADI 2.790; ADI 2.340; ADI 2.077 e ADI 1.842.
ADI 7.405/MT, relatora Ministra Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 24.11.2023 (sexta-
feira), às 23:59
SUMÁRIO
8
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1118/2023 |
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
Devem ser aferidas até a data da eleição as alterações, fáticas ou jurídicas, super-
venientes ao registro de candidatura que afastem a inelegibilidade de candidato.
(1) Lei 9.504/1997: “Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos
até às dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. (...) § 10. As condições
de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido
de registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que
afastem a inelegibilidade.”
ADI 7.197/DF, relatora Ministra Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 24.11.2023 (sexta-
feira), às 23:59
SUMÁRIO
9
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1118/2023 |
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
São compatíveis com a CF/1988 os arts. 1º, §§ 1º e 2º; 3º, parágrafo único; 8º-A, § 1º;
e 8º-B, §§ 1º, 2º, 3º, I e II, da Lei 6.739/1979, que, em linhas gerais, preveem contra-
ditório diferido e — diante de determinadas circunstâncias e com provocação pré-
via do poder público — conferem ao corregedor-geral de Justiça e a juiz federal,
no exercício de atividade extrajudicial, a atribuição de realizar o cancelamento de
matrícula e de registro de imóvel.
SUMÁRIO
10
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1118/2023 |
declara que ela não teve a aptidão de sequer surgir. Cumpre aos agentes estatais
legalmente designados o dever de fazer com que o registro imprima a real e a válida
titularidade. Na presença de situação que inverta a presunção relativa do registro,
eles têm de zelar pela realização dos devidos acertos, sem retirar do interessado seus
mecanismos de insurgência.
(2) Lei 6.739/1979: “Art. 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público ao Corregedor-Geral da Justiça,
são declarados inexistentes e cancelados a matrícula e o registro de imóvel rural vinculado a título nulo de
pleno direito, ou feitos em desacordo com o art. 221 e seguintes da Lei 6.015, de 31 de dezembro de 1973,
alterada pela Lei 6.216, de 30 de junho de 1975. § 1º Editado e cumprido o ato, que deve ser fundamentado
em provas irrefutáveis, proceder-se-á, no quinquídio subsequente, à notificação pessoal: a) da pessoa cujo
nome constava na matrícula ou no registro cancelados; b) do titular do direito real, inscrito ou registrado, do
imóvel vinculado ao registro cancelado. § 2º Havendo outros registros, em cadeia com o registro cancelado,
os titulares de domínio do imóvel e quem tenha sobre o bem direitos reais inscritos ou registrados serão
também notificados, na forma prevista neste artigo. (...) Art. 3º A parte interessada, se inconformada com o
Provimento, poderá ingressar com ação anulatória, perante o Juiz competente, contra a pessoa jurídica de
direito público que requereu o cancelamento, ação que não sustará os efeitos deste, admitido o registro da
citação, nos termos do art. 167, I, 21, da Lei 6.015, de 31 de dezembro de 1973, alterado pela Lei 6.216, de 30
de junho de 1975. Parágrafo único. Da decisão proferida, caberá apelação e, quando contrária ao requerente
do cancelamento, ficará sujeita ao duplo grau de jurisdição. (...) Art. 8º-A A União, o Estado, o Distrito Federal
ou o Município prejudicado poderá promover, via administrativa, a retificação da matrícula, do registro ou da
averbação feita em desacordo com o art. 225 da Lei 6.015, de 31 de dezembro de 1973, quando a alteração
da área ou dos limites do imóvel importar em transferência de terras públicas. § 1º O Oficial do Registro
de Imóveis, no prazo de cinco dias úteis, contado da prenotação do requerimento, procederá à retificação
requerida e dela dará ciência ao proprietário, nos cinco dias seguintes à retificação. (...) Art. 8º-B Verificado
que terras públicas foram objeto de apropriação indevida por quaisquer meios, inclusive decisões judiciais,
a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município prejudicado, bem como seus respectivos órgãos ou
entidades competentes, poderão, à vista de prova da nulidade identificada, requerer o cancelamento da
matrícula e do registro na forma prevista nesta Lei, caso não aplicável o procedimento estabelecido no art.
