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LEI ORGÂNICA DAS POLÍCIAS

MILITARES E CORPOS DE
BOMBEIROS MILITARES
Lei n. 14.751/2023

Rodrigo Foureaux
Oficial RNR - PMMG
Juiz de Direito - TJGO
Sumário Diretrizes a serem observadas pelas

Polícias Militares e pelos Corpos de

Bombeiros Militares

Perícias

Ciências Policiais

Atribuições da Polícia Militar e do Corpo

de Bombeiros Militar

Condições Ingresso

Garantias dos Militares

Vedação aos Militares

Comandante-Geral

Participação popular

Vetos
Lei 14.751 de 12 de dezembro de 2023

VIGÊNCIA IMEDIATA FRUTO DO PROJETO DE ATENDE À CONSTITUIÇÃO


LEI N. 4363 DE 2001 FEDERAL (ART. 22, XXI)
13 de dezembro de 2023
22 anos de tramitação até ser Cabe à União legislar sobre
aprovado normas gerais de:
organização;
efetivos;
material bélico;
garantias;
convocação;
mobilização;
inatividades;
pensões das polícias
militares e dos corpos de
bombeiros militares
Diretrizes a serem observadas
pelas Polícias Militares e pelos
Corpos de Bombeiros Militares
Um dos avanços mais significativos da Lei n. 14.751/2023 foi o
reconhecimento do caráter técnico e científico do trabalho das Polícias
Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares.

O caráter técnico e científico no A organização e realização de O Ministério da Educação, no


planejamento e no emprego é manifestações técnico- dia 08 de junho de 2020,
uma das diretrizes (art. 4º, VI); científicas e de pesquisas são homologou o Parecer CNE/CES
atribuições das instituições n. 945/2019, e reconheceu
militares estaduais (art. 5º, XIII as Ciências Policiais como
e art. 6º, XVI). uma área do saber.
Quais são os desdobramentos desse reconhecimento?

Reconhecimento formal do
Produção de conhecimento exercício de cargo técnico pelos

A Lei n.
científico pela própria instituição policiais militares e bombeiros
militares

14.751/2023
reconheceu o Fomenta a produção de manuais
técnicos e protocolos de atuação
policial e do bombeiro
Reconhece a complexidade do
trabalho

POLICIAMENTO
BASEADO EM
EVIDÊNCIAS!
Exige a realização de perícias Valoriza o trabalho das
para identificar erros policiais e instituições militares estaduais
dos bombeiros (BM e CBM)
Perícias

CARACTERIZAÇÃ CARACTERIZAÇÃO
ALEGAÇÃO DE Cão policial e as fundadas
EXCESSO DA TROPA O DE FUNDADA DE LEGÍTIMA
razões
DE CHOQUE SUSPEITA DEFESA
A ciência aplicada à O policiamento preventivo e ostensivo, próprio das
Polícias Militares, a fim de salvaguardar a
atividade policial já foi segurança pública, é dever constitucional. Tentar
reconhecida e fugir, ao avistar viatura, e reagir, objetivamente, de
respeitada pelo Supremo modo próprio e conhecido pela ciência aplicada à
Tribunal Federal ao atividade policial, objetivamente, justifica a busca
analisar as razões da pessoal em via pública. (RHC 235568 AgR,
Relator(a): Gilmar Mendes, 2ª Turma, j. 26-02-
busca pessoal. 2024, p. 01-03-2024)

Fugir ao avistar viatura, pulando muros, gesticular


como quem segura algo na cintura e reagir de
modo próprio e conhecido pela ciência aplicada à
atividade policial, objetivamente, justifica a busca
pessoal em via pública. (AgR no RHC 229.514, de
minha relatoria, Segunda Turma, DJe 23.10.2023).
No RHC 235568 o Ministro relator consignou que:
A ciência aplicada à
atividade policial já foi Com efeito, há uma corrente que pretende criminalizar o exercício da atividade
policial e legalizar a prática de ilícitos: ilícita não seria a conduta do traficante, mas a
reconhecida e do policial que o abordou.

respeitada pelo Supremo A punição de criminosos, com efeito, deve ser feita nos limites da Constituição. Não
Tribunal Federal ao se defende, aqui, e jamais se defendeu uma persecução penal paralela àquela

analisar as razões da desenhada pelo constituinte.

busca pessoal. Todavia, se um agente do Estado não puder realizar abordagem em via pública a
partir de comportamentos (objetivos) suspeitos do alvo, tais como fuga,
gesticulações e demais reações típicas, já conhecidas pela ciência aplicada à
atividade policial, haverá sério comprometimento do exercício da segurança pública.

Com efeito, a Constituição que assegura o direito à intimidade, à ampla defesa,


contraditório e inviolabilidade do domicílio é a mesma que determina punição a
criminosos e o dever do Estado de zelar pela segurança pública. É dizer: o
policiamento preventivo e ostensivo, próprio das Polícias Militares, a fim de
salvaguardar a segurança pública, é um dever constitucional.

Os suspeitos têm direito a um sistema penal democrático e a um processo penal


justo, ao tempo em que a sociedade tem direito a viver com tranquilidade nas vias
públicas.
Planejamento
estratégico e sistêmico
O planejamento estratégico da instituição
é pautado na ciência e define os rumos
da instituição.
Padronização
Padronização de procedimentos operacionais,
formais e administrativos e da identidade
visual e funcional, com publicidade,
ressalvados aqueles para os quais a
Constituição ou a lei determinem sigilo.

O Comando da instituição deve criar protocolos operacionais e,


sempre que for necessário, restringir o acesso ao público interno.

A Lei Orgânica da Polícia Civil – Lei n. 14.735/2023 – dispõe que:


Art. 34. É vedada a divulgação, a qualquer tempo e fora da esfera policial,
de técnicas de investigação utilizadas pelas polícias civis e de qualquer
dado ou informação obtidos por meio de medida cautelar judicial,
ressalvadas as hipóteses legais, e o infrator deve responder civil,
administrativa e criminalmente pela divulgação não baseada na lei.
[...] § 2º Em audiências, inclusive judiciais, o policial civil deve resguardar
o máximo possível a sigilosidade das técnicas e das ferramentas de
investigação.
Cooperação e
Compartilhamento
Cooperação e compartilhamento recíproco das
experiências entre os órgãos de segurança pública,
mediante instrumentos próprios, na forma da lei.

Instituição de base de dados on-line e unificada por


Estado da Federação, em conformidade com graus de
sigilo estabelecidos pelo Ministério da Justiça e
Segurança Pública, com compartilhamento recíproco dos
dados entre os órgãos e instituições integrantes do Susp,
por meio de cadastro prévio de servidor de cargo efetivo.

Possibilidade do Secretaria Nacional de Segurança Pública


criar um banco nacional para que haja essa cooperação e
compartilhamento.

As instituições militares tem muito a somar


com a troca de experiências
Capacitação
profissional continuada
É importante que as instituições militares
fomentem e apoiem a realização de
mestrado e doutorado pelos militares,
pois contará com pesquisadores
capacitados para produzir conhecimento
científico para a instituição.
Uso racional da força e uso
progressivo dos meios
Material de segurança pública
Art. 17 [...]
V - equipamentos, armas e munições menos letais

Lei n. 13.675/2018
Art. 4º
IX - uso comedido e proporcional da força pelos agentes
da segurança pública, pautado nos documentos
internacionais de proteção aos direitos humanos de que
o Brasil seja signatário
Livre convencimento técnico-
jurídico do oficial no exercício
da polícia judiciária militar
Segurança jurídica para que o Encarregado
de IPM faça uma análise completa do tipo
penal nas decisões de indiciamento ou não,
inclusive, para aplicar o art. 247, § 2º, do
CPPM (despacho não ratificador).

