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Instituto Paulista de Estudos Bioéticos e Jurídicos

Thiara Ferreira Potratz

ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI EM PRIVAÇÃO DE LIBERDADE:


PERCEPÇÃO DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA

Ribeirão Preto
2016
Thiara Ferreira Potratz

ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI EM PRIVAÇÃO DE LIBERDADE:


PERCEPÇÃO DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA

Monografia apresentada ao Instituto Paulista


de Estudos Bioéticos e Jurídicos, como
requisito parcial para obtenção do título de
Especialista em Psicologia Jurídica.

Orientadora: Dra. Ariadne de Andrade Costa

Ribeirão Preto
2016
Thiara Ferreira Potratz

ADOLECENTES EM CONFLITO COM A LEI EM PRIVAÇÃO DE LIBERDADE:


PERCEPÇÃO DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA

Monografia, apresentado ao Instituto Paulista de


Estudos Bioéticos e Jurídicos, como parte das
exigências para a obtenção do título de Especialista
em Psicologia Jurídica.

Ribeirão Preto, ____ de _____________ de _____.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Prof. Dra. Ariadne de Andrade Costa
IPEBJ

________________________________________
Prof. (Nome do professor avaliador)
Afiliações

________________________________________
Prof. (Nome do professor avaliador)
Afiliações
A todos aqueles que de alguma forma estiveram e
estão próximos de mim, fazendo esta vida valer
cada vez mais a pena e acreditando sempre em
mim.
AGRADECIMENTOS

Ao concluir esta etapa, lembro-me de algumas pessoas a quem ressalto reconhecimento, pois,
esta conquista concretiza-se com a contribuição de cada uma delas, seja direta ou
indiretamente.

Em primeiro lugar agradeço a Deus, que me mantém em pé todos os dias da minha vida. Sem
Ele, não estaria aqui.

À minha família que, de alguma forma, incentivaram-me na constante busca pelo


conhecimento. Em especial aos meus pais Zilá e Helmar, a minha avó Guerda, por me
apresentar a simplicidade e o gosto pela vida, inculcando valores sem os quais jamais teria me
tornado pessoa, buscando de fato todos os dias, ser mais humana e sensível às necessidades
dos outros.

As minhas amigas Rhayanna e Natália, que são grande parte da minha fonte de forças nesta
longa trajetória de vida, permanecendo sempre presentes na partilha de minhas conquistas e
frustrações. A minha orientadora Ariadne, pelo suporte, correções e incentivos.
RESUMO

A violência aflige a sociedade brasileira, lançando um sentimento de insegurança e angústia.


Nesse contexto, a sociedade cobra da Administração Pública respostas e soluções, o que é um
desafio para o país. Para os adolescentes em conflito com a lei, o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) prevê medidas socioeducativas que podem ir desde a prestação de
serviços à comunidade até a privação de liberdade. Esta pesquisa buscou compreender o perfil
socioeconômico e demográfico dos adolescentes em conflito com a lei que cumpriram medida
socioeducativa com privação de liberdade em 2014 no Instituto Socioeducativo do Espírito
Santo (IASES). Para isso, foi realizada uma análise descritiva dessas variáveis,
disponibilizados pelo IASES, com os dados retirados do Sistema de Informação do
Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (SIASES). Além disso, 15 desses adolescentes
preencheram um questionário e seus responsáveis legais participaram de uma entrevista
semiestruturada para mais informações socioeconômicas, bem como informações sobre a
percepção dos participantes em relação à medida socioeducativa. Os resultados da pesquisa
poderão contribuir para o conhecimento da Criminologia, Psicologia e Direito,
especificamente na melhoria de aplicação da medida socioeducativa e da prevenção de atos
infracionais.
Palavras-chave: Adolescentes em conflito com a lei; Instituto de Atendimento
Socioeducativo do Espírito Santo; Medida socioeducativa.
ABSTRACT

The violence afflicts Brazilian society, launching a sense of insecurity and anxiety. In this
context, society exacts Public Administration answers and solutions, which is a challenge for
the country. For adolescents in conflict with the law, the Statute of Children and Adolescents
(ECA) provides educational measures that can range from the provision of services to the
community to the deprivation of liberty. This research seeks to understand the socioeconomic
and demographic profile of adolescents in conflict with the law who have served as socio with
deprivation of liberty in 2014 in Socio-Educational Institute of the Espírito Santo (IASES).
For this, it will be a descriptive analysis of these variables, obtained from the Information
System of Socio-Educational Service of the Espírito Santoit. In addition, 15 of these teens fill
in a questionnaire and their legal guardians participate in a semi-structured interview for more
socioeconomic information is obtained, as well as information about the participants'
perception regarding the socio-educational measure. The survey results will contribute to the
knowledge of Criminology, Psychology and Law, specifically in improving implementation
of socio-educational measures and the prevention of illegal acts.
Keywords: Adolescents in conflict with the law; Institute of Socio-Educational Service of the
Espírito Santo; Socio-educational measures.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 ........................................................................................................................... 18

FIGURA 2 ........................................................................................................................... 21

FIGURA 3 ........................................................................................................................... 24

FIGURA 4 ........................................................................................................................... 37
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 .......................................................................................................................... 17

TABELA 2 .......................................................................................................................... 17

TABELA 3 .......................................................................................................................... 18

TABELA 4 .......................................................................................................................... 19

TABELA 5 ........................................................................................................................... 19

TABELA 6 .......................................................................................................................... 20

TABELA 7 .......................................................................................................................... 20

TABELA 8 .......................................................................................................................... 21

TABELA 9 .......................................................................................................................... 22

TABELA 10 ......................................................................................................................... 23

TABELA 11 ........................................................................................................................ 23

TABELA 12 ........................................................................................................................ 23

TABELA 13 ......................................................................................................................... 25

TABELA 14 ........................................................................................................................ 25

TABELA 15 ........................................................................................................................ 38

TABELA 16 ......................................................................................................................... 39

TABELA 17 ........................................................................................................................ 39

TABELA 18 ........................................................................................................................ 39

TABELA 19 ......................................................................................................................... 40

TABELA 20 ........................................................................................................................ 40
TABELA 21 ........................................................................................................................ 40

TABELA 22 ........................................................................................................................ 41

TABELA 23 ........................................................................................................................ 41

TABELA 24 ......................................................................................................................... 41

TABELA 25 ........................................................................................................................ 42

TABELA 26 ........................................................................................................................ 42

TABELA 27 ........................................................................................................................ 42

TABELA 28 ....................................................................................................................... 43

TABELA 29 ......................................................................................................................... 43

TABELA 30 ........................................................................................................................ 44
LISTA DE ABREVIATURAS

CIASE Centro Integrado de Atendimento Socioeducativo

CSE Centro Socioeducativo

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

IASES Instituto de Atendimento Sócio-educativo do Espírito Santo

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PIA Plano Individual de Atendimento

SINASE Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo

SIASES Sistema de Informação do Atendimento Sócio-educativo do Espírito Santo

UFI Unidade de Atendimento Feminino

UNIMETRO Unidade de Internação Socioeducativa Metropolitana

UNIP Unidade de Internação Provisória

UNIS Unidade de Internação Socioeducativa


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 07

1.1. Objetivo Primário ............................................................................................................. 08

1.2. Justificativa ...................................................................................................................... 08

1.3. Hipótese ........................................................................................................................... 08

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 08

2.1. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e Sistema Nacional de Atendimento Só-

cio Educativo (SINASE) ......................................................................................................... 08

2.2. Discussões sobre redução da maioridade penal ............................................................... 10

2.3. Adolescentes em conflito com a lei ................................................................................. 11

3. METODOLOGIA ............................................................................................................. 13

3.1. Local ................................................................................................................................. 13

3.2. Participantes ..................................................................................................................... 14

3.2.1 Critérios de inclusão ....................................................................................................... 14

3.3. Procedimentos .................................................................................................................. 14

3.4. Instrumentos ..................................................................................................................... 15

3.5 Riscos ................................................................................................................................ 15

3.6 Benefícios.......................................................................................................................... 15

3.7 Questões Éticas ................................................................................................................. 15

3.8 Metodologia de análise de dados ...................................................................................... 16

4. RESULTADOS SOCIODEMOGRÁFICOS DOS


ADOLESCENTES................................................................................................................. 16

4.1 Perfil dos Adolescentes em Conflito com a Lei que deram entrada no IASES em 2014.. 17

4.2 Perfil dos Adolescentes que receberam Medida de Internação no IASES em 2014......... 20
4.3 Perfil dos Adolescentes em Atendimento Socioeducativo no IASES em 01/09/2015...... 23

5. RESULTADOS – A PERCEPÇÃO DOS PAIS (OU RESPONSÁVEIS) EM


RELAÇÃO À MEDIDA SOCIOEDUCATIVA................................................................. 26

5.1 Descrição Fenomenológica................................................................................................ 26

5.2 Redução Fenomenológica.................................................................................................. 33

5.3 Interpretação Fenomenológica........................................................................................... 33

6. RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO COM OS ADOLESCENTES EM


PRIVAÇÃO DE LIBERDADE............................................................................................. 37

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 46

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 47

Anexo I – Tabela de Dados dos Adolescentes(SIASES) ........................................................ 50

Anexo II – Entrevista Semiestruturada (Responsáveis) .......................................................... 51

Anexo III – Questionário Estruturado (Adolescente) ............................................................. 52

Anexo IV – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Responsáveis e adolescentes


maiores de 18 anos) ................................................................................................................. 55

Anexo V – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Responsáveis) ........................... 56

Anexo VI – Termo de Assentimento (Adolescentes) ............................................................ 57


14

1. INTRODUÇÃO
A adolescência é o período que sucede à infância, sendo iniciado com a puberdade e
caracterizado por um conjunto de mudanças que compreendem aspectos físicos, mentais,
culturais e sociais. Essa fase costuma estar associada a crises, riscos e diversos outros
conflitos fundamentais para o amadurecimento físico e psicológico do adolescente
(ESTEVAM, COUTINHO & ARAÚJO, 2009).
No cotidiano, atos de violência criminal provocados por adolescentes têm sido
frequentemente reproduzidos pela mídia como uma grande preocupação da sociedade. Os
adolescentes que cometem um ato infracional, são penalmente inimputáveis, segundo artigo
104 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (BRASIL, 1990). Caso sejam
considerados responsáveis pelo crime, recebem medidas socioeducativas, com ou sem
privação de liberdade. Segundo o Sistema Nacional de Medida Socioeducativo
(BRASIL,2012), estas dividem-se em medidas restritivas (inserção em regime de
semiliberdade) e privativas de liberdade, sendo que nesse caso, o jovem é encaminhado para
um Centro de Atendimento Socioeducativo.
A condição peculiar de pessoa em desenvolvimento coloca para os agentes
envolvidos na operacionalização das medidas socioeducativas a missão de proteger, no
sentido de garantir o conjunto de direitos e educar oportunizando a inserção do adolescente na
vida social, fortalecendo os mecanismos de proteção e estimulando o protagonismo juvenil
(VOLPI, 2001).
Porém, sabemos que não é dessa forma, Silva & Silva (2002) afirma que os
atendimentos oferecidos a adolescentes infratores de privação de liberdade, por vezes vão
contra as propostas educativas e geram práticas de desagregação social e se tornam, dentro
das instituições, motivo de tensão, rebeliões, fugas, mortes e até mesmo de reincidência. Com
efeito, o que se constata na prática de atenção a esses adolescentes geralmente desfigura as
reais atribuições das instituições responsáveis pela prática socioeducativa, as quais
desconsideram os objetivos de ressocializar e proporcionar grandes experiências ao
adolescente em seu constante processo de (re)construção (VOLPI, 2001).
Com isso, a presente pesquisa tem por finalidade contribuir com a reflexão acerca
das medidas socioeducativa de privação de liberdade de adolescentes em conflito com a lei.
Para isso, buscamos conhecer aqueles que estavam cumprindo tal medida no Instituto de
Atendimento Socioeducativo do Estado do Espírito Santo (IASES), em Janeiro de 2014 a
Dezembro de 2014, os que entraram no IASES nesse mesmo período e os que estão em
atendimento socioeducativo em 01/09/2015. Também aplicamos questionários a 15
adolescentes internos no IASES e 15 responsáveis legais por adolescentes internos. Nosso
15

intuito é compreender qual a percepção e a experiência desses adolescentes acerca da medida


socioeducativa e quais são os novos projetos de vida depois do desligamento da instituição.

1.1 Objetivo primário


Investigar as informações socioeconômicas, demográficas e a percepção dos
adolescentes internados no Instituto Socioeducativo do Espírito Santo (IASES).

1.2 Justificativa
Existem poucas pesquisas sobre adolescentes em conflito com a lei e a
socioeducação dentro do Estado do Espírito Santo. Além disso, foi o grande aumento dos
casos de infração dos adolescentes veiculados na mídia recentemente. Essas razões nos
motivaram a propor o presente projeto de pesquisa.

