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Interação em Psicologia, 2010, 14(1), p.

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A Fundação da Psicanálise e a Epistemologia da Deformação

Tiago Iwasawa Neves


Universidade Federal de São João Del-Rei

RESUMO
Neste artigo, abordamos a epistemologia histórica de Gaston Bachelard para demonstrar que a
psicanálise mantém uma relação de compatibilidade lógica com a ciência. Esta epistemologia afirma
que a atividade científica moderna traz como efeito fundamental uma disjunção entre os campos de
problema. A psicanálise e a atividade científica moderna são compatíveis porque ambas adotam o
mesmo princípio para tratar de um problema: a deformação dos conceitos com os quais lidam.
Segundo Bachelard, somente em função de um trabalho de deformação é que as primeiras noções e
hipóteses tornam-se conceitos. E apenas conceitos produzidos segundo este trabalho é que serão
considerados compatíveis com a lógica proposta pela atividade científica moderna. Portanto, é a partir
do conceito de deformação que abordaremos o período inicial da obra de Freud – anos de fundação da
psicanálise – procurando demonstrar como o conceito de inconsciente só surge em função de um
trabalho de deformação.
Palavras-chave: psicanálise; epistemologia da deformação; Freud; Bachelard.

ABSTRACT
The Foundation of Psychoanalysis and the Deformation’s Epistemology
In this article we approach Gaston Bachelard’s historical epistemology to demonstrate that
psychoanalysis maintains a relation of logical compatibility with science. This epistemology affirms
that the modern scientific activity brings the fundamental effect of the disjunction between different
fields. Psychoanalysis and modern scientific activity are compatible because they are based on the
same principle: the deformation of the concepts they deal with. According to Bachelard, a deformation
work is necessary for the initial notions and hypotheses to become concepts. Only concepts produced
in accordance with this work can be considered compatible with the logic proposed by modern
scientific activity. As such, we take as a starting point the concept of deformation to approach the
initial period of Freud’s work – the foundation years of the psychoanalysis – aiming to demonstrate
that the concept of the unconscious required deformation work to emerge.
Keywords: psychoanalysis; deformation’s epistemology; Freud; Bachelard.

Este artigo trata da seguinte questão: seria a psica- ses ficaria reservada para o futuro (Freud, 1938/1996,
nálise uma ciência? Sabemos que o problema da cien- p. 210).
tificidade da psicanálise foi fundamental para Freud. Podemos, a partir dessa afirmação, concluir que a
O Projeto Para uma Psicologia Científica (1895/ psicanálise ao especializar-se como uma clínica pen-
1996) ilustrou perfeitamente o desejo de Freud em sada fundamentalmente em função da hipótese do
submeter suas descobertas às leis de um discurso inconsciente, não pode admitir como orientação para o
científico. No entanto, em primeiro lugar, devemos tratamento um processo de objetivação científico. Isto
nos perguntar de que problemas Freud estava tratando porque, por definição, a psicanálise visa estabelecer
quando levantou a questão de um estatuto científico um tratamento para um sujeito. Freud nos aponta este
para a psicanálise, uma vez que esse desejo de que a problema ao dizer que uma de suas preocupações, ao
psicanálise viesse a ser reconhecida como a ciência do situar esta discordância entre psicanálise e método
psiquismo não se realizou. Chama-nos atenção o fato objetivo de tratamento, foi chamar atenção para a
do próprio Freud ter admitido em um de seus últimos associação-livre como uma técnica de tratamento que
textos que a tarefa de tratar objetivamente das neuro- não poderia ser negligenciada, pelo fato dela mesma,
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conceitualmente, marcar a realização psicanalítica do consequência, romperam com o ideal cientificista de


