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UM DIÁLOGO ENTRE SIMON, UM MAÇOM DA CIDADE, E PHILIP,

UM MAÇOM VIAJANTE

Uma apresentação de um Catecismo de cerca de 1740

Apresentado na comemoração do 2º Aniversário da ARLS Lyceum


Paranaensis 4046 em 2012.

APRES 1: Boa noite irmãos, e bem-vindos a uma noite bastante única.


Enquanto nós preparamos o salão, talvez nós possamos usar a oportunidade
para fazer algumas introduções prévias à apresentação.

APRES 2: Nós iremos em breve transportá-los para uma Inglaterra de mais de


270 anos atrás, e para uma maçonaria tão antiga quanto o ano de 1724,
apenas sete anos depois da formação em Londres da Primeira Grande Loja, a
parti de quatro lojas que se reuniam na Taverna “Ganso e Grelha”, em Saint
Paul Churchyard, em Londres.

APRES 1: 1724 foi o ano em que as primeiras lojas exteriores à região de


Londres receberam cartas constitutivas, para formar lojas em Bath, Bristol,
Norwich e York. É interessante portanto que o diálogo que iremos lhes
apresentar nesta noite tenha vindo à existência ao tempo desta nova ordem.
Talvez em um período onde os maçons estavam se tornando mais cientes da
sua mobilidade como maçons especulativos, e portanto, conscientizando-se de
como eles deveriam proceder para achar uns aos outros, ou seja, como
poderiam se ‘visitar’ – um conceito que, hoje, nós vemos como coisa simples.

APRES 2: Nós iremos em breve fazer uma apresentação à luz de velas, e


tentar transmitir a sensação de uma maçonaria de uma era passada. Uma
maçonaria praticada em um salão acima de uma taverna; a luz do fogo
inundando o salão e exacerbando as sombras; placas de madeira crua lavadas
e depois desenhadas com fita branca e alfinetes; um tapete no chão decorado
com símbolos antigos, acompanhados por desenhos feitos em tábuas pelo
Cobridor usando nada além de giz e carvão. No escuro nós veríamos uma
representação da Arca da Aliança e outros mobiliários.

APRES 1: O odor da fogueira preencheria um ambiente já pesadamente


perfumado pelas velas, pelo fumo de cachimbo, por bebidas e vinhos fortes,
por carnes assadas; o som de cavalos e de tráfego urbano invade o salão,
permeando-se com o ruído de copos e cantoria da taverna no andar de baixo,
tudo a competir com o trabalho sutil dos maçons acima.

APRES 1: Irmãos, bem-vindos à Inglaterra de 1724.

AMBOS: Bem-vindos a uma nova era na Francomaçonaria.

APRES 3: O “diálogo entre Simon e Philip” está contido no mesmo manuscrito


em que o título “A Completa Instituição da Maçonaria” de 1724. Ele é um entre
vários documentos similares, que nos dão um tantalizante quebra-cabeças
representando a história e origens da francomaçonaria. Ele é algo similar a
outros manuscritos do século 18, mas por outro lado não é idêntico a nenhum
em particular. Ele parece representar uma conversa entre dois maçons, uma
espécie de teste apresentado de tal forma que ele parece insinuar que se
esperava, do outro maçom, que este soubesse de cor as respostas; uma
ilustração de conhecimento do trabalho maçônico, ao invés de uma cerimônia
maçônica em particular. Adicionalmente, ela é acompanhada por seções
explicativas ou notas remissivas que esclarecem ou dão detalhe adicional à
algumas passagens ou palavras usadas no diálogo. Nós utilizaremos as
próprias explicações originais do Autor como parte desta nossa apresentação.

APRES 4: Então o que é isto? Um livro de ritual arcaico? Um meio para o


ensinamento do ritual? Uma ferramenta para disseminação de conhecimento e
folclores maçônicos ? Possivelmente, uma história sobre como dois homens se
encontraram como estranhos e depois partiram como irmãos? Ainda, um
exemplo de como um irmão deveria se apresentar e até mesmo testar as
qualificações de um outro irmão? Ou poderia possivelmente ser ela ministrada
da forma em que vamos apresentar nesta noite, um script para a demonstração
de temas maçônicos a outros maçons – de forma que nesta noite, assim como
nossos antepassados, nós estamos prestes a realizar tal teatro novamente?
Quer nós caiamos no campo histórico ou alegórico, é fascinante pensar que
nesta noite nós iremos experimentar as próprias palavras e linguagens dos
maçons de 270 anos atrás.

