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Brazilian Journal of

Development

DECLARAÇÃO
A Revista Brazilian Journal of Development, ISSN 2525-8761 avaliada
pela CAPES como Qualis CAPES 2019 B2, declara para os devidos fins,
que o artigo intitulado “CISTO MESENTÉRICO DE
DUPLICAÇÃO: RELATO DE CASO’’ de autoria de Helen Brambila
Jorge Pareja, Marcos Vinícius Bertol, Kevin Seidi Kito, Pedro Augusto
de Assis Goes, Beny Goulart Dias de Castro, Alessandro Luiz
Gonçalves, Aryssa Anielli Sakai, Tatiana Jaqueline Ceolato Pelisson, foi
publicado no v. 7, n.8, p.77164-77168.

A revista é on-line, e os artigos podem ser encontrados ao acessar o link:


https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/issue/view/141

DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv7n8-096

Por ser a expressão da verdade, firmamos a presente declaração.

São José dos Pinhais, 05 de Agosto de 2021.

Prof. Dr. Edilson Antonio Catapan


Editor Chefe
Brazilian Journal of Development 77164
ISSN: 2525-8761

Cisto Mesentérico de Duplicação: relato de caso

Duplication Mesenteric Cyst: case report

DOI:10.34117/bjdv7n8-096

Recebimento dos originais: 07/07/2021


Aceitação para publicação: 05/08/2021

Helen Brambila Jorge Pareja


Graduada
Instituição: UNOESTE – Unoversidade do Oeste Paulista
Endereço: R. José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária, Pres. Prudente – SP
E-mail: Brambila_hj@hotmail.com

Marcos Vinícius Bertol


Graduação
Instituição: Hospital Santa Marcelina
Endereço: Rua Santa Marcelina, 177 - Itaquera - São Paulo/ SP
E-mail: marks.bertol@gmail.com

Kevin Seidi Kito


Graduando
Instituição: UNOESTE - Universidade do Oeste Paulista
Endereço: R. José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária, Pres. Prudente – SP
E-mail: kitokevin@hotmail.com

Pedro Augusto de Assis Goes


Graduado
Instituição: Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente
Endereço: R. Wenceslau Braz, 5 - Vila Euclides, Pres. Prudente - SP
E-mail: pedrogoes18@gmail.com

Beny Goulart Dias de Castro


Graduada
Instituição: Hospital Regional de Presidente Prudente
Endereço: Rua José Bongiovanni 1297 - Cidade Universitária, Pres. Prudente - SP
E-mail: beny.gdc@gmail.com

Alessandro Luiz Gonçalves


Graduado
Instituição: Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente
Endereço: R. Wenceslau Braz, 5 - Vila Euclides, Pres. Prudente - SP
E-mail: alessandroluizg@hotmail.com.br

Aryssa Anielli Sakai


Graduada
Instituição: Hospital Regional de Presidente Prudente
Endereço: Rua José Bongiovanni 1297 - Cidade Universitária, Pres. Prudente - SP
E-mail: ary.sakai@gmail.com

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.8, p. 77164-77168 aug. 2021


Brazilian Journal of Development 77165
ISSN: 2525-8761

Tatiana Jaqueline Ceolato Pelisson


Graduanda
Instituição: UNOESTE - Universidade do Oeste Paulista
Endereço: R. José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária, Pres. Prudente – SP
E-mail: tatianapelisson@hotmail.com

RESUMO
O Cisto Entérico de Duplicação é uma anomalia congênita rara, que pode acometer
qualquer porção do trato gastrintestinal, da boca ao ânus, mas ocorre principalmente do
intestino delgado. É relatado um caso de paciente do sexo masculino, 36 anos, com queixa
de desconforto abdominal, náuseas e vômitos; abdômen plano e presença de massa de
consistência endurecida em mesogástrio ao exame físico, confirmado por tomografia
computadorizada. O paciente foi submetido a laparotomia exploradora que revelou cisto
em raiz do mesentério aderido ao cólon transverso. Foi realizada ressecção do cisto e
porção do intestino adjunto e síntese por planos.

Palavras-chave: cisto entérico de duplicação, anomalia congênita, tratamento.

ABSTRACT
The Enteric Duplication Cyst is a rare congenital anomaly that can affect any portion of
the gastrointestinal tract, from the mouth to the anus, but it occurs mainly in the small
intestine. A case of a 36-year-old male patient complaining of abdominal discomfort,
nausea and vomiting is reported; flat abdomen and presence of a hardened mass in the
mesogastrium on physical examination, confirmed by computed tomography. The patient
underwent exploratory laparotomy which revealed a mesentery root cyst attached to the
transverse colon. Resection of the cyst and adjunct bowel portion and synthesis by planes
was performed.

Keywords: duplication enteric cyst, congenital anomaly, treatment.

1 RELATO DE CASO
Paciente J. G. Q., masculino, 36 anos, admitido em consulta médica queixando-se
de desconforto abdominal, náuseas e vômitos. Ao exame físico apresentava-se eutrófico,
bom estado geral e corado. Abdômen plano, massa de consistência endurecida em
mesogástrio. Prosseguiu investigação com tomografia computadorizada de abdome total
evidenciando-se presença de cisto.
Paciente foi internado e prescrito tratamento para alívio dos sintomas. Foi
marcado para o dia seguinte da internação: laparotomia exploratória + exérese de cisto
mesentérico + enterectonomia + omentectomia.
Em avaliação pré-anestésica o paciente nega hipertensão arterial sistêmica (HAS),
asma, tabagismo, diabetes mellitus (DM), dispneia, alergias; nega doenças raras,
hepatopatias e procedimentos anteriores; boa capacidade funcional (> ou = 4 METs);

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ASA 2 por etilismo social; Hb = 14,3; Ht = 43; plaquetas = 365 M; INR = 1,12; TTPA =
36.
No momento da cirurgia, sob anestesia geral, com o paciente em decúbito dorsal
horizontal, foi realizado a assepsia e antissepsia com colocação dos campos estéreis. Foi
realizada incisão mediana com bisturi frio lâmina nº 22 e diérese por planos com
eletrocautério. O inventário da cavidade abdominal mostrou presença de cisto
mesentérico em raiz do mesentério aderido ao cólon transverso, delgado 30 cm Tretz,
omento, com sinais de sofrimento do delgado, por compressão.
Foi realizado exérese do cisto mesentérico à nível da raiz do mesentério,
omentectomia e enterectomia, com melhora do aspecto da alça após procedimento. Uma
amostra do cisto foi enviada para exame anatomopatológico e citopatológico.
Fez-se a revisão da hemostasia e cavidade, contagem de compressas, foi colocado
dreno tubular nº 10 e ao final foi feita a síntese por planos com fio PDS 1, Vycril 2.0 e
pele com com fio Nylon 4.0 e por fim curativo.
Após tratamento cirúrgico paciente evoluiu bem clinicamente recebendo alta após
3 dias, com funções de eliminação presentes, sem dor, deambulava, sem náuseas e
vômitos. Recebeu orientações, receita e atestado médico.
Após 11 dias da alta hospitalar, o resultado exame anatomopatológico confirmou
cisto mesentérico e ausência de indícios de malignidade na amostra e o citopatológico
evidenciou amostra constituída por material proteináceo com raras células mesoteliais de
permeio.

2 DISCUSSÃO
O Cisto Entérico de Duplicação (CED) é uma anomalia congênita rara, que pode
acometer qualquer porção do trato gastrintestinal (TGI), da boca ao ânus (1-6). Acomete
principalmente o intestino delgado, sendo mais comum o íleo, e sua incidência é baixa
(1:4.500 nascimentos) com leve predomínio no sexo masculino (2, 5).
A etiologia dos CEDs ainda é desconhecida, mas existem várias teorias para
explicar sua origem, o que permite pensar que pode ser uma condição de etiologia
multifatorial. A teoria mais aceita é que ocorre uma compressão de um divertículo durante
o desenvolvimento embrionário levando à duplicação do intestino (2, 5).
O CED pode ser tubular ou cístico e fica fixo à parede do TGI, possui o mesmo
revestimento da mucosa e compartilha da mesma parede da porção do trato normal
adjunto (1-5). Portanto, a nomenclatura das duplicações é de acordo com a porção do TGI

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à que estão ligados. Neste caso a ser apresentado, trata-se de um Cisto Mesentérico de
Duplicação - CMD (2).
O diagnóstico é realizado na maioria das vezes na primeira infância (5, 6).
Apresenta-se um quadro clínico variável, que depende da localização, tipo e tamanho da
duplicação (2, 3, 7). O paciente pode apresentar-se assintomático ou sintomático. As
manifestações clínicas são inespecíficas, sendo as mais comuns: náuseas, vômitos, dor
abdominal, presença de massa abdominal, sangramento gastrintestinal e obstrução
intestinal (3, 6, 7). Em adultos, devido ao longo período de presença da duplicação, podem
ocorrer complicações como infecção, torção, perfuração ou malignidade (5, 7).
Exames de imagem podem auxiliar no diagnóstico e nos procedimentos cirúrgicos
de maior dificuldade. A ultrassonografia (US) de abdômen é o método mais utilizado,
mas também podem ser usadas a tomografia computadorizada e ressonância magnética
de abdômen em casos mais complicados (2, 3).
Mesmo com o uso de todos esses recursos, o diagnóstico de CMD é difícil e pode
facilmente ser confundido com outras doenças mais comuns como Doença de Crohn e
Divertículo de Meckel (7).
O tratamento cirúrgico recomendado é a ressecção do cisto junto com a porção do
intestino adjunto para evitar complicações futuras, devendo ser evitado a realização de
cirurgias em casos de cistos de duplicação de tamanho importante, devido à necessidade
de ressecção de grande parte do intestino levando à síndrome do intestino curto. Mas cada
caso deve ser analisado conforme risco-benefício à saúde do paciente (5).

3 COMENTÁRIOS FINAIS
O cisto mesentérico de duplicação é uma anomalia congênita rara de difícil
diagnóstico com o avanço da idade. Os exames de imagem são importantes para o
diagnóstico, que apesar de no caso ter sido tardio, foi feita a ressecção do cisto e porção
do intestino adjunto sem que houvesse complicações, como a síndrome do intestino curto.

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ISSN: 2525-8761

REFERÊNCIAS

1) HAMZA, A. R. et al. Mesenteric Meckel’s diverticulum or intestinal duplication cyst:


A case report with review of literature. International Journal of Surgery Case Reports, v.
26, p. 50-52, 2016.

2) NEBOT, C. S. et al. Enteric duplication cysts in children: varied presentations, varied


imaging findings. Insights into Imaging, oct, 2018.

3) XIANG, L. et al. Clinical characteristics of gastrointestinal tract duplications in


children. A single-institution series review. Medicine, v. 98, 2019.

4) ELHASAN, M. E. A. B. et al. 54-cm enteric duplication cyst in a 13-year-old female.


Clin Case Rep, v. 6, p. 2099-2102, 2018.

5) RANGASWAMY, R. et al. Enteric Duplication Cyst Leading to Volvulus: An Unusual


Cause of Acute Intestinal Obstruction – A Case Report. Journal of Clinical and Diagnostic
Research, v. 10, dec, 2016.

6) NAKASHIMA, S. A case of completely isolated advanced enteric duplication cyst


cancer performed partial pancreatectomy. International Journal of Surgery Case Reports,
v. 54, p. 83-86, 2019.

7) LI, B. et al. Ileal duplication mimicking intestinal intussusception: A congenital


condition rarely reported in adult. World J Gastroenterol, v. 19, n. 38, p. 6500-6504, oct,
2013.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.8, p. 77164-77168 aug. 2021


Brazilian Journal of
Development

DECLARAÇÃO
A Revista Brazilian Journal of Development, ISSN 2525-8761 avaliada
pela CAPES como Qualis CAPES 2019 B2, declara para os devidos fins,
que o artigo intitulado “TRATAMENTO CONSERVADOR DE
ABDOME AGUDO PERFURATIVO PÓS POLIPECTOMIA
COLONOSCÓPICA: RELATO DE CASO’’ de autoria de Helen
Brambila Jorge Pareja, Beny Goulart Dias de Castro, Tatiana Jaqueline
Ceolato Pelisson, Aryssa Anielli Sakai, Pedro Augusto de Assis Goes,
Alessandro Luiz Gonçalves, Bruna Ribeiro Lazari, Tatylla Moraes
benedito Vinha, foi publicado no v. 7, n.8, p.77112-77120.

A revista é on-line, e os artigos podem ser encontrados ao acessar o link:


https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/issue/view/141

DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv7n8-093

Por ser a expressão da verdade, firmamos a presente declaração.

São José dos Pinhais, 05 de Agosto de 2021.

Prof. Dr. Edilson Antonio Catapan


Editor Chefe
Brazilian Journal of Development 77112
ISSN: 2525-8761

Tratamento conservador de abdome agudo perfurativo pós


polipectomia colonoscópica: relato de caso

Conservative treatment of acute abdomen perfurative after


colonoscopic polypectomy: case report

DOI:10.34117/bjdv7n8-093

Recebimento dos originais: 07/07/2021


Aceitação para publicação: 05/08/2021

Helen Brambila Jorge Pareja


Graduada
Instituição de atuação atual: UNOESTE – Unoversidade do Oeste Paulista
Endereço (pode ser o institucional): R. José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária,
Pres. Prudente – SP
E-mail: Brambila_hj@hotmail.com

Beny Goulart Dias de Castro


Graduada
Instituição de atuação atual: Hospital Regional de Presidente Prudente
Endereço (pode ser o institucional): Rua José Bongiovanni 1297 - Cidade Universitária,
Pres. Prudente - SP
E-mail: beny.gdc@gmail.com

Tatiana Jaqueline Ceolato Pelisson


Graduanda
Instituição de atuação atual: UNOESTE - Universidade do Oeste Paulista
Endereço (pode ser o institucional): R. José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária,
Pres. Prudente – SP
E-mail: tatianapelisson@hotmail.com

Aryssa Anielli Sakai


Graduada
Instituição de atuação atual: Hospital Regional de Presidente Prudente
Endereço (pode ser o institucional): Rua José Bongiovanni 1297 - Cidade Universitária,
Pres. Prudente - SP
E-mail: ary.sakai@gmail.com

Pedro Augusto de Assis Goes


Graduado
Instituição de atuação atual: Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente
Endereço (pode ser o institucional): R. Wenceslau Braz, 5 - Vila Euclides, Pres.
Prudente - SP
E-mail: pedrogoes18@gmail.com

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Brazilian Journal of Development 77113
ISSN: 2525-8761

Alessandro Luiz Gonçalves


Graduado
Instituição de atuação atual: Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente
Endereço (pode ser o institucional): R. Wenceslau Braz, 5 - Vila Euclides, Pres.
Prudente - SP
E-mail: alessandroluizg@hotmail.com.br

Bruna Ribeiro Lazari


Graduanda
Instituição de atuação atual: UNOESTE - Universidade do Oeste Paulista
Endereço (pode ser o institucional): R. José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária,
Pres. Prudente – SP
E-mail: bruna.r.lazari@hotmail.com

Tatylla Moraes benedito Vinha


Graduanda
Instituição de atuação atual: UNOESTE - Universidade do Oeste Paulista
Endereço (pode ser o institucional): R. José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária,
Pres. Prudente – SP
E-mail: taty.lla@hotmail.com

RESUMO
A Perfuração Iatrogênica do Cólon (PIC), é considerada uma das complicações mais
graves relacionadas à colonoscopia. As PICs podem ser manejadas de maneira
conservadora, cirúrgica e endoscópica. Trazemos o relato de um paciente do sexo
masculino que realizou com sucesso o tratamento conservador e endosco em regime de
internação hospitalar após o dignóstico de perfuração de colon pós-colonoscopia. A
mesma ocorreu durante uma polipectomia e foi diagnosticada durante o procedimento.