conceito de inconsciente. E esta marca não traz ne- suas teorizações.
nhum traço que possibilite uma subordinação da psi- Se uma subordinação dos problemas psicanalíticos
canálise a qualquer tipo de procedimento objetivante. a leis científicas é uma pretensão no Projeto, a Inter-
É válido lembrar que um procedimento objetivante pretação dos Sonhos (1900/1996) – a qual demarca de
não é a mesma coisa que um processo de objetivação. forma sistemática o conceito fundante da psicanálise,
Só o segundo pode ser considerado síncrono ao espí- o inconsciente – deve ser encarada como o que de-
rito científico. A característica primordial do proce- creta o abandono dessa pretensão pela psicanálise. O
dimento objetivante é sempre tomar um problema que pretendemos demonstrar é que é justamente o
não-objetivo – a saber, o sujeito – como objeto. De- conceito de inconsciente que nos possibilita pensar, no
vemos criticar esta posição: ao tomar o sujeito como âmbito de uma compatibilidade lógica, a relação da
um objeto, estes procedimentos querem se afirmar psicanálise com a ciência. No Projeto, subordinação;
como científicos. O princípio cientificista, como ve- na Interpretação dos Sonhos, compatibilidade. Nossa
remos adiante, é a base de sustentação deste tipo de hipótese aponta para uma ruptura entre os problemas
pensamento. científicos e clínicos. E por se tratar de uma ruptura é
Este problema especifica-se ainda mais ao consta- que a psicanálise não pretende, a partir do conceito de
tarmos que o termo psicanálise foi proposto por Freud inconsciente, se subordinar à ciência, mas sim ser
em 1896 com o intuito de fundar um novo modo de compatível com a lógica de pensamento desta. Esta
lógica de pensamento diz respeito à maneira pela qual
tratamento para a histeria: a associação-livre que, ao
a psicanálise e a ciência encaminham suas questões.
surgir como técnica e regra fundamental do trata-
Se há um laço que une a psicanálise e a epistemologia
mento, não pressupõe outra coisa senão pensamentos
bachelardiana, este deve ser buscado não em um
a serem clinicados. “O que são estes sonhos, senão
mesmo problema a ser tratado, mas em um mesmo
sonhos relatados? É no processo de sua narrativa que
princípio adotado. Nós chamaremos este princípio, em
se lê o que Freud chama o sentido do sonho” (Lacan,
homenagem a Gaston Bachelard, de epistemologia da
1975, p. 9). A psicanálise ao se fundar como clínica deformação.
traz como consequência a impossibilidade de conside-
rarmos o seu campo de problemas como científico. É esta lógica de pensamento que, em seguida,
Esta impossibilidade pode ser lida em Freud a partir pretendemos destacar como um dos efeitos do surgi-
do momento em que o conceito de inconsciente se mento do pensamento científico moderno. Este será o
torna fundamental para a psicanálise. Fundamental no primeiro momento de nosso artigo. Em um segundo
momento, apontaremos que é em função do que defi-
sentido de que só em referência a este é possível uma
niremos como a epistemologia da deformação que
prática psicanalítica. E não devemos confundir esta
podemos situar a compatibilidade lógica entre a psi-
prática com a prática científica.
canálise e ciência. Na conclusão, partiremos do afo-
Podemos assim pensar em uma tensão constante no rismo lacaniano de que a psicanálise só pode surgir
pensamento freudiano quando nos questionamos sobre em um mundo onde há ciência para pensarmos as
o estatuto científico da psicanálise. Propomos, por- consequências desta compatibilidade na constituição
tanto, neste artigo, uma distinção das pretensões de do campo de problemas da psicanálise.
Freud e aquilo que ele produziu conceitualmente. Tal
tensão pode ser remetida aos próprios anos de funda- Epistemologia da deformação
ção da psicanálise. Será sob os votos de estar criando Percebemos uma modificação epistemológica
uma nova ciência que Freud lança mão do termo psi- profunda ao analisarmos os efeitos do surgimento da
canálise em 1896? Ou seria, antes, por estar dando atividade científica moderna. Gaston Bachelard, ao
atenção a um novo problema que Freud julga necessá- longo de sua obra dedicada principalmente à episte-
rio um novo termo? Ora, acreditamos que o termo mologia da física e da química, situou essa modifica-
psicanálise não é apenas uma mudança de nomencla- ção em torno de algumas coordenadas que foram sub-
tura. Pretendemos, fundamentalmente, criticar esta vertidas em função de uma nova lógica de pensamento.
posição. Acreditamos que não se trata da fundação de De fato, o advento da atividade científica moderna
um nome, mas antes, de um problema. A psicanálise não implica mais na busca de um mundo natural, no
se torna possível como prática somente por Freud ter qual os objetos estariam dispostos hierarquicamente
se dado novos problemas; novas questões, que por formando o conjunto do universo. A principal tese de
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Koyré (1991) é que a ciência traz com ela a implica- Ao contrário do empirismo e de um primado da
