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br/rab
e-ISSN 2594-6781
Volume 7 (2023)

Artigo publicado em 08/12/2023

Demanda nutricional da cultura da soja no


Paraná
Bruno Marcos Nunes Cosmo*
Centro Técnico Educacional do Oeste Paranaense – UNIMEO-CTESOP
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Willian Bosquette Rosa
Centro Técnico Educacional do Oeste Paranaense – UNIMEO-CTESOP
Maikon Tiago Yamada Danilussi
Centro Técnico Educacional do Oeste Paranaense – UNIMEO-CTESOP
Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR
Willian Aparecido Leoti Zanetti
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
*Correspondência para: brunomcosmo@gmail.com

RESUMO

A soja representa uma das principais culturas agrícolas mundiais, sendo a principal cultura do agronegócio
brasileiro. Em função de tal importância, todos os segmentos da cadeia de produção também recebem notável
atenção. O manejo nutricional, destaca-se como segmento responsável por elevada parcela do custo de
produção, bem como por influenciar significativamente na produtividade das lavouras. A demanda
nutricional da cultura deve ser considerada como ponto de partida para os manejos nutricionais. Assim, o
objetivo deste trabalho foi determinar faixas de extração e exportação de nutrientes na cultura da soja no
estado do Paraná. O estudo foi conduzido no formato de um levantamento bibliográfico, buscando fontes como
artigos, dissertações e teses referentes a estudos conduzidos no Paraná, apresentando a demanda nutricional
da soja. Os trabalhos foram filtrados conforme o grau de relevância. Para padronizar os resultados, os dados
foram expressos em gramas (g) ou quilogramas (kg) por tonelada (t) de grãos produzida. A extração
representa a quantidade de nutrientes que a cultura necessita para o seu desenvolvimento, enquanto a
exportação representa a quantidade do nutriente que foi removida com o órgão de interesse (neste caso, os
grãos). O conhecimento da demanda nutricional de uma cultura favorece a tomada de decisão e contribui para
um manejo mais assertivo da lavoura, além de elevar a viabilidade da produção.

PALAVRAS-CHAVE: Extração de nutrientes, Exportação de nutrientes, Produtividade.

INTRODUÇÃO
A soja (Glycine max) representa uma das principais oleaginosas produzidas no mundo e a principal
cultura do agronegócio brasileiro desde 1970. A cultura pode ser utilizada na alimentação humana e animal,
aplicações industriais e na produção de biocombustíveis (RHODEN et al., 2020). A partir de 2020, o Brasil
consolidou-se como maior produtor mundial de soja, atingindo 154,6 milhões de t na safra 2022/23. A
produtividade nacional média saltou de 1.546 kg ha -1 (1976-1981) para 3.355 kg ha-1 (2018-2023) (elevação de
117%) (CONAB, 2023). Contudo, acredita-se que o potencial teórico pode ultrapassar 10.000 kg ha-1
(YAMADA, 1982).
O aumento de produtividade é resultado do avanço em áreas como a biotecnologia, melhoramento
genético, manejo fitossanitário e afins. O manejo nutricional destaca-se pelo impacto na cultura, pois
representa a quantidade de nutrientes necessários para o seu desenvolvimento. Quando estes não

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estão presentes em quantidade satisfatória, limitam a produtividade (lei do mínimo) e a viabilidade da
atividade.
Neste contexto, este trabalho teve o objetivo de determinar faixas de extração e exportação de nutrientes
na cultura da soja no estado do Paraná para auxiliar no manejo nutricional.
Metodologia
Desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica, enquadrada como de finalidade fundamental, com objetivos
exploratórios e abordagem quantitativa (PRODANOV; FREITAS, 2013). Foram utilizados artigos e outras
publicações geradas nos últimos 10 anos.
Os locais de busca foram representados por plataformas digitais, utilizando-se descritores como
“demanda nutricional na soja no Paraná”, “extração e exportação na soja” e similares. Os trabalhos foram
filtrados conforme o grau de relevância. Para padronizar os resultados, os dados foram expressos em gramas
(g) ou quilogramas (kg) por tonelada (t) de grãos produzida.
Discussões e Resultados
Extração e exportação são conceitos importantes para o manejo nutricional. A extração representa a
quantidade de nutrientes necessários para a cultura se desenvolver, enquanto a exportação representa a
quantidade do nutriente que é retirada do ambiente de produção por ocasião da colheita, no caso da soja são os
nutrientes removidos pelos grãos. As faixas de extração e exportação levantadas podem ser analisadas nas
tabelas 1 e 2.

Tabela 1. Extração de macro e micronutrientes na cultura da soja no Paraná.

