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Os meios que tornam hábil a

NEGÓCIOS
Prevalece
gritante escassez

mobilidade dos insurgentes

O recurso em larga escala
de balcões
bancários e ATM
pág 3

a bicicletas e motorizadas
tem sido o factor fundamen-
SOCIEDADE
tal que tem tornado mais “Namaacha”
fácil e hábil a mobilidade apoia crianças
dos integrantes das células
armadas de inspiração... desfavorecidas
Pag 2 pág 4

Jamais se
considere
informado se
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apenas Cyber city em
leu manchetes.
Cultive o hábito construção no
de leitura
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informada! Paulo Cuinica pág 5

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sociedade, POLÍTICA & NEGÓCIOS

Os meios que tornam hábil a mobilidade dos insurgentes

Evidência disso foi, por exemplo, a recuperação, ainda este mês, de enormes quantidades de
bicicletas e motorizadas “amontoadas” num único sítio nas margens do rio Mecubúri, onde
nativos disseram ao Redactor que o achado se seguiu a avistamentos de diversos grupos de
cerca de uma dezena de homens armados cada nas imediações
O recurso em larga escala a
bicicletas e motorizadas tem
sido o factor fundamental
que tem tornado mais fácil
e hábil a mobilidade dos in-
tegrantes das células arma-
das de inspiração islâmica
activas na província de Cabo
Delgado desde 2017.
É assim que os pequenos
grupos de jihadistas conse-
guem multiplicar as suas ac-
ções ao ponto de num só dia
desencadearem ataques a
mais de meia dúzia de distri-
to e incendiar perto de cen-
tena e meia de habitações.
As aldeias Magaia, Micolene,
Ntonhane e Muamula, Naco-
ja, Natham, Juravu, Mazeze,
Nacussa, Muentage, Inguira,
Quitivahulo, Chiúre Velho,
Napala, Namatil, Migipala,
Namara, Memala, Mahipa e
Ocuia, todas na província de
Cabo Delgado, são exemplos
recentes da sanha dos cha-
mados terroristas e/ou insur-
gentes.
Interessante é que nem sem-
pre os meios usados são per-
tencentes aos membros das
células armadas. Alguns são
levados à forca ou resultan-
tes de negociações com mo-
totaxistas ─ uma actividade
que está a registar um im-
pressionante boom no cen-
tro e Norte de Moçambique.
Evidência disso foi, por
exemplo, a recuperação,
ainda este mês, de enormes
quantidades de bicicletas e
motorizadas “amontoadas”
num único sítio nas mar-
gens do rio Mecubúri, onde
nativos disseram ao Redac-
tor que o achado se seguiu
a avistamentos de diversos
grupos de cerca de uma de-
zena de homens armados
cada nas imediações.
“Eu acolhi a minha mãe e
minhas duas irmãs aqui em
Nacala-Porto. Nesta manhã,
mandámos um vizinho para
ir verificar as portas da casa
e disse que dentro da habi-
tação tudo estava intacto,
mas apenas desaparecera
uma bicicleta”, relato de
Lurdes Mualeia, ao Redactor.
No cômputo geral, as incur-
sões do mujahedins estão a
Entretanto,
as reivindicações
dos terroristas,
através dos seus
habituais canais
de propaganda,
multiplicam-se.
Esta terça-feira,
os jihadistas
reclamaram
a realização de um
ataque em Monothi
(Chiúre), onde dizem
ter incendiado uma
igreja e cinco casas
de “cristãos”
se propagar para as regiões
mais a Sul de Cabo Delgado,
causando a fuga de muitas
pessoas para outras regiões
relativamente seguras desta
província ou na vizinha Nam-
pula, e algum nervosismo em
ambientes governamentais,
diplomáticos e securitários e
incidentes diplomáticos.
No Dia dos Namorados, o
Ministério dos Negócios Es-
trangeiros da França emitiu
um alerta consular “desa-
conselhando fortemente”
a deslocação de cidadãos
franceses a Pemba, Mocím-
boa da Praia e Palma, em
virtude do agravamento das
condições de segurança na
província nas últimas sema-
nas, alerta secundado pelo
Reino Unidos.
A atitude do MNE francês
suscitou uma enérgica reac-
ção do Presidente da Repú-
blica de Moçambique, Filipe
Jacinto Nyusi, em declara-
ções à media moçambica-
na que o acompanhava em
Addis Ababa, onde foi parti-
cipar em mais uma cimeira
da União Africana na capital
da Etiópia.
Visivelmente irritado, Ny-
sui referiu que o combate
ao “terrorismo” prosse-
gue, atribuindo a decisão à
“agenda” das autoridades
francesas, de onde é originá-
ria a Total Energies, cujo pro-
jecto de GNL em Palma se
mantém suspenso por mo-
tivos de “força maior” (falta
de condições de segurança).
Este quadro está a gerar alar-
me em torno da segurança
no Norte de Moçambique,
em geral, e em Cabo Delga-
do, em particular, incluindo
a respectiva capital, Pemba,
actualmente protegida com
um impressionante disposi-
tivo de segurança.
O grupo extremista Estado
Islâmico (EI) reivindicou nas
últimas semanas vários ata-
ques e vítimas mortais, so-
bretudo no Sul da província
de Cabo Delgado, após um
período de vários meses de
acalmia.
Entretanto, as reivindica-
ções dos terroristas, através
dos seus habituais canais de
propaganda, multiplicam-se.
Esta terça-feira, os jihadis-
tas reclamaram a realização
de um ataque em Monothi
(Chiure), onde dizem ter in-
cendiado uma igreja e cinco
casas de “cristãos”.
Autointitulando-se de “sol-
dados do Califado”, estes
homens extremamente bru-
tais também reivindicaram
ataques aos “cristãos infi-
éis”, na aldeia de Miog, tam-
bém em Chiúre, “com metra-
lhadoras, o que levou à sua
fuga, e os mujahedins quei-
maram vários edifícios go-
vernamentais” e, como tem
sido hábito, fecham o take
do comunicado com a frase
“louvado seja Deus!”
redactor

