ATIVIDADES DE MINERAÇÃO, CONFRONTOS E CATÁSTROFES: os casos peruano e brasileiro INTRODUÇÃO
Para esta Análise de Conjuntura são levadas em consideração
notícias e dados correspondentes à situação do Peru quanto ao projeto de mineração Tía María, da empresa mexicana Southern Copper, no Valle de Tambo, em Arequipa, e os conflitos junto à população contrária ao projeto. Quanto à situação do caso brasileiro será levado em consideração o caso da tragédia em Brumadinho, no estado de Minas Gerais. Diante desses casos, será feita uma análise sobre como se comportam os dois casos envolvendo a população, as empresas e os governos, buscando destacar os aspectos econômicos que sustentam as condições a serem analisadas. CASO PERUANO: Projeto Tía María CASO PERUANO: Projeto Tía María O Valle de Tambo concentra uma população que realiza diversas atividades agropecuárias, como as de subsistência, o que dinamiza as economias locais e regionais, enquanto que este mega projeto de mineração se caracteriza por deixar sinais de contaminação ambiental, contaminando os rios próximos e até o mar, afetando a pesca e os demais cultivos, e afetando também as comunidades, a saúde da população e a produção dos agricultores. A oposição ao projeto mineiro se dá pelo entendimento sobre a contaminação ambiental e dos cultivos diante de uma economia que cada dia mostra menos capacidade de absorver os peruanos que se incorporam à população economicamente ativa. CASO PERUANO: Projeto Tía María Conforme um relatório do Banco Central de Reserva (BCR), apresenta-se que em um último cultivo transitório (agosto de 2018 a abril de 2019) se registrou, principalmente os cultivos de: arroz (20.201 hectares), milho (11.354 hectares), cebola (5.354 hectares), batata (4.346 hectares) e alho (1.618 hectares). CASO PERUANO: Projeto Tía María Percebe-se uma conduta governamental e empresarial que está orientada a converter o abundante capital natural, e especialmente de minerais, em capital financeiro. Faltando na agenda pública a melhora do capital social e humano, e também ambiental, o que gera o conflito social em diversas regiões do país. A abundância de recursos hídricos, o baixo custo energético, a baixa fiscalização, o débil sistema de controle de catástrofes e de concessões mineiras, juntamente com o pouco controle de danos colaterais ambientais e sociais, fazem do país um destino desejado para os investimentos de mineração. CASO PERUANO: Projeto Tía María É necessária uma visão política de governo que desenvolva uma estrutura produtiva diversificada, com maior valor agregado e com maiores impactos sociais. A visão míope por parte dos grandes empresários mineiros, a informalidade da atividade mineira e a atuação corrupta de políticos que administram os recursos do país, acabam trazendo somente resultados débeis de curto prazo para um desenvolvimento nacional integrado. Assim, deve ser prioridade do governo, mas também das empresas mineiras, construir um país sem grandes diferenças de desenvolvimento territorial, e para diminuir as brechas sociais entre ricos e pobres. CASO PERUANO: Projeto Tía María Para o sustento econômico do país é necessário que os capitais, sejam eles naturais, sociais, humanos ou intelectuais, não sejam somente transformados em capital financeiro que com facilidade saem do país através dos mercados de capitais legalmente estabelecidos. E para um cenário de autêntico desenvolvimento, é necessária a renegociação dos contratos com as empresas de mineração, buscar a distribuição da riqueza produzida por esse setor e dar maior importância na diversificação econômica que sustenta a população. CASO BRASILEIRO: Tragédia de Brumadinho CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a análise das duas situações e a relação entre elas, percebeu-se diversos fatores: como a ineficiência do Estado em fiscalizar as atividades realizadas pela indústria mineradora, seja antes da implementação do projeto ou após uma tragédia ambiental e humana. A falta de responsabilidade social e desenvolvimento ligados principalmente à atuação das instituições privadas junto à fiscalização das instituições públicas, o que prejudica também a produção de outras atividades econômica da região. O desprezo pela opinião pública e a falta de diálogo com os movimentos sociais e a sociedade civil, que precisam participar ativamente da construção do desenvolvimento econômico e da garantia por seus direitos.