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ULTRASSONOGRAFIA
MUSCOESQULÉTICA
MUSCULOESQUELÉTICA
1ª Edição, 2023
São Paulo
Copyright © 2023 Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo que parcial, por
qualquer meio e processo, sem a prévia autorização escrita.
ISBN: 978-65-997296-7-6
doi da publicação: 10.29327/5201828
CDD-616.025
22-150852 NLM-WB-100
Organizador
Mauro José Brandão da Costa
Médico radiologista do Hcor e Teleimagem, São Paulo-SP; Médico
radiologista da Med-Hospital São Lucas, Ribeirão Preto-SP.
Autores
Deivis da Silva Brito
Médico radiologista pela Santa Casa de São Paulo; Fellow em Muscu-
loesquelético da Santa Casa de São Paulo; Ex-coordenador do setor de
ultrassonografia musculoesquelética da Santa Casa de São Paulo.
4
Sobre os autores
5
Apresentação
7
Prefácio
8
Sumário
Caso 1 Caso 8 Caso 15
Mauro José Brandão da Costa Deivis da Silva Brito Everaldo Gregio Jr.
Euclides Berti Passetto Everaldo Gregio Jr
Caso 6 Caso 13
Everaldo Gregio Jr. Mauro José Brandão da Costa
Euclides Berti Passetto
Caso 7 Caso 14
Everaldo Gregio Jr. Deivis da Silva Brito
Caso 1
Autores: Mauro José Brandão da Costa1
e Euclides Berti Passetto2
doi: 10.29327/5201828.1-1
10
Caso 1
DADOS CLÍNICOS
• Feminino, 55 anos, dor intensa no ombro direito
principalmente à noite e durante a elevação do braço,
déficit funcional importante.
IMAGENS
11
Caso 1
QUESTÃO
1. Marque a alternativa correta:
A Ruptura do supraespinhal.
B Tendinopatia do supraespinhal.
D Capsulite.
12
Caso 1
Discussão
A ultrassonografia dinâmica é uma ferramenta diagnóstica importante
que permite aumentar, sobremaneira, a acuracidade diagnóstica, sendo
um ponto alto dos métodos, e está disponível para ser utilizada a favor
do examinador em larga escala. As manobras mais utilizadas em muscu-
loesquelético são movimentos passivos, ativos, contrações isométricas ou
não, manobras de estresse, com ou sem resistência, sempre em busca de
aumentar o potencial diagnóstico. Outra forma de otimizar o exame de
US é a utilização de contrastes naturais associado às manobras dinâmicas,
como bem nos mostrou G. Azulay e A. Rólon, com a utilização do líquido
da bursa subacromial-subdeltoidea que, ao ser deslocado pelo examinador
do recesso inferior para o superior da bursa, aumenta sensibilidade para
diagnóstico de rupturas mal definidas do manguito rotador.
A nossa proposta é a utilização das bolhas gasosas como forma de
contraste para melhor definir a ruptura. Com ajuda de manobras dinâmicas,
as bolhas gasosas podem ser mobilizadas e conduzidas, podendo percorrer
caminhos sinuosos, não percebidos no primeiro momento pelo examinador,
podendo mudar o diagnóstico inicial e, por vezes, alterar condutas. Até onde
sabemos, não há referências biográficas na literatura a respeito do assunto.
Por muito tempo, a bolha gasosa nos intrigou pela sua observação
ocasional, na US, vista sob a forma de pequenos pontos ecogênico em
recessos sinoviais em uma articulação aparentemente normal, ou pode ser
vista dentro de bainhas sinoviais de tendões que se comunicam com a arti-
culação, como o da cabeça longa do bíceps.
No ombro, estes micropontos ecogênicos podem ser por vezes obser-
vados contornando a cabeça do úmero, podendo ser confundidos com
calcificações condrais; porém, à movimentação, eles podem aumentar em
número e ou se mobilizar, e assim se estabelece a diferenciação para bolhas
13
Caso 1
14
Caso 1
Imagem 1a Imagem 1b
15
Caso 1
Imagem 2a Imagem 2b
Imagem 2c Imagem 2d
16
Caso 1
Imagem 2e
17
Caso 1
Bibliografia Recomendada
1. G. Azulay, A Rólon, P. Omoumi M. Pfister, L. Brunereau. Étude ultraso-
nographique dês lésions tendineuses: manoeuvers pratiques et originales
pou augmentes la sensibilité in: Journées Francaises de Radiologie. Paris
CNIT – 2006.
2. J. Malghem F, J. Renoux, F Lecouvet . S Koutaissoff, Psimoni, B Vande Berg.
Microbululles gazeuses dans en liquide synovial normal. In. J.L.Brasseur,
D. Zeitoun-Eiss,, J. Renoux, P. Grenier. Actualités du échographie d’appa-
reil locomoteur Tomo 7. Sauramps Medical 2008 p. 133-139.
3. Martinoli C, Bianchi S, Prato N, Pugliese F, Zamorani MP, Valle M,
Derchi LE. US of the shoulder: non–rotator cuff disorders. Radiographics.
2003;23(2):381–401
Diagnóstico
1 – A
Ruptura do supraespinhal.
18
Caso 2
Autores: Mauro José Brandão da Costa1
e Euclides Berti Passetto2
doi: 10.29327/5201828.1-2
19
Caso 2
DADOS CLÍNICOS
• Masculino, 32 anos, dor intensa no ombro esquerdo que
impede de realizar atividades habituais. Antecedente de
trauma há dez dias.
IMAGENS
20
Caso 2
QUESTÃO
1. Marque a alternativa correta:
A Osteoartrose acromioclavicular.
B Luxação acromioclavicular.
D Fratura da clavícula.
21
Caso 2
Discussão
Osteólise da clavícula é a reabsorção óssea dolorosa da ponta da claví-
cula. Além da dor, cursa com aumento de volume de partes moles ao redor
da articulação. A lesão principal consiste em reabsorção confinada à extremi-
dade lateral da clavícula e poupando o acrômio. A origem pode ser um trauma
sobre a articulação, que funciona como fator desencadeante e responsável
pelo processo que, em geral, ocorre semanas ou meses após o evento. A oste-
ólise pode ocorrer igualmente de forma atraumática por exercícios físicos
ou trabalhos que aumentam o aporte de forças sobre a articulação, como
aqueles que praticam esporte ou trabalho com os braços elevados e subme-
tidos à carga, como halterofilistas ou trabalhadores de carga e descarga. Pela
sua localização e função, a articulação acromioclavicular (ACCL) é suscetível
à sobrecarga de repetição que leva a microfraturas do trabeculado ósseo e
hiperemia, produzindo inicialmente edema que aumenta a atividade osteo-
clástica, produzindo osteopenia e depois osteólise.
Portanto, a primeira alteração são os aparecimentos do edema que, na
radiografia, pode ser representado pela osteoporose (imagem), nem sempre
fácil de se ver - melhor se tivermos o RX do lado oposto para comparar. A
RM permite diagnóstico seguro do edema ósseo e das partes moles, sendo
o método mais eficaz para diagnóstico precoce.
Na US em fases iniciais, um fluxo ao Doppler que corresponde a um
sinal de inflamação local pode estar presente, mais intenso na superfície,
na ponta da clavícula, podendo se estender à cápsula articular, e uma sensi-
bilidade sonopalpatória pode ser positiva na articulação acromioclavicular
durante o processo de escaneamento e que, em conjunto, devem ser valori-
zados e indicar o diagnóstico, principalmente mediante o aparecimento em
paciente jovem com musculatura desenvolvida, com dor local que impede
de fazer exercícios. Como em qualquer situação de avaliação com Doppler,
22
Caso 2
23
Caso 2
24
Caso 2
25
Caso 2
26
Caso 2
27
Caso 2
Bibliografia Recomendada
1. Dardani JSY, Fisher RA (2000) MR observatory of post traumatic osteo-
lityes of the distal clavicle after traumatic separation of the acromioclavi-
cular joint. J. Comput Assist Tomogr. 24:159-164.
