Você está na página 1de 20

SEMÂNTICA

DO
INGLÊS

Lucas Schenoveber
dos Santos Junior
UNIDADE 3
Spelling and semantics:
homographs, homophones,
conversion, hyponyms
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Definir homografia, homofonia, conversão e hiponímia.


„„ Relacionar as propriedades semânticas entre si.
„„ Comparar a grafia e sua relação com a semântica.

Introdução
A Língua Inglesa é conhecida por possuir palavras, ao mesmo tempo,
muito semelhantes e completamente diferentes — similares em ortografia
e sons, mas que diferem em significados.
Neste capítulo, você estudará como os conhecimentos ortográficos
e semânticos são importantes tanto para escrever textos como para
interpretá-los.
Você conhecerá, ainda, as relações semânticas de homografia, homo-
fonia, conversão e hiponímia, como elas podem estar relacionadas umas
às outras e ligadas à ortografia da Língua Inglesa, bem como exemplos
de sua aplicação para produzir efeitos de humor em textos escritos.

Spelling and semantics


Sob a ótica da linguística, pode-se compreender a ortografia de várias formas:
como o processo de escrita das palavras a partir das letras aceitas para sua
formação, como seu estudo, a forma como uma palavra é escrita e a habilidade
2 Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms

do falante de soletrar/escrever. Todas essas definições compartilham a noção


de que a ortografia se interessa pela escrita das palavras.
Já a semântica, em geral, é a área da linguística cujos estudos objetivam
compreender o significado e a interpretação de palavras, signos e estrutura da
frase. Para ela, o conceito de significado “transborda as próprias fronteiras do
puramente linguístico, entre outros motivos porque ele está fortemente ligado
à questão do conhecimento” (MUSSALIM; BENTES, 2012, p. 24).
Você deve estar se questionando sobre a relação entre as duas áreas, pois,
aparentemente, os interesses são distintos e não se relacionam, porém, ao con-
trário, pode-se relacionar ortografia e semântica. Observe o exemplo a seguir:

Mom said she had a moose chocolate for dinner last night.

Imagine que a frase anterior acabou de chegar em seu celular. Ela lhe causa
algum estranhamento? Se a resposta for não, leia novamente atentando-se à
ortografia de cada palavra, mas caso a resposta seja positiva, você certamente
não compreendeu o porquê da palavra moose nessa frase, porque um “alce de
chocolate” deve ser uma iguaria. Esse exemplo pode ser analisado de duas
formas: basta considerar que o emissor errou a ortografia da palavra mousse
e escreveu moose, nesse caso, há um problema de spelling talvez por falta
de atenção ou pela velocidade da digitação. Já do ponto de vista semântico,
compreende-se que o erro está no sentido da mensagem e foi causado pelo
fato de que moose é homófono de mousse e compartilham a mesma pronúncia,
mas seus significados são completamente diferentes.
Os estudos que descrevem as propriedades ortográficas e semânticas
das palavras datam do início da linguística moderna. Linguistas como D.W.
Cummings defendem a ideia de que a ortografia é moldada por três grandes
forças: fonética, semântica e etimologia (CUMMINGS, 1988). Quanto à força
semântica, os estudos entre esta e a ortografia podem ser organizados da
seguinte forma:

„„ homographs – relação entre as palavras com ortografia igual e pro-


núncia diferente;
„„ homophones – palavras com a mesma pronúncia e ortografia diferente;
„„ conversion – quando palavras polissêmicas mudam de classe gramatical;
„„ hyponyms – quando o significado de uma palavra é incorporado ao de
outra mais específica.

A seguir, você estudará cada uma das relações semânticas.


Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms 3

About spelling and semantics


Uma das características mais expressivas da Língua Inglesa é a grande diver-
gência entre a ortografia e a pronúncia das palavras. Dessa natureza, deriva
a homonímia — uma relação semântica entre palavras que compartilham a
mesma forma, mas são completamente diferentes quanto aos significados. Você
verá dois casos dela: a homografia (homographs) e a homofonia (homophones).

Homographs

Homografia é a relação semântica entre palavras com a mesma ortografia,


mas que diferem em pronúncia e significados. Observe os exemplos a seguir:

I’m thinking about wearing my hair tied back in a bow.


I always cry listening to Rihanna`s song “Take a bow”.