Palavras-chave: colonoscopia, perfuração de cólon, polipectomia, tratamento


conservador

ABSTRACT
Iatrogenic Colon Perforation (ICP) is considered one of the most serious complications
related to colonoscopy. ICPs can be managed conservatively, surgically and
endoscopically. We present the report of a male patient who successfully underwent
conservative and endoscopic treatment in a hospital stay after the diagnosis of colonic
perforation after colonoscopy. It occurred during a polypectomy and was diagnosed
during the procedure.

Keywords: colonoscopy, colon perforation, polypectomy, conservative treatment

1 APRESENTAÇÃO DO CASO
H.Z., do sexo masculino, 68 anos, assintomático, foi diagnosticado com pólipo
cecal de 12 mm durante colonoscopia de rastreio e submetido a polipectomia. Durante o
procedimento houve perfuração do ceco e optou-se por realizar a clipagem endoscópica.
O paciente evoluiu com dor em FID, afebril e estável hemodinamicamente, sem sinais de

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peritonite. A tomografia computadorizada (TC) de abdome evidenciou espessamento de


cólon ascendente, mínimos focos de pneumoperitônio e presença de imagem de densidade
metálica em cólon transverso, sugerindo deslocamento do clipe endoscópico. O paciente
foi internado para tratamento conservador e seguimento clínico-laboratorial. Após
melhora da dor no 5º dia, recebeu dieta com evolução gradativa, com boa aceitação, sem
novos episódios de dor. O paciente recebeu alta após 8 dias de internação, mantendo
orientações dietéticas e antibiótico por 10 dias. Realizou tomografia computadorizada de
abdome e pelve para controle, que evidenciou a resolução do pneumoperitônio e ausência
de complicações locais.

IMAGEM 1: Tomografia inicial. Seta azul evidenciando clipe endoscópico deslocado a nível de cólon
transverso.

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IMAGEM 2: Tomografia inicial. Seta rosa: focos de pneumoperitônio pericecal.

IMAGENS 3 E 4: Tomografia de controle. Ceco evidenciado sem a presença de focos de pneumoperitônio,


sem líquido livre ou sinais inflamatórios pericólicos.

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ISSN: 2525-8761

2 DISCUSSÃO
A colonoscopia é um exame extremamente importante no diagnóstico de doenças
do intestino, como doenças inflamatórias, hemorragias intestinais, doenças benignas e o
câncer colorretal. É utilizada no seu rastreamento, bem como na ressecção de lesões
precursoras, sendo um exame seguro, porém não isento do risco de complicações. Um
estudo com 9012 colonoscopias realizadas por um único gastroenterologista encontrou
uma incidência de 0,07% de complicações maiores. Dentre estas a Perfuração Iatrogênica
do Cólon (PIC) é considerada a de maior gravidade com uma incidência de 0,016% a
0,09%. (1), sendo mais frequente nos procedimentos terapêuticos, representando 0,02–
8%.(2) A ASGE/ACG (American Society for Gastrointestinal Endoscopy/ American
College of Gastroenterology) Task Force on Quality in Endoscopy recomenda um limite
aceitável para incidência de PIC sendo ≤1 em 500 colonoscopias (≤1/1000 naquelas de
rastreio).
A perfuração iatrogênica do cólon é definida com a visualização de gordura intra
abdominal ou vísceras durante o exame, pneumoperitônio ao raio x de abdome ou com a
presença de gás ou líquido livre localizado ou difuso em uma Tomografia
Computadorizada de abdome. (3) O mecanismo de lesão da colonoscopia diagnóstica é
dividido basicamente em 2: trauma direto, mais comum no sigmóide e causador de
perfurações maiores; barotrauma, mais comum no ceco, por ter sua parede mais fina, as

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lesões são lineares na parede do órgão; Iqbal et al classificou estes mecanismos em


térmico, polipectomia e “blunt”. Sendo a última causada por trauma direto ou pelo torque
do endoscópio resultando nas maiores perfurações. Os locais descritos como mais comuns
e seus respectivos mecanismos são o ceco devido a polipectomia e lesão térmica e o
retossigmoide devido ao “blunt”. (4)
Apesar dos baixos índices, o crescente uso da colonoscopia como método de
rastreio, diagnóstico e terapêutico faz com que estes tenham cada vez mais significância.
Frente a está importância e a ausência de um estudo randomizado sobre o tema a World
Society of Emergency Surgery (WSES) criou em 2017 um guideline baseado na revisão
da literatura disponível para auxiliar o cirurgião na tomada de decisão durante a condução
terapêutica.
Segundo o estudo supracitado foram encontrados alguns fatores de risco para a
ocorrência da PIC. A idade acima de 65 a 80 anos se mostrou um fator de risco
independente. Além desta, o gênero feminino, baixo IMC e baixo níveis de albumina, a
presença de comorbidades, doença de Crohn e diverticulose colônica, cirurgia intestinal
e internação em UTI prévias foram identificados como fatores de risco relacionados ao
paciente. Existem também os fatores de risco inerentes ao procedimento e ao profissional
como a anestesia geral, a colonoscopia com fins terapêuticos, centros de pequeno volume,
endoscopistas pouco experientes ou não gastroenterologistas. Durante colonoscopias
terapêuticas a Ressecção Endoscópica da Mucosa (EMR) e a Dissecção Endoscópica da
Submucosa (ESD) são associadas a um alto risco de perfuração, assim como as
polipectomia de pólipos múltiplos ou maiores que 10mm no cólon direito e 20mm no
cólon esquerdo. Além destas, também a dilatação endoscópica de cólon apresenta maior
risco, principalmente se associada a malignidade e uso de Bevacizumabe ou a longas
estenoses relacionadas à Doença de Crohn. (2)
O atraso para o diagnóstico da PIC em 24 horas aumenta a chance desta necessitar
de intervenção cirúrgica. Em vista disso, todo paciente que se apresentar com dor , defesa
ou distensão abdominal, enterorragia ou febre após uma colonoscopia seja ela diagnóstica
ou terapêutica, deve ser investigado com exames de imagem e laboratório. Até 60% das
PICs são diagnosticadas pelo próprio endoscopista durante a realização do exame. Uma
vez realizado o diagnóstico é de grande importância que o operador descreva as
características da perfuração como tamanho, local, mecanismo provável e tentativas de
resolução endoscópica. (2)

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Pacientes sem o diagnóstico no momento do exame costumam desenvolver os


sintomas dentro das primeiras 48 horas. As alterações laboratoriais geralmente
encontradas são aumento de marcadores inflamatórios (PCR) e leucocitose. Em relação
aos exames de imagem disponíveis, a radiografia de abdome agudo possui um valor
preditivo positivo de 92% (4) e pode evidenciar sinais de pneumoperitônio ou
retropneumoperitônio. A ultrassonografia pode auxiliar nos casos em que a radiação deve
ser reduzida, como em crianças e gestantes, apesar de sua ineficiência em excluir
pneumoperitônio. (2)
A Tomografia Computadorizada deve ser utilizada nos casos em que a
investigação básica não confirma o diagnóstico e a hipótese clínica se mantém.
Perfurações de porções intra peritoneais (ceco, cólon transverso e sigmóide) resultarão
em pneumoperitônio ou líquido livre na cavidade peritoneal, enquanto as de cólon
ascendente, descendente e reto serão evidenciadas como ar no espaço extraperitoneal. A
presença de gás no espaço pararrenal anterior fala a favor de uma lesão de cólon
ascendente a direita ou cólon descendente esquerda. Perfurações reto, geralmente,
resultando em retropneumoperitônio bilateral(5).
As PIC podem ser manejadas de forma conservadora, cirúrgica ou endoscópica a
depender de fatores relacionados a perfuração como o tipo e tamanho da lesão, preparo
de cólon e patologias colônicas preexistentes. (2)
O tratamento endoscópico está bem indicado em lesões diagnosticadas durante o
procedimento ou em até 4 horas e se houver bom preparo do cólon. O sistema Through-
the-scope clips (TTS) tem melhor eficácia em perfuração menores que 1cm enquanto o
sistema Over-the-scope clips pode ser usado para as perfurações maiores, de até 2cm.
Uma limitação do tratamento endoscópico é a impossibilidade de avaliar o fechamento
total do cólon que quando não atingido pode levar a complicações tardias como os
abscessos. (2)
Pacientes cuidadosamente selecionados podem ser candidatos ao tratamento
conservador quando possuírem perfurações pequenas, bloqueadas e se apresentarem
hemodinamicamente estáveis, afebris e com dor localizada. Este consiste em seguimento
clínico, laboratorial e radiológico seriado a cada 3 a 6 horas, antibioticoterapia, hidratação
e repouso colônico absoluto além de vigilância contínua de uma equipe multidisciplinar
para sinais de sepse e peritonite. Qualquer sinal destes ou frente a deterioração clínica o
tratamento cirúrgico se encontra indicado. (2)

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A antibioticoterapia de amplo espectro, também indicada após o tratamento


endoscópico, deve ter cobertura para bactérias gram negativas e anaeróbicas e pode ser
suspensa após 3 a 5 dias na ausência de sinais de processo infeccioso ou peritonite. Na
presença destes, a antibioticoterapia deve ser continuada. Frente a melhora clínica,
resolução da dor e retorno da função intestinal a dieta via oral deve ser iniciada. Sugere-
se o início da dieta líquida clara imediatamente após o tratamento endoscópico (6) e 1 a
2 dias após início do tratamento conservador. (2)
O paciente submetido ao tratamento endoscópico ou conservador deve ser
monitorado regularmente através dos sinais vitais e exames laboratoriais (hemograma,
PCR, procalcitonina e eletrólitos). Após 5 a 7 dias de tratamento é recomendado a
realização de uma nova TC para controle e avaliação de processos infecciosos residuais,
tais como abscessos. (2)
A abordagem cirúrgica se faz necessária quando nos deparamos com perfurações
grandes, pacientes sépticos, com peritonite difusa ou doenças concomitantes do cólon
como pólipos não ressecados com alta suspeição neoplásica. A técnica laparoscópica deve
ser sempre a primeira escolha, exceto na presença de contra indicações absolutas ao
procedimento como a instabilidade hemodinâmica. Entretanto, a habilidade do cirurgião
é fator determinante para a escolha entre a laparoscopia e a técnica aberta, vale ressaltar
que a conversão para técnica aberta deve sempre ser considerada frente a dificuldades
intraoperatórias. Diversas técnicas podem ser utilizadas a depender do achado intra
operatório como condição de preparo do cólon, grau de contaminação da cavidade,
viabilidade da alça. Estas variam desde a ressecção em cunha, colostomia em cano de
espingarda a partir do local da perfuração, enterectomia com anastomose primária com
ou sem colostomia de proteção ou até mesmo cirurgia para controle de danos. (2)
Independente da abordagem terapêutica, deve ser realizada uma colonoscopia de
vigilância após 3 a 6 meses da PIC. O intervalo para a realização do exame depende da
indicação primária da colonoscopia (doença benigna ou maligna) e deve sempre
considerar o risco benefício do exame(2)

3 CONCLUSÃO
A PIC é uma complicação rara, mas possivelmente letal. Trazemos um caso de
perfuração de cólon pós polipectomia no qual o manejo conservador foi realizado com
sucesso. O objetivo é enfatizar que este deve ser considerado como tratamento, mediante
a experiência do cirurgião e condições clínicas do paciente.

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REFERÊNCIAS

(1) Sadeghei A, Malekzadeh R. Complications of Colonoscopy and its Management: A


Single Gastroenterologist Experience. Middle East J Dig Dis. 2018;10(4):254-257.
doi:10.15171/mejdd.2018.119

(2)de'Angelis N, Di Saverio S, Chiara O, et al. 2017 WSES guidelines for the


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Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.8, p. 77112-77120 aug. 2021


Brazilian Journal of
Development

DECLARAÇÃO

A Revista Brazilian Journal of Development, ISSN 2525-8761 avaliada


pela CAPES como Qualis CAPES 2019 B2, declara para os devidos fins,
que o artigo intitulado “Tumor neuroendócrino de pâncreas: relato de
caso’’ de autoria de Helen Brambila Jorge Pareja, José Roberto Vidotto
Júnior, Milton Mendes Cattini, Aryssa Anielli Sakai, Beny Goulart Dias
de Castro, Pedro Augusto de Assis Goes, Alessandro Luiz Gonçalves,
Tatylla Moraes benedito Vinha, foi publicado no v. 7, n.8, p. 77555-
77563.

A revista é on-line, e os artigos podem ser encontrados ao acessar o link:


https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/issue/view/141

DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv7n8-121
Por ser a expressão da verdade, firmamos a presente declaração.

São José dos Pinhais, 06 de Agosto de 2021.