Art. 247. Dentro em vinte e quatro horas após a prisão, será dada ao prêso nota de
culpa assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das
testemunhas.
§ 2º Se, ao contrário da hipótese prevista no art. 246, a autoridade militar ou
judiciária verificar a manifesta inexistência de infração penal militar ou a não
participação da pessoa conduzida, relaxará a prisão. Em se tratando de infração
penal comum, remeterá o prêso à autoridade civil competente.
Uso racional da força e uso
progressivo dos meios
Material de segurança pública
Art. 17 [...]
V - equipamentos, armas e munições menos letais

Lei n. 13.675/2018
Art. 4º
IX - uso comedido e proporcional da força pelos agentes
da segurança pública, pautado nos documentos
internacionais de proteção aos direitos humanos de que
o Brasil seja signatário
Atribuições da
Polícia Militar e do
Corpo de Bombeiros
Militar
Atribuições da Polícia Militar e Corpo de
Bombeirsos Militar
Realizar coleta, busca e análise de dados, inclusive
estatísticos, sobre a criminalidade e as infrações
administrativas de interesse da preservação da ordem pública,
da polícia ostensiva e da polícia judiciária militar, destinadas a
orientar o planejamento e a execução de suas atribuições

A coleta de dados é de suma importância para direcionar


o policiamento baseado em evidências.

Reforça a necessidade dos militares que trabalham na rua


lavrarem o boletim de ocorrência de forma detalhada e
mais completa possível.
Atribuições da Polícia Militar e Corpo de
Bombeirsos Militar
Recrutar, selecionar e formar seus membros militares e
desenvolver as atividades de ensino, extensão e pesquisa em
caráter permanente com vistas à sua educação continuada e
ao aprimoramento de suas atividades, por meio do seu sistema
de ensino militar, em órgãos próprios ou de instituições
congêneres, inclusive mediante convênio, termo de parceria ou
outro ajuste com instituições públicas, na forma prevista em
lei;

Reforça a produção científica pela própria instituição


militar
Atribuições da Polícia Militar e Corpo de
Bombeirsos Militar
Custodiar, na forma da lei, por meio de órgão próprio ou, na
ausência deste, em unidade militar, o militar condenado ou
preso provisoriamente, à disposição da autoridade
competente.
Antes dessa previsão aplicava-se supletivamente o art.
73, parágrafo único, “c”, do Estatuto dos Militares das
Forças Armadas.
Lei 6.880/1980
Art. 73. As prerrogativas dos militares são constituídas pelas honras, dignidades e distinções devidas aos graus hierárquicos e
cargos.
Parágrafo único. São prerrogativas dos militares:
c) cumprimento de pena de prisão ou detenção somente em organização militar da respectiva Força cujo comandante, chefe ou
diretor tenha precedência hierárquica sobre o preso ou, na impossibilidade de cumprir esta disposição, em organização militar de
outra Força cujo comandante, chefe ou diretor tenha a necessária precedência; e
Possibilidade de se realizar convênios e intercâmbios
operacionais, entre outros, visando a integração das
atividades com demais órgãos públicos e, no caso da área

Parcerias e
de ensino, a pesquisa, extensão, informações e
conhecimentos técnicos.

Intercâmbio Possibilidade de cooperar nas comunicações de centro


de operações, na formação, no treinamento e no

entre aperfeiçoamento de outras instituições e órgãos de


segurança pública federal, estadual, distrital e municipal,

Instituições
no âmbito de suas atribuições constitucionais e legais.

Proibiu a cooperação para formação e treinamento de


natureza militar para as instituições civis.

A Polícia Militar não pode conceder


treinamento militar para a Guarda
Municipal.
Efetivo e
Estrutura
Hierárquica

Extensão da área territorial


População
Os índices de criminalidade
O efetivo deve considerar: Os riscos potenciais de desastres
O índice de desenvolvimento humano
As condições socioeconômicas da unidade federada
Outros, conforme as peculiaridades locais
Antes da Lei n. 14.751/2023 Após a Lei n. 14.751/2023
(Decreto-Lei n. 667/1969)

Coronel Coronel

Oficiais Superiores Tenente-Coronel Tenente-Coronel

Major Major

Oficiais Intermediários Capitão Capitão

1º Tenente 1º Tenente
Oficiais Subalternos 2º Tenente 2º Tenente

Aspirante-a-Oficial Aspirante-a-Oficial

Cadete (CFO)
Praças Especiais Aluno da Escola de Formação de Oficiais
Aluno-Oficial (CHO ou CHOA)
Obs.: na prática muitas instituições militares já
denominavam o aluno do CFO como “Cadete”

Subtenente Subtenente

1º Sargento 1º Sargento

2º Sargento 2º Sargento

Padronização ddos
3º Sargento 3º Sargento
Praças - Aluno-Sargento

Cabo Cabo

Postos e Gradua
Graduações Soldado 1ª Classe

Soldado 2ª Classe
Soldado

Aluno-Soldado
Soldado 3ª Classe
O parágrafo único do art. 12 e o art. 16, § 2º, II deixam claro que Aluno-Soldado e Aluno-
Sargento são graduações.

Ao término do curso se tornam 3º Sargentos. Logo, o Cabo deixa de ser superior ao Soldado no
Observações
curso, o que possui consequências penais militares nos crimes que exigem a qualidade de
“superior” e “inferior”. Antes era possível que os postos e graduações fossem
De toda forma, surge polêmicas. Isso porque o art. 23 diz que a precedência entre militares
suprimidos, de acordo com a lei estadual que tratasse da
observará o previsto nos arts. 17, 18 e 19 da Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de 1980, salvo os carreira militar do estado, como na Bahia que suprimiu o
casos de precedência funcional estabelecida em lei.
posto de 2º Tenente.
O art. 19, V, da Lei n. 6.880/1980 diz que os cabos têm precedência sobre os alunos das A graduação de Soldado poderia se subdivida em três
escolas ou dos centros de formação de sargentos, que a eles são equiparados, respeitada, no
classes, como ocorria em Goiás e ocorre em Santa Catarina.
caso de militares, a antiguidade relativa. Em que pese poder cogitar a aplicação do art. 19, V, os
alunos do curso de formação deixam de ser cabos e passam a ser Alunos-Sargentos, logo, não Em São Paulo o aluno do Curso de Formação de Oficial é
se aplica essa previsão, pois se tornam superiores hierárquicos aos cabos. Esse inciso somente denominado de Aluno-Oficial, mas agora deve passar a ser
seria aplicável se durante o curso de formação os militares fossem cabos, mas não são. São
Alunos-Sargentos. De toda forma, está aí um ponto de debate! denominado de “Cadete”. Aluno-Oficial é quem era praça e
passa no concurso para fazer o Curso de Habilitação de
Oficiais.
No Curso de Formação de Sargentos surge uma situação
interessante, pois esse curso pode ser aberto para Soldados

Padronização ddos
e Cabos e no início do curso adquirem a condição de “Aluno-
Sargento”, que passou a ser considerada uma graduação.