8º-A. § 1º Nos casos de interesse da União e de suas autarquias e fundações, o requerimento será dirigido
ao Juiz Federal da Seção Judiciária competente, ao qual incumbirão os atos e procedimentos cometidos
ao Corregedor Geral de Justiça. § 2º Caso o Corregedor Geral de Justiça ou o Juiz Federal não considere
suficientes os elementos apresentados com o requerimento, poderá, antes de exarar a decisão, promover as
notificações previstas nos parágrafos do art. 1º desta Lei, observados os procedimentos neles estabelecidos,
dos quais dará ciência ao requerente e ao Ministério Público competente. § 3º Caberá apelação da decisão
proferida: I – pelo Corregedor Geral, ao Tribunal de Justiça; II – pelo Juiz Federal, ao respectivo Tribunal
Regional Federal.”
ADPF 1.056/DF, relator Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 24.11.2023
(sexta-feira), às 23:59
SUMÁRIO
11
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1118/2023 |
ÁUDIO REPERCUSSÃO
DO TEXTO GERAL
TESE FIXADA:
RESUMO:
No caso, é necessário que o ente federativo que detém a competência tributária edite
lei específica para a cobrança do imposto. Não basta a previsão em lei complementar
federal que autorize a cobrança do diferencial de alíquota nem previsões legislativas
gerais que não estabeleçam todos os critérios capazes de instituir a obrigação tributária.
(1) Precedentes citados: RE 598.677 (Tema 456 RG); Rcl 57.237 AgR; RE 970.821 (Tema 517 RG); Rcl 57.003
AgR; Rcl 60.342 AgR; Rcl 57.744 AgR e Rcl 57.994 (decisão monocrática).
SUMÁRIO
12
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1118/2023 |
RE 1.188.352/DF
Relator: Ministro LUIZ FUX REPERCUSSÃO
GERAL
RE 1.317.982/ES
Relator: Ministro NUNES MARQUES REPERCUSSÃO
GERAL
ADI 7.458/PB
Relator: Ministro GILMAR MENDES
SUMÁRIO
13
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1118/2023 |
ADI 4.851/BA
Relatora: Ministra CÁRMEN LÚCIA
SUMÁRIO
14
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1118/2023 |
ADPF 1.004/SP
Relator: Ministro LUIZ FUX
ADI 4.832/AM
Relator: Ministro LUIZ FUX
ADPF 615/DF
Relator: Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO
SUMÁRIO
15
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1118/2023 |
ADI 5.934/ES
Relator: Ministro EDSON FACHIN
SUMÁRIO
16
Edição 1119/2023
11 DE DEZEMBRO DE 2023
Secretaria-Geral da Presidência
Aline Rezende Peres Osorio
Gabinete da Presidência
Fernanda Silva de Paula
Diretoria-Geral
Eduardo Silva Toledo
Equipe Técnica
Renan Arakawa Pamplona
Anna Daniela de Araújo M. dos Santos
Daniela Damasceno Neves Pinheiro
João de Souza Nascimento Neto
Luiz Carlos Gomes de Freitas Júnior
Mariana Bontempo Bastos
Priscila Py Teixeira
Ricardo Henriques Pontes
Tays Renata Lemos Nogueira
Diagramação
Ana Carolina Caetano
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Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação.