Prof. Dr. Edilson Antonio Catapan


Editor Chefe
Brazilian Journal of Development 77555
ISSN: 2525-8761

Tumor neuroendócrino de pâncreas: relato de caso

Pancreatic neuroendocrine tumor: case report


DOI:10.34117/bjdv7n8-121

Recebimento dos originais: 07/07/2021


Aceitação para publicação: 02/08/2021

Helen Brambila Jorge Pareja


Graduação em Medicina
Residência em Cirurgia Geral
Residência em Cirurgia do Aparelho Digestivo
Instituição: Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
Rua José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária, Presidente Prudente – SP.
E-mail: brambila_hj@hotmail.com

José Roberto Vidotto Júnior


Graduação em Medicina
Residência em Cirurgia Geral
Instituição: Hospital Norte do Paraná – HONPAR
Rua José Bongiovanni, 1297 - Cidade Universitária, Presidente Prudente – SP
E-mail: jr_vidotto@hotmail.com

Milton Mendes Cattini


Graduando em Medicina
Instituição: Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
Rua José Bongiovani 700 - Cidade Universitária, Presidente Prudente – SP
E-mail: miltoncattini@hotmail.com

Aryssa Anielli Sakai


Graduação em Medicina
Residente de Cirurgia Geral
Instituição: Hospital Regional de Presidente Prudente
Rua José Bongiovani 1297 - Cidade Universitária, Presidente Prudente – SP
E-mail: ary.sakai@gmail.com

Beny Goulart Dias de Castro


Graduação em Medicina
Residência em Cirurgia Geral
Instituição: Hospital Regional de Presidente Prudente – SP
Rua José Bongiovani 1297 - Cidade Universitária, Presidente Prudente – SP
E-mail: beny.gdc@gmail.com

Pedro Augusto de Assis Goes


Graduação em Medicina
Residência em Cirurgia Geral
Instituição: Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente – SP
Rua Wenceslau Braz 5 - Vila Euclides, Presidente Prudente – SP
E-mail: pedrogoes18@gmail.com

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Brazilian Journal of Development 77556
ISSN: 2525-8761

Alessandro Luiz Gonçalves


Graduação em Medicina
Residência em Cirurgia Geral
Instituição: Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente – SP
Rua Wenceslau Braz 5 - Vila Euclides, Presidente Prudente – SP
E-mail: alessandroluizg@hotmail.com.br

Tatylla Moraes benedito Vinha


Graduando em Medicina
Instituição: Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
Rua José Bongiovani 700 - Cidade Universitária, Presidente Prudente – SP
E-mail: taty.lla@hotmail.com

RESUMO
A neoplasia pancreática neuroendócrina tem incidência de 1:100.000 e representa 5% de
todos os tumores relacionados ao pâncreas. São classificados em funcional ou não
funcional, de acordo com a síndrome hormonal hipersecretiva. O diagnóstico se dá por
imagens e sua classificação por histopatologia e imunohistoquímica. O diagnóstico e
tratamento precoce são de grande importância; embora muitas vezes os achados se dão
por exames de rotina, em acompanhamento com clínica variada, ou ainda por queixas que
são incomuns e que podem progredir e comprometer a evolução. Dessa forma, torna-se
relevante os diagnósticos diferenciais, diante da complexidade de sinais e sintomas que
podem representar enfermidades raras.

Palavras-chave: Neoplasias Pancreáticas, Carcinoma Neuroendócrino, Neuroendócrino,


Pancreas

ABSTRACT
The neuroendocrine pancreatic neoplasia has an incidence of 1: 100,000 and represents
5% of all tumors related to the pancreas. They are classified as functional or non-
functional, according to the hypersecretive hormonal syndrome. The diagnosis is made
by images and its classification by histopathology and immunohistochemistry. Treatment
is based on tumor resection. Early diagnosis and treatment are of great importance;
although the findings are often due to routine exams, in follow-up with a varied clinic, or
due to complaints that are epidemiologically uncommon and that can progress and
compromise the evolution. Thus, differential diagnoses are relevant, given the complexity
of signs and symptoms that can represent rare diseases.

Keywords: Pancreatic Neoplasms, Neuroendocrine Carcinoma, Neuroendocrine,


Pancreas

1 INTRODUÇÃO
Os tumores neuroendócrinos correspondem a um grupo de neoplasias
relacionadas às células do sistema neuroendócrino difuso. Em geral elas se relacionam
principalmente com pulmão, trato gastroinstestinal e pâncreas (1). No órgão pancreático,

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ISSN: 2525-8761

estão localizadas nas ilhotas de langerhans, foram descritas pela primeira vez no ano de
1869 (2).
São tumores heterogêneos, com variações nas manifestações clínicas,
comportamentos biológicos, características patológicas e prognóstico diversificado (3).
As neoplasias neuroendócrinas pancreáticas representam 5% de todos os tumores
relacionados ao pâncreas. Grande parte possui a capacidade de secretar hormônios
endócrinos, entretanto, apenas alguns pacientes possuem sintomatologia que estão
intimamente relacionados ao hormônio predominantemente liberados (4).
O manejo dos pacientes deve obedecer a um acompanhamento multidisciplinar e
o tratamento varia de acordo com o tipo histológico, a localização, tamanho, extensão da
massa tumoral e seu caráter funcional ou não funcional (5).
O tumor neuroendócrino pode ser classificado como funcional ou não funcional,
de acordo com a ocorrência ou não da síndrome clínica/hormonal relacionada à
hipersecreção produzida pela massa tumoral presente; aproximadamente 70%
correspondem ao subtipo não funcional (2).
Os tumores neuroendócrinos funcionais destacam-se dois; o insulinoma
corresponde ao Tipo funcional, é geralmente pequeno e tem um comportamento benigno
em 95% dos casos, com baixo risco de recorrência após a ressecção; o gastrinoma,
responsável pela produção de gastrina, apresenta comportamento maligno, com
progressão lenta. Outros tumores funcionais menos frequentes são vipoma, glucagonoma
e somatoestatinoma; que em média possuem são maiores e de caráter maligno (6). Já os
tumores não funcionais, que corresponde a maioria dos casos dessa neoplasia, não estão
associados a síndromes clínicas; embora frequentemente secretam substâncias variadas,
como polipeptídeos pancreáticos e outros peptídeos, porém não produzem sintomas
específicos e portanto são considerados sem funcionalidade clínica (7). Entretanto,
quando presentes, existem associações com sintomas inespecíficos, na maioria das vezes
relacionada ao efeito de massa que é produzido de acordo com seu tamanho em relação
às estruturas adjacentes.
As manifestações clínicas estão intimamente relacionadas ao tipo de hormônio
produzido pela neoplasia, e/ou seu efeito compressivo em casos específicos.
Os Tumores neuroendócrinos apresentam associação com algumas patologias
hereditárias, em 10 a 20% dos casos, tais como, neoplasia endócrina múltipla tipo 1
(NEM1), síndrome de Von Hippel-Lindau, esclerose tuberosa e neurofibromatose tipo 1
(2,9).

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Brazilian Journal of Development 77558
ISSN: 2525-8761

Devido á conscientização da medicina preventiva e realização de exames de


rotina, houve um aumento no diagnóstico do tumor neuroendócrino de pâncreas, em
detecção acidental de lesões pequenas e assintomáticas. O diagnóstico está baseado em
tomografia por emissão de pósitrons, tomografia com Gálio-68 e ressonância magnética.
Técnicas e métodos laboratoriais com cromogranina A e marcadores como o polipeptídeo
pancreático fazem parte dos exames complementares, muitas vezes correlacionados com
a imunohistoquímica e anatomopatológico. O exame histopatológico pode auxiliar na
decisão terapêutica, estadiamento e grau de proliferação. Quando ocorre a não
visualização do tumor em exames de imagem, frequentemente se lança mão de outros
métodos, sendo eles a ultrassonografia endoscópica, estimulação arterial ou ainda a
amostragem venosa (9,12).
O tratamento cirúrgico é o método com potencial curativo para doença localizada.
Para doenças metastáticas e avançadas, utilizam-se também análogos da somatostatina,
que cursam com supressão do crescimento tumoral e de sua propagação; pelo potencial
mecanismo de atividade antiproliferativa, além favorecer na melhora dos sintomas de
superprodução hormonal (8,11).

2 RELATO DO CASO:
J.M.N., 23 anos, sexo feminino, vendedora, católica, solteira, negra, não tabagista
e não etilista; procurou serviço de emergência do Hospital Regional de Presidente
Prudente – SP (HRPP) em março de 2019, apresentou quadro de dor abdominal difusa,
com exame ultrassonográfico de abdome identificando imagem nodular, adjacente a
cauda do pâncreas, formação de contornos bem definidos, levemente lobulados e
medindo em seus eixos 46x 43 x 42 mm; Esta formação determina efeito de massa
regional, é hipoecogênica de forma difusa / uniforme e com algumas calcificações em sua
periferia; Não se observou áreas degenerativas císticas, não se observando fluxo ao
doppler colorido. realizado tomografia computadorizada (TC) abdome que evidenciou
lesão expansiva sólida cística na cauda pancreática com realce semelhante ao parênquima
pancreático, que mantém contato com a veia esplênica, com trombose do ramo esquerdo
da porta e seus segmentos laterais e parte medial, lesão sugere Tumor de Frantz ou Tumor
neuroendócrino (FIGURA 1 e 2).

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Brazilian Journal of Development 77559
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Figura 1 - Tomografia computadorizada de abdome superior com lesão sólido-cística em cauda pancreática
ao corte axial

Fonte: Autores

Figura 2 - Tomografia computadorizada de abdome superior com lesão sólido-cística em cauda pancreática
ao corte coronal

Fonte: Autores

Tomografia computadorizada de Tórax sem alterações para acometimento


secundário; à endoscopia digestiva alta, também sem alterações. No exame físico geral:
Bom estado Geral, hidratada, corada, acianótica, anictérica, afebril, eupneica,
hemodinamicamente estável. Aparelhos cardíacos e pulmonares sem alterações. Abdome
globoso, ruídos hidroaéreos presentes, normotenso, flácido e indolor à palpação,
mantendo boa aceitação da dieta e hábito intestinal regular.
Realizado pancreatectomia distal (figura 3), sem intercorrências; dieta no quarto
dia de pos operatório e alta sétimo; o anatomopatológico, evidenciou a tumoração de

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.8, p. 77555-77563 aug. 2021


Brazilian Journal of Development 77560
ISSN: 2525-8761

corpo de pâncreas, delimitada, sem necrose, proliferação celular de 5%, Infiltração


angiolinfática e perineural não detectadas e margens livres, confirmando o diagnóstico de
Tumor neuroendócrino pancreático, grau 2 (NET 2), que mede 4 cm no maior eixo.
A análise imunohistoquímica, automatizada com sistema Ventana-Roche
(BenchMark Ultra), utilizando anticorpos pré diluídos (monoclonais e/ou policlonais) e
meios de detecção ultraView DAB e Optview DAB. Os marcadores utilizados foram
CD56 com expressão positiva; Chromograma A com expressão positiva; Cytoqueratin
CK7 com expressão positiva; Ki-67 de 5% com expressão de baixo índice de proliferação
celular; Synaptohisin com expressão positiva, confirmando o diagnóstico de tumor
neuroendócrino pancreático, grau 2 (NET 2).

Figura 3 - tumor neuroendócrino de pâncreas

Fonte: Autores

3 DISCUSSÃO
Os tumores neuroendócrinos do pâncreas são neoplasias raras, correspondendo a
aproximadamente 3% de todas as neoplasias pancreáticas primárias e em torno de 10%
de todas as neoplasias neuroendócrinas (1,2). Podem ter apresentação variada que vão
desde síndromes hormonais, até metástases hepáticas ou ainda ter caráter assintomático
com descoberta incidental da massa pancreática em exame de imagem. No relato descrito,
assim como pode ser evidenciado na literatura, a clínica foi diversificada, nossa paciente
demonstrou inicialmente dor abdominal de característica inespecífica, e seu diagnóstico
realizado pela USG de abdome.

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Brazilian Journal of Development 77561
ISSN: 2525-8761

A OMS classifica os tumores quanto à agressividade em bem diferenciado e pouco


diferenciados, e esses são subdividindo em graus; o bem diferenciado em grau 1 (baixo
grau) e grau 2 (grau intermediário), de acordo com a taxa de proliferação celular/número
de mitoses, sendo que no caso relatado, apresenta-se como grau 2, indicando, portanto,
menor malignidade que os poucos diferenciados, relacionado também ao dado
histoquímico do Ki-67, que demonstra baixo índice de proliferação celular – 5% (3,9).
Além das características celulares apresentarem como um padrão sólido, núcleo
uniforme, citoplasma granular e cromatina em “sal e pimenta” (9).
O diagnóstico por imagem é fundamental para identificar a lesão e sua relação
com as estruturas adjacentes, bem como tamanho, localização no órgão e as
características do tumor, permitindo a programação e escolha da terapêutica. A paciente
inicialmente foi submetida à tomografia, evidenciando massa tumoral em pâncreas, o que
corroborou de forma decisiva para a realização do procedimento cirúrgico. O diagnóstico
conclusivo e a terapeutica adjuvante depende da análise anatomopatológica e
imunohistoquímica do tecido tumoral. Depois da retirada da neoplasia, houve avaliação
com biomarcadores tumorais, dentre eles a glicoproteína cromogranina A e
synaptophisin, que são comumente encontrados em grânulos das células neuroendócrinas;
neste caso, as substantivas tiveram expressões positivas, indicando, portanto, diagnóstico
de tumor neuroendócrino (2,8). Pode-se ter ainda a expressão de moléculas de adesão de
células neurais, como o CD56, que para este caso, obteve também expressão positiva.(13).
Outra classificação existente é em relação a síndromes clínicas, as características
variam de acordo com o hormônio que é produzido pelo tumor em maior quantidade,
sendo estes nomeados de funcionais. Entretanto, os que não apresentam sintomatologias
são conhecidos como não funcionais. No caso exposto, a paciente não apresentou
manifestações clínicas especificas, sendo o único valor para busca diagnóstica sintoma
inespecífico e o achado em exame de imagem (7).
Estatisticamente, os tumores neuroendócrinos de pâncreas ditos não funcionais
são mais comuns, representando 70% em relação ao subtipo funcional, o que neste caso
está de acordo com a epidemiologia descrita na literatura (2).
O tratamento curativo baseia-se na ressecção completa do tumor, sendo esta opção
em doenças localizadas e sem sítios metastáticos. Do ponto de vista dimensional em
tumores não funcionais, recomenda-se tratamento cirúrgico – exérese tumoral em
tamanhos maiores que 2 cm e em consideração a sua localização anatômica com o ducto
pancreático principal. No relato, a massa neoplásica pelo exame de imagem indicou

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Brazilian Journal of Development 77562
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tamanho de 5 cm, sendo realizado, portanto o procedimento de pancreatectomia parcial e


análise do material, posteriormente, para confirmação do tipo tumoral (6,9).

4 CONCLUSÃO
O diagnóstico e tratamento precoce do Tumor Neuroendócrino de Pâncreas são de
grande importância; embora muitas vezes os achados se dão por exames de rotina, com
clínica variada, ou por queixas que são incomuns e que podem progredir e comprometer
a evolução. Dessa forma, torna-se relevante os diagnósticos diferenciais, diante da
complexidade de sinais e sintomas que podem representar as enfermidades raras,
necessitando de atenção e cuidado do profissional responsável, uma vez que a progressão
e atraso na abordagem podem configurar prognóstico reservado e sobrevida diminuída.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.8, p. 77555-77563 aug. 2021


Brazilian Journal of Development 77563
ISSN: 2525-8761

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14. Klimstra D et al. The Pathologic Classification of Neuroendocrine Tumors. A


Review of Nomenclature, Grading, and Staging Systems. Pancreas. Volume 39, Number
6, August 2010.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.8, p. 77555-77563 aug. 2021


Brazilian Journal of
Development

DECLARAÇÃO

A Revista Brazilian Journal of Development, ISSN 2525-8761 avaliada


pela CAPES como Qualis CAPES 2019 B2, declara para os devidos fins,
que o artigo intitulado “Tuberculose peritoneal, um diagnóstico
laparoscópico: relato de caso’’ de autoria de Helen Brambila Jorge
Pareja, José Roberto Vidotto Júnior, Milton Mendes Cattini, Maria
Fernanda de Almeida Marconi, Alessandro Luiz Gonçalves, Pedro
Augusto de Assis Goes, Aryssa Anielli Sakai, Beny Goulart Dias de
Castro, foi publicado no v. 7, n.8, p. 77555-77563.

