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Orientação Para Pais
Veruska Santos

As práticas parentais dizem respeito ao modo como os pais educam seus


filhos. Essas práticas parentais são individuais e diferentes e estão muito
relacionadas a como esses pais se relacionam e se relacionaram com suas
famílias de origem. Ao se tornarem pais, os indivíduos, usarão práticas e estilos
de se relacionar com seus filhos que são diretamente ligados às crenças e aos
valores que receberam de suas famílias e como são duas famílias de origem
distintas teremos polêmicas e mensagens que podem gerar confusão. Por essa
razão, às vezes, é difícil estabelecer um consenso e construir práticas parentais
que sejam sob medida para cada família e para cada filho.
As práticas parentais podem ser consideradas positivas ou negativas. As
positivas envolvem atenção, monitoria, carinho, limites e regras e favorece um
desenvolvimento saudável da criança e do adolescente.
As práticas parentais negativas envolvem ausência de atenção e afeto,
negligência e humilhação e representam fatores de risco para o desenvolvimento
da crianças e do adolescente.
Dois eixos importantes que devemos considerar quando falamos de
parentalidade é CALOR/AFETIVIDADE E CONTROLE/LIMITE/DISCIPLINA.
Esses dois eixos devem estar equilibrados para que tenhamos um exercício de
parentalidade boa o suficiente e um desenvolvimento saudável preditor de
autonomia e auto eficácia.
A presença de calor/afetividade nas práticas parentais moderam as
influências prejudiciais de uma disciplina muito rígida mas por outro lado, a
ausência de calor/afetividade é preditor de níveis elevados de comportamentos
de oposição e da sensação de impostor onde a criança/adolescente duvida o
tempo todo de seu potencial e de suas realizações.
A superproteção/alto controle parental é preditor de desenvolvimento de
transtornos de ansiedade, sintomas depressivos, anorexia nervosa, níveis mais
baixos de percepção de competência, abuso/dependência de álcool e
transtornos externalizantes.

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Avaliando esses dois eixos nas práticas parentais, quatro estilos parentais
foram definidos: (Oliveira, 2002; Werber, 2012).

1) Estilo Parental Autoritário: Muito Limite e Pouco Afeto

São pais impositivos, inflexíveis, hostis e indiferentes à necessidades das


crianças, são muito rígidos e exigentes com o cumprimento das regras e limites
e esperam que as crianças obedeçam as regras sem questionar. Filhos de pais
autoritários são mais propensos a serem retraídos, mal-humorados, apresentam
poucos problemas de comportamento, são mais submissos e imaginam que
devem se anular ou fazer tudo para serem amadas, são crianças passivas. Estas
crianças tendem a ser não espontâneos, irritáveis, possuir baixa habilidade
social, baixa autoestima, alto índice de depressão, ansiedade e estresse.
Esse estilo parental é preditor de: baixa autoestima; empatia; obediência;
resultados escolares médios/bons; problemas emocionais; menor flexibilidade
psicológica; maiores índices de ansiedade e estresse; associação com
transtornos externalizantes e internalizantes, transtornos alimentares e TOC;
fator de risco para abuso de substâncias, delinquência, má conduta escolar,
bullying e cyberbullying.

2) Estilo Parental Permissivo: Muito Afeto e Pouco Limite

São pais muito carinhosos e aceitam tudo o que os filhos fazem, mas
impõem poucas regras e não monitoram o cumprimento das poucas regras,
muitas vezes são os filhos que estabelecerem suas próprias regras. São pais
QUE NÃO SABEM DIZER “NÃO” e oferecem coisas materiais em excesso, têm
receio de não serem amados pelos seus filhos. Os filhos de pais permissivos
apresentam apego demasiado a coisas materiais, não têm tolerância à frustração
e não se sentem capazes de realizar as coisas por si mesmos e são crianças
muito exigentes. (Weber, 2012). Esse estilo parental é preditor de: boa
autoestima; baixa empatia; resultados escolares baixos; problemas de
comportamento; comportamento agressivo; sintomas externalizantes e fraco
apego aos pares.