Postos e Gradua
Graduações
Todas as instituições militares deverão se adaptar. A lei não
fixou regra de transição e gerou dúvidas se deve adaptar
imediatamente ou para os casos futuros.
Promoção após
completar os
A Lei n. 14.751/2023 permitiu a promoção por
completar o militar os requisitos para transferência a

requisitos para pedido ou compulsória para a inatividade.

a transferência
a pedido ou Art. 14 [...] Parágrafo único. Além do disposto no caput deste
artigo, serão admitidas as promoções por bravura e post

compulsória
mortem e a promoção por completar o militar os requisitos para
transferência a pedido ou compulsória para a inatividade, sem

para
prejuízo da promoção em ressarcimento de preterição.

inatividade
QUADROS QOEM QOE QOS QORR QP QPRR
QUADRO DE OFICIAIS QUADRO DE QUADRO DE QUADRO DE QUADRO DE QUADRO DE
DE ESTADO-MAIOR OFICIAIS OFICIAIS DE SAÚDE OFICIAIS DA PRAÇAS PRAÇAS DA
ESPECIALISTAS RESERVA E RESERVA OU
REFORMADOS REFORMADOS

Destinado ao exercício, Destinado ao exercício Destinado ao Destinado aos oficiais Destinado às atividades Destinado às praças das
entre outras, das funções de de atividades desempenho de das polícias militares e dos diversos órgãos da polícias militares e dos
comando, chefia, direção e complementares atividades de saúde e dos corpos de instituição e integrado corpos de bombeiros
administração superior dos àquelas previstas para o de direção e bombeiros militares da por praças aprovadas militares da reserva
diversos órgãos da quadro constante do administração de órgãos reserva remunerada e em concurso público de remunerada e aos
instituição e integrado por inciso I deste caput e de saúde das polícias aos reformados. nível de escolaridade reformados.
oficiais aprovados em integrado por oficiais militares e dos corpos superior ou possuidoras
concurso público, exigido oriundos do quadro de de bombeiros militares e do respectivo curso de
bacharelado em direito, praças, nos termos da integrado por oficiais formação, desde que
observado o disposto no legislação do ente possuidores de cursos oficialmente
inciso IX do caput do art. 13 federado, possuidores de graduação superior reconhecido como de
desta Lei, facultada, para os do respectivo curso de na área de saúde de nível de educação
oficiais dos corpos de habilitação, realizado interesse da instituição, superior, oferecido pelo
bombeiros militares, outra em estabelecimento de com emprego sistema de ensino da
graduação prevista na ensino próprio ou de obrigatório e exclusivo respectiva instituição ou
legislação do ente polícia militar ou de na área de saúde das de outra unidade
federado, e possuidores do corpo de bombeiros corporações. federada ou de
respectivo curso de militar de outra unidade Territórios, observado o
formação de oficiais, federada ou de disposto no inciso IX do
realizado em Territórios, admitida a caput do art. 13 desta
estabelecimento de ensino promoção até o posto Lei, com progressão até
próprio ou de polícia militar de tenente-coronel. a graduação de
ou de corpo de bombeiros subtenente.
militar de outra unidade
federada ou de Territórios..
A Lei n. 14.751/2023 permitiu a realização de

Questões processo seletivo interno para praças se


tornarem oficiais?
Sim, fala que podem ir até TC.

É constitucional?
STF, Súmula Vinculante n. 43 - É
inconstitucional toda modalidade de
provimento que propicie ao servidor investir-se,
sem prévia aprovação em concurso público
destinado ao seu provimento, em cargo que
não integra a carreira na qual anteriormente
investido.
A Súmula Vinculante n. 43 aplica-se ao caso?

Questões Art. 142, § 3º [...]


X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas,
os limites de idade, a estabilidade e outras condições
de transferência do militar para a inatividade, os
direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas
e outras situações especiais dos militares,
consideradas as peculiaridades de suas atividades,
inclusive aquelas cumpridas por força de
compromissos internacionais e de guerra.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

Essa previsão é aplicável às instituições militares


estaduais (art. 42, § 1º, da CF).

STF - ADI 5249 (Mérito não analisado em razão de


vício processual)
Tempo de serviço e
contagem na prova de
títulos nos concursos
públicos e processos
seletivos internos
A Lei n. 14.751/2023 valorizou o tempo de atividade As corporações podem:
militar no próprio estado para fins de pontuação na a) Instituir Quadro de Oficial Temporário (QOT) e Quadro de Praça Temporário (QPT), por
prova de títulos. tempo determinado, nos termos da legislação do ente federado.
Essa possibilidade encontra-se prevista no art. 24-I, II, do Decreto-Lei n. 667/1969 com
Art. 15 [...]
§ 3º O tempo de atividade militar e os cursos de a alteração dada pela Lei n. 13.954/2019 e foi reforçada pela Lei n. 13.451/2023.
formação, aperfeiçoamento e especialização O prazo máximo de permanência é de 8 anos e o efetivo máximo é de 50% do respectivo
realizados na instituição militar do concurso serão posto ou graduação.
contados como título para fins de classificação no
concurso público e no processo seletivo interno, nos b) Estabelecer especialidades dentro dos quadros.
termos da pontuação prevista no edital.
A Lei N. 14.751/2023
permitiu a criação O ingresso no Quadro de Oficiais que permite chegar a
Coronel exige concurso público com ampla

de carreira única? concorrência. Quem já for militar do estado em que faz


o concurso para o CFO terá pontos de títulos em razão
de já ser militar do estado (art. 15, § 3º). Tentou-se criar
uma reserva de no mínimo 30% das vagas para quem
já fosse militar, mas essa previsão foi vetada.

É possível que se torne oficial sem fazer o concurso


público (ampla concorrência). No caso deve ser feito
concurso interno para compor o Quadro de Oficiais
Especialistas, mas não pode ser promovido a Coronel.
A carreira vai até Tenente-Coronel (art. 15, II).

O ingresso no Quadro de Praças permite, se não


Pelo contrário, a Lei n. 14.751/2023
trouxe a previsão de carreiras distintas, prestar concurso interno, chegar até subtenente (art. 15,
a de oficiais e a de praças (art. 15). V).
A exigência de curso superior para o
ingresso nas IMES se tornou obrigatória?
Exigiu-se o Bacharelado em Direito para
ingressar na PM/CBM?

O art. 13, IX, diz que é condição básica para ingressar na instituição “comprovar, na data de
admissão, de incorporação ou de formatura, o grau de escolaridade superior, nos termos do
art. 15 desta Lei e da legislação do ente federado”.
a) Admissão;
A comprovação do grau de escolaridade superior pode ocorrer em um dos três momentos: b) Incorporação;
c) Formatura.

A instituição militar pode exigir que se comprove o curso superior apenas na formatura do
curso de soldado ou de oficiais.

a) Bacharelado em Direito para oficiais da PM (art. 15, I);


O grau de escolaridade exigido é: b) Outra graduação que a lei estadual exigir para oficiais do CBM (art. 15, I);
c) Qualquer nível de escolaridade superior para praças (art. 15, V).
A exigência de curso superior para o
ingresso nas IMES se tornou obrigatória?
Exigiu-se o Bacharelado em Direito para
ingressar na Polícia Militar?

Observação

A lei autoriza (art. 39, parágrafo único) que a própria instituição militar opte por formar o militar do
Estado em curso de formação de educação superior e conceda o requisito para o ingresso previsto no
inciso IX do art. 13 (grau de escolaridade superior). Logo, o próprio curso de formação de praças e de
oficiais das instituições militares estaduais poderão ser considerados cursos superiores, como já
ocorre em muitos estados, e isso ser o requisito para ingresso na carreira de praças e de oficiais.

Para praças exige-se que o curso de formação seja considerado ensino superior.