A revista é on-line, e os artigos podem ser encontrados ao acessar o link:


https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/issue/view/141

DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv7n8-124
Por ser a expressão da verdade, firmamos a presente declaração.

São José dos Pinhais, 06 de Agosto de 2021.

Prof. Dr. Edilson Antonio Catapan


Editor Chefe
Brazilian Journal of Development 77595
ISSN: 2525-8761

Tuberculose peritoneal, um diagnóstico laparoscópico: relato de caso

Peritoneal tuberculosis, a laparoscopic diagnosis: case report


DOI:10.34117/bjdv7n8-124

Recebimento dos originais: 07/07/2021


Aceitação para publicação: 02/08/2021

Helen Brambila Jorge Pareja


Graduação em Medicina
Residência em Cirurgia Geral
Residência em Cirurgia do Aparelho Digestivo
Instituição: Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
Rua José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária, Presidente Prudente – SP.
E-mail: brambila_hj@hotmail.com

José Roberto Vidotto Júnior


Graduação em Medicina
Residência em Cirurgia Geral
Instituição: Hospital Norte do Paraná – HONPAR
Rua José Bongiovanni, 1297 - Cidade Universitária, Presidente Prudente – SP
E-mail: jr_vidotto@hotmail.com

Milton Mendes Cattini


Graduando em Medicina
Instituição: Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
Rua José Bongiovani 700 - Cidade Universitária, Presidente Prudente – SP
E-mail: miltoncattini@hotmail.com

Maria Fernanda de Almeida Marconi


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E-mail: mariafernandamarconi@gmail.com

Alessandro Luiz Gonçalves


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Pedro Augusto de Assis Goes


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Residência em Cirurgia Geral
Instituição: Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente – SP
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Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.8, p. 77595-77601 aug. 2021


Brazilian Journal of Development 77596
ISSN: 2525-8761

Aryssa Anielli Sakai


Graduação em Medicina
Residente de Cirurgia Geral
Instituição: Hospital Regional de Presidente Prudente
Rua José Bongiovani 1297 - Cidade Universitária, Presidente Prudente – SP
E-mail: ary.sakai@gmail.com

Beny Goulart Dias de Castro


Graduação em Medicina
Residência em Cirurgia Geral
Instituição: Hospital Regional de Presidente Prudente – SP
Rua José Bongiovani 1297 - Cidade Universitária, Presidente Prudente – SP
E-mail: beny.gdc@gmail.com

RESUMO
A tuberculose peritoneal consiste na presença da Mycobacterium tuberculosis na
cavidade peritoneal, mesentério e/ou omento. Sua origem relaciona-se com a rotura
linfonodal ou disseminação hematogênica. É de instalação insidiosa, com perda de peso,
dor abdominal e ascite. A persistência na investigação e a opção pela laparoscopia
possibilitaram a definição diagnóstica e o acesso ao tratamento adequado. A laparoscopia
tem sido uma ferramenta decisiva neste percurso e com potencial terapêutico já em
primeira avaliação.

Palavras – chave: Peritonite, Tuberculosa, Laparoscopia.

ABSTRACT
Peritoneal tuberculosis consists of the presence of Mycobacterium tuberculosis in the
peritoneal cavity, mesentery and / or omentum. Its origin is related to lymph node rupture
or hematogenous dissemination. It is insidious, with weight loss, abdominal pain and
ascites.The anatomopathological study identified a tuberculoid granulomatous
inflammatory process and was referred to infectious diseases. The persistence of the
investigation and the option for laparoscopy made it possible to define the diagnosis and
access the appropriate treatment. Laparoscopy has been a decisive tool in this path and
has therapeutic potential already in the first evaluation.

Keywords: Peritonitis, Tuberculous, Laparoscopy.

1 INTRODUÇÃO
A tuberculose é um grave problema da saúde pública. A cada ano, no Brasil, são
notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem 4,5 mil mortes em
decorrência da doença. Afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros
órgãos e sistemas. Em 2010, ocorreram no Brasil 71.658 novos casos de tuberculose,
considerando-se todas as formas, e 10.071 de tuberculose extrapulmonar (1).

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.8, p. 77595-77601 aug. 2021


Brazilian Journal of Development 77597
ISSN: 2525-8761

A tuberculose peritoneal foi inicialmente descrita no ano de 1843 e ainda continua


sendo uma patologia considerada rara em nosso meio, configurando a sexta forma mais
comum de tuberculose extrapulmonar (2).
Esta modalidade inclui a presença da micobacteria em cavidade peritoneal,
mesentério e ou omento. Acomete principalmente paciente com algum fator de risco,
sendo os principais: hepatopatia crônica, infecção por HIV, Diabetes mellitus, uso de anti-
TNF e pacientes em diálise peritoneal contínua (3). Origina-se de rotura linfonodal ou por
disseminação hematogênica de um foco primário distante. É de instalação insidiosa,
iniciando com sintomas constitucionais como febre, perda de peso, dor abdominal e
podendo levar a ascite mais tardiamente. Seu diagnóstico é desafiador devido à variedade
de apresentações clínicas, sobreposição de achados de imagem com outras doenças,
principalmente carcinomatose. Possui tratamento efetivo e uma grande sensibilidade em
relação à medicação (4).
O tratamento para tuberculose pode ser estabelecido, seguindo os mesmos
princípios de seleção e regimes utilizados no tratamento da tuberculose pulmonar. O
prognóstico é variável, dependendo da condição subjacente, comorbidades e rapidez do
diagnóstico. A mortalidade varia entre 8 e 50%, sendo a idade avançada e a demora no
início do tratamento associados a maior taxa de mortalidade (5)
O aspecto macroscópico característico, que consiste na presença de numerosos e
diminutos nódulos esbranquiçados aderidos ao peritônio visceral e parietal, apresenta
correlação com o achado de serosite granulomatosa e com necrose caseosa ao exame
histopatológico, com 93% de sensibilidade e 98% de especificidade (1).

2 RELATO DO CASO
M.L.M.B, sexo feminino, 62 anos, relatou perda ponderal significativa, 9kg em 4
meses. Realizado tomografia de abdome cujo laudo descrevia “múltiplos nódulos
peritoneais medindo até 1,1 cm. Linfonodomegalias retroperitoneais e ilíacas bilaterias
medindo até 1,9 cm x 1,8 cm na cadeia ilíaca externa esquerda. Fígado com contornos e
dimensões conservadas. Ausência de liquido livre na cavidade peritoneal.” Em
atendimento, negou queixas álgicas, mudança no apetite ou hábito intestinal. Também
não houve febre ou dispneia no período, encaminhada ao Hospital Regional, Ao exame
físico, sem alterações, realizou exames laboratoriais inespecíficos e marcadores tumorais
CEA; CA 125; CA 19,9; CA 15.3; alfa fetoproteina, todos dentro da normalidade, exceto
CA 15.3 com valor de 36,5 e CA 19,9 de 41, ambos com discreto aumento. Realizou-se

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ISSN: 2525-8761

endoscopia digestiva alta e colonoscopia sem alterações significativas, tomografia de


tórax, com presença de pequenos nódulos subcentimétricos, calcificados, com
possibilidade de granuloma (FIGURA 1).

Figura 1 – Tomografia de abdome demonstrando implantes omentais em local onde foi realizada a biopsia

Fonte - Autor

Após resultados inconclusivos optou-se pela realização de laparoscopia


diagnóstica, método diagnóstico/terapêutico, em que foram visualizadas lesões difusas,
múltiplas, esbranquiçadas e distribuídas exclusivamente em omento maior. Fígado, cólon,
intestino delgado e ovários sem alterações e ausência de líquido livre em cavidade. O
anatomopatológico identificou processo inflamatório granulomatoso tuberculóide
completo, sendo encaminhada para infectologia para tratamento clínico. Na mesma
consulta foi encaminhado ao ambulatório de infectologia para tratamento clínico com boa
evolução.

3 DISCUSSÃO
A Tuberculose Peritoneal desenvolve-se através da reativação de foco latente no
peritônio estabelecido a partir de disseminação hematogênica de um foco primário
pulmonar e mais raramente por disseminação transmural ou contiguidade com a cavidade
peritoneal, seja por rotura linfonodal, disseminação gastrointestinal ou envolvimento
tubário (6). Está associada, em apenas 1/3 dos casos, à tuberculose pulmonar ativa, assim
como as outras formas extrapulmonares (5).
Em relação à apresentação clínica, a tuberculose peritoneal ocorre de forma
subaguda, com sintomas inespecíficos sendo visualizados num período de semanas a

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meses. Em estudo de metanálise, Sanai et al (2005) revisaram relatos e séries de casos e


descreveram os sinais e sintomas mais comuns em pacientes com tuberculose peritoneal.
Ascite foi o sinal mais comum, sendo observada em 73% dos casos, seguido por dor
abdominal (64,5%), perda de peso (61%) e febre (59%). Achados de exame físico como
abdômen tenso e hepatomegalia foram descritos em 47,7% e 28% dos casos,
respectivamente (4).
Geralmente a investigação laboratorial inicia-se por análise do líquido ascético,
sendo o diagnóstico elucidado em todos os pacientes com ascite linfocítica inexplicável
e com um gradiente soro-ascítico de albumina (GASA) < 1,1 g/Dl. A dosagem da
adenosino desaminase (ADA), enzima liberada pelos linfócitos T e macrófagos durante a
resposta imune celular a antígenos de micobactérias, possui sensibilidade e especificidade
alta no valor de corte de 36 a 50U/l em efusões pleurais (7).
A peritonite tuberculosa é uma doença paucibacilar com exames bacteriológicos
continuamente negativos. Além disso, o resultado da cultura pode demorar de 4 a 6
semanas. Portanto, pacientes portadores de outras comorbidades graves, estão sujeitos a
perderem tempo do inicio do tratamento para a enfermidade descrita. Chow K. M et al
(2002), mostraram em seu estudo que houve óbito em 28 dos 60 paciente acompanhados
em um período de 6 semanas após o inicio dos sintomas, antes mesmo do resultado da
cultura. Logo, a opção por procedimentos invasivos para o estudo histológico do peritônio
pode abreviar significativamente o curso da investigação.
A laparoscopia com biópsia direta é um método mais seguro e útil e produz
comparativamente melhores resultados (90% dos casos), pois permite visualizar de forma
completa a cavidade abdominal e recolher amostras dirigidas para estudo bacteriológico
e anatomopatológico. Os achados incluem a presença de múltiplos nódulos
granulomatosos sobre o peritônio parietal e visceral com presença de BAAR (5).
A tomografia computadorizada de abdome com contraste é a modalidade de
imagem de escolha na detecção e avaliação inicial da Tuberculose Peritoneal (FIGURA
2) (7). O isolamento de micobactérias em cultura de líquido ascítico pode confirmar,
entretanto, a positividade é vista em apenas 20% (4,7,8) .

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Figura 2 - Tomografia de abdome demonstrando linfonodomegalia aorto-cava

Fonte - Autor

O caso descrito se distância do perfil clínico e epidemiológico demonstrado na


literatura. A paciente imunocompetente, sem história de etilismo prévio, hepatopatia
crônica ou portadora do virus HIV, evoluiu de forma oligossintomática, sem ascite
associada. Tal manifestação pode ter dificultado a suspeita diagnóstica, assim como a
solicitação de exames laboratoriais mais acessíveis - analise do líquido ascético, pesquisa
do bacilo ou cultura e dosagem da adenosino desaminase (ADA). Todavia a não suspeição
associado à insistência na busca do diagnóstico com a utilização da videolaparoscopia,
garantiu que uma doença curável recebesse o tratamento indicado em tempo necessário,
evitando dessa forma, desfechos desfavoráveis.

4 CONCLUSÃO
Dessa forma, a pesquisa ou cultura de amostras de tecidos constitui padrão-ouro
para o diagnóstico de tuberculose peritoneal. A abordagem cirúrgica quer por
laparoscopia ou laparotomia, é, portanto, importante para investigação na suspeita de
tuberculose peritoneal, pois permite a inspeção e a obtenção de amostras para análise
histopatológica e microbiológica.
A tuberculose peritoneal é uma entidade de amplo espectro de difícil diagnóstico
e que requer um alto grau de suspeição. Os exames laboratoriais e de imagem
demonstraram baixo grau de sensibilidade e especificidade em relação à laparoscopia
diagnóstica, em muitos se apresentando como elemento de confusão quando tal
diagnóstico não é suspeitado. A partir deste relato constatou-se não só a relevância da
doença como hipótese diagnóstica, mas principalmente a importância da exclusão ou
comprovação de diagnósticos diferenciais tratáveis quando se suspeita de doença
avançada.

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Brazilian Journal of Development 77601
ISSN: 2525-8761

BIBLIOGRAFIA

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achados de tomografia computadorizada e ressonância magnética. Radiol Bras. 2015
Mai/Jun;48(3):181–191.

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hospital geral. Autopsy Case Rep [Internet]. 2011;1(2):3-9.

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features, diagnostic strategies and treatment. Aliment Pharmacol Ther. 2005;22:685-700.

5) Kai Ming Chow, Viola Chi Ying Chow, Lawrence Cheung Tsui Hung, Shiu Man
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Patients Waiting for the Results of Mycobacterial Cultures of Ascitic Fluid
Samples, Clinical Infectious Diseases, Volume 35, Issue 4, 15 August 2002, Pages 409–
413

6) Burrill J, Williams CJ, Bain G, et al. Tuberculosis: a radiologic review.


Radiographics. 2007;27:1255-73

7) Voigt MD, Trey C, Lombard C, Kalvaria I; et.al.. Diagnostic value of ascites


adenosine deaminase in tuberculous peritonitis. Lancet 1989; 1:751-4

8) A. Pinheiro, M.J. Sá, D. Silva, C. Branco, G. Santos, J. Pedrosa, A. Duarte.


