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Fitoterápicos no Refluxo Gastroesofágico

Profa. Gisele Vieira – Nutricionista Clínica/Docente - Fitoterapêuta


Mecanismos de ação – Fitoterapia em Gastrites
• Efeito AOX e Remoção de radicais superóxido

• Atuação na síntese de ácido aracdônico (pró inflamatório)

• Estabilização de membrana e redução na peroxidação lipídica

• Aumento na produção de mucina (aumento de PGE2) e alguma ação sobre a


secreção ácida

• Redução de leucotrienos (pró inflamatório)

Créditos: Aula Profa. Sula de Camargo, 2014


Alonso J. Fitomedicina: Curso para profissionais da área da saúde. São Paulo: Pharmabooks; 2007. Panizza ST. Como prescrever ou recomendar plantas medicinais e fitoterápicos. Maranhão:
CONBRAFITTO; 2010. Santos-Oliveira R, Coulaud-Cunha S, Colaço W. Revisão da Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek, Celastraceae. Contribuição ao estudo das propriedades farmacológicas. Revista
Brasileira de Farmacognosia 2009, 19(2B): 650-659. Fintelmann V, Weiss RF. Manual de Fitoterapia. 11ª ed. revisada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2010. Marques LC. Processo é fundamental para
padronização dos extratos. Phytociência 2005. Ano 1, nº 2. Santos AS, Perez CC, Tinis AG, Bplzani VS, Cavalheiro AJ. Clerodane diterpenes from leaves of Casearia sylvestris Swartz. Quimica Nova 2007,
30 (5): 1100 -1103. Sertie JAA, Carvalho JCT, Panizza S. Antiulcer Activity of the crud extract from the leaves of Casearia sylvestris. Pharmaceutical Biology 2000, 38. 112-119.
Anti-
Inflamatório

Digestivos
Ansiedade
Amargos

Antiemético Carminativos

Infecção Antiácidos
H. pylory Anti-ulceroso
• Glycyrriza glaba • Mentha piperita • Glycyrrizza glaba
• Matricaria • Peumus boldus • Matricaria chamomila
• Mentha piperita • Zingiber officinallis
chamomila • Rosmarinus officinalis
• Rosmarinus officinalis • Casearia sylvestris
• Maytenus ilicifolia
• Baccharis trimera
• Baccharis trimera

Anti- Inflamatório Digestivos Antiácido


AOX
Carminativo
Amargos Anti-ulceroso

• Casearia sylvestris • Passiflora incarnata


• Zingiber officinalis
• Melissa officinalis
• Maytenus ilicifolia • Erythrinia mulungu

Infecção H.
Antiemético Ansiedade
pilory
Peumus boldus
(Boldo/Boldo do Chile)
Peumus boldus (Boldo/ Boldo do Chile)
Chile

Parte Utilizada: folhas

Constituintes Fitoquímicos:

• Óleo volátil ou essencial (ascaridol e cineol dentre outros) Alcalóides do tipo


aporfina (boldina, isoboldina denre outros)

• Derivados flavônicos (kambferol, catequinas...) flavonóides (catequina...)

Famacopéias: Alcaloides totais 0,1% à 0,2% ou mais à Calculada como boldina


Variação conforme localização da plantação.
Alonso, 2016
Peumus boldus (Boldo/ Boldo do Chile)

USOS:
üDigestivo
üHepatoprotetor
üEupépticas e coleréticas
üInfusão: protetora dos efeitos do paracetamol (Lanhers, 1991)
üEstudos in vivo: doses bem toleradas.
Doses elevadas: irritação renal, vômitos e diarréia. Efeitos narcóticos, paralisantes
e convulsivantes (boldina)
üCasos descritos de dermatite alérgica.
Saad et al, 2016
Memento Fitoterápico, 2016
OMS, Plantas Aromáticas
Peumus boldus (Boldo/ Boldo do Chile)
ANVISA - IN 2 / 2014 ANVISA – RDC 10/2010

Peumus boldus
Peumus boldus Molina Nome Popular: Boldo-do chile
Nome popular: Boldo, Boldo-do-Chile Derivado vegetal: Folhas em Infusão
Parte usada: Folhas Dose: 1 a 2 g em 150 mL (xíc chá) - 1 xíc chá 2 x ao dia
Padronização/Marcador: Alcaloides totais expressos em Via: Oral
boldina Usos: Dispepsia, colagogo e colerético
Derivado vegetal: Extratos Contra-Indicação: Obstrução das vias biliares, doenças
Alegação de uso: Colagogo, colerético, dispepsias funcionais severas no fígado e nos casos de gravidez.
e distúrbios gastrointestinais espásticos Cautela: Usar cuidadosamentee em pessoas com doença
Dose Diária: 2 a 5 mg alcaloides totais expressos em boldina hepática aguda ou severa, colecistite séptica, espasmos do
Via de Administração: Oral intestino e íleo e câncer hepático.
Restrição de uso: Venda sem prescrição médica Não exceder a dosagem recomendada
Peumus boldus (Boldo/ Boldo do Chile)