1.3 Hipótese
Com base em outros estudos realizados (não apenas no Brasil), a hipótese da
pesquisa é a de que jovens que vivem socioeconomicamente e demograficamente à margem
da sociedade são mais propensos ao cometimento de infrações criminais. Além disso, devem
haver conflitos entre os adolescentes e seus responsáveis. A percepção dos adolescentes em
relação à medida socioeducativa deve ser relativamente semelhante àquela dos responsáveis,
mas os adultos responsáveis pelos jovens devem se sentir um pouco mais satisfeitos com a
medida do que os internos.
16

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e Sistema Nacional de Atendimento


Socioeducativo (SINASE)
No Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), formulado em 1990, são
apresentados os direitos das crianças e adolescentes, substituindo o antigo Código de
Menores. Hoje a nomenclatura “menor/menores” não é mais usada, devido ao estigma vigente
de o “menor” ser um garoto pobre, abandonado e autor de atos infracionais.
De acordo com o artigo 227 da Constituição:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.

Porém, perante a lei, os adolescentes que cometem crime ou contravenção penal,


para os efeitos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA,1990), são considerados
infratores e sua conduta é descrita como ato infracional (artigo 103 da Lei 8.069/90). A
definição jurídica de adolescência do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (BRASIL,
1990), em seu artigo segundo, é: a pessoa que tem idade entre 12 e 18 anos incompletos. Há,
contudo, uma diferença na definição de adolescência para a Organização Mundial de Saúde
(OMS, 1986), para a qual a faixa etária de adolescência vai dos dez aos dezenove anos.
Ao ato infracional praticado por crianças com até onze anos incompletos
corresponderão medidas de proteção (Art. 105 e Art. 101 do ECA); já os adolescentes autores
de ato infracional, conforme artigo 112 do ECA (BRASIL, 1990), serão submetidos a
medidas socioeducativas, aplicadas e operacionalizadas de acordo com a gravidade da
infração, podendo ser:

I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
17

§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de


cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum será admitida a prestação de
trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão
tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.

De acordo com Marino (2013), tais medidas são marcadamente diferentes entre si, ou
seja, os adolescentes são submetidos às medidas de intuitos social e educativo que podem ser
mais brandas ou mais severas, como a privação de liberdade. Apesar da inimputabilidade, o
adolescente, em razão da conduta, pode vir a ter os direitos limitados. A criança em questão
fica sujeita às medidas de proteção, cujas intervenções podem ser estendidas aos pais ou
responsáveis.
As medidas socioeducativas não tinham regulamentação de execução. Por este
motivo, foi-se instituído o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE),
regulamentado pela Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012.
De acordo com o Art. 1, primeiro parágrafo do SINASE:

Entende-se por SINASE o conjunto ordenado de princípios, regras e critérios


que envolvem a execução de medidas socioeducativas, incluindo-se nele, por
adesão, os sistemas estaduais, distrital e municipais, bem como todos os
planos, políticas e programas específicos de atendimento a adolescente em
conflito com a lei.

O ECA e o SINASE obrigam e responsabilizam condutas contrárias, adversas ao


ordenamento jurídico por meio de medidas socioeducativas (Miranda; Aguinsky; Costa et al.
2014). Estas medidas, aplicadas por ordem judicial a adolescentes que tenham praticado ato
infracional, têm por objetivos a responsabilização do adolescente quanto às consequências
lesivas do ato infracional, a integração social do adolescente e a garantia de seus direitos
individuais e sociais e a desaprovação da conduta infracional. Tais medidas são aplicadas
levando-se em conta a capacidade do adolescente em cumprir determinada medida, as
circunstâncias que sucedeu o suposto ato infracional e a gravidade (BRASIL, 1990; BRASIL,
2012).

2.2 Discussões sobre a redução da maioridade penal


O crescimento da criminalidade e da violência aumentam cada vez mais a discussão
a respeito da redução da maioridade penal e a intolerância da sociedade, que acaba cobrando
18

da Administração Pública uma política que traga mais segurança. Porém, Prates (2012),
ressalta que o Estatuto da Criança e do Adolescente, considera o adolescente,
independentemente de ser infrator ou não, uma pessoa em condições especiais de
desenvolvimento, e é por determinação legal que o adolescente infrator sofre medida
socioeducativa e não pena, pois ambas diferem, sendo a primeira de cunho essencialmente
pedagógico, enquanto a segunda predominantemente retributiva.
Assim, o principal argumento utilizado pelos que defendem a redução da maioridade
penal é o de que os adolescentes já têm plena consciência de seus atos, sendo, portanto,
responsáveis pelos mesmos. Podemos perceber aqui que, nesses casos, ter ou não a
consciência dos próprios atos é determinado por aspectos cronológicos e biológicos, um
atrelado ao outro, deixando de lado fatores sociais, educacionais, culturais, psicológicos, etc.
(ALVEZ et al., 2009).
Segundo Costa e Sampaio (2014), os que se opõem à redução da idade de
imputabilidade penal levam em questão a Constituição, a qual limita a menoridade penal como
uma garantia individual. Assim, é uma garantia constitucional em clausula pétrea, não havendo
possibilidade de qualquer alteração, ou seja, este ato (de alteração) é inconstitucional.
A Psicologia, como ciência e profissão, contribui na construção do Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) e do Sistema Nacional Socioeducativo (SINASE), que
refletem a compreensão de que crianças e adolescentes são sujeitos de direitos e estão em
condições de desenvolvimento. Segundo o Conselho Federal de Psicologia, (2013):

A Psicologia brasileira tem destacado neste âmbito de discussão,


principalmente: (1) as peculiaridades dos diferentes momentos do
desenvolvimento humano; (2) que o desenvolvimento de cada sujeito ocorre
em um contexto relacional, social e histórico, e a compreensão de suas
condutas não pode se dar com base em uma perspectiva individualista; (3)
que a perspectiva educativa é norteadora do desenvolvimento humano
saudável, em oposição às perspectivas punitiva e repressiva; (4) que a
responsabilidade do Estado brasileiro no fracasso da garantia dos direitos
fundamentais de crianças e adolescentes deve ser considerada como entrave
ao desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes; (5) que a leitura
equivocada do ECA leva à confusão entre “inimputabilidade” e
“impunidade”; (6) que reduzir a idade penal é tratar os efeitos e não a causa,
além do que a violência não é solucionada por culpabilização e punição do
sujeito do ato, mas, antes, pela ação nas instâncias psíquicas, sociais,
políticas e econômicas que a produzem, entre outros argumentos.
19

Além disso, é importante pensar que a redução da maioridade penal de 18 anos para
16 anos aumentaria ainda mais a população carcerária no Brasil. Segundo Prates (2012) e
Costa; Sampaio (2014), o sistema penitenciário brasileiro encontra-se falido, sendo as
penitenciárias verdadeiros depósitos humanos que não fornecem mínima condição de
ressocialização, levando a um aumento da reincidência criminal. Os autores propõem
melhorias nos parâmetros socioeducativos aos infratores da lei e investimento maciços na
educação em âmbito nacional.

2.2 Adolescentes em conflito com a lei


Procurando entender melhor essa realidade, alguns estudos buscam levantar quais as
características dos adolescentes que comentem atos infracionais e o que leva esses
adolescentes a cometerem esses crimes; porém, sabemos que são razões multifatoriais. Castro
(2002) afirma que esses adolescentes, em um determinado período de sua vida, buscaram no
delito alguma forma de reconhecimento, de obtenção de algo. Afirmam também que a família
enfrenta grandes problemas para assumir seus papéis, como ocorre nos casos de alcoolismo,
maus tratos, abandonos, faltas materiais, fragilidade ou inexistência da figura de autoridade.
Um estudo (Silva e Gueresi, 2003) mostra que em 2002 havia no país 9.555
adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação e internação provisória
– medidas supostamente destinadas a praticantes de atos infracionais de maior gravidade.
Destes internos, 90% eram do sexo masculino; 76% tinham idade entre 16 e 18 anos; 63% não
eram brancos e, destes, 97% eram afrodescendentes; 51% não frequentavam a escola; 90% não
concluíram o Ensino Fundamental e 49% não trabalhavam (entenda-se aí o trabalho acessível
aos menores de idade).
Considerando essas características, buscaram discutir a questão do adolescente que
comete um crime pensando nos fatores relacionados à conduta infracional. Para Zamora
(2008), a violência e a pobreza atuam como fatores de risco para o cometimento de atos
infracionais, tais fatores exercem maior impacto sobre famílias chefiadas por mulheres pobres,
afetando, inclusive, seu desempenho na educação dos filhos, por terem dificuldades de acesso
a recursos necessários. Aquino e Silva (2010) concordam com essas afirmações. Para os
autores, as condições sociais adversas estão ligadas aos contextos de violência com os quais
esses jovens acabam se envolvendo e, segundo os autores, essas situações ocorrem a partir da
desigualdade social e da pobreza, que aumentam a dificuldade de acesso à escola de qualidade,
ao trabalho não precário, às estruturas de saúde, lazer e cultura, que são os principais
mecanismos de inclusão social. Com essa escassez de recursos, tanto simbólicos quanto
20

materiais, alguns adolescentes recorrem à criminalidade por meio de buscar objetivos


valorizados.
Conforme Galo e Williams (2005),é importante considerar que o comportamento
humano não é determinado por um simples conjunto de variáveis, mas multideterminado por
relações complexas entre variáveis biológicas e ambientais. Considera-se, portanto, um
indivíduo que viola normas sociais, como sendo uma pessoa exposta a diversos fatores de risco
pessoais, familiares, sociais, escolares e biológicos.
O estudo de Nascimento et al. (2012) visou descrever as características dos
socioeducandos e o tipo de ato infracional dos adolescentes que entraram no IASES no período
de Janeiro a Dezembro de 2011, foram encontrados que 91% dos adolescentes eram do sexo
masculino e 9% do sexo feminino. Em questão de etnia, foram identificados que 75% eram
pardos, 17% negros, 7,5% branca e havia um socioeducando amarela.
Com relação à primeira vez que entram no IASES, em 2011, evidenciou-se que 24
dos socioeducandos foram encaminhados ao instituto aos 12 anos; 92 aos 13 anos; 225 aos 14
anos; 445 aos 15 anos; 703 aos 16 anos; 784 aos 17 anos; 90 aos 18 anos; 43 aos 19 anos; e 23
aos 20 anos. É notório que a maior parte tinha entre 16 e 17 anos, representando 61%. Em
relação aos locais de residência, foram encontrados 70 municípios, sendo 59 do Estado do
Espírito Santo e 11 de outros estados brasileiros. A maioria dos adolescentes, 74,3%, residia na
Região Metropolitana do Espírito Santo (Cariacica, Serra, Vila Velha e Vitória); já na Região
Norte moravam 12,2% e a Região Sul 8,6%. Tiveram adolescentes que residiam em outros
estados com 0,6% e os que não tiveram seu município de residência informado no momento de
entrada é de 6% (NASCIMENTO et al., 2012).
Ainda no estudo de Nascimento et al. (2012), houve casos de socieducandos que
estavam respondendo a mais de um processo judicial e a investigação por mais de um ato
infracional. Evidenciou 53% de atos infracionais da Lei Antidrogas, 21% dos Crimes contra
patrimônio, 11 % do Estatuto do Desarmamento, 8% de outros artigos contidos em outras
legislação e 7% de lei indefinida.
Assim, é perceptível que o assunto sobre adolescente que comentem atos infracionais
é muito complexo. Por isso, é de grande importância que pesquisas estudando estes indivíduos
sejam realizadas para que se possam estabelecer medidas de controle e prevenção apropriadas
para os adolescentes infratores.
21

3. METODOLOGIA

Este projeto propõe uma pesquisa que se divide em três partes. Detalhes sobre o
local, os participantes, os instrumentos, os procedimentos, os riscos e benefícios, bem como
questões éticas envolvidas na pesquisa, métodos de análise de dados e o desfecho primário
são definidos nas próximas subseções.

3.1 Local
A presente pesquisa foi realizada no Instituto de Atendimento Sócioeducativo do
Estado do Espírito Santo (IASES). O IASES é uma autarquia pública, com personalidade
jurídica de direito público interno, com autonomia administrativa, técnica e financeira,
vinculada à Secretaria de Estado da Justiça, que tem por finalidade formular, implementar e
manter o sistema de atendimento responsável pela execução das medidas socioeducativas no
Estado do Espírito Santo (ESPÍRITO SANTO, 2005).
Atualmente, o IASES contém com uma Unidade de Atendimento Inicial no município
de Vitória/ES, com capacidade para 68 adolescentes. Entretanto, encontra-se em processo de
conclusão a construção do Centro Integrado de Atendimento Socioeducativo (CIASE), com
capacidade para 18 adolescentes do sexo masculino e 06 adolescentes do sexo feminino
(IASES, 2014).

3.2 Participantes
Foram obtidas informações de todos os jovens com idade entre 12 e 20 anos que eram
internos do IASES para cumprimento de medida socioeducativa de privação de liberdade
durante o período de janeiro a dezembro de 2014, aqueles que deram entrada no IASES nesse
mesmo período e ainda aqueles que estavam em atendimento socioeducativo em 01/09/2015.
Dentre os adolescentes internos, 15 deles participaram diretamente da pesquisa por meio de
preenchimento de questionário e, ainda, 15 adultos responsáveis legais por esses adolescentes
também participaram por meio de entrevista semiestruturada.