Peritoneal tuberculosis – a clinical case report. Revista Portuguesa de Doenças
Infecciosas. Órgão Oficial da Sociedade Portuguesa de Doenças Infecciosas e
Microbiologia Clínica. Volume 11, N.º 1, Janeiro > Abril de 2015 - 3.ª Série

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Brazilian Journal of
Development

DECLARAÇÃO

A Revista Brazilian Journal of Development, ISSN 2525-8761 avaliada


pela CAPES como Qualis CAPES 2019 B2, declara para os devidos fins,
que o artigo intitulado “RELATO DE CASO: ADENOCARCINOMA
RETOSSIGMOIDE COM METÁSTASE PARA OVÁRIO
ESQUERDO – TUMOR DE KRUKENBERG’’ de autoria deHelen
Brambila Jorge Pareja, José Roberto Vidotto Júnior, Milton Mendes
Cattini, Alessandro Luiz Gonçalves, Aryssa Anielli Sakai, Beny Goulart
Dias de Castro, Pedro Augusto de Assis Goes, Eraldo de Azevedo
Coelho Junior, foi publicado no v. 7, n.8, p. 77626-77638.

A revista é on-line, e os artigos podem ser encontrados ao acessar o link:


https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/issue/view/141

DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv7n8-126
Por ser a expressão da verdade, firmamos a presente declaração.

São José dos Pinhais, 06 de Agosto de 2021.

Prof. Dr. Edilson Antonio Catapan


Editor Chefe
Brazilian Journal of Development 77626
ISSN: 2525-8761

Relato de caso: adenocarcinoma retossigmoide com metástase para


ovário esquerdo – tumor de krukenberg

Case report: retosigmoid adenocarcinoma with metastasis for left


ovary - krukenberg tumor
DOI:10.34117/bjdv7n8-126

Recebimento dos originais: 07/07/2021


Aceitação para publicação: 02/08/2021

Helen Brambila Jorge Pareja


Graduação em Medicina
Residência em Cirurgia Geral
Residência em Cirurgia do Aparelho Digestivo
Instituição: Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
Rua José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária, Presidente Prudente – SP.
E-mail: brambila_hj@hotmail.com

José Roberto Vidotto Júnior


Graduação em Medicina
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E-mail: jr_vidotto@hotmail.com

Milton Mendes Cattini


Graduando em Medicina
Instituição: Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
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Alessandro Luiz Gonçalves


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E-mail: alessandroluizg@hotmail.com.br

Aryssa Anielli Sakai


Graduação em Medicina
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Instituição: Hospital Regional de Presidente Prudente
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E-mail: ary.sakai@gmail.com

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Beny Goulart Dias de Castro


Graduação em Medicina
Residência em Cirurgia Geral
Instituição: Hospital Regional de Presidente Prudente – SP
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E-mail: beny.gdc@gmail.com

Pedro Augusto de Assis Goes


Graduação em Medicina
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Instituição: Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente – SP
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Eraldo de Azevedo Coelho Junior


Graduando em Medicina
Instituição: Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE
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E-mail: juniorazevedocoelho@gmail.com

RESUMO
O tumor de krukenberg é um carcinoma metastático ovariano gastrointestinal. A
apresentação é inespecífica com dor abdominal e alterações intestinais. Em média 30%
das neoplasias ovarianas são metastáticas, sendo o estômago sua origem mais comum
(76%), seguido do colorretal (11%). O objetivo do estudo foi relatar e revisar na literatura
um caso de um paciente de 24 anos diagnosticada com Tumor de Krukenberg após
investigação com exames de imagens devido à sintomatologia de dor abdominal e
enterorragia, onde se identificou adenocarcinoma de reto e massa anexial esquerda. Foi
realizado retossigmoidectomia com anastomose colo-anal, ileostomia em alça de proteção
e salpingooforectomia esquerda. O tumor de Krukenberg tem o estômago como principal
órgão de origem, seguido de retossigmóide, em baixa proporção. O prognóstico não é
favorável; sendo um diagnóstico raro com possibilidade de recorrência após cirurgia
citorredutora e muitas vezes seguida de terapia paliativa. Portanto, sendo o relato descrito
apenas para um único ovário e sua origem retal, com dificuldade para traçar um
prognóstico, torna-se relevante, o que demonstra um caso raro e de menor incidência na
literatura.

Palavras-chave: Krukenberg Tumor, Neoplasias Colorrectais, Neoplasias Metástases,


Neoplasias Ovarianas.

ABSTRACT
Krukenberg's tumor is a gastrointestinal ovarian metastatic carcinoma. The presentation
is nonspecific with abdominal pain and intestinal changes. On average 30% of ovarian
neoplasms are metastatic, with the stomach being its most common origin (76%),
followed by colorectal (11%). The aim of the study was to report and review in the
literature a case of a 24-year-old patient diagnosed with Krukenberg's Tumor diagnosed
after imaging studies due to symptoms of abdominal pain and enterorrhagia, which

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ISSN: 2525-8761

identified adenocarcinoma of the rectum and left adnexal mass. Rectosigmoidectomy was
performed with a coloanal anastomosis protective loop ileostomy and left
salpingoophorectomy. The Krukenberg tumor has the stomach as its main organ of origin,
followed by a rectosigmoid, in a low proportion. The prognosis is not favorable; being a
rare diagnosis with the possibility of recurrence after cytoreductive surgery and often
followed by palliative therapy. Therefore, since the report is described only for a single
ovary and its rectal origin, with difficulty in drawing a prognosis, it becomes relevant,
which shows it is a rare case and of lesser incidence in the literature.

Keywords: Krukenberg Tumor, Colorectal Neoplasms, Neoplasm Metastasis, Ovarian


Neoplasms.

1 INTRODUÇÃO
Os tumores de Krukenberg são definidos como sendo tumores ovarianos
metastáticos com origem primária definida essencialmente nos adenocarcinomas
gastrointestinais (1). É descrito como um tipo incomum de câncer de ovário, demonstrado
na literatura em 1896 pelo ginecologista e patologista Friedrish Ernest Krukenberg.
Entretanto, apenas em 1902 Schlagenhaufer demonstrou de fato a metástase e evidenciou
seu sítio principal (2). Sabe-se que aproximadamente 30 % das neoplasias ovarianas são
metastáticas, sendo o estômago o local de origem mais comum (76%), seguido da
localização colorretal (11%), apêndice, mama, sistema biliar, intestino delgado e
pâncreas, com mal prognóstico e alta taxa de recorrência. (3,4,5) Sua incidência tem um
intervalo variável entre 0,7% e 6,7% (2). A ocorrência varia de acordo com as taxas de
tumor no trato gastrointestinal, sendo assim, em países com alta prevalência de carcinoma
gástrico, como os orientais, o tumor de Krukenberg alcança proporções elevadas, de
17,8% de todas as neoplasias ovarianas (5).
A avaliação pré-operatória da extensão da lesão metastática possui melhor prognóstico
quando confinadas em pelve, com um planejamento que deve abranger a citorredução
completa e a quimioterapia ativa, visando um procedimento cirúrgico com intensão
curativa e possíveis benefícios ao paciente (3). As drogas quimioterápicas geralmente
apresentam baixa atividade antiproliferativa nos ovários, sendo assim, a intervenção
cirúrgica radical associada a terapia adjuvante, possui melhores resultados (3). O tumor
de Krukenberg com o sitio primário colorretal, tem prognóstico mais favorável após
tratamento, utilizando assim, a técnica de completa ressecção cirúrgica e quimioterapia
sistêmica (6).

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ISSN: 2525-8761

São descritas diversas vias de disseminação para a formação da neoplasia


ovariana, tais como hematogênica, linfática retrógrada e transcelômica. Todavia, nos
casos mais avançados, descreve-se como sendo uma via de disseminação mista, com
maior papel na via linfática, em intima relação com o trato gastrointestinal (7).
O câncer colorretal é a neoplasia maligna que mais acomete o trato
gastrointestinal, principalmente na quinta e sexta década de vida. Segundo o Instituto
Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), a estimativa para incidência
de câncer em 2020 no Brasil é de mais de 40 mil casos apenas para a neoplasia colorretal,
o que corresponde a uma porcentagem de mais de 9% de todos os tumores, ocupando o
terceiro lugar em ambos os sexos, correspondendo ao risco de aproximadamente 19 casos
para cada 100 mil habitantes. Em relação à origem do Tumor de Krukenberg, tem-se o
estômago como principal órgão, com 76% das formações; em segundo lugar está sítio
colorretal, com 11% das formações. Cada vez mais aumenta a incidência em indivíduos
jovens, em que nesses casos, o diagnóstico na maioria das vezes é tardio e o desfecho
desfavorável, com prognóstico comprometedor. Dentre os sintomas usualmente descritos,
pode-se apresentar principalmente alteração do hábito intestinal, anemia, dor abdominal
e sangramento nas fezes (4,8,9,15).
O tumor de krukenberg é definido clinicamente como sendo um carcinoma
metastático ovariano derivado de um tumor maligno localizado geralmente no trato
gastraintestinal, com envolvimento do estroma glandular, produção de mucina - células
em anel de sinete e proliferação sarcomaitóide estromal ovariano (6). A apresentação
clínica é geralmente inespecífica, sendo relevante a dor abdominal, presença de ascite e
alterações no trato gastrointestinal (10).
Para o diagnóstico é realizado através de exames complementares específicos, de
imagem e laboratoriais, principalmente métodos de imunohistoquímica com análise das
citoqueratinas CK7 e CK20. Os adenocarcinomas colorretais são geralmente negativos
para CK7, porém positivos para CK20; outros marcadores como CEA e CA125, são mais
limitados, tendo potencial instrumental para definir metástase ou não dos tumores
ovarianos (11).
O tratamento mais utilizado para essa neoplasia são as cirurgias citorredutora, a
quimioterapia adjuvante e quimioterapia intraperitoneal hipertérmica; não tendo por
definido um protocolo estabelecido na literatura, baseando-se de acordo com cada
paciente e sua apresentação em específico, ademais das técnicas de experiência e
manuseio do médico responsável e sua equipe (12).

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2 RELATO DO CASO
T.C.S., 24 anos, encaminhada para serviço de referência em cirurgia geral do
Hospital Regional de Presidente Prudente- SP (HRPP), com quadro de dor abdominal em
fossa ilíaca esquerda acompanhado de enterorragia há 2 dias, refere que já apresentou
episódios anteriores, com mesma sintomatologia, porém não procurou atendimento
médico, nega história de câncer na família e nega perda de peso, sem outras queixas. Ao
toque retal foi identificado massa em reto médio sub estenosante, sangrante, sem outras
alterações no exame físico sistematizado. Realizado colonoscopia, que visualizou lesão
vegetante com bordas elevadas e infiltradas a cerca de 6 cm da borda anal, com centro
necrótico e formato circunferencial, subestenosante, ocupando 80% da luz do órgão, com
biopsia da lesão, em que o anatomopatológico identificou adenocarcinoma bem
diferenciado retal (figura 1).

Figura 1 - Lesão vegetante de reto vista por colonoscopia

Fonte: Autores

Realizado exames para estadiamento, tomografia computadorizada (TC) de tórax,


abdome e pelve, sendo obtidos como achados de maior relevância oncológica um
espessamento parietal segmentar estenosante de reto médio/alto, com extensão de cerca
de 4 cm, imagens nodulares no trajeto da veio mesentérica inferior, podendo representar
linfonodomegalias ou implantes tumorais; Lesão expansiva anexial esquerda, medindo
8,5 cm, indeterminada e pequena ascite (figura 2).

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Figura 2 - Tomografia de Pelve. Seta superior demonstrando massa anexial esquerda; seta inferior com
lesão vegetante estenosante de reto com caráter neoplásico primário

Fonte: Autores

A ressonância magnética (RNM) de pelve, observou neoplasia circunferencial,


infiltrativa, envolvida ao sigmoide distal e o reto alto com 8 cm de extensão, sua borda
inferior distal 2,7 cm do anel anorretal e 6,3 cm da borda anal. A margem infiltrativa da
lesão se estendia entre 12 e 9 horas e comprometia a fascia mesorretal às 2 horas, com
envolvimento do paramétrio à esquerda, onde se observou nódulo irregular medindo 2,2
cm e 1,4 cm. Linfonodomegalias ilíacas bilaterais medindo até 1,0 x 0,7 cm à esquerda
(FIGURA 3).

Figura 3 - Volumosa formação expansiva cística multiloculada e heterogênea na região anexial esquerda
medindo 10,6 x 6,8 x 9,3 cm e contato com a lesão infiltrativa da lesão retal junto ao paramétrio esquerdo

Fonte: Autores

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Realizado retossigmoidectomia abdominal em oncologia com anastomose colo-


anal, ileostomia em alça de proteção e salpingooforectomia esquerda em oncologia,
permaneceu um dia em unidade de terapia intensiva, recebeu dieta no quarto pós
operatório, porém no oitavo dia de pós operatório evolui com náuseas e vômitos. Foram
solicitados exames e retorno da dieta para jejum; a TC evidenciou presença de bridas
precoces e a paciente foi submetida a laparotomia exploradora para lise de bridas e revisão
de ileostomia. Após esta reabordagem evoluiu com boa aceitação a alimentar o segundo
dia da reoperação, com alta hospitalar.
A análise anatomopatológica da peça cirúrgica confirmou adenocarcinoma
moderadamente diferenciado de intestino infiltrante até o peritônio, com infiltração
vascular linfática e perineural presente; implantes satélites em tecido adiposo perirretal.
A biópsia de peritônio foi verificado infiltração por adenocarcinoma e endometriose. A
análise de ovário esquerdo indicou metástase de adenocarcinoma intestinal. Tuba uterina
livre de neoplasia (FIGURA 4 e 5).

Figura 4 - Produto de retossigmoidectomia com 21,0cm de comprimento e diâmetros variáveis entre 4,0
cm e 7,0 cm

Fonte: Autores

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Brazilian Journal of Development 77633
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Figura 5 - Produto de retossigmoidectomia superiormente; ovário esquerdo inferiormente com peso de 186
gramas e 10,0 x 7,0 x 5,3 cm, com superfície lisa e acinzentada

Fonte: Autores

O resultado da imunomicroscopia da biópsia retal foi negativo para citoqueratina


CK7, positivo para citoqueratina CK20, Ki67 com alto índice de proliferação celular,
MLH1, MSH2, MSH6 e PMS2 preservados, tendo, portanto, como diagnóstico,
compatibilidade para adenocarcinoma retal bem diferenciado.
A imunomicroscopia do produto da retossigmoidectomia, demonstrou-se positivo
para o marcador CK7 nas áreas de endometriose e CK20 positivo na neoplasia,
favorecendo o diagnóstico de adenocarcinoma de padrão intestinal.