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INFORMATIVO STF 11 DE DEZEMBRO DE 2023 | 1119/2023
MINISTRO
LUÍS ROBERTO BARROSO
Presidente [26.6.2013]
MINISTRO
LUIZ EDSON FACHIN
Vice-presidente [16.6.2015]
MINISTRO
GILMAR FERREIRA MENDES
Decano [20.6.2002]
MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.6.2006]
MINISTRO
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]
MINISTRO
LUIZ FUX
[3.3.2011]
MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES
[22.3.2017]
MINISTRO
KASSIO NUNES MARQUES
[5.11.2020]
MINISTRO
ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA
[16.12.2021]
MINISTRO
CRISTIANO ZANIN MARTINS
[04.08.2023]
INFORMATIVO STF 11 DE DEZEMBRO DE 2023 | 1119/2023
SUMÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO DO CONSUMIDOR
DIREITO TRIBUTÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
VÍDEO DO
JULGAMENTO
Parte Única
TESE FIXADA:
RESUMO:
É inconstitucional — por violação dos arts. 1º, III, 3º, IV, 5º, “caput”, 37, “caput”, I e
II, da CF/1988 — a vedação à posse em cargo público de candidato(a) que esteve
acometido(a) de doença grave, mas que não apresenta sintomas atuais de res-
trição para o trabalho.
SUMÁRIO
7
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, ao apreciar o Tema 1.015
da repercussão geral, deu parcial provimento ao recurso extraordinário para conde-
nar o Estado de Minas Gerais a nomear e dar posse à recorrente.
ÁUDIO REPERCUSSÃO
DO TEXTO GERAL
TESE FIXADA:
SUMÁRIO
8
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
RESUMO:
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, ao apreciar o Tema 553
da repercussão geral, negou seguimento ao recurso extraordinário, com a fixação
da tese acima referida.
(1) Lei 9.028/1995: “Art. 19. São transpostos para as carreiras da Advocacia-Geral da União os atuais cargos
efetivos de Subprocurador-Geral da Fazenda Nacional e Procurador da Fazenda Nacional, como os de
Assistente Jurídico da Administração Federal direta, os quais (...) Art. 19-A. São transpostos, para a Carreira
de Assistente Jurídico da Advocacia-Geral da União, os atuais cargos efetivos da Administração Federal
direta, privativos de bacharel em Direito, cujas atribuições, fixadas em ato normativo hábil, tenham conteúdo
eminentemente jurídico e correspondam àquelas de assistência fixadas aos cargos da referida Carreira, ou
as abranjam, e os quais: (...)”
(2) Precedentes citados: RE 395.186 AgR; ADI 1.835; RE 261.997 AgR; AI 141.189 AgR; RE 677.730 (Tema 602 RG)
RE 682.934/DF, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 24.11.2023 (sexta-
feira), às 23:59
SUMÁRIO
9
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
O art. 125, § 3º, da CF/1988 (1) é norma de reprodução obrigatória, cabendo à lei
estadual, mediante proposta do Tribunal de Justiça, criar e, consequentemente,
organizar a Justiça Militar estadual e o Tribunal de Justiça Militar.
Ademais, deve-se considerar a norma contida no art. 122, II, da CF/1988 (3), igualmente
de reprodução obrigatória, de modo que a existência ou não dos tribunais militares,
ainda que previstos na Constituição estadual, depende também da instituição por lei
de iniciativa do Tribunal de Justiça local, assim como, pelo paralelismo das formas, sua
eventual extinção depende apenas da lei.
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou parcialmente pro-
cedentes os pedidos da ação direta, para declarar a constitucionalidade do art. 95,
SUMÁRIO
10
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
V, a, do art. 105 e do art. 112, da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul (4); a
constitucionalidade do art. 91, II e V, e do art. 104, caput, da Constituição do Estado do
Rio Grande do Sul (5), desde que haja a sua interpretação conforme à Constituição da
República, aditando-lhes a expressão “instituído(s) por lei”; e a inconstitucionalidade
do art. 95, VII, do art. 104, §§ 2º, 4º e 5º, e do art. 106 da Constituição do Estado do
Rio Grande do Sul (6).
(1) CF/1988: “Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta
Constituição. (...) § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar
estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo
grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar
seja superior a vinte mil integrantes.”
(3) CF/1988: “Art. 122. São órgãos da Justiça Militar: (...) II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.”
