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NIVELAMENTO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Habilidade: EM13LP07 - Analisar, em textos de diferentes gêneros, marcas que expressam a


posição do enunciador frente àquilo que é dito: uso de diferentes modalidades (epistêmica, deôntica e
apreciativa) e de diferentes recursos gramaticais que operam como modalizadores (verbos modais,
tempos e modos verbais, expressões modais, adjetivos, locuções ou orações adjetivas, advérbios,
locuções ou orações adverbiais, entonação etc.), uso de estratégias de impessoalização (uso de
terceira pessoa e de voz passiva etc.), com vistas ao incremento da compreensão e da criticidade e
ao manejo adequado desses elementos nos textos produzidos, considerando os contextos de
produção.
Objeto de conhecimento: Identificar a posição do enunciador.

TEXTO I
Vidas expostas ao tempo
Último Censo de População em Situação de Rua e Migrantes de BH constatou aumento de 57% entre
2005 e 2013, passando de 1.164 para 1.827 pessoas enfrentando o problema
Lona preta, colchões, algumas panelas, peças de roupa e papelão formam a “casa” de Michele
Geziane Freitas, de 28 anos, que mora há 10 nas ruas de Belo Horizonte. Ela e o companheiro
dividem uma cabana improvisada na Avenida do Contorno, na altura do número 1.205, no Bairro
Floresta, Região Leste da capital, local onde passam a maior parte do dia sem nenhuma atividade. A
maior responsabilidade é tomar conta de três vira-latas – Bob, Tininha e Tomate. Alguns dias juntou-
se ao casal Tatiana Cássia Galdino, de 28, que também não tem onde morar. O trio, que costuma
cheirar cola para suportar as condições adversas, é o retrato da realidade que se repete em toda a
cidade, em especial na Região Centro-Sul.
O aumento de habitações precarizadas nas calçadas de BH demonstra a fragilidade das políticas
sociais voltadas para a população de rua. Lojistas, entidades de amparo aos moradores de rua e
defensores dos direitos humanos são unânimes em dizer que o problema persiste e parece estar
longe de ter uma solução. Entre 2005 e 2013, quando foi realizado o último Censo de População em
Situação de Rua e Migrantes de BH, verificou-se um aumento de 57%, passando de 1.164 para 1.827
pessoas nessa situação1. O crescimento demonstra uma tendência ascendente verificada em 2005,
quando houve um aumento de 27% dessa população em relação à aferida em 1998.
Publicada em dezembro do ano passado, a Instrução Normativa Conjunta (INC) 01/2013
estabeleceu parâmetros para lidar com a população de rua nos espaços públicos, mas há exato um
ano a paisagem não mudou. “Temos muitas pessoas na rua e os números são maiores do que o
censo aponta. A nossa percepção é que muitas questões foram agravadas e outras não foram
resolvidas. Algumas não são adequadas, como os albergues, e outras não insuficientes”, afirma
Egídia Maria de Almeida Aixe, do Fórum da População de Rua de Belo Horizonte. Para ela, a
instrução é falha do ponto de vista da constitucionalidade, pois fere a dignidade humana, e também
não são efetivas. “As pessoas de quem os pertences são retiradas ou vão voltar às ruas ou vão se
deslocar para outro lugar”, completa.
A avaliação do vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH),
Anderson Rocha, também é semelhante. “É uma questão complexa, que não está resolvida e está
próximo de se transformar em algo crônico”, afirmou. Para ele, o problema se agrava pelo fato do
crack e outras drogas terem chegado aos moradores de rua. Como integrante do Comitê de
Monitoramento e Acompanhamento da Política Municipal para a População em Situação de Rua de
BH, Anderson defende o encaminhamento desses moradores para os albergues. “É preciso criar
dificuldade para que fiquem na rua e facilidades para que possam ir paras os abrigos”, diz.
Adriano reconhece, no entanto, que nem sempre as condições de funcionamento desses espaços
se condicionam a quem está acostumado à indisciplina dos espaços públicos. É o caso de Edmilson
Souza de Lima, de 56. Na tarde de ontem, ele aguardava o horário das 17h para entrar no Centro de
Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua, na Rua Conselheiro Rocha, no Bairro
Floresta. Todos os seuspertences cabem em dois sacos pretos que ele leva para onde vai. “Tenho
aqui comigo a certidão de nascimento. Meus documentos foram levados. Vou tentar tirar a minha 20ª
carteira de identidade”, diz. Natural do Ceará, ele está nas ruas de BH há 18 anos. Nesse tempo,
morou em casa alguns meses, mas não conseguiu se adaptar. Hoje, passa os dias perambulando,
coleta latas de alumínio para vender e espera a caridade de alguém para que possa ter recurso para
almoçar. “A maioria das pessoas na rua usa droga. O meu vício é só uma pinguinha”, garante.
Fatores
O exemplo de Edmilson corrobora a percepção de Anderson de que um dos fatores que levaram ao
aumento dessa população é o êxodo, com pessoas vindas de outras cidades atraídas pelo
crescimento econômico da capital. Integrante de uma das coordenações colegiadas da Pastoral de
Rua, Claudecine Rodrigues Lopes defende que, para solucionar o problema, é necessário pôr em
prática políticas que também gerem a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho. A política
de recolhimento dos pertences não pessoais dos moradores de rua, na avaliação
deClaudenice, apenas retira a última possibilidade dessas pessoas reconstruírem o espaço
demoradia. “A INC 01/13 legaliza a ação da fiscalização, mas desumaniza as pessoas com histórico
de rua”, constata.
Fenômeno é mundial
A coordenadora do Comitê de Acompanhamento e Monitoramento da Política Municipal para a
População em Situação de Rua, Soraya Romino, afirmou que não é possível impedir o aumento de
moradores nas ruas de Belo Horizonte neste período do ano. “O crescimento não é um fenômeno da
capital mineira. É mundial. Nova York (EUA) tem 14 mil moradores de rua; Vancouver
(Canadá), 2,5 mil”, avisa Soraya. Segundo ela, cerca de 60% vêm do interior de Minas, da Grande
BH e até de outros estados. No período de fim de ano, segundo ela, há uma percepção de aumento,
porque muitas pessoas vão pedir doações. “Muita gente passa o dia pedindo e depois volta para a
casa”, diz.
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) ainda não tem um balanço dos objetos recolhidos depois da
publicação da INC 01/13. A previsão é que o comitê se reúna em janeiro para avaliar as políticas
sociais voltados para esse público vulnerável, inclusive a apreensão de objetos. De acordo com
Soraya Romino, a instrução normativa permite apenas o recolhimento de objetos que não sejam de
uso pessoal. "Já foram apreendidos armários de cozinha, colchão e até cofre." Roupas, documentos,
mochilas, carros de material reciclável não podem ser recolhidos. Segundo ela, os colchões têm que
ser analisados caso a caso. "Têm que ser avaliado dentro do contexto. Se estiver na porta de uma
loja ou obstruindo a via pública pode ser alvo de apreensão", afirma.
Soraya garante que a abordagem é precedida de diálogo. "A gente pede para que separem o que
eles têm necessidade e descartem o que estiver obstruindo o espaço público. A INC não é só para os
moradores de rua faz parte da gestão do espaço público como um todo", diz. De acordo com ela, BH
é referência nacional de atendimento à população de rua. Um dos destaques é o serviço
especializado em abordagem social. Cerca de 90 profissionais de serviço social e psicologia fazem a
abordagem individual a cada uma das 1.827 pessoas nas ruas nas nove regionais. Outro projeto é o
Bolso Moradia que repassa R$ 500 mensais o aluguel de 300 beneficiados. (MMC)
CHARGE