3.2.1 Critérios de inclusão


Para aplicação de questionário, foram selecionados aleatoriamente 15 jovens que ainda
estivessem na instituição no momento da pesquisa, e 15 responsáveis legais que estivessem
visitando os adolescentes no momento em que eu (autora) estivesse coletando dados para a
pesquisa na instituição.
22

3.3 Procedimento
Na primeira parte da pesquisa, foram levantadas informações sóciodemográficas de
todos os jovens com idade entre 12 e 20 que cumpriram medida socioeducativa no IASES em
2014, dos que deram entrada para cumprimento de medida socioeducativa de privação de
liberdade no IASES em 2014, bem como dos socioeducandos em atendimento no IASES em
01/09/2015. As informações foram retiradas do Sistema de Informações do Sistema
Socioeducativo do Espírito Santo (SIASES), porém os dados foram obtidos pela instituição,
pois não autorizaram nosso acesso ao sistema. Os tipos de dados adquiridos se encontram no
Anexo I.
Foram entrevistados 15 responsáveis dos adolescentes que se encontravam em medida de
internação que aceitaram voluntariamente participar da pesquisa respondendo uma entrevista
semiestruturada, cujas as perguntas constam no Anexo II. Para isso, preencheram um termo
de consentimento livre e esclareci do aceitando participar da entrevista (ver Anexo IV).Os
áudios das entrevistas com os responsáveis foram gravadas e transcritas para analise. Além
disso, 15 adolescentes da Unidade de Internação (UNIS), aleatoriamente selecionados,
preencheram um questionário exibido no Anexo III, tendo o aceite de seus responsáveis
(Anexo V). Os adolescentes que aceitaram voluntariamente participar da pesquisa assinaram o
termo de assentimento contido no Anexo VI.

3.4 Instrumentos
Como mencionado, os instrumentos utilizados foram uma tabelas preenchidas com
dados do SINASE, e que foram disponibilizados pela instituição, uma entrevista
semiestruturada com 15 responsáveis por adolescentes internos do IASES e um questionário
estruturado aplicado estes adolescentes. Estes documentos podem ser observados,
respectivamente, nos Anexos I, II e III. A Tabela de Dados foi preenchida de modo a
obtermos informações sociodemográficas do adolescente infrator. As perguntas feitas aos
responsáveis na entrevista e aos adolescentes no questionário tiveram o intuito de
compreender melhor a(s) razão(ões) do ato infracional e a perspectiva dos envolvidos a cerca
da família, do adolescente e da ressocialização dos adolescentes na instituição.

3.5 Riscos
O risco apresentado pelos participantes durante a realização da pesquisa foi um
possível constrangimento ao responder perguntas pessoais durante o preenchimento do
questionário (por parte dos jovens) ou durante a entrevista semiestruturada (por parte dos
adultos responsáveis pelos jovens).
23

3.6 Benefícios
Os resultados da pesquisa serão divulgados em congressos e periódicos
especializados, contribuindo, assim, para a ampliação do conhecimento sobre o perfil dos
adolescentes infratores no estado do Espírito Santo, o que permite o aperfeiçoamento de
medidas preventivas para infrações cometidas por adolescentes. Mas o estudo vai além da
prevenção, avaliando também a percepção de jovens infratores e seus responsáveis em relação
à medida socioeducativa à qual estão sujeitos. Esta análise permitiu a compreensão de
benefícios e prejuízos decorrentes da medida socioeducativa e também das diferenças
vigentes na percepção dos adolescentes e de seus responsáveis sobre a medida. Isso favorece
para que medidas de aproximação entre jovens e seus responsáveis sejam desenvolvidas (caso
necessário), bem como para eventuais modificações na aplicação das medidas socioeducativas
vigentes.

3.7 Questões Éticas


No IASES não é permitido o uso de recursos audiovisuais para realização de
pesquisas. Estamos cientes dessa norma, assim como da necessidade de recolhimento de
autorização de responsáveis para realização de pesquisas na instituição com menores de 18
anos e termos de consentimento dos próprios adolescentes a partir de 18 anos, sempre
acompanhados de um representante do IASES.
Para a realização das entrevistas, foram esclarecidos objetivo e metodologia do
trabalho. Os participantes que aceitaram participar espontaneamente da pesquisa, firmando a
autorização por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
conforme as normas referentes à Resolução nº 196/96, de 10 de outubro de 1996, do Conselho
Nacional de Saúde (BRASIL, 1996) e na Resolução nº 016/2000, de 20 de dezembro de 2002,
do Conselho Federal de Psicologia (Brasil, 2000). Os modelos dos TCLEs podem ser
visualizados nos Anexos IV e V. Por fim, com base na Resolução nº 466/12 – II, os
adolescentes também foram esclarecidos sobre a pesquisa e assinaram o Termo de
Assentimento (Anexo VI) quando aceitaram participar da pesquisa espontaneamente.

3.8 Metodologia de análise de dados


O presente trabalho segue os procedimentos de estudo quantitativos orientados por
cálculos descritivos das variáveis estudadas, disponibilizadas pelo IASES e por questionário
preenchido pelos adolescentes. Além disso, a pesquisa apresenta também procedimento
qualitativo de estudo fenomenológico e semiótico das entrevistas semiestruturadas realizadas
24

com os responsáveis dos adolescentes. As entrevistas tiveram o áudio gravado para que
pudessem ser transcritas e as percepções e opiniões dos entrevistados fossem preservadas.

4. RESULTADOS SOCIODEMOGRÁFICOS DOS ADOLESCENTES

Os resultados serão apresentados primeiro a parte quantitativa, 4.1 Perfil dos


Adolescentes em Conflito com a Lei que deram entrada no IASES em 2014; 4.2 Perfil dos
Socioeducandos que receberam Medida de Internação no IASES em 2014 e 4.3 Perfil dos
Socioeducandos em Atendimento no IASES em 01/09/2015.

4.1 Perfil dos Adolescentes em Conflito com a Lei que deram entrada no IASES em 2014
A análise dos dados visou descrever as características dos socioeducandos que
entraram no IASES no período de Janeiro a Dezembro de 2014, vale ressaltar que esses dados
os adolescentes ainda não receberam ainda a medida socioeducativa.
Os resultados demonstraram que 95,4% dos adolescentes que deram entrada eram do
sexo masculino e 4,6% eram do sexo feminino. A raça/cor dos socioeducandos foi
predominantemente considerada parda (90%). Também foram identificadas raça/cor
branca (3%), negra (7%) e amarela (apenas um socioeducando).
Em relação à idade, como pode ser observado na Figura 1, 3 dos socieducandos
foram encaminhados ao IASES aos 12 anos, 31 aos 13 anos, 106 aos 14 anos, 279 aos 15
anos, 467 aos 16 anos, 655 aos 17 anos, 433 aos 18 anos, 82 aos 19 anos, 33 aos 20 anos e 14
aos 21 anos. É perceptível que a maior parte dos socieducandos tinha idade entre 16 e 18

anos, sendo a média de idade de 16,7 1,4 anos.

Tabela 1. Gênero dos Socioeducandos que deram entrada em 2014


Número de
Gênero Socioeducandos (%)
Socioeducandos
Masculino 2007 95,4
Feminino 96 4,6
Total 2103 100,0

De acordo com a tabela abaixo (Tabela 3), os locais de residência dos


sócioeducandos que deram entrada no IASES em 2014, foram que a maioria dos adolescentes
residia na Região Metropolitana do Estado que são compostas pelas cidades da Grande
Vitória (Cariacica, Serra, Vila Velha e Vitória) (62%). Outros municípios que os jovens
25

residiam é a Região Norte com 18% e a Região Sul com 14%. Também houve uma pequena
porcentagem de jovens que residiam em outros estados (1%), bem como, os que não tiveram
seu município informado ou inseridos no momento que deram entrada (5%).

Figura 1. Idades dos Socioeducandos que deram entrada em 2014.

Tabela 2. Raça/ Cor dos Socioeducandos que deram entrada em 2014.


Número de
Raça/ Cor Socioeducandos Socioeducandos (%)
Branca 66 3%
Indigena 0 0%
Negra 141 7%
Amarela 1 0%
Parda 1895 90%
Total 2103 100%

Tabela 3. Região de Residência dos Socioeducandos que deram entrada em 2014.


Porcentagem de
Número de
Região de Residência Socioeducandos
Socioeducandos
(%)
Metropolitana 1313 62
Norte 385 18
Sul 290 14
Outros Estados 12 1
Não informados ou inseridos 103 5
Total 2103 100
26

Conforme os dados de escolaridade, como se pode notar, a maior parte dos socioeducandos
não souberam informar ou não estão inseridos em alguma escolaridade (55%), e 11%
estudaram até o 6º ano do Ensino Fundamental, conforme Tabela 4.

Tabela 4. Escolaridade dos Socioeducandos que deram entrada em 2014.


Número de Porcentagem de
Escolaridade
Socioeducandos Socioeducandos (%)
1ª Etapa E.F 1 0
1ª Etapa E.M 5 0
1º ano E.F 15 1
1º ano E.M 48 2
2º ano E.F 15 1
2º ano E.M 6 0
3ª Etapa E.F 2 0
3ª Etapa E.M 0 0
3º ano E.F 30 1
3º ano E.M 1 0
4ª Etapa E.F 10 0
4º ano E.F 73 3
5ª Etapa E.F 6 0
5º ano E.F 183 9
6ª Etapa E.F 10 1
6º ano E.F 233 11
7ª Etapa E.F 23 1
7º ano E.F 144 7
8ª Etapa E.F 7 0
8º ano E.F 101 5
9º ano E.F 33 2
Iletrado 4 0
Não informado ou
1153 55
Não inserido
Total Geral 2103 100

Em relação aos atos infracionais (Tabela 5), os atos infracionais mais frequentes são:
Roubo (45%), Tráfico de Drogas (11%) e Mandados de Busca e Apreensão (MBA) (11%).
Tráfico e Associação ao Tráfico de Drogas (9%), Homicídio (8%), Desarmamento (4%). Já os
Artigos Pendentes, Outros, Tentativa de Homicídio, Furto, e Lesão Corporal representam,
cada um, 2% dos atos infracionais. Não houve registros de Receptação, Tentativa de Roubo e
Artigo de Disposição do Juiz.

Tabela 5. Atos Infracionais cometidos pelos Socioeducandos que deram entrada em 2014.
27

Número de Atos Porcentagem de Atos


Categoria do Ato Infracional
Infracionais Infracionais (%)
Roubo 941 45
Tráfico de Drogas 229 11
MBA 228 11
Tráfico e Associação ao
183 9
Tráfico de Drogas
Homicídio 173 8
Desarmamento 79 4
Art. Pendente 45 2
Outros 43 2
Tentativa de Homicídio 41 2
Furto 36 2
Lesão Corporal 36 2
Estupro 18 1
Ameaça 16 1
Latrocínio 12 1
Receptação 6 0
Tentativa de Roubo 10 0
Art. Disposição do Juiz 6 0
Total Geral 2103 100%

4.2 Perfil dos Adolescentes que receberam Medida de Internação no IASES em 2014
A análise de dados do perfil dos socioeducandos que receberam medida
socioeducativa de internação em 2014 demonstrou que 98% dos adolescentes são do sexo
masculino e 2% são do sexo feminino, como pode ser visto na Tabela 6. Em questão de
raça/cor, a parda predominou com 87% (Tabela 7). Outras raças/cores identificadas foram a
branca (5%) e a negra (8%).

Tabela 6. Gênero dos socioeducandos em Medida de Internação em 2014.

Gênero Número de Socioeducandos Socioeducandos (%)


Masculino 559 98
Feminino 10 2
Total 569 100

Tabela 7. Raça/Cor dos Socioeducandos em Medida de Internação em 2014.

Raça/ Cor Número de Socioeducandos Socioeducandos (%)


Branca 26 5
Indígena 0 0
28

Negra 46 8
Amarelo 0 0
Parda 497 87
Total 569 100
Segundo a Figura 2, três dos adolescentes receberam medida de internação aos 13
anos; 18 aos 14 anos; 58 aos 15 anos; 116 aos 16 anos; 187 aos 17 anos; 155 aos 18 anos; 21
aos 19 anos; 11 aos 20 anos. Como se pode perceber, a maior parte, tanto dos adolescentes
que deram entrada em 2014 quanto daqueles que receberam a medida de internação, tinha
entre 16 e 18 anos. A média de idade daqueles que receberam medida de internação no IASES
foi de 16,9 ± 1,3 anos.

Figura 2. Idades dos Socieducandos que receberam Medida de Internação em 2014.

Em relação aos locais de residência dos socioeducandos em medida de internação,


exibidos na Tabela 8, a maior parte reside na Região Metropolitana (45%). Como citado
anteriormente, a Grande Vitória (Cariacica, Serra, Vila Velha e Vitória) faz parte da Região
Metropolitana. Outras regiões apontadas foram Região Norte (31%) e a Região Sul (19%).
Também houve pequena porcentagem daqueles que residiam em outros Estados (1%) e que
não tiveram região informada ou inserida (3%).