Neste exemplo, você pode perceber que a ortografia das palavras bow1 e
bow2 é a mesma. Já em termos de pronúncia, elas apresentam divergência, em
que bow1 recebe a pronúncia /boʊ/, e a palavra bow2 tem a pronúncia /baʊ/.
Quanto ao significado, bow1 e bow2 são diferentes. Na primeira frase,
o falante comenta sua intenção de usar o cabelo penteado de uma forma e,
nesse contexto, compreende-se que a palavra bow1 significa laço (cabelo
amarrado com um laço). Já na segunda frase, bow2 aparece no título da mú-
sica na expressão take a bow, que faz referência a um tipo de cumprimento
típico de países da Ásia, por exemplo, China e Japão. É também conhecido
como o cumprimento feito pelos artistas para agradecer ao público após uma
apresentação, assim sendo, bow2 significa curvar-se.

Homophones

Homofonia é a relação semântica que se estabelece entre palavras que possuem


significados diferentes e são escritas de maneira distinta, mas possuem a
mesma pronúncia. Veja o seguinte exemplo:

Rose and Jack standing at the bow is my favorite scene in Titanic.


Balsam bough harvesting from trees less than 5 feet in height is improper.

Na primeira frase, pode-se inferir que a palavra bow refere-se a uma parte
do navio, se você já tiver visto a famosa cena do filme Titanic, e tal inferência
4 Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms

também é possível pela presença do verbo to stand (estar em pé) — Rose e


Jack estão de pé em alguma parte do navio. Nesse contexto, a palavra bow
admite o significado de proa, pois nomeia a parte frontal.
Já na segunda frase, a palavra bough refere-se à parte de uma árvore que
pode ser cortada, por isso, compreende-se que o significado dessa palavra é
galho de uma árvore.
Do ponto de vista semântico, as palavras bow e bough são consideradas
homófonas por possuírem a mesma pronúncia (/baʊ/) e significados comple-
tamente diferentes.
Homophones são, em geral, considerados como homônimos verdadeiros
(true homonyms), pelo fato de que derivam de fontes completamente diferentes
— conforme mostra o exemplo a seguir:

Sophisticated diners in Europe and North America know that skate is wonder-
fully delicious.

Qual significado da palavra em destaque vem à tona primeiro? Certamente,


está relacionado a um par de patins ou ao próprio skate (esqueite), sendo ambos
objetos associados à pratica de esportes. Portanto, surge a pergunta: como os
restaurantes da Europa e da América do Norte podem achar o skate delicioso?
O que acontece, neste exemplo, é que essa palavra, na Língua Inglesa, pode
não apenas nomear o objeto esportivo, como também um tipo de peixe (arraia).
Trata-se de uma palavra homófona considerada true homonym, pois possui
duas origens diferentes: uma ligada à zoologia e a outra a um determinado
esporte, ice-skate.

Conversion

A mudança na função de uma palavra é, geralmente, chamada de conversion e


implica na troca de classe gramatical, sem alterações na estrutura morfológica
da palavra original. Como ela adquire um significado diferente da original,
a conversion (ou a mudança de classe gramatical) se torna de interesse dos
estudos semânticos. Quando são organizadas em pares, denominados de con-
version pairs, pode-se determinar as relações semânticas que se estabelecem
entre as palavras relacionadas por conversão. Você estudará as duas principais
classes gramaticas afetadas pela conversão e que permanecem semanticamente
relacionadas: os substantivos e os verbos.
Quando essa relação de conversão acontece de um substantivo para um
verbo, este recebe o nome de denominal verb e geralmente denota:
Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms 5

a) Ação característica do objeto. Observe as seguintes frases:

The detective just started interviewing the witness.


Today we have come together to witness the joining of bride and groom in
marriage.

Note que as palavras destacadas em negrito mantêm uma relação semântica,


pois, na primeira frase, o substantivo witness está relacionado à testemunha
(uma pessoa que observou ou estava no local de um acontecimento). Já na
segunda frase, o verbo to witness refere-se ao ato de testemunhar, nesse
contexto, é a ação realizada pelas pessoas presentes no casamento, que estão
para testemunhar (assistir) a união entre os noivos.

b) Uso instrumental do objeto. Veja os exemplos a seguir:

A loose screw is causing all that noise in the engine.


First, screw these two pieces of wood together.