Estudos in vitro e em órgãos isolados: Atividades


colerética e antiespasmódica:

Estudos não-clínicos em ratos: ação colerética - aumento da secreção de bile

Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira - 1ª edição

SALATI, R.; LUGLI, R.; TAMBORINO, E. Valutazione delle proprieta coleretiche di due preparati contenente estratti di boldo e cascara. Gastroenteroly, v. 30, p. 269-272, 1984.
NEWALL, C. A.; ANDERSON, L. A.; PHILLIPSON, J. D. Herbal Medicines: A Guide for Health Care Professionals. London: The Pharmaceutical Press, 1996.
BRUNETON, J. Pharmacognosy, Phytochemistry, Medicinal Plants. Paris: Lavoisier Publishing, 1995.
Peumus boldus (Boldo/ Boldo do Chile)

Investigação clínica dos efeitos do boldo é extremamente limitada e rigorosos


ensaios clínicos randomizados controlados são necessários.
Um ensaio controlado: boldo, ruibarbo e genciana:
q Efeito benéfico sobre uma variedade de sintomas: perda de apetite,
dificuldade de digestão, constipação, flatulência e coceira.
q Ruibarbo e genciana: mais eficaz em relação aos sintomas relacionados à
perda de apetite
q Boldo mais eficaz no alívio de problemas relacionados à obstipação.
Barnes et al, 2007
Peumus boldus (Boldo/ Boldo do Chile)
Cautela:
Efeito antiagregante plaquetário – boldina e secoboldina
Uso prolongado não recomendado.

Interações: Pacientes em uso de varfarina ou antiagregantes plaquetários.


DOSES
Alonso, 2016
Infusão: 1 a 2 g (1,5g = 1 colher de chá) em 150ml de água – 10 minutos. 1 dose antes de cada
refeição principal.

Tintura: (1:10) 0,5ml a 2 ml – 3 x ao dia, antes das refeições


ES (5:1): 1 g equivale a 5g da planta seca – doses recomendadas até 800mg/dia
Pó: 1 a 2 g/dose – 3 x/ dia antes das refeições
Extrato flúido (1:1) álcool à 45% - 10 a 25 gotas, 3 x ao dia antes das refeições.
Glycyrrhiza glabra
(Alcaçuz)
(Glycyrrhiza glaba L. )
Parte Utilizada: Raíz
Constituintes Fitoquímicos:

ü Flavonóides Flavonóis e isoflavonas


ü Chalconas
ü Terpenos - Glycyrrhizin glycoside (1-24%) também conhecido como - Ácido glicirrízico
ou glicirrizínico
ü Óleos voláteis 0,047%.
ü Mais de 80 componentes identificados
ü Outros componentes Aminoácidos, aminas, lignina, amido.
ü Esteróis (b-sitosterol, estigmasterol), açúcares e cera.
Barnes, 2007
(Glycyrrhiza glaba L. )
USOS:

Uso de alimentos
ü O alcaçuz é amplamente utilizado em alimentos como agente
aromatizante.
ü Expectorante, demulcente, antiespasmódico,
ü Propriedades anti-inflamatórias, laxantes, gastroprotetores
ü Coadjuvante: gastrite, úlceras gástricas e duodenais !
reforço da barreira mucosa
ü Antioxidante
ü Hepatoprotetora.
Barnes, 2007
Saad et al, 2016
(Glycyrrhiza glaba L. )
Via de Ação:

ü Inibição da ativação de NF-kB


ü Efeitos anti-inflamatórios secundários à prevenção da indução de um mediador pró-inflamatório
ü Chalconas: Suprime secreção de citocinas pró-inflamatórias (IL-1β, IL-6, iNOS)
ü Inibe COX-2 secundária à ativação inibidora de AP-1 e NF-kB (in vitro e experimental)

ü Semelhante aos corticosteróides, impedindo a formação de substâncias que induzem inflamação;

ü Potencializa ação da hidrocortisona (sem lesão na mucosa gástrica)

ü Inibe migração leucocitária até o local da inflamação


Kang JS, et al. 2006
KwnHS, et al. , 2008
Alonso, 2016.
(Glycyrrhiza glaba L. )
Contra Indicações:
• HAS
• DM II – aumenta meia vida corticosteroides, ação anti-insulínica
• IR
• Hiper-estrogenismo
• Hepatopatia colestática (por ser colerético)
• Glaucoma, ICC, ex-etilistas
• Gestante (Atividade estrogênica)
• Hipopotassemia – potencializa ação mineralocorticóides