Tabela 8. Região de residência dos socioeducandos que receberam Medida de Internação em 2014.
Número de Socioeducandos
Região de Residência Socioeducandos (%)
Metropolitana 258 45
Norte 177 31
29

Sul 110 19
Outros Estados 6 1
Não Informado ou Inserido 18 3
Total 569 100%

Quanto ao nível de escolaridade, tem-se que 42% não tiveram seu nível de
escolaridade informado ou inserido (Tabela 9). Outros 14% frequentaram até o 6º ano do
Ensino Fundamental e 8% frequentaram até o 5º ano do Ensino Fundamental. Esses dados
também foram observados nos que deram entrada no IASES em 2014. O mesmo se deu com o
7º ano do Ensino Fundamental. Quantidade considerável de Socioeducandos (14%) atingiu
um nível educacional entre o 1º ano (ou antiga 1ª série) do Ensino Fundamental até 4º ano (ou
antiga 4ª série) do Ensino Fundamental.

Tabela 9. Escolaridade dos Socioeducandos que receberam a Medida de Internação em 2014.

Socioeducandos
Escolaridade Número de Socioeducandos
(%)
1ª Etapa E.F 11 2
1º ano E.F 10 2
1º ano E.M 9 2
2º ano E.F 7 1
2º ano E.M 0 0
3ª Etapa E.M 2 0
3º ano E.F 10 2
3º ano E.M 1 0
4ª Etapa E.F 3 1
4º ano E.F 22 4
5ª Etapa E.F 8 1
5º ano E.F 54 9
6ª Etapa E.F 8 1
6º ano E.F 81 1
7ª Etapa E.F 9 2
7º ano E.F 51 9
8ª Etapa E.F 2 0
8º ano E.F 30 5
9º ano E.F 10 2
Não informado ou Não
241 42
inserido
Total Geral 569 100

Os atos infracionais mais evidenciados foram Roubo (48%), Homicídio (14%),


Tráfico de Drogas (9%), e Mandado de Busca e Apreensão (MBA) (8%). Os MBA não
constam inicialmente a descrição dos atos infracionais, fazendo apuração em momentos
30

posteriores. Apresentou baixa porcentagem em outros atos infracionais como: 7% em Tráfico


de Drogas e Associação ao Tráfico de Drogas, 3% em Tentativa de Homicídio, 2% para
Desarmamento, Artigo Pendente, Furto, Estupro e Latrocínio, 1% para Tentativa de Roubo,
Artigo de Disposição do Juiz e Outros.

Tabela 10. Atos Infracionais cometidos pelo socioeducandos que receberam Medida de Internação em
2014.
Número de Atos Atos Infracionais
Categoria do Ato Infracional
Infracionais (%)
Roubo 271 48%
Homicídio 78 14%
Tráfico de Drogas 49 9%
MBA 43 8%
Tráfico de Drogas e Associação ao
Tráfico de Drogas 38 7%
Tentativa de Homicídio 19 3%
Desarmamento 12 2%
Art. Pendente 11 2%
Furto 10 2%
Estupro 10 2%
Latrocínio 10 2%
Tentativa de Roubo 6 1%
Art. Disposição do Juiz 4 1%
Outros 4 1%
Tentativa de Furto 1 0%
Associação ao Tráfico de Drogas 1 0%
Lesão Corporal 1 0%
Receptação 1 0%
Total Geral 569 100%

4.3 Perfil dos Adolescentes em Atendimento Socioeducativo no IASES em 01/09/2015


Os dados analisados dos adolescentes em atendimento socioeducativo no IASES em
01/09/2015 evidenciaram que: 98% dos adolescentes eram do sexo masculino e 2% do sexo
feminino (Tabela 11). A raça dos adolescentes foi predominantemente parda (85%), como
mostra a Tabela 12. Outras raças que foram identificadas a branca (5%) e negra 10%.

Tabela 11. Gênero dos Adolescentes em Atendimento Socioeducativo no IASES em 01/09/2015.


Número de
Gênero Socioeducandos (%)
Socioeducandos
Masculino 1108 98
Feminino 26 2
Total 1134 100
31

Tabela 12. Raça/cor dos Adolescentes em Atendimento Socioeducativo no IASES em 01/09/2015.

Raça/ Cor Número de Socioeducandos Socioeducandos (%)


Branca 52 5
Indígena 0 0
Negra 112 10
Amarelo 2 0
Parda 968 85
Total 1134 100

A Figura 3 apresenta que 12 dos adolescentes que receberam atendimento


socioeducativo aos 13 anos, 50 aos 14 anos, 107 aos 15 anos, 221 aos 16 anos, 347 aos 17
anos, 260 aos 18 anos, 105 aos 19 anos, 32 aos 20 anos. Como se pode perceber, a maior parte
dos socioeducandos tinha idade entre 16 a 18 anos. Isso pode ser notado em todos os dados
anteriores. A idade média dos adolescentes em atendimento no IASES no mês de Setembro de
2015 era de 16,9 ± 1,4 anos.

Figura 3. Idades dos adolescentes em atendimento socioeducativo em 01/09/2015.

Conforme a tabela abaixo (Tabela 13), a maioria dos adolescentes residia na Região
Metropolitana (52%). Evidenciaram-se outros 34% na Região Norte e 14% na Região Sul.
Também houve pequenos números de adolescentes que residiam em outros estados e que não
tiveram região de residência informada e/ou inserida.
32

Tabela 13. Região de Residência dos Adolescentes em Atendimento Socioeducativo em 01/09/2015.


Número de
Região de Residência Socioeducandos (%)
Socioeducandos
Metropolitana 585 52
Norte 382 34
Sul 161 14
Outros Estados 5 0
Não Informado ou Inserido 1 0
Total 1134 100

Dos atos infracionais mais atribuídos foram Roubo (42%), Homicídio (21%), Tráfico
de Drogas e Associação ao Tráfico de Drogas (9%). Pode-se notar, conforme a Tabela 14, que
os outros atos infracionais foram atribuídos a uma porcentagem menor de adolescentes.

Tabela 14. Ato Infracional dos Adolescentes em Atendimento Socioeducativo em 01/09/2015.


Socioeducandos
Categoria do Ato Infracional Número de Socioeducandos
(%)
Roubo 480 42
Homicídio 234 21
Tráfico de Drogas 104 9
Tráfico de Drogas e Associação ao
Tráfico de Drogas 104 9
Tentativa de Homicídio 64 6
MBA 37 3
Latrocínio 24 2
Desarmamento 18 2
Estupro 18 2
Furto 13 1
Outros 10 1
Tentativa de Roubo 6 1
Pendente 6 1
Tentativa de Latrocínio 5 0
Ameaça 4 0
Disposição do Juiz 4 0
Lesão Corporal 3 0
Total Geral 1134 100

No IASES não havia um devido registro do nível de escolaridade dos adolescentes


em Atendimento Socioeducativo em 01/09/2015. Por este motivo, esses dados não foram aqui
apresentados.
33

5. RESULTADOS DA PERCEPÇÃO DOS PAIS (OU RESPONSAVEIS) EM


RELAÇÃO À MEDIDA SOCIOEDUCATIVA

Os resultados da percepção dos pais (ou responsáveis) estão organizados em três


grandes partes: 5.1 Descrição Fenomenológica, que se descrevem os temas referentes a
percepção dos participantes de forma ampla e analítica; 5.2 Redução Fenomenológica, em que
se delimitam sinteticamente aqueles temas essenciais para a estruturação compreensiva do
material como um todo e 5.3 Interpretação Fenomenológica, em que discutem-se os dados da
descrição e da redução com base na literatura sobre o tema em foco reunida na introdução
deste trabalho.

5.1 Descrição Fenomenológica


A partir de uma tematização geral do material transcrito das entrevistas, procurou-se
preservar as amplas percepções, opiniões e sentimentos dos pais (ou responsáveis). As
percepções dos entrevistados foram analisadas compondo sete temas principais que
orientaram a entrevista dos pais. Os respectivos temas são apresentados a seguir.

5.1.1 Envolvimento com Atos Infracionais


Ao serem perguntados se sabiam do envolvimento do filho no ato infracional alguns
responderam que não sabiam e outros responderam que sabiam inclusive do uso de drogas.
Exemplos:
 “Assim, sabia que ele mexia com drogas, que ele fumava. Enquanto eu estava dentro
de casa, eu entro meio dia e saio às dez da noite. Enquanto eu estava dentro de casa
era um filho bom, fica dentro de casa, depois que a mãe sai de casa, você já viu, né?!
Ai sai e apronta no meio da rua sabe? Mas aí eu sabia, porque uma vez ele chegou
para mim falô ‘Mãe, eu fumo maconha’, só falou isso”. (Família1)
 “Não, eu não sabia, eu desconfiava, né?!”. (Família2)
 “Olha moça, ele não era disso não, eu não sabia. Infelizmente, tá certo, ele foi porque
quis, ninguém obrigou, só que teve muito influência ruim”. (Família4)
 “Eu descobri tem pouco tempo”. (Família5)
 “Menina, não é a primeira vez, então, sabia sim que estava com más companhias e
essa é a segunda vez”. (Família6)
 “Sabia que ele mexia e usava drogas”. (Família8)
34

 “Fiquei sabendo há pouco tempo. Porque ele não morava comigo, morava com o pai
dele”. (Família9)
 “Só sabia que estava fumando maconha, mas do roubo não”. (Família11)
 “Não, mas sabia que usava drogas”. (Família12)
 “Sim, sabia do uso de drogas”. (Família13)

Os participantes que responderam que não sabiam do envolvimento do filho no ato


infracional ficaram sabendo através de outras pessoas, outros souberam quando foram
chamados à delegacia, outros quando o filho foi preso. E a respeito de como foi a reação do
responsável ao descobrir sobre o envolvimento do adolescente com atos infracionais os
participantes tiveram respostas diferenciadas como:
 “Eu quase morri porque eu tenho problema de saúde, né?! Dá aquele “tcham” na cabeça da
gente, não quer acreditar, mas acaba caindo em si, fica meio confusa, né?! Mas foi muito
complicado“. (Família2)
 “Olha, ele está pagando por uma coisa que não foi ele, entendeu? Eu já falei isso com a Juíza
e ninguém tá vendo isso. Pegou ele dentro de casa, dormindo, entendeu? Só que os outros lá
que é envolvido, falou que era ele, porque ele era mais acelerado entendeu? Só não foi ele”.
(Família3)
 ” Eu soube através de vizinhos que viu passando na Tv Tribuna. A minha reação foi muita
tristeza”. (Família4)
 “Fiquei muito chocada e triste”. (Família9).
 ”Tenho um filho mais velho e ele se espelhava muito no irmão. E fiquei sabendo no bairro”.
(Família10)
 “Me senti triste e com vontade de matar ele”. (Família12)
 ”Fiquei triste e tentei conversa com ele”. (Família14).

Perguntamos aos participantes que responderam que de alguma forma sabiam do


envolvimento no ato infracional como lidaram ao saber. Os participantes responderam que
ficaram tristes, chocados, brigaram, bateram, deram conselho, conversaram e que foi difícil.
 “Eu fiquei muito chocada no começo, sabe? Mas eu procurei ajudar para tirar sabe,
conversava muito, dava muito conselho, eu sempre fui uma mãe muito presente. Até os
14 anos ele andava agarrado na minha mão, depois dos 14 ele se soltou, no dia que
ele se soltou foi para esse lado”. (Família1)
 “Eu fiquei sabendo através do comportamento dele, que ele mudou muito dentro de
casa. Daí eu fui observando e fui procurar saber o que realmente estava acontecendo,
porque até então ele era um menino muito bom. Ai quando eu descobri o mundo caiu,
35

né?! Fiquei muito triste, eu bati muito nele também, tentava resgatar. Na verdade,
achei que estava fazendo o certo, batendo nele achei que ia conseguir, né?! Mas eu vi
que não. Foi aonde eu perdi mais ele ainda”. (Família5)
 “É uma tristeza, porque a gente não pensa que isso vai acontecer. De um lado
também ele vive numa revolta porque perdeu a mãe cedo, faleceu aos 43 anos. O pai,
tem dois anos que também perdeu. E foram morar com a madrasta, só que a madrasta
falou que ia tomar conta deles, mas não tomou. Acho que ela estava mais interessada
no benefício que ele e o irmão recebiam, né?! E aí não cuidou dele, deixaram ele solto
e aí foi se envolvendo com más companhias. É muito chocante, é muito humilhante um
familiar vim visitar num lugar desses”. (Família6)
 “Briguei muito com ele”. (Família7)
 “Entrei em desespero, né?! Tentei dar uns conselhos para ele. Ele está arrependido
do que fez, o que não aprendeu na rua, está aprendendo aqui dentro”. (Família8)
 “Fiquei boba, não acreditei. Fiquei nervosa e briguei com ele”. (Família11)
 “Conversei com ele, dei conselho”. (Família13)

5.1.2 Motivos para o cometimento de Ato(s) Infracional(is)


Perguntamos aos familiares quais os motivos que levaram o adolescente a entrar no
ato infracional. Obtivemos respostas diversificadas, porém a maioria respondeu que foi
devido às amizades ou por dinheiro, outros responderam que entraram porque quiseram.
 “Não faço a mínima ideia, não foi por falta de conselho. Não foi porque a gente
precisa disso ou precisa daquilo, não, muito pelo contrário. Tem e tinha tudo que
precisava, como uma pessoa humilde.” (Família1)
 “Foi por amizades erradas. Porque eu sempre falei para os meus três filhos: ‘pega
esse caminho aqui, não vai pôr esse não’. E eu tive que sair para trabalhar, eles
começaram a ficar sozinhos e o pai alcoólatra, né?! Quer dizer, escapuliu da minha
mão, eu me sinto, sinceramente, um pouco culpada, mas assim, eu não mandei ele
fazer entendeu!? Que Deus me perdoe, mas você sabe que mãe se sente um pouco
assim: ‘aonde que eu errei?’, né!? Eu me sinto assim. Não sei se outras mães se
sentem, mas eu me sinto assim. Será que eu errei ao sair de casa para trabalhar e
sustentar... Né?! E aí!?”. (Família2)
 “Até hoje eu me pergunto por quê. Eu acredito que foi as amizades, porque dentro de
casa nunca faltou nada, sempre teve de tudo na medida do possível“. (Família5)
36

 “É falta de estrutura, falta de estudo e de estar convivendo com boas pessoas”.