ção do moderno. Entendemos o advento de um mundo experiência vulgar, devemos considerar teoria e práxis
moderno como uma ruptura em relação ao mundo a partir de uma nova ligação, própria ao mundo cientí-
antigo; função de um corte epistemológico, o qual é fico. Bachelard (1978) demonstrou que na ciência
possível de ser pensado a partir do momento em que a moderna o momento da experimentação, assim como
física se torna matematizada. Esse é o papel da epis- seu instrumento, são considerados teorizações preci-
temologia histórica de Bachelard: defender a tese de sas. Um exemplo clássico desta demonstração é o
que um dos efeitos da matematização da física é o telescópio. Este instrumento não se reduz a uma mera
estabelecimento de novas coordenadas para definir- ampliação sensorial capaz de fornecer de forma mais
mos qual o sentido do problema que está em jogo para precisa os dados da experiência sensível. Devemos
uma atividade estritamente objetiva. Estas novas pensá-lo como uma teoria realizada. A instrumentali-
coordenadas são: um mundo infinito, sem qualidades zação da experiência não nos informa, em hipótese
e sem hierarquias. Enfim, características de um mun- alguma, uma experiência sensível imediata. O real
do moderno, que definiremos então, como um mundo matematizado da física moderna não é da ordem de
afetado pela atividade científica. Para tratarmos destas uma realidade desvelada, mas sim de uma produção.
novas coordenadas, privilegiaremos a subversão Desse modo, Galileu não voltou seu telescópio para os
empreendida pela epistemologia de Bachelard na de- astros para “vê-los” melhor, mas sim para interrogá-
finição de dois termos: objeto e experiência científica. -los. “A experimentação consiste em interrogar meto-
É importante assinalarmos que o termo epistemo- dicamente a natureza” (Koyré, 1991, p. 154). Portanto,
logia histórica foi proposto por Dominique Lecourt o telescópio é uma teoria realizada, ou dito de outra
em um livro publicado em homenagem ao pensa- maneira, “um instrumento, na ciência moderna, é um
mento de Bachelard – L’Épistémologie Historique de teorema coisificado” (Bachelard, 1977, p. 129). Neste
Gaston Bachelard (1969). Nesse artigo, estendemos contexto de debate entre experiência e experimenta-
esta denominação a todos os autores em epistemologia ção, o conceito de definição operatória de Jean Ullmo
– entre eles Alexandre Koyré, Robert Blanché – que (1967) é esclarecedor: “Uma definição operatória é
uma definição que comporta a descrição de um pro-
situam o corte epistemológico como o operador lógico
cesso regular para referir, medir, mais geralmente
de uma novidade.
atingir e identificar o conceito definido. A primeira
Afirmar que a física matematizada é o que expressa exigência metodológica da ciência é a de utilizar ape-
a realização da ciência moderna, equivale a dizer que nas conceitos assim definidos” (Ullmo, 1967, p. 27).
esta física é uma teoria conexa a uma experiência. Assim, se o telescópio não é fabricado no intuito
Esta conexão e o termo que a expressa – objetivação – de “descobrir” os astros, é porque há uma teoria ante-
são novos e próprios à epistemologia histórica, por rior a este instrumento que define operatoriamente,
isso, em primeiro lugar, é um erro equipará-los a um por exemplo, as órbitas elípticas dos planetas em tor-
empirismo do tipo preconizado por Bacon. Segundo no do sol. É por esta razão que a instrumentalização e
Koyré (1991), o papel de Bacon e de Galileu (cientista a experimentação designam experiências passíveis de
que na visão de Koyré instaura a física matematizada) serem repetidas. O caráter de repetição é fundamental
na história das ciências não é da mesma ordem. Isso para a atividade científica moderna porque a partir
porque a observação e experiência através dos senti- deste, podemos desqualificar a pretensão de que a
dos – implicações do empirismo de Bacon – servem ciência se ocupa de uma experiência, e de que esta
mais como obstáculo epistemológico no caminho de última é a sua condição. Ullmo (1967) acredita que é a
uma objetivação, e menos como um método da ciência partir de então que se estabelece um fosso entre a
moderna. De fato, não devemos confundir experiência experiência propriamente científica e qualquer outro
com experimentação. É contra a noção de empirismo tipo de experiência. É por esta razão que Lacan afirma
desenfreado, isto é, sem uma ordem de produção para (1964/1998) que não basta uma prática evocar a expe-
uma experimentação, que se coloca o pensamento riência para se dizer científica. A experiência mística,
científico moderno. Mas, esta posição não implica que por exemplo, não é científica, visto que não é repetível.
a ciência não esteja preocupada com a observação e E quanto a noção de objeto? Será que os objetos
experimentação. E implica menos ainda que a teoria – científicos são “coisas”, ou antes, conceitos definidos
nos dizeres de Koyré, universo do artifício – não traga operatoriamente? Percebemos que a ciência moderna
a marca de um real. estabelece também outro sentido para conceito de

