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aprender-a-escrever

Publicado em NOVA ESCOLA 02 de Setembro | 2017

Língua Portuguesa

Copiar para aprender a


escrever
novaescola

Objetivo(s)

Possibilitar ao aluno:

a reflexão sobre procedimentos de estabelecimento de coesão e


coerência textual por meio da análise de processos de regência e
concordância nominal e verbal;
a utilização de procedimentos específicos para a resolução de
problemas de regência e concordância, respeitando a coesão e
coerência textual;
a construção e/ou ampliação de conhecimentos sobre regência e
concordância nominal e verbal;
a sistematização no uso de conhecimento sobre casos selecionados de
regência e concordância nominal;
a consciência da necessidade de preocupação com a correção da escrita,
em especial quando o contexto de produção prevê a produção de textos
em instâncias públicas de linguagem;
a apropriação de procedimentos de revisão de textos escritos,
utilizando-se o conhecimento discutido anteriormente.

Ano(s)

Tempo estimado

2 aulas.

Material necessário
um texto curto
lousa
giz
folhas grandes de papel
caderno e lápis
um ou mais exemplares de dicionários e de gramáticas

Desenvolvimento

1ª etapa

Introdução

Quando os textos dos alunos apresentarem inadequações de regência e de


concordância nominal e verbal, pode-se ensinar esses processos sintáticos
com um procedimento didático muito simples: a cópia reflexiva.

Organização dos alunos


Os alunos deverão sentar-se em duplas.

Atividade

1) Avise a classe sobre a atividade com uma semana de antecedência,


solicitando-lhes que pesquisem, em casa, o que significam regência e
concordância. Selecione o texto que será usado no dia da atividade, em
função dos aspectos que deseja colocar para reflexão.
A seleção desses aspectos deve ser adequada tanto ao que é possível
aos alunos aprenderem naquele momento, quanto ao que precisam
aprender para ampliarem sua proficiência escritora.
2) Explique como se organizará a aula e quais os seus objetivos.
3) Peça aos alunos que, a partir da pesquisa feita, digam o que
entendem por regência e concordância, escrevendo suas respostas na
folha grande de papel, que ficará exposta na sala para posterior
confronto com os conceitos que surgirem após a atividade.
4) Informe sobre o contexto de produção do texto que copiarão: quem é
o autor, quando foi escrito o texto, em que portador foi publicado, qual
o gênero no qual foi escrito, qual a finalidade presumida do texto,
sempre comparando com os conhecimentos prévios dos alunos a
respeito de todos esses aspectos. Isso possibilita que os alunos
selecionem soluções mais adequadas para o texto, em função desse
contexto discutido.
5) Comece a copiar o texto selecionado na lousa e peça que os alunos o
façam no caderno, simultaneamente.
6) Ao copiar o texto, vá fazendo pausas estratégicas antes dos casos de
regência e concordância. Nesse ponto, faça perguntas de antecipação,
discutindo com os alunos a solução dada por eles. Confronte as
soluções dadas pelos alunos com as soluções encontradas pelo escritor,
do início ao final da cópia.
7) Quando houver dúvida de vocabulário, da regência de algum nome
ou verbo, ou, ainda, de concordância, faça com os alunos pesquisas nos
dicionários e gramáticas. Os casos de regência e concordância vão
sendo grifados para depois serem classificados.
8) Após a cópia, solicite que os alunos reescrevam o texto copiado sem
consultá-lo. Esse procedimento possibilita que os alunos reconstruam o
percurso que fizeram para aprender esses processos sintáticos.
9) Além disso, solicite aos alunos que digam que compreensão têm
desses processos depois da reescrita, confrontando-os com a que
tinham antes da atividade.
10) Depois, solicite que revisem em colaboração com seu parceiro de
dupla sua reescrita e a de seu colega.
Contextualização

A cópia, quando realizada mecanicamente, sem reflexão, é uma


atividade sem nenhum sentido pedagógico. Aqui, ela se reveste de
significação para a aprendizagem, uma vez que existe reflexão sobre a
construção do texto copiado.
O texto selecionado deve ser um bom modelo de texto escrito: crônica,
lenda, fábula, conto breve, notícia, piada e deve ser estudado
previamente por você, em seus casos de regência e de concordância.
Para esclarecimentos de dúvidas durante a realização da atividade, evite
utilizar minidicionários, pois essas edições não contêm muitas das
palavras do nosso idioma.
Na avaliação das reescritas, você ficará tentado a corrigir os erros de
ortografia e acentuação, mas deve deixar essa correção, sem abandoná-
la, para outra ocasião. O aluno, nesse momento, tem que se concentrar
na aprendizagem de conceitos novos.
O estudo da regência e da concordância pode ser sistematizado, ao
longo da 7a e da 8a séries.
No ensino de Língua Portuguesa, não basta possibilitar a reflexão sobre
determinados aspectos do conhecimento lingüístico; é necessário
possibilitar ao aluno a apropriação de procedimentos que permitam ao
aluno utilizar essa reflexão na revisão de seus textos. Estes
procedimentos devem prever o registro da reflexão realizada, o qual
deve ser a referência para as revisões textuais posteriores.
Sobre o trabalho junto aos alunos