APRES 3: A maçonaria exige que nós especulemos. Sua longevidade assim o


requer. A natureza humana espera que nós reflitamos na sua importância. Mas
ela só existe hoje porque maçons do passado contemplaram o seu sentido e
formularam, desenvolveram e refinaram o que nós vamos ouvir esta noite.
Esperamos que suas ponderações sobre esta apresentação também, em
alguma medida, sejam contribuições para um processo de exploração, de
fortalecimento, de consideração sobre nosso passado, de como este passado
formou nosso presente, e de como se pode especular para que ele molde
nosso futuro.

APRES 4: Irmãos: juntem-se a nós em uma jornada enquanto nós


redesenhamos uma viagem de auto-descobrimento, que nossos antepassados
já trilharam centenas de anos atrás, para um destino que é.... quem sabe?
Iluminação? Conhecimento? Aprimoramento? Nós sugeriríamos que o destino
que se almeja não é de tanta importância quando se considera a profundidade
da jornada e a capacidade que ela tem de nos enriquecer; de como ela pode
levar um homem bom a ser um homem melhor. E estando aqui esta noite nós
asseguramos que o caminho para a iluminação continuará a ser percorrido,
enquanto ainda existirem maçons nesta e em outras noites, que se dêem ao
trabalho de retrilhar nossos passos, redescobrir nosso conhecimento,
considerar nossas interpretações, reinventar nossa jornada e aquela feita por
Simon e Philip... e em assim o fazendo, fazer dela a nossa própria jornada.

APRES 1: O que vocês logo vão ouvir, com a exceção de algumas curtas
inserções por meio de explicações, é a linguagem de maçons do século 18,
que não alteramos em nenhum detalhe.
APRES 2: Irmãos, nós lhe apresentamos “Um Diálogo entre Simon, um Maçom
da Cidade, e Philip, um Maçom Viajante”.

APRES 1: Irmão Guarda Interno, por favor apague as luzes.

***

SIM Cavalheiro, eu acabei de receber, dentro de um envelope, um pedaço de


papel nesta forma. Peço-lhe, o que você quer dizer com ele?

PHIL Eu sou um estranho, e querendo companhia e ouvindo que você é um


irmão maçom, tive a coragem de lhe chamar.

APRES 1: Próximo às palavras “pedaço de papel” , o manuscrito contem um


desenho no formado de um esquadro, e que o Manuscrito Sloane, de cerca de
1700, explicou da seguinte forma:

APRES 2 “um outro sinal se faz por meio de entregar um pedaço de papel
cortado na forma de um esquadro, o qual sendo recebido, você poderá se
dirigir a partir de qualquer lugar ou companhia você pertença pela virtude de
seu juramento”

APRES 1: Ele também foi descrito em 1722/23 em “O Franco Maçom: Um


Poema Hudibrastico”, sendo “hudibrastico” uma forma de poesia inglesa, da
seguinte forma:

APRES 2:

“Um homem quando ele precisa beber,


Manda cartas sem pena ou tinta,
Para algum irmão ao alcance,
E faz sua mensagem entender,
o formato do papel será um esquadro,
três vezes dobrado com o maior cuidado”
APRES 1: Será que nesta simples descrição, estamos ouvindo as origens do
que hoje nós chamamos de “convocação”?

SIM E você é um maçom?

PHIL Eu sou assim reconhecido pelos irmãos e companheiros.

SIM E como poderei eu saber que és um maçom?

PHIL Por palavras, sinais, toques, e os pontos de minha entrada.

SIM E qual é a palavra de um maçom?

PHIL A palavra é direita.

SIM Se ela é direita, dê ela a mim correta.

PHIL Eu irei soletrá-la contigo, se você concordar.

SIM Me dê a primeira letra e eu te darei a segunda.