(4) Constituição do Estado do Rio Grande do Sul: “Art. 95 – Ao Tribunal de Justiça, além do que lhe for atribuído
nesta Constituição e na lei, compete: (…) V- propor à Assembleia Legislativa, observados os parâmetros
constitucionais e legais, bem como as diretrizes orçamentárias: a) a alteração do número de seus membros e
do Tribunal Militar; (...) Art. 105 – Compete à Justiça Militar Estadual processar e julgar os servidores militares
estaduais nos crimes militares definidos em lei. (...) Art. 112 – As funções do Ministério Público junto ao Tribunal
Militar serão exercidas pelos membros do Ministério Público Estadual, nos termos de sua lei complementar.”
(5) Constituição do Estado do Rio Grande do Sul: “Art. 91 – São órgãos do Poder Judiciário do Estado: (…) II – o
Tribunal Militar do Estado; (…) V – os Conselhos de Justiça Militar; (…) Art. 104 – A Justiça Militar, organizada
com observância dos preceitos da Constituição Federal, terá como órgãos de primeiro grau os Conselhos de
Justiça e como órgão de segundo grau o Tribunal Militar do Estado.”
(6) Constituição do Estado do Rio Grande do Sul: “Art. 95 – Ao Tribunal de Justiça, além do que lhe for
atribuído nesta Constituição e na lei, compete: (…) VII- elaborar e encaminhar, depois de ouvir o Tribunal Militar
do Estado, as propostas orçamentárias do Poder Judiciário, dentro dos limites estipulados conjuntamente
com os demais Poderes, na lei de diretrizes orçamentárias. (…) Art. 104 – A Justiça Militar, organizada com
observância dos preceitos da Constituição Federal, terá como órgãos de primeiro grau os Conselhos de Justiça
e como órgão de segundo grau o Tribunal Militar do Estado. (…) § 2º – A escolha dos Juízes militares será
feita dentre coronéis da ativa, pertencentes ao Quadro de Oficiais da Polícia Militar, da Brigada Militar. (…) §
4º – A estrutura dos órgãos da Justiça Militar, as atribuições de seus membros e a carreira de Juiz- Auditor
serão estabelecidas na Lei de Organização Judiciária, de iniciativa do Tribunal de Justiça. § 5º – Os Juízes
do Tribunal Militar do Estado terão vencimento, vantagens, direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos
iguais aos Desembargadores do Tribunal de Justiça. Art. 106 – Compete ao Tribunal Militar do Estado, além
das matérias definidas nesta Constituição, julgar os recursos dos Conselhos de Justiça Militar e ainda: I –
prover, na forma da lei, por ato do Presidente, os cargos de Juiz- Auditor e os dois servidores vinculados à
Justiça Militar; II – decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças, na
forma da lei; III – exercer outras atribuições definidas em lei.”
ADI 4.630/RS, relator Ministro Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 1º.12.2023 (sexta-
feira), às 23:59
SUMÁRIO
11
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
ÁUDIO REPERCUSSÃO
DO TEXTO GERAL
TESE FIXADA:
RESUMO:
Esta Corte já reconheceu, em caso análogo, a invalidade de norma municipal por usur-
pação da competência legislativa privativa da União para tratar da matéria (3).
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, ao apreciar o Tema 1.051
da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário para declarar a
inconstitucionalidade das Leis 10.947/1991 e 11.649/1994, ambas do Município de São
Paulo, bem como, por arrastamento, do Decreto Municipal 29.728/1991.
SUMÁRIO
12
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
(1) CF/1988: “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) I - direito civil, comercial, penal,
processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;”
(2) CF/1988: “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) IV - os
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (...) Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios: (...)”
RE 833.291/SP, relator Ministro Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 1º.12.2023 (sexta-feira),
às 23:59
ÁUDIO REPERCUSSÃO
DO TEXTO GERAL
VÍDEO DO
JULGAMENTO
Parte Única
TESE FIXADA:
RESUMO:
SUMÁRIO
13
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, deu parcial provimento aos
embargos de declaração, com efeitos infringentes, e negou provimento ao recurso
extraordinário, reconhecendo a inaplicabilidade do prazo prescricional das Convenções
de Varsóvia e Montreal ao caso em julgamento, em que só houve condenação por
danos morais. Em seguida, a tese do Tema 210 da repercussão geral foi reajustada
para abranger o novo entendimento do Tribunal.