(Família6)
 “Ele gosta de muito dinheiro, né?! Mas fez porque quis”. (Família8)
 “Acho que foi pela companhia do pai dele, porque o pai dele também usa drogas e
mexe com o tráfico”. (Família9)
 “Acho que foi as amizades, más companhias e a situação financeira“. (Família10)
 “Complicação em casa e por causa de dinheiro. E ele estava trabalhando de
ajudante“. (Família11)
 “Porque ele gosta de dinheiro, e é um dinheiro fácil”. (Família12)
 “Não sei, mas entrou porque quis. Porque eu em casa dava carinho e não faltava
nada para ele”. (Família13)

Vale ressaltar que apenas uma família não respondeu por achar que seu filho não
cometeu o ato infracional e está cumprindo por uma coisa que não foi ele que fez, como
citado no tema anterior.

5.1.3 Relação e as visitas


Os entrevistados, ao serem perguntados como são suas relações com os adolescentes,
responderam que são boas ou muito boas. Seguem alguns exemplos de respostas:
 “Relação é muito boa, não é ruim não.” (Família1)
 “Ótima, ele é um filho excelente, ele é minha vida, minha alma.” (Família2)
 “Muito boa, por isso que eu sei que não foi ele. Porque no dia que aconteceu o crime
lá, ele estava dentro de casa dormindo, era nove horas da noite. Quando deu uma
hora da manhã ouvi tiros e quando deu duas horas da manhã a polícia chegou na
minha casa.” (Família3)
 “A melhor possível.” (Família4)
 “Eu amo meu filho, nossa relação é muito boa.” (Família5)
 “Muito boa, não tenho o que reclamar dele.” (Família8)

Outros responderam que têm uma relação normal, mais ou menos, ou muito aberta.
 “Mais ou menos, porque ele é teimoso por conta do seu envolvimento de drogas.”
(Família11)
 “Bem, sempre me tratou bem.” (Família13)
37

 “Normal, nunca faltou nada, sempre teve carinho, trabalhou, estudou, fez menor
aprendiz.” (Família15)

Em relação às visitas, os participantes responderam que fazem todos os domingos e que


são tranquilas, são boas ou tristes:
 “As visitas são boas. Quando tem que chamar atenção, pego ali mesmo. Mas ele é um
filho bom.” (Família1)
 “Todos os domingos, quando tem audiência, eu vou também, não abandono. Faça sol
ou chuva eu estou aqui. Tem domingo que ele está bem, tem domingo que não. Aí a
gente, como mãe, tenta entende-lo pelo sofrimento, que isso aqui é um sofrimento.
Mas fazer o quê!?” (Família2)
 “São boas, momentos de muitos abraços.” (Família4)
 “Tem dias que é mais triste.” (Família5)
 “Venho todos os domingos e os irmãos, avó e sobrinho também vem ás vezes.”
(Família10)
 “Venho todos os domingos e já tive uma visita assistida também.” (Família12)

Há alguns participantes que visitam um domingo sim e outro não, por ser distante e
cansativo, porém as visitas são prazerosas e eles gostam. Outros vão quando têm a
possibilidade de ir, mas as visitas são boas. Na sequência, apresentamos um exemplo deste
último caso:
 “Venho quando dá, porque moro na Bahia e fui embora para lá porque tenho uma
medida protetiva contra meu ex-marido e meus filhos ficaram com a tia aqui no
estado.” (Família8)

5.1.4 A medida socioeducativa de internação na visão da família


Os familiares foram questionados sobre quais suas percepções a respeito das medidas
socioeducativas de internação. Foram relatadas diferentes percepções como:
 “Tem que melhorar mais. Eles estão aqui dentro, tem que ter um curso, tem que botar
eles para estudar. Eele parou na sétima, tem que terminar o estudo dele aqui dentro.
Tem que ter uns cursos para eles não ficar 24 horas só naquele mundinho ali, porque
eles estão ali parados, eles pensam um monte de besteira. Então eu acho que tinha
que ter mais oportunidades. Já que estão aqui o Governo tinha que dar mais
38

oportunidades a eles, uns cursos, oportunidades profissionais, para eles aprenderem


mais, para sair daqui mais atualizados, sabe?” (Família1)
 “Olha, eu acho, no meu ponto de vista errado, porque um que rouba, um que mata,
um que trafica leva a mesma sentença, eu acho que não deveria ser assim, deveria ser
diferente. Porque aquele que mata, tira uma vida, e aí?! Aquele que rouba ou usa
drogas deveria ter outra sentença“. (Família2)
 “É boa, porque pelo menos está seguro, é melhor do que está lá fora, dependendo do
bairro onde que mora, dependendo das coisas, tranquilidade. Quando a mãe ouve os
tiros na madrugada, ela sabe que o filho dela está aqui dentro bem guardado”.
(Família3)
 “Assim, eles reclamam com a gente. A gente vê muita reclamação. Eles veem os
agentes comendo coisas boas, olhar para cara deles e debochar”. (Família4)
 ”Eu achei que foi abusiva do juiz, eu não concordei. Porque caiu ele e mais cinco. Os
outros cinco foi para as Casas de Recuperação, né?! E hoje os meninos estão indo até
em casa. Só o meu que ela botou aqui dentro. Eu acho assim, que ela foi abusiva
porque os outros ela não deu a mesma condenação. Mesmo que ele já tinha mais
outras três passagens, mas ela tinha que julgar ele pelo ato igual ela julgou os outros
e julgou ele dá forma diferente. Colocaram ele aqui, falaram que tem direito disso e
daquilo, mas não tem. O lugar não tem estrutura para isso, não tem muitos
profissionais para isso, aí termina prejudicando os adolescentes, muitos podem sair
daqui até mais revoltados pelas atitudes dos próprios agentes”. (Família5)
 “Eu acho que é bom, é bom sim. Acho que tá dando uma oportunidade para eles, com
os ensinamentos que tem aqui, uma educação, entendeu? Basta eles querer, se eles
querer vão sair daqui outra pessoa”. (Família6)
 “Não penso nada”. (Família7)
 “Muito boa. Ele está aprendendo ai dentro e é melhor do que está morto né?!”
(Família8)
 “Essa medida é pra ver se ele melhora e muda de vida né?!” (Família9)
 “Conheci os dois lados, porque meu filho mais velho passou aqui também e antes era
outra gestão. Acho que hoje está ótimo, não muda quem realmente não quer mudar.”
(Família10)
 “Por um lado é bom que eles tomam juízo.“ (Família11)
 “Acho boa, enquanto está aqui vai pensando no que fez.” (Família12)
 “Muito bom, assim ele vai aprender a dar valor à vida que ele tinha.” (Família13)
 “Péssima, de socioeducativo não tem nada.” (Família14)
39

 “Acho um absurdo, porque não tem atividade nenhuma, não ocupam a mente, não
estudam e assim fica pensando em fugir.” (Família15)

5.1.5 Sentimento do adolescente cumprindo a medida de internação


Foi perguntado aos participantes como eles acham que os seus adolescentes sentem-
se cumprindo a medida de internação. Os participantes responderam vários sentimentos;
muitos disseram que se sentem bem e conscientes, pois estão pagando pelo que fizeram e
alguns estão até fazendo curso. Para outros às vezes bate a depressão, pois não aguentam mais
estar cumprindo a medida.
 “Cada domingo é um domingo, tá, filha?! Domingo passado eu vim aqui. Ele estava
muito nervoso: ‘Ah, mãe eu to cansado’. Mas assim, cada domingo é um domingo.
Tem domingo que você vem ele está melhorzinho, tem domingo que você vem ele está
meio chateado, porque não é fácil você ficar aqui não, para eles que são adolescentes,
não é fácil não”. (Família1)
 “Horrível, né?! Num lugar desse é um caldeirão, prestes a se explodir, né?! Se sente
péssimo todos eles”. (Família2)
 “Muito revoltado mesmo”. (Família3)
 “Não está feliz, não, moça, a gente vê na cara dele”. (Família4)
 “Se sentindo muito triste. Ele não esperava, né?!”. (Família5)
 “No início, com saudade da família. Falei com ele que podia estar na praia com esse
solzão, mas ele escolheu estar aqui. Mas ele está bem”. (Família6)
 “Melhor aqui, porque se estivesse na rua já teria morrido”. (Família8)
 “No início, para ele foi difícil, porque nunca ficou preso. Mas agora já está
acostumando”. (Família9)
 “Está bem não, mas ele falou que vai consertar e vai estudar”. (Família11)
 “Se ele errou, ele tem que pagar”. (Família12)
 “Muito bom, assim ele vai aprender a dar valor a vida que ele tinha”. (Família13)
 “Está se sentindo mal, porque é primeira vez que cumpre uma medida”. (Família15)

5.1.6 Expectativa após medida de privação de liberdade


Nesse tema foi perguntada qual a expectativa após o cumprimento da medida de
privação de liberdade, eles apontaram expectativas de mudança de vida, de voltar aos estudos
e trabalhar.
40

 “Que ele saia daqui um outro homem, ele entrou com 17 e tá com 18. Que ele sai com
outra visão, sabe como? Com outra expectativa de vida, que esquece isso tudo que
passou e procura a melhorar a vida dele”. (Família1)
 “Espero que ele saia daqui uma outra pessoa. Como ele fala que vai estudar, porque
aqui não tem nada né?! Só promessas, que vai estudar. Deus não me deu um filho
assim, então ele tem que se espelhar em mim, trabalhadeira e nunca tive problema
com polícia nem nada, mas devido coleguinhas trouxe ele para ai, eu acho que isso
tem que servi de exemplo para ele né?! Ele tem que mudar”. (Família2)
 “Ele vai sair fora daqui, vou mandar ele para Teixeira de Freitas entendeu?”.
(Família3)
 “Eu quero que ele se dá bem na vida, eu quero que ele faça um bom curso de
computação, eu quero montar um negócio para ele, para não ter que depender de
favor de ninguém. No que eu puder dá de bom para ele, eu já comprei muita coisa boa
para ele. O que eu puder fazer por ele eu vou fazer”. (Família4)
 “Tenho fé em Deus que meu filho vai ser diferente e nunca mais vai querer voltar
nesse lugar aqui” (Família5).
 “Estou botando toda a confiança que mude mesmo, que se torne outra pessoa e ele
tem a vida toda pela frente para estudar”. (Família6)
 “Vai ser uma pessoa honesta e vou cuidar dele”. (Família7)
 “Saindo daqui ele vai morar com a irmã em Mantenas e vai estudar”. (Família9)
 “Já faz planos com o irmão dele de abrir um lava jato. Fez curso de almoxarife e
confeiteiro aqui dentro”. (Família10)
 “Espero que ele seja outro menino, um menino puro e honesto” (Família11), “falou
que vai para o Rio de Janeiro trabalhar com o primo, mas antes vai ficar 1 ano na
roça”. (Família12)
 “Ele já estava trabalhando com o avô que chamava de pai e saindo vai voltar a
trabalhar com ele”. (Família13)
 “Espero que ele não faz como vários aqui, que estão saindo e logo retorna”.
(Família14)
 “De mudança, por ser a primeira vez que ele está aqui e não tem a experiência de
cadeia”. (Família15)

5.1.7 Mudança familiar


41

Os participantes foram questionados se mudariam alguma coisa na família ou no


convívio familiar depois que o adolescente cumprisse a medida. Muitos deles pretendem
ajudar mais o adolescente; alguns pretendem mudar de bairro/município/estado para evitar
envolvimento com as amizades erradas; outro disse que pretende dar “do bom e do melhor”
para o adolescente.
 “Por que tudo isso que ele já passou, sabe como? E procurar a ajudar a sair dessa
vida”. (Família1)
 “Eu vou te falar uma coisa, o que eu pretendo mudar na vida dele é que ele tenha do
bom e do melhor, para que ele não tenha que se misturar com ninguém”. (Família4)
 “Porque acho que foi aonde nós erramos e agora vamos tentar corrigir mais, porque
assim eu e meu marido pensávamos assim, vamos trabalhar para dar vida boa, mas
acho que ficamos muito ausente na vida deles, deixamos eles muito só, entendeu?
Faltou um pouquinho da nossa atenção para eles”. (Família5)
 “Já mudei de Vitória para Vila Velha. E também já mudei muita coisa por ele aqui
dentro”. (Família10)
 “Me importar mais com meus filhos”. (Família 11)

Outros participantes apontaram que não pretendem mudar; uns vão dar mais amor,
outros vão continuar agindo da mesma maneira e alguns acham que o adolescente tem que ser
a mudança.
 “Não, dar mais amor do que eu já dou a ele. Não tenho o que mudar, porque ele tem
carinho, ele é amado, entendeu? Quando ele estava fora, eu procurava dar de tudo
para ele que eu podia, veio para aqui por si próprio e pelas amizades. Então, ele por
si próprio tem que falar ‘ eu sou um novo homem, eu vou para com isso, eu cansei
daquele lugar”. (Família2)
 “Que possa voltar para casa do tio dele, ver que ele realmente mudou para dar outra
chance para ele”. (Família6)
 “Não, mas pretendo voltar e estar mais junto dele e ele cumprir o que ele falou, que é
estudar e trabalhar”. (Família8)
 “Não tenho nada que mudar. O problema é só com ele”. (Família9).