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objeto. Bachelard afirmou na Psicanálise do Fogo dos sistemas anteriores de conhecimento. Como diria
(1999) que não basta falar em objetos para se crer Robert Blanché:
objetivo. Em primeiro lugar, porque a ciência não
encontra os seus objetos prontos na natureza; ela os Ora, é esta tese da imutabilidade e da necessidade ab-
produz a partir da definição operatória. É aqui que soluta dos princípios diretores do conhecimento que a
podemos inserir o conceito de objetividade na episte- ciência atual obriga a pôr em questão. (...) A lógica for-
mologia bachelardiana: mal, a matemática especulativa, a física teórica, quer di-
zer, as ciências que são, por excelência, fruto da razão,
foram, por caminhos diversos, levadas a contestar a va-
De fato, a objetividade científica só é possível se inicial-
mente rompemos com objeto imediato, se recusamos a lidade absoluta dos princípios que se tinha até então jul-
sedução da primeira escolha, se detemos e refutamos os gados constitutivos da razão (Blanché, 1983, pp. 20-22).
pensamentos que nascem da primeira observação. Toda
objetividade, devidamente verificada, desmente o pri- A epistemologia da deformação é fecunda ao nos
meiro contato com o objeto. Ela deve, em primeiro lu- depararmos com o problema em torno dos conceitos
gar, criticar tudo: a sensação, o senso comum, inclusive científicos. Segundo Bachelard, um conceito científi-
a prática mais constante, e finalmente a etimologia, pois co só pode ser produzido, nunca dado de antemão. Se
o verbo, feito para cantar e seduzir, raramente coincide há uma recusa radical de uma realidade independente
com o pensamento. Longe de maravilhar-se, o pensa- de uma operação de pensamento, o trabalho científico
mento objetivo deve ironizar. Sem essa vigilância malé- se dá sempre no sentido de um recomeço. Portanto,
vola, não assumiremos jamais uma verdadeira atitude para o espírito científico uma rede conceitual serve
objetiva (Bachelard, 1999, pp. 1-2). para estruturar uma experiência. Uma primeira conse-
quência que temos, a partir de então, é que não faz
A subversão das noções de experiência e objeto sentido falar em conceitos isoladamente, pois estes só
operadas pela ciência moderna trouxe como con- são definidos a partir da relação em que se encontram
sequência direta a possibilidade desta última recusar tramados. E mais, a formação de um conceito científi-
qualquer realidade que não seja produzida. Não há co se coloca sempre no sentido de um trabalho. Não
mais uma realidade independente de um pensamento basta evocarmos uma palavra para designar um con-
que a torna possível; não existe nenhum objeto que ceito. Ao contrário dessa posição que procura definir
não seja definido operatoriamente. Dessa forma po- a priori os conceitos com os quais lida, Bachelard
demos deslocar o obstáculo epistemológico, antes demonstrou que este trabalho conceitual, próprio ao
situado nas noções de objeto e experiência, para a espírito científico, se realiza por uma “complicação”
própria ideia de um obstáculo realista. Seja evocando de um sentido já estabelecido. Dito de outra maneira,
a experiência ou os objetos, sempre encontramos, a realização de um conceito não acontece em função
segundo Bachelard (1996), implicada nestas filosofias deste se colocar em conformidade com a realidade,
a ideia de uma realidade que se impõe ao pensamento: mas sim de que ele possa funcionar como condição
“O realismo é uma metafísica infecunda, já que susta para se pensar uma realidade. Bachelard definiu esse
a investigação, em vez de provocá-la” (Bachelard, trabalho da seguinte forma:
1996, p. 27). E por que infecunda? Ora, se pensarmos
a atividade científica como sendo da ordem de produ- A conceitualização totaliza e atualiza a história do con-
ção de novos problemas e questionamentos, não faz ceito. Além da história, impelida pela história, ela sus-
sentido falarmos em função realista que pretende cita experiências para deformar um estágio histórico do
sempre colocar um indubitável para o conhecimento, conceito. Na experiência, ela procura ocasiões para
isto é, uma instância da qual não partem questiona- complicar o conceito, para aplicá-lo, apesar da resistên-
cia desse conceito, para realizar as condições de aplica-
mentos, mas, antes, apenas reconhecimentos. Não
ção que a realidade não reunia. É então que se percebe
devemos nos esquecer que ao evocarmos a ideia de que a ciência constrói seus objetos, que nunca ela os
um indubitável nos deparamos imediatamente com a encontra prontos. A fenomenotécnica prolonga a feno-
ideia de imutável e eterno. menologia (Bachelard, 1996, pp. 76-77).
Entretanto, ao contrário dessa posição realista, a
ciência é bem-sucedida justamente pelo seu caráter de Em função dessa definição podemos extrair duas
infinitude e parcialidade. E mais, ela triunfa exata- consequências. Em primeiro lugar, vemos que não há
mente por admitir como um de seus princípios uma possibilidade de estabelecermos um método regular-
epistemologia da deformação contra a face realista mente fecundo para a ciência. Esta encontra sua