ARE 766.618 ED/SP, relator Ministro Luís Roberto Barroso, julgamento finalizado em 30.11.2023
VÍDEO DO
JULGAMENTO
Parte Única
TESE FIXADA:
“(1) Sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a prova obtida
mediante abertura de carta, telegrama, pacote ou meio análogo, salvo se ocorrida
em estabelecimento penitenciário, quando houver fundados indícios da prática de
atividades ilícitas; (2) Em relação a abertura de encomenda postada nos Correios,
a prova obtida somente será lícita quando houver fundados indícios da prática de
atividade ilícita, formalizando-se as providências adotadas para fins de controle
administrativo ou judicial.”
SUMÁRIO
14
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
RESUMO:
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, conheceu dos embargos
de declaração e deu-lhes parcial provimento para, acolhendo a sugestão de reda-
ção formulada pelo Ministro Alexandre de Moraes, explicitar a tese do Tema 1.041 da
repercussão geral.
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
SUMÁRIO
15
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
RESUMO:
A instituição do Difal se deu mediante leis estaduais ou do DF, que foram editadas após
a EC 87/2015, na expectativa da sanção da lei complementar em debate.
SUMÁRIO
16
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
(3) CF/1988: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III – cobrar tributos: (...) b) no mesmo exercício financeiro em
que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em
que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;”
(4) LC 190/2022: “Art. 3º Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação, observado, quanto
à produção de efeitos, o disposto na alínea “c” do inciso III do caput do art. 150 da Constituição Federal.”
RE 702.362/RS
Relator: Ministro LUIZ FUX REPERCUSSÃO
GERAL
SUMÁRIO
17
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
RE 593.544/RS REPERCUSSÃO
Relator: Ministro ROBERTO BARROSO GERAL
Controvérsia constitucional, à luz dos arts. 149, § 2º, I; 150, § 6º; e 195, I, da Constituição
Federal, em que se discute a possibilidade de o crédito presumido do IPI decorrente
de exportações, instituído pela Lei 9.363/1996, integrar a base de cálculo do PIS e
da COFINS.
ADI 7.423/DF
Relatora: Ministra CÁRMEN LÚCIA
SUMÁRIO
18
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
ADI 6.532/AM
Relator: Ministro ROBERTO BARROSO
ADI 6.731/DF
Relator: Ministro ROBERTO BARROSO
ADI 6.255/DF
ADI 6.361/DF
ADI 6.271/DF
ADI 6.258/DF
Relator: Ministro ROBERTO BARROSO
SUMÁRIO
19
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
ADI 4.082/DF
Relator: Ministro EDSON FACHIN
ADI 7.261/DF
Relator: Ministro EDSON FACHIN LEITURAS
EM PAUTA
ADI 6.674/MT
ADI 6.717/MT
Relator: Ministro ALEXANDRE DE MORAES
SUMÁRIO
20
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
ADI 2.213/DF
ADI 2.411/DF
Relator: Ministro NUNES MARQUES
ADI 5.457/AM
Relator: Ministro NUNES MARQUES
ADI 7.000/PA
ADI 7.281/PB
ADI 7.300/PI
ADI 7.307/PB
ADI 7.450/MT
Relator: Ministro CRISTIANO ZANIN
SUMÁRIO
21
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1119/2023 |
ADI 7.475/MG
Relator: Ministro CRISTIANO ZANIN
SUMÁRIO
22
Edição 1120/2023
18 DE DEZEMBRO DE 2023
Secretaria-Geral da Presidência
Aline Rezende Peres Osorio
Gabinete da Presidência
Fernanda Silva de Paula
Diretoria-Geral
Eduardo Silva Toledo
Equipe Técnica
Renan Arakawa Pamplona
Anna Daniela de Araújo M. dos Santos
Daniela Damasceno Neves Pinheiro
João de Souza Nascimento Neto
Luiz Carlos Gomes de Freitas Júnior
Mariana Bontempo Bastos
Priscila Py Teixeira
Ricardo Henriques Pontes
Tays Renata Lemos Nogueira
Diagramação
Leonardo Ramsés Cunha Oliveira
INFORMAÇÕES
ADICIONAIS
Informativo STF [recurso eletrônico] / Supremo Tribunal Federal. N. 1, (1995) – . Brasília : STF, 1995 – .