2. Flores D, Goes P, Gómez C, Umpire D, Pathria M. Imaging of the Acromio-
clavicular Joint: Anatomy, Function, Pathologic Features, and Treatment.
Radiographics. 2020;40(5):1355-82
3. Michael P. Fergus, DC, DACBR, RMSK. Diagnostic Ultrasonographic Diag-
nosis of Posttraumatic Osteolysis of the Distal Clavicle in a 24-Year-Old
Bodybuilder: A Case Report With Correlative Radiographs and Magnetic
Resonance Imaging. J Chiropr Med. 2019 Dec; 18(4): 321–326.
4. Martinoli C, Bianchi S, Prato N, Pugliese F, Zamorani MP, Valle M, Derchi
LE. US of the shoulder: non–rotator cuff disorders. Radiographics.
2003;23(2):381–401
Diagnóstico
1 – C
Osteólise distal da clavícula.
28
Caso 3
Autor: Deivis da Silva Brito
doi: 10.29327/5201828.1-3
29
Caso 3
DADOS CLÍNICOS
• Masculino, 52 anos, com dor e parestesia no quarto e
quinto dedos direitos há cerca de um ano.
IMAGENS
1a 1b
30
Caso 3
31
Caso 3
QUESTÕES
1 – Em relação à neuropatia compressiva do nervo ulnar,
marque a alternativa incorreta:
32
Caso 3
33
Caso 3
Discussão
O septo intermuscular divide o braço em compartimentos musculares
anterior e posterior. Se estende da crista supracondilar até ao epicôndilo
medial. Embora controverso na literatura, alguns trabalhos chamam de
“arcada de Struthers” o canal formado pelo prolongamento aponeurótico
que conecta o septo intermuscular com a fáscia da cabeça medial do tríceps.
O nervo ulnar apresenta trajeto entre o septo intermuscular e a cabeça
medial do tríceps, podendo sofrer compressão local nesse trajeto.
É uma causa de recorrência de neuropatia ulnar após descompressão
do túnel cubital e transposição neural anterior.
O estudo ultrassonográfico permite a avaliação do nervo ulnar junto
ao septo intermuscular e a cabeça medial do tríceps, sendo fundamental a
varredura proximal no braço distal.
Septo intermuscular
N. Ulnar
Tríceps
Imagem 2
34
Caso 3
Bibliografia Recomendada
1. Morag, Y., Popadich, M., Chang, K., & Yang, L. C. (2022). Imaging the inter-
muscular septum in the context of ulnar neuropathy. Skeletal Radiology,
51(3), 505–511. https://doi.org/10.1007/s00256-021-03835-3
2. Caetano, E. B., Sabongi Neto, J. J., Vieira, L. A., & Caetano, M. F. (2017).
Arcada de Struthers: estudo anatômico e implicações clínicas. Revista
Brasileira de Ortopedia, 52(3), 331–336. https://doi.org/10.1016/j.
rbo.2016.07.011
Respostas
1 – C 2 – A
Diagnóstico
Neuropatia compressiva do ulnar junto
ao septo intermuscular do braço
35
Caso 4
Autor: Deivis da Silva Brito
doi: 10.29327/5201828.1-4
36
Caso 4
DADOS CLÍNICOS
• Masculino, 28 anos, apresentando nódulos nas regiões
anterior dos bíceps, associado a quadro de dor e parestesia
no território do nervo mediano bilateral.
• AP.: Refere injeção de polivitamínico animal oleoso (ADE) nos
ventres musculares do bíceps braquial bilateral há 12 anos.
IMAGENS
37
Caso 4
38
Caso 4
39
Caso 4
40
Caso 4
QUESTÕES
1 – Em relação a neuropatias compressivas à
ultrassonografia, marque a alternativa incorreta:
41
Caso 4
Discussão
São crescentes os relatos dos lipogranulomas relacionados a injeções
estéticas de materiais oleosos, também conhecidos como oleomas.
Trata-se de reação granulomatosa a um corpo estranho lipídico. Tal
reação se organiza em torno do conteúdo injetado e migra progressiva-
mente para os planos superficiais.
Ao estudo ultrassonográfico, o tecido lipogranulomatoso se apresenta
com aspecto hiperecogênico como no caso em questão, com distribuição
superficial nas fases mais crônicas.
O tecido lipogranulomatoso apresenta consistência endurecida, e,
como no caso acima, pode apresentar aderência e compressão junto aos
feixes neurovasculares, sobretudo nas fases mais crônicas.
42
Caso 4
Bibliografia Recomendada
1. Figueiredo, V. C., Pedroso Da Silva, P. R., De Souza Trindade, R., & De Rose,
E. H. (2011). Artigo de revisão Doping Cosmético: a Problemática das Apli-
cações Intramusculares de Óleos. Rev Bras Med Esporte, 17, 56–61.
2. Sarıca Ö, Kayhan A, Demirkürek HC, İğdem AA. Subcutaneous Oleomas
Following Sunflower Oil Injection: A Novel Case and Review of Literature.
The Journal of Breast Health. 2016 Jul;12(3):141-144.
3. Georgieva, J., Assaf, C., Steinhoff, M., Treudler, R., Orfanos, C. E., & Geilen,
C. C. (2003). Bodybuilder oleoma. British Journal of Dermatology, 149(6),
1289–1290.
Diagnóstico
1 – D
Lipogranuloma de corpo estranho, que determina
compressão tardia do nervo mediano.
43
Caso 5
Autores: Mauro José Brandão da Costa1
e Euclides Berti Passetto2
doi: 10.29327/5201828.1-5
44
Caso 5
DADOS CLÍNICOS
• Masculino, praticante de capoeira, apresentando dor súbita
posteromedial do cotovelo após um giro com carga axial
com o cotovelo em extensão.
IMAGENS
45
Caso 5
QUESTÃO
1. Qual lesão é mais provável?
B Sinovite.
46
Caso 5
Discussão
O exame de US comparativo do túnel cubital com cortes transver-
sais (imagem 1) mostra a banda posterior do ligamento colateral medial
(LCM) do cotovelo direito (seta) discrepante em relação à do cotovelo
esquerdo (seta), se apresentando espessada e hipoecogênica, com aspecto
edematoso, porém contínua (seta), sendo compatível com estiramento/
lesão de baixo grau.
O ligamento colateral medial (LCM) é um importante estabilizador da
articulação do cotovelo e resiste ao estresse em valgo. A lesão deste liga-
mento pode ocorrer praticamente em todas as situações onde há luxação
do cotovelo, sobretudo naqueles casos submetidos a grande estresse em
valgo, como em esportes de arremesso ou em lutas de contato.
O LCM é composto por três contingentes que partem do úmero à ulna.
A banda posterior vai do olécrano (O) ao epicôndilo medial (EP), sendo
questionável o seu papel na estabilização do cotovelo (imagens 2 e 3).
A banda anterior parte do epicôndilo medial inferior ao processo
coronoide, sendo mais suscetível à lesão e mais importante no estabili-
zador que as outras duas bandas. A banda transversa se encontra entre
o olécrano medial e o processo coronoide medial, sendo irrelevante a sua
atuação estabilizadora.
Muito embora a lesão da banda posterior seja uma condição rara
dentro do espectro das lesões do LCM e, quando apresenta, não produz
uma instabilidade considerável, a sua ocorrência se manifesta com dor
medial, podendo confundir com epicondilite medial ou neuropatia do
ulnar; daí a importância do reconhecimento desta estrutura e das estru-
turas ao seu redor (imagens 2 e 3). A arcada de Osborne (seta tracejada)
constitui o teto do túnel; ela aparece contínua e com espessura normal. O
47
Caso 5
48
Caso 5
49
Caso 5
50
Caso 5
Bibliografia Recomendada
1. Brandão AT, Junior EA, Neto MJF, Tanaka RM, Santos DCB, Miranda FC,
Junior AR, Rosemberg L A . Ultrasonography and magnetic resonance
imaging of elbow ligaments: a comparative study. einstein (São Paulo).