5.2 Redução Fenomenológica


A descrição das entrevistas realizadas por meio de eixos temáticos apresentados no
capitulo anterior circunscreve categorias iniciais cuja redução demarcou três aspectos
42

essenciais para a discussão: a percepção da família sobre a medida de privação de liberdade,


motivos do envolvimento no ato infracional, e mudanças no contexto familiar.
Em questão à percepção da família sobre a medida de privação de liberdade, os
participantes apontaram várias visões sobre o assunto. Muitos veem a medida como algo bom
para mudança de vida do adolescente, pois oferecem cursos profissionalizantes dentro da
Unidade; alguns não veem socioeducação e também acham errado quem comete um
homicídio, um roubo e trafica terem a mesma sentença. Veem também a medida de internação
como proteção ao adolescente e tranquilidade para os responsáveis, sabendo que seus filhos
estão protegidos, e acham que essa medida é capaz de provocar reflexão nos adolescentes a
respeito do real valor da vida.
Os familiares apontam que os motivos que levaram os adolescentes a cometerem o
ato infracional foram as amizades e as más influências, outros afirmam que entraram por ser
um dinheiro fácil.
Sobre a relação de mudança no contexto familiar, os participantes relatam que
preferem mudar de bairro/município/estado para os adolescentes não terem mais
envolvimentos com as amizades erradas, e para que tenham do bom e do melhor. Outros
participantes apontaram que não pretendem mudar, pois já dão amor, enquanto outros vão
continuar agindo da mesma maneira e outros acham que o adolescente tem que ser a própria
mudança.

5.3 Interpretação Fenomenológica


O último passo da análise fenomenológica é interpretar os elementos da descrição e
da redução fenomenológica. Cada participante família do adolescente em conflito com a lei
descreveu suas percepções em relação à medida de privação de liberdade. A partir desses
relatos, o confronto dos dados colhidos com a literatura sobre o tema foi organizado em torno
de três questões norteadoras: Medida Socioeducativa de Internação na visão da família;
Motivos da entrada no ato infracional e a Mudança no contexto familiar.

5.3.1 Medida socioeducativa de internação na visão da família


Inicialmente a literatura discute que as execuções das medidas socioeducativas
regem-se pelos seguintes princípios estabelecidos no artigo 35 da Lei do SINASE:
I - legalidade, não podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o
conferido ao adulto;
II - excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de medidas,
favorecendo-se meios de autocomposição de conflitos;
43

III - prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que possível,
atendam às necessidades das vítimas;
IV - proporcionalidade em relação à ofensa cometida;
V - brevidade da medida em resposta ao ato cometido, em especial o respeito ao que
dispõe o art. 122 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente);
VI - Individualização, considerando-se a idade, capacidades e circunstâncias pessoais
do adolescente;
VII - mínima intervenção, restrita ao necessário para a realização dos objetivos da
medida;
VIII - não discriminação do adolescente, notadamente em razão de etnia, gênero,
nacionalidade, classe social, orientação religiosa, política ou sexual, ou associação ou
pertencimento a qualquer minoria ou status; e
IX - fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários no processo
socioeducativo (BRASIL,2012).

Com isso, o SINASE tem o objetivo de responsabilizar o adolescente de forma justa,


de modo proporcional ao ato cometido e tendo como norte o intuito de socioeducar
(BRASIL,2012). Porém, os resultados encontrados foram confrontados com a literatura, pois
alguns participantes alegam que a medida não é diferenciada para homicídio, roubo e tráfico.
Algumas famílias relatam também a falta da socioeducação e da realização de
atividades dentro da Unidade. Outras relatam que existe, sim, a socioeducação. Já o IASES
afirma que são realizadas cinco fases de atendimento com os adolescentes, divididas em três
etapas:
 Despertar
Fase 1. Acolhimento inicial. Ocorre na primeira uma semana. Tem o objetivo de fazer o
adolescente estabelecer um vínculo inicial, assinar termo de compromisso, e construir
uma meta com o adolescente.
Fase 2. Adaptação à jornada pedagógica. Em até cinco semanas, além da motivação para
a Jornada Pedagógica, busca-se fazer com que os adolescentes assumam compromissos e
sejam por eles responsáveis.
 Conviver
Fase 3. Transformação. Em até oito semanas busca-se que os adolescentes aprendam a
ser, a conviver, a fazer e a conhecer, além de adquirirem habilidades básicas específicas
de gestão.
 Ressignificar
44

Fase 4. Projeto Vida. Em até oito semanas. Elaboração de um Projeto de Vida, discutindo
fatores de risco e proteção, autobiografia e protagonismo.
Fase 5. Enlaçamento. Em até duas semanas, promover a inserção social e comunitária por
meio do trabalho e da valorização da autoestima. (IASES, 2010)

5.3.2 Motivos da entrada no Ato Infracional


Os motivos que levaram os adolescentes a cometerem o ato infracional, de acordo
com as famílias, foram às amizades erradas e as más influências, ou o fato de, deste modo,
conseguirem um dinheiro fácil. Esses dados também foram encontrados no estudo de
Lubenow et al. (2010), que mostrou que as famílias atribuíram como principal justificativa
para o ato infracional as influências de amizades (más companhias); no entanto, a revolta por
questões familiares, também foram apontadas.
A literatura aponta que adolescência é uma época que o adolescente está propício a
uma crise de identidade que o reveste de muita vulnerabilidade quando a referência dentro da
família também se encontra fragilizada. Diante disso, quando se tem a falta de uma rede de
apoio e se encontra a família vivenciando momentos de tensão, bem como a impossibilidade
de responder de forma adequada ou de não responder à demanda, os adolescentes muitas
vezes podem procurar outros grupos de referência (GOMES & PEREIRA, 2003).
Dias, Arpinio & Simon (2011) apontam que as famílias se encontravam fragilizadas
diante dos problemas dos filhos. Afirma que inicialmente havia certa negação do problema
dos jovens, podendo ser exemplificada pelo não reconhecimento desses sinais que indicariam
que os adolescentes se encontram em risco. Alguns exemplos de sinais são o uso de drogas e a
ausência de diálogo com a família.

5.3.3 Mudança no contexto familiar


Os participantes relataram que após a saída do adolescente da Unidade de Internação,
pretendem mudar de localização para que não tenham contato com as amizades que os
influenciam; porém, a maioria dos familiares afirma que não pretende mudar nada no
contexto familiar, uma vez que já dão amor aos adolescentes. Foram poucas referências
bibliográficas encontradas que tratassem da mudança no contexto familiar após medida
socioeducativa de privação de liberdade.
Alguns autores afirmam que família é responsável por não ter dado limites ao
adolescente. Com isso, os responsáveis sentem indignação e impotência, pois afirmam que os
outros não percebem como é a realidade da família, ou seja, desconsideram as suas
dificuldades contextuais. Os familiares evidenciam os problemas decorrentes da necessidade
45

de ter que trabalhar fora e deixar o filho na escola ou sozinho em casa. Além dos sentimentos
de solidão e desamparo, a família sente-se fragilizada diante da falta de assistência (DIAS;
ARPINO & SIMON, 2011).

6. RESULTADOS DO QUESTINÁRIO COM OS ADOLESCENTES EM PRIVAÇÃO


DE LIBERDADE
Neste capítulo, apresentaremos as análises dos resultados referentes ao questionário que
foi aplicado nos adolescentes que cumprem medida socioeducativa de privação de liberdade
no Iases.
A Figura 4 apresenta os dados referentes às idades dos adolescentes quando cumpriram
pela primeira vez uma medida socioeducativa.

Figura 4: Idade dos adolescentes que cumpriram pela primeira vez uma medida socioeducativa.

Conforme a figura acima, dos 15 adolescentes que participaram da pesquisa, dois


socioeducandos tinham 13 anos quando cumpriu a primeira medida socioeducativa, um tinha
14 anos, seis tinham 15 anos, quatro tinham 16 anos e dois deles, 17 anos. Como se pode
notar, a maior parte dos socioeducandos tinha idade entre 15 e 16 anos, com idade média de
15,2 ± 1,2 anos.
46

Nos estudos de Zappe & Ramos (2010) as idades da maioria dos adolescentes que
tiveram a medida socioeducativa ficam em torno de 17 (34,9%) e 16 (23%) anos. São
encontrados dados bastante semelhantes no estudo de Craidy & Gonçalves (2005), que
apontaram informações sobre os adolescentes que cumpriram prestação de serviços à
comunidade na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Nesse estudo, as
autoras verificaram que a maioria dos adolescentes do sexo masculino tinham 17 (28,69%) e
16 (25,68%) anos, num universo de 697 adolescentes estudados. Esses dados também são
semelhantes ao que foram apresentados no Capítulo 4 deste trabalho.
Com relação aos locais de residência dos socioeducandos, todos que participaram da
pesquisa residem na Região Metropolitana do Estado do Espirito Santo. Em um estudo de
Oliveira e Assis (1999), realizado no Rio de Janeiro, aponta que cidade do Rio de Janeiro foi a
principal localização onde estas infrações foram cometidas – 54,6%, seguida pela região de
Niterói e São Gonçalo, com 21,4% dos casos e em terceiro lugar ficou a Baixada Fluminense
com 14,4%. Estas três áreas compõem a região metropolitana do Rio de Janeiro.
A tabela a seguir (Tabela 15), que mostra com quem os adolescentes moravam antes
da medida socioeducativa de internação, revela que 20% dos adolescentes moravam com mãe,
padrasto e irmãos ou pais e irmãos; 13% com mãe e irmãos ou só com pais. Nos estudos de
Oliveira e Assis (1999) vemos que poucos adolescentes viviam em um lar composto de pai e
mãe (29,2%). Em 25% dos lares dos adolescentes a mãe foi apontada como chefe de família.
Revelaram que 71% têm os pais separados, porém vivos (66,3%).

Tabela 15. Com quem morava o adolescente em cumprimento da Medida de Privação de


Liberdade.
Com quem morava? Socioeducandos Porcentagem
Avó 1 7%
Irmãos, sobrinhos e cunhado 1 7%
Mãe 1 7%
Mãe e irmãos 2 13%
Mãe, Padrasto e Irmãos 3 20%
Pai 1 7%
Pais 2 13%
Pais e irmãos 3 20%
Tia, tio e primos 1 7%
Total 15 100%

Em relação aos dados encontrados, a família vem se modificando ao longo das


últimas décadas. Os papéis antes que eram bem estabelecidos, atualmente são confusos em
relação às funções de cada membro da família e aos valores a serem transmitidos pelos
47

responsáveis. Os mais tradicionalistas criticam tais reedições nos moldes familiares e as usam
para explicar alguns fenômenos sociais como a violência (LUBENOW et al., 2010).
Com relação aos questionários de nossa pesquisa, 93% dos adolescentes informaram
que não estavam estudando e apenas um dos que participaram frequentava o ambiente escolar
na época do cometimento do ato infracional (Tabela 16). Na pesquisa de Zappe e Ramos
(2010), 96,3% dos adolescentes não possuíam o Ensino Fundamental Completo. O resultado
também foi semelhante no estudo de Oliveira e Assis (1999), o qual mostrou que 72,6% dos
adolescentes não estavam estudando no momento da internação.
De acordo com Martins & Pillon (2008) em sua pesquisa:
Mais de 50% dos adolescentes 103 (68,7%) tinham Ensino Fundamental
incompleto, isto é, baixa escolaridade, e 50% deles não estavam estudando
quando da internação na FEBEM. Tais resultados sugerem que a escolaridade
seja um importante fator de proteção contra o envolvimento dos adolescentes
com situações de risco. Esse fato faz supor que outros fatores possam estar
associados ao abandono escolar ou ao desinteresse dos adolescentes pelo
ensino. Embora os professores tenham formação acadêmica, podem não estar
capacitados para lidar com problemas de comportamento que impelem os
adolescentes a se envolverem com situações de risco, como o uso de drogas e
a delinqüência. Conforme se verifica no presente estudo, quanto mais baixo é
o nível de escolaridade, tanto mais cedo os adolescentes se envolvem com
comportamentos de risco. (MARTINS & PILLON, 2008).