Nota-se a relação semântica entre o substantivo e o verbo comparando os


dois exemplos. No contexto da primeira frase, a palavra screw refere-se ao
objeto parafuso (substantivo), já seu uso na segunda frase está relacionado ao
uso instrumental do parafuso — nesse contexto, unir dois pedaços de madeira.

c) Aquisição ou adição do objeto. Observe os exemplos a seguir:

These chairs really need a new coat of varnish.


Try using royal icing to coat the cake, it’s delicious.

Coat, na primeira frase, ocupa a função de substantivo e significa cobertura —


as cadeiras precisam receber uma nova cobertura de verniz. Já o segundo
uso de coat possui a função de verbo e denota a ação de adicionar o objeto,
nesse caso, uma cobertura de bolo, pois a ação de decorá-lo/cobri-lo implica
em adicionar algum tipo de cobertura.

d) Privação do objeto. Veja os seguintes exemplos:

Coconut oil is a natural option to moisturize the skin.


I skinned my leg when I fell down the stairs.
6 Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms

No contexto da primeira frase, a palavra skin refere-se ao substantivo


pele (órgão que recobre o corpo humano). Já na segunda frase, skin ocupa a
função de verbo (conjugado no passado simples) e denota a ação de privação
do substantivo. To skin está relacionado à ação de remoção da pele, na segunda
frase, é possível compreender que, ao cair da escada, o ferimento causado foi
essa remoção.
Até aqui, você estudou as relações semânticas de conversão do substantivo
em um verbo. Agora, você verá a relação de conversão do verbo em um subs-
tantivo. Quando um verbo é convertido em substantivo, este recebe o nome
de deverbal substantive e denota:

1. Instância da ação

I can’t move the box by myself, it`s too heavy.


How does it feel to make a brilliant move in chess?

Nos exemplos, a palavra move está ligada à noção de movimento. No


primeiro, move ocupa a função do verbo mover, mudar de posição ou lugar,
por exemplo. Já no segundo, ele tem a função de substantivo e está relacionado
à ação do verbo mover.

2. Agente de uma determinada ação

Our staff is prepared to help you with your next home improvement project.
Can I get some help here?

A palavra help é utilizada como verbo (ação de ajudar/auxiliar) no pri-


meiro exemplo; já no segundo, ela ocupa a função de substantivo (ajuda) que
compartilha características semânticas com o verbo ajudar.

3. Lugar de uma determinada ação

You shouldn’t drive so fast.


Why didn`t you take 12 Maple Drive?

A relação semântica entre drive (verbo) e drive (substantivo) é estabelecida


pelo fato de que o primeiro designa a ação de dirigir um determinado veículo
terrestre, e o segundo refere-se a um caminho/percurso/estrada pelo qual é
possível dirigir um veículo.
Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms 7

4. Objeto ou resultado de uma determinada ação

It is easier to peel potatoes after they’re cooked.


The cake was decorated with strips of lemon peel.

Neste exemplo, o verbo (to peel) e o substantivo (peel) estão semanti-


camente relacionados, pois este é resultado daquele. Geralmente, se utiliza
o verbo em contextos culinários para designar a ação de remover a pele de
frutas e vegetais. Nesse mesmo contexto, o substantivo refere-se à pele dessa
fruta ou vegetal, o peel (substantivo) é o resultado da ação do verbo to peel.

Hyponyms

Hiponímia é a relação semântica entre duas (ou mais) palavras de forma que
o significado de uma palavra contém ou inclui o significado de outras — em
linhas gerais, pode-se dizer que a palavra cujo significado está inserido em
outras se trata de um termo geral. Linguistas como George Yule referem-se a
esse termo como superordinate, pois ocupa um lugar mais elevado. Já aquelas
que incluem o significado de um superordinate são chamadas de hyponyms
(YULE, 2006).
A partir das palavras red e scarlet, pode-se estabelecer uma relação se-
mântica de hiponímia entre elas. Veja os exemplos a seguir:

I`m looking for a red dress.


I`m looking for a scarlet dress.