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fecundidade ao trabalhar sempre na perspectiva de No entanto, a despeito desta exigência científica


que o método possa fracassar. A condenação de um que é esboçada no Projeto, Jacques Lacan nos disse,
método sempre nos apontará uma novidade. É por esta em seu seminário A Ética da Psicanálise (1959-
razão que Bachelard afirmou que uma crise nos méto- 60/1988), que esta exigência não possui relação com
dos “é imediatamente uma consciência da reorganiza- os fatos clínicos com os quais Freud lida, mas antes,
ção do método” (Bachelard, 1977, p. 125). Em função diz respeito às próprias questões de Freud:
disso, um método nunca é anterior ao sentido do pro-
blema. A ciência triunfa exatamente por seguir um Essa tentativa de formulação hipotética se apresenta
caminho oposto ao de uma unidade metodológica e da com um caráter único no que nos resta escrito de Freud
colocação de um método anterior ao sentido do pro- – e não se deve esquecer que ele se cansou dela e não
blema. quis publicá-la. Certamente ele a colocou preto no bran-
co para responder às exigências dele com ele mesmo,
Em segundo lugar, na perspectiva de Bachelard, diante dele mesmo. Mas é preciso dizer que ela não faz
trabalhar um conceito não é outra coisa senão defor- referência alguma, pelo menos aparentemente, aos fatos
má-lo. Dominique Lecourt (1969) afirmou que a clínicos, que constituem, para Freud, todo o peso das
epistemologia bachelardiana admite um sentido total- exigências com as quais lida. Aqui, ele está conversando
mente novo para a noção de erro. O caráter fecundo consigo mesmo, ou com Fliess, o que, no caso, é quase
da ciência está intimamente relacionado à tese de que a mesma coisa. Ele faz para si mesmo uma representa-
o erro não é outra coisa senão uma oportunidade de ção provável, coerente, uma hipótese de trabalho para
deformação, uma possibilidade de uma nova organi- responder a algo cuja dimensão se encontra, aqui, mas-
zação dos conceitos. “A positividade do erro faz parte carada, eludida (Lacan, 1959-60/1988, p. 40).
dos axiomas de sua epistemologia” (Lecourt, 1969, p.
41). Assim, acreditamos que é a partir da epistemolo- Sabemos que, à época da elaboração do Projeto,
gia da deformação que podemos sustentar nossa tese Freud se deparava com o problema de estabelecer uma
de que a psicanálise e a ciência são compatíveis por etiologia sexual para as neuroses. Renato Mezan
adotar princípios semelhantes para encaminhar os (2003) defende a tese de que o Projeto serviu para
problemas. É esse modo de se encaminhar as questões fundamentar quantitativamente a teoria da sedução
– que ressalta, além da separação dos campos de pro- traumática. O problema do conteúdo sexual das ideias
blemas, um impasse como condição para a produção que são penosas ao sujeito já era uma preocupação
de uma experiência nova e a possibilidade de formu- desde seu trabalho em parceria com Breuer. Nos Es-
lação de novos conceitos a partir destes impasses – tudos Sobre a Histeria (Breuer & Freud, 1893/1996)
que podemos definir a característica fundamental do as histéricas lhes mostraram que seus sofrimentos
espírito científico. sintomáticos ocorriam devido a um conflito psíquico
entre as ideias que se encontram em uma corrente de
Deformação e os anos de fundação da psicanálise associação normal da consciência, e aquelas outras
No Projeto Para uma Psicologia Científica que são impedidas de entrar em associação com as
(1895/1996) podemos demarcar um posicionamento primeiras, e às quais eram negadas a ab-reação de sua
de Freud frente às ciências de sua época: vemos seu quota afetiva. No artigo As Neuropsicoses de Defesa
interesse em estabelecer uma explicação para os pro- (1894/1996), Freud afirmou que a defesa se arma
cessos psíquicos, tomando por base os processos neu- contra o investimento em uma ideia intensamente
ronais a partir de uma fisiologia do sistema nervoso. penosa ao sujeito. Vemos, a partir de tais afirmações,
Podemos indicar, de saída, que o interesse de Freud que o problema quantitativo serviu à sustentação de
em fazer da psicanálise uma ciência se coaduna ao sua hipótese neste momento. Uma defesa realizada
objetivo que traça ao escrever o seu Projeto. Escreve pelo eu coloca um problema de quantidade, ou de uma
ele que o objetivo de tal texto “é estruturar uma psi- intensidade dessas quotas afetivas: se o eu se defende
cologia que seja uma ciência natural: isto é, represen- de uma ideia sexual incompatível, esta última deve ter
tar os processos psíquicos como estados quantitativa- uma intensidade elevada para que este mecanismo
mente determinados de partículas materiais especifi- alcance seu sucesso (Freud, 1894/1996, p. 73). Qual
cáveis” (Freud, 1895/1996, p. 395). Essas “partículas seria esta intensidade? E ainda, por que estas ideias
materiais”, a saber, são os neurônios. Dessa forma, é a adquirem esta característica? O que há em relação ao
partir de um funcionamento neuronal que Freud pre- sexual que o torna incompatível? Estas são as pergun-
tende representar os processos psíquicos. tas que serviram de guia para a redação do Projeto.

