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Psicologia da Educação

Desenvolvimento social e moral

O contexto é importante para o desenvolvimento. As situações e circunstâncias internas e


externas interagem com os pensamentos, emoções, e ações e modelam o desenvolvimento e a
aprendizagem. Os contextos sociais e educacionais, como a família, a comunidade, a sociedade e
política, influenciam o desenvolvimento de crenças e comportamentos, na medida em que fornecem
suporte, incentivos, recursos, expectativas, para a aprendizagem e desenvolvimento.

Modelo bio ecológico do desenvolvimento humano de Bronfenbrenner

 Microsistema: família, amigos próximos, relações recíprocas;


 Mesossistema: interações entre os membros da família, entre os pais e o professor;
 Exosistema: professores, direção da escola, recursos educativos, afiliação religiosa;
 Macrossistema: valores culturais, crenças religiosas do país, leis…

O impacto de ambientes próximos no desenvolvimento humano

Diversos estudos destacam o impacto dos ambientes próximos (microssistema) no


desenvolvimento do indivíduo. O envolvimento dos alunos na escola será função da interação entre
o aluno e os seus contextos (grupo de pares, sala de aula, família).

Contextos de influência: família, pares, professores, media e novas tecnologias

O grupo de pares enquanto contexto de influência

Do contexto socio-relacional dos estudantes, temos o grupo de pares, que influencia o envolvimento
escolar dos alunos. A existência de relações positivas com os pares contribui para sentimentos de
pertença à escola.

As dimensões de influência do grupo de pares:

 O apoio, o número de amigos ou o sentido de identificação


 A qualidade das relações, incluindo suporte, companheirismo e baixos níveis de conflito
o Tipo de suporte: académico, emocional, social
 A cultura de pares: colegas de escola com quem não existe uma relação de proximidade, e
que contribuem para o clima de escola

O que é o grupo de pares?

São os amigos próximos (partilha de valores, caraterísticas individuais, comportamentos) + os


colegas com que os adolescentes não estabelecem, necessariamente, relações de amizade. Os
seus elementos tendem a partilhar características, apresentando, ao longo do tempo, cada vez
mais semelhanças entre si.

Vão influenciar tipo de os sentimentos do aluno para com a escola e o seu desempenho escolar.

Promotor ou obstáculo para o desenvolvimento e sucesso escolar?

Por um lado, temos o suporte e a perceção de apoio por parte dos pares. Isto vai levar a bons
resultados escolares, ajustamento escolar, motivação e comportamentos pró sociais

Por outro lado, temos as ligações a pares problemáticos, experiência e bullying, rejeição e
relações negativas com os pares. Isto poderá levar a um absentismo, abandono escolar e
comportamentos delinquentes
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A sociedade e os medias enquanto contexto de influência

Relação com a tecnologia

A relação dos jovens com a tecnologia é um fator de influencia muito relevante. Estar sempre
online tem impacto no desenvolvimento e aprendizagem. Há uma grande proximidade dos jovens e
das tecnologias. A forma como os jovens olham para a sua relação com a tecnologia é muito
polarizada: muitos acreditam que é positiva e outros assumem que a relação é negativa (bullying,
adições, distração, pressão dos pares…). Durante o Covid-19, esta relação e impacto no bem-
estar mudou. Mudou, também, a relação da escola e a tecnologia.

Relação com escola

Nos últimos 20 anos, a relação pior. Muitos alunos consideram-se maus alunos, devido às notas
que têm. Não mencionam as dificuldades em aprender. Muitos alunos apresentam comportamentos
agressivos dirigidos a si próprio.

 A percentagem de alunos que refere não gostar da escola parece aumentar


 Mais de metade dos alunos consideram-se maus alunos
 Pertos de 90% dos alunos queixam-se que a matéria é demasiada, aborrecida e difícil
 Cerca de 60% dos alunos referem a pressão dos pais para que tenham boas notas.

Os investigadores têm reconhecido consistentemente os professores comum dos preditores do


futuros sucesso académico de um aluno.

Família enquanto contexto de influência

O contexto intra-uterino, a cultura dos pais (cultura dos pais influencia a forma como é vista a
escola; papel do professor é diferente entre as culturas ocidentais e orientais), a estrutura da
família e o estilos parentais influenciam o desempenho e aprendizagem.