Ao comparar as duas palavras, observa-se em ambas as situações a busca


por um vestido vermelho. Há uma diferença entre esses dois contextos, pois,
ao escolher red, cria-se uma amplitude de possibilidades, pois designa uma cor
com várias tonalidades. Já ao escolher scarlet, as possibilidades se reduzem,
porque ela designa um tom específico de vermelho. A hiponímia acontece pelo
fato de scarlet ser um hyponym de red, que, por sua vez, pode ser considerado
um superordinate. Veja o quadro a seguir.
8 Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms

Red

Scarlet Blood Burgundy Magenta

Red ocupa o lugar mais alto por ser um termo geral, ou superordinate,
porque significa vermelho (cor). Já as palavras scarlet, blood, burgundy e
magenta são hyponyms de red, pois todas incluem o significado da palavra red.
Nesse tipo de relação semântica, é possível também estabelecer que scarlet é
co-hyponym de blood, pois ambas compartilham do mesmo superordinate (red).

O verbo que compõe um conversion pair pode ser polissêmico. No par dust e to dust,
o verbo pode tanto significar a remoção da poeira de um objeto ou lugar (Dust the
book shelves), como significar polvilhar (Dust the cake with icing sugar).

Relacionando propriedades semânticas

Hyponyms versus synonyms


Por vezes, nos estudos semânticos, se faz necessário aproximar as propriedades
da hiponímia com as da sinonímia para que haja a melhor compreensão de
cada uma delas. Synonym é a relação semântica entre palavras que possuem
significados semelhantes, por exemplo, as palavras close e shut:

Close the door please!


Shut the door please!

Nos exemplos, os significados das duas palavras são muito próximos,


independentemente da escola lexical, e o resultado obtido será igual: um pedido
para fechar a porta. De maneira geral, pode-se dizer que há uma relação linear
na sinonímia close = shut.
Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms 9

A hiponímia, por sua vez, representa uma relação de hierarquia entre termos
mais e menos específicos, por exemplo, as palavras flower e rose:

Have you bought the flowers?


Have you bought the roses?

Pode-se notar uma espécie de organização taxonômica entre as palavras


flower e rose, pelo fato de que a primeira é considerada um termo menos
específico, ocupando o espaço de superordinate. Já a segunda, por ser mais
específica, trata-se de um hyponym de flower. Por isso, rose não pode ser um
sinônimo de flower.
Há uma espécie de fórmula para confirmar que ocorre uma relação de
hiponímia entre duas palavras:

An X is a type/kind of Y

Essa fórmula foi desenvolvida pelo linguista David Alan Cruse em estudos
sobre a semântica lexical. Para o autor, X e Y representam espaços que podem ser
preenchidos por termos que se relacionam lógica ou gramaticalmente (CRUSE,
1989). Aplicando a fórmula nas palavras flower e rose, tem-se o seguinte:

Rose is a type/kind of flower.

Assim, confirma-se a relação de hiponímia entre as palavras flower e rose,


porque o oposto ( flower is a type/kind of rose) é incompatível.
Ainda sobre essas relações, linguistas como Yule (2006) defendem a ideia
de que elas podem ocorrer entre palavras que descrevem ações (verbos), de-
pendendo do superordinate escolhido. Por exemplo, os verbos hit, punch, slap
e kick são considerados co-hyponyms desde que tenham como superordinate
um termo como injuries.

Homonyms and polysemy


Você deve se lembrar de que homônimos podem ter a mesma pronúncia (pho-
nological form), a mesma ortografia (spelling), ou ambas, mas são diferentes
quanto ao significado. Você também já estudou a separação dos homônimos
em: homophones (phonological form) e homographs (spelling).
10 Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms

Quanto à polissemia, entende-se que é a relação semântica entre palavras


com mais de um significado, como face, que pode tanto indicar uma parte
do corpo como a parte frontal de um relógio. Homonímia e polissemia são
essenciais em diversos estudos semânticos e, a seguir, você verá a ambiguidade
lexical, causada por palavras que podem ser interpretadas de várias maneiras e
que pode ser estudada de duas formas: pelo viés da homonímia e da polissemia.
Seu estudo atrai a atenção de linguistas e semanticistas, porque o processo de
análise semântica pode envolver as palavras historicamente relacionadas, as
que se tornaram semelhantes de maneira acidental e aquelas que apresentam
uma conexão metafórica entre si.
A ambiguidade lexical causada por homônimos ocorre em casos nos quais os
significados das palavras são independentes entre si. Veja o seguinte exemplo:

The princess is getting ready for the Knight.


The princess is getting ready for the night.

