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FACULDADE SUDOESTE PAULISTA

PSICOLOGIA

PROJETO DE PESQUISA
Intervenção em saúde do trabalhador com profissionais do sexo

Ana Rita de C. Vieira de Moraes Hessel


Maria Eduarda Momberg Leite
Paula Fernanda Menk
Rayan José Momberg Plens
Viviane Oliveira

Itapetininga
2019
Ana Rita de C. Vieira de Moraes Hessel
Maria Eduarda Momberg Leite
Paula Fernanda Menk
Rayan José Momberg Plens
Viviane Oliveira

Projeto de Pesquisa: Intervenção em saúde do trabalhador com profissionais do sexo

Projeto de pesquisa para intervenção em saúde do


trabalhador com profissionais do sexo. Sendo este
realizado na disciplina Interação Comunitária I,
durante o primeiro bimestre do terceiro termo do
curso de Psicologia na instituição Faculdade
Sudoeste Paulista (FSP).

Orientadora: Profª. Drª. Elizabeth S. Oliveira

Itapetininga
2019
Sumário

Introdução ..................................................................................................................................4
Justificativa ................................................................................................................................6
Objetivos ....................................................................................................................................7
Grupo de Trabalho .....................................................................................................................7
Público – Alvo ...........................................................................................................................7
Plano de Ação ............................................................................................................................8
Recursos .....................................................................................................................................9
Método de Avaliação dos Resultados ......................................................................................10
Cronograma .............................................................................................................................11
Referências Bibliográficas .......................................................................................................12
Introdução
A partir do trabalho da disciplina Interação Comunitária I, onde nos aprofundamos em
questões de saúde pública, surgiu a intenção de trabalhar com uma intervenção na perspectiva
da saúde do trabalhador, sendo essa realizada com mulheres profissionais do sexo.
A prostituição é um trabalho que possui como uma de suas características a
vulnerabilidade, de modo que buscaremos iniciar no próprio local de trabalho dessas mulheres
um espaço de discussão entre as profissionais do sexo sobre temas relacionados à sua
ocupação, buscando a promoção de saúde.
Com base na perspectiva da saúde do trabalhador, entende-se o dispositivo grupal
como um instrumento de promoção de saúde, na medida em que contribui para o
enfrentamento coletivo das dificuldades vivenciadas no cotidiano de trabalho.
A prostituição é considerada como a profissão mais antiga do mundo, porém ainda é
estigmatizada e marginalizada pela sociedade, embora tenha existência legal reconhecida
desde 2002. Necessário mencionar que hoje já existem associações de prostitutas em alguns
estados do Brasil que realizam ações de intervenção social, luta contra a violência, a
reivindicação pela inclusão dessas mulheres em programas específicos de atenção à saúde, a
promoção da cidadania e da autoestima.
Segundo o jurista Guilherme Nucci, prostituição, de um ponto de vista etimológico,
significa colocar adiante (de prostituere), ou colocar à venda. Assim, pode-se facilmente
individuar o fenômeno sob dois aspectos diferentes, mesmo que intimamente conexos entre
eles. De um primeiro ângulo, a prostituição é considerada como qualquer tipo de prestação
sexual, que, quando executada, corresponde a um preço. Sob outro prisma, corresponde a uma
submissão, à qual está sujeito aquele que se dedica à prostituição, altamente lesivo à
dignidade humana (2014, p. 63).
Buscaremos observar a maneira como o cotidiano da prostituição tem influência na
subjetividade dessas mulheres, observando como essa atividade participa da construção de
suas identidades. Para Sartre a existência precede a essência, de modo que primeiro somos
lançados ao mundo para depois sermos construídos ao longo do tempo. Não somos um
projeto pronto e acabado.
O exercício da prostituição tem uma sobrecarga psíquica muito intensa podendo vir a
influir na saúde mental e trabalho. Tal perspectiva oferece possibilidades de pesquisa além de
possuir também um caráter terapêutico na medida em que se faz a partir da escuta das
histórias. Ao contar a sua história o sujeito poderá produzir outras significações para os fatos
vividos transformando-se a partir da narrativa, mudando a sua relação com a sua história.
Segundo Souza, cada mulher apresenta motivos específicos para justificar sua prática,
como estar desempregada, almejar sair da casa dos pais, necessitar de manter terceiros, como
filhos e pais, e até mesmo buscar por um status social.
A prostituição, assim como os demais estigmas, exerce uma influência importante na
identidade das pessoas a quem é atribuída. No que se refere ao estigma que envolve a
prostituição Barros afirma:
A despeito das mudanças das formas de prostituição, está longe o dia em que a
venda do sexo não será entendida como um ato sujo, feio, profano, pecador, imoral,
mundano e danoso à ordem social. As marcas que a sociedade produziu para
caracterizar o ato sexual que resulta em pagamento demonstram perfeitamente como
as prostitutas são entendidas. Os estigmas são diversos, alguns são até evitados em
nossa comunicação diária, mas revelam com acuidade o imaginário social e o
processo de estigmatização por que passam as prostitutas.