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sociedade & negócios

Prevalece gritante de Inhambane) e precisar de

usar uma automated teller
machine apenas pode ter
tral, os cartões bancários
emitidos em Moçambique
ascenderam no final de

escassez de balcões acesso a este na cidade de

Xai-Xai (província de Gaza)
─ aproximadamente 120
Dezembro a 19,1 por cada
cem adultos, número que
contrasta com os 21,1 no

bancários e ATM quilómetros (pouco mais de

hora e meia de condução de-
fensiva).
terceiro trimestre, mas uma
subida homóloga face aos
17,5 no último trimestre de
Mesmo assim, o banco cen- 2022.
tral diz que o número de CA/ Segundo dados do banco
ATM) cresceu ligeiramente central, funcionam em Mo-
para um rácio de 12,9 dis- çambique 15 bancos co-
poníveis por cada cem mil merciais e 12 microbancos,
adultos, contra os 9,0 no além de cooperativas de
final de 2022, enquanto os crédito e organizações de
terminais de pagamento au- poupança e crédito, entre
tomático (TPA/POS) seguem outras.
em queda, passando de Quem quiser se inteirar do
224,4 para 190,8 por cada calvário que é lidar com o
cem mil adultos. sistema bancário em Mo-
Quase 31 adultos moçam- çambique que experimen-
bicanos (30,9) em cada cem te, por exemplo, requerer
têm conta bancária, um li- um cartão de crédito… tem
Dos 154 distritos de Moçam- qualquer agência bancária geiro aumento face aos 30,6 de ser um putativo candi-
bique, 25 ainda não tinham no final de 2023, com um no final de 2022, indica o dato a “Prémio Nobel de
rácio que se mantém pouco mesmo relatório. Paciência”.
acima de nove agências por Ainda segundo o banco cen- redactor
E este drama não se cada 10 mil quilómetros
limita à escassez de quadrados (km2), segundo
dados oficiais.
agências bancárias. De acordo com um relató-
O mesmo se assiste rio do Banco de Moçam-
relativamente às bique sobre inclusão fi-
nanceira, divulgado esta
caixas automáticas terça-feira e com dados
automated teller relativos ao quarto tri-
machine, vulgos mestre de 2023, a cober-
tura do país com agências
CA/ATM. Por bancárias passou de 123
exemplo, quem distritos no final de 2022
estiver em Zanda- para 129 no final do ano
passado, cobrindo 83,2%
mela (província de do território.
Inhambane) e pre- O rácio de cobertura até
cisar de usar uma está a cair, passando de
9,3 agências bancárias por
automated teller cada 10 mil km2, no final de
machine apenas pode 2022, para 9,1 no final do
ter acesso a este ano passado, e na área rural
esse rácio é apenas de 3,2
na cidade de Xai-Xai agências bancárias.
(província de Gaza) E este drama não se limita
─ aproximadamente à escassez de agências ban-
cárias. O mesmo se assiste
120 quilómetros relativamente às caixas au-
(pouco mais de hora tomáticas automated teller
e meia de condução machine, vulgos CA/ATM.
Por exemplo, quem estiver
defensiva) em Zandamela (província