PHIL B

SIM O

PHIL A

SIM Z

PRES 1: Em nossa época e linguagem maçônica, o termo “a palavra é direita”


soa como incomum. A palavra dada a um Maçom em sua iniciação, era e ainda
é claramente BOAZ, mas o uso de uma palavra alternativa provavelmente um
substituto sutil e útil como cuidado contra os ‘intrusos e impostores à
maçonaria’. Este termo também é um substituto com conotações de passagens
das nossas cerimônias; joelho direito dobrado, mão direita em cima da Bíblia
etc. A palavra BOAZ é ela própria tirada do Primeiro Livro de Reis, 7:21:

APRES 2: “E ele levantou os pilares no pórtico do templo e ele levantou o pilar


direito e chamou-o BOAZ”.

APRES 1: Adicionalmente este versículo e de fato todo o capítulo


correspondente eram frequentemente lidas para o candidato após seu
juramento, uma falta triste em nossos rituais modernos.

PHIL A palavra é então BOAZ, mas voces é um estranho para mim, como sou
eu para você. E nós, em boa prática, não devemos responder as três questões
propostas acima, para não sermos averiguados por um fingidor. Eu pergunto, o
que são sinais?

SIM Sinais são todos os esquadros, ângulos e perpendiculares.

PHIL e o que são toques?

SIM Todos os apertos de mão fraternais pelos quais os irmãos se distinguem


uns aos outros.

APRES 1: As notas que acompanham o manuscrito então seguem fazendo um


interessante comentário. Ele se refere à primeira articulação da mão direita de
um irmão como “O Pilar BOAZ”.

APRES 2: Ele explica adicionalmente que o toque de um Companheiro é


chamado pelo nome do segundo grande pilar em um certo pórtico ou entrada, e
que é também o nome de um Vigilante.

PHIL E quais são os pontos de sua entrada?

SIM Esconder e ocultar os segredos de um maçom.


PHIL Como você foi admitido maçom?

SIM Por três toques na porta, o último a uma dupla distância de tempo do
primeiro, e muito mais longo.

APRES 1:Nós agora precisamos fazer uma pausa e averiguar não somente as
palavras mas a forma do ritual do século 17, que o Autor do manuscrito
gentilmente explica. “Esconder e Ocultar” aparece na maioria dos catecismos
antigos e ele é um termo com o qual estamos familiarizados pelo nosso próprio
ritual.

[ATENÇÃO: AQUI EU OMITI DUAS LINHAS QUE EXPLICAVAM A PALAVRA


‘HELE’, QUE EU ACHO QUE SÓ CRIA CONFUSÃO NA APRESENTAÇÃO
POIS A QUESTÃO SÓ FAZ SENTIDO EM INGLÊS. VAMOS DEBATER ISTO]

PRES 2: De maior interesse é a descrição das batidas na porta. As notas


providas pelo Autor afirmam:

APRES 3: “Na porta antes que sejas admitido lá estará um Aprendiz portanto
uma espada desembainhada para velar contra curiosos, como assim são
chamados, contra a escuta”.

APRES 4: “Pois eles são muito cuidadosos nesta tarefa, e uma pergunta
frequentemente é feita:”

APRES 3: “A casa está coberta?”

APRES 4 “Se livre e segura, a resposta é:”

APRES 3: “Ela está coberta”.

APRES 4: “Se não, ou se qualquer pessoa presente não for um maçom, a


resposta será 1descoberta”
APRES 3: “E o aprendiz neófito o levará pela mão e baterá três vezes na porta.
O Mestre pergunta:”

APRES 4: “Quem está aí? E o Aprendiz responde:”

APRES 3: “Alguém que deseja ser feito maçom.’. E o mestre responde:”

APRES 4: “Traga-o.”

APRES 2: A Explicação do século 18 prossegue:

APRES 3: “A razão para os três toques não é conhecida para os Aprendizes,


mas somente para o Mestre, a qual provém de Hiram, o Grão-Mestre do
Templo de Salomão. Havendo sido assassinado por seus três aprendizes, e
havendo sido morto pelo terceiro golpe dado pelo último aprendiz, e por causa
disto eles não descobriram os segredos dele.”