3 DISCUSSÃO
O tumor de krukenberg é um tumor ovariano que surge de metástase
principalmente do sítio primário relacionado à adenocarcinoma do trato gastrointestinal,
sendo principalmente de localização estomacal (76%), seguido de colorretal.(11%).
Observa-se também, com menor frequência, relatos de localização mamária, sistema
biliar, apêndice e até mesmo trato urinário. (4). O caso relatado demonstra uma paciente
que teve como origem o reto e sigmoide, confirmado pela clínica e exames
complementares.
A maioria dos pacientes são assintomáticos para o tumor ovariano em seu estágio
inicial, demonstrando uma clínica mais característica quando se tem o crescimento
exagerado da massa tumoral. Por esta razão, o atendimento médico somente é procurado
em casos mais avançados da enfermidade. Contudo, na grande parte dos acometidos
(70%), há sintomas inespecíficos, incluindo dor abdominal e até mesmo ascite (10). No
caso relatado, sintomas como dor abdominal estavam presentes, evidenciando também

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Brazilian Journal of Development 77634
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ascite em pequena quantidade pelo exame de imagem. Além do mais, em consideração


ao adenocarcinoma colorretal, observou-se uma clínica considerada essencial para o
diagnóstico do tumor primário, sendo a presença de enterorragia, alteração do hábito
intestinal e dor abdominal em fossa ilíaca esquerda, além do exame físico do toque retal,
que evidenciou massa palpável, o que demonstrou provável diagnóstico da doença
primária seu e encaminhamento para realização de exames complementares, onde foram
encontrados os achados em anexos uterinos, além do tumor retal em pesquisa
propriamente dito.
O caso descrito teve como foco primário o reto e o sigmoide, confirmado pela
colonoscopia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Após análise
histopatológica e imunohistoquímica do tecido retal, evidenciou-se padrão negativo para
CK7 e positivo para CK20. Do mesmo modo, a análise do material cirúrgico envolvendo
também a massa ovariana, demonstrou positividade para a citoqueratina CK20. Na
literatura é descrito um padrão para diferentes sítios primários, em que se pode considerar
um fenótipo imunohistoquímico compatível com origem colorretal quando se tem CK7
não reativo e CK20 reativo, confirmando, portanto, o diagnóstico de massa ovariana de
origem metastática colorretal; uma vez que de outras localizações primárias, indicam
CK20 de padrão negativo (11).
O tumor de ovário possui um melhor prognóstico quando sua origem está em
neoplasia colorretal, em comparação aos de origem gástrica, que guarda um prognóstico
comprometedor. Jeung et al (2015), obteve em seu trabalho avaliando 156 pacientes, uma
sobrevida de 19,2 meses para os neoplasias ovarianas de origem gástrica e 27,3 meses
para os que foram detectados com tumor colorretal inicialmente (4).
Em relação à metástase ovariana, a maior frequência descrita na literatura está
relacionada ao acometimento bilateral, que também estão associados ao pior prognóstico
da enfermidade. Quando se tem a detecção de tumor de Krukenberg em apenas um ovário,
advindo de cólon ou reto e ausência de outras metástases, pode-se considerar como sendo
fatores de evolução favorável no pós-operatório (2). Por conseguinte, pelos dados
analisados e descritos para este relato, é possível identificar fatores negativos para o
prognóstico, uma vez que são apresentadas as características igualmente mencionadas,
que favorecem a terapêutica e por consequência, sua sobrevida, tendo em consideração o
fato da ausência de outras comorbidades e de história familiar negativa para este tipo de
enfermidade. Sem embargo, também é possível verificar a presença de outros sítios de
disseminação no relato descrito, onde se tem o acometimento peritoneal – relatado no

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Brazilian Journal of Development 77635
ISSN: 2525-8761

anatomopatológico, fator descrito como prognóstico ruim, uma vez que a doença é de
forma geral, agressiva e de progressão desfavorável (14). Portanto, desse modo, temos
características para uma evolução positiva da doença e também para um
comprometimento precoce em sua evolução pós-operatória, o que dificulta desse modo,
traçar um prognóstico favorecedor ou ruim.
A Sociedade Americana de Cirurgiões Retais não recomendam a realização de
ooforectomia profilática de rotina para pacientes acometidos com neoplasia de cólon,
entretanto, para casos de extensão metastática por seus diversos acometimentos, em
envolvimento ovariano subsequente, deve-se realizar o procedimento cirúrgico - em casos
suspeitos ou com diagnóstico conclusivo; sendo assim, o cirurgião após avaliação
complementar, deve realizar a retirada do tumor secundário durante a ressecção do tumor
do trato gastrointestinal (15). Por consequência, as técnicas realizadas no relato acima
estão descritos em literatura médica, visto que foi diagnosticado o acometimento primário
por história clínica, exame físico e complementar e o envolvimento do ovário esquerdo
por técnica de imagem. Dessa maneira, efetuou-se a retossigmoidectomia abdominal em
oncologia, jejunostomia/ileostomia em alça e adicionalmente, salpinpooforectomia
esquerda em oncologia.
O estadiamento deve sempre ser realizado de acordo com o TNM e incluir uma
avaliação da integridade da peça cirúrgica - profundidade do tumor primário, o
acometimento de linfonodos e metástase à distância. Podemos descrever o caso de acordo
com o diagnóstico disponível em T4A, N1C e M1B. Logo, na interpretação, descrevemos
como tumor penetrante de serosa, presença de implantes satélites em tecido adiposo
perirretal e metástase para ovário e peritônio, pertencente, por consequência, ao estádio
IVB. Neste caso, indica-se um tratamento individualizado com intervenção
multidisciplinar para a ressecção colônica e da metástase, adicionalmente ao tratamento
quimioterápico (15).

4 CONCLUSÃO
O tumor de Krukenberg é um raro tumor secundário de origem metastática do
trato gastrointestinal, acometendo mais frequentemente bilateralmente os ovários. O local
de maior acometimento primário é o estômago, seguido de retossigmóide, em baixa
proporção (4). Portanto, sendo o relato descrito apenas para o ovário esquerdo e sua
origem o adenocarcinoma retal, torna-se relevante a descrição, concluindo ser um caso
mais raro e de menor incidência na literatura.

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ISSN: 2525-8761

O exame clínico, com queixa relacionada ao trato gastrointenstinal foi


considerado essencial na admissão, tendo seguimento com o auxílio da colonoscopia, que
evidenciou a massa intestinal. A utilização de tomografia computadorizada e ressonância
magnética demonstrou também massa em anexo uterino, confirmando ser um Tumor de
Krukenberg pelo anatomopatológico e imunohistoquímica após resseção - destaca-se sua
importância através dos marcadores CK7 e CK20.
O prognóstico não é favorável e a sobrevida limitada, no entanto, algumas
características podem parecer favoráveis como o caso descrito, sendo a menor taxa de
complicações e de mortalidade o sitio primário do cólon e reto, adicionalmente, a
metástase em apenas um ovário; entretanto, a disseminação descrita em peritônio é um
fator negativo para a paciente, tendo neste caso que oferecer um seguimento restrito no
ponto de vista quimioterápico e cuidados adicionais em ambulatório cirúrgico.

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Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.8, p. 77626-77638 aug. 2021


Brazilian Journal of
Development

DECLARAÇÃO

A Revista Brazilian Journal of Development, ISSN 2525-8761 avaliada


pela CAPES como Qualis CAPES 2019 B2, declara para os devidos fins,
que o artigo intitulado “Hérnia inguinal encarcerada com cisto
ovariano roto: um relato de caso’’ de autoria de Helen Brambila Jorge
Pareja, Aryssa Anielli Sakai, Bruna Ribeiro Lazari, Beny Goulart Dias
de Castro, Pedro Augusto de Assis Goes, Alessandro Luiz Gonçalves,
Marcos Vinícius Bertol, Tatiana Jaqueline Ceolato Pelisson, foi
publicado no v. 7, n.7, p.73054-73062 .

A revista é on-line, e os artigos podem ser encontrados ao acessar o link:


https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/issue/view/136
DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv7n7-468

Por ser a expressão da verdade, firmamos a presente declaração.

São José dos Pinhais, 21 de Julho de 2021.

Prof. Dr. Edilson Antonio Catapan


Editor Chefe
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ISSN: 2525-8761

Hérnia inguinal encarcerada com cisto ovariano roto: um relato de


caso

Incarcerated inguinal hernia with ruptured ovarian cyst: a case report

DOI:10.34117/bjdv7n7-468

Recebimento dos originais: 09/06/2021


Aceitação para publicação: 21/07/2021

Helen Brambila Jorge Pareja


Graduação
Instituição de atuação atual: Unoeste
Endereço: rua José Bongiovani
E-mail: Brambila_hj@hotmail.com

Aryssa Anielli Sakai


Graduação
Instituição de atuação atual: Hospital Regional de Presidente Prudente
Endereço :Rua José Bongiovanni 1297, Cidade Universitária
E-mail: ary.sakai@gmail.com

Bruna Ribeiro Lazari


Graduando
Instituição de atuação atual: UNOESTE- Universidade do Oeste Paulista
Endereço :rua José Bongiovani, 700, cidade universitária, Pres. Prudente- SP, 19050-
920
E-mail: bruna.r.lazari@hotmail.com

Beny Goulart Dias de Castro


Graduação
Instituição de atuação atual: Hospital Regional de Presidente Prudente
Endereço (pode ser o institucional): Rua José Bongiovanni 1297, Cidade Universitária
E-mail: beny.gdc@gmail.com

Pedro Augusto de Assis Goes


Graduação
Instituição de atuação atual: Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente
Endereço :Rua Wenceslau Braz, 5
E-mail: pedrogoes18@gmail.com

Alessandro Luiz Gonçalves


Graduação
Instituição de atuação atual: Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente
Endereço :Rua Wenceslau Braz, 5
E-mail: alessandroluizg@hotmail.com.br

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ISSN: 2525-8761

Marcos Vinícius Bertol


Graduação
Instituição de atuação atual: Hospital Santa Marcelina
Endereço :Rua Santa Marcelina, 177 - Itaquera - São Paulo/ SP

Tatiana Jaqueline Ceolato Pelisson


Graduanda
Instituição de atuação atual: UNOESTE - Universidade do Oeste Paulista
Endereço :Rua José Bongiovani, 1220
E-mail: tatianapelisson@hotmail.com

RESUMO
Dentre as hérnias que acometem a população feminina, as de ocorrência mais rara
descritas são aquelas que possuem como conteúdo partes de órgãos reprodutivos. Estas
são mais comuns em crianças devido a particularidades anatômicas e anomalias
congênitas. A suspeita de hérnia ovariana deve ser levantada no diagnóstico diferencial
em pacientes adultas com queixa de abaulamento ou massa em região inguinal durante
exame físico. Não raro, o conteúdo herniário torna-se um desafio para o cirurgião, pois
na maioria das vezes este é descoberto intra-operatório, durante o tratamento de urgência
de uma hérnia encarcerada ou estrangulada. O tratamento das hernias é cirúrgico, com
reparo seguro e eficiente, evitando tais complicações. Nesse estudo, relatamos um caso
de hérnia inguinal encarcerada em paciente feminino, adulta, com conteúdo ovariano com
cisto hemorrágico roto.

Palavras-chave: hérnia inguinal, hérnia ovariana, feminino.

ABSTRACT
Among the hernias of the female population, those of the rarest occurrence described are
those with content of reproductive organs, more common in children due to anatomical
particularities and congenital anomalies that confer the low occurrence in the adult female
population. Ovarian hernia should be considered in the differential diagnosis in adult
women, with bulging or mass in the inguinal region during physical examination.
However, not infrequently, the hernia content becomes a challenge for the surgeon
because it is often discovered intraoperatively, during emergency treatment due to
complications of incarceration and strangulation. The treatment of hernia is surgical, with
safe and efficient repair, avoiding such complications. In this study, we report a case of
incarcerated Inguinal hernia with ruptured ovarian cyst in a female adult.

Keywords: inguinal hernia, ovarian hernia, female.

1 INTRODUÇÃO
A hérnia inguinal corresponde a protrusão de estruturas abdominais por uma
abertura miofascial dos músculos oblíquo e transverso do abdômen. Elas podem ser
genéticas ou adquiridas, diretas ou indiretas. No adulto, a maioria das hérnias são
consideradas adquiridas, porém, evidências sugerem fatores genéticos os quais elevam

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quatro vezes a possibilidade do desenvolvimento da hérnia1. Aparecem como uma


elevação no tecido, em formato oval, localizado na virilha, que desaparece com pressão
digital ou quando o paciente se posiciona em decúbito dorsal. É de importante observação
por conta do risco de irredutibilidade ou encarceramento, que pode culminar em
estrangulamento de órgãos e obstrução1,2
A população masculina apresenta um risco maior de desenvolver hernias inguinais
ao longo da vida , com um predomínio das hérnias indiretas sobre as hérnias diretas.
Embora quase todos os órgãos abdominais possam ser encontrados em seu conteúdo, não
é usual a presença de órgãos como ovários, trompas de Falópio e útero3. Alem disso,
hérnias de conteúdo ovariano são geralmente encontradas na população pediátrica, sendo
raras na vida adulta4,5.
O reparo cirúrgico é considerado a melhor estratégia para o tratamento das hérnias
sintomáticas e complicadas, e mesmo naquelas assintomáticas em que a observação
clínica pode ser adotada, a cirurgia é reconhecida como um procedimento seguro e
eficiente4.

2 CASO
F.D.R, sexo feminino, 39 anos, natural e procedente de Presidente Prudente,
apresentou-se para consulta do pronto socorro no dia 28 de Outubro de 2019 com história
de dor há três dias em região inguinal esquerda, de forte intensidade, associada a náuseas,
negava vômitos e outros sintomas. Paciente com histórico de duas cesáreas, sendo que,
em uma delas, houve morte fetal dois dias após o nascimento. Foi relatado também
pieloplastia anterior realizada em 2002 por estenose JUV e agenesia de ovário esquerdo.
Ao exame físico geral apresentou-se em bom estado geral, corada, hidratada, eupneica,
afebril, acianótica, anictérica e orientada em tempo e espaço. Na ausculta pulmonar:
murmúrio vesicular presente bilateral, sem ruídos adventícios; ausculta cardíaca: Bulhas
rítmicas normofonéticas, em dois tempos, sem sopro; avaliação do abdômen: normotenso,
ruídos hidroaéreos presentes, sem visceromegalias. Presença de abaulamento em região
inguinal esquerda irredutível, com hematoma local e sinais flogísticos, o resultado da
avaliação foi compatível com hérnia inguinal esquerda encarcerada e estrangulada.
Devido aos achados de exame físico, paciente foi imediatamente encaminhada à cirurgia
(figura 1), sendo submetida à inguinotomia de urgência com exploração local, com
hipótese diagnóstica de hérnia inguinal unilateral encarcerada. Achados cirúrgicos
revelaram cisto de corpo lúteo ovariano roto (figura 2). Foi realizada ooforectomia

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esquerda (figura 3 e 4), com seguimento anatomopatológico que confirmou a presença de


cisto de corpo lúteo hemorrágico, além de tuba uterina com parede muscular edemaciada
e congesta; a técnica cirurgia utilizada foi a de Lichteinstein, com uso da tela de
polipropileno (figura 5). Paciente evoluiu bem, recebeu dieta no mesmo dia da cirurgia e
alta no primeiro pós- operatório.

FIGURA 1- SACO HERNIÁRIO.

FONTE: O AUTOR (2020).