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sociedade

“Namaacha” apoia mento tenham um início de nal que está a desenvolver

ano lectivo mais tranquilo com estas meninas e colo-
e se possam focar naquilo cou a sua instituição à dispo-

crianças desfavorecidas que é importante, o estudo. sição para dar continuidade

Bárbara Matsinha, em re- a apoios do mesmo tipo a
presentação da Água da este e outros projectos que
As ofertas são compostas Namaacha, agradeceu ao apoiem as “flores que nunca
por kits escolares, com ca- Conselho Cristão de Moçam- murcham!”.
dernos e canetas, e também bique o trabalho excepcio- redactor
Água da Namaacha da linha
Júnior, caracterizada pelos
seus rótulos coloridos e di-
dácticos, com a tabuada e o
frase
abecedário. Quando já não me indignar, terei começado a envelhecer
Ricardina Chiconela, s�����
������
ecre- - André Gide (1869-1951), escritor
tária executiva do Conselho
Cristão de Moçambique, Fó-
rum Mulher, representante
do projecto, manifestou o Já alguma vez clicou?
seu agrado pela acção da
https://redactormz.com/
Água da Namaacha, que
https://www.facebook.com/Redactormz
considerou muito impor-
tante para que as crianças e Siga-nos e Subscreva!
A Água da Namaacha, marca jovens do c����������������
�����������������
entro de a������
�������
colhi-
premium da Sociedade de
Com o início
Águas de Moçambique (SAM),
levou a cabo mais uma acção
do ano lectivo,
de responsabilidade social,
algumas instituições
por ocasião do início do ano
de solidariedade
lectivo de 2024, com o Cen-
tro de Acolhimento à Rapari-
social, que
ga Necessitada, gerido pelo
trabalham com
Conselho Cristão de Moçam-
crianças e jovens,
bique, Fórum Mulher, situado
no bairro da Liberdade, na
sentem dificuldades
Matola, que alberga meninas Av. Filipe Samuel Magaia, nº 582, 2º andar – 4. Contacto
na aquisição de Cel: 829380506 – 828277750
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materialDE IMPRENSA?
com idades compreendidas
entre os 6 e os 17 anos. escolar, 06.30 – 18.00
Com o início do ano lecti-
facto que levou a
vo, algumas instituições de
Conte
solidariedade com que Leandro Paul e a sua equipa
Água da Namaacha
social, PREVISÃO DE TEMPO
a encetar,
trabalham com crianças e jo-
CANAL DO TEMPO

PERGUNTE-ME COMO POSSO AJUDAR

vens, sentem dificuldades na QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO
anualmente,
aquisição82de3007740
material -esco-
84 3007740
FONTE

28 Fevereiro 29 Fevereiro 01 Março 02 Março 03 Março

campanhas
lar, facto leandropaul@fimdesemana.co.mz
que levou a Água da
Namaacha de apoio a estas
www.fimdesemana.co.mz
a encetar, anual-
mente, campanhas de apoio
instituições
a estas instituições.
29º 20º 28º 20º 30º 22º 32º 24º 32º 24º