Essas mulheres ainda lidam com preconceitos e são marginalizadas. Para Goffmann
(1988), estigma é um atributo depreciativo conferido a um indivíduo, partindo de uma
determinada característica, tornando-a totalizadora, e que é incongruente ao estereótipo criado
de como as pessoas devem ser ou agir.
Justificativa
Pretendemos intervir para promover a saúde física e mental e direitos sociais das
mulheres profissionais do sexo, com a finalidade de auxiliar e assegurar o acesso aos
diferentes serviços e combater situações de discriminação, violência e desigualdade social. A
utilização de estratégias de intervenção de proximidade e imersão no contexto social das suas
vidas nos permitirá observar a vivência das vulnerabilidades, características da profissão.
Para Molina e Kodato, a crise econômica e social pelas quais passa a maioria das
mulheres é uma das principais causas de entrada na prostituição, e nesse espaço encontram
uma possibilidade real de geração de renda suficiente e rápida. Essa escolha teria como fortes
influências a necessidade de sustentar a família, em virtude da auto responsabilização pela
manutenção do grupo doméstico (o próprio, o dos filhos e de outros membros da família), e o
baixo nível de escolarização, que dificulta sua inserção no mercado de trabalho.
Objetivos
Identificar o perfil socioepidemiológico de profissionais do sexo e estabelecer medidas
de redução de danos. Além de proporcionar um espaço de discussão e reflexão entre
profissionais do sexo sobre os temas relacionados ao trabalho e a saúde, focando na promoção
desta, considerando, ainda, a dimensão subjetiva das atividades de todas as mulheres que
concordarem em integrar-se ao grupo.

Grupo de Trabalho
Os alunos da FSP do terceiro termo do curso de Psicologia do período noturno. Grupo
formado por 5 pessoas.
O trabalho será desenvolvido em parceria com a ONG Abrace e com o auxílio do Cras
Itapetininga.