Para oficiais exige-se o curso de formação conceda o título de bacharel em Direito ou em ciências
policiais. Nota-se que permitiu que cursos de formação de oficiais sejam considerados cursos de
formação em Direito, mas na prática os formados são considerados bacharéis em ciências policiais
(ou um nome congênere, como bacharéis em Ciências Militares ou em Defesa Social).
A exigência de curso superior para o
ingresso nas IMES se tornou obrigatória?
Exigiu-se o Bacharelado em Direito para
ingressar na Polícia Militar?

Observação

As instituições militares que exigirem Ensino Médio para ingresso e os oficiais se formarem
bacharéis em Ciências Policiais após o curso de formação não poderão no futuro exercer
funções de comando, chefia, direção e administração superior dos diversos órgãos da instituição,
pois é requisito ser bacharel em Direito para ocupar essas funções (art. 15, I), salvo aqueles que
tenham feito o curso de Direito.

Essa previsão na Lei n. 14.751/2023 é compatível com a Constituição Federal que afirma que a lei
estadual disporá sobre o ingresso na instituição militar (art. 42, § 1º c/c art. 142, X) e cabe à União
editar normas gerais de organização (art. 22, XXI).
A exigência de curso superior para o
ingresso nas IMES se tornou obrigatória?
Exigiu-se o Bacharelado em Direito para
ingressar na Polícia Militar?
Em síntese, podemos afirmar que:

a) Concurso para oficiais da PM


Regra: bacharelado em Direito.
Exceção: Ensino Médio, desde que o curso de formação conceda o título de bacharel em Direito ou
em Ciências Policiais.

b) Concurso para oficiais do CBM


Regra: bacharel em curso superior conforme lei estadual.
Exceção: Ensino Médio, desde que o curso de formação conceda o título de bacharel em Direito ou
em Ciências Policiais (Certamente, serão bacharéis em Defesa Social).

c) Concurso para praças da PM ou do CBM


Regra: bacharel em qualquer curso superior.
Exceção: Ensino Médio, desde que o curso de formação conceda o título de ensino superior.
A exigência de curso superior para o
ingresso nas IMES se tornou obrigatória?
Exigiu-se o Bacharelado em Direito para
ingressar na Polícia Militar?

Há prazo para adequar?

A lei dispôs que os estados possuem o prazo de até 06 (seis) anos para adotarem o requisito de
escolaridade para ingresso nas instituições militares, a contar de 13/12/2023, mas permitiu que a
própria instituição conceda o requisito de escolaridade.

Art. 39. A adoção do requisito de escolaridade para ingresso na instituição militar será processada no
prazo de até 6 (seis) anos a contar da publicação desta Lei.

Parágrafo único. Na forma da legislação de ensino do ente federado, a instituição poderá optar por formar
o militar do Estado e do Distrito Federal em curso de formação de educação superior com equivalência
àqueles definidos no art. 44 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional), concedendo-lhe o requisito para ingresso previsto no inciso IX do caput do art. 13
desta Lei, ensino superior, e no art. 15 desta Lei, bacharel em direito ou em ciências policiais
Condições básicas para ingressar nas Instituições Militares Estaduais

Condições básicas relevantes:


a) não registrar antecedentes penais dolosos incompatíveis com a atividade, nos termos da legislação do ente
federado;

Candidato sem condenação penal transitada em julgado

STF, Tema 22
Sem previsão constitucionalmente adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a
participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou ação penal.

Candidato com condenação penal transitada em julgado

STF, Tema 1190


A suspensão dos direitos políticos prevista no artigo 15, III, da Constituição Federal ("condenação criminal transitada em julgado,
enquanto durarem seus efeitos") não impede a nomeação e posse de candidato aprovado em concurso público, desde que não
incompatível com a infração penal praticada, em respeito aos princípios da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho
(CF, art. 1º, III e IV) e do dever do Estado em proporcionar as condições necessárias para a harmônica integração social do condenado,
objetivo principal da execução penal, nos termos do artigo 1º da LEP (Lei nº 7.210/84). O início do efetivo exercício do cargo ficará
condicionado ao regime da pena ou à decisão judicial do juízo de execuções, que analisará a compatibilidade de horários.
Condições básicas para ingressar nas Instituições Militares Estaduais

Condições básicas relevantes:


b) ter procedimento social e idoneidade moral irrepreensíveis, compatíveis com a função pública militar, apurados
por meio de investigação;

O conceito de procedimento social e idoneidade moral são mais amplos do que o de antecedentes criminais e não se
confundem.

O ingresso, na carreira de Agente Penitenciário, de candidato que figura 11 (onze) boletins de ocorrência, sendo 5
(cinco) relativas à lesão corporal, 3 (três) de crime de ameaça, 2 ocorrências de estelionato e, ainda, 1 (uma) referente
ao crime de porte ilegal de armas, importa indubitável ofensa aos valores morais e éticos que devem ser almejados
pela Administração Pública, por imposição constitucional. Seria afrontoso ao interesse coletivo, admitir-se, no
serviço público, candidato possuidor de vida pregressa duvidosa, como in casu, ainda mais se tratando de cargo
inserido na estrutura da segurança pública, a qual reclama maior higidez moral de seus agentes. A investigação
social em concursos públicos, além de servir à apuração de infrações criminais, presta-se, ainda, a avaliar
idoneidade moral e lisura daqueles que desejam ingressar nos quadros da Administração Pública. Precedentes. VII -
Recurso Ordinário não provido. (RMS 35.016/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
06/06/2017, DJe 12/06/2017
Condições básicas para ingressar nas Instituições Militares Estaduais

Condições básicas relevantes:


c) ser aprovado em exame de saúde e exame toxicológico com larga janela de detecção;

É importante que as instituições militares implementem o exame toxicológico com larga janela de detecção durante a
carreira.

“O uso de drogas e dever militar são como água e óleo: não se misturam” (Ministro Ayres Brito, HC 103.684)

A Lei n. 14.751/2023 alterou a Lei n. 13.675/2018 para prever que:

Art. 4º-A. A lei do ente federado deverá conter como critério para ingresso na instituição ser aprovado em exame de
saúde e exame toxicológico com larga janela de detecção.

Parágrafo único. Além dos exames do caput deste artigo, o regulamento desta Lei estabelecerá as regras do exame
toxicológico aleatório.
Condições básicas para ingressar nas Instituições Militares Estaduais

Condições básicas relevantes:


d) Comprovar, na data de admissão, de incorporação ou de formatura, o grau de escolaridade superior, nos termos
do art. 15 desta Lei e da legislação do ente federado; e

e) Não possuir tatuagens visíveis, quando em uso dos diversos uniformes, de suásticas, de obscenidades e de
ideologias terroristas ou que façam apologia à violência, às drogas ilícitas ou à discriminação de raça, credo, sexo
ou origem.

STF, Tema 838


Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais
em razão de conteúdo que viole valores constitucionais.

O parágrafo único do art. 13 previu que os militares têm direito ao tratamento protocolar deferido às carreiras que
tenham o mesmo requisito de ingresso no cargo ou na atividade.

O que isso significa? Devem ser tratados de forma respeitosa.


Devem ser chamados de Senhor?
A Lei n. 14.751/2023 previu (art. 16):

a) O sistema de ensino militar, o que inclui os colégios militares


de ensino fundamental e médio; Instituição de
b) Curso de Graduação;
Pós-Graduação,
c) Possibilidade de possuir cursos de Pós-graduação, Mestrado
e Doutorado com plena equivalência com os cursos de Mestrado e
Doutorado pelas
universidades públicas, se atendidos os requisitos do MEC.

