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COTEQ117

APLICAÇÃO DE ACFM EM JUNTAS DE PLATAFORMAS MARÍTIMAS


Carlos Gilberto David de Souza¹
Orlando Ramos Neto²

SINOPSE

Trabalho apresenta inspeção ACFM realizada em Setembro/2004 nas juntas submersas da


Plataforma Marítima da Petrobrás-PAT3 , mostrando como a Qualificação do pessoal é um fator
indispensável para o resultado da inspeção.

INTRODUÇÃO

Realizou-se uma reinspeção – ACFM nas juntas submersas da plataforma PETROBRÁS/UN-


RNCE/PAT-3 ,localizadas na costa do Ceará, com o intuito de confirmar uma série de trincas
detectadas em inspeção anterior, devido esta inspeção ter sido realizada com pessoal em fase de
treinamento e sem o sistema de filmagem , dificultando o acompanhamento das atividades do
operador de sonda, no que se refere a limpeza, inspeção visual e o procedimento de manuseio da
sonda. Este trabalho mostra como os fatores Qualificação de pessoal , Limpeza e Inspeção Visual,
foram imprescindíveis para identificar que as indicações anteriormente ditas como trincas, eram
simplesmente interferências de irregularidade na solda , mudanças metalúrgicas e ou soldas
adjacentes/transversais.

1 - TÉCNICA ACFM

ACFM ( Alternating Current Field Measurement) visa detecção e


dimensionamento(Comprimento/Profundidade) de trincas superficiais , podendo ser executada em
superfícies pintadas e com revestimento. A capacidade de dimensionar trincas abertas a superfície ,
sem a necessidade de limpar a região da solda até o metal branco, oferece benefícios
potencialmente significativos sobre as técnicas existentes, tais como a inspeção por partículas
magnéticas(PM), líquidos penetrantes(LP) , ACDP, correntes parasitas e ensaio ultra-sônico com
ondas superficiais.
Os trabalhos teóricos realizados no Centro de Testes Não-destrutivos de Wolfson, no Departamento
de Engenharia Mecânica da University College London determinaram a correlação entre os campos
elétrico e magnético. Desta forma, os modelos existentes de campos elétricos em torno de fissuras
podem ser utilizados para dimensioná-las pelo emprego da medição dos campos magnéticos. Esta
capacidade de dimensionar sem a necessidade de contato elétrico tem por base o emprego de
corrente de entrada uni direcional induzida na região sob inspeção.
Duas componentes do campo magnético são medidas: Bx que é influenciado pela densidade de
corrente na superfície da peça e apresenta uma indicação da profundidade da trinca (onde a
densidade de corrente apresenta o menor valor); e Bz que apresenta valores positivos e negativos
causados pelos pólos de corrente gerados nas extremidades da trinca e dessa forma apresenta uma
indicação do comprimento da trinca. O comportamento de Bx e Bz, na presença de uma trinca, pode
ser observado na figura 2. De forma a facilitar a avaliação dos sinais, as componentes do campo
magnético Bx e Bz são plotadas (Bx "versus" Bz) , dando origem ao gráfico
BORBOLETA.(Figura3)
Figura 1 - Esquema da sonda-ACFM.

Figura 2 - Comportamento dos campos magnéticos Bx e Bz na presença de uma trinca.

Figura 3 - Tela ACFM.


2. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

Todo o monitoramento do sistema de suprimento de ar e comunicação e filmagens das operações de


mergulho são executados em um container montado no convés da plataforma. (Fotos1)

Fotos 1 – Equipamento ACFM – AMIGO e Controle do mergulho.

2.1 - Para operações de mergulho foram utilizados: Sinete e Câmara de descompressão.(Fotos2)

Fotos 2 – Seqüência das etapas da operação com o sinete e câmara de descompressão.


3. PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO

Para esta inspeção foram utilizados inspetores ACFM qualificados e operador de sonda com
qualificação em visual de solda.
As regiões das soldas foram limpas de forma a poder ser visualizada as irregularidades e as soldas
adjacentes e transversais que pudessem interferir na passagem da sonda.
Em seguida realizada a marcação em intervalos constantes levando em consideração a geratriz
superior.(Fotos 3)

Fotos 3 – Soldas com regiões limpas e marcações.

Realizada criteriosa inspeção visual, observando e registrando previamente com seta magnética as
irregularidades na solda, áreas esmerilhadas, soldas adjacentes/transversais , ou seja, qualquer
situação que pudesse promover uma interferência no sinal ACFM.
A partir daí foi executada as varreduras com a sonda ACFM , identificando exatamente o momento
da passagem sobre os pontos identificados. (Fotos 4)

Fotos 4 –Seqüência de Inspeção visual e varreduras com sonda ACFM.


4. RESULTADOS DA INSPEÇÃO

Não foram encontrados sinais de trincas. Observou-se que aonde havia marcado previamente os
pontos que causam sinais expurios , obtinha-se um respectivo sinal ACFM. Executando-se
varreduras complementares estes sinais realmente foram caracterizados como indicações associadas
a irregularidade na solda , mordeduras, mudança metalúrgica e ou solda adjacente/transversal.
Comparando os sinais interpretados como trinca na inspeção anterior, observou-se que estavam
exatamente nas mesmas posições das interferências acima descrita. (Figura 4)

Figura 4 - Tela do com sinal de solda adjacente.

5. CONCLUSÕES

A inspeção atual não detectou trincas nas juntas inspecionadas da plataforma PAT-3, ao contrário
do que tinha sido relatado anteriormente.
Esta reavaliação foi possível devido aos seguintes fatores:
• Ensaio ACFM ser executado com uma limpeza mais criteriosa nas juntas.
• Monitoramento das imagens nas atividades submersas, permitindo melhor orientação ao
operador de sonda .
• Utilização de operador de sonda qualificado em ensaio visual , identificando corretamente os
pontos que causam interferências nos sinais-ACFM, situação que não ocorreu na inspeção
anterior, pois o operador de sonda o que não relatou ao inspetor ACFM os pontos de
interferências , apesar de orientado a este respeito, levando com isto a uma interpretação
equivocada dos sinais encontrados, comprometendo o resultado final .
• Qualificação dos Inspetores ACFM.
.
Estes aspectos não foram introduzidos na inspeção anterior, visto que , a norma não torna
obrigatória a qualificação do operador de sonda, apenas dita como prática recomendável, portanto
não relataram ao inspetor ACFM os pontos de interferências , apesar de orientados a este respeito,
levando com isto, a uma interpretação equivocada dos sinais encontrados, comprometendo o
resultado final .
Sugere-se alteração na N-1627, tornando obrigatória a qualificação em visual de solda para o
operador de sonda .

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• PE-3C-00756-B / PETROBRÁS/CENPES: Ensaios e Testes com técnica de ACFM.
• ET – 001/2004/ PETROBRAS/UN-RNCE/ATP-M/MI : Inspeção em Jaqueta (Parte Submersa)
com ACFM.
• N – 2667 / PETROBRÁS: Inspeção com ACFM.
• PE-33-04177-C / PETROBRAS/ ATP-RNCE/MAR: Operações de mergulho nas instalações
submarinas do ATP-RNCE/MAR.
• EP-33-00078-B / PETROBRAS/ATP-RNCE/MAR: Inspeção Submarina em Plataformas e
Dutos do ATP-RNCE/MAR

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¹ Técnico de Inspeção de Equipamentos – EMPRESA PETROBRÁS
² Técnico de Inspeção de Equipamentos – EMPRESA PETROBRÁS

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