APRES 1: A questão toda das batidas, seu número e, mais importantemente,


seu significado, tem outras explicações possíveis além daquela constante na
primeira preleção: busque e há de encontrar, peça e há de receber, bata e lhe
será aberto. Note também o último dos toques na porta como sendo o mais
alto, o mais enfatizado, assim frisando a importância do mesmo durante a
cerimônia do terceiro grau. Vividamente, isto é um bom exemplo daquele
importante princípio maçônico de que todos os aspectos da maçonaria tem
mais de um significado, mais de uma relevância. Nosso dever é refletir e
moralizar sobre os mesmos, e desta forma, nunca há apenas uma resposta:
Meu entendimento, minha interpretação pode ser tão válida quanto a sua. O
crucial é achar sua própria interpretação pessoal que revele uma coisa vital:
que a linguagem do maçom do século 17 contenha uma mensagem para o
maçom do século 21. O diálogo assim continua:

PHIL Qual foi a primeira pergunta que o mestre te fez quando você foi
admitido?
SIM Se era de minha própria e livre vontade que eu ali vinha para ser feito
maçom. Eu respondi ‘sim’.

PHIL O que você viu antes de ser feito maçom?

SIM Nada que eu tenha compreendido.

PHIL E o que você viu depois?

SIM Três grandes luzes.

PHIL Como você as chama?

SIM O sol, a lua e o Mestre.

PHIL Como eles regem e governam?

SIM O sol ao dia, a lua à noite, e o Mestre à loja.

PRES 1: Aqui, nós retornaremos às notas do Autor, que dão uma fascinante
visão interna das práticas maçônicas do século 17.

APRES 3: “O sol, a lua e o mestre são três velas grandes em grandes castiçais
de madeira, esculpidas em todas as ordens e colocadas em forma triangular na
loja.”

APRES 2: Os maçons do arco real talvez gostem de fazer alguma reflexão


sobre este ponto! Ele continua:

APRES 4: “A loja é comumente feita com fitas brancas pregadas no chão da


loja, de forma que você veja a letra E de Leste e S de Sul etc., feitas de prata
ou metal de pouca espessura, e da mesma forma, a letra G no topo. Em novas
lojas constituídas um quadrante, um compasso, um par de compassos e uma
linha de nível são colocadas no topo da Loja. Os oficiais da loja ficam de pé em
seus lugares devidos com seu pé direito fazendo um esquadro com o pé
esqueqrdo, sua mão esquerda pendurada para baixo como uma linha
perpendicular, sua mão direita sobre seu lado esquerdo do peito fazendo um
esquadro com seus dedos e polegar, com seus aventais brancos vestidos, e
luvas brancas pregadas no lado direito. Esta é a postura e grande sinal que irá
arrebanhar qualquer maçom do topo de uma casa e é chamada de Postura do
Maçom”

PHIL Onde ficava seu Mestre?

SIM No Leste.

PHIL Porquê no Leste?

SIM Para esperar o nascer do sol e mandar os homens ao trabalho.

PHIL Onde ficavam os vigilantes?

SIM No Oeste.

PHIL Porquê no Oeste?

SIM Para esperar pelo pôr do sol e dispensar os homens do trabalho.

PRES 1: Muitos catecismos antigos contém uma pergunta pertinente ao


número de luzes em uma loja, e elas variam bastante no Manuscrito da Casa
de Registros de Edimburgo, que as descrevem como:

PRES 3: “O sol, o mestre e o esquadro”

APRES 2: O Manuscrito Sloane as descreve como sendo:

APRES 4: “O sol, o mestre e o esquadro”


APRES 1: Um manuscrito chamado “O Grande Mistério” as descreve como ...

APRES 3: “O pai, o filho e o espírito santo”

APRES 1: … o que vem a ser uma interessante referência as origens remotas


cristãs da maçonaria, e a um tempo onde as referências cristãs eram
fundamentais para os ensinamentos da Ordem e sua compreensão. Estes
foram gradualmente removidos ao longo dos anos, intencionalmente, para
fazer da maçonaria uma ordem que pudesse englobar todas as fés, todas as
crenças, todos os homens. A dificuldade por vezes gerada ao maçom moderno
que tenta compreender o sentido da maçonaria, é aquela sensação de que as
cerimônias ainda ocasionalmente retém aquele sabor cristão, e ao refletir sobre
a sua importância, nós podemos ser levados a ainda fazer esta comparação.

APRES 2: E outras interpretações podem ainda ser achadas, como:

APRES 4: “”O sol, o mar e o nível”

APRES 3: “Sol, lua e o Mestre Maçom”

APRES 1: E ainda um exemplo final vindo de três manuscritos, incluindo o


Manuscrito Graham, que contém nada menos do que doze luzes!