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3) Estilo Parental Negligente: Pouco Limite e Pouco Afeto

É o estilo parental que mais prejuízo traz para o desenvolvimento de uma


criança/adolescente. São pais que não estabelecem limites nem regras firmes e
manifestam pouca afetividade e não participam da vida dos filhos. Não assumem
o papel de educadores dos filhos. Delegam esse papel para outras pessoas
alegando que não sabem como agir ou alegam que precisam trabalhar ou fazer
outras coisas que não envolvem interesse pela educação dos filhos. (Weber,
2012). A mensagem que esses pais passam para seus filhos é: vocês não são
importantes e as crianças sentem culpa e por isso não se sentem amadas e
pensam que nunca receberão amor. Esse estilo parental é preditor de: baixa
competências sociais; emocionais e cognitivas; baixos resultados escolares;
desordem de conduta, maiores índices de comportamento antissocial; baixa
autoestima; uso de substâncias em todas as substâncias; maior incidência de
transtornos internalizantes e tentativas de suicídio; também associado à
necessidade de magreza, insatisfação corporal e bulimia. Essas crianças são
crianças muito pouco envolvidas em tudo que fazem, são distantes e difíceis de
acessar.

4) Estilo Parental Participativo/Democrático Recíproco ou Autoritativo:


Muito Limite e Muito Afeto

São pais que apresentam as regras e exigem a obediência das mesmas


mas que são abertos e disponíveis para trocas com seus filhos usando
explicações e promovendo o desenvolvimento de autonomia. Levam em conta
os pensamentos e sentimentos de seus filhos e os envolvem nas decisões e
escolhas. Promovem limites, afeto, envolvimento e participação. Esse estilo
parental é preditor de: altas competências sociais e emocionais; crianças auto-
reguladas e socialmente responsáveis; crianças curiosas/criativas; eficazes;
maior bem-estar subjetivo; maior autoestima e satisfação de vida; menores
índices de depressão; maior auto suficiência acadêmica e excelentes resultados
acadêmicos; utilizam estratégias de realização mais adaptativas; apresentam
enfrentamento mais ativo do problema; maiores chances de permanecer na

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educação além da idade de deixar a escola; taxas mais baixas de problemas
internalizantes e externalizantes; menor envolvimento com uso de substâncias;
menor envolvimento em brigas e episódios de bullying. Sem sombra de dúvidas
é o promotor de um desenvolvimento saudável e que privilegia a auto eficácia e
autonomia. Esse estilo parental desenvolve crianças líderes que aprendem a
respeitar os outros, assumem responsabilidades sobre seus comportamentos,
são mais tolerantes à frustração, otimistas, e sentem-se amadas e valorizadas.
É importante entender que essa classificação é didática e que as famílias,
em geral, circulam entre esses estilos parentais, isso significa dizer que, às vezes
a mãe adota um estilo e o pai outro, principalmente levando em consideração a
estrutura atual de muitas famílias separadas onde o pai constitui uma outra
família e a mãe também. Isso pode ser bom ou não para a criança, precisa ser
avaliado e como cada criança tem necessidades emocionais diferentes é preciso
observar caso a caso. O mais importante é os pais perceberem e identificarem
suas práticas parentais e adaptá-las ao que promover maior saúde e bem estar
à família.
Dentro de um programa de orientação de pais, os principais tópicos a
serem abordados com os pais, são: LIMITES E REGRAS, PUNIÇÃO E
REFORÇO, AFETIVIDADE E DIÁLOGO E COMUNICAÇÃO.
Quando uma nova família nasce, se leva aos filhos a forma de comportar-
se aprendida em cada família de origem materna e paterna e é natural que
algumas dúvidas em relação ao estabelecimento de regras e limites surjam
como: Quais serão as regras e os limites da nova família, agora cônjuges mais
filhos? E como falar de respeito das regras com os filhos?
As crianças não passam a comportar-se como os pais desejam
magicamente, precisam passar por um processo de aprendizagem que vai desde
a aquisição de regras, a aplicação das mesmas até a internalização destas como
repertório de comportamentos adquiridos pela criança. Esse processo exige
dedicação e envolvimento dos cuidadores.
Os pais precisam apresentar regras aos seus filhos e monitorá-las, o que
implica em definir o que o filho deve fazer, quando e como, e, também,
supervisionar o cumprimento das regras e monitorar as atividades do filho. A

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obediência dos filhos é muito maior se a explicação for clara, incluindo o que se
deve fazer, quando, também, as consequências, caso a criança desobedeça.
O uso de punições, não educa e não modifica os comportamentos
indesejados além de gerar ressentimentos e problemas na interação pais e filhos
comprometendo afeto e cooperação. (Koberg, Sachetti, & Vieira, 2006).
O reforço é uma consequência que valoriza o comportamento
aumentando as chances de que o mesmo se repita. É uma estratégia
comportamental que frequentemente promove o aumento de comportamentos-
alvos, podendo ser realizado de muitas formas. O reforço, ou recompensa, pode
abranger algo positivo ou remover algo negativo.
Apresente consequências ao comportamento adequado: reforce, elogie,
recompense, mostre orgulho.