Responda: EXPLICITE a crítica veiculada pela charge e ANALISE se o ponto de vista enunciado
aproxima-se ou distancia-se do que se apresenta no TEXTO I.
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CHARGE
Rock da Cachorra - Eduardo Dusek
Baptuba! Uap Baptuba! Troque seu cachorro É pra sua-mãe!
Baptuba! Uap Baptuba! (Uau!) Esse é o rock despedida
Baptuba! Troque seu cachorro Pra cachorra sua-mãe
Uau! Uau! Uau! Por uma criança pobre
Uau! Uau! Seja mais humano
Tem muita gente por aí Seja menos canino
Troque seu cachorro Que tá querendo levar Dê guarida pro cachorro
Por uma criança pobre Uma vida de cão Mas também dê pro menino
(Baptuba! Uap Baptuba!) Eu conheço um garotinho Se não um dia desse você
Sem parente, sem carinho Que queria ter nascido Vai amanhecer latindo
Sem rango, sem cobre Pastor-alemão Uau! Uau! Uau!
(Baptuba! Uap Baptuba!) Esse é o rock despedida
Deixe na história de sua vida Pra minha cachorrinha Troque seu cachorro
Uma notícia nobre Chamada sua-mãe Por uma criança pobre
(Baptuba! Uap Baptuba!)
Troque seu cachorro É pra sua-mãe! Sem parente, sem carinho
(Uau!) (É pra sua-mãe!) Sem rango, sem cobre
Troque seu cachorro É pra sua-mãe! (Baptuba! Uap Baptuba!)
(Uau!) (É pra sua-mãe!) Deixe na história de sua vida
Troque seu cachorro É pra sua-mãe! Uma notícia nobre
(Uau!) (É pra sua-mãe!)
Uau! Baptuba, uap baptuba Uau! Uau! Uau!
Baptuba, uap baptuba Uau! Uau! Uau!
Uau! Baptuba
Responda: Posicione-se, em um parágrafo argumentativo, em relação ao ponto de vista enunciado
na charge e na letra de música que compõem esta questão.
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