2019;17(3):1-6.
2. De Maeseneer M, Brigido MK, Antic M, Lenchik L, Milants A, Vereecke
E, Jager T, Shahabpour M. Ultrasound of the elbow with emphasis on
detailed assessment of ligaments, tendons, and nerves. Eur J Radiol. 2015
Apr;84(4):671-81.
3. Bianchi S, Martinoli C. Ultrasound of the musculoskeletal system. New
York: Springer; 2007.
4. G.H. Schwab, J.B. Bennett, G.W. Woods, H.S. Tullos. Biomechanics of elbow
instability: the role of the medical collateral ligament. Clin Orthop Relat
Res, 146 (1980), pp. 42-52.
Diagnóstico
1 – D
Lesão da banda posterior do ligamento colateral medial.
51
Caso 6
Autor: Everaldo Gregio Jr.
doi: 10.29327/5201828.1-6
52
Caso 6
DADOS CLÍNICOS
• Homem, 35 anos, dor lateral no cotovelo esquerdo há
dois meses durante as partidas de tênis, com piora
progressiva na última semana.
• AP: sem antecedentes patológicos ou de traumas.
IMAGENS
53
Caso 6
54
Caso 6
Imagens 2a e 2b.
Ultrassonografia e
ressonância magnética
normal do cotovelo
lateral com exemplo da
topografia anatômica
entre o ligamento
colateral radial (seta e
ponto branco) e tendões
extensores comuns do
cotovelo (seta e ponto
vermelho). Note que,
entre as duas estruturas,
existe um tecido ecogênico
que se trata de um
tecido adiposo que os
separa (ponto preto).
55
Caso 6
QUESTÕES
1. Qual a estrutura lesionada entre as setas brancas na
imagem 1a?
D Todas acima.
56
Caso 6
57
Caso 6
D Todas acima.
58
Caso 6
Discussão
O complexo ligamentar lateral (LCL) tem a sua origem no epicôn-
dilo lateral e é constituído de duas porções: uma que se insere no liga-
mento anular, ligamento colateral lateral radial, e outra porção que se
insere na ulna, no nível da crista do supinador, chamada de ligamento
colateral lateral ulnar.
O ligamento colateral radial (LCR) ou ligamento colateral radial
próprio ou ligamento colateral lateral do cotovelo é um estabilizador lateral
estático e uma parte do complexo ligamentar colateral lateral que se funde
posteriormente com a origem do ligamento colateral ulnar lateral, e juntos
restringem o estresse em varo do cotovelo e instabilidade póstero-lateral.
A patologia do LCR é rotineiramente associada ao trauma com dife-
rentes graus de luxação que acomete o complexo ligamentar lateral e,
em seguida, o complexo ligamentar medial. Contudo, rupturas parciais
e rupturas transfixantes desse ligamento colateral radial são encon-
tradas na ausência de antecedentes de trauma (macrotraumas), mas sim
a microtraumas de repetição, como o que ocorre no cotovelo do tenista,
onde uma ruptura concomitante do ligamento colateral radial está asso-
ciada a um mau resultado do tratamento conservador.
59
Caso 6
Bibliografia Recomendada
1. MOTTA FILHO GR, MALTA MC. Lesões ligamentares agudas do cotovelo.
Rev Bras Ortop. 2002;37(9).
2. Feger J, Deng F, Ligamento colateral radial do cotovelo. Artigo de refe-
rência, Radiopaedia.org.
3. Bernholt D, Rosenberg S, Brady A, Storaci H, Viola R, Hackett T. Análises
quantitativas e qualitativas do complexo ligamentar lateral e das origens
do tendão extensor do cotovelo: um estudo anatômico. Revista Ortopédica
de Medicina Esportiva. 2020;8(10):232596712096137.
4. Jacobson J, Chiavaras M, Lawton J, Downie B, Yablon C, Lawton J. Liga-
mento colateral radial do cotovelo. J Ultrasound Med. 2014;33(6):1041-8.
Respostas
1 – D 2 – A 3 – B
Diagnóstico
Ruptura do ligamento colateral radial
associada à tendinopatia dos extensores
comuns do cotovelo (cotovelo de tenista).
60
Caso 7
Autor: Everaldo Gregio Jr.
doi: 10.29327/5201828.1-7
61
Caso 7
DADOS CLÍNICOS
• Mulher, 38 anos, diarista, refere dor progressiva na face
lateral do cotovelo e antebraço direito há três meses,
sem trauma.
• AP: sem antecedentes patológicos.
IMAGENS
62
Caso 7
63
Caso 7
64
Caso 7
65
Caso 7
66
Caso 7
67
Caso 7
68
Caso 7
QUESTÕES
1. Diagnósticos diferenciais de dor sem trauma na face
lateral do cotovelo. Assinale a alternativa errada:
69
Caso 7
A
Borda proximal da cabeça superficial do supinador
pode formar uma arcada fibrosa também conhecida
como Arcada de Frohse.
70
Caso 7
71
Caso 7
Discussão
O nervo radial (NR) passa do compartimento posterior para o
anterior contornando o sulco do NR no úmero, passa pelo septo inter-
muscular entre os músculos braquial (B) medialmente e braquiorradial
(BR) lateralmente. Segue distalmente, emergindo entre os músculos
BR e extensor radial longo do carpo (ERLC). Divide-se em dois ramos,
o ramo superficial do NR e o nervo interósseo posterior (NIP).
A borda proximal da cabeça superficial do supinador pode formar
uma arcada fibrosa conhecida como Arcada de Frohse (AF), conside-
rada o local mais comum de compressão do NIP (imagem 5).
A compressão do NIP no túnel radial (trajeto no supinador) pode
resultar em duas apresentações clínicas distintas: a síndrome do NIP, que
resulta em paralisia motora, enquanto a Síndrome do Túnel Radial resulta
em sintomas sensitivos, dor na face lateral do cotovelo e antebraço, ocasio-
nalmente diagnosticada erroneamente como epicondilite lateral.
Pode parecer paradoxal que a compressão de um nervo motor
possa causar dor como o sintoma inicial. No entanto, além das fibras
motoras, o NIP é constituído por fibras aferentes sensoriais destinadas
à articulação do punho e por fibras aferentes destinadas aos músculos
que elas suprem. Sensações de dor ou “peso” podem muito bem ser
mediadas por esses fatores.
Obs. Sobre a questão 2, o nervo interósseo anterior é ramo do
nervo mediano; uma confusão muito frequente é causada com os ramos
superficial e interósseo posterior do radial.
72
Caso 7
Bibliografia Recomendada
1. Meng S, Tinhofer I, Weninger WJ, Grisold W. Ultrasound and anatomical
correlation of the radial nerve at the arcade of Frohse. Muscle Nerve
2015;51(06):853-858.
2. Nayak SR, Ramanathan L, Krishnamurthy A, et al. Extensor carpi radialis
brevis origin, nerve supply and its role in lateral epicondylitis. Surg Radiol
Anat 2010;32(03):207-211.
3. Clavert P, Lutz JC, Adam P, Wolfram-Gabel R, Liverneaux P, Kahn JL. Froh-
se’s arcade is not the exclusive compression site of the radial nerve inits
tunnel. Orthop Traumatol Surg Res 2009;95(02):114-118.
Respostas
1 – B 2 – C 3 – D
Diagnóstico
Síndrome do nervo interósseo posterior.
73
Caso 8
Autores: Deivis da Silva Brito1
e Everaldo Gregio Jr.2
doi: 10.29327/5201828.1-8
74
Caso 8
IMAGENS
Imagem 1a
75
Caso 8
Imagem 1b
Vídeo 1
76
Caso 8
IMAGENS
77
Caso 8
78
Caso 8
79
Caso 8
QUESTÕES
1. Em relação ao nervo mediano no túnel do carpo,
marque a incorreta:
80
Caso 8
81
Caso 8
Discussão
A artéria mediana persistente é uma variação anatômica frequente,
que pode se originar da artéria radial, artéria ulnar ou da artéria
interóssea. Tal achado comumente se acompanha do nervo mediano
com morfologia bífida.