Instituições
Militares
GARANTIAS
DOS
MILITARES
Garantias dos militares
Prisão criminal ou civil, antes de decisão com trânsito em julgado e
enquanto não perder o posto e a patente ou a graduação, em unidade
prisional militar do respectivo ente e, na falta desta, em unidade militar
estadual, à disposição de autoridade judiciária competente;

Cumprimento de pena privativa de liberdade decorrente de sentença


transitada em julgado, em unidade prisional militar e, na falta desta,
em unidade prisional especial, separado dos demais presos do
sistema penitenciário comum, quando a disciplina ou a ordem
carcerária exigirem, quando perder o posto e a patente ou a
graduação.

Enquanto o preso mantiver a condição de militar deve permanecer


recolhido em unidade prisional militar e, se não houver, em unidade
militar.
Garantias dos militares
Assistência jurídica perante qualquer juízo ou tribunal ou perante a
administração, quando acusado de prática de infração penal, civil ou
administrativa decorrente do exercício da função ou em razão dela, na
forma da lei do ente federado.

a) É verdade que na prática a presunção de inocência para os policias é invertida. São


massacrados pela imprensa, redes sociais e por muitos até que se prove ser inocente,
ao passo que para terceiros há presunção de inocência.

b) O uso da força policial pelo policial de rua – ponta da linha – faz parte da atividade
policial e, constantemente, há representações contra policiais por terem usado a
força.

c) O policial ao responder às representações e ações (judiciais ou administrativas)


acaba, muitas vezes, tendo que tirar dinheiro do próprio bolso por um ato de trabalho
que muitas vezes foi legítimo. O salário do policial já não é alto e muitas vezes a
economia de anos vai embora em razão de uma atuação funcional ou então tira
empréstimo e se vê todo endividado para se defender. Tudo isso traz várias
consequências e desgastes emocionais, inclusive, depressão, pois a dificuldade
financeira, que já é comum, passa a ser uma realidade ainda maior e compromete
coisas básicas do dia a dia, como o lazer, a alimentação dentro de fora de casa, as
atividades pessoais e familiares.
Garantias dos militares
d) A inversão prática da presunção de inocência e a insegurança jurídica da
atuação policial faz com que se endividem mais ainda por medo de
perderem o cargo ou serem severamente punidos. O medo de serem
presos e se afastarem das famílias e terem mais gastos são fatores que
causam mais abalo psicológico e emocional.

e) A atividade policial é sem dúvida a que possui maior insegurança jurídica


e possui uma linha muito tênue entre acertos e erros.

f) Deveria ser criado para todos os policiais no Brasil uma possibilidade de


acionarem uma defesa técnica altamente qualificada em todos os
processos judiciais ou administrativos que vierem a responder como
decorrência da atuação funcional.

g) Atualmente, há previsão de defesa técnica pela Defensoria Pública


apenas nos casos de uso da força letal no exercício profissional (art. 16-A,
§ 3º, do CPPM e art. 14-A, § 3º, do CPP).
Garantias dos militares
h) O Supremo Tribunal Federal (ADI 3022) já decidiu ser inconstitucional norma
estadual atribuir à Defensoria Pública do estado a defesa judicial de servidores
públicos estaduais processados civil ou criminalmente em razão do regular
exercício do cargo, pois extrapola o modelo da Constituição Federal (art. 134), o
qual restringe as atribuições da Defensoria Pública à assistência jurídica a que se
refere o art. 5º, LXXIV.

i) Em São Paulo foi aprovada a Lei n. 16.786/18 que determinava que a Defensoria
Pública defenderia os policiais nas demandas judiciais e extrajudiciais em razão
da atuação funcional, todavia o TJSP (ADI n. 2260616-93.2018.8.26.0000)
declarou a lei inconstitucional por não ser atribuição constitucional da Defensoria
Pública.

j) A Advocacia-Geral da União pode exercer a defesa judicial dos militares das


Forças Armadas e dos integrantes do órgão de segurança do Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência da República, quando, em decorrência do
cumprimento de dever constitucional, legal ou regulamentar, responderem a
inquérito policial ou a processo judicial (art. 22, § 1º, II, da Lei n. 9.028/1995). De
toda forma essa defesa não é automática e deve observar a Portaria n. 428/2019
da AGU, como estar presente o interesse público e não ter sido constatado o
abuso de poder por parte do militar ou policial.
Garantias dos militares
k) Se houver previsão em lei a Advocacia-Geral do Estado pode
designar procurador do estado para realizar a defesa dos policiais e
militares em ações judiciais, sendo comum prever que para o
exercício da defesa o policial/militar deve ter atuado regularmente
(art. 2º-A, § 4º, da Lei Complementar n. 83/2005 de Minas Gerais e
art. 2º, XXIV, da Lei Complementar n. 34/2009 da Bahia). Caso o
policial tenha atuado com abuso de poder não terá direito à defesa
por intermédio da AGE. Sobre a comprovação de que o policial atuou
regularmente, o que permite a defesa por intermédio da Advocacia-
Geral do Estado, deve contar com o reconhecimento de ação
legítima do comando da instituição para viabilizar a defesa técnica.

l) Outra possibilidade de defesa para os policiais e militares ocorre


por intermédio de advogados particulares contratados pelas
associações, geralmente quando os policiais/militares forem
associados. Neste caso cada associação tem sua dinâmica de
trabalho.
Garantias dos militares
Diante de todos esses cenários nota-se não haver uma segurança para os policiais
no sentido de que conseguirão uma defesa qualificada e gratuita nos processos que
vieram a responder em razão da atuação funcional.
Garantias dos militares
Perda do posto e da patente, em qualquer hipótese, somente se for julgado
indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão do Tribunal de
Justiça Militar, onde este existir, ou do Tribunal de Justiça da unidade federada,
em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra, mediante
representação pela autoridade competente, nos termos do § 1º do art. 42 e
dos incisos VI e VII do § 3º do art. 142 da Constituição Federal;

STF, Tema 1.200


1) A perda da graduação da praça pode ser declarada como efeito secundário da sentença condenatória
pela prática de crime militar ou comum, nos termos do art. 102 do Código Penal Militar e do art. 92, I, 'b',
do Código Penal, respectivamente.

2) Nos termos do artigo 125, § 4º, da Constituição Federal, o Tribunal de Justiça Militar, onde houver, ou
o Tribunal de Justiça são competentes para decidir, em processo autônomo decorrente de
representação do Ministério Público, sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação
das praças que teve contra si uma sentença condenatória, independentemente da natureza do crime por
ele cometido.

Código Penal Militar


Art. 99. A perda de posto e patente resulta da condenação a pena privativa de liberdade por tempo
superior a 2 (dois) anos, por crimes comuns e militares, e importa a perda das condecorações, desde
que submetido o oficial ao julgamento previsto no inciso VI do § 3º do art. 142 da Constituição Federal.
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
Garantias dos militares
Carga horária com duração máxima estabelecida na
legislação do ente federado, ressalvadas situações
excepcionais.