Durante o processo de cópia, à medida que a reflexão for se realizando


e que os alunos forem levantando hipóteses sobre a escrita adequada
do texto, é preciso ir indicando os diferentes processos de concordância
e de regência focalizados. Por exemplo: manutenção do tempo verbal;
manutenção do gênero na articulação entre substantivo e adjetivo;
articulação entre pessoa do verbo e sujeito da frase; preposição
adequada para se utilizar para se garantir determinado efeito de
sentido, entre outros.
Ao término da cópia, volta-se aos registros feitos durante a atividade e
deriva-se, desses registros, possíveis regras de uso. Por exemplo: é
preciso verificar se há coerência entre os tempos verbais de uma frase
do texto ou de diferentes trechos do texto ; é preciso cuidar para que os
adjetivos concordem em gênero e número com os substantivos a que se
referem ; quando se for utilizar a expressão de propósito, para significar
a intencionalidade (ou não intencionalidade) de uma ação, é preciso
estar atento para que a preposição utilizada seja DE, e não A: de
propósito é diferente de a propósito , entre outras possíveis.
Esses registros devem ser tomados como referência no processo de
revisão dos textos.
Além disso, é possível derivar da discussão feita, o estudo mais
aprofundado de conteúdos gramaticais como, por exemplo, a noção de
locuções adverbiais; flexão de substantivo, adjetivo e verbos, entre
outros aspectos.
Sobre os aspectos gramaticais tematizados na atividade

Em geral, uma palavra exerce, na oração, duas funções: uma


taxionômica, outra sintática. Função taxionômica é a que a palavra
exerce quanto à classe a que pertence (substantivo, adjetivo, pronome
etc); a segunda função vem a ser a que a palavra exerce em relação a
outros termos da oração (sujeito, complemento, etc.).
A concordância e a regência dos termos que entram na formação da
oração são processos sintáticos, ou seja, são requisitos a que deve
obedecer um termo ao referir-se a outro termo da oração.
Concordância é o processo sintático pelo qual uma palavra se acomoda,
na sua flexão, com a flexão de outra palavra da qual depende. Essa
acomodação flexional pode efetuar-se quanto ao gênero, ao número e à
pessoa.
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordância: 1) nominal, em
que o artigo, o adjetivo, o pronome adjetivo, o numeral e o particípio
concordam em gênero e número com o substantivo a que se referem; 2)
verbal, em que o verbo concorda em número e pessoa com seu sujeito.
Tanto para um como para outro caso, há uma regra geral e regras
especiais.
Regência é a relação de subordinação, ou seja, de dependência dos
termos, uns dos outros, ou ainda, é a propriedade de ter uma palavra,
sob sua dependência, outra ou outras que lhe completem o sentido. A
palavra que está servindo de complemento chama-se regida ou
subordinada; a palavra que é completada, inteirada na sua significação
chama-se palavra regente ou subordinante. Assim é que se diz que as
preposições regem, subordinam palavras, e as conjunções
subordinativas regem orações subordinadas.
Quando o termo regente é um verbo, ocorre a regência verbal; quando
é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio), ocorre a regência
nominal. As relações de regência são na frase indicadas: a) pela posição
em que os termos se encontram na frase; b) pela preposição; c) pela
conjunção subordinativa. (Fonte: Almeida, Napoleão Mendes de.
Gramática Metódica da Língua Portuguesa. 40a ed. São Paulo, Saraiva,
1995.)

Avaliação

O professor deverá estar atento aos acertos e às dificuldades dos alunos,


confirmando e comentando os acertos e intervindo com correções quando
necessário.

Créditos: Heloisa Cerri Ramos Formação: Especialista em ensino da Língua


Portuguesa, do Ensino Fundamental ao Médio, formadora do ensino
Fundamental e Médio, assessora da área de Língua Portuguesa e de
reorganização curricular, em escolas da rede pública e particular.

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