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2020v17n37p48
INTRODUÇÃO
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Extensio: R. Eletr. de Extensão, ISSN 1807-0221 Florianópolis, v. 17, n. 37, p. 48-60, 2020.
Atendimento odontológico a pacientes em fase de pré-transplante hepático: proposta de protocolo
METODOLOGIA
REVISÃO DA LITERATURA
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Atendimento odontológico a pacientes em fase de pré-transplante hepático: proposta de protocolo
Terapêutica medicamentosa
Em indivíduos com doença hepática devem ser consideradas alterações na dosagem
ou nos intervalos de administração de analgésicos, pois as doenças hepáticas podem alterar
o metabolismo das drogas (CRUZ PAMPLONA et al., 2011). O uso agudo ou crônico de
paracetamol em doses máximas de 2g ao dia, em indivíduos com hepatopatias, é
considerado seguro (RADMAND et al., 2013).A dipirona na dosagem de 500mg TID no
período de até 72 horas é também uma opção aceitável nesse particular grupo de
indivíduos(ZAPATER et al., 2015).Entretanto, o uso de aspirina é contraindicado em
indivíduos com alterações na hemostasia (CRUZ PAMPLONA et al., 2011).Analgésicos
narcóticos devem ser evitados devido ao risco de encefalopatia hepática (SILVA SANTOS
et al., 2012).O uso de fármacos anti-inflamatórios não esteroídes (AINES), devido ao
potencial para sangramento gastrointestinal e complicações renais em indivíduos com
cirrose, está contraindicado (RADMAND et al., 2013). Ansiolíticos, em indivíduos com
doença hepática, devem ser usados com cautela, pois o tempo de ação dessa classe pode ser
prolongado (SILVA SANTOS et al., 2012).
Quando a disfunção hepática estiver associada a alterações imunológicas,como nas
doenças autoimunes, a profilaxia antibiótica está indicada para procedimentos
invasivos(CRUZ PAMPLONA et al., 2011). A profilaxia antibiótica deve ser recomendada
considerando a extensão do procedimento e a gravidade da doença hepática. Amoxicilina,
ácido clavulânico ou cefalosporinas são indicados (RADMAND et al., 2013). A
clindamicina apresenta seu metabolismo prolongado em indivíduos com doenças hepáticas
e, portanto, poderia contribuir com a degeneração do fígado (CRUZ PAMPLONA et al.,
2011).Entretanto, ainda não existem diretrizes padrão para o uso de profilaxia antibiótica
em pacientes pré-transplante hepático.A decisão sobre a realização ou não da profilaxia
antibiótica deve ser estabelecida junto ao médico responsável.
Procedimentos invasivos
Devido ao risco hemorrágico, a avaliação pré-operatória através de exames
complementares do paciente é obrigatória, independentemente do tipo de procedimento
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DISCUSSÃO
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quais classes, intervalos e dosagens são seguros para esse grupo de pacientes (CRUZ
PAMPLONA et al., 2011; RADMAND et al., 2013).
Quanto à profilaxia antibiótica, ainda não existe diretriz padrão em pacientes
candidatos a transplante hepático. Em pacientes com ascite, a profilaxia antibiótica parece
ser necessária. O médico responsável deverá ser consultado para auxiliar nessa tomada de
decisão (CRUZ PAMPLONA et al., 2011; PERDIGÃO et al., 2012; SILVA SANTOS et
al., 2012; LEVENSON e KEENAN, 2013; RADMAND et al., 2013).
Devido à complexidade da condição geral dos pacientes com doença hepática
crônica, o cirurgião-dentista deve estar atento a três aspectos essenciais:controle da
hemostasia, controleda infecção e controle da dor (RADMAND et al., 2013). Assim, deve
ser priorizado, sempre que possível, os procedimentos de alívio da dor e a abordagem dos
quadros infecciosos. Em seguida, procedimentos restauradores e/ou provisórios devem ser
realizados, devolvendo a função mastigatória e estética, habilitando o paciente ao
transplante. Alguns procedimentos restauradores definitivos poderão ser postergados para
a fase pós-transplante.
Durante o tratamento odontológico, na fase pré-transplante, o paciente deve ser
orientado, monitorado e estimulado quanto aos cuidados com a saúde bucal. Nesta fase, é
importante que o paciente incorpore e mantenha os cuidados com o controle da higiene
bucal. Esses cuidados irão reduzir o risco de infecções de origem bucal na fase pós-
transplante, o que poderia acarretar na perda do órgão (SILVA SANTOS et al., 2012).
A realização de procedimentos minimamente invasivos, como procedimentos
restauradores e protéticos, em indivíduos com hepatopatias, não está associada ao risco
considerável de hemorragia. A dificuldade reside na avaliação do risco de sangramento em
procedimentos com um moderado nível de invasão, como raspagem subgengival (SILVA
SANTOS et al., 2012).
Ainda não existe consenso na literatura sobre o valor seguro de plaquetas ou RNI
para a realização de procedimentos cirúrgicos. A experiência do Programa de Assistência
Odontológica a Pacientes Transplantados da UFMG demonstra que contagem de plaquetas
≥ 50.000/mm³ e RNI ≤ 3,5 são valores seguros para a realização de tais procedimentos.
Esses parâmetros referenciais estão em conformidade com outros estudos (AFDHAL et
al., 2008; SILVA SANTOS et al., 2012).
O uso de agente hemostático local em procedimentos cirúrgicos é de grande valor
na obtenção de hemostasia pós-operatório imediato. Entretanto, esses agentes
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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• Acolhimento.
Primeiro Contato • Coleta da história clínica e prontuário.
• Solicitação e avaliação de exames laboratoriais.
• Exame intra/extra oral e exames imaginológicos.
• Planejamento do plano de tratamento.
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