Reações adversas:

ü Causa retenção de sódio e perda de potássio, o que leva ao aumento da pressão sanguínea
– atenção uso prolongado.
Chandler, 1997
Brinker, 1998
Barnes, 2007
Saad et al, 2016
(Glycyrrhiza glaba L. )
ANVISA IN2/2014
Glycyrrhiza glabra L.
Nome popular: Alcaçuz
Parte usada: Raízes
Padronização/Marcador: Ácido glicirrizínico
Derivado vegetal: Extratos
Indicações/Ações terapêuticas: Coadjuvante no tratamento de úlceras gástricas e duodenais
Dose Diária: 200 a 600 mg de ácido glicirrizínico
Via de Administração: Oral
Restrição de uso: Venda sem prescrição médica.
Não utilizar continuamente por mais de seis semanas sem acompanhamento médico.

Disponibilidade de ES
Objetivo do estudo: investigar o efeito gastroprotetor da combinação de extratos aquosos de ervas
contra o modelo de úlcera gástrica induzida pela aspirina em ratos.
No estudo, a combinação de extratos vegetais exibiu marcadamente efeitos protetores, indicados por
menor número e menor área de úlceras gástricas em comparação com os do grupo aspirina (P <0,05).
Em conclusão, combinação herbal de alcaçuz (Glycyrrhiza glabra ), casca do caule de Pulasari (Alyxia
reinwardtii) e folha de Sembung (Blumea balsamifera) tem potencial para se desenvolver como agente
gastroprotetor.
üApesar da baixa biodisponibilidade, o efeito gastroprotetor da isoliquiritigenina foi positivo
üPreveniu a ocorrência de úlceras gástricas pela indometacina, que está associada ao aumento da
secreção mucosa gástrica.
üIsso pode sugerir que as propriedades farmacocinéticas da isoliquiritigenina são úteis para predizer
sua eficácia como agente gastroprotetor em um órgão alvo, como o estômago
(Glycyrrhiza glaba L. )
DOSES
Barnes, 2007:
Pó: Raiz em pó 1-4 g – Decocção - três vezes ao dia.
Extrato seco: 0,6g -2,0 g.

Alonso, 2016:
Decocção: 2 a 3% (20 a 30g/litro)- 3 a 5 min – 2 a 3 doses ao dia
Pó: 2 a 5g – 1 a 3x/dia
ES (5:1): 0,2 a 1g/dia
Tintura (20%): 50 a 100gotas – 1 a 3 x ao dia

Ø Intervalo de 150-300 mg por dia parecem ser mais comumente usadas. (Examine.com)

SE USO SUPERIOR A 6 SEMANAS – PRESCRIÇÃO EXCLUSIVAMENTE MÉDICA


Matricaria chamomila
(Camomila)
Matricaria chamomila (Camomila)
Cultivos Alemanha – maior quantidade de óleos essenciais

Parte Utilizada: Botões floridos, catítulos florais

Constituintes Fitoquímicos:
• Óleos essenciais, flavonóides e mucilagens
• Óleos essenciais: antiflogísticos (inflamação), antiespasmolítico
• Alfa bisabolol – antipéptico e antiúlcera
• Flavonóides: espasmolíticos – apigenina, luteína e quercetina

àFlavonóides: Inflamação: inibição de síntese de prostaglandinas e LOX

! Mucilagens: Derivados de ácidos urônicos – inibição de inflamação e


redução da irritação local
Fintelmann e Weiss, 2014
Matricaria chamomila (Camomila)

USOS:
Anti-inflamatória
Espasmolítica
Carminativa
Basterostáticos e fungistáticos
Gastrite aguda - mais específica inflamação aguda de mucosas
Antiespasmódico, ansiolítico e sedativo leve

ü Atividade anti-inflamatória: inibição de mediadores envolvidos – prostaglandinas e


leucotrienos – apigenina principal ação.

ü No óleo essencial (bisabolol e flavonóides) – inibição da ação das prostaglandinas


Fintelmann e Weiss, 2014
Memento Fitoterápico, 2016
ü Objetivo: determinar o efeito protetor do extrato de decocção de camomila
(Matricaria recutita L.) em úlcera induzida por etanol e estresse oxidativo na
mucosa gástrica em ratos.