Faixas de Extração de Nutrientes na Soja no Paraná (kg-1 t grãos)


Nutriente 1 2 3 3 4 Amplitude CV
Nitrogênio 82 83 110 148 66 66 148 33
Fósforo 7 15 20 29 6 6 29 62
Potássio 34 38 63 71 30 30 71 39
Cálcio 16 12 17 27 10 10 27 40
Magnésio 10 7 9 15 6 6 15 37
Enxofre 5 15 4 5 13 4 15 62
Faixas de Extração de Nutrientes na Soja no Paraná (kg-1 t grãos)
Boro ***** 77 64 94 67 64 94 18
Cloro ***** 515 ***** ***** 448 448 515 10
Cobre ***** 26 29 45 17 17 45 40
Ferro ***** 460 253 566 277 253 566 39
Manganês ***** 130 47 89 20 20 130 67
Molibdênio ***** 7 ***** ***** 6 6 7 11
Zinco ***** 62 79 86 47 47 86 26
Produtividade
3.000-3.300 ***** 3.800 4.800 ***** 3.000 4.8000 16
(kg ha-1)
2010/11
Safra ***** 2013/14 2013/14 ***** ***** ***** *****
2011/12
Cidade Londrina Londrina Castro Mamborê Estado ***** ***** *****
Fonte: 1) Oliveira Junior et al. (2014); 2) Madalosso (2015); 3) Teixeira et al. (2015); e 4) Pauletti e Motta (2017).

Existe elevada amplitude nos dados, representada pelos valores de CV (Coeficiente de Variação) gerados
para cada elemento. Destaca-se que a extração e exportação de nutrientes pode oscilar em função da cultivar,
manejo e região.
Entre os nutrientes, também existem aqueles com maior oscilação na absorção. Em alguns casos, ocorre a
chamada “absorção de luxo”, onde a cultura absorve quantidades do nutriente muito acima de sua real
necessidade, ou seja, mesmo em quantidades menores, a mesma produtividade poderia ter sido obtida.
Contudo, mesmo com elevada amplitude principalmente nas faixas de extração de nutrientes, estas
informações podem auxiliar um manejo nutricional mais assertivo e eficiente, fornecendo as bases que serão
aperfeiçoadas incluindo-se as informações de cada local de produção.

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Tabela 2. Exportação de macro e micronutrientes na cultura da soja no Paraná.

Faixas de Exportação de Nutrientes na Soja no Paraná (kg-1 t grãos)


Nutriente 1 2 3 3 4 Amplitude CV
Nitrogênio 65 66 63 60 47 47 66 13
Fósforo 6 10 11 10 5 5 11 32
Potássio 20 20 17 16 14 14 20 15
Cálcio 3 3 2 3 2 2 3 21
Magnésio 3 2 3 3 2 2 3 21
Enxofre 3 5 2 2 5 2 5 45
Faixas de Exportação de Nutrientes na Soja no Paraná (kg-1 t grãos)
Boro ***** 20 25 21 17 17 25 16
Cloro ***** 237 ***** ***** 206 206 237 10
Cobre ***** 10 15 14 9 9 15 25
Ferro ***** 70 100 96 76 76 100 17
Manganês ***** 30 21 24 7 7 30 48
Molibdênio ***** 5 ***** ***** 4 4 5 16
Zinco ***** 40 43 33 30 30 43 17
Produtividade
3.000-3.300 ***** 3.800 4.800 ***** 3.000 4.8000 16
(kg ha-1)
2010/11
Safra ***** 2013/14 2013/14 ***** ***** ***** *****
2011/12
Cidade Londrina Londrina Castro Mamborê Estado ***** ***** *****
Fonte: 1) Oliveira Junior et al. (2014); 2) Madalosso (2015); 3) Teixeira et al. (2015); e 4) Pauletti e Motta (2017).

Considerações Finais
O conhecimento da demanda nutricional de uma cultura favorece o processo de tomada de decisão e
contribui para um manejo mais assertivo da lavoura, além de elevar a viabilidade da produção.

Referências
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – CONAB. Série histórica das safras: Soja. 2023. Disponível em:
https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/serie-historica-das-safras/itemlist/category/911-soja. Acessado em: 5 ago. 2023.
MADALOSSO, T. Balanço e eficiência de uso de nutrientes em sistemas de produção de grãos na Região Oeste do Paraná. 2015. 112f.
Dissertação (Mestrado em Agronomia) – UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon, 2015.
OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. Marcha de absorção e acúmulo de macronutrientes em soja com tipo de crescimento indeterminado. In:
REUNIÃO DE PESQUISA DE SOJA, 34., 2014, Londrina. Anais.... Londrina: SBCS, 2014. p.133-136.
PAULETTI, V.; MOTTA, A. C. V. Manual de adubação e calagem para o estado do Paraná. 2 ed. Curitiba: SBCS, Núcleo Estadual do
Paraná, 2017. 482p.
PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico: Métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. Nova
Hamburgo: FEEVALE, 2013.
RHODEN, A. C. et al. Análise das tendências de oferta e demanda para o grão, farelo e óleo de soja no brasil e nos principais mercados
globais. Revista Desenvolvimento em Questão, v.16, n.45, p.93-112, 2020.
TEIXEIRA, W. W. R. Demanda de nutrientes pela soja em sistema de alta produtividade. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA, 7.,
2015, Florianópolis. Anais.... Florianópolis: CBSoja, 2015. p.1-3.
YAMADA, T. “Blueprint” para maximizar a produção de soja. Informações Agronômicas, Piracicaba, v.19, p.1-4, 1982.

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