A lei não definiu um mínimo e o critério é da administração,


desde que observada a razoabilidade.
Garantias dos militares
Tempo mínimo de 1 (um) ano de permanência na unidade
militar, ressalvada a transferência a pedido ou compulsória
prevista na legislação, devidamente justificada;

A lei criou uma segurança jurídica para que o militar não ser
movimentado de unidade em tempo inferior a um ano, salvo a pedido ou
se for compulsória (ex.: punição).
Garantias dos militares
Transferência de ofício para instituição de ensino congênere, nos termos
do parágrafo único do art. 49 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
e da Lei nº 9.536, de 11 de dezembro de 1997;
Nas hipóteses em que os militares forem movimentados compulsoriamente possuem direito
a serem transferidos para outra universidade no local de destino. Igual direito se aplica aos
dependentes.

Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a transferência de alunos regulares,


para cursos afins, na hipótese de existência de vagas, e mediante processo seletivo.
Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão na forma da lei. (Regulamento)
Lei n. 9.536/1997

Art. 1º A transferência ex officio a que se refere o parágrafo único do art. 49 da Lei nº 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, será efetivada, entre instituições vinculadas a qualquer sistema
de ensino, em qualquer época do ano e independente da existência de vaga, quando se
tratar de servidor público federal civil ou militar estudante, ou seu dependente estudante, se
requerida em razão de comprovada remoção ou transferência de ofício, que acarrete
mudança de domicílio para o município onde se situe a instituição recebedora, ou para
localidade mais próxima desta. (Vide ADIN 3324-7)

Parágrafo único. A regra do caput não se aplica quando o interessado na transferência se


deslocar para assumir cargo efetivo em razão de concurso público, cargo comissionado ou
função de confiança.
Garantias dos militares
Transferência de ofício para instituição de ensino congênere, nos
termos do parágrafo único do art. 49 da Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, e da Lei nº 9.536, de 11 de dezembro de 1997;

É possível que o militar ou seu dependente sejam


transferidos da universidade particular para a pública, se
não houver universidade congênere no destino?

A transferência de servidor público federal civil ou militar estudante, ou seu


dependente, prevista no art. 49, parágrafo único, da Lei 9.394/96, e regulamentada
pela Lei 9.356/97, pode ser efetivada entre instituições pertencentes a qualquer
sistema de ensino, na falta de universidade congênere à de origem. É constitucional a
previsão legal que assegure, na hipótese de transferência ex officio de servidor, a
matrícula em instituição pública, se inexistir instituição congênere à de origem. 3.
Recurso extraordinário a que se nega provimento.

STF - RE: 601580 RS, Relator: Edson Fachin, Data de Julgamento: 19/09/2018, Tribunal
Pleno, Data de Publicação: 20/02/2020.
Garantias dos militares

Direito a equipamentos de proteção individual, em


quantidade e qualidade adequadas ao desempenho das
funções, nos termos da legislação do ente federado, dentro
dos parâmetros editados pelo governo federal;
Garantias dos militares
Atendimento prioritário e imediato pelos membros do Ministério
Público, da Defensoria Pública, do Poder Judiciário, da Polícia
Judiciária e dos órgãos de perícia criminal quando em serviço ou em
razão do serviço, quando for vítima de infração penal;

Precedência em audiências judiciais na qualidade de testemunha, em


serviço ou em razão do serviço;

Os militares possuem como garantia a precedência nas audiências judiciais quando


estiverem na qualidade de testemunha e o ato decorrer de atuação em razão do serviço.
Logo, os militares devem ser os primeiros a serem ouvidos e liberados. Isso não altera a
ordem de audição de testemunhas previstos no Código de Processo Penal, logo primeiro
devem ser ouvidas as testemunhas da acusação e depois da defesa. Os militares serão os
primeiros a serem ouvidos dentre as testemunhas da acusação ou da defesa. Caso tenha
sido arrolado apenas como testemunha da defesa – o que na prática é raro - deverá
aguardar o término da audição das testemunhas da acusação.

A precedência em audiência judicial aplica-se esteja o militar em serviço ou de folga no


momento da audiência, pois a lei não delimitou.
Garantias dos militares
Pagamento antecipado de diárias por deslocamento
fora de sua lotação ou sede para o desempenho de
sua atribuição, na forma da lei do ente federado;
Garantias dos militares
Aplicação ao militar veterano da reserva remunerada do disposto na
Lei nº 7.524, de 17 de julho de 1986, quanto ao direito de expressão e
manifestação;

Lei n. 7.524/1986

Art 1º Respeitados os limites estabelecidos na lei civil, é facultado ao militar inativo,


independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças
Armadas, opinar livremente sobre assunto político, e externar pensamento e conceito
ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público.

Parágrafo único. A faculdade assegurada neste artigo não se aplica aos assuntos de natureza
militar de caráter sigiloso e independe de filiação político-partidária.

E a prisão disciplinar?

O parágrafo único do art. 18 da Lei n. 14.751/2023 previu a prisão disciplinar.

Art. 18 [...]
Parágrafo único. Salvo as prisões disciplinares militares, os militares dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios têm a prerrogativa inerente ao exercício do cargo de serem presos
somente por ordem escrita da autoridade judiciária competente ou em flagrante delito, caso
em que a autoridade respectiva fará imediata comunicação ao chefe do órgão de direção
superior da respectiva instituição militar.
Garantias dos militares
E a prisão disciplinar?

O parágrafo único do art. 18 da Lei n. 14.751/2023 previu a prisão disciplinar.

Art. 18 [...]
Parágrafo único. Salvo as prisões disciplinares militares, os militares dos Estados,
do Distrito Federal e dos Territórios têm a prerrogativa inerente ao exercício do
cargo de serem presos somente por ordem escrita da autoridade judiciária
competente ou em flagrante delito, caso em que a autoridade respectiva fará
imediata comunicação ao chefe do órgão de direção superior da respectiva
instituição militar.

Observação

Na ADI n. 6595 o STF decidiu que inconstitucional o fim das prisões disciplinares
no âmbito das instituições militares estaduais, o que havia sido previsto pela Lei n.
13.967/2019. A inconstitucionalidade, no caso, foi de ordem formal, pois a União
legislou sobre matéria afeta aos estados, mas o STF consignou que nem os
estados poderiam acabar com as prisões disciplinares (inconstitucionalidade
material). Logo, em tese, em todos os estados deve haver previsão de prisão
disciplinar.
VEDAÇÕES
AOS
MILITARES
Vedação aos militares
Participar de sociedade comercial, salvo como cotista, acionista e
comanditário, e exercer atividade gerencial ou administrativa nessas
empresas, salvo na hipótese de licença para tratar de interesse
particular.

Militar da ativa e sem licença: somente pode participar de sociedade empresarial na condição
de cotista, acionista ou comanditário

O militar que estiver em licença por motivo de interesse particular pode exercer atividade
gerencial ou administrativa em empresas.

Em São Paulo a OAB entende pela possibilidade do militar afastado para tratar de interesse
particular para advogar.

EXERCÍCIO PROFISSIONAL - POLICIAL MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO – AFASTAMENTO PARA CUIDAR DE ASSUNTOS PARTICULARES –
AGREGAÇÃO – INATIVIDADE DECORRENTE DE LEI ESPECÍFICA – NÃO RECEBIMENTO DE VENCIMENTO – INCOMPATIBILIDADE NÃO VERIFICADA.
Não há incompatibilidade para o exercício da advocacia quando o Policial Militar se encontra de licença para tratar de interesses
particulares, pois nesta hipótese segue na condição de agregado, afastado do exercício das atividades de policial militar e sem receber
vencimentos. As alterações efetuadas no Estatuto da Advocacia pela Lei 14. 365/2022, (acréscimo dos parágrafos §§3º e 4º ao artigo
28), em nada alteram a conclusão quanto à inexistência de incompatibilidade no caso de licença para tratar de interesses particulares.
Precedentes: E-5.924/2022 e E-4.955/2017. Proc. E-5.953/2022 - v.u., em 16/02/2022, parecer e ementa da Relatora Dra. MARIA
CAROLINA NUNES VALLEJO, Revisora – Dra. RENATA SOLTANOVITCH - Presidente Dr. JAIRO HABER.
Vedação aos militares
Divulgar imagens de pessoas sob sua custódia sem prévia
autorização judicial.