A trombose dessa artéria é causa rara de dor no punho; pode cursar
com síndrome do túnel do carpo devido ao aumento da pressão no
interior do epineuro do nervo mediano, sobretudo quando exibe um
diâmetro maior a 3 mm².
Os casos apresentados têm em comum o quadro de dor aguda, com
início em algumas horas ou dias, um deles com síndrome do túnel do carpo.
82
Caso 8
Bibliografia Recomendada
1. Gassner E, Schocke, Peer S, Schwabegger A, Jaschke G (1981).Persistent
Median Artery in the Carpal Tunnel, Color Doppler Ultrasonographic
Findings J Ultrasound Med 2002; 21:455–461.
2. Balakrishnan C, Smith MF, Pravin P. Acute carpal tunnel syndrome from
thrombosed persistent median artery. J Emerg Med 1999; 17:437–439.
3. Aulicino, P. L., Klavans, S. M., & Dupuy, T. E. (1984). Digital ischemia secon-
dary to thrombosis of a persistent median artery. The Journal of Hand
Surgery, 9(6), 820–823.
4. MAZER N, BARBIERI CH, ZATITI SCA, VELLUDO MAL. Sídrome do túnel
carpal aguda associada a trombose da artéria mediana persistente. Rev
Bras Ortop. 1993;28(4):. Rodríguez-Niedenführ M, Sañudo J, Vázquez T,
Nearn L, Logan B, Parkin I. Artéria Mediana Revisitada. J Anat. 1999;195
(Pt 1)(1):57-63. World J Gastroenterol. 2017 Mar 14;23(10):1735-1746.
Respostas
1 – B 2 – A
Diagnóstico
Trombose da Artéria Mediana Persistente
83
Caso 9
Autores: Mauro José Brandão da Costa1
e Euclides Berti Passetto2
doi: 10.29327/5201828.1-9
84
Caso 9
DADOS CLÍNICOS
• Feminino, 66 anos, pianista. Flexão persistente de longa
data do 5° dedo, sem antecedentes de trauma ou cirurgia.
IMAGENS
Imagem 1 Imagem 2
85
Caso 9
Imagem 3
86
Caso 9
Imagem 4
Imagem 5
87
Caso 9
QUESTÃO
1. Qual lesão é mais provável?
A Brida cubital.
88
Caso 9
Discussão
A doença de Dupuytren é uma fibromatose que acomete a fáscia
palmar produzindo alterações cutâneas mais frequentemente sobre as
pregas palmares distais das mãos sob a forma de espessamentos da derme,
nodulações, umbilicações e bridas, responsáveis pela retração e atitude em
flexão dos dedos. A localização digital dessa doença (caso em discussão) é
menos frequente e menos conhecida e, portanto, pode ser confundida com
outras formas que levam ao déficit de extensão dos dedos, como lesão dos
tendões extensores.
A extremidade tendínea do músculo abdutor do 5º dedo é um ponto-
-chave anatômico na origem dessa doença, pois é uma zona de encontro das
fibras aponeuróticas que irradiam em várias direções, radial, ulnar, dorsal
e palmar. Portanto, diferentes bridas podem se desenvolver. Qualquer que
seja o tipo de brida, torna-se relevante observar a sua relação com o feixe
vasculonervoso central, lateral ou retrovascular; a retração pode deslocar o
pedículo vasculonervoso para a linha mediana e superficialmente, e dificul-
tando a abordagem cirúrgica. A brida cubital isolada frequentemente tem
origem no tendão/fáscia muscular do abdutor do 5º dedo, na versão ulnar
e, na altura da base da falange proximal, caminha superficialmente ao feixe
vasculonervoso e insere na face ulnar da falange média, causando flexão da
interfalângica proximal. Mas pode ter uma inserção adicional e inserir na
base da falange distal, causando contratura da interfalângica distal, como
neste caso. As bridas que eventualmente surjam a partir das fibras pré-ten-
díneas, na fáscia palmar da mão, quando se estendem para os dedos, neste
caso, são denominadas de brida dígito-palmares.
89
Caso 9
90
Caso 9
91
Caso 9
92
Caso 9
Bibliografia Recomendada
1. Brasseur J, Zeitoun-Eiss D, Grenier P. Actualité en échographie de l’appareil
locomoteur tome 9. Cahors Sauramps Médical, 2005. p.55-64.
2. Hartmann, LGC, Rodrigues, MB, D’Ippolito, G, et al. Série do Colégio Brasi-
leiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem: músculo-esquelético. 1st ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. p. 169.
3. Meathrel KE, Thoma A. Abductor digiti minimi involvement in Dupuy-
tren’s contracture of the small finger. J Hand Surg [Am] 2004:29:510-3.
4. Rayan GM. Dupuytren disease: anatomy, pathology, presentation, and
treatment. J Bone Joint Surg Am 2007:89:189-198.
5. Barton NJ. Dupuytren’s disease arising from the abductor digiti minimi.
Journal of Hand Surgery 1984.
6. Strickland JW, Bassett RL. The isolated digital cord in Dupuytren’s
contracture: anatomy and clinical significance. J Hand Surg [Am] 1985.
10: 118-124.
Diagnóstico
1 – A
Brida cubital isolada do 5º dedo (doença de Dupuytren)
93
Caso 10
Autores: Mauro José Brandão da Costa1
e Euclides Berti Passetto2
doi: 10.29327/5201828.1-10
94
Caso 10
DADOS CLÍNICOS
• Senhora com dor na região dorsal da mão esquerda após
trauma direto. Ao exame clínico, déficit de extensão do
4° dedo. Rx: fratura na base do 4º dedo.
IMAGENS
Imagem 1
95
Caso 10
Imagem 2 Imagem 3
96
Caso 10
97
Caso 10
QUESTÃO
98
Caso 10
Discussão
Clinicamente, a paciente apresenta hematoma e pequena concavi-
dade sobre a pele (imagem 1, seta), atestando perda da tensão no plano
capsular dorsal da metacarpofalângica (MTF) e, quando associado
a déficit de extensão, é possível evocar a possibilidade de ruptura do
capuz extensor.
A imagem 2 mostra desvio radial do 4º dedo da mão esquerda (seta
pontilhada) e consequente perda do gradiente de flexão progressiva natural
dos dedos de radial para ulnar na posição de repouso, como se observa na
mão direita sadia (seta tracejada). Isso exige mais um diagnóstico dife-
rencial, como ruptura do ligamento colateral medial (LCM) da MTF com
migração do coto ligamentar para o interior da articulação. O exame ultras-
sonográfico (US) eliminou as duas suposições ao confirmar no exame
comparativo (imagem 4), fratura na base da falange proximal no plano de
inserção capsular (cabeça de seta), produzindo desinserção e báscula da
cápsula para o interior da articulação (setas paralelas), justificando o desvio
do 4º dedo e déficit de extensão. O tendão extensor (TE), outro elemento
do capuz extensor, estava normal. O lado direito serve como modelo de
tensão normal plano capsular (seta grossa).
A imagem 5 exclui a possibilidade de ruptura LCM com interposição
para MTF. Muito embora não seja possível enxergar diretamente pela US
o LCM da MTF do 4° dedo, uma eventual ruptura pode ser suspeita, se um
espessamento de partes moles é percebido ao lado da cabeça do metacarpo,
com dimensão suficiente para produzir afastamento da banda sagital
(BS) do metacarpo. A imagem ecográfica no plano transversal mostra TE
centrada, BS sagitais normal e equidistantes da cabeça do metacarpo, sem
evidências de espessamentos interpostos.