Tabela 16. Percentual dos adolescentes que frequentavam o ambiente escolar na época em que
cometeram o ato infracional.
Estava Estudando? Socioeducandos Porcentagem
Sim 1 7%
Não 14 93%
Total 15 100%

De acordo com a tabela a seguir (Tabela 17), dos 15 adolescentes que participaram da
pesquisa, 87% não estavam trabalhando e 13% encontravam-se com algum trabalho
remunerado. O trabalho e o estudo são apontados em pesquisas como importantes fatores de
proteção (ASSIS & SOUZA, 1999).

Tabela 17. Percentual dos adolescentes que trabalhavam na época em que cometeram o ato
infracional.
Estava Trabalhando? Socioeducandos Porcentagem
Sim 2 13%
48

Não 13 87%
Total 15 100%

No grupo investigado, o ato que gerou a medida de privação de liberdade foi, em


40% dos casos, roubo; em 27%, homicídio; em outros 20%, uso/tráfico de drogas; em 7%,
assalto e nos outros 7%, sequestro (Tabela 18). Estudos revelam que a grande maioria dos
adolescentes cometem infrações contra o patrimônio (violação de domicílio, furtos, roubos,
danos à propriedade, estelionato, receptação), seguidas pela prevenção ou repressão ao tráfico
ou uso de substâncias entorpecentes. Outras infrações menos frequentes são aquelas contra a
vida e contra a pessoa (lesão corporal, indução ou auxílio ao suicídio, homicídio).
(OLIVEIRA & ASSIS, 1999; ZAPPE & RAMOS, 2010; CRAYDI & GONÇALVES, 2005).

Tabela 18. Percentual do ato infracional dos adolescentes que gerou medida de privação de
liberdade.
Ato Infracional que Gerou
Internação Socioeducandos Porcentagens
Uso/tráfico de drogas 3 20%
Homicídio 4 27%
Agressão 0 0%
Crimes Contra Patrimônio 0 0%
Porte de Arma 0 0%
Assalto 1 7%
Roubo 6 40%
Sequestro 1 7%
Latrocínio 0 0%
Total 15 100%

De acordo com a Tabela 19, 87% dos adolescentes faziam uso de álcool e/ou
substâncias psicoativas e 13 % não faziam uso de nenhuma substância. No entanto, 80%
tinham envolvimento com tráfico de drogas e 20% não tinham (Tabela 20).

Tabela 19. Percentual de adolescentes que faziam uso de álcool e/ou substâncias
psicoativas.
Uso de Drogas Socioeducandos Porcentagens
Sim 13 87%
Não 2 13%
Total 15 100%
49

Tabela 20. Percentual de adolescentes que tinham envolvimento com o tráfico


Envolvimento com tráfico Socioeducandos Porcentagens
Sim 12 80%
Não 3 20%
Total 15 100%

Estudos apontaram que há uma relação significativa entre o uso do álcool, da maconha e os
atos infracionais. Revelam ainda que a associação de uso de álcool e de maconha com roubo,
furto, tráfico de drogas, porte de arma e porte de drogas (Martins & Pillon,2008).
Foi perguntado aos adolescentes se tiveram envolvimento com outros atos infracionais,
60% responderam que sim, enquanto 40% não relataram outro envolvimento, como mostra a
Tabela 21. Vale ressaltar que três adolescentes tiveram mais de um envolvimento com outros
atos infracionais.

Tabela 21. Percentual de adolescente com envolvimento em outros atos infracionais.


Envolvimento com outros atos
infracionais Socioeducandos Porcentagens
Sim 9 60%
Não 6 40%
Total 15 100%

Ainda nesse sentido, 53% adolescentes responderam que já cumpriram outra medida
socioeducativa e 47% afirmaram estar cumprindo a primeira medida (Tabela 22). Quando
perguntados sobre qual foi à outra medida, todos os 53% responderam Internação Provisória
na Unidade de Internação Provisória do IASES. Os resultados apresentados na presente
pesquisa diferem do estudo de Oliveira & Assis (1999), que destaca que cerca de 70% dos
internos revelaram ser primários, observando-se, portanto, que em cada três internos apenas
um era reincidente.

Tabela 22. Percentual de adolescentes que cumpriram outra medida socioeducativa.


Outra Medida Socioeducativa Socioeducandos Porcentagens
Sim 8 53%
Não 7 47%
Total 15 100%

Dos reincidentes de nossa pesquisa, 63% afirmam que o tempo mudou da primeira
para a última internação; 13% relataram como mudança o comportamento da família; 13%
50

mudaram seu jeito de pensar, e os outros 13% mudaram seus comportamentos e seu jeito de
ser (Tabela 23). Não foi encontrada literatura com a qual os dados encontrados pudessem ser
comparados.
Quando perguntados sobre o que estão achando de cumprirem a medida de
internação, 47% dos socioeducandos responderam que não veem a hora de acabar; 27% dizem
que está sendo difícil; 13%, que está sendo bom; 7%, Péssimo e 7%, Ruim (Tabela 24).

Tabela 23. Percentual das mudanças observadas na vida dos adolescentes reincidentes após a(s)
medida(s) socioeducativa(s) anterior(es).
Mudança após as medidas
socioeducativas anteriores Socioeducandos Porcentagens
Colegas de Instituição 0 0%
Comportamento de sua família com
você 1 13%
Comportamento e jeito de ser 1 13%
Instituição de cumprimento da medida 0 0%
Jeito de pensar 1 13%
Seu pensamento em relação ao
cumprimento da medida 0 0%
Tempo 5 63%
Total 8 100%

Tabela 24. Percentual de como está sendo pagar a medida de internação.


Como está sendo pagar a medida
socioeducativa de internação Socioeducandos Porcentagens
Excelente 0 0%
Bom 2 13%
Difícil 4 27%
Importante 0 0%
Não vê a hora de acabar 7 47%
Péssimo 1 7%
Ruim 1 7%
Regular 0 0%
Tranquilo 0 0%
Útil 0 0%
Total 15 100%

Em relação ao tempo que irão permanecer em medida de internação, 80%


permanecerão de 6 meses a 3 anos; os outros 20% não souberam responder, como pode ser
visto na Tabela 25.
51

Tabela 25. Tempo da Medida de Privação de Liberdade.


Quanto tempo vai permanecer
internado Socioeducandos Porcentagens
6 meses a 3 anos 12 80%
Não sabe 3 20%
Total 15 100%

No estudo de Brum (2012), os adolescentes entrevistados responderam que estavam


achando ruim pagar a medida de privação de liberdade. Ainda, a autora fez uma análise
comparativa, mostrando que o tempo cumprido por cada um deles não está diretamente
relacionado somente com a gravidade do ato, como foi mencionado pelos responsáveis dos
adolescentes na presente pesquisa.
A mesma autora aponta também a duração do período de aplicação da medida
socioeducativa de internação motivada pela falta de apoio familiar, falta de organização da
vida do adolescente ou jovem nos aspectos escolares e profissionais, dentre outros. Dessa
forma, eles são punidos por essas condições, ficando por um tempo maior nas unidades
socioeducativas (BRUM, 2012).
No que diz respeito a quem se faz mais presente durante a internação, 60% dos
adolescentes disseram que é mãe. A porcentagem restante varia, podendo ser irmãos, tia, pai,
etc. De acordo com a tabela abaixo:

Tabela 26. Quem se faz mais presente durante a internação


Quem se faz mais presente durante a
internação Socioeducandos Porcentagens
Mãe 9 60%
Irmãos/tia 1 7%
Pais/irmãos 1 7%
Mãe/Irmão 1 7%
Pai 1 7%
Mãe/avó 1 7%
Irmã 1 7%
Total 15 100%

De acordo com Brum (2012), a convivência familiar é essencial para o


desenvolvimento dos adolescentes em privação de liberdade. É de total importância a
presença das famílias nesse contexto, ou seja, deve ser estimulada a assumir seu papel crítico,
autônomo e com habilidade para intervir de maneira positiva junto ao adolescente na
elaboração de um projeto de vida (OLIVEIRA & SILVA, 2011).
52

Em relação ao relacionamento com os funcionários da Unidade de Internação (Unis)


do IASES (Tabela 27), 93% se relacionam bem. Um dos adolescentes (7% da amostra) disse
que se relaciona muito bem com os funcionários. Não foi relatado nenhum desentendimento
com os funcionários. Os dados encontrados diferem da literatura, que mencionam dificuldades
vividas na relação entre os adolescentes e os agentes socioeducativos (BRUM, 2012).
No que tange ao relacionamento com os outros adolescentes internados, 100% se
relacionam bem com os demais. Os dados foram confrontados novamente no estudo de Brum
(2012), onde apresentaram desentendimentos que tiveram de serem solucionados, outros
declararam ter tido uma relação pacífica desde o começo.

Tabela 27. Opinião sobre a relação com os funcionários da instituição.


Relação com funcionários do IASES Socioeducando Porcentagens
Não me relaciono 0 0%
Relaciono-me mal 0 0%
Indiferente 0 0%
Relaciono-me bem 14 93%
Relaciono muito bem 1 7%
Total 15 100%

Das atividades propostas pela unidade de internação, 40% dos adolescentes


mencionaram preferir esportes (futebol); 47% foram outros, entre elas; o gramado, xadrez e
atividades externas; 7% estudos e 7 % diz não ter atividade (Tabela 28). No IASES, os
adolescentes são divididos por fases, o adolescente recém-chegado passa por um período de
adaptação, ou seja, nesses dias ele não compartilha nenhuma atividade com os demais, só
podendo sair para tomar banho ou para ser atendido pela equipe técnica. As fases foram
descritas no Item 5.3 deste trabalho.

Tabela 28. Atividades propostas pelo IASES preferidas pelos adolescentes.


Atividades Propostas no IASES Socioeducandos Porcentagens
Esporte 6 40%
Estudo 1 7%
Música 0 0%
Teatro 0 0%
Outros 7 47%
Não tem atividade 1 7%
Total 15 100%
53

Quando perguntados se terão boas oportunidades após sair da instituição, 73%


acreditam que sim; 13% não; 7% não sabem e outros 7% por um lado sim e outro não. A
maioria respondeu estudo e trabalho como boa oportunidade. Estes resultados são exibidos na
Tabela 29.

Tabela 29. Oportunidades após a conclusão da Medida de Internação.


Terá oportunidades após medida Socioeducandos Porcentagens
Sim 11 73%
Não 2 13%
Não sabe 1 7%
Por um lado sim por outro não 1 7%
Total 15 100%

Com relação à vida após a conclusão da medida socioeducativa, 20% dos


adolescentes acreditam que terão uma vida excelente, 13% acham que terão uma vida boa e
com estudos e outros terão uma vida diferente da que já levaram.

Tabela 30. Expectativas para o futuro, após internação.


Vida após saída da Internação Socioeducandos Porcentagens
Boa e com estudo 2 13%
Boa, com estudo e trabalho 1 7%
Boa e com trabalho 1 7%
Boa, com trabalho e apoio da
1 7%
família
Difícil 2 13%

De acordo com, Jacobina & Costa (2008) a compreensão do significado que os


adolescentes em questão atribuem à experiência do trabalho é fundamental porque as
intervenções com essa população mostram que a ressignificação do ato infracional envolve a
possibilidade da construção de um projeto de vida.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa proposta teve como objetivo realizar uma investigação quantitativa e


qualitativa a fim de identificar quais os perfis socioeconômicos, demográficos e a percepção
dos adolescentes em relação à medida socioeducativa de internação no Instituto
54

Socioeducativo do Espírito Santo (IASES), bem como, informações sobre a percepção dos
familiares (ou responsáveis) em relação à medida socioeducativa.
É perceptível que muitas pesquisas realizadas no Brasil para traçar o perfil dos
adolescentes que cometem ato infracional apresentam dados semelhantes aos nossos no que se
refere ao sexo, com predominância de homens, à idade, entre 16 e 17 anos, e ao local de
residência nas regiões metropolitanas. Além disso, o ato infracional cometido com maior
porcentagem é roubo. Com base nos resultados apresentados e discutidos em relação aos
familiares, percebe-se a importância de trabalhar a família, pois no estudo realizado parece
que esses responsáveis não conseguiram lidar com os problemas, buscando uma forma de não
percebê-los para conviver com eles (DIAS, ARPINI & SIMON, 2011).
Os adolescentes encontram-se em busca de reconhecimento social numa sociedade
em que as principais modalidades de inserção são muitas vezes inacessíveis por muitos deles
em função da desigualdade social, vitimados por situações de violências e até mesmo por
violação de direitos básicos (ZAPPE & RAMOS, 2010).
Aponta-se, assim, a necessidade de mais estudos quantitativos e qualitativos a
respeito do adolescente autor do ato infracional no Estado do Espírito Santo e nos demais
estados do país. Compreende-se, ainda, a necessidade de investimento em políticas públicas
especificas e básicas, buscando-se assim, diminuir o envolvimento de crianças e adolescentes
com atos infracionais.