APRES 4: “Pai, filho, espírito santo, sol, lua, mestre maçom, compasso, régua,
nível, linha, maço e cinzel”

APRES 2: Nós retomaremos o diálogo, e tentemos ver se vocês conseguem


constatar outra influência cristã!

PHIL Onde ficaram os companheiros?

SIM No sul.
PHIL Porque no sul^

SIM Para e receber e instruir todos os irmãos estranhos.


PHIL Onde sentavam os Aprendizes?

SIM No norte, para esconder e ocultar, e aguardar pelo Mestre.

PHIL Você diz que viu três luzes, você não viu nenhuma outra luz?

SIM Sim, uma que muito supera a do sol e da lua.

PHIL E o que foi isto?

SIM A luz do evangelho.

PHIL Porque você foi feito maçom?

SIM Pelo bem da letra G.

PHIL O que ela significa?

SIM Geometria.

PHIL Porquê Geometria?

SIM Porque ela é a raiz e a fonte de todas as artes e ciências.

PHIL E diga, quanto dinheiro você tinha em seu bolso quando foi feito maçom?

SIM Nenhum em absoluto.

APRES 1: O Autor agora explica este importante aspecto, sobre o qual a nossa
atual cerimônia não expande em demasia:
APRES 3: “Esta é uma pergunta astuta para descobrir um fingidor porque eles
removem você de todo o metal ao seu redor, assim como seu dinheiro e fivelas
dos sapados, e para isto dão a seguinte razão: que na construção do Templo,
nenhum metal foi ouvido. De acordo com o Primeiro Livro de Reis, 6:7:

APRES 4: “E a casa, enquanto estava sendo construída, foi feita de pedra


tornada pronta antes de haver para ali trazida. Para que não fosse ouvido nem
martelo nem machado nem outra ferramenta de ferro enquanto a casa
estivesse sendo construída.”

APRES 2: Nós agora seguimos adiante, e desta vez, notem as semelhanças


com a nossa atual cerimônia.

PHIL E como você foi feito maçom?

SIM Nem nu nem vestido, nem de pé e nem deitado, nem ajoelhado e nem de
pé, nem descalço nem calçado, mas na devida forma.

PHIL Como é esta devida forma?

SIM Sobre meu joelho desnudo e dobrado com um par de compassos abertos
em meu peito, e ali eu tomei o sagrado e solene juramento de um maçom.

PHIL Repita o seu juramento.

SIM Eu solenemente juro e protesto perante Deus e sua Venerável Companhia


que eu vou Esconder , ocultar e nunca revelar os segredos ou secretude de um
maçom ou da maçonaria, que seja aqui ou de hoje em dia revelado para mim,
para nenhum homem, mulher ou criança, nem tampouco imprimi-los, carimba-
los ou grava-los ou causa-los a serem escritos carimbados ou gravados em
qualquer objeto móvel ou imóvel ou de qualquer outra forma, onde os segredos
de um maçom ou da maçonaria pudessem ser descobertos, pela penalidade de
ter meu coração arrancado do lado esquerdo do peito, minha língua ser
arrancada do céu da minha boca, minha garganta cortada, meu corpo ser
partido em pedaços por cavalos selvagens, a ser enterrado nas areias do mar
onde as marés fluem em 24 horas, levado embora e queimado até cinzas, e
despejado onde os quatro ventos sopram, para que não haja mais nenhuma
lembrança de mim. Que assim me ajude Deus. Então, o Primeiro Vigilante me
colocou um avental branco com estas palavras: eu lhe coloco a insígnia de um
maçom, mas antiga e honrável que os Cavaleiros da Jarreteira.

PHIL Eu estou convencido que você é um maçom pela repetição de seu


juramento. Agora você pode por favor me fazer as perguntas que você achar
apropriadas.

SIM Eu pergunto onde era mantida a sua loja.

PHIL No vale do Jeosofá, além do cacarejar de uma galinha, do canto de um


galo e do latido de um cão.

APRES 2: Os judeus acreditam que o Messias irá chegar em Jerusalém a partir


do monte das oliveiras. Ao longo das inclinações deste monte está o cemitério
de uso contínuo mais antigo do mundo. Covas são de até quatro mil anos
atrás. A tradição diz que as pessoas enterradas ali seriam as primeiras a
levantar quando o messias viesse. Muitos acreditam que este é o local
profetizado por Joel como sendo o “Vale do Jeosofá” e o local do julgamento
final (Joel, 3:2). Assim, o diálogo poderia estar fazendo referência à
necessidade de que este fosse um lugar de tranqüilidade, de respeito,
reverência e admiração.