99
Caso 10
Imagens 1 e 2 (discussão)
Imagens 3 e 4 (discussão)
100
Caso 10
Imagem 5 (discussão)
101
Caso 10
Bibliografia Recomendada
1. A. Toffoli, M. Chammas . Rupture du ligament latéral radial de l’articu-
lation métacarpophalangienne du Ve doigt. À propos d’un cas avec effet
Stener. Hand Surgery and Rehabilitation Volume 36, Issue 2, April 2017,
Pages 141-145
2. Ferdinando Draghi, Salvatore Gitto, Stefano Bianchi. Injuries to the Colla-
teral Ligaments of the Metacarpophalangeal and Interphalangeal Joints:
Sonographic Appearance. J Ultrasound Med. 2018 Sep;37(9):2117-2133
3. Bianchi S, Martinoli C. Ultrasound of the musculoskeletal system. New
York: Springer; 2007
4. Sandra J. Allison Musculoskeletal Ultrasound: Evaluation of the Finger.
AJR Am J Roentgenol. 2011;196: W308-W308
5. Seun Ah Lee, Baek Hyun Kim, Seon-Jeong Kim, Ji Na Kim, Sun-Young
Park, and Kyunghee Choi. Current status of ultrasonography of the finger.
Ultrasonography. 2016 Apr; 35(2): 110–123
Diagnóstico
1 – C
Interposição da cápsula articular
102
Caso 11
Autores: Mauro José Brandão da Costa1
e Euclides Berti Passetto2
doi: 10.29327/5201828.1-11
103
Caso 11
DADOS CLÍNICOS
• Senhora com dor e inchaço da mão esquerda após queda
e entorse do 3º dedo.
IMAGENS
104
Caso 11
QUESTÃO
1. Qual a lesão mais provável?
C Fratura do metacarpo.
105
Caso 11
Discussão
O exame de US comparativa em extensão (imagem 1) mostra tendino-
patia contusional da banda central do tendão extensor (TE) do 3º dedo da
mão esquerda, com a sua banda sagital radial (setas), embora espessada,
está contínua (setas) devido a estiramento. A continuidade e suficiência
da banda sagital foram comprovadas com ausência de luxação durante o
estudo dinâmico, quando TE permanece sempre centrada em relação ao
metacarpo (seta vertical), mesmo durante a flexão do dedo (imagem 2).
Destaca-se espessamento hipoecogênico com padrão edematoso de
partes moles junto ao aspecto radial da cabeça do 3º metacarpo deter-
minando (seta pontilhada), deslocamento da banda sagital (setas); isso
constitui sinal indireto de ruptura do ligamento colateral radial da meta-
carpofalângica, sendo comprovado com estudos de ressonância magnética
(RM) através da obtenção de sequências axial e coronal T2 com saturação
de gordura (imagem 3a/b) que mostram edema da medular óssea dos 3º
e 4º dedos (asteriscos) e ruptura completa do contingente radial do liga-
mento colateral (seta vazada) e edema de partes moles no aspecto radial da
cabeça do metatarso (seta pontilhada), que produz efeito de massa deslo-
cando a banda sagital (seta pontilhada) e, assim, reproduzindo exatamente
a mesma alteração encontrada no estudo com a US (imagens 1 e 2). Os liga-
mentos colaterais (medial e lateral) do 2º, 3º e 4º dedo não são alcançáveis
pela US, por falta de acesso, sendo permitido estudo da banda radial do 2º
dedo e ulnar do 5° dedo (imagem 4).
A ruptura da banda sagital é outra lesão do aparelho extensor ao nível
das articulações metacarpofalângicas. O 3º dedo é o mais afetado devido ser
a articulação mais proeminente e, portanto, mais exposta à impacto (soco).
A ruptura de uma das bandas sagitais (imagem 5a, setas duplas) conduz
a (sub)luxação dinâmica do tendão extensor, para o lado contralateral à
106
Caso 11
Imagem 1 (discussão)
107
Caso 11
108
Caso 11
Imagem 4
109
Caso 11
Imagem 6 (discussão)
110
Caso 11
Bibliografia Recomendada
1. Khoury V, Cardinal E, Bureau NJ. Musculoskeletal sonography: a dynamic
tool for usual and unusual disorders. AJR Am J Roentgenol. 2007;188 (1):
W63-73.
2. Lopez-ben R, Lee DH, Nicolodi DJ. Boxer knuckle (injury of the extensor
hood with extensor tendon subluxation): diagnosis with dynamic US--re-
port of three cases. Radiology. 2003;228 (3): 642-6.
3. Sandra J. Allison Musculoskeletal Ultrasound: Evaluation of the Finger.
AJR Am J Roentgenol. 2011;196: W308-W308.
4. Seun Ah Lee, Baek Hyun Kim, Seon-Jeong Kim, Ji Na Kim, Sun-Young
Park, and Kyunghee Choi. Current status of ultrasonography of the finger.
Ultrasonography. 2016 Apr; 35(2): 110–123.
Diagnóstico
1 – A
Ruptura completa do ligamento colateral medial
(sinais indiretos)
111
Caso 12
Autor: Deivis da Silva Brito
doi: 10.29327/5201828.1-12
112
Caso 12
DADOS CLÍNICOS
• Paciente, 40 anos, refere ter iniciado prática de ciclismo
há cerca de 2 meses, com queixa de estalido no quadril
direito à extensão do quadril durante as pedaladas.
• Ap: Sem antecedentes patológicos.
IMAGENS
113
Caso 12
114
Caso 12
115
Caso 12
QUESTÕES
1. De acordo com os conceitos mais atuais, a anatomia do
iliopsoas apresenta:
116
Caso 12
117
Caso 12
118
Caso 12
Discussão
A unidade miotendínea do iliopsoas apresenta três ventres muscu-
lares (ilíaco lateral, ilíaco medial e psoas) (Imagem 2), além do tendão
do psoas.
Para caracterizar esse movimento tendíneo anômalo à ultrassono-
grafia, é necessário posicionar o transdutor entre a espinha ilíaca ante-
roinferior (EIAI) e o ramo púbico superior (RPS).
Durante as manobras de flexão, rotação interna e abdução (frogleg),
o ventre muscular medial do ilíaco faz rotação ínferomedial e se interpõe
entre o tendão do psoas e a cortical ilíaca. Ao retorno para a posição
neutra, o tendão do psoas volta rapidamente para junto da cortical do
ilíaco (imagens 3a, 3b e 3c) causando o ressalto clínico.
Ilíaco
lateral
EIAI Psoas
Ilíaco
medial
RPS
TENDÃO DO PSOAS
Imagem 2
119
Caso 12
T m
C
Imagens 3a, 3b e 3c
120
Caso 12
Bibliografia Recomendada
1. Lungu, E., & Bureau, N. J. (2018). MUSCULOSKELETAL IMAGING US
Assessment of Sports-related. Radiographics, 38: 867–889. https://doi.
org/10.1148/rg.2018170104.
2. Deslandes, M., Guillin, R., Cardinal, É., Hobden, R., & Bureau, N. J. (2008).
The snapping iliopsoas tendon: New mechanisms using dynamic sono-
graphy. American Journal of Roentgenology, 190(3), 576–581. https://
doi.org/10.2214/AJR.07.2375.
Respostas
1–B 2–A 3–D
Diagnóstico
Ressalto do iliopsoas
121
Caso 13
Autores: Mauro José Brandão da Costa1
e Euclides Berti Passetto2
doi: 10.29327/5201828.1-13
122
Caso 13
DADOS CLÍNICOS
• Masculino, 22 anos, jogador de futebol profissional
apresentou dor intensa na perna, sem trauma, durante
uma partida que o impediu de continuar jogando.
IMAGENS
123
Caso 13
124
Caso 13
QUESTÃO
1. Qual questão é correta?
125
Caso 13
Discussão
A síndrome compartimental aguda de extremidades pode ter conse-
quência devastadora do sistema musculoesquelético; diz respeito ao
aumento da pressão dentro de um compartimento osteofascial fechado,
podendo comprometer a perfusão, resultando em danos musculares e de
terminações nervosas, provocando lesão tecidual por anoxia.