Tipologia de Baumrid: Estilos parentais

Autoritário: Preocupação dos pais em obter a obediência imediata da criança. Recurso à ameaça
e à punição. Os pais tendem a considerar as suas normas de forma rígida e absolutista.

 Sentimentos de culpa e ou arrependimento; níveis elevados de ansiedade e insegurança;


dificuldades no relacionamento social.

Permissivo: Comportamentos de afeto e responsividade, na ausência do estabelecimento de limites


adequados ao comportamento

 Estilo Negligente e Estilo Indulgente


 Maior dificuldade no relacionamento social (não há regras), resistência à autoridade;
imaturidade, dependência, humor instável, baixo tolerância à frustração

Autoritativo: constelação de comportamentos parentais que envolvem simultaneamente


responsividade às necessidades das crianças e o ensino e exigência de padrões adequados de
comportamento.

 Maior sucesso escolar, autoconceito positivo, melhor relacionamento social

Ser pai ou mãe na sociedade atual

Os pais procuram, o mais possível, proporcionar aos seus filhos, a vida e as experiências que
consideram mais adequadas e estimulantes. A consciencialização sobre os direitos da criança,
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tem crescido na nossa sociedade. Tem havido um aumento do nº de divorcio e reconstituições
familiares, diminuição do nº de filhos e aumento do emprego precário e do desemprego. Como os
pais sentem estas mudanças, tentar garantir as condições para a aprendizagem.

O aumento do apoio pré-escolar, da rede institucional e os espaços de educação formal são


importantes já que constitui um suporte para as famílias. Apesar de ter uma abrangência em
todos os lugares, a capacidade de ajuda não é igual em todo o lado.

A família continua a ser, social e pessoalmente, considerada como o enquadramento de filiação


primário. A responsabilidade e o equilíbrio ainda é muito dado pelos pais. Os pais asseguram os
direitos à criança. Cumprimento dos referenciais sociais sobre o que é ou não um comportamento
negligente ou maltratante.

Lei de Proteção de Criança e Jovens em Perigo

 Princípio da responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de modo que os


pais assumam os seus deveres para com a criança e o jovem.
 Princípio da prevalência familiar: na promoção dos direitos e na proteção da criança e do
jovem deve ser dada prevalências às medidas que os integrem em família quer na família
biológica, quer promovendo a sua adoção ou outra forma de integração familiar estável.

Programas de educação parental: apoio de natureza psicopedagógica e social preconizando a


sua aplicação aos pais quando tenham sido propostas medidas de apoio em meio natural de vida
ou em situações em que a criança possa estar sob a responsabilidade de um familiar. São
medidas que devem ser trabalhadas com os pais, dirigidas por um técnico que coordena as
atividades.

Consciencialização publica sobre os direitos da criança

Há cada vez mais medidas de apoio ao desenvolvimento de competências parentais, assim como a
oferta progressiva de programas de educação parental, estandardizados e baseados em
evidência. Estes programas constituem recursos que facilitam o desenvolvimento de intervenções
de educação parental mas, por outro lado, exigem a aprofundamento do conhecimento dos seus
reais efeitos no bem‐estar dos indivíduos, grupos e comunidades.

Intervenção socioeducativa com pais

Estas intervenções com os pais tem como base perspetivas ecológicas e sistémicas. Ajuda a
compreender as famílias e os seus desafios e intervir na promoção de um adequado
desenvolvimento das crianças e dos jovens e na redução do impacto dos fatores de risco. A
família faz parte do problema. A família é um sistema com várias partes que se influenciam.

Estes programas apareceram nos anos 60/ 70, em modelos estruturados de modificação das
competências parentais e, indiretamente, com o comportamentos e ou desenvolvimento da criança.

“Educação da família”: estudar o que podem ser intervenções em processos educativos


dentro da família (relação pais-filhos), assim como de intervenções extrafamiliares;
parentalidade positiva.

Tipos de programas

 Preventivo: pais são convidados a participar em intervenção


 Reparador: quando já é identificado problema.
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Cada pai aproveita os programas no nível onde está nas competências parentais. É uma
excelente oportunidade para melhorar os níveis de informação bem com as competências
educativas parentais. Têm sido associados resultados positivos na perceção da autoeficácia e
satisfação no desempenho da função parental.

A investigação tem definido prioridades na intervenção: isolamento social/geográfico, estrutura


familiar diferente; crianças com necessidades educativas ou problemas de
comportamento/emocionais específicos; níveis educacionais baixos que impedem dar apoio
adequado aos filhos; depressão materna (associada a baixo nível económico e escolaridade…);
situações de monoparentalidade ou imigração recente.