SIM Qual era a altura de sua loja?

PHIL Tão alta quanto os céus e tão baixa quanto a terra.

APRES 2: Interessantemente, o Autor esclarece esta passagem da seguinte


maneira:
APRES 3: “Tão baixa quanto a terra e tão alta quanto os céus, porque todas as
lojas costumavam ser mantidas, antigamente, em campos abertos”

SIM Quantos pilares tinha a sua loja?

PHIL Três.

SIM Do que você as chamava?

PHIL Beleza, Força e Sabedoria.

SIM O que elas representam?

PHIL Beleza para adornar, Força para apoiar e Sabedoria para conceber.

APRES 1: Três outros manuscritos antigos também fazem referência a pilares.


No manuscrito Dumfries n.° 4, nós achamos:

APRES 3: “Quantos pilares em sua loja?”

APRES 4: “O esquadro, o compasso e a bíblia”

APRES 2: No manuscrito “O Grande Mistério”:

APRES 3: “Quantos Pilares?”

APRES 4: “Dois, Jaquim e Boaz”

APRES 3: “O que eles representam?”

APRES 4: “A força e estabilidade da Igreja em todas as eras”


APRES 1: E na exposição de Pritchard, Maçonaria Dissecada, nós temos algo
muito similar, como nesta discussão:

APRES 3: “O que suporta uma loja?”


APRES 4: “Três grandes pilares”

APRES 3: “Como eles são chamados?”

APRES 4: “Sabedoria, força e beleza”

APRES 3: “Porque motivo?”

APRES 4: “Sabedoria para planejar, Força para suportar e beleza para


adornar”

APRES 1: A seqüência final do diálogo segue assim:

SIM De que loja você é?

PHIL Da venerável loja de São João.

APRES 2: Os Santos João aparecem para os francomaçons em vários lugares


deste nosso manuscrito. Seu uso em nossos rituais vem sido questionado em
por vários anos. Analisando-os conjuntamente, é dito que os Santos João
Batista e João Evangelista prestam-se para representar o equilíbrio na
maçonaria entre o zelo pela fraternidade, e o aprendizado balanceado. Os
Santos João, postam-se em perfeita e paralela harmonia, representando este
equilíbrio. Em uma aproximação histórica, o festival dos Santos João é tida
como um feriado maçônico muito celebrado em algumas partes do mundo.
Tradicionalmente 24 de Junho (ou o solstício de verão no hemisfério norte) é
tido como o dia de São João Batista, celebrado por muitas culturas ao redor do
mundo. De acordo com o dicionário maçônico do Autor McCoy, participar do
festival de São João durante o verão é um dever de todos os maçons, e deve
servir como um fator de renovação e fortalecimento dos laços fraternais e uma
celebração dos ‘velhos tempos’ da maçonaria. Em essencia, ele funciona como
uma conexão entre o passado e o futuro. Finalmente, nosso manuscrito assim
termina:

SIM Quantos sinais tem um francomaçom?

PHIL Cinco.

SIM Como você os chama?

PHIL Pedestal, Manual, Peitoral, Gutural, Oral.

APRES 1: E nós encerramos com um pensamento a respeito da última questão


feita a Philip, que é: “Quantos sinais tem um franco maçom”, e ele responde
“cinco: Pedestal, Manual, Peitoral, Gutural, Oral.” Então o que ele quer dizer,
ao quê eles aludem e o quê VOCÊ pensa a respeito da sua origem? Há alguma
parte de nossa cerimônia atual que ainda alude a isto? A maçonaria não
deveria compreender apenas uma pessoa que fala, com suas palavras
escorrendo por cima dos demais membros; nem tampouco deveria
compreender apenas a repetição do texto. Deve haver também o objetivo de
entender aquilo que só pode prover da reflexão, consideração e formação de
opinião própria sobre o que é, afinal, a Maçonaria. Então porquê não ser
ousado, não ser aventuroso, refletir sobre esta simples pergunta e formar sua
opinião própria em sua particular jornada de conscientização maçônica, assim
cumprindo sua obrigação, fazendo aquilo que prometeste e alcançando aquele
progresso diário na maçonaria.

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