É considerada uma condição de emergência na qual o diagnóstico precoce
é essencial para prevenir lesões teciduais musculoaponeuróticas irreversíveis.
Os compartimentos mais afetados são aqueles que possuem uma menor
capacidade elástica dos compostos ósseos musculares aponeuróticos.
Na perna, os compartimentos anteriores e laterais são os mais afetados;
nesse local, estão estruturas como os músculos extensores e fibulares,
artéria tibial anterior e o nervo fibular e, se não tratados, podem ocorrer
contraturas, disestesias em tecido profundo e na região de nervo fibular,
podendo ocorrer queda do pé.
Esta síndrome dolorosa aguda ocorre mais frequentemente após um
evento traumático, com formação hematoma intracompartimental por
lesão muscular e/ou fraturas ósseas. Porém, em até 30% dos casos, acon-
tece de forma atraumática, como no nosso caso. Lembrar que o hematoma
pode se formar de forma espontânea (ou secundária a trauma banal) nos
casos de disfunção de fatores de coagulação ou uso de anticoagulante.
Outras causas incluem lesões térmicas, fatores iatrogênicos e infecções,
especialmente por Streptococcus.
O diagnóstico é clínico, classicamente descrito como apresentando os
4 Ps (falta de pulso, palidez, parestesia e paralisia), além de dor intensa
e aumento da pressão intracompartimental com valores acima de 30-40
mmHg. (VR = 0 a 10 mmHg).
126
Caso 13
127
Caso 13
sobre a área mais sensível (1/3 médio), a fim de achatar a fáscia perifé-
rica do compartimento anterior, ela persentiu convexa, díspare quando
comparada com o lado sadio, inferindo aumento da pressão intracompar-
timental. A US pode ser uma alternativa não invasiva para presumir se há
aumento da pressão intracompartimental.
Uma zona bastante sensível à ecocompressão foi observada no 1/3
distal da perna, onde os músculos fibulares se apresentavam bastante
homogêneos, representando necrose muscular, verificada durante a
fasciotomia (imagens 4 e 5). O nervo fibular estava com aspecto normal
ao exame ecográfico, porém relativamente próximo à zona de mione-
crose dos fibulares.
128
Caso 13
129
Caso 13
130
Caso 13
131
Caso 13
Bibliografia Recomendada
1. A Novel Non-invasive Method for the Detection of Elevated Intracompart-
mental Pressures of the Leg. Matthew J. Herring1, Erin Donohoe1, Meir
T. Marmor1 - Department of Orthopedic Surgery, University of California,
San Francisco - Correspondence to: Meir T. Marmor at Meir.Marmor@ucsf.
edu. URL: https://www.jove.com/video/59887. doi:10.3791/59887
2. Von Keudell AG, Weaver MJ, Appleton PT, et al. Diagnosis and treatment
of acute extremity compartment syndrome. Lancet 2015; 386:1299‐1310.
Diagnóstico
1–B
Síndrome compartimental aguda espontânea
132
Caso 14
Autor: Deivis da Silva Brito
doi: 10.29327/5201828.1-14
133
Caso 14
DADOS CLÍNICOS
• Feminina, 9 anos, bailarina, refere dor e estalido na
região lateral do tornozelo direito, principalmente no
movimento dorsiflexão e eversão.
IMAGENS
134
Caso 14
135
Caso 14
136
Caso 14
QUESTÕES
1. O posicionamento normal do fibular curto no
segmento retromaleolar é:
137
Caso 14
D Ligamento calcaneofibular.
138
Caso 14
139
Caso 14
Discussão
Instabilidade intrabainha dos fibulares consiste na mobilidade anômala
entre os fibulares no segmento retromaleolar, sem lesão do retináculo fibular
superior, subclassificadas em dois tipos:
• No tipo A, do caso em questão, ocorre mudança de posição dos
tendões fibulares, sem lesão tendínea.
• No tipo B ocorre o deslocamento do fibular longo junto à rotura
split do fibular curto.
O estudo ultrassonográfico tem papel fundamental no diagnóstico,
pois permite a caracterização do deslocamento tendíneo anômalo em tempo
real, através de avaliação dinâmica com manobras de dorsiflexão e eversão.
FL
FC
Tipo A
FC
FC
FL
FL FC
Tipo B
140
Caso 14
Bibliografia Recomendada
1. Neustadter, J., Raikin, S. M., & Nazarian, L. N. (2004). Dynamic sonogra-
phic evaluation of peroneal tendon subluxation. American Journal of Roen-
tgenology, 183(4), 985–988. https://doi.org/10.2214/ajr.183.4.1830985.
2. Pesquer, L., Guillo, S., Poussange, N., Pele, E., Meyer, P., & Dallaudière, B.
(2016). Dynamic ultrasound of peroneal tendon instability. British Journal
of Radiology, 89(1063). https://doi.org/10.1259/bjr.20150958.
3. Draghi, F., Bortolotto, C., Draghi, A. G., & Gitto, S. (2018). Intrasheath
instability of the peroneal tendons: Dynamic ultrasound imaging. Journal
of Ultrasound in Medicine, 37(12), 2753–2758. https://doi.org/10.1002/
jum.14633.
Respostas
1–D 2–A 3–A
Diagnóstico
Instabilidade intrabainha dos fibulares Tipo A.
141
Caso 15
Autor: Everaldo Gregio Jr.
doi: 10.29327/5201828.1-15
142
Caso 15
DADOS CLÍNICOS
• Mulher, 52 anos, refere dor e aumento de volume
progressivos na face posterior do calcâneo há meses.
• Não refere nenhum trauma ou mudança nas atividades
físicas realizadas de rotina.
• AP: Sem antecedentes patológicos.
IMAGENS
143
Caso 15
144
Caso 15
145
Caso 15
146
Caso 15
QUESTÕES
1. Sobre a tendinopatia do calcâneo, o correto é:
147
Caso 15
2. Assinale a correta:
148
Caso 15
3. Assinale a correta:
149
Caso 15
Discussão
Síndrome de Haglund.
A síndrome de Haglund refere-se à tríade formada pela tendinopatia
insercional do Aquiles, bursopatia retrocalcaneana e a deformidade de
Haglund, que se trata de uma exostose póstero-superior do calcâneo.
A deformidade de Haglund pode predispor e levar à síndrome de Haglund,
mas sua presença não infere automaticamente à síndrome de Haglund.
Calcificações tendíneas resultantes de processo inflamatório crônico
inespecífico ou secundárias à hipersolicitação mecânica da região surgem
na borda inferior da faceta superior e dirigem-se para cima e posterior-
mente como verdadeiros “esporões” posteriores do calcâneo. Além da
dor provocada pelo processo inflamatório intrínseco, surge a possibili-
dade de atrito e compressão pelos calçados, como o salto alto, agravando
a sintomatologia.
150
Caso 15
Bibliografia Recomendada
1. NERY CAS, BARRÔCO RS, MIZUSAKI JM, BRUSCHINI S. Deformidade de
Haglund associada a “esporão posterior” de calcâneo Uma nova proposta
de tratamento. Rev Bras Ortop. 1996;31(7).
2. Schweitzer ME, Karasick D. RM de distúrbios do tendão de Aquiles. AJR
Am J Roentgenol. 2000;175 (3): 613-25.
3. Pavlov H, Heneghan MA, Hersh A et al. A síndrome de Haglund: diagnós-
tico inicial e diferencial. Radiologia. 1982;144 (1): 83-8.
4. Singh R, Rohilla R, Siwach RC et al. Significado diagnóstico das medidas
radiológicas na dor posterior do calcanhar. Pé (Edinb). 2008;18 (2): 91-8.