PERGUNTE-ME COMO POSSO AJUDAR

82 3007740 - 84 3007740
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tecnologia, sociedade & negócios
Cyber city em
construção no Zimbabwe
Mesmo debaixo de uma po-
tente barreira de sanções in-
ternacionais aplicadas pelo
Ocidente e que já duram dé-
cadas, o vizinho Zimbabwe
não se inibe de dar passos
ambiciosos. Está a erguer
uma Smart City.
A construção da infra-
-estrutura resulta de um
A Zim Cyber City
oferecerá ao
mercado soluções
imobiliárias
multiuso (habitação,
comércio e serviços),
fazendo uso das
soluções
tecnológicas
mais recentes
investimento ─ Multik In-
ternational ─ do conhecido
magnata do Médio Oriente
de origem indiana Nawab
Shaji Ul Mulk e conta com o
beneplácito e apoio pesso-
al do Presidente do Zimba-
bwe, Emmerson Dambudzo
Mnangagwa, de 81 anos de
idade.
A Zym Cyber City ocupa-
rá uma parcela com a área
de 250 hectares, no Mount
Hampden, New Harare.
Estamos a falar de uma ci-
dade desenhada para ser a
nova capital do Zimbabwe,
que acomodará o novo
edifício do Parlamento e
edifícios dos ministérios
e outras unidades do Go-
verno.
A Zim Cyber City oferecerá ao
mercado soluções imobiliá-
rias multiuso (habitação, co-
Maputo, 20.06.2022
5
mércio e serviços), fazendo
uso das soluções tecnológi-
cas mais recentes.
Importa referir que, não
obstante estar sob severa
punição pela forma como
Para garantir a competitivi-
dade dos investidores que
nela se implantarem, a Zim
procedeu à nacionalização
da terra, o Zimbabwe con-
segue se colocar no pelotão
Cyber City terá o estatuto de dos maiores destinos de in-
Zona Económica Especial, vestimento estrangeiro na
garantindo um regime fiscal África austral.
favorável aos investimentos. redactor
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política & sociedade
MPLA tinha “complexos
de inferioridade”
relativamente a Savimbi
O jornalista Xavier de Figuei-
redo, autor do livro “Savimbi
– Um homem no seu martí-
rio”, que foi apresentado esta
terça-feira em Lisboa (Redac-
tor N.° 6762, pág. 5), defende
que o partido no poder em
Angola, o Movimento Popu-
lar de Libertação de Angola
(MPLA), “tinha complexos de
inferioridade” relativamente
a Jonas Savimbi.
“Ele tinha consciência de que
o MPLA tinha complexos de
inferioridade em relação a
ele. Eles não só o viam como
um adversário de peso, pelas
suas qualidades, pelos seus
atributos, como também têm
um complexo de inferiorida-
de em relação a ele, porque,
apesar de tudo, embora sem
nunca reconhecer isto publi-
camente, antes pelo contrá-
rio, vêem nele qualidades
que eles não têm”, defende.
Em “Savimbi – Um homem no
seu martírio”, que Xavier de
Figueiredo recusa apresentar
como uma biografia, o autor
procura demonstrar que Jonas
Savimbi, fundador e líder his-
tórico da União Nacional para
a Independência Total de An-
gola (UNITA), “foi alvo de uma
longa e destrutiva campanha
de propaganda, desinforma-
ção e acções encobertas de
segurança com o objectivo de
o desacreditar e isolar”.
“Tenho visto algumas refe-
rências que apresentam o li-
vro como uma biografia e não
é propriamente isso. Quer di-
zer, assim, no sentido clássi-
co desse género. Aquilo não é
uma biografia, é um livro so-
bre aquilo que foi a sua vida
como homem político, como
líder político. Só que as cir-
cunstâncias em que exerceu
essa liderança política tam-
bém o obrigaram a ser um
chefe militar”, acrescenta.
Para Xavier de Figueiredo, o
MPLA, que governa Angola
desde a independência, em
1975, levou a cabo uma cam-
panha “muito persistente,
que varia no seu alcance con-
forme as circunstâncias”, mas
que teve sempre como finali-
dade afastar Savimbi.
O líder da UNITA, que nas-
ceu em 1934, em Munhango,
província de Bié, morreu em
combate a 22 de Fevereiro de