Semanal.
O Informativo STF, periódico semanal do Supremo Tribunal Federal, apresenta, de forma objetiva e concisa, resumos das teses e
conclusões dos principais julgamentos realizados pelos órgãos colegiados – Plenário e Turmas –, em ambiente presencial e virtual.
http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF
ISSN: 2675-8210.
1. Tribunal supremo, jurisprudência, Brasil. 2. Tribunal supremo, periódico, Brasil. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF). Secretaria de
Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação.
CDDir 340.6
Permite-se a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem alteração do conteúdo, desde que citada a fonte.
ISSN: 2675-8210
INFORMATIVO STF. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação, n. 1120/2023.
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF. Data de divulgação: 18 de dezembro de 2023.
INFORMATIVO STF 18 DE DEZEMBRO DE 2023 | 1120/2023
MINISTRO
LUÍS ROBERTO BARROSO
Presidente [26.6.2013]
MINISTRO
LUIZ EDSON FACHIN
Vice-presidente [16.6.2015]
MINISTRO
GILMAR FERREIRA MENDES
Decano [20.6.2002]
MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA
[21.6.2006]
MINISTRO
JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI
[23.10.2009]
MINISTRO
LUIZ FUX
[3.3.2011]
MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES
[22.3.2017]
MINISTRO
KASSIO NUNES MARQUES
[5.11.2020]
MINISTRO
ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA
[16.12.2021]
MINISTRO
CRISTIANO ZANIN MARTINS
[04.08.2023]
INFORMATIVO STF 18 DE DEZEMBRO DE 2023 | 1120/2023
SUMÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO TRIBUTÁRIO
1 INFORMATIVO
1.1 PLENÁRIO
ÁUDIO
DO TEXTO
RESUMO:
As disposições sobre acessibilidade aos cargos e empregos públicos (CF/1988, art. 37,
II) conferem efetividade aos princípios constitucionais da isonomia e da impessoali-
dade, de modo a assegurar igualdade de oportunidades e ampliação da concorrên-
cia. Dessa maneira, a imposição legal de critérios de distinção entre os candidatos só
é admitida quando acompanhada de justificação plausível e que decorra de interesse
público e/ou da natureza e das atribuições do cargo ou emprego a ser preenchido (1).
Nesse contexto, o fator discriminatório é irrazoável e não se qualifica como critério idô-
neo apto a embasar tratamento mais favorável aos candidatos especificados na legis-
lação. Ademais, há expressa vedação no texto constitucional de preconceito decorrente
de critério de origem (CF/1988, art. 3º, IV), ao passo que inexiste qualquer disposição
SUMÁRIO
6
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1120/2023 |
Com base nesses entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou procedente a ação
para declarar a inconstitucionalidade da Lei 12.753/2023 do Estado da Paraíba (2).
(1) Precedentes citados: ADI 4.868; ADI 3.070; ADI 3.583; ADI 3.918 e RE 614.873 (acórdão pendente de
publicação).
(2) Lei 12.753/2023 do Estado da Paraíba: “Art. 1º Fica assegurada aos candidatos paraibanos residentes no
Estado da Paraíba a bonificação de 10% (dez por cento) na nota obtida nos concursos públicos, na área de
segurança pública. § 1º Para efeitos desta Lei, a área de segurança pública compreende os seguintes órgãos:
I – Polícia Civil; II – Polícia Militar; III – Polícia Penal; IV – Corpo de Bombeiros Militar. § 2º A bonificação constará
expressamente dos editais dos concursos públicos. Art. 2º A responsabilidade de apresentar a documentação
exigida para gozar do benefício assegurado por esta Lei é de responsabilidade do candidato, no ato da
inscrição no concurso público. Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.”