Público-alvo
Mulheres profissionais do sexo que trabalham em local próximo a rodoviária em
Itapetininga – São Paulo.
Plano de Ação
A intervenção ocorrerá entre os meses de Abril e Maio de 2019, contando com a
realização de encontros junto de profissionais do sexo, que trabalham em um determinado
bairro da cidade de Itapetininga ou trabalhadoras das proximidades, a serem convidadas além
de questionários a fim de verificarmos a demanda. Inicialmente, os encontros serão realizados
na própria área de trabalho dessas pessoas. A intervenção será realizada em encontros
semanais com as mulheres, tendo uma hora de duração com a participação voluntária das
trabalhadoras do local.
Incentivaremos nos encontros coordenados pelos integrantes do grupo, que as
profissionais do sexo falem livremente sobre seu trabalho, suas dificuldades, curiosidades, e,
principalmente, suas dúvidas perante aos cuidados que devem ter em relação a sua saúde,
considerando ainda que nos disponibilizaremos a sanar tais possíveis dubiedades sobre seus
direitos enquanto cidadãs, que lhes permite vincularem-se como usuárias do Sistema Único de
Saúde (SUS), embora muitas não saibam ou não se sintam encorajadas a utilizá-lo.
Buscaremos ainda a realização de estudo descritivo, exploratório; realizado com as
profissionais do sexo, com uso de um questionário. Os dados serão apresentados em forma de
figuras e tabelas. Durante a coleta de dados, serão adotadas medidas de redução de danos.
Recursos
Trata-se de um estudo de campo descritivo, realizado com profissionais do sexo que
desempenham atividades em Itapetininga. As entrevistadas serão escolhidas aleatoriamente,
desde que estejam aptas a responder ao questionário, após a leitura e assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, além de preencher outros requisitos: atuar frequentemente
nos estabelecimentos pesquisados e não ser menor de idade. Os dados serão coletados por
meio de questionário com questões fechadas e realizadas fora do período de trabalho das
entrevistadas. Durante as entrevistas, as profissionais serão informadas em relação às doenças
sexualmente transmissíveis, consulta ginecológica, uso de drogas e acompanhamento em
serviços de saúde próximos ao local de trabalho. Serão fornecidos materiais informativos
sobre prevenção de DST/Aids.
Acompanharemos ainda semanalmente as mulheres, tendo uma hora de duração com a
participação voluntária das trabalhadoras do local, incentivando que as mulheres falem
livremente sobre seu trabalho.
Método de avaliação dos resultados
Para a primeira sessão, prepararemos, para além das conversas e debates, alguns
questionários básicos envolvendo perguntas relacionadas à saúde, direitos humanos e da
mulher, para que as trabalhadoras respondam com base no conhecimento que já possuem
sobre o assunto.
Enquanto nas sessões finais, prepararemos um questionário com perguntas do mesmo
teor, avaliando o quanto de conhecimento a respeito destas pautas pôde ser absorvido durante
os encontros.
Cronograma
Realizaremos oito encontros, sendo eles divididos como consta na tabela seguinte.
Procuraremos fazer as sessões de conversa e debate para acolher e sanar dúvidas das
trabalhadoras durante uma hora para cada encontro.

Abril: 12 19 26 x x
Datas dos
encontros
Maio: 03 10 17 24 31

MÊS

Março Abril Maio Junho Julho Ago Set Out Nov

ETAPAS

Escolha do tema X

Levantamento
X X
bibliográfico

Elaboração do
X
anteprojeto

Apresentação do
X
projeto

Coleta de dados X X

Análise dos
X
dados

Organização do
X
roteiro/partes

Redação do
X X
trabalho

Revisão e
X
redação final

Entrega X
Referências Bibliográficas
BARROS, Lúcio Alves de. Mariposas que trabalham. Uma etnografia da prostituição
feminina na região central de Belo Horizonte. Disponível em:
<http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/23531-23533-1-PB.pdf >. Acesso
em 22 de março de 2019.

DEJOURS, C. (2010). Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. In:
CHANLAT, J. F. (2010). O indivíduo na organização (3a ed., p. 149 - 174). São Paulo:
Atlas.

MOLINA, A. M. R., &Kodato, S. (2005) Trajetória de vida e representações sociais acerca


da prostituição juvenil segundo suas participantes. Temas em Psicologia, 13(1), 09-17.

NUCCI, Guilherme de Souza. Prostituição, Lenocídio e Tráfico de Pessoas. Editora Revista


dos Tribunais Ltda.

SANTOS, ThaináBuono Paulino dos. Mulheres: prostituição e cuidados. 2018. Dissertação


(Mestrado em Formação Interdisciplinar em Saúde) - Faculdade de Odontologia, Escola de
Enfermagem e Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.
doi:10.11606/D.108.2018.tde-14082018-105627. Acesso em: 24 de Março de 2019.

SOUZA, F. R. (2007). Saberes da vida na noite: percepções de mulheres que prestam


serviços sexuais sobre o educar-se nas relações com seus clientes. Programa de
Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, São Paulo,
Brasil.

VILLELA, Wilza Vieira e Monteiro, Simone. Gênero, estigma e saúde: reflexões a partir
da prostituição, do aborto e do HIV/aids entre mulheres. Epidemiologia e Serviços de
Saúde. 2015, v. 24, n. 3, pp. 531-540. Disponível em:
<https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000300019>. ISSN 2237-9622. Acesso em 20 de
Março de 2019.

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