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O que vemos é Freud abandonar a ideia de apare- Admitindo-se que a teoria dos discursos é uma literali-
lho psíquico em termos neuronais postulada no Pro- zação dos lugares e dos termos, o corte é, antes de tudo,
jeto em função da hipótese do inconsciente. Nosso o apontamento de um impossível literal. Impossível que
ponto de interesse é atentar a este abandono realizado um sistema de letras seja um outro; impossível para um
sistema de letras passar sem transtornos a um outro sis-
por Freud de sua principal teses até aquele momento:
tema de letras. Em outras palavras, não existe transfor-
a de que a neurose é causada por desarranjos energéti- mação interna a um sistema; toda transformação é pas-
cos no interior do sistema nervoso. Por outro lado, sagem de um sistema a outro (Milner, 1996, p. 49)
vemos também os métodos hipnótico, catártico e de
“pressão na testa” serem abandonados em detrimento Portanto, a proposição “só há pensamentos incons-
da técnica da associação-livre. cientes” feita em 1900 levou o aparelho psíquico a
A premissa de que há pensamentos inconscientes uma dinâmica considerada impossível antes de Freud.
fornece as condições para que a psicanálise, a partir de Os mecanismos de deslocamento e condensação
então, estabeleça a lógica para a formação de um sin- assumiram o papel de operadores de um modo de
toma não mais apelando a uma possível objetivação funcionamento psíquico. Assim, a ruptura que situa-
da fisiologia cerebral: não se trata de afirmar uma mos entre estes dois textos diz respeito ao conceito de
lógica do funcionamento psíquico em função de uma inconsciente, o qual adquire sentido estritamente psi-
energia neuronal. Antes, é em torno do que Freud canalítico a partir de um trabalho de deformação. Sobre
chamou dos mecanismos de condensação e desloca- a importância deste trabalho, Bachelard afirmou na
mento como modo de relações entre representações – Filosofia do Não (1978) que “só existe um meio de
ou, segundo a terminologia lacaniana, significantes –, fazer avançar a ciência; é o de atacar a ciência já cons-
é que podemos situar a questão da formação de um tituída, ou seja, mudar sua constituição” (Bachelard,
sintoma. Com efeito, é em função da lógica que 1978, p. 19). O conceito de inconsciente aparece com
comanda a cadeia significante que Freud defende a a publicação da Interpretação dos Sonhos sistemati-
tese de que os sonhos são realizações de desejos zado a partir de um trabalho de deformação, caracte-
inconscientes. rística imprescindível a um procedimento compatível
Um modo novo de se colocar um problema nos com o espírito científico. Esta é a diferença que pre-
indica um impasse que foi superado. Superar um im- tendemos marcar. No Projeto a marca do cientificismo
passe é estabelecer novas coordenadas para se tratar é um impasse; e um impasse é a condição de um ato.
de um problema. Porém, essa superação longe de nos O corte como efeito de um ato deve levar em conta
indicar um continuísmo, nos conduz necessariamente um impasse que foi superado. Em outras palavras, não
à ideia de corte epistemológico. Por isso, acreditamos podemos nos limitar a teses simplistas de que o Pro-
que a Interpretação dos Sonhos rompe com o ideal jeto é uma falácia científica. Só inserindo o Projeto na
cientificista do Projeto. Não há uma evolução gradual série de erros fecundos é que podemos colocar a
dos conceitos que culminaram nas teses centrais da questão de uma ruptura fundadora da psicanálise.
psicanálise em 1900. Acreditamos, ao contrário, que a
ideia de ruptura não pode sugerir uma evolução. Os CONCLUSÃO
termos utilizados por Freud nos dois textos podem até Jacques Lacan afirmou em seu texto Do Sujeito
ser os mesmos – por exemplo, no Projeto já temos a Enfim em Questão (1966/1998) que “o fato de a psi-
afirmação de que o pensamento é um processo in- canálise ter nascido da ciência é patente. Que pudesse
consciente, mas não devemos perder de vista que ter surgido de outro campo é inconcebível” (Lacan,
neste o pensamento é definido como um grupo especí- 1966/1998, p. 232). Esta afirmação de Lacan nos
fico de neurônios (ȥ) responsáveis pela memória –, aponta que mesmo não sendo uma ciência propria-
mas os conceitos não. Jean-Claude Milner (1996) mente dita, a psicanálise está intimamente ligada a
evoca a teoria lacaniana dos discursos para afirmar esta. Esta ligação diz respeito, segundo Lacan (1965/
que se existe corte entre dois discursos, isto equivale a 1998), ao fato da psicanálise operar sobre o sujeito da
dizer que entre um e outro não encontramos sinonímia ciência. Segundo Lacan, existe uma relação entre a
nas proposições. Na obra freudiana, as proposições do psicanálise e a ciência que possibilita à psicanálise
Projeto não são sinônimas das proposições da Inter- operar sobre o sujeito da ciência. “Não há ciência do
pretação dos Sonhos. Para concluir este raciocínio, homem porque o homem da ciência não existe, mas
citemos Milner: apenas seu sujeito” (Lacan, 1965/1998, p. 873). A