FIGURA 2: ABERTURA DO SACO HERNIÁRIO

FONTE: O AUTOR (2020)

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FIGURA 3: PRODUTO DE RESSECÇÃO DE SACO HERNIARIO COM CONTEUDO

FONTE: O AUTOR (2020)

FIGURA 4: CONTEÚDO DE HÉRNIA INGUINAL ESQUERDA ENCARCERADA (OVÁRIO


ESQUERDO COM CISTO DE CORPO LÚTEO HEMORRÁGICO)

FONTE: O AUTOR (2020)

FIGURA 5: INTRODUÇÃO DE TELA DE PROPILENO E FIXAÇÃO PELA TÉCNICA DE


LICHTEINSTEIN.

FONTE: O AUTOR (2020

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3 DISCUSSÃO
Hérnias inguinais são definidas como a protusão de um órgão abdominal ou da
gordura pré-peritoneal através do canal inguinal. Apresentam maior incidência em
homens, com um risco variavel de 27% a 43% enquanto o risco na população feminina
varia entre 3 e 6%4. As hérnias inguinais que apresentam órgãos reprodutores femininos
são casos mais atípicos, tendo uma incidencia de apenas 2,9 %6. Apesar de Gurer (2005)
ter encontrado em seu estudo retrospectivo uma incidência semelhante de hérnias
inguinais com conteúdo anexial entre a população feminina adulta e perimenopausa e em
crianças, estudos mais atuais demonstram uma prevalência maior em lactentes e crianças,
comumente associada a anomalias congênitas do trato genital.7,4,6,8
Esta ocorrência rara em mulheres adultas nos levam a uma escassez de dados
relacionados a prevalência de hérnias da região inguinal contendo partes dos órgãos
reprodutores femininos4. O presente relato descreve o caso de uma mulher adulta
apresentando hérnia inguinal com conteúdo de cisto ovariano de corpo lúteo roto.
Através do exame físico incluindo inspeção e palpação da região inguinal é
possível realizar o diagnóstico frente ao achado de abaulamento ou massa inguinal
dolorosa ou indolor, redutível ou não melhor evidenciada em ortostase ou durante a
manobra da Valsalva. A presença do cólon sigmóide à esquerda torna menos comum sua
apresentação deste lado em comparação ao contralateral. Ao diagnóstico clínico de hérnia
inguinal deve-se buscar por sinais de encarceramento ou estrangulamento, como por
exemplo a presença de conteúdo irredutível, com eritema ou endurecimento.9
A imagem pré-operatória pode ser importante pois facilita o diagnóstico imediato,
levando a um gerenciamento adequado e melhor atendimento ao paciente.9 Em mulheres
pré-menopausa, as características morfológicas do ovário em saco herniário podem ser
identificadas pelo exame ultrassonográfico, onde o ovário é identificado como uma massa
com múltiplos pequenos cistos sonolucentes e uma porção hiperecóica da massa
envolvida por um fluxo arterial ao Doppler indicaria o corpo lúteo. Além disso, exames
ultrassonográficos transabdominais da pelve podem revelar a ausência de um ovário na
pelve inferior do mesmo lado da hérnia inguinal10 ; dado evidenciado no presente relato
pelo antecedente da paciente de agenesia de ovário a esquerda. A ultrassonografia com
doppler pode também distinguir encarceramento e estrangulamento, avaliando
ocomprometimento do fluxo sanguíneo que pode levar a necrose do conteúdo hérniario.9
Embora útil no diagnóstico pré-operatório, a ultrassonografia não deve atrasar o

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tratamento principalmente na emergência, uma vez que o conteúdo herniário em grande


partes dos casos so é realmente descoberto no intraoperatorio.8
Apesar de ser um achado raro, a hérnia de conteúdo ovariano deve ser inclusa
como diagnóstico diferencial para que através da suspeita diagnóstica pré-operatória o
cirurgião seja capaz de prever e manejar complicações comuns envolvendo o ovário como
torção, encarceramento e estrangulamento que requerem cirurgia emergente.4,9 Cerca de
4-37% das hernias inguinais femininas, identificadas durante cirurgia, apresentavam
ovários irredutíveis ao exame físico e a torção e o infarto ovariano, foram complicações
encontradas em 2-33% destas pacientes, justificando a necessidade de tratamento
cirúrgico, mesmo quando não possuem sinais de estrangulamento.6 Este pode ser
mimetizado pela presença de um cisto ovariano hemorrágico roto e assim, o cirurgião
com a hipótese em mente deve estar pronto para gerenciar e tratar tal situação.8
Algumas hipóteses relacionadas a origem das hérnias inguinais contendo anexos
uterinos foram descritas ao longo dos anos, porém os mecanismos exatos pelos quais o
ovário desliza pelo canal inguinal permanecem obscuros.4 Uma das hipóteses levantadas
seria a fraqueza dos ligamentos suspensórios uterinos e ovarianos somadas a um aumento
da pressão intrabdominal.8 Outros estudos apontam o relaxamento dos ligamentos
pélvicos, mais comuns em mulheres pós-menopausa, como mecanismo facilitador do
deslizamento de órgãos reprodutores femininos através do canal inguinal.4
As anomalias congênitas do trato genital, como a patência total do canal de Nuck,
também podem estar relacionadas ao processo de herniação do ovário e outras estruturas
ginecológicas. Durante a autópsia de adultos de ambos os sexos, foram encontradas
hérnias em 15% a 30% dos pacientes com canal vaginal patenteado.9 Um estudo de 2015
sugeriu que a ocorrência frequente de ovário no saco não é consistente com a "descida"
ovariana, mas sim com a inserção do ovário e seus ligamentos em um divertículo de
pulsão deslizando o pe ritônio parietal para o saco que se estende pelo canal inguinal.11
O tratamento das hérnias inguinais é o reparo cirúrgico e deve ser efetuado no
momento do diagnóstico, frente a evolução natural da hérnia com alargamento e
enfraquecimento progressivos e aumento do risco de encarceramento e estrangulamento.5
Atualmente é realizado o reparo anterior com a técnica de livre tensão com o emprego de
próteses sintéticas para sobrepor o defeito, um conceito difundido pela técnica de
Lichtenstein, ou então atraves das técnicas posteriores videolaparoscópicas. Estes reparos
apresentam taxas de recidiva semelhantes entre si e menores quando comparados aos
reparos teciduais, que tem sido utilizados apenas em casos de risco de contaminação da

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prótese. O manejo de um ovário como conteúdo de saco herniário depende de sua


redutibilidade e se há sinais de estrangulamento ou torção, devendo-se tentar a redução
do mesmo em pacientes jovens e crianças, desde que não hajam anormalidades tubárias
ou ovarianas e risco elevado de complicações.7 Estudos mais recentes confirmam que a
tentativa de conservar os órgãos é sempre uma melhor opção, sendo considerado de
importância crítica, desde que não tenha isquemia ou inviabilidade do tecido.8,4
O tratamento laparoscópico é visto como uma opção, determinando uma retomada
mais rápida da atividade normal e uma diminuição da dor pós-operatória persistente.5 A
videolaparoscopia permite ao cirurgião uma redução fácil e segura dos anexos, a inspeção
de qualquer dano vascular e a inspeção contralateral do canal de Nuck principalmente
em crianças e lactentes12, além do tratamento eficiente e simultâneo a correção do defeito
herniario dos cistos ovarianos.6
Em nosso caso, a paciente foi submetida a uma inguinotomia de urgência devido
os achados do exame físico com exploração local, sendo então realizado o reparo pela
tecnica de Lichtenstein com malha protética de polipropileno. Devido a rotura do cisto e
anormalidades da tuba uterina, não foi possível conservar os órgãos, sendo realizado
ooforectomia a esquerda concomitantemente. A evolução da paciente foi favorável,
recebendo alta após um dia de cirurgia.

4 CONCLUSÃO
Pela raridade da patologia em pacientes do sexo feminino adultas há uma escassez
de estudos que esclareçam os mecanismos exatos para a ocorrência deste tipo de
herniação.
As hérnias ovarinas devem ser consideradas como diagnóstico diferencial de
massa palpável em região inguinal e ter alto nível de suspeita, frente ao risco de
complicações como isquemia vascular visto que a torção ovariana pode estar presente
mesmo sem sinais de estrangulamento do conteúdo herniário. Dessa maneira, o cirurgião
deve estar preparado para encarar tais complicações quando encontradas no intra-
operatório.
Os exames de imagem, apesar de colaborarem com o diagnóstico e conduta
terapêutica nem sempre são úteis principalmente quando trata-se de um caso emergencial,
sendo assim, a experiência médica e o exame físico, quando bem realizados, se
sobressaem aos métodos ultrassonográficos em casos de urgência como este, diminuindo
o atraso cirúrgico e determinando melhor prognóstico.

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DECLARAÇÃO

A Revista Brazilian Journal of Development, ISSN 2525-8761 avaliada


pela CAPES como Qualis CAPES 2019 B2, declara para os devidos fins,
que o artigo intitulado “Hérnia paracolostômica perfurada pós-
preparo de colonoscopia associada a tumor de ângulo hepático: um
relato de caso’’ de autoria de Helen Brambila Jorge Pareja, Beny
Goulart Dias de Castro, Bruna Ribeiro Lazari, Aryssa Anielli Sakai,
Pedro Augusto de Assis Goes, Alessandro Luiz Gonçalves, Kevin Seidi
Kito, Tatiana Jaqueline Ceolato Pelisson, foi publicado no v. 7, n.7,
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Por ser a expressão da verdade, firmamos a presente declaração.

São José dos Pinhais, 21 de Julho de 2021.

Prof. Dr. Edilson Antonio Catapan


Editor Chefe
Brazilian Journal of Development 73102
ISSN: 2525-8761

Hérnia paracolostômica perfurada pós-preparo de colonoscopia


associada a tumor de ângulo hepático: um relato de caso

Perforated paracolostomal hernia post colonoscopy associated with


hepatic angle tumor: a case report

DOI:10.34117/bjdv7n7-471

Recebimento dos originais: 09/06/2021


Aceitação para publicação: 21/07/2021

Helen Brambila Jorge Pareja


Graduação
Instituição de atuação atual: Unoeste
Endereço :rua José Bongiovani
E-mail: Brambila_hj@hotmail.com

Beny Goulart Dias de Castro


Graduação
Instituição de atuação atual: Hospital Regional de Presidente Prudente
Endereço (pode ser o institucional): Rua José Bongiovanni 1297, Cidade Universitária
E-mail: beny.gdc@gmail.com

Bruna Ribeiro Lazari


Graduando
Instituição de atuação atual: UNOESTE- Universidade do Oeste Paulista
Endereço: rua José Bongiovani, 700, cidade universitária, Pres. Prudente- SP, 19050-
920
E-mail: bruna.r.lazari@hotmail.com

Aryssa Anielli Sakai


Graduação
Instituição de atuação atual: Hospital Regional de Presidente Prudente
Endereço :Rua José Bongiovanni 1297, Cidade Universitária
E-mail: ary.sakai@gmail.com

Pedro Augusto de Assis Goes


graduação
Instituição de atuação atual: Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente
Endereço :Rua Wenceslau Braz, 5
E-mail: pedrogoes18@gmail.com

Alessandro Luiz Gonçalves


Graduação
Instituição de atuação atual: Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente
Endereço: Rua Wenceslau Braz, 5
E-mail: alessandroluizg@hotmail.com.br

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Kevin Seidi Kito


Graduando
Instituição de atuação atual: UNOESTE - universidade do oeste paulista
Endereço :Rua David Fioravante, 355.
E-mail: kitokevin@hotmail.com

Tatiana Jaqueline Ceolato Pelisson


Graduanda
Instituição de atuação atual: UNOESTE - Universidade do Oeste Paulista
Endereço :Rua José Bongiovani, 1220
E-mail: tatianapelisson@hotmail.com

RESUMO
A hérnia paracolostomica (HPC) é uma complicação comum que pode ocorrer em
decorrência da abertura de um estoma e seu aparecimento tem um mecanismo
multifatorial. O diagnóstico é clinico através de exame físico, mas pode ser
complementado com exames de imagem (tomografia computadorizada e
ultrassonografia. As principais complicações se referem a problemas no ajuste do estoma
que causam prejuízos e risco pros pacientes. O tratamento é cirúrgico, existindo,
atualmente, diversas técnicas para reparo e a escolha dessas é feita com o objetivo de
apresentar menor risco de complicações e recidiva. Nesse trabalho relatamos um caso de
hérnia paracolostomica de paciente feminino, idosa, que apresentou perfuração após
preparação de cólon para realização de reconstrução do trânsito intestinal.

Palavras-chave: hérnia, hérnia paracolostomica, hérnia perfurada.

ABSTRACT
Paracolostomic hernia (PCH) is a common complication that can occur as a result of the
opening of a stoma and its appearance has a multifactorial mechanism. The diagnosis is
clinical through physical examination, but can be complemented with imaging tests
(computed tomography and ultrasound. The main complications refer to problems in the
adjustment of the stoma that cause damage and risk to patients. The treatment is surgical,
existing, currently, , several repair techniques are chosen with the aim of presenting a
lower risk of complications and recurrence. In this paper we report a case of
paracolostomic hernia in an elderly female patient, who presented perforation after colon
preparation for transit reconstruction intestinal.

Keywords: hernia, paracolostomic hernia, perforated hernia.

1 INTRODUÇÃO
Hérnia paracolostomica (HPC) é a complicação mais comum que pode ocorrer
após a confecção de um estoma.¹,²,³,5 Incide 50% da população ostomizada, sendo que
2,5
aumenta a cada ano que passa. Alguns fatores aumentam seu aparecimento, como o
tamanho da abertura do estoma, defeitos da parede e a idade.4,11

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O diagnóstico clínico é realizado através do exame físico que evidencia


abaulamentos na região paralela ao estoma, pode estar associada a dor e desconforto. ¹,³,7
.Os exames de imagem podem ser usados para melhor detalhar as características de hérnia
ou elucidar o caso quando há dúvidas do diagnóstico, sendo a tomografia
computadorizada (TC) de abdome o exame padrão ouro, mas a ultrassonografia também
pode ser utilizada.
As complicações do aparecimento da hérnia paracolostomica trazem prejuízos
funcionais e risco para o paciente, visto que, pode haver também problemas com o ajuste
do estoma, causando vazamentos e irritação na pele, prejuízo na função social, além do
risco de estrangulamento e eventual encarceramento, o que levam à diminuição da
qualidade de vida, ao isolamento social e ao aumento de intervenções e custos
médicos.2,5,6,7
O tratamento da HPC é cirúrgico, existem diversas abordagens cirúrgicas para a
correção da hérnia, como a transposição do estoma, o reparo direto da hérnia com ou sem
o uso de prótese e o reparo videolaparoscópico1,2. A escolha do tipo de tratamento é feita
objetivando-se o menor risco de complicações e recidiva. Atualmente, os trabalhos
mostram que cirurgiões começaram a focar na prevenção da hérnia com malha protética
profilática, reforçando local da parede abdominal, em decorrência da alta incidência da
HPC, resultados inconsistentes dos dados disponíveis sobre reparo parastomal e pela falta
de opções de tratamento suficientes.1,2,9,10
Neste trabalho relatamos o caso de uma paciente que apresentou um quadro de
perfuração abdominal de hérnia paracolostômica após a preparação do cólon para realizar
uma colonoscopia para o planejamento da reconstrução do trânsito intestinal.