ADI 7.458/PB, relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 11.12.2023 (segunda-
feira), às 23:59
ÁUDIO REPERCUSSÃO
DO TEXTO GERAL
VÍDEO DO
JULGAMENTO
Parte Única
TESE FIXADA:
SUMÁRIO
7
,i
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1120/2023 |
Se houver intenção deliberadas do canal de imprensa ou ma fé ou negligência, mesmo quando houver indícios de que a
informação seja falsa nesse caso Nao ha que se falar em liberdade de imprensa. O dever de cuidado deve estar presente.
O STJ acrescenta dever de respeito e dever de pertinência.
porque os direitos à honra, intimidade, vida privada e à própria imagem formam
a proteção constitucional à dignidade da pessoa humana, salvaguardando um
espaço íntimo intransponível por intromissões ilícitas externas. 2. Na hipótese de
publicação de entrevista em que o entrevistado imputa falsamente prática de crime
a terceiro, a empresa jornalística somente poderá ser responsabilizada civilmente
se: (i) à época da divulgação, havia indícios concretos da falsidade da imputação;
e (ii) o veículo deixou de observar o dever de cuidado na verificação da veracidade
dos fatos e na divulgação da existência de tais indícios”.
RESUMO:
Na espécie, estão presentes requisitos dessa natureza, pois, além de a empresa jorna-
lística recorrente não ter feito as ressalvas devidas quanto à honra do recorrido e dado
a ele a oportunidade de apresentar sua versão dos fatos, a entrevista publicada não
examinou o potencial lesivo da informação divulgada nem empregou os mecanismos
razoáveis de aferição de sua veracidade. Ademais, sequer foi provado nos autos que
o entrevistado, responsável pelas alegações que atribuíam ao recorrido a prática de
fato tipificado como crime, havia promovido, de fato, essa imputação.
SUMÁRIO
8
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1120/2023 |
RE 1.075.412/PE, relator Ministro Marco Aurélio, redator do acórdão Ministro Edson Fachin, julgamento
finalizado em 29.11.2023
TESE FIXADA:
RESUMO:
SUMÁRIO
9
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1120/2023 |
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, deu provimento ao recurso
extraordinário para reformar o acórdão recorrido, a fim de que seja aplicado o índice
de juros moratórios estabelecido pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, na redação dada
pela Lei 11.960/2009 (2), e fixou a tese supracitada.
(1) Precedentes citados: AI 842.063 (Tema 435 RG); ACO 683 AgR-ED; MS 32.435 AgR; RE 1.331.940
(monocrática); ARE 1.317.431 (monocrática); RE 1.314.414 (monocrática); ARE 1.318.458 (monocrática); RE
1.219.741 (monocrática); ARE 1.315.257 (monocrática); e ARE 1.311.556 AgR (monocrática).
(2) Lei 9.494/1997, na redação dada pela Lei 11.960/2009: “Art. 1º-F Nas condenações impostas à Fazenda
Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital
e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais
de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.”
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
São inconstitucionais — por violarem o disposto no art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/1988,
eis que não abarcadas pelo quadro normativo especial encampado pelo artigo
40 do ADCT — os incentivos fiscais relativos ao ICMS sem amparo em convênio
interestadual cuja aplicação se estenda a todo o Estado do Amazonas (“crédito
SUMÁRIO
10
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1120/2023 |
(1) Precedentes citados: ADI 5.882; ADI 2.549; ADI 3.664; ADI 3.803; ADI 4.512; ADI 1.247; ADI 2.345; ADI
3.794 e ADI 2.458.