5. ABREU AV, CERON CHB, COELHO FJP, KNACKFUSS IG. Estudo radioló-
gico da tuberosidade posterior do calcâneo. Rev Bras Ortop. 1996;31(5):
Respostas
1–D 2–A 3–C
Diagnóstico
Síndrome de Haglund
151
Caso 16
Autor: Everaldo Gregio Jr.
doi: 10.29327/5201828.1-16
152
Caso 16
DADOS CLÍNICOS
• Masculino, 47 anos, com dor no antepé esquerdo,
topografia do 1°, 2° e 3° raios após partidas de beach tennis.
• Ap: sem antecedentes patológicos.
IMAGENS
153
Caso 16
154
Caso 16
Imagem 3a.
Posição do pé e
do examinador na
realização do exame
em hiperextensão
do 2° dedo
155
Caso 16
156
Caso 16
157
Caso 16
QUESTÕES
1. Qual a causa da dor do paciente?
158
Caso 16
B Sinovites e artrites.
D Todas corretas.
159
Caso 16
160
Caso 16
Discussão
Ruptura parcial traumática da placa plantar da 2ª metatarsofalan-
geana com fratura incompleta e avulsão óssea de pequeno fragmento junto
à base da falange proximal.
Dor no antepé e deformidades nos dedos/articulações metatarsofalân-
gicas (MTF) são causas frequentes de consultas.
Etiologias - trauma, quadros de sinovite inespecífica, artropatias infla-
matórias, bursites intermetatarsais-neuromas e a instabilidade adquirida
das articulações MTF.
A 2ª MTF é articulação mais acometida, é a menos móvel dos raios
metatársicos, e que suporta as maiores cargas.
As principais causas podem ser um trauma abrupto ou deterio-
ração das estruturas responsáveis pela estabilização articular > placa
plantar e ligamentos colaterais, acometendo mais mulheres na quinta
década de vida.
Consequente insuficiência e ruptura da placa determinam elevação e
desvio do dedo que se sobrepõe aos vizinhos gerando a deformidade “cros-
sover toe” descrita por Coughlin em 1986.
Este achado pode ocorrer de forma isolada ou em associação com o
hálux valgo, hálux rígido, dedo em martelo ou neuroma interdigital do
segundo espaço.
As placas plantares são principais estabilizadoras das metatarso-
falangeanas, exibem formato retangular e são constituídas por fibras
colágeno.
161
Caso 16
Imagem 6
Gentilmente cedida pelo Prof. Rui Barroco
162
Caso 16
Bibliografia Recomendada
1. Son HM, Chai JW, Kim YH, Kim DH, Kim HJ, Seo J, et al. A problem-based
approach in musculoskeletal ultrasonography: central metatarsalgia. Ultra-
sonography. 2022 Apr;41(2):225-242
2. Coughlin MJ. Crossover second toe deformity. Foot Ankle. 1987;8(1):29–39
3. Torriani M, Kattapuram SV. Technical innovation. Dynamic sonography
of the forefoot: the sonographic Mulder sign. AJR Am J Roentgenol
2003;180:1121-1123. .
4. Bianchi S. Practical US of the forefoot. J Ultrasound 2014;17:151-164.
5. Cohen SL, Miller TT, Ellis SJ, Roberts MM, DiCarlo EF. Sonography of
Morton neuromas: what are we really looking at? J Ultrasound
6. Med 2016;35:2191-2195.
Respostas
1–C 2–D 3–D
Diagnóstico
Ruptura parcial traumática da placa plantar
da 2ª metatarsofalangeana com fratura
incompleta e avulsão óssea de pequeno
fragmento junto à base da falange proximal
163
Caso 17
Autor: Everaldo Gregio Jr.
doi: 10.29327/5201828.1-17
164
Caso 17
DADOS CLÍNICOS
• Mulher, 34 anos, advogada, sobrepeso, refere dor na
face plantar do pé esquerdo, notadamente noturna, após
caminhada prolongada.
• AP: Sem antecedentes patológicos.
IMAGENS
165
Caso 17
166
Caso 17
167
Caso 17
QUESTÕES
1. Quais as características da fáscia plantar?
A Todas corretas.
168
Caso 17
169
Caso 17
170
Caso 17
Discussão
Tromboflebite da veia plantar.
Tromboflebite plantar (TFP) é uma condição rara, com poucos casos
publicados, caracterizada pela formação de trombo intraluminal nas veias
plantares. Acomete preferencialmente mulheres, e geralmente a veia plantar
lateral é a mais acometida. Entre as possíveis causas, traumas, síndromes
paraneoplásicas, estado pós-cirúrgico, trombofilias, uso de anticoncepcio-
nais, imobilização e idiopática.
A apresentação clínica é de dor plantar de início recente, tipicamente
unilateral, associada a limitação da deambulação, e diferente da fascite
plantar que melhora ao repouso e dói ao pisar; a TFP dói ao repouso de
forma mais acentuada à noite ao deitar.
A ultrassonografia é considerada o principal método no diagnóstico
da TFP, demonstrando conteúdo venoso hipoecoico, perda da compres-
sibilidade vascular e ausência de fluxo ao estudo Doppler. Entretanto, as
veias plantares são negligenciadas no exame de rotina, o que pode explicar
a baixa taxa de diagnóstico da doença.
As complicações mais importantes da TFP são a progressão da trom-
bose para as veias profundas da perna (trombose venosa profunda).
171
Caso 17
Bibliografia Recomendada
1. Barros M, Nascimento I, Barros T, et al. Plantar vein thrombosis and pulmonary
embolism. Phlebology. 2015;30:66-9.
2. Bruetman JE, Andrews JA, Finn BC, et al. Plantar vein thrombosis as a cause of
local pain. Medicina (B Aires). 2014;74:87-8.
3. Czihal M, Röling J, Rademacher A, et al. Clinical characteristics and course of plantar
vein thrombosis: a series of 22 cases. Phlebology. 2014. [Epub ahead of print].
4. Karam L, Tabet G, Nakad J, et al. Spontaneous plantar vein thrombosis: state of
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ressonância magnética. Rev Bras Ortop. 2012;47:765-9.
6. Geiger C, Rademacher A, Chappell D, et al. Plantar vein thrombosis due to busy
night duty on intensive care unit. Clin Appl Thromb Hemost. 2011;17:232-4.
7. Barros MV, Labropoulos N. Plantar vein thrombosis - evaluation by ultrasound
and clinical outcome. Angiology. 2010;61:82-5.
8. Bernathova M, Bein E, Bendix N, et al. Sonographic diagnosis of plantar vein
thrombosis: report of 3 cases. J Ultrasound Med. 2005;24:101-3.
9. Siegal DS, Wu JS, Brennan DD, et al. Plantar vein thrombosis: a rare cause of
plantar foot pain. Skeletal Radiol. 2008;37:267-9
Respostas
1–A 2–D 3–B
Diagnóstico
Tromboflebite da veia plantar
172
Caso 18
Autores: Mauro José Brandão da Costa1
e Euclides Berti Passetto2
doi: 10.29327/5201828.1-18
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Caso 18
DADOS CLÍNICOS
• Masculino, 28 anos. Dor intensa e inchaço após trauma
com entorse do pé esquerdo em flexão plantar.
IMAGENS
Imagem 1
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Caso 18
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Caso 18
QUESTÃO
1. Qual a lesão mais provável?
A Fratura-luxação de Lisfranc.
B Fratura de Maisonneuve.
C Fratura de Tillaux.
D Fratura de Chopart.
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Caso 18
Discussão
Fratura-luxação de Lisfranc ou lesão de Lisfranc é a luxação mais
frequente envolvendo o pé, quando ocorre deslocamento da articulação do
tarso em relação às bases dos metatarsos. Portanto, a área conhecida como
articulação Lisfranc representa a transição entre o mediopé e o antepé,
constituindo a articulação tarsometatársica, sendo composta pela articu-
lação dos três primeiros metatarsos com os ossos cuneiforme medial, inter-
médio e lateral, além da articulação do quarto e quinto metatarso com o
cuboide, atuando na supinação e pronação do pé.