2 DESCRIÇÃO DO CASO
M.A.L, sexo feminino, 79 anos, admitida no serviço de Cirurgia Geral do Hospital
Regional de Presidente Prudente com quadro de dor abdominal, distensão, parada da
eliminação de gases e fezes, vômitos e hipotensão, que surgiram após iniciar preparo de
cólon para realização de reconstrução de trânsito intestinal. História pregressa de
neoplasia de reto submetida a retossigmoidectomia com colostomia por técnica de
hartmann em 2012 em outro serviço. Paciente com antecedentes pessoais de doença renal
crônica.
Ao exame físico apresentava-se em regular estado geral, descorada, desidratada,
eupneica, afebril, PA: 100x50 mmHg, frequência cardíaca de 107 batimentos por minuto,

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saturando 97% em ar ambiente. Abdômen apresentava-se distendido, difusamente


doloroso a palpação, com presença de hérnia incisional volumosa, membros simétricos e
sem edema.
Realizado exames laboratoriais na admissão, incluindo hemograma que
apresentava anemia (hemoglobina de 8,4 g/dL), leucograma com contagem de leucócitos
de 7,32 k porém com 35% de bastões, função renal alterada (ureia: 88 m/dL e creatinina:
3 mg/dL), realizado também dosagem de amilase, creatina quinase (CK), sódio e potássio
todos dentro da normalidade. A gasometria arterial colhida apresentava acidose
metabólica (pH: 7,189, pCO2: 28,7 mmHg, bicarbonato: 10,7 mmol/L). Realizado
também raio-x de abdômen agudo que evidenciou pneumoperitônio. (figuras 1, 2 e 3).
Foi realizado, laparotomia exploradora, identificado peritonite difusa com grande
quantidade de fezes e conteúdo entérico livre na cavidade abdominal associada a hérnia
paracolostomica estrangulada acometendo cólon transverso e descendente, nos quais
observava-se vários pontos de necrose e dois pontos de perfuração livre e também foi
encontrada tumoração colônica em região de ângulo hepática perfurada e parcialmente
bloqueada pelo fígado (T4N1M1), múltiplas aderências, linfonodomegalia e nódulo
esplênico. Foi optado por realização de colectomia total junto de correção de hérnia
paracolostômica, e ileostomia terminal. Durante internação, paciente permaneceu
gravíssima devido quadro de sepse, foi encaminhada a unidade de terapia intensiva, com
piora do choque séptico e evolução a óbito no oitavo dia pós operatório.

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Figura 1. Raio-X abdome em ortostase

Fonte: O autor (2019).

Figura 2. Raio-X de tórax com cúpulas diafragmáticas evidenciando pneumoperitônio

Fonte: O autor (2019)

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Figura 3. Raio-X de abdômen em decúbito dorsal com distensão de alças e sinal de Rigler.

Fonte: O autor (2019)

4 DISCUSSÃO
A hérnia paracolostomia é um tipo de hérnia incisional decorrente da abertura de
um estoma criado durante o tratamento cirúrgico de doenças oncológicas, inflamatórias
ou neurogênicas do cólon quando há necessidade de um desvio temporário ou permanente
da continuidade intestinal, sendo uma complicação frequente e considerada inevitável. 3,5
A grande maioria das vezes as hérnias apresentam assintomáticas ou por um abaulamento
na parede abdominal que pode ser melhor visualizado com manobra de Valsalva durante
o exame físico. Quando sintomáticas, elas podem causar desconforto, dor no local do
estoma, obstrução intestinal, vazamentos, problemas no manuseio do estoma e
encarceramento.13
A PHS pode ocorrer por uma origem multifatorial. Dentro dos fatores
relacionados a cirurgia, uma das principais causas está na falha na confecção do estoma
que, por ser uma técnica imprecisa, pode criar um defeito de tamanho grande,
contribuindo por si só para o desenvolvimento de hérnia4. Além disso, a hérnia também
pode ser associada a um posicionamento incorreto do estoma3, podendo ser colocado em

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parede abdominal desnervada e com fraqueza dos tecidos. O tipo de estoma


confeccionado demonstra diferenças na incidência da hérnia dependendo se colostomia
final, em alça ou ileostomia. A via de abordagem para correção cirúrgica, também
constitui um fator importante na probabilidade no aparecimento da PHS, com estudos
demonstrando que a via transperitoneal apresenta mais riscos quando comparada com a
via extra-peritoneal.11 Dentre os fatores relacionados ao paciente, encontra-se o aumento
da pressão intrabdominal, tosse crônica e/ou DPOC, obesidade com IMC > 30 KG/M²,
idade avançada em pacientes com mais de 60 anos, sedentarismo, desnutrição, distúrbios
imunológicos, distúrbios do metabolismo do colágeno, diabetes, deiscência de suturas,
cicatrização defeituosa por infecção na parede, infecção sistêmica, terapia com
corticoesteróides, fumar tabaco, doença de Chron, câncer e isquemia. 1,3,7,11
O diagnóstico clínico é percebido através de deformações na parede abdominal ao
redor do estoma, muitas vezes este é o único sinal clínico da hérnia. Além disso, ao exame
físico a hérnia pode ficar ainda mais evidente através da manobra de valsalva. Algumas
hérnias podem ser negligenciadas devido à obesidade do paciente, dificuldade em realizar
um exame físico devido à dor intensa durante a palpação, quando existem cicatrizes
contraídas na pele abdominal ou hérnias coexistentes ao longo da linha de incisão da
laparotomia e em casos de relaxamento muscular neurogênico. Dessa maneira, quando há
dúvidas sobre o diagnóstico clínico, os exames por imagem como ultrassom ou
tomografia computadorizada podem ser úteis.9
O presente relato descreve um caso de uma paciente, feminino, de 79 anos e
antecedente de colostomia há 7 anos, que deu entrada no serviço de emergência de um
hospital de referência de Presidente Prudente, com complicações de hérnia
paracolostomica e sinais de perfuração da mesma, evidentes pela dor e distensão
abdominal e parada de eliminação das fezes associada a vômitos e hipotensão. Ao exame
físico, apresentava abaulamento abdominal em região incisional em grande volume, como
descrito em literatura, com dor a palpação e distensão do abdômen.
A TC é o exame padrão-ouro no diagnóstico por imagem da hérnia, permitindo
uma melhor avaliação e também classificação. Lambrecht (2020) em seu estudo clinico,
descreve a classificação de Moreuma Mathias (MM) para estadiamento radiológico,
dividindo as hérnias paraestomais em classificações distintas, de acordo com o conteúdo
do saco herniário, em 0, I, II e III. Sendo 0 correspondente a uma Imagem tomográfica
normal, o peritônio segue a parede do intestino que forma o estoma, sem formação de
saco. A classificação I, ainda é subdividida em Ia e Ib, hérnias com o intestino formando

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o estoma e com um saco peritoneal percebido menor ou maior que 5 cm. Sendo Ia uma
condição vista como “pré-hernial”. A classificação II quando conteúdo herniário é de
gordura omental através da ostomia e a classificação III é usada quando há uma alça
intestinal herniante que não o intestino que forma o estoma. Essa classificação é
percebida através da TC, frequentemente usada em estudos de PHS e a importância do
estadiamento, descrito pelo estudo, deve-se ao fato de que a associação da tomografia
com o exame clinico aumenta a precisão da técnica para estimar a real taxa de incidência
da hérnia. Apesar disso, parece que a precisão técnica diminui quando se trata de hérnias
assintomáticas, sendo uma redutível invariavelmente subdiagnosticada e assim, não teria
relevância clinica diagnóstica.12 Assim, a tomografia computadorizada tem sido utilizada
para uma melhor precisão do diagnóstico principalmente em casos sintomáticos, como
descreveu Hotouras (2013) em seu estudo. Além da TC, atualmente, o ultra-som
endoscópico (EUS) com reconstrução 3D foi recentemente proposto como uma
ferramenta para classificação de hérnias parasitas. O EUS foi associado a uma
confiabilidade justa entre observadores e intra-observadores e pode se tornar um método
de baixo custo para avaliação de hérnias parastomais.9
No caso descrito, os exames complementares realizados foram para diagnosticar
a presença do abdome agudo, que confirmou com a radiografia, não sendo realizada
tomografia computadorizada devido ao caráter urgência do caso.
As indicações para o tratamento cirúrgico da hérnia parastomal sejam limitadas
principalmente aos casos com sintomas e complicações graves, ocorrendo em
aproximadamente 30% de todos os pacientes com hérnia. As principais indicações para a
cirurgia de correção contemplam o estrangulamento, encarceramento, obstrução, fistula
paraestomal, perfuração e isquemia somal. Enquanto que as contra-indicações dizem
respeito a uma doença maligna terminal, câncer irressecável ou metastático, comorbidade
e fechamento programado temporário do estoma.11 No caso relatado foi indicado cirurgia
de urgência, pois se trata de uma complicação grave, com estrangulamento da mesma e
perfuração.
A escolha do tipo de reparo a ser realizado bem como a abordagem dependem não
só dos riscos, mas também da experiência do cirurgião para a técnica de correção
escolhida, além das particularidades de cada paciente em relação a complicações e
comorbidades.11,14 Neste relato foi optado por laparotomia e herniorrafia sem colocação
de tela, pois paciente estava com peritonite, e o uso da mesma é proscrito nessa situação.

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Neste caso a causa do estrangulamento da HPC, foi o preparo para colonoscopia,


sendo que a literatura já aborda a principal complicação grave que pode ocorrer com a
colonoscopia é a perfuração colônica.15,16 Essas complicações relacionam a idade do
paciente e às comorbidades apresentadas. O estudo de Stein (2013), demonstrou que dos
207 pacientes analisados, 43 apresentaram complicações (20%) e que destas 38 (18%)
estavam relacionadas ao preparo de colo. Ainda nesse estudo, foi demonstrado que a
frequência das complicações aumentava relativamente com a idade, chegando a 50% em
pacientes com 80 anos ou mais. Além disso, nas comorbidades apresentadas pelo estudo,
a presença de insuficiência cardíaca, doença renal crônica ou demência esteve
significativamente associada a complicações.8
Em nosso estudo, a paciente apresentou uma complicação grave conhecida na
literatura, agravando-se após o preparo da colonoscopia. Foi realizada correção cirúrgica
em caráter de emergência devido a perfuração. Foi realizada uma laparotomia
exploradora devido a gravidade do caso. Ao realizar laparotomia foi encontrada uma
hérnia paracolostomica estrangulada acometendo cólon transverso e descendente e
confirmado a perfuração abdominal com conteúdo intestinal na cavidade. Além disso,
encontrou-se uma tumoração em região de ângulo hepático também perfurada. A cirurgia
foi finalizada com uma colectomia total, redução e correção da hérnia paracolostomica.

4 CONCLUSÃO
Apesar de ser uma complicação esperada à confecção do estoma, os estudos ainda
trazem como objetivos estabelecer a melhor técnica de confecção de estomas para
prevenir o aparecimento das hérnias paraestomais, melhores métodos diagnósticos destas
e, principalmente, o tratamento mais adequado das mesmas de acordo com as
características da hérnia e riscos do paciente. Em meio disso, a utilização de exames
complementares de imagem, como a ultrassonografia e, principalmente, a tomografia
computadorizada são essenciais para a classificação e o diagnóstico da PHS. Em relação
ao tratamento cirúrgico, este deve ter indicação adequada frente aos sintomas e principais
complicações envolvidas, e o tipo de reparo deve levar em consideração os riscos para o
paciente e a experiência do cirurgião.
Nosso estudo demonstrou que, diante de uma complicação grave prevista em
literatura, nem sempre é possível a realização de diagnóstico por imagem bem como uma
programação cirúrgica, sendo necessária muitas vezes recorrer a cirurgia de urgência em

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busca de, não só a correção da hérnia, como também o tratamento das complicações
envolvidas, em nosso caso, o estrangulamento e a perfuração.

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Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p. 73102-73113 jul. 2021


Brazilian Journal of
Development

DECLARAÇÃO

A Revista Brazilian Journal of Development, ISSN 2525-8761 avaliada


pela CAPES como Qualis CAPES 2019 B2, declara para os devidos fins,
que o artigo intitulado “Megacólon Agangliônico Congênito: Relato de
Caso de Diagnóstico Tardio de Doença de Hirschsprung’’ de autoria
de Helen Brambila Jorge Pareja, Pedro Augusto de Assis Goes, Eraldo
de Azevedo Coelho Junior, Beny Goulart Dias de Castro, Alessandro
Luiz Gonçalves, Aryssa Anielli Sakai, Bruna Ribeiro Lazari, Marcos
Vinícius Bertol, foi publicado no v. 7, n.7, p. 73996-73999.

A revista é on-line, e os artigos podem ser encontrados ao acessar o link:


https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/issue/view/136

DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv7n7-533
Por ser a expressão da verdade, firmamos a presente declaração.

São José dos Pinhais, 26 de Julho de 2021.

Prof. Dr. Edilson Antonio Catapan


Editor Chefe
Certificamos que o trabalho

HÉRNIA DE AMYAND : RELATO DE CASO.


dos autores: LEONARDO VITOR PEREIRA DIAS; MILTON MENDES CATTINI; ELOISA NASCIMENTO JORGE;
ADEMAR LEÃO LEMES ROCHA CALÁBRIA; ARYSSA ANIELLI SAKAI, foi apresentado na modalidade Pôster
Eletrônico, no evento XXXIV Congresso Brasileiro de Cirurgia ocorrido de 02 a 05 de setembro de 2021 na modalidade
ONLINE.

05 de setembro de 2021
Para validar, acesse http://www.ccmcongresses.com.br/validacao/?cod=57304786
Certificamos que o trabalho

MUCOCELE DE APÊNDICE VERMIFORME: RELATO DE CASO


dos autores: LEONARDO VITOR PEREIRA DIAS; DÉUDER ELIAS CASANOVA RIBEIRO DE OLIVEIRA; ARYSSA
ANIELLI SAKAI; ELOISA NASCIMENTO JORGE; MILTON MENDES CATTINI, foi apresentado na modalidade Pôster
Eletrônico, no evento XXXIV Congresso Brasileiro de Cirurgia ocorrido de 02 a 05 de setembro de 2021 na modalidade
ONLINE.

05 de setembro de 2021
Para validar, acesse http://www.ccmcongresses.com.br/validacao/?cod=51304783

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