ü Um potencial efeito gastroprotetivo contra a úlcera induzida pelo EtOH e o


estresse oxidativo.
ü Propriedades antioxidantes e diversos mecanismos de defesa da mucosa.
ü Decocção de camomila (CDE)
ü Famotidina (FAM)
ü Acido ascórbico (AA)
ü Etanol (EtOH)
Matricaria chamomila (Camomila)
Contra Indicação: Alergias à plantas da família asteraceae (lactonas sesquiterpênicas).
Cautela a administrar na gestação e crianças menores de 6 anos.
Interações com varfarina, estatinas e contraceptivos orais.
(Memento Fitoterápico, 2016
Monografia Comissão E Alemã)

Dose:
Alonso, 2016;
Infusão: 3g (1 colher de sopa) 150ml água
Tintura: 50 a 100 gotas ao dia
ES: 300 mg a 1g/dia – divididos em 3 doses
Pó da Planta: 300 a 500mg – 1 a 3x ao dia

Fintelmann e Weiss, 2014


Infusão: 2 a 3 colheres de chá – 150ml de água. Infusão 5 à 10 minutos. 3 a 4 x ao dia
Maytenus ilicifolia
(Espinheira Santa)
Maytenus ilicifolia - (Espinheira Santa)
Sul e Sudeste do Brasil

Parte Utilizada: Folhas

Constituintes Fitoquímicos:
ü Alcalóides,
ü monoterpenóides, sesquiterpenóides, triterpenóides,
ü fitoesteróis (campesterol, estigmasterol, dentre outros),
ü flavonóides (catequinas, epicatequina, quercetina, campferol),
ü antocianinias,
ü ácidos fenólicos (clorogênico),
ü taninos, saponina, resina e traços de minerais.
Saad et al, 2016
Maytenus ilicifolia - (Espinheira Santa)

USOS:
Anti-dispéptico
Antiácido
Protetor da mucosa gástrica.

ü Taninos (epigalocatequina) e Terpenos (fridenelol)


o Proteger a mucosa gástrica
o Regulando a secreção de ácido clorídrico
o Bacteriostática ! Helicobacter pylori
Memento Fitoterápico, 2016
R. TABACH ET AL. Phytother. Res. 31: 915–920 (2017)
(Santos-Oliveira et al ., 2009 )
Maytenus ilicifolia - (Espinheira Santa)

Úlcera péptica e gastrite: vários mecanismos e constituintes

Taninos e terpenóides: efeitos protetores de mucosa gástrica

Estudos CEME (EPM) chá – proteção da mucosa sem elevações de pH – mecanismo de


barreira mucosa

Flavonóides: anti-inflamatórios e antiulcerogênicos: inibição de enzima H+, K+ - ATPase com


redução de produção de NO

Atividade cimetidina: bloqueador de receptores histamínicos H2 – inibindo prod. Ác. Clorídrico

Saad et al, 2016


Memento Fitoterápico, 2016
Maytenus ilicifolia - (Espinheira Santa) - OUTRAS AÇÕES

Efeito Analgésico

Efeito cicatrizante – pele e mucosas

Ação bactericida – H. pylori

Prevenção: neoplasia gástrica ! Efeito AOX triterpenóides

Saad et al, 2016


Memento Fitoterápico, 2016
Objetivo deste estudo é avaliar a eficácia (atividades anti-inflamatória e Analgésica e proteção contra
lesões gástricas.

Conclusão: Maytenus ilicifolia pode representar uma importante alternativa clínica Terapêutica anti-
inflamatória e antiulcerogénica.
OBJETIVO DO ESTUDO:

à Propriedades anti-inflamatórias do extrato bruto de M. ilicifolia em direção à linhagem


Caco-2, como modelo da via inflamatória Toll-like Receptor 2 (TLR-2).

MATERIAIS E MÉTODOS:

à Cultura de Caco-2 com M. ilicifolia

à Avaliadas através da secreção de IL-8 e da expressão gênica associada a TLR-2 de células


Caco-2.
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Maytenus ilicifolia - (Espinheira Santa)
Contra Indicações:
• Lactação – redução da produção e leite
• Gestação
• Criança abaixo 6 anos – falta de segurança
• Efeitos adversos: insônia, sonolência, boca seca, náuseas, gosto estranho na boca, tremor nas
mãos, poliúria, cistite, dor articular nas mãos, diarréia.
• Suspender o uso quando da realização de exames de medicina nuclear. (Memento Fitoterápico, 2016 Apud
OLIVEIRA, J. F. et al, Journal of ethnopharmacology, 2000.)

DOSES
Saad et al, 2016
Infusão ou decocção: 5g para 150ml de água – 3 x ao dia
Droga Vegetal: 3 a 20g ao dia
Saad et al, 2016
Tintura: 15 a 30ml ao dia
Memento Fitoterápico, 2016 ES (10:1): 300 a 600mg/dia
ES padronizado: no mínimo a 3,5% de ácido tânico

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