Tipo de competências

 As primeira sessões são didáticas: informar e orientar os pais sobre o desenvolvimento e


a socialização da criança (o que é expetável nas várias etapas do desenvolvimento);
 Capacitar os pais sobre estratégias do comportamento (controlo do comportamento da
criança);
 Estimular participação dos pais na aprendizagem dos filhos;
 Prestar apoio específicos a famílias de crianças com problemas de desenvolvimento
 Proporcionar apoios sociais na comunidade.

Estas estratégias vão fornecer conhecimentos específicos e estratégias que ajudem a promover o
desenvolvimento da criança.

Modalidades: mais individualizadas (aconselhamento); em grupo (mais ou menos estruturadas ou


estandardizadas); usar meios de comunicação (intervenção universal com informação).

Exemplos de Programas

→ Intervenções internacionais estandardizadas validados e baseados em evidência, que


foram traduzidos e adapta dos para a língua portuguesa
→ Compostas por um conjunto de conteúdos, procedimentos e instrumentos claramente
definidos, que devem ser replicados conforme o que foi definido pelos autores: anos incríveis
(programa complexos, com sessões com pais, crianças e professores. Tem como objetivo últimos
reduzir comportamentos delinquentes, prevenir consumos de substâncias….)

Parentalidade e Sucesso Escolar

Gestão Educacional

Construir um ambiente familiar favorável ao desenvolvimento e à aprendizagem através da


adoção de comportamentos parentais positivos e ao estabelecimento de uma comunicação eficaz
com a criança/jovem.

Para os profissionais, esta informação permite a intervenção nos processo que indiretamente
influencia a aprendizagem do aluno, através da sua ação no desenvolvimento da criança em
variáveis afetivo-motivacionais que influencia a aprendizagem.

Para os pais, constitui uma instrumentos de autoavaliação e automonitorização, tornando possível


a mudança de algumas práticas menos positivas.
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Aprendizagem em casa

Os pais reconhecerem como agentes importantes na aprendizagem. Promover um contexto


familiar favorável ao desenvolvimento intelectual das crianças e apoie as aprendizagens
efetuadas na escola.

Envolvimento Família

Ajudar os pais a perceberem o quão importante é estarem envolvidos na escola (benefícios e


quais as formas possíveis de envolvimento parental).

 Apoio: ajudar os pais a reconhecer as necessidades das crianças e responder de forma


adequada; todos os comportamentos que os pais comunicam o seu amor;
 Controlo: estabelecer regras e controlo de contingência; estilos parentais; monitorização
do comportamento; modelagem

Estabelecer Regras

São essências para a estimulação da autorregulação e socialização da criança. Devem


estabelecer regras adequadas ao desenvolvimento da criança/jovem. Os estilos
demasiado restritivos ou pelo contrário demasiado permissivos conduzem a resultados
negativos em diferentes etapas do desenvolvimento.

Controlo de Contingências

Visam a mudança comportamental na direção desejada através da regulação das


consequências dos comportamentos.

 Extinção: diminuição da probabilidade de ocorrência de um comportamento


anteriormente reforçado
 Reforço: positivo (integra o quadro de honra por ter boas notas) ou negativo
(sentir-se menos ansioso com o teste depois de ter estudado)
 Punição: positiva (repreendido pelos pais porque não chegou a casa à hora
combinada) ou negativa (não pode ver o seu programa favorito de televisão
porque não cumpriu o horário de estudo)

Monitorizar o comportamento

Na adolescência, o controlo e a monitorização devem ser equilibrados com o encorajamento da


autonomia e o respeito pelas opções do jovem. A monitorização reduz significativamente
comportamentos de risco e de desvio para percursos inadequados. A monitorizar não significa
restringir ou proibir.

 Modelagem: consiste na observação de uma sequência (estímuloresposta-reforço) de


respostas e na representação dessa sequência, como se aquele que observa fosse
participante na mesma
 Aprendizagem por observação: uma boa parte da aprendizagem faz-se por observação
de pessoas que têm um significado especial para a criança/jovem. A criança reproduz
padrões comportamentais, cognitivos, afetivos que observam nos pais.
 Modelos consistentes: é essencial que os pais sejam eles próprios, no seu quotidiano, um
modelo consistente com aquilo que exigem dos filhos.

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