Como reforçar o comportamento do seu filho?

1- Reforços Sociais: elogio, abraços, beijos, sorrisos, contato visual,


bilhetinho afetuoso... Não diga apenas que bonito...descreva o que ele fez
especificamente elogie;
2- Atividades Reforçadoras: permitir que a criança faça alguma coisa que
goste. Jogar bola, mais meia hora de computador, tomar um sorvete
favorito...
3- Reforços materias: bombom, um lanche especial, roupa, até dinheiro mas
devem ser usados com cuidado e de vez em quando. Pode se construir
um sistema de fichas para acumularem pontos e trocarem por
recompensas (Weber, 2012).

A ATENÇÃO PARENTAL é um dos reforçadores mais desprezados pelos


pais. Porém, a maioria das crianças anseiam por ele. Assim, DAR ATENÇÃO é
uma forma efetiva dos pais aumentarem o comportamento desejado. (Friedberg
& McClure, 2004)
As intervenções responsáveis por maior afetividade do treinamento de
pais são aquelas que têm por base orientar os mesmos a desenvolverem uma
relação mais afetuosa com seus filhos e a reforçarem positivamente o
comportamento adequado das crianças.

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LIMITES DADOS COM AFETIVIDADE aos filhos são ALTAMENTE
EFETIVOS, crianças que recebem ordens com afeto, onde os pais explicam com
firmeza e carinho o motivo da regra, tendem a obedecer e ouvir mais os pais.
Demonstrar amor e afeto nunca é demais e não anula a função disciplinadora
dos pais.
Quando a comunicação é POSITIVA e funcional, há expressão de
opiniões de ambos os lados, consideração das preferências dos filhos, incentivo
a falar sobre problemas e, também, disponibilidade para ouvir o filho. As trocas
e diálogos contribuem para o aumento da confiança da criança em si mesma e
no sentimento de acolhimento das suas emoções.
Não basta expressar sentimentos, é preciso que os pais o façam de
maneira socialmente adequada, apontando, no caso de sentimentos negativos,
qual o comportamento de que não gostaram, dizendo o que sentiram frente ao
comportamento da criança e sugerindo alternativas para que se comporte de
forma mais adequada sem acusações (Weber, 2012).
Construir uma parentalidade boa o suficiente envolve: relacionamentos
sustentadores contínuos; proteção física, segurança e regras; experiências que
respeitem as diferenças individuais; experiências adequadas ao
desenvolvimento; estabelecimento de limites, organização e expectativas;
comunidades estáveis, amparadoras e de continuidade cultural (Brazelton e
Greenspan, 2002).
Louis & Louis, 2015 acrescentam à construção de uma parentalidade boa
o suficiente: tempo de qualidade; empatia e validação dos sentimentos; conexão
e aceitação; autonomia saudável e performance; limites realistas (regras claras
e pais unidos); ser otimista e encorajador (estimule cooperação); dar opções e
uma segunda chance; valores e senso de pertencimento; reparação e
reconexão.

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Referências Bibliográficas

BR, Sahithya & MANOHARI, Shroff & VIJAYA, Raman. Parenting styles and
its impact on children – a cross. (2019).

BRAZELTON E GREENSPAN. As necessidades essenciais das crianças.


Editora Artmed. (2002).

CROUCH, E., RADCLIFF, E., BROWN, M., & HUNG, P. Exploring the
association between parenting stress and a child's exposure to adverse
childhood experiences (ACEs). Children andYouth Services Review, 102,
186-192, (2019).https://doi.org/10.1016/j.childyouth.2019.05.019.

Cultural review with a focus on India. Mental Health, Religion & Culture. 1-
27. 10.1080/13674676.2019.1594178.

LOUIS, John & LOUIS, Karen. Good Enough Parenting. Morgan James
Publishing. (2015).

MIRAGOLI, S., BALZAROTTI, S., CAMISASCA, E., & DI BLASIO, P. Parents’


perception of child behavior, parenting stress,and child abuse potential:
Individual and partner influences. Child abuse & neglect, 84, 146-156. (2018).

OLIVEIRA, Ebenézer A. de. ; MARIN,Angela H. ; PIRES, Fábio B. ; FRIZZO,


Giana B.; RAVANELLO, Tiago ; e ROSSATO, Caroline; Estilos Parentais
Autoritário e Democrático-Recíproco Intergeracionais, Conflito Conjugal e
Comportamentos de Externalização e Internalização. Psicologia: Reflexão e
Crítica, 15(1), pp. 1-11. (2002).

WEBER, Lidia. Eduque com carinho. Equilíbrio entre amor e limites. Editora
Juruá. (2012).

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