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afirmação de que a psicanálise opera sobre um sujeito, de problema, uma vez que tudo aquilo que não é cien-
e que este sujeito é o sujeito da ciência, só é possível tífico é desprovido de validade, organização e sentido.
de ser formulada levando em consideração as conse- Ora, se entre os campos de problemas não há conti-
quências que o advento da atividade científica moderna nuísmo, em primeiro lugar devemos questionar se o
implicam. Consequências que, para serem pensadas, sentido do problema é científico ou não. Este impasse
devem levar em conta uma epistemologia específica, nos conduz a pensar este princípio como contrário ao
ou seja, a histórica. pensamento científico. Se a ciência se constitui a par-
O advento da atividade científica não implica outra tir de uma rede precisa de relações, que se abre ao
coisa senão em considerarmos o sujeito como um infinito, sendo a parcialidade uma característica do
efeito do discurso científico. É em relação a essa dis- fenômeno produzido, não é possível traçar um ideal
junção entre saber e verdade que Lacan (1965/ 1998) para esta atividade. Sem dúvida, o ideal da ciência
afirmou que a ciência foraclui a verdade e que seria traz como efeito uma ciência finita. A afirmação de
tarefa da psicanálise se ocupar com o problema da um ideal científico é verdadeiramente contrário ao
verdade. Segundo Bachelard, no campo científico de caráter inventivo e infinito da ciência; não faz sentido
problemas não podemos estar às voltas com o proble- o estabelecimento de um critério que delimitaria este
ma da verdade. Isso se deve porque se consideramos a ideal anteriormente ao sentido de um problema.
atividade científica como sendo da ordem de produção Com efeito, a compatibilidade lógica entre a psica-
de novos problemas e questionamentos, não faz senti- nálise e a ciência se dá justamente pela separação dos
do estabelecermos uma verdade universal para seus campos de problemas. E, uma vez estabelecida uma
princípios e para a lógica de seu discurso. Ora, a ativi- não subordinação de um campo de problemas ao outro
dade científica – sendo aquela que se constitui sob os é que a compatibilidade lógica entre o pensamento
parâmetros de objetivação, parcialidade e infinitude – psicanalítico e o pensamento científico deve ser traçado
se coloca que tipos de problemas? Seriam problemas a partir de um mesmo princípio para tratar e encami-
relativos a uma verdade – que em psicanálise enten- nhar os problemas. A epistemologia da deformação
demos sempre como o sujeito se colocando insatis- demonstra que o ato de conhecer dá-se contra conhe-
feito em relação ao desejo? Essa pergunta, a nosso cimentos mal estabelecidos e, a perspectiva de erros
ver, é fundamental para a psicanálise, pois a ciência, retificados é o que precisamente caracteriza o espírito
ao tratar de uma objetividade estabelecendo leis e científico. Dessa forma, acreditamos que o pensa-