Ao ler as frases, não há dúvida de que as palavras knight (cavaleiro) e


night (noite) têm significado e ortografia diferentes. Contudo, imagine que,
ao assistir a um filme ou uma novela, você escute essa frase. Provavelmente,
ela lhe causará dúvida, pois existe a possibilidade de tanto a princesa estar se
preparando para o encontro com o cavaleiro como ela estar se preparando para
a noite (ou um evento noturno). Nesse exemplo, a ambiguidade lexical é causada
em termos de pronúncia, porque as palavras knight e night são homófonas.
Ainda sob o viés da homonímia, é possível estudar casos de ambiguidade
lexical causados por palavras homógrafas, cuja semelhança ocorre apenas na
ortografia. Veja o exemplo a seguir:

How was your date?

O exemplo “How was your date?” pode variar de contexto, o que implica
em diferentes sentidos para a forma date. Imagine a seguinte situação: você
volta de um encontro (romântico) quando alguém lhe pergunta: “How was your
date?”, como você responde? A que o interlocutor se refere? Aqui, se instala a
ambiguidade, pois date pode tanto significar o encontro (evento) do qual você
retornou como a pessoa com quem você estava nesse encontro.
Agora imagine outra situação: alguém lhe diz a seguinte frase I had a date
last night. Certamente você associará date ao significado “encontro”, mas há
a possibilidade de ocorrer a ambiguidade lexical pelo fato de que essa palavra
também significa tâmara (fruta). Logo, dependendo das circunstâncias de uso,
Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms 11

a frase I had a date last night pode ser “Eu tive um encontro noite passada”
ou “Eu comi uma tâmara ontem à noite”.
A semântica estuda não apenas o significado das palavras, mas também
as relações de significado que estabelecem entre si, bem como se interessa
pela relação entre as palavras e a realidade extralinguística. Ao relacionar as
propriedades semânticas, é possível compreender como essas relações são
estabelecidas. Você estudou nesta seção que, embora as relações de hiponímia
se difiram das de sinonímia pela questão de hierarquia, em que uma palavra
não é sinônima da outra, mas, sim, incorpora parte do seu significado (rose/
flower), as palavras não estabelecem apenas um tipo de relação semântica
entre si. Você estudou, também, que a ambiguidade lexical pode ser causada
tanto por palavras homônimas como polissêmicas.

O estudo semântico não se restringe a apenas uma propriedade, pois a mesma palavra
pode estabelecer diversas relações semânticas. A palavra bank, por exemplo, pode ser
estudada na homonímia sendo bank (margem do rio) homônima de bank (instituição
financeira). Já mammal, quando estudada na hiponímia, é considerada superordinate de
palavras como dog, cat, cow, zebra, mas pode também ocupar o lugar de co-hyponym
do superordinate animals.

Spelling and semantics combined


A motivação que prevalece para a escolha de palavras em um texto é, por-
tanto, de ordem sociocognitiva, e está ligada aos sentidos e propósitos que
se partilham em cada situação de interação. Escolhe-se palavras conforme
elas pareçam adequadas para expressar o que se deseja dizer e fazer com
elas. Ninguém, ao falar ou escrever nas atividades sociais do dia a dia, faz
escolhas aleatórias ou seleciona as palavras pelo tamanho que elas têm, pela
classe gramatical a que pertencem ou pela letra ou fonema com que se iniciam
(ANTUNES, 2005, p. 126).
As palavras não são neutras, elas carregam significados e, dependendo
de como são empregadas em um texto falado ou escrito, podem direcionar a
interpretação de quem as lê/escuta. Pode-se dizer que elas representam uma
concretização do pensamento, essenciais para as mais diversas interações
12 Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms

sociais. Estudar a dimensão semântica das palavras torna-se requisito quando


o assunto é a produção de um texto escrito, pois precisam ser escolhidas para
que a mensagem pretendida consiga chegar ao leitor. Diferentemente do que
acontece com as interações em contexto de fala, no texto escrito, não há lin-
guagem corporal, diferentes entonações e gestos. Nesse caso, as palavras são
a principal fonte de significado, por isso, devem ser escolhidas com cautela
e, principalmente, escritas da forma correta.
Você estudará como a semântica e a ortografia estão relacionadas aos
processos de escrita e como o conhecimento das relações semânticas auxilia
na escolha do vocabulário correto, a fim de que sejam adequadas à finalidade
do texto e ao público ao qual ele se destina.

Dear Sir
I am very pleased that you have selected one of our garments. You have made a wise
choice, as suits, jackets and trousers eminating from our Company are amongst the finest
products Europe has to offer.
Fonte: Baker (1992, p. 15).