Fora das hipóteses legais, como divulgar imagem de foragido/procurado ou


por interesse público comprovado, a divulgação é vedada e pode
caracterizar abuso de autoridade.
Lei n. 13.869/2019

Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave


ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
Competência para processar e julgar militar empregado na Força Nacional de Segurança
Pública e em operações de interesse da União

O art. 26, IV, da Lei n. 14.751/2023 previu que os militares estaduais que atuarem em decorrência de:

a) intervenção federal, estado de defesa ou


estado de sítio, precedendo o emprego das
Forças Armadas. Devem ser julgados pela
ou
b) apoio aos órgãos federais mediante convênio
Justiça Militar Estadual do
ou com anuência do Governador do Estado ou
do Distrito Federal.
estado de origem do militar.
Art. 26. Nas hipóteses previstas nos incisos I e II do caput do art. 24 desta Lei, deverá ser observado o seguinte:
IV - a competência para o processamento e o julgamento dos crimes militares imputados ao militar investigado ou denunciado,
mesmo os que forem praticados em outra unidade da Federação, será da Justiça Militar do ente federado a que ele pertencer.
STJ – Súmula 78
Compete à Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o delito tenha sido praticado em outra
unidade federativa.
AS INSTITUIÇÕES MILITARES ESTADUAIS SÃO AS TITULARES
E RESPONSÁVEIS PELA SEGURANÇA PÚBLICA
Em se tratando da defesa da Pátria, garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem, o Exército
é o titular e as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares são forças reservas e auxiliares.

Em se tratando de segurança pública, a situação se inverte. As Polícias Militares e os Corpos de


Bombeiros Militares são titulares da segurança pública e o Exército é a força reserva e auxiliar.

Art. 24. Nas suas atribuições constitucionais, as polícias militares e os corpos de bombeiros
militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios são titulares da polícia ostensiva e da
preservação da ordem pública, bem como da defesa civil, respectivamente, subordinados aos
governadores, e, nas situações extraordinárias, nos termos do § 6º do art. 144 da Constituição
Federal, podem ser convocados ou mobilizados pela União, no todo ou em parte, pelo Ministério
competente, além de outras hipóteses previstas em lei federal, nos casos de: [...]
COMANDANTE-GERAL
O COMANDANTE-GERAL PRECISA SER BACHAREL EM DIREITO?

O art. 29 diz que o Comandante-Geral será escolhido pelo Governador dentre os oficiais da ativa do
quadro previsto no art. 15, I.

O art. 15, I diz que o Quadro de Oficiais de Estado-Maior é integrado por oficiais aprovados em
concurso público, exigido bacharelado em direito, observado o disposto no inciso IX do caput do art.
13.

O art. 13, IX, diz que o bacharelado em Direito deve ser observado na data de admissão, de
incorporação ou de formatura.
Dessas redações são extraídas duas possíveis interpretações:

1. ) A exigência do bacharelado em Direito é para os concursos públicos vindouros e não alcança quem já prestou o
concurso público. É, portanto, uma regra de transição.
2. ) O bacharelado em Direito é exigível para se tornar Comandante-Geral, pois o art. 15, I, exige que para compor o
Quadro de Oficiais de Estado-Maior seja bacharel em Direito.

Entendo que a primeira corrente seja mais razoável, pois não é possível modificar a estrutura institucional e a qualificação
dos oficiais do dia para a noite! Haveria graves efeitos práticos para a instituição, o que contraria o art. 20 da LINDB.

Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam
consideradas as consequências práticas da decisão. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) (Regulamento)
PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAIS PELO COMANDANTE-GERAL

Anualmente, o Comandante-Geral deverá divulgar publicamente relatório anual que conterá as seguintes
informações (art. 29, § 5º):

I - representações recebidas e apuradas contra membros da instituição, o tipo de procedimento


apuratório e as sanções aplicadas;
II - número de ocorrências policiais atendidas, por tipo;
III - letalidade e vitimização de policiais;
IV - letalidade e vitimização de civis;
V - orçamento previsto e executado.

Esses dados são importantes, pois atendem o princípio da transparência e publicidade dos atos
administrativos.

Ao analisar o total de ocorrências policiais, inclusive de interações policiais e de reclamações será


possível ter uma real dimensão do percentual de abusos, que é baixo! De toda forma, a subnotificação de
abusos precisa ser considerada e exigiria uma pesquisa de campo.
PROTOCOLOS OPERACIONAIS ESTABELECIDOS PELO COMANDANTE-GERAL

A lei previu que o Comandante-Geral da Polícia Militar deve estabelecer protocolos operacionais (art. 30).

O protocolo operacional visa apoiar os militares em suas atividades;

Deve incluir as situações em que as unidades policiais-militares poderão ser empregadas, a cadeia de
comando e as responsabilidades dos comandantes e supervisores;

Deve ser encaminhado aos conselhos estaduais de segurança pública e defesa social previstos na Lei
nº 13.675, de 11 de junho de 2018;

Deve ser atualizados e corrigidos periodicamente para o aperfeiçoamento da atividade policial-militar


e a melhoria das relações da instituição com o público.

IMPORTANTE!
Os protocolos operacionais devem se basear na ciência e poderão ser utilizados para a realização de perícia nos
casos em que houver alegação de erro policial.
DECRETO A SER EDITADO PELO PODER EXECUTIVO FEDERAL

O Poder Executivo Federal editará decreto com a definição de parâmetros mínimos para (art. 34):

I - insígnias dos postos dos oficiais;


II - divisas das graduações das praças;
III - coloração e tonalidade das peças básicas de fardamento;
IV - carteira de identidade militar;
V - padrão e cor básica das viaturas das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
VI - núcleo comum curricular mínimo para os cursos de formação, habilitação e aperfeiçoamento, que
conterá as disciplinas de direitos humanos e polícia comunitária, entre outras.

Observação

O decreto que será editado:

a) Não estabelecerá prazo para adoção da padronização;


b) Deve respeitar a autonomia administrativa e orçamentária do ente federado;
c) Deve preservar as fardas e as cores históricas das viaturas das instituições.

Na prática a padronização não ocorrerá, pois cada instituição tem sua história, fardas e cores.
INSTITUIÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE COMANDANTES-GERAIS DE POLÍCIA
MILITAR (CNCGPM) E O CONSELHO NACIONAL DE COMANDANTES-GERAIS DE
BOMBEIROS MILITARES (CNCGBM)

A lei instituiu o Conselho Nacional de


Comandantes-Gerais de Polícia Militar (CNCGPM)
e o Conselho Nacional de Comandantes-Gerais de
Bombeiros Militares (CNCGBM).

Poderá ser integrado ao Ministério da Justiça e


Segurança Pública.
Poderá receber verbas.
Permitirá uma maior articulação política dentro
do Governo Federal.

Cabe ao Poder Executivo Federal editar decreto para estabelecer a estrutura,


a competência e o funcionamento dos conselhos.
PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA TOMADA DE DECISÕES DAS INSTITUIÇÕES MILITARES
ESTADUAIS

A lei previu que as instituições militares estaduais devem promover instâncias de


participação social, garantir o diálogo com a sociedade e fomentar a participação
cidadã no processo decisório.