ADI 4.832/AM, relator Ministro Luiz Fux, julgamento virtual finalizado em 11.12.2023 (segunda-feira),
às 23:59
SUMÁRIO
11
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1120/2023 |
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
Esses incentivos são válidos porque se inserem no regime tributário diferenciado da Zona
Franca de Manaus, exceção prevista originalmente no ADCT (art. 40) com o objetivo de
promover o desenvolvimento daquela região (CF/1988, art. 170, VII) (1). Nesse contexto,
a Lei Complementar 24/1975, além de dispensar a anuência dos demais estados e do
Distrito Federal para a concessão de incentivos fiscais concernentes ao ICMS às indús-
trias instaladas ou que vierem a se instalar na Zona Franca de Manaus, também veda
a exclusão desses incentivos pelas demais unidades da Federação.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente a ação para
declarar a inconstitucionalidade de quaisquer atos administrativos do Fisco paulista
e do Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo (TIT/SP) que determinem a
supressão de créditos de ICMS relativos a mercadorias oriundas da Zona Franca de
Manaus contempladas com incentivos fiscais concedidos às indústrias ali instaladas
com fundamento no art. 15 da Lei Complementar 24/1975 (2).
SUMÁRIO
12
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1120/2023 |
(2) Lei Complementar 24/1975: “Art. 15 - O disposto nesta Lei não se aplica às indústrias instaladas ou que
vierem a instalar-se na Zona Franca de Manaus, sendo vedado às demais Unidades da Federação determinar
a exclusão de incentivo fiscal, prêmio ou estímulo concedido pelo Estado do Amazonas.”
ADPF 1.004/SP, relator Ministro Luiz Fux, julgamento virtual finalizado em 11.12.2023 (segunda-feira),
às 23:59
ÁUDIO AMICUS
DO TEXTO CURIAE
RESUMO:
SUMÁRIO
13
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1120/2023 |
Na espécie, a norma deve ser concebida para regular situações extremas e de grave
desequilíbrio concorrencial, e não pode ser mero instrumento de combate ao inadim-
plemento, na medida em que a inadimplência contumaz, marcada ou não pela sone-
gação, desequilibra artificial e ilicitamente as condições de livre concorrência.
Nesse contexto, para se caracterizar como sanção política, a norma extraída da inter-
pretação do art. 2º, II, do Decreto-Lei 1.593/1977 deve atentar contra uma das balizas
que foram acima registradas (1). Os três estágios para a identificação de dada restri-
ção à atividade empresarial como sanção política tributária são baseados na tensão
que se coloca entre o direito fundamental ao exercício de atividade profissional ou
econômica lícita, reforçado pela garantia de acesso aos mecanismos de controle da
validade do débito tributário, que se deve dar ao administrado e ao jurisdicionado, e
o dever fundamental de pagar tributos, aplicado tanto como salvaguarda da garantia
à livre concorrência e iniciativa como instrumento de arrecadação de recursos essen-
ciais à atividade estatal.
(2) Decreto-Lei 1.593/1977: “Art. 2º O registro especial poderá ser cancelado, a qualquer tempo, pela
autoridade concedente, se, após a sua concessão, ocorrer um dos seguintes fatos: (...) II – não-cumprimento
de obrigação tributária principal ou acessória, relativa a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria
da Receita Federal;”
(3) Decreto-Lei 1.593/1977: “Art. 2º (...) § 5º Do ato que cancelar o registro especial caberá recurso ao Secretário
da Receita Federal, sem efeito suspensivo, dentro de trinta dias, contados da data de sua publicação, sendo
definitiva a decisão na esfera administrativa.”
ADI 3.952/DF, relator Ministro Joaquim Barbosa, redatora do acórdão Ministra Cármen Lúcia,
julgamento finalizado em 29.11.2023
SUMÁRIO
14
INFORMATIVO STF EDIÇÃO 1120/2023 |
ADI 7.424/ES
Relator: Ministro GILMAR MENDES
ADI 5.553/DF
Relator: Ministro EDSON FACHIN
SUMÁRIO
15