Uma breve revisão ortográfica do exemplo anterior aponta para um pro-


blema com a palavra eminate, que não existe na Língua Inglesa e, possivel-
mente, seja um erro de tentativa de escrita de emanate. A questão que se coloca
seria: atentar-se apenas à grafia das palavras é suficiente para garantir que
o texto cumpra sua função? A resposta é negativa. Além da grafia, deve-se
compreender o significado das palavras.
Imagine que esse período passou por uma correção: You have made a wise
choice, as suits, jackets and trousers emanating from our company are amongst
the finest products Europe has to offer. A questão se torna o significado da
palavra emanate (emanar), que significa expressar qualidade ou sentimento
pela aparência ou comportamento, por exemplo, your face emanates sadness.
Retomando o exemplo anterior, percebe-se que a escolha lexical causa estra-
nhamento ao leitor, pois dificilmente imagina-se que fábricas possam emanar
seus produtos para outros destinos.
As escolhas semânticas podem mudar a intenção do texto, provocar es-
tranhamento e não comunicar. Em contrapartida, elas também acontecem de
Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms 13

maneira intencional, pois o objetivo do texto é causar humor ou ironia. Jornais


costumam utilizar palavras homófonas nas manchetes com o intuito de chamar
a atenção do leitor ou, simplesmente, causar humor. Veja o seguinte exemplo:

Sew what? Ask clothes manufactures.

Neste exemplo, a “brincadeira” entre palavras acontece entre a pergunta


“Sew what?” e a expressão “So what?”. As palavras sew (costurar) e so (então)
são homófonas, compartilham a mesma pronúncia, mas seus significados são
diferentes. So what? É uma expressão costumeiramente utilizada para mostrar
que o assunto não é interessante ou de grande importância. Por exemplo,
quando utilizada como resposta a um comentário, pode significar I don`t care
(não me importo), conforme você pode ver a seguir:

A: Vivian doesn`t like you.


B: So what?

Retomando a manchete, é possível perceber que So what (e daí?) foi propo-


sitalmente substituída por Sew what? (costurar o quê?) com o intuito de chamar
a atenção do leitor para alguma questão envolvendo empresas fabricantes de
roupas. Infere-se que a notícia tratará de alguma medida, imposto, procedi-
mento em relação às fábricas de roupas, pois a estrutura da manchete pode
indicar que o setor está descontente ao usar essa expressão. Compreende-se,
assim, que a manchete pode significar: “E daí? Perguntam os fabricantes de
roupas”.
Empresas e estabelecimentos comerciais também se valem das relações
semânticas entre palavras para chamar a atenção dos possíveis clientes, pois o
mercado atual está repleto de competitividade e, cada vez mais, novas formas
de atrair o consumidor são necessárias. Empresas de publicidade, por exemplo,
usam o conhecimento semântico em slogans a partir de wordplays baseadas
em ambiguidade, polissemia e homônimos.
A escolha por uma wordplay não acontece de forma aleatória ou descontex-
tualizada do assunto pretendido para o anúncio, pois, para que haja o efeito de
humor no anúncio, a relação semântica precisa ter sentido para o leitor. Imagine
que, ao passar por um salão de beleza, você se depare com o seguinte slogan:

We curl up and dye for you.