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Maria/RS. Psicologia & Sociedade, 22(2), 365-373.

ANEXO I – TABELA DE DADOS (SIASES)

Sexo:
Feminino: □ Masculino: □
58

Raça:
Branco: □ Pardo: □ Negro: □ Amarelo: □ Índio: □
Idade:
12 anos: □ 13 anos: □ 14 anos: □ 15 anos: □ 16 anos: □ 17 anos: □
18 anos: □ 19 anos: □ 20 anos: □

Escolaridade:
Ensino Fundamental Incompleto: □ Ensino Fundamental Completo: □
Ensino Médio Incompleto: □ Ensino Médio Completo: □
Ensino Superior Incompleto: □ Ensino Superior Completo: □
Não estudou antes de entrar no IASES: □
Residência:
Região Metropolitana: □ Região Norte: □ Região Sul: □ (Espírito Santo)
Outros Estados: □
Renda familiar:
Menos de 1 salário mínimo: □ 1 a 3 salários mínimos: □ 4 a 6 salários mínimos: □
7 a 10 salários mínimos: □ Mais de 10 salários mínimos: □
Atos Infracionais:
Usuário/tráfico de drogas:□ Homicídio: □ Crimes contra patrimônio: □
Estatuto do desarmamento: □ Agressão: □ Outras Infrações: □

ANEXO II – ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA (RESPONSÁVEIS)

1- Você sabia do envolvimento do seu filho(a) (ou neto, afilhado (...)) no ato infracional?
2- Se sim, como você lidou com isso?
59

3- Se não, como ficou sabendo? Qual foi sua reação ao descobrir?


4- Por que você acha que seu filho(a) entrou no ato infracional?
5- Como é a sua relação com ele(a)?
6- Faz visitas a ele (a) no IASES?
7- Se sim, como são as visitas?
8- Se não, por quê?
9- Qual a sua percepção a respeito das medidas socioeducativas de internação?
10- Como você acha que seu(ua) filho(a) se sente cumprindo a medida socioeducativa?
11- Qual a sua expectativa em relação ao seu filho(a) depois que cumprir a medida
socioeducativa?
12- Pretende mudar alguma coisa na sua família ou no convívio com seu(ua) filho(a) depois
que ele(a) voltar para casa? Por quê?

ANEXO III – QUESTIONÁRIO (ADOLESCENTES)

1. Idade em que pela primeira vez teve que cumprir uma medida socioeducativa?
60

12 anos: □ 13 anos: □ 14 anos: □ 15 anos: □ 16 anos: □ 17 anos: □


18 anos: □ 19 anos: □ 20 anos: □

1. Cidade/bairro onde residia?

Região Metropolitana: □ Região Norte: □ Região Sul: □ (Espírito Santo)


Outros Estados: □ Qual? _____________________

2. Com quem morava? (marque quantas opções forem necessárias)

Pais: □ Mãe: □ Pai: □ Mãe e padrasto: □


Pai e madrasta: □ Avós: □ Só avó: □ Só avô: □
Irmão(os) : □ Outros: □ Quem:_________________

3. Como era a relação com a sua família? (marque quantas opções forem necessárias)

Ótima: □ Boa: □ Ruim: □ Difícil: □ Tranquila: □


4. Estava estudando?

Sim: □ Não: □ Se sim, que série cursava: _______________

5. Estava trabalhando?

Sim: □ Não: □ Se sim, que tipo de trabalho: ________________________

6. Qual o ato infracional que gerou a internação?

Uso/tráfico de drogas: □ Homicídio: □ Agressão: □


Crimes contra patrimônio: □ Porte de arma: □ Latrocínio: □
Outra: □ Qual:____________________

7. Você usava drogas?

Sim: □ Não: □
8. Tinha envolvimento com o tráfico?

Sim: □ Não: □
9. Você teve envolvimento com outros atos infracionais?

Sim: □ Não: □
Se sim, quais?_________________________ Quantas vezes?_______________
10. Já cumpriu outra medida socioeducativa?
61

Sim: □ Não: □ Qual?_________________ Em que instituição?_____________

11. Como está sendo pagar a medida socioeducativa privativa de liberdade? (marque quantas
opções forem necessárias)

Péssimo: □ Ruim: □ Regular: □ Bom: □ Excelente: □


Tranquilo: □ Difícil: □ Importante: □ Útil: □ Não vê a hora de acabar: □
12. Quanto tempo vai permanecer internado? _________________

13. Quem se faz mais presente durante internação?

Pai: □ Mãe: □ Outros: □ Quem:______________

14. O que mudou da primeira para a segunda ou última medida socioeducativa?

Comportamento de sua família com você: □ □


Instituiçao de cumprimento da medida:
Colegas da instituição: □ Seu pensamento em relação ao cumprimento da medida: □
Outros: □ Quais?_______________________________________

Por quê? _____________

15. Como você se relaciona com os funcionários do IASES?

Não me relaciono: □ Relaciono-me mal: □ Indiferente: □ Relaciono-me bem: □


Relaciono muito bem: □
16. E com os outros adolescentes internados?

Não me relaciono: □ Relaciono-me mal: □ Indiferente: □ Relaciono-me bem: □


Relaciono muito bem: □
17. Das atividades propostas na instituição, qual(is) você gosta mais:

Esporte: □ Estudo: □ Música: □ Teatro: □


Outras: □ Quais?______________________________________

18. Você acha que terá boas oportunidades após sair da instituição (estudo, trabalho,
família,...)?

Sim: □ Não: □ Quais?______________________________________


62

19. Como você acha que será sua vida após sair do IASES? (marque quantas opções achar
necessárias)

Péssima: □ Ruim: □ Regular: □ Boa: □ Excelente: □


Tranquila: □ Difícil: □ Triste: □ Feliz: □ Agitada: □
Com estudo: □ Com trabalho: □ Com envolvimento com o crime: □
Com apoio/carinho da família: □ Outros: □ Quais? ____________

ANEXO IV – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


63

PARA PARTICIPAÇÃO EM PESQUISA (RESPONSÁVEIS)

Título da Pesquisa: Adolescentes em Conflito com a Lei em Privação de Liberdade:


Percepção da Medida Socioeducativa
Pesquisadores: Thiara Ferreira Potratz e Ariadne de Andrade Costa
Telefones para contato: (27) 999822777 ou (16) 988267432

Informações sobre a(o) participante:

Nome:_____________________________________________________________________

Data de nascimento:________________

Aceitei participar desta pesquisa por minha própria vontade, sem receber qualquer
incentivo financeiro, com a finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso do estudo. Fui
informado de seus objetivos acadêmicos, que, em linhas gerais, dizem respeito à percepção
dos adolescentes que cumprem medida socioeducativa no Instituto de Atendimento
Socioeducativo do Espírito Santo e de seus responsáveis quanto à medida socioeducativa que
os adolescentes vêm cumprindo e sua infração.
Fui esclarecido(a) de que o estudo segue padrões éticos quanto à realização de
pesquisa com seres humanos e que o risco para os participante é um possível constrangimento
ao responder as perguntas de uma entrevista semiestruturada que terá seu áudio gravado.
Também fui informado que será mantido completo sigilo das informações coletadas pelos
pesquisadores, de forma a não me identificar como participante, respeitando assim a minha
privacidade.
Estou ciente de que participarei de uma entrevista após a minha autorização mediante
a assinatura deste documento. Fui informado (a), ainda, que os resultados da pesquisa poderão
ser divulgados em congressos e periódicos especializados, contribuindo, assim, para a
ampliação do conhecimento a respeito do tema investigado.
Estou ciente, por fim, da liberdade e do direito que possuo de poder desistir de
participar da pesquisa, a qualquer momento, sem prejuízo ou risco de sofrer quaisquer sanções
ou constrangimentos.

Eu, __________________________________________________________ considero-me


devidamente informado (a) e esclarecido (a) sobre o conteúdo deste Termo de Consentimento,
e da pesquisa a ele vinculada, expressando livremente meu consentimento para participar
deste estudo. Assim, assino o Termo de Consentimento em duas vias.

_________________________________ _______________________________
Participante/ Responsável Responsável pela pesquisa
(assinatura ou impressão digital, em caso
de o participante não saber escrever)

Vitória, _____ de ____________ de 2016.


64

ANEXO V – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


PARA PARTICIPAÇÃO EM PESQUISA (AUTORIZAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS
PARA MENORES DE 18 ANOS OU DO PRÓPRIO PARTICIPANTE CASO MAIOR
DE IDADE)

Título da Pesquisa: Adolescentes em Conflito com a Lei em Privação de Liberdade:


Percepção da Medida Socioeducativa
Pesquisadores: Thiara Ferreira Potratz e Ariadne de Andrade Costa
Telefones para contato: (27) 999822777 ou (16) 988267432

Informações sobre a(o) participante:

Nome: _____________________________________________________________________

Data de nascimento: ________________

Autorizo _______________________________________________ a participar desta


pesquisa por minha própria vontade, sem que recebamos qualquer incentivo financeiro, com a
finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso do estudo. Fui informado de seus objetivos
acadêmicos, que, em linhas gerais, dizem respeito à percepção dos adolescentes que cumprem
medida socioeducativa no Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo e de
seus responsáveis quanto à medida socioeducativa que os adolescentes vêm cumprindo e sua
infração.
Fui esclarecido(a) de que o estudo segue padrões éticos quanto à realização de
pesquisa com seres humanos e que apresenta como risco um possível constrangimento ao
responder um questionário contendo informações pessoais. Também fui informado que será
mantido completo sigilo das informações coletadas pelos pesquisadores, de forma a não me
identificar como participante, respeitando assim a minha privacidade.
Estou ciente de que participarei de uma entrevista que será gravada em áudio, após a
minha autorização mediante a assinatura deste documento. Fui informado(a), ainda, que os
resultados da pesquisa poderão ser divulgados em congressos e periódicos especializados,
contribuindo, assim, para a ampliação do conhecimento a respeito do tema investigado.
Estou ciente, por fim, da liberdade e do direito que possuímos de desistir de participar
da pesquisa, a qualquer momento, sem prejuízo ou risco de sofrer quaisquer sanções ou
constrangimentos.

Eu, __________________________________________________________, ao me
considerar devidamente informado(a) e esclarecido(a) sobre o conteúdo deste Termo de
Consentimento e da pesquisa a ele vinculada, expresso livremente meu consentimento de
que ______________________________________________________________________
participe deste estudo. Assim, assino o Termo de Consentimento em duas vias.

_________________________________ _______________________________
Participante Responsável pela pesquisa
(assinatura ou impressão digital, em caso
de o participante não saber escrever)
Vitória, _____ de ____________ de 2016.
65

ANEXO VI – TERMO DE ASSENTIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO EM


PESQUISA (ADOLESCENTES)

Título da Pesquisa: Adolescentes em Conflito com a Lei em Privação de Liberdade:


Percepção da Medida Socioeducativa
Pesquisadores: Thiara Ferreira Potratz e Ariadne de Andrade Costa
Telefones para contato: (27) 999822777 ou (16) 988267432

Informações sobre a(o) participante:

Nome:_____________________________________________________________________

Data de nascimento:________________

Aceitei participar desta pesquisa por minha própria vontade, sem receber qualquer
incentivo financeiro, com a finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso do estudo. Fui
informado de seus objetivos acadêmicos, que, em linhas gerais, dizem respeito à percepção
dos adolescentes que cumprem medida socioeducativa no Instituto de Atendimento
Socioeducativo do Espírito Santo e de seus responsáveis quanto à medida socioeducativa que
os adolescentes vêm cumprindo e sua infração.
Fui esclarecido(a) de que o estudo segue padrões éticos quanto à realização de
pesquisa com seres humanos e que o risco para os participante é um possível constrangimento
ao responder as perguntas de uma entrevista semiestruturada que terá seu áudio gravado.
Também fui informado que será mantido completo sigilo das informações coletadas pelos
pesquisadores, de forma a não me identificar como participante, respeitando assim a minha
privacidade.
Estou ciente de que participarei de uma entrevista após a minha autorização mediante
a assinatura deste documento. Fui informado (a), ainda, que os resultados da pesquisa poderão
ser divulgados em congressos e periódicos especializados, contribuindo, assim, para a
ampliação do conhecimento a respeito do tema investigado.
Estou ciente, por fim, da liberdade e do direito que possuo de poder desistir de
participar da pesquisa, a qualquer momento, sem prejuízo ou risco de sofrer quaisquer
punições ou constrangimentos.

Eu, __________________________________________________________ considero-me


devidamente informado (a) e esclarecido (a) sobre o conteúdo deste Termo de Consentimento,
e da pesquisa a ele vinculada, expressando livremente meu consentimento para participar
deste estudo. Assim, assino o Termo de Consentimento em duas vias.

_________________________________ _______________________________
Participante Responsável pela pesquisa
(assinatura ou impressão digital, em caso
de o participante não saber escrever)

Vitória, _____ de ____________ de 2016.

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