2002, em Lucusse, província
de Moxico.
Ele tinha
consciência de
que o MPLA tinha
complexos de
inferioridade em
relação a ele. Eles
não só o viam como
um adversário de
peso, pelas suas
qualidades, pelos
seus atributos,
como também têm
um complexo de
inferioridade em
relação a ele,
porque, apesar de
tudo, embora sem
nunca reconhecer
isto publicamente,
antes pelo
contrário, vêem
nele qualidades que
eles não têm
“O livro tem o seu enfoque
nessa enorme pressão exer-
cida sobre ele dessa manei-
ra, apresentando-o quase
como um monstro, como um
tipo perverso, como um tipo
que representava um peri-
go enorme para Angola. Mas
eu acho que isso é um so-
fisma. Eu acho, aliás, que o
que move de facto o MPLA é
sobretudo a consciência que
tem de que ele é um adversá-
rio de peso”, defende.
“Pelas suas qualidades políti-
cas, humanas, parece que são
de amplo reconhecimento.
Uma pessoa que tinha grande
apreço por ele era Mandela. O
livro tem muitas informações
acerca disso”, acrescenta.
Xavier de Figueiredo defen-
de, ainda, que a afinidade que
se estabelece entre Savimbi e
os Ovimbundos, a tribo mais
numerosa de Angola, reforça
o peso e a importância do lí-
der da UNITA.
“Ele é um adversário de peso
de duas maneiras, porque se
estabelece uma afinidade na-
tural entre ele e a maior tribo
de Angola, os Ovimbundos, e
essa identificação dá-lhe uma
base eleitoral importante.
Política e eleitoral importan-
te. Porque aquela tribo, além
de ser a mais numerosa, tem
também características como
um forte espírito de grupo.
Um espírito de lealdade mui-
to grande. E depois Savimbi
é um tipo que revela de facto
grande génio militar”, afirma.
Questionado sobre como seria
Angola se Savimbi não tivesse
sido morto em combate, Xa-
vier de Figueiredo reconhece
que não é fácil tecer conjectu-
ras: “Nunca temos respostas,
mas eu acho que Angola teria
sido uma coisa muito diferen-
te se, em vez do MPLA, tivesse
sido ele a chegar ao poder no
momento da independência”.
“Eu acho que ele acabaria por
ser sempre morto. Aliás, este
subtítulo que eu dei ao livro
‘Um homem no seu martírio’
resulta das referências con-
vincentes [no livro] acerca
dos planos do MPLA para o
matar”, diz.
Xavier de Figueiredo salienta
que, apesar da campanha que
o MPLA organizou contra Sa-
vimbi, o líder da UNITA nunca
reagiu da mesma maneira.
“Ele nunca faz contrapropa-
ganda, porque na mente dele o
tempo dar-lhe-á razão”, afirma.
Com a morte de Savimbi, a
UNITA “fica numa situação de
orfandade” e, para Xavier de
Figueiredo, o “mérito grande”
do líder que se segue, Isaías
Samakuva, foi o de ter “conse-
guido segurar a UNITA”.
“Samakuva garante, apesar
de tudo, a sobrevivência da
UNITA numas circunstâncias
que eram muito difíceis de
facto. Agora a UNITA explo-
de bastante com o Adalberto
[da Costa Júnior]”, considera,
referindo-se ao actual líder do
partido do Galo Negro.
“Acho que está mesmo, em
termos de aceitação políti-
ca e de popularidade, no seu
apogeu”, reforça e acrescenta:
“Este Adalberto é um tipo mui-
to combativo. Tem um espírito
muito combativo e também
parece-me um tipo muito te-
merário. Não tem medo, mas
também aí é muito por demé-
rito do próprio MPLA, que eu
acho que está gasto”.
Xavier de Figueiredo nasceu
em 1947, no Huambo, e iniciou
a vida de jornalista em 1971,
ao serviço do diário A Província
de Angola, em Luanda.
Em Portugal, onde se radicou
em 1975, começou por traba-
lhar no Jornal Novo e, a seguir,
na antiga ANOP, agência ao
serviço da qual foi o primeiro
correspondente permanen-
te da imprensa portuguesa
num país africano lusófono,
a Guiné-Bissau (1978-1981),
seguindo-se Moçambique
(1982-1983). Fundou e diri-
giu a primeira publicação de
temática africana lançada em
Portugal, o quinzenário África
Jornal, em 1984.
redactor