As lesões de Lisfranc são causadas por traumas de alta energia, como
acidente automobilístico, quedas de altura e acidentes esportivos, ou pode
acontecer quando o pé trava e o corpo continua em movimento, o que gera
rompimento dos ligamentos e promove desestabilização dos ossos que o
sustentam, estando sujeitas à síndrome compartimental do pé.
Os achados clínicos mais relevantes (Figura 1) são edema volumoso e
tenso, dor importante à movimentação passiva dos dedos e à sustentação
de peso e equimose plantar na região mediopé. O ligamento Lisfranc desem-
penha um papel fundamental na estabilidade ao mediopé. O resultado das
alterações em caso de lesão está diretamente relacionado a particularidades
anatômicas desta articulação. Normalmente existe ligamento entre a base
do 1º metatarso e cuneiforme medial (CM); no entanto, não existe entre
o cuneiforme intermédio (CI) e a base 2º metatarso (2M). Em seu lugar
existe o ligamento de Lisfranc, que fixa CM à base de 2M através de três de
bandas, distintas o ligamento dorsal, interósseo e o plantar.
O segmento interósseo é o maior e mais forte, enquanto o segmento
dorsal é o menor e mais fraco (imagens 5 e 6). Uma outra peculiaridade
anatômica é a ausência de ligamentos transversais entre o 1º e 2º meta-
tarsos, deixando a articulação mais vulnerável; por outro lado, a presença
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Caso 18
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Caso 18
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Caso 18
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Caso 18
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Caso 18
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Caso 18
Bibliografia Recomendada
1. Woodward S, Jacobson JA, Femino JE et al. Avaliação ultrassonográfica
das lesões do ligamento de Lisfranc. J Ultrasound Med. 2009;28 (3): 351-7.
J Ultrasound Me.
2. Reliability of ultrasound imaging in the assessment of the dorsal Lisfranc
ligament
3. David D Rettedal, Nathan C Graves, Joshua J Marshall, Katherine Frush &
Vassilios Vardaxis .
4. Journal of Foot and Ankle Research volume 6, Article number: 7 (2013)
5. NAKAMURA, Gustavo Pazoto. Et al. Fratura-Luxação De Lisfranc: uma
revisão bibliográfica. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhe-
cimento. Ano 04, Ed. 09, Vol. 01, pp. 05-17. Setembro de 2019
Diagnóstico
1 – A
Fratura-luxação de Lisfranc.
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Caso 19
Autores: Mauro José Brandão da Costa1
e Euclides Berti Passetto2
doi: 10.29327/5201828.1-19
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Caso 19
DADOS CLÍNICOS
• Masculino, 22 anos com aparecimento de massa súbita e
muito dolorosa na região dorsal direita, sem relato de trauma.
IMAGENS
Imagem 1
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Caso 19
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Caso 19
QUESTÃO
1. Com base no quadro clínico e imagem de US, marque
qual conduta sugerida não vai ajudar no diagnóstico final.
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Caso 19
Discussão
O diagnóstico final é de miosite ossificante circunscrita (MOC); trata-se
de uma lesão benigna pseudotumoral de ossificação heterotópica que pode
simular clinicamente e por imagem tumores malignos.
Autolimitada, se desenvolve dentro da musculatura estriada principal-
mente em adolescentes e adultos jovens; em 80% dos casos, ocorre antes
dos 30 anos.
Pode acometer qualquer músculo, mas há uma predileção pelo quadrí-
ceps, músculo braquial e deltoide. Em 75% das vezes, um traumatismo (ou
microtraumatismo) está presente, funcionando como gatilho; o restante
dos casos surge espontaneamente (como no nosso caso), dificultando o
diagnóstico.
Clinicamente se caracteriza por uma massa dolorosa com apareci-
mento súbito, onde o volume inicial, quase máximo, pode aumentar um
pouco e diminui na evolução em combinação com a dor, que tem comporta-
mento exatamente igual à máxima no início, e diminui a seguir no decorrer
do processo. Na fase aguda, pode ter sinais clínicos e laboratoriais impor-
tantes de uma síndrome inflamatória com febre, mal-estar geral, leucoci-
tose e VHS aumentado.
A fase aguda dura em torno de um mês e é seguida por uma fase crônica
que vai de um a seis meses, quando há diminuição da tumefação e dor. No
fim da evolução, surge a fase da regeneração com desaparecimento completo
dos sintomas. A massa pode desaparecer completamente ou persistir como
um pequeno nódulo endurecido. Na literatura não há menção de relato
convincente de transformação maligna.
O RX, US, CT e RM são úteis para o diagnóstico de MOC e para evitar
uma biópsia, que pode ter um resultado desastroso, sobretudo se reali-
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Caso 19
zada na fase aguda, pois pode resultar em falso positivo para sarcoma, e
induzir a erros de tratamento com sequelas irreparáveis. Há de se pensar
em MOC nos casos de tumoração de partes moles de aparecimento súbito,
extremamente doloroso em paciente jovem e com ou sem antecedentes de
trauma e, nestas condições, os métodos de imagem disponíveis, ainda que
não permitam diagnóstico com garantias no primeiro momento, fornecem
lastro para que um controle evolutivo possa ser sugerido e definitivamente
impedir uma biópsia inútil.
O aparecimento precoce das calcificações lamelares, em geral para
dialisar, contrasta com as calcificações da maioria dos tumores de partes moles
malignos de pessoas jovens como sinoviossarcomas e rabdomiossarcomas,
que costumam aparecer tardiamente, geralmente não cursam com dor ou, se
ocorrer, é pouco intensa em localização justametafisárias ou periarticulares.
Portanto, isto pode ser visto nas quatro modalidades de imagem citadas.
No RX, a calcificação aparece entre 2 e 6 semanas (imagem 6); após,
as calcificações aumentam, tornam-se confluentes, bem delimitadas com
aspecto de casca de ovo, facilmente visíveis entre 6 a 8 meses (imagens 6 e 7).
A TC revela o aparecimento das calcificações mais precocemente que o
RX, além de confirmar a sua topografia periférica, sendo útil para diferen-
ciar de outros tumores de partes moles, inclusive os malignos cujas calcifi-
cações costumam ser centrais (imagem 4).
Na RM, a busca de uma linha hipotensa, por vezes anelar, em meio
ao tecido heterogêneo, significa calcificação, e pode ser uma tarefa desafia-
dora. O forte edema de partes moles que, em geral, acompanha lesões pseu-
dotumorais e ausentes ou pouco intensas, nos casos de tumores malignos,
pode ajudar no raciocínio diagnóstico (imagem 5).
Na US, a MOC aparece inicialmente como uma massa hipoecogênica
heterogênea. Nos casos de trauma, são mais hipoecogênicas e heterogêneas
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Caso 19
Bibliografia Recomendada
1. Échographie dans la myosite ossifiante. B. Daenen, J. Montesanti, G
Houben.
2. In. J.L Brasseur, D Zeiton- Eiss G,Bach, J.Renaux, P. Grenier. Actualités
en échographie de l’appareil locomoteur. Sauramps Médical 2010. Tome 7:
137-152.
3. Amendola Ma, Glaser GM. Agha FP, Francis Jr, Weatherbee L, Martel W.
Myositis ossificans circunscripta computed tomography diagnosis. Radio-
logy 1983; 149: 775-9.
4. M J Kransdorf, J M Meis, J S Jelinek. Myositis ossificans: MR appea-
rance with radiologic-pathologic correlatio. AJR Am J Roentgenol. 1991
Dec;157(6):1243-8.
5. Alexis Lacout, Mohamed Jarraya, Pierre-Yves Marcy, Juliette Thariat, and
Robert Yves Carlier. Myositis ossificans imaging: keys to successful diag-
nosis. Indian J Radiol Imaging. v.22(1); Jan-Mar 2012.
Diagnóstico
1-D
Sugerir fazer biópsia
196
www.spr.org.br
ISBN 978-65-997296-7-6
doi 10.29327/5201828