teoremas, afasta o problema de uma verdade para o mento freudiano é solidário à lógica de um mundo
seu discurso. O problema da verdade no mundo mo- moderno, pois, como nos aponta Bachelard:
derno tem um nome, a saber, o sujeito.
Portanto, retornando a Freud, e seguindo esta linha O cientista não vê que a ignorância é um tecido de erros
de raciocínio, vemos que é precisamente sob o modelo positivos, tenazes, solidários. Não vê que as trevas espi-
de um ideal científico que Jean-Claude Milner coloca rituais têm uma estrutura e que, nestas condições, toda
o problema da relação de Freud com a ciência: se experiência objetiva correta deve implicar sempre a cor-
reção de um erro subjetivo. Mas não é fácil destruir os
existe uma insistência de Freud em tomar uma expe-
erros um a um. Eles são coordenados. O espírito cientí-
riência clínica, tal como a psicanálise a entende, por fico só se pode construir destruindo o espírito não-cien-
uma experiência científica, esta insistência “reside tífico (Bachelard, 1978, p. 6).
naquilo que concordamos em chamar de cientificismo
de Freud, e que nele é apenas um assentimento confe- Ao assumir os riscos de falsas construções teóricas
rido ao ideal da ciência” (Milner, 1996, p. 30). Em ou- e experimentando erros na tentativa de estabelecer a
tras palavras, o problema poderia ser assim articulado: “direção do tratamento”, mas se atendo ao sentido de
o que deve ser a psicanálise para constituir uma ciên- um problema, Freud estabeleceu, a partir do conceito
cia conforme o modelo? A preocupação de Milner ao de inconsciente um modo novo de se conceber o psi-
fazer esta afirmação é defender que a psicanálise, ao quismo e, consequentemente, uma clínica, fundando a
contrário de se subordinar à ciência, mantém com esta psicanálise.
uma relação de compatibilidade lógica.
Idas e vindas, mudanças de posições que produzem
O ideal de ciência freudiano é, então, um problema, novos problemas: essas são as características da for-
como nos demonstra Milner. Isso porque um princípio mação de um conhecimento compatível com a lógica
cientificista nos aponta um grave impasse. Este prin- científica. E esta lógica, segundo afirmou Bachelard,
cípio não leva em conta uma ruptura entre os campos foge da certeza e da unidade, encontrando na homo-
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Última revisão: 12/08/2009
Janeiro: Imago. (Original publicado em 1938)
Aceite final: 28/09/2009

Sobre o autor:

Tiago Iwasawa Neves: Professor Assistente da Faculdade Pitágoras (Campus Ipatinga). Mestre em Psicologia pela Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG). Colaborador do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Psicanálise (NUPEP) da Universidade Federal de São João
Del-Rei (UFSJ). Membro do Centro de Estudos e Pesquisa em Psicanálise (Cepp – Vale do Aço).
Endereço para correspondência: Praça Dom Helvécio, 74 – 36310-160 São João del Rei – MG.
Endereço eletrônico: tiagoiwasawa@hotmail.com.

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