14 Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms

Aparentemente, não há nada de diferente no slogan, pois as expressões curl


e dye representam serviços oferecidos por um salão de beleza (enrolar e tingir o
cabelo), as palavras são relacionadas ao contexto do anúncio. Porém, analisando
a expressão “dye for you” é que se pode compreender a busca por um efeito
humorístico no texto, pois ela remete à expressão “die for you” (morrer por
você), que costuma aparecer em músicas e cenas de filmes. Utiliza-se die for
you geralmente em contextos de romance, nas cenas em que uma personagem
promete à outra fazer o que for necessário para não a perder. Pode-se inferir
que há um uso intencional de “dye for you” remetendo a “die for you” pelo fato
de que anúncios de salão não utilizam a expressão “dye for you”, mas apenas
“dye”, por exemplo: curl up and dye ou curl up & dye. Outra inferência possível
trata de a questão de salões de beleza oferecerem quantidades significativas
de serviços aos seus clientes, pois, pela forma que o slogan está construído,
o objetivo é chamar a atenção do cliente para o catálogo de serviços com o
intuito de dizer que fazem mais que enrolar e colorir o cabelo.
Do ponto de vista semântico, pode-se dizer que o uso de wordplays visa
atrair a atenção do leitor de maneira mais descontraída, pois trabalha com
os significados das palavras de forma que a leitura do texto cause efeito de
humor. Palavras polissêmicas colocam o leitor em dúvida fazendo-o ler o texto
mais de uma vez e, consequentemente, associando o texto à marca/empresa.
Neste capítulo, você estudou como as relações semânticas estabelecem
uma relação com a ortografia e podem ser empregadas em diferentes tipos
de textos para obter diversos efeitos de sentido. Conhecer a ortografia das
palavras da Língua Inglesa é essencial para essa construção dos sentidos. Os
exemplos estudados, por sua vez, servem para ilustrar que se deve ter cautela
com a ortografia e considerar sua relação com a semântica para que haja uma
boa comunicação e a mensagem pretendida seja significativa ao leitor.

Há diversas possibilidades de uso de wordplays em anúncios e títulos. Você pode


conhecer os recursos empregados nesses tipos de texto no link a seguir.

https://goo.gl/IP3jfp.
Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms 15

Atenção duplicada? Não! Triplicada! Algumas palavras podem ter sons muito parecidos,
mas significar coisas diferentes.
„„ We need to buy more sugar.
„„ After work I`ll drop by your house.
„„ She said bye and waved.

1. Observe as frases: “She has beautiful significado. Palavras com essas


green eyes”/“Can you stop eyeing my características são chamadas de:
food?” Nesse caso, ocorre um tipo a) synonyms.
específico de relação semântica b) antonyms.
em que uma palavra muda de c) homographs.
classe gramatical. Essa mudança d) hyponyms.
de palavra eye (substantivo) para e) hypernyms.
eye (verbo) acontece por: 4. Quando o significado de uma
a) polysemy. palavra é mais amplo e está
b) hyponymy. contido no significado de uma mais
c) homophony. específica, a relação semântica
d) conversion. entre elas é chamada de hiponímia.
e) synonymy. Em qual das alternativas é possível
2. Considere as seguintes frases: observar essa relação (da palavra
“Bus fares are getting higher this mais geral para a mais específica)?
month.”/“Our spring fair is returning a) Structure > house > cottage
in 2019”. As palavras em destaque > bungalow > building.
estabelecem uma relação de: b) Structure > bungalow > house
a) conversion. > cottage > building.
b) hyponymy. c) Structure > building > house
c) polysemy. > cottage > bungalow.
d) ambiguity. d) Structure > cottage > house
e) homophony. > building > bungalow.
3. “We toasted the happy family.”/ e) Structure > house > bungalow
“I’ll have the sandwich on toasted > building > cottage.
ciabatta”. As palavras em 5. Assinale a alternativa incorreta.
destaque, embora iguais na forma, a) Deverbal substantives
são diferentes em termos de ocorrem quando um verbo é
convertido em substantivo.
16 Spelling and semantics: homographs, homophones, conversion, hyponyms

b) Denominal verbs ocorrem d) Homographs possuem


quando um substantivo é a mesma ortografia e
convertido em verbo. significados diferentes.
c) Hyponymy superordinate e) Homophones possuem
e co-hyponyms são a mesma pronúncia e
considerados sinônimos. significados diferentes.

ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola, 2005. 200 p.
(Na Ponta da Língua, 13).
BAKER, M. In other words: a coursebook on translation. New York: Routledge, 1992. 304 p.
CRUSE, D. A. Lexical semantics. New York: Cambridge University Press, 1986. 310 p.
CUMMINGS, D. W. American English spelling: an informal description. Baltimore: Johns
Hopkins University Press: 1988. 555 p.
MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Orgs.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. 8.
ed. São Paulo: Cortez, 2012. 312 p.
YULE, G. The study of language. 3rd. ed. rev. & upd. New York: Cambridge University
Press, 2006. 273 p.

Leituras recomendadas
CANÇADO, M. Manual de semântica: noções básicas e exercícios. São Paulo: Contexto,
2012. 192 p.
DAVIS, A.; ELDER, C. The handbook of applied linguistics. Malden; Oxford; Carlton: Blackwell
Publishing, 2004. 866 p. (Blackwell handbooks in linguistics, 17).
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

Você também pode gostar