A participação social pode ocorrer por intermédio:

Conselho de Segurança Pública e Defesa Social


Audiências públicas;
Comissões com a participação da sociedade civil.
Conselhos comunitários e de segurança pública.
Outros.

É importante que seja dada ampla publicidade da participação social na


segurança pública, pois dará mais legitimidade para as instituições policiais.
RESERVA DE VAGAS PARA MULHERES
Foi vetada a reserva de no mínimo 20% das vagas nos concursos
públicos das instituições militares estaduais para as mulheres.

Fundamento: a restrição é discriminatória, viola a isonomia e a


proibição de se criar distinção de admissão com fundamento no
sexo.

VETOS Portanto, as mulheres devem concorrer à totalidade das vagas.

Supremo Tribunal Federal recebeu 17 (dezessete) ações diretas de


inconstitucionalidade de leis de 17 estados que restringiam (ou
restringem) as vagas para as mulheres.

Na ADI 7492/AM o STF decidiu, à unanimidade, que é


inconstitucional a restrição de vagas para mulheres nas instituições
militares estaduais.
PERMUTA DE ESTADO ENTRE OS MILITARES
Foi vetada a possibilidade de militares permutarem de
estado;
Fundamento: a permuta violaria a regra do concurso
público e consistiria em uma hipótese de transposição
de cargo público.

VETOS STF, Súmula Vinculante n. 43 - É inconstitucional toda


modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-
se, sem prévia aprovação em concurso público destinado
ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na
qual anteriormente investido.
RESERVA DE VAGAS PARA MILITARES FAZEREM
O CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS E
AUSÊNCIA DE LIMITE DE IDADE
A respeito do limite de idade diferenciado para militares e civis ingressarem no
CFO o STF possui julgados que afirmam a inconstitucionalidade dessa
distinção.

Constitui discriminação inconstitucional o critério utilizado pela administração


quando fixou limites diferentes de idade para o candidato civil e para aqueles que

VETOS já são militares.


STF, RE 586088 AgR, Relator(a): Min. Eros Grau, Segunda Turma, julgado em
26/05/2009.
Se o bom desempenho das atividades de médico da Polícia Militar demanda a
força física peculiar ao jovem, a exigência de 35 anos de idade máxima deveria ser
atribuída a todo e qualquer candidato e não apenas aos civis. Fica claro que a
distinção em debate foi criada para favorecer os militares.
STF, RE 215988 AgR, Relator(a): Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, julgado em
18/10/2005.
Diferença de idade para ingresso na carreira de Oficiais da Polícia Militar entre
candidatos civis e integrantes do quadro da PMAM. Violação da isonomia entre os
candidatos.
STF, ARE 1054768 AgR, Relator(a): Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em
29/06/2018.
MANIFESTAÇÕES DE MILITARES
Vetou aos militares a participação ainda que no horário de folga, de manifestações
coletivas de caráter político-partidário ou reivindicatórias, portando arma ou
fardado.
Fundamento: os militares estão submetidos à hierarquia e disciplina e o dispositivo
autoriza manifestações contra superiores hierárquicos, em contraposição aos
princípios da hierarquia e disciplina, em prejuízo da gestão da segurança pública.

Vetou a manifestação de opinião sobre matéria de natureza político-partidária,


publicamente ou pelas redes sociais, usando a farda, a patente, a graduação ou o

VETOS símbolo da instituição militar.


Fundamento: os militares estão submetidos à hierarquia e disciplina e o dispositivo
autoriza manifestações contra superiores hierárquicos, em contraposição aos
princípios da hierarquia e disciplina, em prejuízo da gestão da segurança pública.

Vetou a manifestação em ações de caráter político-partidário, publicamente ou


pelas redes sociais, usando imagens que mostrem fardamentos, armamentos,
viaturas, insígnias ou qualquer outro recurso que identifique vínculo profissional com
a instituição militar.
Fundamento: os militares estão submetidos à hierarquia e disciplina e o dispositivo
autoriza manifestações contra superiores hierárquicos, em contraposição aos
princípios da hierarquia e disciplina, em prejuízo da gestão da segurança pública.
Quais foram as finalidades dos vetos?
No fundamento dos vetos consta que a legislação de entes
federativos tem trazido restrições ao direito de manifestação
dos militares estaduais. A título de exemplo, o art. 45 da Lei
nº 7.289, de 18 de dezembro de 1984 - Estatuto dos
Policiais-Militares da Polícia Militar do Distrito Federal, veda
as manifestações coletivas por parte dos policiais militares.

VETOS Portanto, o veto teve por finalidade deixar que cada estado
legisle a respeito da liberdade de expressão dos militares e
transmitiu a ideia que é possível, até mesmo, vetar as
manifestações políticas, ainda que em horário de folga e em
trajes civis!
O que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a respeito
da liberdade de expressão dos policiais?
O Supremo Tribunal Federal decidiu na ADPF n. 734 que é compatível com o sistema normativo-constitucional vigente,
norma estadual que veda a promoção ou a participação de policiais em manifestações de apreço ou desapreço a
quaisquer autoridades ou contra atos da Administração Pública em geral.

Entre a liberdade de expressão dos policiais e a segurança e a ordem públicas, bem como a hierarquia e a disciplina
que regem as organizações policiais, prevalece a restrição à liberdade de expressão.

O Supremo Tribunal Federal decidiu pela constitucionalidade do crime militar de crítica indevida (ADPF 475).

Em se tratando de instituições militares, a hierarquia e disciplina são princípios constitucionais e estruturantes das
instituições.

A liberdade de expressão não é um direito absoluto.

A carreira policial é uma carreira diferenciada, como o próprio artigo 144 da Constituição Federal reconhece ao afirmar
que tem a função de exercer “a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”, com a
finalidade de “preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”, estando, inclusive,
destacada do capítulo específico dos servidores públicos.
O que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a
respeito da liberdade de expressão dos policiais?
A Segurança Pública é privativa do Estado e, portanto, tratada de maneira diferenciada pelo texto constitucional.
E é diferenciada para o bônus e para o ônus, pois, no momento em que há a opção pelo ingresso na carreira
policial, a pessoa sabe que estará integrando uma carreira de Estado com regime especial, que possui regime de
trabalho diferenciado, por escala, hierarquia e disciplina, existentes em todos os ramos policiais.

Ninguém é obrigado a ingressar no serviço público, em especial nas carreiras policiais, ninguém é obrigado a
exercer o que, particularmente, considero um verdadeiro sacerdócio, que é a carreira policial. Mas aqueles que
permanecem sabem que a carreira policial é mais do que uma profissão, é o braço armado do Estado,
responsável pela garantia da segurança interna, ordem pública e paz social.

É dizer, a previsão normativa em apreço não ofende, a priori, os princípios e valores constitucionalmente
protegidos. Ao reprimir a crítica dos militares “a ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a
qualquer resolução do Governo”, a norma pretende evitar excessos no exercício à liberdade de expressão que
comprometam a hierarquia e a disciplina internas, postulados esses indispensáveis às instituições militares, e,
assim, em última análise, impedir que se coloquem em risco a segurança nacional e a ordem pública, bens
jurídicos esses vitais para a vida em sociedade. Nada obsta, todavia, que sejam analisadas e sopesadas todas as
circunstâncias de cada caso concreto, a fim de aferir se se fazem presentes todas as elementares do tipo penal.
@rodrigo.foureaux
Obrigado!

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